01 - Noções Básicas de Física Nuclear
01 - Noções Básicas de Física Nuclear
01 - Noções Básicas de Física Nuclear
1) Átomos e núcleos
• Átomo - menor parte constituinte da matéria que preserva suas propriedades químicas.
,
• Atomo /núcleo (nêutrons e prótons + ) ~ caroço central ~ níveis de energia
~ eletrosfera (elétrons - ) ~ em torno do núcleo ~ níveis de energia (camadas
eletrônicas)
• Massa das partículas em repouso ~ massa de um nêutron = 1,68.10-27 kg, massa de um próton + =
1,67.10-27 kg, massa de um elétron - = 9,11.10.31 kg.
• Átomo que recebe ou cede elétrons => número de prótons + "* número de elétrons - ~ o átomo
passa a ser denominado íon. Um íon positivo é denominado cátion e um íon negativo é denominado
ânion.
• Número de nêutrons = N
• Fração isotópica ou abundância relativa ~ percentual com que um isótopo é encontrado em uma
amostra natural de um elemento químico.
exemplo: as abundâncias relativas dos isótopos do Oxigênio são 160 - 99,76 %, 170 - 0,04 %, 180_
0,20 %
• A maioria dos elementos químicos é constituída por mais do que um isótopo natural. O elemento
químico que possui o maior número de isótopos naturais é o Estanho (Sn , Z = 50), com dez
isótopos.
2) Tamanho do núcleo atômico
• O núcleo atômico é cerca de 10.000 vezes menor que a órbita do elétron mais interno.
• u. m. a. (unidade de massa atômica) => massa de um átomo de Carbono-I 2 (12C) neutro /12
1 u. m. a. = 1,6604.10,24 g
NA = 6,023.1023 átomos
• eV (elétron-Volt) => energia adquirida por uma partícula com carga elétrica fundamental (igual a
1,602.10,19 C) ao ser submetida a uma diferença de potencial igual a I Volt, ou seja:
portanto
1 eV = 1,602.10'19 J
O elétron-Volt é a unidade de energia usada em física atômica e nuclear, geralmente na forma dos
seguintes múltiplos:
• Equivalência massa - energia => definida através da expressão E = m c2, onde c é a velocidade da
luz no vácuo (2,998.108 mls).
• A massa M de um núcleo atômico é menor do que a soma das massas dos prótons e nêutrons que
o constituem, ou seja:
M(Z , N) < Z . Mp + N . Mn
Ll = Z . Mp + N . Mn - M(Z , N) [u.m.a.]
Número de massa A
Energia de ligação média por nucleon EJ em função do número de massa A para os diversos
isótopos. A mudança de escala efetuada no eixo do número de massa para A > 30 se encontra
assinalada.
• Força que mantém os nucleons unidos no interior do núcleo atômico => força nuclear forte, que é
atrativa, de alta intensidade, de curto alcance (- 3.10-15 m) e supera a força de repulsão eletrostática
existente entre os prótons no núcleo.
5) Reações nucleares
• Reações causadas pela interação de partículas leves (nêutrons, prótons, dêuterons, etc) , íons
pesados ou radiação gama com núcleos atômicos.
exemplo ;'
como 4He == partícula a, a reação também pode ser representada da seguinte forma
IOB(n,a)7U
- número de nucleons
- carga elétrica
- momento linear
- momento angular
- massa + energia
X(a,b)Y
A energia liberada é repartida como energia cinética entre os produtos da reação 7U e partícula a ou
como energia de excitação do 7U mais energia cinética do 7U e da partícula a .
• No caso da reação nuclear ser endotérmica, é necessário que a energia cinética da partícula
incidente a possua um valor mínimo, denominado energia de limiar, para que a reação ocorra. O
valor da energia de limiar é dado por :
Portanto, no caso específico de uma reação nuclear endotérmica induzida por raios-gama, Illa = O ea
energia de limiar resulta igual a I Q I .
RADIOATIVIDADE
• Os nuclídeos estáveis estão situados em uma faixa bem definida do gráfico e constituem a grande
maioria dos nuclídeos existentes na natureza. Para nuclídeos estáveis leves N == Z, enquanto para
nuclídeos estáveis mais pesados N == l,5.Z. O limite superior da faixa de estabilidade é atingido com
o elemento químico Bismuto (Z = 83).
• Os nuclídeos situados fora desta faixa geralmente não são estáveis e seus núcleos sofrem
transformações espontâneas denominadas decaimento radioativo. O conjunto destas transformações
é denominado radioatividade e os nuclídeos não estáveis são denominados nuclídeos radioativos ou
radionuclídeos.
• A maioria dos nuclídeos radioativos não existe na natureza. Entretanto, estes nuclídeos podem ser
produzidos, através de reações nucleares, em aceleradores de partículas ou reatores nucleares. Por
exemplo, o radionuclídeo Cobalto-60, utilizado na indústria para detectar falhas em soldas por
intermédio de gamagrafia, é produzido irradiando-se uma amostra de Cobalto natural em um reator
nuclear, onde ocorre a reação:
ou
onde X é o radionuclídeo inicial (em geral denominado radionuclídeo pai), G e D são nuclídeos
radioativos e E é um nuclídeo estável.
d) 232Th e respectiva série radioativa ~ o 232Th possui meia-vida de 1,41.1010 anos. A série
radioativa do 232Thpossui 14 nuclídeos e termina com o 208Pb(estável).
e) 235Ue respectiva série radioativa ~ o 235Upossui meia-vida de 7,10.108 anos. A série radioativa
do 235Upossui 15 nuclídeos e termina com o 207Pb(estável).
f) 238Ue respectiva série radioativa ~ o 238Upossui meia-vida de 4,51.109 anos. A série radioativa
do 238Upossui 18 nuclídeos e termina com o 206Pb(estável).
Os nuclídeos das séries radioativas do 232Th,do 235Ue do 238Upossuem todos 81 ::;Z ::;92 .
a) Emissão de partícula alfa ~ ocorre quando um nuclídeo radioativo emite uma partícula alfa e o
nuclídeo produto, portanto, fica com seu número atômico reduzido em duas unidades e seu número
de massa reduzido em quatro unidades em relação ao nuclídeo radioativo inicial. Em geral, o
nuclídeo produto é formado em um estado excitado e, para voltar ao estado fundamental, emite
raios-gama, de maneira que o decaimento por emissão de partícula alfa quase sempre é
acompanhado da emissão de raios-gama. Exemplo:
238U
92 ~ 234Th+
90 \x+'V
2 I
60C
27 o~ 60N· 0R-
28 1+ _ll-'+V+Y
O decairnento por emissão de partícula beta ocorre principalmente em nuclídeos radioativos com
excesso de nêutrons em relação à faixa de estabilidade.
c) Emissão de pósitron ~ ocorre quando, em um nuclídeo radioativo, um próton se transforma em
um nêutron e um pósitron, sendo este último emitido. O pósitron é uma partícula idêntica ao
elétron, porém carregada positivamente. Em relação ao radionuclídeo inicial, o nuclídeo produto
fica com o número atômico diminuído em uma unidade e o número de nêutrons acrescido de uma
unidade, de maneira que o número de massa permanece inalterado. Neste caso há emissão de um
neutrino (v) e raios-gama acompanhando o decaimento. O neutrino possui essencialmente as
mesmas propriedades do antineutrino no que se refere à carga elétrica, à massa e à interação com a
matéria. Adicionalmente, porém, o pósitron é instável e reage ao encontrar um elétron, causando a
aniquilação das duas partículas e a produção de raios-gama. Exemplo:
53
26 Fe ~ 53M
25 n+ °A
+11-' +v+y
O decaimento por emissão de pósitron ocorre geralmente em nuclídeos radioativos com excesso de
pró tons em relação à faixa de estabilidade.
d) Captura de elétron ~ ocorre quando um elétron de alguma camada eletrônica é capturado pelo
núcleo atômico e se combina com um próton, formando um nêutron e emitindo um neutrino. O
elétron que é capturado pelo núcleo pode vir de qualquer camada eletrônica do átomo, porém mais
provavelmente será oriundo da camada K, que é a mais próxima do núcleo. Em relação ao nuclídeo
radioativo inicial, o nuclídeo produto fica com o número atômico diminuído em uma unidade e o
número de nêutrons acrescido de uma unidade, de maneira que o número de massa permanece
inalterado. Exemplo:
O decaimento por meio de captura de elétron ocorre em nuclídeos radioativos com excesso de
prótons em relação à faixa de estabilidade. Uma vez que o neutrino é a partícula emitida no caso da
captura de elétron e que o mesmo é de detecção muito difícil, seria razoável supor que o decaimento
por captura de elétron fosse também muito difícil de ser detectado. Entretanto, isto não ocorre, pois
o processo de captura de elétron cria uma vaga em uma das camadas eletrônicas e esta vaga causa,
imediatamente, efeitos mais facilmente detectáveis. Por exemplo, caso a vaga surja na camada K,
como geralmente ocorre. Esta vaga poderá ser preenchida por um elétron proveniente de uma
camada com menor energia de ligação, como a camada L. O preenchimento da vaga na camada K
provoca, assim, uma liberação de energia igual à diferença de energia de ligação existente entre as
duas camadas eletrônicas, a qual poderá aparecer como raios-X. A vaga criada na camada L poderá
ser preenchida por um elétron da camada M, por exemplo, dando origem assim a mais um raio-X.
Um outro processo possível é a energia, que é liberada quando a vaga é preenchida, ser transferida
diretamente a um outro elétron, provocando a sua expulsão do átomo. Este processo é denominado
efeito Auger e deixa, por sua vez, uma vaga adicional em uma das camadas eletrônicas. Portanto,
um chuveiro de raios-X e elétrons pode ser emitido como conseqüência da captura de um elétron
inicial. Estes efeitos secundários permitem que o decaimento por captura de elétron possa ser
detectado.
235U
92 ~ 140CS+
55 92Rb+3
37 °ln+y+v
Nos nuclídeos radioativos pesados em que ocorre, a fissão espontânea é geralmente um tipo de
decaimento muito mais raro do que a emissão de partícula alfa .
dN =-ÀN
dt
onde N é o número de átomos do radionuclídeo no instante de tempo t (o sinal negativo indica que
este número diminui com o passar do tempo) e À é uma constante, denominada constante de
decaimento, cujo valor é característico de cada radionuclídeo. O número de átomos N(t) de um
nuclídeo radioativo no instante t é determinado integrando-se a equação acima, resultando
N(t)=NO .e-À.·t
À = ln2
T1I2
A = À N ~ A(t) = À N(t)