Manual Recomendacoes Controle Tuberculose Brasil 2 Ed
Manual Recomendacoes Controle Tuberculose Brasil 2 Ed
Manual Recomendacoes Controle Tuberculose Brasil 2 Ed
MANUAL DE
RECOMENDAÇÕES
PARA O CONTROLE
DA TUBERCULOSE
NO BRASIL
2a edição atualizada
Brasília DF 2019
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis
MANUAL DE RECOMENDAÇÕES
PARA O CONTROLE DA
TUBERCULOSE NO BRASIL
2a edição atualizada
Brasília DF 2019
2011 Ministério da Saúde.
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Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do
Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.
Elaboração,distribuição
Dias Matos; Elizabeth Cristina Ruy de Souza Júnior; Sidney Josué Nazareno Lima; Léssio
e informações:
Coelho Soares; Eri Ishimoto; Bombarda; Stefano Barbosa Antonio Nascimento Júnior;
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Estanislene Oliveira Brilhante Codenotti; Tatiana Silva Lúcia Maria de Castro Matsuoka;
Secretaria de Vigilância em
Silva; Ethel Leonor Noia Maciel; Estrela; Tatiana Eustáquia Luiz Carlos Correa Alves;
Saúde Departamento de
Faber Katsume Johansen; Magalhães de Pinho Melo; Marcela Alcantara Norman;
Vigilância
Fábio Moherdaui; Fernanda Valeria Rolla; Vania Camargo da Marcelo Araújo de Freitas;
das Doenças Transmissíveis
Dockhorn Costa Johansen; Costa; Vera Maria Neder Marcelo Pedra; Márcia Helena
Coordenação-Geral do
Filipe de Barros Perini; Gabriela Galesi; Walter Ataalpa de Leal; Marcus Tolentino da Silva;
Programa Nacional de
Tavares Magnabosco; Gisele Freitas Neto; Wania Maria do Maria Benedita de França; Maria
Controle da Tuberculose
Pinto de Olivera; Heloiza Espírito Santo Carvalho. das Graças R. Oliveira; Maria
SRTVN 701, via W5 Norte,
Helena de Fatima Pombo; Maria de
Ed. PO 700 – 6º andar Colaboração:
C. Bastos; Jaqueline Martins; Lourdes Viude Oliveira; Maria
CEP: 70.719-040 – Brasília/DF Afrânio Lineu Kristski; Aline
Joilda Silva Nery; Jorge Luiz Lucia S. Pereira da Silva;
Tel: (61) 3315-2787 Ale Beraldo; Andressa Veras
da Rocha; Júlio Henrique Rosa Maria Rodriguez (Comitê Luz
Site: <www.saude.gov.br/ de Oliveira; Ana Carolina
Croda; Karla Freire Baêta;
tuberculose> Verde Regional – GLCr); Marina
Kleydson Bonfim Andrade da Conceição; Ana Carolina
E-mail: <tuberculose@saude. Rios Amorim; Mauricélia Maria
Alves; Larissa Polejack; Lucas Esteves Pereira; Ana Virginia
gov.br> de Melo Holmes; Mauro Niskier
Nascimento Seara; Lúcia Maria Lima Henriques; Andrea Borghi
Sanchez; Melquia da Cunha
Organização: de Castro Matsuoka; Luciene Moreira Jacinto; Antonio
Lima; Nicole Menezes de Souza;
Denise Arakaki-Sanchez; Medeiros; Magali Eleutério Reldismar de Andrade; Aramita
Paloma M. Correia; Patrícia
Fernanda Dockhorn Costa da Silva; Magda Maruza Melo Prates Greff; Bernard Larouze;
Carla Patrícia da Silva Barbosa; Mandali de Figueredo; Regina
Johansen; Rossana Coimbra de Barros; Marcus Barreto
Claudeth Santos De Oliveira; Célia Brazolino Zuim; Regina
Brito. Conde; Margareth Maria Pretti
Claudio Antonio Barreiros; Rocha Gomes de Lemos; Ricardo
Dalcolmo; Maria Alice da Silva
Elaboração: Soletti; Rodrigo Ramos Sena;
Telles; Maria do Socorro Nantua Dhargmonys A. F. Silva
Adriana Bacelar; Alexandra Rodrigo Zilli Haanwinckel;
Evangelista; Maria José Oliveira (Sociedade Civil); Eunice Atsuko
Roma Sánchez; Ana Luiza Rosália Maia; Rosildo Inácio da
Evangelista; Marianna Borba Totumi Cunha; Evandro Oliveira
de Souza Bierrenbach; Ana Silva (Sociedade Civil); Sheila
Ferrreira de Freitas Hammerle; Lupatini; Fátima Cristina O.
Wieczorek Torrens; Andrea de Cunha Lucena; Silvia Angelise
Marina Gasino Jacobs; Marli Fandinho Montes; Flávia T.
Paula Lobo; Andrea Maciel de Souza de Almeida; Simone
Souza Rocha; Marneili Pereira S. Elias; Flora M Lorenzo;
Oliveira Rossoni; Anete Trajman; Sardeto Valloto; Terezinha
Martins; Mauro Niskier Sanchez; Francinelle Miranda Reis;
Artemir Coelho de Brito; Martire; Vilma Diuana de Castro.
Pâmela Cristina Gaspar; Patrícia Francisco Job Neto; Gabriela
Bárbara Reis-Santos; Bernard
Bartholomay Oliveira; Patrícia Drummond Marques da Silva;
Larouzè; Carla Jarczewski; Projeto gráfico e diagramação:
Werlang; Paulo Albuquerque; George Ricardo do Santos;
Carolina Teru Matsui; Cintia de Assessoria Editorial/GAB/SVS/MS
Paulo Cesar Basta; Regina Giuliano Exposito; Gustavo
Oliveira Dantas; Clemax Couto
Célia Brazolino Zuim; Regina Laine Araújo de Oliveira; Revisão ortográfica:
Sant’Anna; Cristiane Pereira de
Célia Mendes dos Santos Silva; Helena Bernal; Igor de Oliveira Fernanda Trombini Rahmen Cassim
Barros; Daniele Chaves Kuhleis;
Ricardo Henrique Sampaio Claber Siqueira; Jair dos Santos
Daniele Gomes Dell’Orti;
Meirelles; Roberta Gomes Pinheiro; João Antônio O. de Normalização:
Daniele Maria Pelissari; Denise
Carvalho; Roselene Lopes de Lima; João Paulo Toledo; Editora MS/CGDI
Arakaki-
Oliveira; Rossana Coimbra Brito; José Mauro Gonçalves Nunes;
-Sanchez; Draurio Barreira;
Eleny Guimarães Teixeira;
Eliana
Durante os anos de 2008 e 2009, o PNCT promoveu uma grande revisão das
recomendações nacionais para o controle da tuberculose, que culminou na publicação da
primeira versão deste Manual. O objetivo era produzir um documento abrangente que
identificasse diretrizes para todas as ações envolvidas no controle da doença.
PÚBLICO-ALVO
Pessoas envolvidas com o controle da tuberculose no Brasil.
OBJETIVO
CONFLITO DE INTERESSES
MÉTODO
Processo de revisão
A partir da avaliação do Manual de 2010, foram identificados participantes colaboradores
da elaboração desta publicação. A equipe de organizadores procedeu à orientação do
processo. Com a identificação de temas que demandavam busca de evidências para sua
incorporação ou modificação, foram demandadas a uma equipe de epidemiologistas revisões
bibliográficas, com o objetivo de respaldar tomadas de decisões à luz das melhores
evidências científicas.
Grupos técnicos de trabalho foram estabelecidos, por meio dos quais eram discutidos
resultados da revisão da literatura e viabilidade de recomendações futuras, além da
avaliação das recomendações da publicação anterior, que estava sendo revisada.
As recomendações dos grupos técnicos eram encaminhadas a experts previamente
identificados, os quais fizeram a revisão do texto do manual anterior e a introdução de
novos temas ou recomendações. Os textos foram sempre revisados por, no mínimo, duas
pessoas e enviados em seguida à equipe organizadora, procedendo à compatibilização dos
textos e dando a eles seu formato final. Todos os textos foram revisados no seu formato
final pela equipe do PNCT. Na ausência de consenso, o PNCT tomou as decisões finais,
considerando aspectos epidemiológicos e operacionais.
DESCRIÇÃO
3TC Lamivudina
ABC Abacavir
ACS Agente Comunitário de Saúde
ADA Adenosina Deaminase
AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
AIS Agente Indígena de Saúde
AISAN Agente Indígena de Saneamento
Am Amicacina
AMS Assembleia Mundial da Saúde
Amx-Clv Amoxicilina e Clavulanato de
potássio ARV Antirretroviral
ATV/r Atazanavir/ritonavir
AVS Ações de Vigilância em Saúde
AZT Zidovudina
BAAR Bacilo Álcool Ácido Resistente
BCG Bacilo Calmette-Guérin
Bdq Bedaquilina
BK Bacilo de Koch
BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul CASAI Casa de Saúde Indígena
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CGPNCT Coordenação-Geral do Programa Nacional de Controle da
Tuberculose CD4+ Linfócito T CD 4+
CDC Centers for Disease Control and Prevention
Cfz Clofazimina
CQCT Convenção Quadro para o Controle do
Tabaco CRDH Centro de Referência em Direitos Humanos
CSB Cabine de Segurança Biológica
CTA Comitê Técnico Assessor
DAB Departamento de Atenção Básica
DECIT Departamento de Ciência e
Tecnologia
DEVIT/SVS/MS Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis/
Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde
DM Diabetes mellitus
Dlm Delamanide
DNC Doenças de Notificação Compulsória
DO Declaração de Óbito
DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
DRV/r Darunavir/ritonavir
DSEI Distritos Sanitários Especiais Indígenas
DTG Dolutegravir
E Etambutol
eCR Equipe do Consultório na Rua
EFV Efavirenz
ELISA Ensaio Imunoenzimático (do inglês, Enzyme Linked Immunosorbent Assay)
ENF Enfuvirtida
EPI Equipamento de Proteção Individual
ESF Estratégia da Saúde da Família
Et Etionamida
ETR Etravirina
EUA Estados Unidos da América
FAP Fundação de Amparo à Pesquisa
FPV/r Fosamprenavir/ritonavir
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNASA Fundação Nacional da Saúde
GAL Sistema Gerenciador de Ambiente
Laboratorial H Isoniazida
Hh Isoniazida em altas doses
HEPA Filtro de ar de alta eficiência (do inglês, High Efficiency Particulate Air)
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana (do inglês, Human Imunodeficiency
Virus) IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEC Informação, Educação e Comunicação
Ig G Imunoglobulina G
Ig M Imunoglobulina M
IGRA Do inglês, Interferon-gama release assay
ILTB Infecção latente pelo M. tuberculosis
IL-TB Sistema de Informação para notificação das pessoas em tratamento para
ILTB IP Inibidor da Protease
Ipm Imipenem/Cilastatina
ITRN Inibidores da Transcriptase Reversa Nucleosídeo
LACEN Laboratório Central de Saúde Pública
LBA Lavado Bronco Alveolar
LF Laboratório de Fronteira
Lfx Levofloxacino
LL Laboratórios Locais
LPV/r Lopinavir/ritonavir
LRE Laboratório de Referência Estadual
LRN Laboratório de Referência Nacional
LRR Laboratório de Referência
Regional LT-CD4+ Linfócito T com receptor CD4
Lzd Linezolida
MB Multibacilar
MCTIC Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicação MDR Multirresistente
MDS Ministério do Desenvolvimento Social
MESP Ministério Extraordinário da Segurança Pública
Mfx Moxifloxacino
MJ Ministério da Justiça
MNT Micobactéria não tuberculosa
Mpm Meropenem
MS Ministério da Saúde
MTB Complexo Mycobacterium tuberculosis
NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família
NVP Nevirapina
ODM Objetivos do Desenvolvimento do Milênio
ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
OSC Organizações da Sociedade Civil
PECT Programa Estadual de Controle da
Tuberculose PACS Programa de Agentes Comunitários da
Saúde PAS Ácido paraminossalicílico
PB Paucibacilar
PCR Reação em Cadeia da Polimerase (do inglês, Polymerase Chain
Reaction) PCT Programa de Controle da Tuberculose
PET Tomografia por Emissão de Pósitron
PIA Plano Individual de Acompanhamento
PMCT Programa Municipal de Controle da Tuberculose
PNAISP Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
Prisional PNCH Programa Nacional de Controle da Hanseníase
PNCT Programa Nacional de Controle da
Tuberculose PNI Programa Nacional de Imunização
PNIS Política Nacional de Inclusão Social
PPD Derivado Proteico Purificado (do inglês, Purified Protein Derivated)
PPL Pessoa (população) Privada de Liberdade
PT Prova Tuberculínica
PTS Projeto Terapêutico Singular
PS Profissional de Saúde
PVHIV Pessoa vivendo com HIV
QP Quimioprofilaxia
R Rifampicina
RAL Raltegravir
RAPS Rede de Atenção Psico Social
Rfb Rifabutina
RFLP Estudo de DNA (do inglês, Restriction Fragment Length
Polimorphism) RNM Ressonância Nuclear Magnética
RN Recém-nascido
Rpt Rifapentina
RTV Ritonavir
S Estreptomicina (do inglês, Streptomycin)
SAE Serviço de Assistência Especializada
SAS Secretaria de Atenção à Saúde
SCTIE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos SES Secretaria de Estado da Saúde
SIA Sistema de Informação Ambulatorial
SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica
SIASI Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena
SIH Sistema de Informação Hospitalar
Sinan Sistema Nacional de Agravos de Notificação
SIR Síndrome Inflamatória da Reconstituição Imune
SISAN Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional SITE-TB Sistema de Informação de Tratamentos Especiais
da TB SMS Secretaria Municipal de Saúde
SNC Sistema Nervoso Central
SNLSP/SISLAB Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública
SR Sintomático Respiratório
SRE Sintomáticos Respiratórios Esperados
STOP TB Stop TB Partnership (vinculado à
UNOPS/ONU) SUS Sistema Único de Saúde
SVS Secretaria de Vigilância em Saúde
TA Tratamento antiTB anterior
TARV Tratamento AntiRretroviral
TB Tuberculose
TB DR Tuberculose Drogarresistente
TB-HIV Coinfecção pelo M. tuberculosis e
HIV TB MDR Tuberculose Multirresistente
TB RR Tuberculose com resistência à
rifampicina TB XDR Tuberculose com resistência
extensiva
TC Tomografia Computadorizada
TDF Tenofovir
TDO Tratamento Diretamente Observado
TI Terras Indígenas
TNF-α Fator de Necrose Tumoral alfa
TPR/r Tipranavir/ritonavir
TR Teste Rápido
Trd Terizidona
TRM-TB Teste Rápido Molecular para
Tuberculose TS Teste de sensibilidade
UBS Unidade Básica de Saúde
UNION International Union Against Tuberculosis and Lung Disease
UP Unidade Prisional
UPA Unidade de Pronto Atendimento
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VD Visita Domiciliar
VE Vigilância Epidemiológica
VT Virgem de Tratamento
WHO World Health Organization
XDR Resistência Extensiva a Drogas
Z Pirazinamida
SUMÁRIO
PARTE I • ASPECTOS BÁSICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 25
2. O Problema da Tuberculose 31
2.1. No mundo 31
2.2. No Brasil 34
2.3. Determinação social da tuberculose 40
Referências 42
PARTE II • DIAGNÓSTICO 45
1. Diagnóstico Clínico 48
1.1. Tuberculose pulmonar 48
1.2. Tuberculose extrapulmonar 49
2. Diagnóstico Diferencial 51
2.1. Forma pulmonar 51
2.2. Forma pleural 52
2.3. Forma ganglionar 53
2.4. Forma meningoencefálica 53
2.5. Forma osteoarticular 53
3. Diagnóstico Bacteriológico 54
3.1. Exame microscópico direto – baciloscopia direta 54
3.2. Teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) 55
3.3. Cultura para micobactéria, identificação e teste de sensibilidade 61
3.4. Coleta, armazenamento e transporte de amostras de escarro 62
4. Diagnóstico por Imagem 65
4.1. Radiografia de tórax 65
4.2. Tomografia computadorizada de tórax 65
4.3. Outros exames de imagem na avaliação de tuberculose
pulmonar e extrapulmonar 66
4.4. Achados da tuberculose pulmonar em exames de imagem 67
5. Diagnóstico Histopatológico 69
6. Outros Métodos Diagnósticos 71
6.1. Adenosina deaminase (ADA) 71
6.2. Outras técnicas biomoleculares 71
Referências
PARTE III • TRATAMENTO 95
1. Introdução 97
2. Bases Bacteriológicas e Farmacológicas 98
3. A Escolha do Melhor Esquema de Tratamento 102
4. Esquemas de Tratamento para a Tuberculose 104
4.1. Esquema Básico (EB) 105
4.1.1. Esquema Básico para o tratamento de adultos e adolescentes
(≥ 10 anos de idade): 2RHZE/4RH 105
4.1.2. Esquema Básico para tratamento da TB meningoencefálica e
osteoarticular em adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade): 2RHZE/10RH 106
4.1.3. Esquema Básico para crianças (< 10 anos de idade): 2RHZ/4RH 108
4.1.4. Esquema Básico para tratamento da TB meningoencefálica
e osteoarticular para crianças (< 10 anos de idade): 2RHZ/10RH 108
7.8. Situações
especiais 158
7.8.1. Tuberculose
drogarresistente em crianças 158
7.8.2. Tuberculose
drogarresistente em gestantes e lactantes 159
7.8.3. Tuberculose
drogarresistente na insuficiência renal 160
7.8.4. Tuberculose
drogarresistente em hepatopatias 160
7.8.5. Tuberculose
drogarresistente em pessoas vivendo com HIV 160
7.9. Seguimento
do tratamento da Tuberculose Drogarresistente 161
8.5. Situações
especiais 167
8.5.1. Gestantes
167
8.5.2. Pessoas vivendo
com HIV 167
8.5.3. Co
ntatos de tuberculose com resistência extensiva ou tuberculose multirresistente 167
8.6. Regimes terapêuticos e tempo de tratamento da Infecção Latente
pelo M. tuberculosis 168
8.7. Seguimento do
tratamento da infecção Latente pelo M. tuberculosis 169
Referências 170
Anexos 177
Anexo I – Segurança dos fármacos antiTB em gestantes 177
4. Adesão 199
4.1. Conceito 199
4.2. Importância da adesão 199
4.3. O processo de adesão 200
4.3.1. Adesão no início do tratamento 200
4.3.2. Adesão durante o seguimento do tratamento 200
7.4. Indígenas246
7.4.1. Caracterização
da população e especificidades quanto à atenção à saúde 247
7.4.2. Atividades
programáticas recomendadas 248
7.4.3. Organização da
rede de atenção à saúde dos povos indígenas 249
7.5. Profissionais de saúde 252
7.5.1. Caracterização da população 252
7.5.2. Atividades programáticas recomendadas 253
7.5.3. Organização da rede de atenção 256
Referências 266
Anexos 271
Anexo VIII – Matriz de programação da procura de Sintomáticos
Respiratórios 271
Anexo IX – Listagem dos DSEI com suas respectivas Unidades
Federadas e municípios 272
Referências 356
Anexos 359
Anexo X – Livro de registro de sintomático respiratório no serviço
de saúde 359
Nas últimas décadas, desde a reemergência da tuberculose (TB) no mundo, o ano de 2015
tornou-se um novo marco na história dessa doença, quando a Organização Mundial da
Saúde (OMS) propôs acabar com a TB como um problema de saúde pública.
Pela primeira vez em décadas, surgem novidades nos campos diagnósticos e terapêuticos:
testes rápidos moleculares, novos fármacos desenvolvidos especificamente para o
tratamento da TB, inúmeras vacinas preventivas e terapêuticas em fase de desenvolvimento,
novos regimes encurtados sendo testados em ensaios clínicos multicêntricos, enfim, em
um cenário sempre tão carente de novidades, começa a florescer a esperança.
A nova estratégia global reforça e recomenda a busca pela articulação com outros
setores, a priorização das populações mais vulneráveis, o apoio da sociedade civil e dos
segmentos organizados da sociedade, dentre eles os legisladores de todos os níveis e
os demais formuladores de políticas públicas sociais e de saúde, pois o esforço de
eliminação requer trabalho e investimentos acrescidos, a exemplo de outros agravos
que a humanidade conseguiu eliminar ou erradicar, como a peste e a varíola.
23
O Brasil, por meio do Ministério da Saúde, assume sua responsabilidade nesse novo
cenário e, além de todas as medidas necessárias no campo das articulações intra e
intersetoriais, revisa e relança este Manual com as informações mais atualizadas para
instrumentalizar gestores, profissionais de saúde e demais segmentos da sociedade
engajados na luta contra a tuberculose, no enfrentamento do mais novo e estimulante
desafio colocado para todos nós: eliminar a doença como um problema de saúde pública
no país.
24
PARTE I
ASPECTOS
BÁSICOS E
EPIDEMIOLÓGICOS
1. Tuberculose – Características Gerais
A tuberculose (TB), antiga enfermidade descrita como tísica, foi conhecida, no século
XIX, como peste branca, ao dizimar centenas de milhares de pessoas em todo o
mundo. A partir da metade do século XX, houve acentuada redução da incidência e da
mortalidade relacionadas à TB, já observada àquela ocasião em países desenvolvidos,
sobretudo pela melhoria das condições de vida das populações (SAAVACOOL, 1986).
No início da década de 1980, houve recrudescimento global da TB: nos países de alta
renda, esse recrudescimento se deveu principalmente à emergência da infecção pelo
Vírus da Imu- nodeficiência Humana (HIV) e, nos países de baixa renda, devido à
ampliação da miséria e do processo de urbanização descontrolada, além de
desestruturação dos serviços de saúde e dos programas de controle da tuberculose (BLOOM,
1992; CDC, 1993; ROSSMAN; MACGREGOR, 1995).
A TB é uma doença que pode ser prevenida e curada, mas ainda prevalece em condições
de pobreza e contribui para perpetuação da desigualdade social (BRASIL, 2010).
A TB pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo
Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti,
M. pinnipedi e M. caprae.
Em alguns locais, o M. bovis pode ter especial relevância como agente etiológico da TB e
apresenta-se de forma idêntica ao M. tuberculosis, com maior frequência da forma ganglionar
e outras extrapulmonares. A ocorrência é mais comum em locais que consomem leite e
derivados não pasteurizados ou não fervidos de rebanho bovino infectado; em pessoas
que residem em áreas rurais e em profissionais do campo (veterinários, ordenhadores,
funcionários de matadouros, entre outros). Nessas situações, os serviços de vigilância
sanitária devem ser informados para atuar na identificação precoce das fontes de
infecção e no controle da doença, prevenindo assim a ocorrência de novos casos. Outro
grupo de micobactérias, as micobactérias não tuberculosas (MNT), compreendem diversas
espécies como M. avium,
M. kansasii, M. intracellulare e M. abscessos com relevância epidemiológica no Brasil restrita
a determinadas populações ou regiões (BIERRENBACH et al., 2001).
27
1.2. TRANSMISSÃO
A transmissão se faz por via respiratória, pela inalação de aerossóis produzidos pela tosse,
fala ou espirro de um doente com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea. As gotículas
exaladas (gotículas de Pfiüger) rapidamente se tornam secas e transformam-se em
partículas menores (<5-10 μm de diâmetro). Essas partículas menores (núcleos de Wells),
contendo um a dois bacilos, podem manter-se em suspensão no ar por muitas horas e são
capazes de alcançar os alvéolos, onde podem se multiplicar e provocar a chamada primo-
infecção (RIEDER; OTHERS, 1999). Outras vias de transmissão (pele e placenta) são raras e
desprovidas de importância epidemiológica. Os bacilos que se depositam em roupas,
lençóis, copos e outros objetos dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não
têm papel na transmissão da doença.
A probabilidade de uma pessoa ser infectada depende de fatores exógenos. Entre eles, pode-
-se citar a infectividade do caso-fonte, a duração do contato e o tipo de ambiente partilhado.
1.3.RISCO DE ADOECIMENTO
No Brasil, assim como em outros países que possuem condições de vida semelhantes,
alguns grupos populacionais têm maior vulnerabilidade para a TB. O Quadro 1 ilustra essas
populações e os seus respectivos riscos de adoecimento, em comparação com a população
em geral.
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
1
Dados do Sistema de Notificação e Acompanhamento dos Casos de Tuberculose – TB-WEB/SP e Prefeitura
Municipal da São Paulo. Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Censo da população em
situação de rua na municipalidade de São Paulo, 2015. São Paulo, 2015.
2
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan, avaliados março de 2017.
Estima-se que 10% das pessoas que foram infectadas pelo M. tuberculosis adoeçam:
5% nos dois primeiros anos que sucedem a infecção e 5% ao longo da vida, caso não
recebam o tratamento preventivo preconizado. O risco de adoecimento por TB pode
persistir por toda a vida (COMSTOCK; EDWARDS; LIVESAY, 1974). A TB primária, aquela
que ocorre logo após a infecção, é comum em crianças e nos pacientes com condições
imunossupressoras. Habitualmente, é uma forma grave, porém com baixo poder de
transmissibilidade. Em outras circunstâncias, o sistema imune é capaz de contê-la, pelo
menos temporariamente. Os bacilos podem permanecer como latentes (infecção latente
pelo M. tuberculosis – ILTB) por muitos
29
anos até que ocorra a reativação, produzindo a chamada TB pós-primária (ou secundária).
Em 80% dos casos acomete o pulmão, e é frequente a presença de cavidade.
A reinfecção pode ocorrer se a pessoa tiver uma nova exposição, sendo mais comum em
áreas onde a prevalência da doença é alta.
30
2. O Problema da Tuberculose
2.1. NO MUNDO
A região das Américas representa cerca de 3,0% da carga mundial de tuberculose, com
268 mil casos novos estimados, os quais estão localizados em nações como Brasil (33,0%),
Peru (14,0%), México (9,0%) e Haiti (8,0%), países com a maior carga. A faixa etária menor de
15 anos representa 6,3% dos casos e a maioria é do sexo masculino. Um total de 125.000
casos de TB MDR ou TB RR e elegível para o tratamento de TB MDR foram reportados, o
que representa 20% dos casos estimados.
Em 2000, 189 países firmaram compromisso para combater a extrema pobreza e outros
males da sociedade. Isso se concretizou nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
(ODM), que deveriam ser alcançados até 2015. A TB foi contemplada no sexto objetivo,
tendo como meta deter o aumento da incidência da doença. Em consonância com os ODM,
a OMS também estabeleceu metas para serem alcançadas em 2015: reduzir em 50% a taxa
de incidência e mortalidade se comparados aos valores de 1990.
Com o objetivo de fortalecer a Estratégia DOTS e alcançar as metas estabelecidas, foi lançada,
em 2006, a estratégia Stop-TB (WHO, 2006), cujo propósito era reduzir drasticamente o peso
global da TB até 2015. O reconhecimento da determinação social da TB e do fato de que
31
fatores relacionados à ocorrência e controle da doença transcendem o setor saúde fez crescer
a necessidade de pensar em novos componentes e estratégias de controle, considerando
aspectos sociais, econômicos, de pesquisas e inovação tecnológica.
O alcance das metas mundiais para o controle da tuberculose e a falta de diretrizes para
o cenário posterior a 2015 levaram um grupo de países, dentre eles o Brasil, a solicitar à
OMS, durante a Assembleia Mundial de Saúde (AMS), em maio de 2012, que propusesse
uma nova estratégia para o controle da doença no mundo (WHO, 2012).
Diante disso, foi aprovada na AMS, em 2014, a “Estratégia global e metas para prevenção,
atenção e controle da tuberculose pós-2015”, mais tarde denominada Estratégia pelo Fim
da Tuberculose, cujo principal proponente foi o Brasil (WHO, 2014a). A Estratégia tem como
visão “Um mundo livre da tuberculose: zero morte, adoecimento e sofrimento devido à
tuberculose” e por objetivo o fim da epidemia global da doença. As metas, para cumprimento
até 2035, são:
Reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes; e
reduzir o número de óbitos por tuberculose em 95%.
Tendo em vista o alcance das metas, a estratégia foi baseada em quatro princípios (Figura
1). Além dos princípios, foram identificados três pilares norteadores para o processo de
alcance das metas, sendo o primeiro voltado para a atenção ao paciente, o segundo para o
componente social e o terceiro para a pesquisa e inovação (WHO, 2015) (Quadro 2).
e responsabilização do governo, com componentes de monitoramento e avaliação Adaptação da estratégia e metas nos países, com colaboração n
Princípios
32
QUADRO 2 – Pilares e componentes da Estratégia pelo Fim da Tuberculose
Envolvimento comunitário, das organizações da sociedade civil e dos setores público e privado.
Políticas de cobertura universal em saúde, regulamentação da notificação de casos,
registro vital, uso qualitativo e racional de medicamentos e controle da infecção.
Até o final de 2015, a Organização Mundial da Saúde classificou os 22 países com maior
carga da doença no mundo e dentre eles estava o Brasil. Para o período de 2016 a 2020,
Cada lista é composta por 30 países, sendo 20 com maior número de casos e outros 10
com maior coeficiente de incidência da doença. Alguns países aparecem em mais de uma
lista, somando, assim, um total de 48 países prioritários para a abordagem da tuberculose.
O Brasil se encontra em duas dessas listas, ocupando a 20a posição quanto à carga da
doença e a 19a no que se refere à coinfecção TB-HIV.
O país tem destaque ainda por sua participação no BRICS (bloco formado por Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), cujos países somam cerca de 50% dos casos de
tuberculose no mundo e mobilizam mais de 90,0% dos recursos necessários para as ações
de controle da doença por meio de fontes domésticas de financiamento (WHO, 2016).
33
2.2. NO BRASIL
O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários
pela OMS para o controle da doença no mundo. Em 2015, o percentual de detecção da
tuberculose no país, segundo a OMS, foi de 87,0% (WHO, 2017). Nos últimos 10 anos, foram
diagnosticados, em média, 71 mil casos novos da doença. Em 2017, o número de casos
notificados foi de 72.770 e os coeficientes de incidência variaram de 10,0 a 74,7 casos por
100 mil habitantes entre as Unidades Federadas (UF) (Figura 2). No ano de 2016, foram
notificados 4.483 óbitos por TB, o que corresponde ao coeficente de mortalidade de 2,2
óbitos por 100.000 habitantes (Figura 3). O percentual de sucesso de tratamento
reportado para os casos novos com confirmação laboratorial foi de 74,6%, em 2016, com
10,8% de abandono de tratamento, e 4,1% dos registros com informação ignorada quanto
ao desfecho. Dos casos de TB notificados em 2017, 77,8% foram testados para HIV,
apresentando 9,5% de coinfecção.
FIGURA 2 – Coeficiente de incidência de tuberculose, todas as formas, por Unidades Federadas, 2017
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34
FIGURA 3 – Coeficiente de mortalidade de tuberculose por Unidades Federadas, 2016
De acordo com a OMS, o Brasil atingiu as metas dos ODM relacionados à incidência e
mortalidade por tuberculose, contribuindo, assim, para redução da carga da TB no mundo
O Brasil não possui uma epidemia generalizada, mas concentrada em algumas populações,
como as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), em situação de rua, privadas de liberdade
(PPL), a população indígena e pessoas que vivem em aglomerados e em situação de
pobreza.
35
Apesar de todos os avanços ocorridos nos últimos anos, o país está longe da meta
estabelecida na Estratégia pelo Fim da TB até 2035. No boletim epidemiológico de
março de 2016 do Ministério da Saúde (MS), a análise publicada demonstra que, caso
ocorra uma melhoria progressiva dos indicadores que estão associados ao coeficiente de
incidência (redução do coeficiente de aids para 10 por 100 mil habitantes, aumento da
cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) e da realização do Tratamento Diretamente
Observado (TDO) até 90,0%), o coeficiente de incidência de casos novos de TB seria de
20,7/100 mil hab. no ano de 2035 (Figura 4), valor acima da meta de menos de 10 casos
por 100 mil habitantes (BRASIL, 2016).
50
/100 mil habitantes
Ano de diagnóstico
b
Modelo de Poisson ajustado por ano com a melhoria progressiva até 2035 das variáveis: coeficiente
incidência de aids para 10/100 mil hab., ESF para 90,0% e TDO para 90,0%.
Seguindo modelo proposto pela OMS, o plano serve de instrumento norteador para
estados e municípios no planejamento de ações que permitam a melhoria da situação da
pessoa com tuberculose nos municípios.
36
Para alcance dos objetivos, os programas precisarão envolver os diferentes setores nas
ações de controle da tuberculose no Brasil. Caberá a todos os envolvidos a busca por
estratégias que fortaleçam o acesso à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento da
doença de acordo com orientações do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose. Espera-se
que essas estratégias sejam suporte para os programas de controle da tuberculose, nas
três esferas de governo, na construção de seus planos locais, considerando suas
competências estabelecidas no SUS (Quadro 3).
Objetivos Estratégias
37
continuação
Objetivos Estratégias
Objetivos Estratégias
38
continuação
Objetivos Estratégias
continua
39
conclusão
Objetivos Estratégias
40
A transmissão e adoecimento por TB são influenciados por fatores demográficos, sociais e
econômicos. Dentre eles, destacam-se: a urbanização crescente e desordenada; a
desigualdade na distribuição de renda; moradias precárias e superlotação; a insegurança
alimentar; a baixa escolaridade; bem como a dificuldade de acesso aos serviços e bens
públicos, que contribuem na manutenção e propagação da doença (LIENHARDT, 2001;
LÖNNROTH et al., 2010; RASANATHAN et al., 2011; XIMENES et al., 2009).
REFERÊNCIAS
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bution and decline. American Review of Respiratory Disease, v. 110, n. 5, p. 572-580,
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42
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43
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XIMENES, R. et al. Is it better to be rich in a poor area or poor in a rich area? A multilevel
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journal of epidemiology, v. 38, n. 5, p. 1285-1296, 2009.
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44
PARTE II
DIAGNÓSTICO
A tuberculose (TB) pode acometer uma série de órgãos e/ou sistemas. A apresentação da TB
na forma pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a saúde
pública, pois é essa forma, especialmente a bacilífera, a responsável pela manutenção
da cadeia de transmissão da doença. A busca ativa de sintomático respiratório (SR) (ver
capítulo Detecção de Casos de Tuberculose) é uma importante estratégia para o controle
da TB, uma vez que permite a detecção precoce das formas pulmonares. No entanto o
diagnóstico de TB é mais amplo do que a busca ativa e deve considerar os vários aspectos
descritos neste capítulo.
SINTOMÁTICO RESPIRATÓRIO
Pessoa que, durante a estratégia programática de busca ativa, apresenta tosse por 3 semanas o
*Considerar especificidades da duração da tosse em populações especiais (ver capítulo Detecção de Casos
de Tuberculose).
47
1. Diagnóstico Clínico
Nos casos em que a tosse é produtiva, a expectoração pode ser purulenta ou mucoide,
com ou sem sangue. A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5
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o
C. A sudorese noturna e a anorexia são comuns. O exame físico geralmente mostra fácies
de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem
perda do apetite também possam ter TB pulmonar. A ausculta pulmonar pode apresentar
diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo ser normal.
48
O exame físico pode mostrar hepatomegalia (35% dos casos), alterações do sistema
nervoso central (30% dos casos) e alterações cutâneas do tipo eritemato-máculo-pápulo-
vesiculosas (incomum).
1.2.TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR
49
subaguda ou crônica (sinais e sintomas com duração superior a quatro semanas). Na
forma subaguda, cursa com cefaleia holocraniana, irritabilidade, alterações de
comportamento, sonolência, anorexia, vômitos e dor abdominal associados à febre, fotofobia
e rigidez de nuca por tempo superior a duas semanas. Eventualmente, apresenta sinais
focais relacionados a síndromes isquêmicas locais ou ao envolvimento de pares cranianos
(pares II, III, IV, VI e VII), podendo-se evidenciar sinais de hipertensão intracraniana. Na
forma crônica, o paciente evolui várias semanas com cefaleia, até que o acometimento de
pares cranianos faz o médico suspeitar de meningite crônica. Ocorre doença pulmonar
concomitante em até 59% dos casos. Outra forma de TB do sistema nervoso central é a
forma localizada (tuberculomas). Nessa apresentação, o quadro clínico é o de um
processo expansivo intracraniano de crescimento lento, com sinais e sintomas de
hipertensão intracraniana, sendo que a febre pode não estar presente.
TB óssea – É mais comum em crianças (10% a 20% das lesões extrapulmonares na infância)
ou em pessoas entre a quarta e a quinta década de vida. Atinge mais a coluna vertebral e
as articulações coxofemoral e do joelho, embora possa ocorrer em outros locais. A TB de
coluna (mal de Pott) é responsável por cerca de 1% de todos os casos de TB e até 50% de
todos os casos de TB óssea. Ela afeta mais comumente a coluna torácica baixa e a lombar
e seu quadro clínico apresenta-se com a tríade dor lombar, dor à palpação local e
sudorese noturna.
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50
2. Diagnóstico Diferencial
A TB deve ser incluída no diagnóstico diferencial dos casos de febre de origem indeterminada,
síndrome consumptiva, pneumonias de resolução lenta e em todo paciente com tosse
prolongada sem causa conhecida. A seguir, listamos algumas condições clínicas que fazem
diagnóstico diferencial com as principais formas de TB.
Na forma pulmonar, o diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com silicose,
infecções fúngicas, neoplasias, infecções bacterianas, outras micobacterioses, doenças
autoimunes, embolia pulmonar, entre outras (GADKOWSKI; STOUT, 2008) (Quadro 4).
QUADRO 4 – Principais doenças que fazem diagnóstico diferencial com as formas pulmonares de TB.
Histoplasmose
INFECÇÕES Paracoccidioidomicose
FÚNGICAS Aspergiloma
Abscesso pulmonar
Pneumonia necrotizante
Streptococcus pneumoniae
OUTRAS DOENÇAS Haemophilus infiuenzae
BACTERIANAS Klebsiella pneumonae
Staphylococcus aureus
Actinomicose
Nocardiose
51
tamanhos, bilaterais e simétricos. Nas vasculites pulmonares, os quadros clínico e radiológico
podem eventualmente ser semelhantes, inclusive com presença de hemoptise e
nodulações e/ou opacidades pulmonares múltiplas, escavadas e/ou justapleurais,
geralmente acompanhadas de doença sistêmica. Na sarcoidose, não há necrose nos
granulomas e geralmente são observadas linfonodomegalias hilares, opacidades
pulmonares reticulares na radiografia e tomografia computadorizada do tórax, além do
comprometimento de outros órgãos como pele, olhos e articulações (SEISCENTO et al.,
2005).
2.2.FORMA PLEURAL
52
casos, exames citológicos do líquido pleural associados a técnicas de imunofenotipagem
conduzem, com relativa segurança, ao diagnóstico etiológico (MORISSON; NEVES, 2008).
A ADA é produzida por linfócitos e monócitos e encontra-se elevada nas doenças nas quais
essas células estão ativadas. Na TB pleural, o diagnóstico diferencial (ADA > 40 U/L) deve
incluir, além do linfoma, o empiema e a artrite reumatóide. Os derrames neoplásicos,
com quadro clínico muitas vezes sugestivo, em grande proporção fornecem citologia
oncótica positiva. O empiema pode ser facilmente diferenciado pelo quadro clínico, pelo
aspecto do líquido (turvo ou purulento) e pela citologia quantitativa, que demonstra
predomínio de polimorfonucleares. Finalmente, o derrame pleural secundário à artrite
reumatoide é pouco frequente e, na maioria das vezes, apresenta história prévia da
doença e diagnóstico laboratorial definido (SEISCENTO et al., 2005).
2.3.FORMA GANGLIONAR
2.5.FORMA OSTEOARTICULAR
Na TB óssea, o principal diferencial deve ser feito com artrite séptica ou osteomielite
causadas por outros patógenos como Staphylococcus aureus e Brucella melitensis,
criptococose, histoplasmose e etiologias não infecciosas como osteossarcoma, mieloma
múltiplo, linfoma não Hodkin, histiocitose X, Doença de Paget e outras neoplasias ósseas
(GARG; SOMVANSHI, 2011).
53
3. Diagnóstico Bacteriológico
Por ser um método simples e seguro, deve ser realizado por todo laboratório público de
saúde e pelos laboratórios privados tecnicamente habilitados. A pesquisa do bacilo álcool-
ácido resistente – BAAR, pelo método de Ziehl-Nielsen, é a técnica mais utilizada em
nosso meio.
A baciloscopia do escarro, desde que executada corretamente em todas as suas fases, permite
detectar de 60% a 80% dos casos de TB pulmonar em adultos, o que é importante do ponto
de vista epidemiológico, já que os casos com baciloscopia positiva são os maiores
responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão. Em crianças, a sensibilidade da
baciloscopia é bastante diminuída pela dificuldade de obtenção de uma amostra com boa
qualidade.
A baciloscopia de escarro deve ser realizada em duas amostras: uma por ocasião do
primeiro contato com a pessoa que tosse e outra, independentemente do resultado da
primeira, no dia seguinte, com a coleta do material sendo feita preferencialmente ao
despertar. Nos casos em que houver indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as
duas amostras de diagnóstico apresentarem resultado negativo, podem ser solicitadas
amostras adicionais.
Os resultados dos exames diretos são descritos nos Quadros 5 e 6. Baciloscopia positiva e
quadro clínico compatível com TB fecham o diagnóstico e autorizam o início de
tratamento da TB. É importante lembrar, contudo, que outros microrganismos podem ser
54 evidenciados na baciloscopia direta e essa possibilidade deve ser considerada na
interpretação de casos
individualizados. Diagnóstico de certeza bacteriológica só é obtido com a cultura (que é o
padrão ouro) e/ou testes moleculares.
LEITURA RESULTADO
ACHADOS RESULTADO
55
A sensibilidade do TRM-TB em amostras de escarro de adultos é de cerca de 90%
sendo superior à da baciloscopia. O teste também detecta a resistência à rifampicina,
com uma sensibilidade de 95%.
Como também pode detectar bacilos mortos ou inviáveis, o TRM-TB não deve ser utilizado para
diagnóstico nos casos de retratamento (reingresso após abandono e recidivas). Nesses
casos, o diagnóstico da TB deve ser feito com baciloscopia de escarro e cultura para
micobactérias, seguida do teste de sensibilidade antimicrobiano (TS) para verificação de
resistência aos fármacos, e o TRM-TB poderá ser utilizado apenas para triagem da resistência
à rifampicina. Da mesma forma, o TRM-TB também pode ser utilizado para triagem de
resistência à rifampicina em pacientes com suspeita de falência ao esquema básico.
56
necessário manter a investigação. Essas amostras devem ser processadas de acordo com
técnicas específicas de preparo, em laboratórios que apresentem equipamentos e
condições adequadas de biossegurança (risco moderado de biossegurança, ou seja,
medidas iguais as de laboratórios que realizam cultura).
Escarro;
escarro induzido;
lavado broncoalveolar;
lavado gástrico;
líquor;
gânglios linfáticos e outros tecidos.
RESULTADOS INTERPRETAÇÃO1
O TRM-TB para diagnóstico de TB ativa deve ter sua utilização realizada de forma diferenciada
de acordo com as populações investigadas. Os algoritmos a seguir descrevem a
investigação de casos novos em adultos e adolescentes na população geral (Figura 5);
casos novos em adultos e adolescentes de populações de maior vulnerabilidade (Figura
6); e casos de retratamento em adultos e adolescentes (Figura 7).
57
FIGURA 5 – Algoritmo diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e
adolescentes baseado no TRM-TB.
Realizar TRM-TB
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
1
Realizar cultura de escarro preferencialmente pelo método automatizado.
2
TS – Teste de Sensibilidade.
3
Referência terciária – ambulatório de referência para tratamento de tuberculose resistente. O paciente deve chegar
à referência terciária imediatamente sem que se aguardem os resultados dos novos exames solicitados. Nesse
serviço, a avaliação médica e a conduta adequada deverão ser tomadas em até sete dias. O resultado da cultura
com TS deverá ser encaminhado à referência terciária.
4
EB – Esquema Básico – reavaliar o tratamento após resultado da cultura com TS.
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5
Investigar micobacteriose não tuberculosa (MNT) e outros diagnósticos diferenciais.
58
FIGURA 6 – Algoritmo diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e
adolescentes de populações com maior vulnerabilidade1 baseado no TRM-TB
Resistência
Resistência à rifampicina à rifampicina
detectada não detectada no TRM-TB
no TRM-TB Não Sim
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
1
Populações consideradas de maior vulnerabilidade: profissionais de saúde, pessoas vivendo com HIV/aids,
população privada de liberdade, população em situação de rua, povos indígenas, contatos de tuberculose
resistente.
59
FIGURA 7 – Algoritmo diagnóstico para casos de retratamento de TB pulmonar e laríngea em
adultos e adolescentes. Triagem para resistência à rifampicina com TRM-TB.
resistência
NãoSim à rifampicina8
Resistência à rifampicina
Resistência
detectadaà no
rifampicina não detectada
TRM-TB no TRM-TB TBContinuar improvávelinvestigação
AguardarAguardar cultura e TScultura e TS
Repetir o TRM-TB5
Iniciar tratamento para TB com EB9
ncaminhar para referência terciária imediatamente6 Cobrar cultura7 e TS
Rever tratamento após resultado do TS
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
1
TS – Teste de Sensibilidade.
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2
Baciloscopia positiva – pelo menos uma positiva das duas baciloscopias.
3
Baciloscopia negativa – duas baciloscopias negativas.
4
MNT – micobateriose não-tuberculosa.
5
Repetir o TRM-TB em nova amostra de escarro para confirmação da resistência com o objetivo de aumentar a
sensi- bilidade do diagnóstico da resistência.
6
Referência terciária – ambulatório de referência para tratamento de tuberculose resistente. O paciente deve
chegar à referência terciária imediatamente sem que se aguardem os resultados dos novos exames solicitados.
Nesse serviço, a avaliação médica e a conduta adequada deverão ser tomadas em até sete dias. O resultado da
cultura com TS deverá ser encaminhado à referência terciária.
7
Resgatar resultado de cultura previamente realizada e, nos casos com resistência à rifampicina detectada,
realizar cultura preferencialmente pelo método automatizado.
8
Referência de tuberculose secundária ou terciária dependendo da rede local. O paciente deve chegar à
referência o mais rapidamente possível.
9
EB – Esquema Básico.
60
Todos os exames (baciloscopia, TRM-TB ou cultura) deverão ser realizados, preferencial-
mente, na mesma amostra de escarro. Caso o volume seja insuficiente, deve-se coletar
uma segunda amostra.
Para confirmação da resistência à rifampicina por meio do TRM-TB (segundo exame), deve-
se realizar nova coleta. A realização de exames seriados aumenta a sensibilidade do
diagnóstico da resistência à rifampicina. Esse procedimento é especialmente importante
no Brasil, dada a baixa prevalência de resistência.
61
Operacionalização da cultura
Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda que seja realizada cultura para
micobactérias com teste de sensibilidade antimicrobiano (TS) nas seguintes situações:
todo caso com diagnóstico de TB por meio de TRM-TB deverá realizar cultura e TS,
independentemente de apresentar ou não resistência à rifampicina;
todo caso com suspeita de TB com TRM-TB negativo, com persistência do quadro
clínico, deverá realizar cultura e TS.
Casos identificados com resistência à rifampicina diagnosticado por TRM-TB devem ter a
cultura e o TS realizados preferencialmente por método automatizado, visando a agilizar
o diagnóstico.
AMOSTRAS DE ESCARRO
A fase inicial do exame bacteriológico – que compreende coleta, conservação e enca-
minhamento da amostra de escarro – é de responsabilidade da unidade de saúde que
identifica o caso com suspeita de TB. Para a coleta da amostra, as seguintes
orientações deverão ser observadas:
62
Recipiente – o escarro deve ser coletado em potes plásticos com as seguintes
características: descartáveis, com boca larga (50 mm de diâmetro), transparente, com tampa
de rosca, altura de 40 mm, capacidade de 35 ml a 50 ml. A identificação (nome do paciente e
data da coleta) deve ser feita no corpo do pote e nunca na tampa, utilizando-se, para tal,
esparadrapo, fita crepe ou caneta com tinta permanente.
Requisição de exame – o recipiente com a amostra deverá ser acompanhado por uma
requisição de exame preenchida pelo funcionário da unidade de saúde, contendo dados
do paciente e da amostra, assim como do requisitante.
Momento da coleta e número de amostras – o diagnóstico deve ser feito a partir de uma
ou duas amostras de escarro. Quando na realização de duas amostras, a primeira deve ser
coletada no momento da consulta, para aproveitar a presença do doente. Recomenda-se
a coleta da segunda amostra no dia seguinte, preferencialmente ao despertar. Esta
geralmente é de melhor qualidade, porque provém das secreções acumuladas na árvore
brônquica durante a noite.
ORIENTAÇÕES AO PACIENTE
63
Conservação e transporte – Idealmente, as amostras clínicas devem ser enviadas e
processadas no laboratório imediatamente após a coleta. As unidades de saúde deverão
receber, a qualquer hora de seu período de funcionamento, as amostras coletadas na
unidade ou no domicílio e conservá-las, sob refrigeração, até no máximo 7 dias após o
recebimento. Não é recomendada a conservação de amostras em temperatura ambiente
por mais de 24 horas.
refrigeração;
proteção contra a luz solar; e
acondicionamento adequado para que não haja risco de derramamento.
64
4. Diagnóstico por Imagem
A radiografia de tórax deve ser solicitada para todo paciente com suspeita clínica de TB
pulmonar. Juntamente com as radiografias de tórax, sempre devem ser realizados
exames laboratoriais (baciloscopias, cultura e/ou teste rápido molecular) na tentativa de
buscar o diagnóstico bacteriológico. O exame radiológico em pacientes com diagnóstico
bacteriológico tem como principais objetivos excluir outra doença pulmonar associada,
avaliar a extensão do acometimento e sua evolução radiológica durante o tratamento.
Para notificação de casos de TB, os resultados das radiografias de tórax devem ser
registrados conforme descrito no Quadro 9.
CLASSIFICAÇÃO ACHADOS
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
65
As alterações sugestivas de atividade e sequela de TB na TC de tórax estão descritas no
Quadro 10.
66
Na TB óssea, a destruição da porção anterior dos corpos vertebrais e áreas de osteólise,
principalmente em epífise de ossos longos, sugere doença em atividade. O acometimento
de tecidos moles adjacentes, como abscessos paravertebrais visualizados na RNM,
também sugere doença ativa. A involução desses achados adjacentes às alterações
ósseas na RNM é útil no acompanhamento da doença e pode, em conjunto com critérios
clínicos, definir a alta do tratamento das formas ósseas.
TB Primária
A presença do bacilo no parênquima pulmonar promove a formação de um processo
inflamatório granulomatoso, que pode se manifestar radiologicamente como opacidade
parenquimatosa (nódulo ou consolidação), denominada foco primário ou nódulo de Ghon.
Em adultos, a forma primária acomete mais os lobos superiores, enquanto que em
crianças não há essa predileção (JEONG; LEE, 2008).
A partir desse foco inicial, pode ocorrer a progressão para necrose caseosa, eliminação do
material necrótico e disseminação broncogênica. As apresentações radiológicas dessa fase
são as cavidades, consolidações, nódulos, massas ou opacidades retículo-nodulares.
67
A TB miliar é caracterizada por opacidades retículo-micronodulares difusas de
distribuição randômica decorrentes da disseminação hematogênica do Mycobacterium
tuberculosis pelo parênquima pulmonar.
TB Pós-Primária
As alterações em exames de imagem geralmente são semelhantes às apresentadas da
forma primária, com predileção dos lobos superiores e segmentos superiores dos lobos
inferiores.
Uma vez que o método diagnóstico de certeza de TB é a cultura seguida da confirmação da espé
69
TB ganglionar periférica – em pacientes HIV soronegativos, a PT é forte reatora, a baciloscopia
direta do aspirado do gânglio é positiva em 10- 25% dos casos, a cultura em 50-90% e a
histopatologia do gânglio retirado conclusiva (granuloma com necrose de caseificação) em
90% dos casos. Em PVHIV com imunossupressão mais grave, o rendimento da baciloscopia
aumenta significativamente.
TB de intestino – acomete a região ileocecal e/ou a região jejunoileal em 75% dos casos,
embora possa ocorrer também no cólon ascendente, apêndice, duodeno e retossigmoide.
Alguns autores sugerem a realização da colonoscopia com biopsia já como primeiro
procedimento diagnóstico invasivo na suspeita de TB intestinal. O rendimento varia de
acordo com a série, mas costuma ser elevado.
Nos últimos anos, novos testes moleculares diagnósticos baseados na técnica da reação
em cadeia da polimerase (PCR) foram desenvolvidos, o que tem representado um avanço
na detecção de doenças infecciosas. Para o diagnóstico da TB, a OMS recomenda as
seguintes tecnologias (WHO, 2015).
Line Probe Assay (LPA) – técnica de biologia molecular para o diagnóstico rápido
da tuberculose drogarresistente. Comercialmente encontram-se disponíveis os
GenoType MTBDRplus® e MTBDRsl®. Ambos são ensaios qualitativos que utilizam
71
AccuProbe Mycobacterium tuberculosis Complex culture identification test (Gen-Probe)
– baseado na hibridização de uma sonda, marcada com reagente
quimioluminescente, ao 16S-rRNA do organismo alvo. O híbrido DNA/RNA marcado é
medido em um luminômetro. O teste é específico para identificação do complexo M.
tuberculosis de amostras de escarro positivas e negativas. O teste é usado como
complemento dos exames de baciloscopia e cultura.
72
7. Diagnóstico de HIV nas Pessoas com Tuberculose
Todo paciente com diagnóstico de tuberculose deve ser testado para HIV.
O diagnóstico precoce de infecção pelo HIV em pessoas com TB tem importante impacto
no curso clínico da doença. Portanto, o teste diagnóstico para HIV, preferencialmente o
rápido, deve ser oferecido, o mais cedo possível, a toda pessoa com diagnóstico
estabelecido de TB (Figura 8).
O diagnóstico precoce de infecção pelo HIV em pessoas com tuberculose tem importante impact
Diagnóstico de TB
1
Aplicar algoritmos para diagnóstico de HIV (BRASIL, 2014).
2
Serviço de Atendimento Especializado.
73
A Portaria nº 29, de 17 de dezembro de 2013 (BRASIL, 2013), aprova o Manual Técnico
para o Diagnóstico de HIV (BRASIL, 2014) e recomenda a utilização de Teste Rápido (TR)
para o diagnóstico de HIV em pessoas com TB. O teste rápido de sangue total obtido
através de punção digital é amplamente disseminado na atenção básica e em programas
de controle de TB (BRASIL, 2013).
Os TR’s são imunoensaios simples, de fácil execução, com resultado obtido em até 30
minutos. O teste deve ser ofertado no momento do diagnóstico da TB ou o mais
rapidamente possível no próprio estabelecimento de saúde em que o paciente for
atendido e deve ser realizado por profissionais de saúde capacitados. O MS oferece
modelos de treinamentos presencial ou a distância (Sistema TELELAB, disponível em
<https://www.telelab.aids.gov.br/index. php/component/k2/item/93-diagnostico-de-
hiv>), que aborda vários aspectos relativos à qualidade, segurança e execução do TR.
De acordo com os fluxogramas de diagnóstico da infecção pelo HIV que envolvem TR,
o diagnóstico só pode ser estabelecido após a realização de dois TR, e o laudo deverá
ser emitido por um profissional de saúde habilitado. Nas situações em que somente um
teste rápido for ofertado ao paciente, ele se caracterizará por um teste de triagem e,
portanto, não haverá a emissão de um laudo. Nesse caso, o paciente que obtiver resultado
reagente para o teste de triagem deverá ser encaminhado para o serviço de saúde
referência de diagnóstico para o HIV estabelecido pela rede para a confirmação do
diagnóstico.
É importante ressaltar que a equipe de saúde responsável pelo atendimento dos pacientes
com TB deve estar preparada para orientar e atender a demanda de questionamentos
referentes ao HIV e, principalmente, à coinfecção TB-HIV, além dos benefícios do diagnóstico
e tratamento precoces do HIV com o uso de antirretrovirais. O teste diagnóstico de HIV
deve ser realizado com o consentimento do paciente, observando-se o sigilo e a
confidencialidade e utilizando-se dos algoritmos diagnósticos estabelecidos.
Caso o teste anti-HIV seja positivo, o paciente deve ser encaminhado para o Serviço de Atençã
74
8. Diagnóstico em Situações Especiais
A tosse é caracterizada por ser persistente, com mais de duas semanas de duração, com
piora progressiva, diferentemente de outros casos de tosse crônica nessa fase de vida.
Raramente os pacientes apresentam outros sintomas respiratórios. A ausculta pulmonar
pode variar desde normal à presença de qualquer tipo de ruído adventício. É mandatório
pensar no diagnóstico de tuberculose na criança com pneumonia que não melhora com o
tratamento antimicrobiano habitual (MARAIS et al., 2005).
De um modo geral, a frequência dos sintomas é baixa, mas, quando presentes de forma
persistente (e não remitente), são de grande valor no diagnóstico da TB em crianças
(MARAIS et al., 2005).
Deve ser realizado em posição póstero-anterior (PA) e perfil e, na maioria das vezes, seu
resultado não requer complementação com exames mais sensíveis como a tomografia. Os
achados radiográficos mais sugestivos da TB pulmonar em crianças são pneumonias com
qualquer aspecto radiológico, de evolução lenta, às vezes associadas à adenomegalias
hilares e/ou paratraqueais (gânglios mediastínicos aumentados de volume) ou que cavitam
durante a evolução e infiltrado nodular difuso (padrão miliar).
A prova tuberculínica (PT) deve ser interpretada como sugestiva de infecção por M.
tuberculosis, independentemente do tempo de vacinação pela BCG. Considerar positivo
quando ≥ a 5mm e negativa quando < a 5 mm (ver capítulo Diagnóstico da Infecção Latente
pelo M. tuberculosis). O efeito da BCG sobre o resultado da prova tuberculínica reduz com
o passar do tempo, principalmente se a BCG foi feita antes de um ano de idade, realidade da
população brasileira. (FARHAT et al., 2006; MENZIES; VISSANDJEE; AMYOT, 1992).
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76
O escore brasileiro é o que apresenta mais estudos de validação com consistentes
sensibilidades e especificidades como sistema de apoio ao diagnóstico de TB pulmonar
na infância em relação a outros escores existentes (PEARCE et al., 2012; SANT’ANNA
et al., 2006).
Infecção Radiografia
respiratória com normal
melhora após uso
de antibióticos
para germes
comuns ou sem
antibióticos
- 10 pontos - 5 pontos 0 ponto 0 ponto 0 ponto
continua
77
conclusão
INTERPRETAÇÃO
≥ 40 pontos (diagnóstico muito provável) recomenda-se iniciar o tratamento da tuberculose.
30 a 35 pontos (diagnóstico possível) indicativo de tuberculose; orienta-se iniciar o tratamento a
critério médico.
< 25 pontos (diagnóstico pouco provável) deve-se prosseguir com a investigação na criança. Deverá
ser feito diagnóstico diferencial com outras doenças pulmonares e podem ser empregados métodos
complementares de diagnóstico, como baciloscopias e cultura de escarro induzido ou de lavado
gástrico, broncoscopia, histopatológico de punções e outros exames de métodos rápidos.
Observações:
1. Na impossibilidade de realizar a prova tuberculínica, recomenda-se empregar o sistema de
pontuação e, caso este não permita o diagnóstico da tuberculose pulmonar, o caso deve ser
individualizado e, se oportuno, enviado a serviço de referência.
2. Crianças com suspeita de tuberculose, muitas vezes, após reavaliações, repetição dos exames e
terapêuticas empíricas para germes comuns ou quadros alérgicos, se investigados por pediatras ou médicos
treinados em unidades de referência, podem ter tal diagnóstico afastado (ROSSONI, 2015).
O lavado gástrico continua sendo a forma mais comum de se obter amostras respiratórias
em crianças pequenas, sendo geralmente preconizadas duas coletas em dias
subsequentes. Pode ser realizado por profissional experiente, tanto ambulatorialmente
como em pacientes internados, devendo ser efetuado apenas onde a cultura para o M.
tuberculosis esteja disponível, pelo risco de falsos positivos com a baciloscopia, pela
possível presença de outras micobactérias no conteúdo gástrico (MACIEL et al., 2010). O
TRM-TB também pode ser utilizado desde que associado à cultura, pois apresenta
sensibilidade menor do que a cultura em crianças.
78
A indução de escarro e o lavado ou aspirado gástrico apresentam sensibilidade em torno
de 20% a 40%. Os riscos do lavado gástrico são pequenos sangramentos durante a
aspiração, e os da indução de escarro são hipoxemia transitória, desencadeamento de
broncoespasmo, vômitos e aumento de derrames pleurais pré-existentes. A grande
limitação desse tipo de coleta (indução de escarro) é que, idealmente, deve ser realizada em
condições adequadas de biossegurança (MACIEL et al., 2010). A coleta de escarro de forma
induzida (escarro induzido) pode aumentar o rendimento do exame bacteriológico do
escarro. Assim, fica reservada a casos especiais, a critério clínico.
A TB perinatal deve ser suspeitada em recém-nascidos cuja mãe teve TB grave durante
a gestação ou, após o parto, esteve em contato com qualquer pessoa da família com TB.
No recém-nascido, aparece o padrão miliar à radiografia em metade dos casos; a
ultrassonografia
79
abdominal pode mostrar pequenos focos no fígado e baço, macronódulos e dilatação do
trato biliar; podem ser necessárias biópsias de fígado ou medula óssea.
Toda criança nascida de mãe com tuberculose durante a gestação e no momento do parto
deve ser clinicamente avaliada no sentido de excluir doença ativa na criança e orientar
procedimentos de prevenção como vacinação e/ou quimioprofilaxia primária (ver capítulo
Tratamento da Infecção Latente pelo M. tuberculosis).
Estudos brasileiros mostram uma grande variação de tempo entre o início dos sinais e
sintomas de TB e o diagnóstico pode variar de 1 a 552 dias em um estudo e mediana de
120 dias em outro (COIMBRA et al., 2012; SCHMALTZ; LOPES; ROLLA, 2009).
Segundo orientação da OMS, adultos e adolescentes infectados pelo HIV devem ser
questionados em todas as visitas aos serviços de saúde sobre a presença dos sintomas
abaixo:
80
QUADRO 12 – Apresentação da tuberculose em pessoas vivendo com HIV
Apresentação
Ocasional Frequente
extrapulmonar
Baciloscopia de
Frequentemente positiva Frequentemente negativa
escarro
Baciloscopia
Frequentemente negativa Frequentemente positiva
de tecido
Nas pessoas vivendo com HIV, o diagnóstico bacteriológico é ainda mais importante para
confirmar a presença de TB ativa, realizar o diagnóstico diferencial com outros agravos e
conhecer o perfil de sensibilidade aos medicamentos para TB.
Formas pulmonares
Apresentação pulmonar atípica é frequente na coinfecção TB-HIV e é um sinal sugestivo
de imunodeficiência avançada, sendo comum a presença apenas de infiltrado em
segmento(s) inferior(es) pulmonares e/ou linfadenomegalia hilar. Nesse caso, as lesões
podem ser melhor definidas pela tomografia computadorizada de alta resolução. PVHIV
com TB pulmonar tende a apresentar, mais comumente, perda de peso e febre e menos
tosse e hemoptise em comparação ao paciente não infectado pelo HIV (WHO, 2004)
Nas formas pulmonares, em pacientes com linfócitos T CD4+ > 350 cel/mm3, a
apresentação clínica é semelhante a pacientes não infectados, sendo a TB
frequentemente delimitada aos pulmões e radiografia de tórax com infiltrado em lobos
superiores com ou sem cavitação (PERLMAN et al., 1997) ou derrame pleural, que pode
ser mensurado pela ultrassonografia de tórax.
Formas extrapulmonares
Devido à maior frequência de formas extrapulmonares e disseminadas em pessoas
infectadas por HIV, a investigação adequada requer uma estrutura diagnóstica que envolva
a realização de procedimentos invasivos para coleta de espécimes clínicos como líquido
pleural, líquor ou biopsia de órgãos sólidos (por exemplo linfonodos e pleura).
82
9. Diagnóstico da Infecção Latente pelo
M. tuberculosis (ILTB)
Quando uma pessoa saudável é exposta ao bacilo da TB, tem 30% de chance de infectar-
se, dependendo do grau de exposição (proximidade, condições do ambiente e tempo de
convivência), da infectividade do caso índice (quantidade de bacilos eliminados, presença
de caverna na radiografia de tórax) e de fatores imunológicos individuais. As pessoas
infectadas, em geral, permanecem saudáveis por muitos anos, com imunidade parcial ao
bacilo. Essa condição é conhecida como infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis
(ILTB). A OMS estima que um quarto da população mundial tenha ILTB. Esses indivíduos
não apresentam nenhum sintoma e não transmitem a doença, mas são reconhecidos por
testes que detectam a imunidade contra o bacilo.
Antes de se afirmar que um indivíduo tem ILTB, é fundamental excluir a TB ativa, por
meio da anamnese, exame clínico e radiografia de tórax.
Cerca de 5% das pessoas não conseguem impedir a multiplicação dos bacilos e adoecem
na sequência da primoinfecção. Outros 5%, apesar de bloquearem a infecção nessa fase,
adoecem posteriormente por reativação desses bacilos ou em consequência de exposição
a uma nova fonte de infecção.
O maior risco de adoecimento se concentra nos primeiros dois anos após a primoinfecção,
mas o período de latência pode se estender por muitos anos e mesmo décadas. Além da
conversão recente, fatores relacionados à competência do sistema imunológico podem
Apesar de grande parte da população mundial estar infectada com M. tuberculosis, não
há indicação de investigação indiscriminada de ILTB na população em geral. Essa
investigação é indicada somente em populações que potencialmente se beneficiarão do
tratamento preconizado para ILTB (ver Quadro 13).
83
QUADRO 13 – Populações com indicação de investigação de ILTB
A prova tuberculínica (PT) é utilizada para diagnóstico de ILTB e pode também auxiliar o
diagnóstico de tuberculose ativa em crianças (WHO, 2015). Consiste na inoculação
intradérmica de um derivado protéico purificado do M. tuberculosis para medir a resposta
imune celular a esses antígenos.
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Indivíduos com PT documentada e resultado ≥ 5 mm não devem ser retestados, mesmo diante
de uma nova exposição ao M. tuberculosis.
84
A prova tuberculínica reativa, isoladamente, indica apenas a presença de infecção e não é su
A solução da tuberculina deve ser conservada em temperatura entre 2 oC e 8oC e não deve
ser exposta à luz solar direta.
Aplicação do PPD
A técnica de aplicação (Mantoux) e o material utilizado possuem especificações
semelhantes às usadas para a vacinação com a BCG.
A injeção do líquido faz aparecer uma pequena área de limites precisos, pálida e de
aspecto pontilhado como casca de laranja.
O resultado da PT deve ser registrado em milímetros, inclusive quando não houver enduração.
Nesse caso, o profissional deverá anotar: ZERO mm.
85
Interpretação
A especificidade da PT é alta (97%, isto é, 3% de resultados falso-positivos),
principalmente se a BCG for aplicada no primeiro ano de vida, como ocorre no Brasil.
Reações falso-positivas (indivíduos com PT positiva e sem ILTB) podem ocorrer em
indivíduos infectados por outras micobactérias ou vacinados com a BCG, principalmente se
vacinados (ou revacinados) após o primeiro ano de vida, quando a BCG produz reações
maiores e mais duradouras. Entretanto, 10 anos após a BCG, apenas 1% das PTs positivas
pode ser atribuído à BCG. Isso significa que, em adolescentes e adultos não revacinados,
a PT positiva pode ser considerada como ILTB (PAI; ZWERLING; MENZIES, 2008; RUFFINO-
NETTO, 2006; WHO, 1955). No Brasil, a cobertura pela
BCG é universal e a vacinação é usualmente realizada nos primeiros dias de vida.
Gravidez
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86
9.3.DIAGNÓSTICO PELO IGRA
O teste QuantiFERON®-TB Gold in tube (QFT; Cellestis, Victoria, Austrália) quantifica, por
meio de um ensaio imunoenzimático (ELISA), os níveis de interferon-gama liberado pelas
células T de memória após estimulação de sangue total com os antígenos específicos do MTB
(CELLESTIS QIAGEN COMPANY, 2013).
Os IGRA têm demonstrado diversas vantagens sobre a PT. Entre elas, destaca-se o fato de
não ser influenciado pela vacinação prévia com BCG (ANDERSEN et al., 2000; FERRARA et al.,
2005) e de ser menos influenciado por infecção prévia por micobactérias não tuberculosas
(MNT), o que confere elevada especificidade diagnóstica (AREND et al., 2002; FERRARA et al.,
2005). Outras vantagens consistem no resultado não sujeito ao viés do leitor e no fato de o
teste ser realizado em amostra biológica, o que reduz o risco de efeitos adversos. Além
disso, os IGRAs possuem vantagens operacionais, pois, ao requerer apenas uma visita do
paciente, o retorno para a leitura do teste não é necessário. Entre as desvantagens,
destacam-se o custo elevado comparado à PT, a necessidade de se realizar a coleta de
Os IGRAs têm sido recomendados nos últimos anos como potenciais substitutos ou
complementares à PT nos países de alta renda, mas ainda não estão incorporados ao SUS
(CDC, 2005; EUROPEAN CENTER FOR DISEASE PREVENTION AND CONTROL, 2011).
87
Limitações
A acurácia e os valores preditivos dos IGRAs são similares aos da PT mesmo em diferentes
grupos (PVHIV, crianças) (TRAJMAN; STEFFEN; MENZIES, 2013). Não são indicados para o
diagnóstico de ILTB em crianças < 2 anos de idade devido à falta de dados na literatura e
a pouca confiabilidade do método em crianças pequenas (STARKE; DISEASES, 2014). As
vantagens e desvantagens de cada uma das tecnologias encontram-se no Quadro 15.
Pode ser usada de forma seriada Testes seriados não recomendados (reversão e
(PVHIV, profissionais de saúde) conversão espontâneas)
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detection of resistance to second-line anti-tuberculosis drugs. Policy guidance. 2016b.
93
PARTE III
TRATAMENTO
1. Introdução
A tuberculose é uma doença curável em praticamente todos os casos, em pessoas com bacilos se
97
2. Bases Bacteriológicas e Farmacológicas
98
FIGURA 9 – Mecanismo de ação dos medicamentos
Moxifloxacino Gatifloxacino
Rifampicina
Ofloxacino
Rifabutina
Linezolida Sutezolida AZD5847 PAS Clofazimina
PA-824
Delamanide Claritromicina
QUADRO 16 – Proporção de bacilos com mutações genéticas e resistência aos principais medi-
camentos antiTB
100
QUADRO 17 – Características do M. tuberculosis e o local de atuação dos medicamentos antiTB.
Rifampicina
pH ácido.
Intracelular Pirazinamida
Crescimento lento Ação enzimática celular.
(macrófagos) Isoniazida
Baixa oferta de oxigênio.
Etambutol
Rifampicina
pH neutro.
Isoniazida
Cavidade pulmonar Crescimento geométrico Boa oferta de oxigênio.
Estreptomicina
Presença de nutrientes.
Etambutol
101
3. A Escolha do Melhor Esquema de Tratamento
sensíveis a outro.
Injetáveis Injetáveis
FQN1 Injetáveis Linezolida
Moderada Etionamida Linezolida Clofazimina Injetáveis
Cicloserina Bedaquiina Bedaquiina Pirazinamida
PAS1 Delamanid Delamanid
Linezolida
Etambutol
Etionamida Rifampicina
Baixa Pirazinamida Isoniazida
Pitazinamida Isoniazida
FQN1
103
4. Esquemas de Tratamento para a Tuberculose
O esquema básico em crianças (< de 10 anos de idade) é composto por três fármacos na
fase intensiva (RHZ), e dois na fase de manutenção (RH), com apresentações
farmacológicas individualizadas (comprimidos e/ou suspensão).
104
QUADRO 19 – Esquemas de tratamento da tuberculose e local de manejo clínico preferencial
Toxicidade, intolerância ou
impedimentos ao uso do
Esquemas Especiais Referência Secundária3
Esquema Básico e avaliação de
falência terapêutica4
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
1
Caso novo ou virgem de tratamento (VT): paciente nunca submetido ao tratamento antiTB ou realização de
tratamento por menos de 30 dias.
2
Retratamento: paciente que já fez o tratamento antiTB por mais de 30 dias e que necessite de novo tratamento após
abandono ou por recidiva (após a cura ou tratamento completo).
3
Recomendado TDO compartilhado com a Atenção Primária.
4
Falência terapêutica: paciente que apresenta persistência de baciloscopia de escarro positiva ao final do
tratamento; paciente que inicialmente apresentava baciloscopia fortemente positiva (++ ou +++) e mantém essa
positividade até o quarto mês de tratamento; e pacientes com baciloscopia inicialmente positiva, seguida de
negativação e nova positividade, por dois meses consecutivos, a partir do quarto mês de tratamento.
105
QUADRO 20 – Esquema Básico para o tratamento da TB em adultos e adolescentes (≥ 10
anos de idade)
RHZE 20 a 35 Kg 2 comprimidos
1 comp 300/150 mg ou
20 a 35 Kg
2 comp 150/75 mg
RH
1 comp 300/150 mg + 1 comp de 150/75
300/150 mg1 36 a 50 Kg 4 meses
mg ou 3 comp 150/75 mg
ou 150/75 mg
(fase de
(comprimidos 2 comp 300/150 mg manutenção)
em doses fixas 51 a 70 Kg
ou 4 comp 150/75 mg
combinadas)
2 comp 300/150 mg + 1 comp de 150/75
Acima de 70 Kg
mg ou 5 comp 150/75 mg
Fonte: (RATIONAL PHARMACEUTICAL MANAGEMENT PLUS, 2005; WHO, 2003). Adaptado de BRASIl, 2011.
R – Rifampicina; H – isoniazida; Z – Pirazinamina; E – Etambutol.
1
A apresentação 300/150 mg em comprimido deverá ser adotada assim que disponível.
106
QUADRO 21 – Esquema Básico para o tratamento da TB meningoencefálica e osteoarticular em
adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade)
20 a 35 Kg 2 comprimidos
RHZE
150/75/400/275 mg 36 a 50 Kg 3 comprimidos
2 meses
(comprimidos (fase intensiva)
em doses fixas 51 a 70 Kg 4 comprimidos
combinadas)
Acima de 70 5 comprimidos
Kg
1 comp 300/150 mg ou
20 a 35 Kg
2 comp 150/75 mg
RH
1 comp 300/150 mg + 1 comp
300/150 mg 1 ou 36 a 50 Kg
de 150/75 mg ou 3 comp 150/75 10 meses
150/75 mg
mg (fase de
(comprimidos manutenção)
em doses fixas 51 a 70 Kg
2 comp 300/150 mg
combinadas) ou 4 comp 150/75 mg
2 comp 300/150 mg + 1 comp de
Acima de 70 Kg
150/75 mg ou 5 comp 150/75 mg
Fonte: (RATIONAL PHARMACEUTICAL MANAGEMENT PLUS, 2005; WHO, 2003). Adaptado de BRASIl, 2011.
R – Rifampicina; H- Isoniazida; Z – Pirazinamina; E – Etambutol.
1
A apresestação 300/150 mg em comprimido deverá ser adotada assim que disponível.
Observações:
Quando existir concomitância entre a forma meningoencefálica ou osteoarticular
e quaisquer outras apresentações clínicas, utilizar o esquema para TB meningoence-
fálica ou osteoarticular.
107
4.1.3. Esquema Básico para crianças (< 10 anos de idade): 2RHZ/4RH
Indicações:
Casos novos e de retratamento (recidiva e reingresso após abandono) que
apresentem doença ativa em crianças (< 10 anos de idade), de todas as formas de
tuberculose pulmonar e extrapulmonar (Quadro 22), exceto a forma
meningoencefálica e osteoarticular.
PESO DO PACIENTE
Crianças com TB, infectadas pelo HIV ou desnutridas, deverão receber suplementação de
piridoxina – vitamina B6 (5 a 10 mg/dia) (WHO, 2014).
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108
De modo semelhante, o tratamento da TB osteoarticular deve ser feito por 12 meses. No
entanto, casos de baixa complexidade podem ser tratados por 6 meses, a critério clínico
(WHO, 2014).
PESO DO PACIENTE
Observações:
Quando existir concomitância entre a forma meningoencefálica ou osteoarticular e
quaisquer outras apresentações clínicas, utilizar o esquema para TB
meningoencefálica ou osteoarticular.
109
4.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO
Considerações:
O tratamento das formas extrapulmonares tem a duração de seis meses, exceto as
formas meningoencefálica e osteoarticular.
O tratamento da TB em PVHIV tem a duração de seis meses, independentemente
da fase de evolução da infecção viral (ver capítulo Esquemas de Tratamento para a
Tuberculose).
Em casos individualizados, independentemente da presença de outras morbidades,
quando a TB apresentar evolução clínica não satisfatória, o tratamento poderá ser
prolongado na sua segunda fase, de quatro para sete meses.
O prolongamento da fase de manutenção deve ser definido, idealmente, na
referência secundária da tuberculose. Algumas indicações para a ampliação do
tempo de tratamento da segunda fase são descritas a seguir:
Uma vez iniciado o tratamento, ele não deve ser interrompido, salvo após uma
rigorosa revisão clínica e laboratorial que determine mudança de diagnóstico
(LOPES, 2006).
110
4.3. MODALIDADES DE TRATAMENTO
TB meningoencefálica;
intolerância aos medicamentos antiTB incontrolável em ambulatório;
estado geral que não permita tratamento em ambulatório;
intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas relacionadas ou não à TB que necessitem de
tratamento e/ou procedimento em unidade hospitalar; e
situação de vulnerabilidade social como ausência de residência fixa ou grupos com
maior possibilidade de abandono, especialmente se for um caso de retratamento,
falência ou multirresistência.
O Esquema Básico pode ser administrado nas doses habituais para gestantes e, dado risco
de toxicidade neurológica ao feto atribuído à isoniazida, recomenda-se o uso de
piridoxina (50mg/dia).
111
Os medicamentos antiTB passam em pequenas quantidades pelo leite materno, por isso
a importância do seu uso seguro durante a amamentação (RICH; SEUNG, 2003; WHO,
2014). Não há contraindicações à amamentação, desde que a mãe não seja portadora de
mastite tuberculosa. É recomendável, entretanto, que faça uso de máscara cirúrgica ao
amamentar e ao cuidar da criança, enquanto a baciloscopia do escarro se mantiver
positiva. No Anexo II está descrita a segurança das medicações durante aleitamento
materno.
4.4.2. Hepatopatias
Alguns dos medicamentos antiTB apresentam hepatotoxicidade que pode ser
potencializada pelas interações medicamentosas e o uso de doses acima das
preconizadas. É importante considerar o peso do paciente no momento da prescrição do
medicamento, durante todo o tratamento, visando a evitar dose excessiva.
O tratamento só deverá ser interrompido quando os valores das enzimas atingirem até
cinco vezes o valor normal em pacientes sem sintomas digestivos, três vezes o valor
normal, acompanhado de sintomas dispépticos, ou logo que a icterícia se manifeste. É
recomendado encaminhar o paciente a uma unidade de referência secundária para
acompanhamento clínico e laboratorial, além da adequação do tratamento, caso seja
necessário.
Após a interrupção do tratamento, se houver redução dos níveis séricos das enzimas hepáticas
e resolução dos sintomas, indica-se a reintrodução do Esquema Básico da seguinte
maneira: rifampicina + etambutol, seguida pela isoniazida, e por último a pirazinamida, com
intervalo de três a sete dias entre elas. A reintrodução de cada medicamento deverá ser
precedida da análise da função hepática. O tempo de tratamento será considerado a partir
da data em que foi possível retomar o esquema terapêutico completo. Se a dosagem das
enzimas hepáticas não reduzir para menos de três vezes o limite superior da normalidade,
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112
QUADRO 24 – Condutas frente a hepatopatias
Observações:
4.4.3. Nefropatias
Nos pacientes com nefropatias é necessário conhecer a taxa de depuração de creatinina
(clearance) antes de iniciar o esquema terapêutico, para que sejam ajustadas as doses
dos medicamentos que apresentam eliminação renal (Quadro 25).
113
QUADRO 25 – Fórmula para o cálculo clearance de creatinina (unidade: ml/min)
PARA HOMENS (140 – idade do paciente) X peso (em kg) / 72 X creatinina sérica (mg/dL)
PARA MULHERES (140 – idade do paciente) X peso (em kg) / [72 X creatinina sérica (mg/dL)] X 0,85
Observações:
Para pacientes nefropatas (clearence de creatinina < 30ml/min) que usarão somente
medicamentos do Esquema Básico no tratamento da TB, considerando a utilização
de dose fixa combinada, o esquema preconizado consiste em: RHZE (2a, 4a e 6a) e
RH (3a, 5a, Sábado e Domingo) durante 2 meses na fase intensiva, seguidos de RH
diariamente durante 4 meses na fase de manutenção (considerar o peso para avaliar
a quantidade de comprimidos).
4.4.4. Diabetes
Nos pacientes com diabetes e tuberculose deve-se ficar atento às complicações referentes
ao tratamento de ambas as doenças. Como o diabetes retarda a resposta microbiológica,
pode ocorrer diminuição das taxas de cura, aumento das recaídas, além de maior
evolução para tuberculose resistente (WHO, 2011). Nesse sentido, é de fundamental
importância o tratamento diretamente observado, o adequado controle glicêmico e o
controle do tratamento da TB por meio das baciloscopias mensais.
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114
o ajuste de dose da medicação empregada, e a HbA1c é o parâmetro utilizado para avaliar
o controle glicêmico em médios e em longos prazos, pois reflete os níveis glicêmicos dos
últimos dois/três meses. As metas glicêmicas ideais são: HbA1c ≤ 7,0%, glicemia de jejum
entre 70 – 130 mg/dL e pós-prandial abaixo de 180 mg/Dl (BRASIL, 2013).
115
Tratamento da TB em PVHIV
Devem ser utilizados os esquemas padronizados para o tratamento da TB na população
em geral (Quadros 20, 21, 22 e 23). O prolongamento da fase de manutenção poderá ser
considerado dependendo da evolução clínica e/ou bacteriológica (ver neste capítulo item
4.2.Considerações sobre o tratamento). A adesão ao tratamento é de fundamental
importância nessa população, por isso recomenda-se a realização do TDO, que,
preferencialmente, será realizado de forma compartilhada entre os SAEs e unidades de
atenção básica.
2Rfb H Z E 4 Rfb H
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
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Observações:
116
O uso da rifabutina não permite a utilização dos medicamentos em dose fixa combinada para t
Para os pacientes virgens de tratamento antirretroviral, com contagem de LT-CD4+ < 50 céls/
mm³, é recomendado o início do TARV em até duas semanas após o início de tratamento
da TB. Nos pacientes com CD4 ≥ 50 céls/mm³, o início do TARV deve ocorrer no início da fase
de manutenção do tratamento da TB (8a semana).
Pacientes com contagens de LT-CD4+ < 50 cel/mm³ apresentam maior risco de morte
caso o TARV não seja iniciado precocemente, após o início do tratamento da tuberculose.
Revisão sistemática (UTHMAN et al., 2015) demonstrou que o início precoce do TARV, quando
comparado ao início após oito semanas de tratamento, reduz significativamente a
mortalidade em pacientes com LT-CD4+ < 50 céls/mm3, mas não em pacientes com LT-CD4+ >
50 céls/mm3. Esse estudo também aponta que o risco de síndrome inflamatória de
reconstituição imunológica
117
(SIR) foi maior nos pacientes que iniciaram TARV precocemente independentemente da
contagem de LT-CD4+ (Quadro 27).
118
B. ESCOLHA DOS ANTIRRETROVIRAIS EM PACIENTES COM TUBERCULOSE ATIVA
Os esquemas antirretrovirais compostos por dois ITRN + EFV em dose padrão constituem a
opção de primeira escolha do TARV para pacientes em uso de rifampicina e virgens de
TARV (BRASIL, 2017; PANEL ON ANTIRETROVIRAL GUIDELINES FOR ADULTS AND ADOLESCENTS
AIDSINFO, 2014; TB CARE I, 2015; WHO, 2012).
O raltegravir (RAL) associado a tenofovir (TDF) e lamivudina (3TC) é a opção para casos
de pacientes coinfectados com critérios de gravidade ou com contraindicação ao uso do
EFV. O RAL apresenta menor interação medicamentosa com a rifampicina e a dose
recomendada é a dose padrão de 400 mg, duas vezes ao dia (Quadro 28 e 29).
119
QUADRO 28 – Esquemas de TARV inicial preferencial para pacientes coinfectados TB-HIV
Concluído o
tratamento de TB,
Coinfecção TB-HIV1 TDF2 /3TC/EFV (300mg/300mg/600mg) poderá ser feita a
sem critérios de gravidade (DFC) 1 vez ao dia mudança de EFV
para dolutegravir
(DTG)
Tuberculose disseminada
QUADRO 29 – Opções de esquema de ARV para pacientes com TB-HIV em tratamento para TB
SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO
120
Pacientes em falha virológica devem ter o esquema ARV guiado pelo exame de genotipagem.
Interações medicamentosas
As interações medicamentosas, seus efeitos adversos e a conduta em cada um dos casos
dos medicamentos mais comumente utilizados no tratamento da TB e da infecção pelo
HIV são descritas nos quadros 36 e 37.
A maioria dos casos de SIR ocorre dentro de três meses após o início do tratamento da TB.
Preditores da SIR incluem, principalmente, contagem de LT-CD4+ < 50 células/mm3;
severidade da TB e início do TARV em menos de 30 dias de iniciado o tratamento para TB
(LAUREILLARD et al., 2013; MEINTJES et al., 2008).
121
5. Seguimento do Tratamento
122
Quando a baciloscopia for positiva ao final do segundo mês do
tratamento, deve-se solicitar cultura para micobactéria com teste de
sensibilidade, prolongando a fase de ataque (RHZE) por mais 30
dias,
e reavaliar o esquema de tratamento com o resultado do TS (CAMINERO;
VAN DEUN; FUJIWARA, 2013; FARGA; CAMINERO, 2011). Após 30 dias, caso
o TS resultar em sensibilidade às drogas de primeira linha ou ainda
sem resultado, especialmente em pacientes com boa evolução clínica
e/ou bacteriológica, iniciar fase de manutenção (RH) por mais 4 meses.
Pacientes com evolução insatisfatória (não melhora clínica e/ou
persistência de baciloscopia associada ou não, com aspecto
radiológico evidenciando atividade de doença) devem ser
encaminhados para uma referência de tuberculose para avaliação.
Pacientes inicialmente com exame bacteriológico positivo deverão ter pelo menos duas
baciloscopias negativas na fase de manutenção para comprovar cura, uma no decorrer da
fase de manutenção e outra ao final do tratamento (5º ou 6° mês).
O controle radiológico pode ser realizado após o segundo mês de tratamento, para
acompanhar a regressão ou ampliação das lesões iniciais, especialmente nos casos
pulmonares com exames bacteriológicos negativos e na ausência de expectoração para
controle bacteriológico. Na vigência de evolução clínica favorável, outro exame radiológico
pode ser realizado somente ao final do tratamento. Também pode ser realizado em
qualquer momento do tratamento a critério clínico.
123
QUADRO 30 – Consultas clínicas e exames de seguimento do tratamento da TB adultos.
Maior frequência
Consultas X X X X X X
a critério clínico.
Avaliação
X X X X X X
da adesão
Recomendação
Baciloscopias
X X X X X X para casos
de controle
pulmonares.
Especialmente
nos casos com
baciloscopia
Radiografia negativa ou na
X X
de tórax ausência de
expectoração.
Repetir a critério
clínico.
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
124
A criança (< 10 anos de idade) deverá ser orientada em seu tratamento à medida do seu
entendimento. O adolescente deve ser bem esclarecido sobre os malefícios do abandono.
Adolescentes devem receber atendimento individualizado para conscientizá-los e motivá-
los sobre a importância da adesão ao tratamento (WHO, 2014).
O controle radiológico de tórax deve ser realizado no segundo mês de tratamento, quando
a evolução estiver sendo favorável, para confirmar a melhora com diminuição dos
achados anteriores; ou com um mês de tratamento para afastar outras doenças, caso a
evolução não seja favorável. A radiografia de controle deverá ser feita ao término do
tratamento ou, quando da solicitação do médico assistente, a qualquer tempo (WHO,
2006, 2014).
125
QUADRO 31 – Consultas clínicas e exames de seguimento do tratamento da TB em crianças
e adolescentes.
Maior frequência
Consultas X X X X X X
a critério clínico.
Avaliação
X X X X X X
da adesão
Recomendação
para casos
pulmonares
Baciloscopias
X X X X X X somente quando
de controle
houver facilidade
na coleta de
escarro.
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
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126
6. Reações Adversas e Interações Medicamentosas
A maioria dos pacientes completa o tratamento sem qualquer reação adversa relevante.
As reações adversas podem ser divididas em dois grandes grupos: reações adversas
“menores” (Quadro 32), em que normalmente não é necessária a suspensão dos
medicamentos antiTB; e reações adversas “maiores” (Quadro 33), que normalmente causam
a suspensão do tratamento.
A frequência das reações adversas “maiores” varia de 3% a 8%. Os fatores de risco mais
referidos para o desenvolvimento de tais efeitos são:
O paciente deve ser orientado da ocorrência dos principais efeitos adversos e da necessidade de
127
O monitoramento laboratorial com hemograma e bioquímica (função renal e
hepática) em pacientes com sinais e/ou sintomas relacionados e em pacientes com maior
risco de desenvolvimento de efeitos adversos deve ser realizado mensalmente ou em
intervalos menores de acordo com critério médico.
PROVÁVEL(EIS) FÁRMACO(S)
EFEITOS ADVERSOS CONDUTAS
RESPONSÁVEL(EIS)
Suor/urina de cor
Rifampicina Orientar.
avermelhada
Isoniazida
Prurido e exantema leve Medicar com anti-histamínico.
Rifampicina
Cefaleia e mudança de
comportamento (euforia,
Isoniazida Orientar.
insônia, depressão leve,
ansiedade e sonolência)
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Isoniazida
Febre Orientar e medicar com antitérmico.
Rifampicina
*Observações:
128
QUADRO 33 – Reações adversas maiores aos fármacos do Esquema Básico**
PROVÁVEL(EIS) FÁRMACO(S)
EFEITOS ADVERSOS CONDUTAS
RESPONSÁVEL(EIS)
129
**Observações:
Avaliar clinicamente a necessidade de internação hospitalar e agendar a consulta do
paciente em uma unidade de referência secundária/terciária, para avaliação clínica
e do esquema terapêutico mais adequado.
Como parte importante da farmacovigilância, recomendamos que as reações
adversas graves aos medicamentos antiTB sejam notificadas à Anvisa, pelo sistema
VigiMed (<http://portal.anvisa.gov.br/vigimed>), para o monitoramento da sua
frequência.
QUADRO 34 – Esquemas Especiais para substituição dos medicamentos do Esquema Básico por
intolerância, alergia ou toxicidade*
Pirazinamida 2RHE/7RH
Etambutol 2RHZ/4R
H
*Observações:
Quando a fluoroquinolona não puder ser utilizada, o esquema deverá ser ajustado,
utilizando um medicamento injetável (aminoglicosídeo, estreptomicina ou
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Outras situações não previstas no quadro devem ser avaliadas individualmente pela
referência secundária.
REAÇÕES
MEDICAMENTOS CONDUTA OBSERVAÇÕES
ADVERSAS
131
continuação
REAÇÕES
MEDICAMENTOS CONDUTA OBSERVAÇÕES
ADVERSAS
Distúrbios Amicacina
eletrolíticos Monitorar e corrigir as
(hipopotassemia e Capreomicina
alterações eletrolíticas.
hipomagnesemia) Estreptomicina
Suspender o fármaco
temporariamente. Iniciar
tratamento para anemia
com administração A mielotoxicidade é dose e
de eritropoietina, tempo dependente, sendo
suplementação de ferro, mais frequente com o uso de
ácido fólico, sendo doses superiores a 600 mg/
menos frequente a dia e quando utilizada por
Mielotoxicidade tempo prolongado.
necessidade de reposição
(anemia, Linezolida sanguínea. O uso do Importante realização de
leucopenia e
filgrastim é recomendado hemograma mensalmente
trombocitopenia)
para manejo da para monitoramento.
leucopenia. Usualmente, os efeitos
Com a normalização dos hematológicos são
exames, o medicamento reversíveis com a suspensão
pode ser reiniciado, em do fármaco.
dose reduzida. Caso haja
reincidência dos efeitos, o
fármaco dever ser suspenso
definitivamente.
Bedaquilina
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Avaliar desidratação e,
Clofazimina
se necessário, iniciar Os sintomas são comuns
Etionamida terapia de reposição no início do uso do
Náuseas e Levofloxacino hídrica e medicamento e melhoram
vômitos antieméticos. com a conduta indicada.
Linezolida
Avaliar a função hepática. Caso os vômitos sejam
Moxifloxacino Caso não haja controle severos, os eletrólitos devem
PAS dos sintomas, suspender ser monitorados e repostos.
o medicamento e substituí-
Pirazinamida
-lo pela melhor opção.
continua
132
continuação
REAÇÕES
MEDICAMENTOS CONDUTA OBSERVAÇÕES
ADVERSAS
133
continuação
REAÇÕES
MEDICAMENTOS CONDUTA OBSERVAÇÕES
ADVERSAS
Documentar a perda
auditiva e comparar com
alterações anteriores, se
O medicamento deve houver. O uso prévio de
ser suspenso se houver outros agentes
Amicacina qualquer queixa de aminoglicosídeos pode ter
Perda auditiva
Capreomicina alteração de acuidade reduzido a acuidade auditiva
auditiva referida pelo e, nesses casos, será útil
Estreptomicina
paciente ou obter uma audiometria
comprovada pela antes do início do novo
audiometria. medicamento para avaliar
possíveis perdas futuras.
A perda auditiva, em geral,
é irreversível.
Pigmentação
rósea ou Orientar. Não há
marrom-
-escura em Clofazimina necessidade de suspender
o medicamento.
pele, córnea
e conjuntivas
continua
134
conclusão
REAÇÕES
MEDICAMENTOS CONDUTA OBSERVAÇÕES
ADVERSAS
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
Aminoglicosídeos
Etambutol
Utilizar piridoxina até 200 mg/
Neuropatia Etionamida dia. Avaliar uso de amitriptilina,
AZT
periférica Isoniazida analgésicos e anti-inflamatório
Linezolida não esteroide.
Terizidona
continua
135
conclusão
REAÇÕES ANTIRRETRO-
FÁRMACO ANTITB OBSERVAÇÕES
ADVERSAS VIRAL
Etionamida
ATV/r, DRV/r Fluoroquinolonas Avaliar a função hepática e tratar
Náuseas e LPV/r, NVP, RAL, Isoniazida com sintomáticos e hidratação.
vômitos PAS A necessidade de retirada do
TPV
Pirazinamida fármaco é incomum.
Rifampicina
Clofazimina
Avaliar pancreatite, hepatotoxicidade
Dor abdominal Todos Etionamida
e acidose lática.
PAS
Suspender imediatamente
Pancreatite 3TC Linezolida
os medicamentos.
Etionamida
Fluoroquinolonas Interrupção até a resolução.
ATV/r, DRV/r, Isoniazida Manejar a hepatotoxicidade
Hepatotoxicidade EFV, ETR, LPV/r,
PAS segundo Quadro 23. Considerar
NVP
troca dos medicamentos.
Pirazinamida
Rifampicina
Fluoroquinolonas
Avaliar possibilidade de manejo com
Isoniazida
anti-histamínico nos casos leves.
ABC, EFV, ETR, PAS Suspender as medicações suspeitas
Rash cutâneo ENF/T20, MVC,
Pirazinamida em casos moderados a graves.
NVP TPV/r
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136
6.3. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
FÁRMACO FÁRMACO DE
EFEITO DA INTERAÇÃO RECOMENDAÇÕES
ANTI TB INTERAÇÃO
Agentes nefrotóxicos
(anfotericina B,
Potencialização da Evitar uso concomitante,
cefalosporina,
ação nefrotóxica. monitorar função renal.
polimixina B,
cidofovir, foscarnet)
Reduz a absorção do
Etambutol Antiácidos Evitar uso concomitante.
etambutol.
continua
137
continuação
FÁRMACO FÁRMACO DE
EFEITO DA INTERAÇÃO RECOMENDAÇÕES
ANTI TB INTERAÇÃO
Reduz a absorção da
Antiácidos Evitar uso concomitante.
isoniazida.
Aumenta a
Acetaminofen Evitar uso concomitante1.
hepatotoxicidade.
Monitorar sintomas e
Potencializa o efeito
Benzodiazepínicos considerar redução de
dos benzodiazepínicos.
dose do benzodiazepínico.
Maior metabolismo da
Corticoide Monitorar sintomas.
isoniazida.
Monitorar sintomas
Rifampicina Maior hepatoxicidade. e enzimas hepáticas
conforme indicado1.
Antiácidos
Redução da absorção
(sais de alumínio, Não deve ser usado
(subdosagem das
magnésio, cálcio e concomitantemente.
fluoroquinolonas).
sódio) e sucralfate.
Antiarritmicos
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(quinidina,
Não deve ser usado
amiodaroa, Bradiarritmia.
Levofloxacino concomitantemente.
procainamida,
Moxifloxacino sotalol)
Aumento do nível
sérico das quinolonas
Probenecide Evitar uso concomitante.
em 50% por
interferência na
secreção tubular.
Vitaminas e sais Redução da absorção
Não deve ser usado
minerais (zinco e (subdosagem das
concomitantemente.
ferro trivalente) fluoroquinolonas)
continua
138
continuação
FÁRMACO FÁRMACO DE
EFEITO DA INTERAÇÃO RECOMENDAÇÕES
ANTI TB INTERAÇÃO
Potencializa efeito
Queijos e vinhos Evitar uso concomitante.
inibidor da MAO.
Monitorar sintomas
Aumento de
e enzimas hepáticas
hepatotoxicidade.
Etionamida conforme indicado1.
PAS
Possibilidade de Evitar uso concomitante;
surgimento de se necessário, monitorar
hipotireoidismo função tireoidiana.
Diminui a acetilação da
A dosagem da isoniazida
Isoniazida isoniazida, aumentando o
deve ser reduzida.
nível sérico.
Monitorar sintomas
Cetoconazol Maior hepatotoxicidade. e enzimas hepáticas
conforme indicado1.
Monitorar sintomas
Pirazinamida
Isoniazida Maior hepatotoxicidade. e enzimas hepáticas
conforme indicado1.
Monitorar sintomas
Rifampicina Maior hepatotoxicidade. e enzimas hepáticas
conforme indicado1.
Reduz a absorção da
Antiácidos Evitar uso concomitante.
rifampicina.
139
continuação
FÁRMACO FÁRMACO DE
EFEITO DA INTERAÇÃO RECOMENDAÇÕES
ANTI TB INTERAÇÃO
Monitorar sintomas e
Etionamida Maior hepatotoxicidade enzimas hepáticas quando
indicado*.
Monitorar sintomas
Fenil-hidantoína Maior hepatotixicidade. e enzimas hepáticas
conforme indicado1.
Monitorar sintomas
Isoniazida Maior hepatotoxicidade. e enzimas hepáticas
conforme indicado1.
Monitorar sintomas
e enzimas hepáticas
Maior hepatotoxicidade; conforme indicado1.
Pirazinamida menor excreção de
Orientar dieta hipopurínica
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ácido úrico.
e medicar com alopurinol
ou colchicina, se necessário.
Monitorar sintomas
Sulfas Maior hepatotoxicidade. e enzimas hepáticas
conforme indicado1.
140
conclusão
FÁRMACO FÁRMACO DE
EFEITO DA INTERAÇÃO RECOMENDAÇÕES
ANTI TB INTERAÇÃO
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
1
Para manejo da hepatotoxicidade ver item 4.4.2. Hepatopatias.
141
7.Tratamento da Tuberculose Drogarresistente
Assim como para os casos de TB com sensibilidade aos fármacos, o desenho de esquema
terapêutico para TB DR deve contar com pelo menos quatro fármacos efetivos (nunca
usados anteriormente ou com elevada probabilidade de que sejam sensíveis), de acordo
com a classificação racional dos medicamentos (Quadro 38), contendo pelo menos dois
fármacos essenciais (com capacidade bactericida e esterilizante), mais dois fármacos
acompanhantes (ação protetora aos essenciais contra a resistência adquirida) (CAMINERO,
2016).
Essenciais
Isoniazida, rifampicina e pirazinamida
GRUPO 1
Fármacos de 1a linha (orais) Acompanhante
Etambutol
GRUPO 2 Essenciais
Fluoroquinolonas Levofloxacino (altas doses) e moxifloxacino
GRUPO 3 Essenciais
Injetáveis Estreptomicina, canamicina, amicacina e capreomicina
Acompanhantes
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GRUPO 4
Etionamida/protionamida, cicloserina/terizidona e PAS
Fármacos de 2a linha menos eficazes
(ácido paraminossalicílico)
Essenciais
GRUPO 5 Linezolida, bedaquilina, delamanid
Fármacos de 2a linha com menor
experiência clínica Acompanhantes
Clofazimina, carbapenem, amoxicilina/clavulanato
de potássio
142
pela complexidade das situações, não somente do ponto de vista clínico, mas também
psicossocial. É desejável que haja uma integração entre os diversos níveis de atenção,
com compartilhamento das responsabilidades no cuidado singular ao paciente e aos seus
contatos, favorecendo a adesão ao tratamento e, consequentemente, aumentando as
chances de cura.
143
7.3. INTERVENÇÕES PARA PREVENIR A
TUBERCULOSE DROGARRESISTENTE
As principais estratégias para a prevenção da TB DR são: diagnóstico precoce e
tratamento de alta qualidade para TB sensível e TB DR, efetividade na implementação do
controle de infecção, fortalecimento do uso racional dos medicamentos (esquemas
padronizados e adesão ao tratamento), abordagem de fatores de risco individuais e dos
determinantes sociais da TB.
Variados padrões de resistência exigem diferentes abordagens para seu tratamento. Para
um melhor manejo, a TB DR é classificada conforme a identificação laboratorial (por
meio de teste de sensibilidade fenotípico ou genotípico) em cepas de M. tuberculosis.
Para casos que fogem ao habitual, como combinações menos frequentes de resistências,
presença de comorbidades, toxicidades e pacientes com múltiplos esquemas
terapêuticos, esquemas individualizados poderão ser elaborados, considerando as bases
racionais para a composição dos mesmos.
144
O MS conta com a assessoria de uma equipe de especialistas que validam todos os casos
notificados no SITE-TB. O processo de validação tem por objetivo principal avaliar a coerência
do tratamento proposto, correlacionando os critérios diagnósticos e o histórico
terapêutico com o esquema selecionado para o tratamento, recomendando o esquema
terapêutico mais indicado para o caso notificado.
145
QUADRO 39 – Medicamentos recomendados para o tratamento da TB RR, TB MDR e TB XDR1.
GRUPOS MEDICAMENTOS
Levofloxacino
GRUPO A
Moxifloxacino
Fluoroquinolonas2
Gatifloxacino (não disponível no SUS)
Amicacina
GRUPO B Capreomicina
Injetáveis de segunda linha Canamicina (não disponível no Brasil)
(Estreptomicina)3
Etionamida
Protionamida (não disponível no Brasil)
GRUPO C Terizidona
Outros grupos de segunda linha2 Cicloserina (não disponível no Brasil)
Linezolida
Clofazimina
D1
Pirazinamida
Etambutol
Isoniazida em altas doses
D2
GRUPO D Bedaquilina (não disponível no Brasil)
Fármacos adicionais Delamanid (não disponível no Brasil)
D3
Ácido paraminossalicílico
Imipenem-cilastatina4 (disponível localmente)
Meropenem4 (disponível localmente)
Amoxicilina + clavulanato de potássio4 (disponível localmente)
1
Essas recomendações são para regimes longos (mínimo de 18 meses).
2
Os medicamentos dos grupos A e C estão em ordem decrescente de importância.
3
A estreptomicina é considerada um agente de primeira linha, nesse sentido sua resistência não classifica os
pacientes para TB XDR. A utilização da estreptomicina nos esquemas de tratamento para TB MDR e TB RR está
condicionada aos pacientes que nunca a utilizaram e cujo TS evidencia sensibilidade. Na ausência de TS, a
estreptomicina não está indicada.
4
Carbapenêmicos e clavulanato de potássio (disponível em associação com amoxicilina) sempre devem ser usados
em conjunto.
146
A. QUANTO AO NÚMERO DE MEDICAMENTOS
A escolha dos fármacos que vão compor o esquema deve considerar os aspectos a seguir:
considerar o etambutol (Grupo D1) para os casos que somente receberam Esquema
Básico;
considerar os fármacos dos Grupos D2 e D3 quando não houver quatro fármacos
novos na composição do esquema, ou quando possbilidade de resistência cruzada
fase intensiva de seis a oito meses, com pelo menos duas culturas negativas;
considerar estender a fase intensiva, na demora na negativação da baciloscopia
na fase intensiva, se não houver três fármacos efetivos na fase de manutenção, ou
quando houver suspeita de resistência à fluoroquinolona;
fase de manutenção até completar 18 a 24 meses, com pelo menos três culturas
negativas.
147
D. QUANTO AO REGIME DE TRATAMENTO
os serviços devem se organizar para oferecer sempre o TDO (na unidade de saúde,
no domicílio, ou em outro local acordado com o paciente);
Tratamentos com Esquema Básico em pacientes infectados por bacilos que apresentem
mono ou polirresistência têm sido associados ao aumento do risco de recidiva, falência
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148
do exame e a entrega do resultado), assim como o histórico de tratamento e a evolução
clínica do caso.
149
QUADRO 40 – Condutas frente à resistência à isoniazida
MOMENTO DO
EVOLUÇÃO CLÍNICA, CONDUTA OU
DIAGNÓSTICO DA
LABORATORIAL E ESQUEMA OBSERVAÇÃO
RESISTêNCIA À H
RADIOLÓGICA RECOMENDADO
2 R Lfx Z E / 7 R LFx
Antes do Esquema preferencial.
E
início do
ou
tratamento Esquema indicado quando,
com esquema Não se aplica
previamente ao tratamento, for
básico (EB) ou identificada dificuldade de
nos primeiros 9RHZE Lfx
adesão ao esquema com maior
30 dias do EB (WHO 2018)
número de comprimidos.
No mometo do diagnóstico
de monorresitência, solicitar
TRM-TB e nova cultura com TS.
Favorável1 9RHZE Se TRM-TB resultar em resistência
à R – iniciar esquema para TB
MDR. Reavaliar o esquema de
tratamento após o resultado do
novo TS.
Solicitar TRM-TB.
Fase intensiva
Se TRM-TB Se evoluir bem, manter RHZE até
do EB
resultar em completar 9 meses de tratamento.
sensível à R,
manter RHZE por
mais um mês e Se evoluir desfavoravelmente:
Desfavorável2 reavaliar. iniciar esquema TB MDR.
Se TRM-TB resultar
em resistência à
R – iniciar esquema
para TB MDR.
Iniciar esquema
Desfavorável2
para TB MDR
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
150
Observações:
A resistência à isoniazida pode se dar pela mutação do gene katG (mais frequente e
de moderado a alto nível – variação entre 50% a 90%) ou pelo gene inhA (menos
frequente e de baixo nível – variação entre 4% a 83%). Doses normais de isoniazida
conseguem ser eficazes nos casos de mutação no inhA e doses altas podem ser
eficazes nos casos de mutação no katG (CAMINERO; VAN DEUN; FUJIWARA, 2013; WHO,
2018a).
A posologia dos medicamentos preconizados está disponível nos Anexos IV, V e VI.
Uma vez que TRM-TB é capaz de detectar somente a resistência à R, não é possível
diagnosticar/ descartar outras resistências (poli, multi ou extensiva). Para isso, é
necessária a realização da cultura com o TS.
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
Cm – Capreomicina; H – Isoniazida; Lfx – Levofloxacino; E – Etambutol; Z – Pirazinamida.
1
O primeiro número indica o tempo de tratamento (em meses), o segundo número (subscrito) indica a quantidade
de dias durante a semana. Quando não há descrição, consideram-se sete dias na semana. 151
Observações:
POLIRRESISTêNCIA ESQUEMA
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
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Observações:
152
Não indicar mudança de fase do esquema de tratamento caso o paciente mantenha
baciloscopia positiva (prolongar a fase intensiva por mais 30 dias e reavaliar), nessa
situação prolongar o tempo total de tratamento por mais 30 dias.
153
QUADRO 43 – Esquemas de tratamento TB RR
RESISTêNCIA ESQUEMA
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
Para pacientes com fatores de risco para TB DR (histórico de uso prévio de medicamentos
para TB, contatos de TB DR, institucionalização, população em situação de rua, usuários
de drogas ilícitas, portadores de imunodeficiências, profissionais de saúde), na
impossibilidade de repetir o TRM-TB ou no caso de resultados discordantes, considerar
como portador de TB MDR (LIMA et al., 2017).
Para pacientes casos novos de TB, sem fatores de risco para TB DR identificados, a repetição
do teste tem uma importância ainda maior. Caso se confirme a resistência ou na
impossibilidade de realizar novo teste, considerar como TB MDR. Em caso de resultados
discordantes, um terceiro teste poderá ser solicitado. Permanecendo a discordância,
considerar o uso do Esquema Básico enquanto se aguarda o resultado do Teste de
Sensibilidade (LIMA et al., 2017).
Os casos que iniciaram tratamento para TB MDR baseado no TRM-TB devem ser reavaliados com o
TS evidenciando resistência:
❱ TS evidenciando monorresistência à rifampicina: recomenda-se seguir o preco-
nizado no item “Tratamento da tuberculose com monorresistência à
rifampicina”. Considerar o tempo de tratamento realizado com o esquema para
TB RR.
❱ TS evidenciando TB MDR ou Polirresistência: recomenda-se manter o
esquema para TB MDR, avaliando-se a pertinência do acréscimo da isoniazida
154 (dose padrão de 300mg/dia), quando o TS evidenciar a sensibilidade.
Multirresistência (MDR)
Os esquemas padronizados para TB MDR são elaborados segundo os princípios de uso
racional de fármacos antiTB (Quadro 38 e 39) com os seguintes princípios (WHO, 2016a,
2017):
Se não for possível compor um esquema com pelo menos quatro fármacos novos dentre os
relacionados acima, utilizar medicamentos dos grupos D2 e D3.
Usar a pirazinamida, sempre que possível, pelo seu alto poder esterilizante; porém,
não contá-la como fármaco novo, pois já deve ter sido usada em esquemas
anteriores.
RESISTêNCIA ESQUEMA
155
Observações:
A capreomicina é o injetável de segunda linha escolhido como o representante do
grupo B pela melhor tolerância, menor probabilidade de reações adversas e menor
possibilidade de resistência cruzada com a amicacina, preservando a utilização
desta para esquemas alternativos futuros (em caso de falência ou TB XDR).
Quando a capreomicina não puder ser usada, o fármaco substituto deve ser a
amicacina.
Não retirar o injetável até conversão da baciloscopia (dose máxima do injetável: 120g).
Se a conversão bacteriológica ocorrer após o sexto mês de tratamento, prolongar a
fase de manutenção para 24 meses.
Se, por algum motivo, o uso do injetável não for possível ou for descontinuado,
reco- menda-se usar a linezolida em substituição.
Usar altas doses de levofloxacino no esquema, pois aumenta o seu poder bactericida
e esterilizante (ver Anexo IV).
156
Como esquema padronizado para TB XDR ou falência ao esquema TB MDR, recomenda-se
(Quadro 45):
Observações:
Falência ao primeiro tratamento de TB MDR corresponde à ausência de conversão
bacteriológica e de melhora clínica após 8 meses de tratamento, para pacientes que
não tenham usado fármacos de segunda linha previamente.
Sugere-se o uso de amicacina, porém sem contá-la como medicamento eficaz, pela
possibilidade de resistência cruzada com a capreomicina.
Utilizar linezolida por pelo menos 12 meses, suspender seu uso precocemente caso
presença de efeitos adversos maiores (ver capítulo de reações adversas).
157
Montar o esquema individualizado conforme as recomendações descritas a seguir.
Um esquema para TB DR deve ser composto por pelo menos cinco medicamentos,
sendo que quatro devem ser do grupo central (grupo A ao C) com atividade efetiva
que, preferencialmente, não tenham sido utilizados anteriormente (Quadro 39).
Quando não for possível completar cinco medicamentos com o grupo central (A ao
C), incluir o grupo D3.
158
7.8.2. Tuberculose drogarresistente em gestantes e lactantes
A toda mulher em idade fértil deve ser ofertado o teste de gravidez antes do início do
tratamento para TB DR. Às pacientes não gestantes, recomenda-se evitar a gestação
durante todo o período de tratamento.
Existe uma larga experiência com o uso seguro dos fármacos orais de primeira linha
na gestante. Para o uso dos fármacos de segunda linha, a experiência não é tão extensa;
porém, com base nos conhecimentos atuais, a maioria deles é usada, com relativa
segurança, considerando-se principalmente o risco versus benefício (KRITSKI et al.,
1996).
Etionamida: não deve ser usada durante a gestação, devido aos efeitos de terato-
genicidade.
Observações:
Utilizar a piridoxina (100 mg/dia) para todas que utilizarem: terizidona, linezolida
ou isoniazida.
Quando possível, a mãe bacilífera deve evitar permanecer no mesmo ambiente que
o recém-nato até que seu escarro se torne negativo. Alternativamente, o uso de
máscaras cirúrgicas e a amamentação em locais ventilados podem ser considerados.
No Anexo III, encontram-se os ajustes nas doses e frequências dos medicamentos reco-
mendados para pacientes com clearance de creatinina menor que 30 ml/min ou para pacientes
em hemodiálise. Os medicamentos deverão ser administrados após a hemodiálise, na
maioria dos casos, três vezes por semana.
160
A introdução da terapia antirretroviral tem um impacto importante na melhora da
sobrevida das PVHIV, sendo indicada na segunda semana naqueles com contagem
de LT-CD4+ < 50 cels/mm3 ou na oitava semana naqueles com LT-CD4+ superior a 50
cels/mm3 (ver capítulo Esquemas de Tratamento para a Tuberculose).
reversão bacteriológica (duas culturas positivas) e piora clínica, após evolução favo-
rável inicial.
PROCEDIMENTOS FREQUêNCIA
Baciloscopia Mensal
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
161
Observações:
Considerar a realização de outros exames complementares para o monitoramento
clínico durante o tratamento, tais como: hemograma completo, eletrólitos, função
hepática, função renal, eletrocardiograma, audiometria, exames para avaliação
da acuidade visual, dentre outros de acordo com a evolução clínica e presença de
comorbidades.
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162
8. Tratamento da Infecção Latente pelo
M. tuberculosis (ILTB)
8.1. INTRODUÇÃO
Pessoas infectadas pelo M. tuberculosis que não apresentam TB ativa são identificadas
como portadores da Infecção Latente pelo M. tuberculoisis (ILTB). O tratamento da ILTB
é uma importante estratégia para prevenção do adoecimento em populações com risco de
desenvolver a doença, tais como contatos de casos de TB pulmonar bacilífera, pessoas vivendo
com HIV e demais situações com comprometimento da imunidade, entre outras (ver
capítulo Diagnóstico). As projeções da OMS mostram que a prevenção da tuberculose
ativa com o tratamento da ILTB é uma das principais estratégias para a redução da taxa
de incidência da doença, para o alcance das metas da Estratégia pelo Fim da
Tuberculose.
É importante salientar que antes de se efetuar o tratamento da ILTB deve-se sempre investigar
sinais e sintomas clínicos sugestivos de tuberculose ativa e, na presença de qualquer suspeita,
investigar a tuberculose ativa e não tratar a ILTB nesse momento.
Recém-nascidos (RN) expostos a casos de TB pulmonar ou laríngea podem ser infectados pelo
M. tuberculosis (MTB) e desenvolver formas graves da doença. Nessas situações, recomenda-
Caso o RN tenha sido inadvertidamente vacinado, recomenda-se o uso de H por seis meses
e não está indicada a realização da PT. Avaliar individualmente a necessidade de
revacinar para BCG após esse período, já que a H é bactericida e pode interferir na
resposta imune aos bacilos da BCG efetuada.
163
Observações:
Pela facilidade posológica, pode-se utilizar a rifampicina (R) suspensão pediátrica
ao invés da H. Nessa situação, usar a R por três meses e aplicar a PT. Caso o
resultado for ≥ 5mm, a R deve ser mantida por mais um mês; caso < 5mm,
suspender a R e vacinar com BCG.
Antes de iniciar a quimioprofilaxia (QP) primária, afastar tuberculose no RN e,
quando o caso fonte for a mãe, avaliar a possibilidade de TB congênita (ver capítulo
de diagnóstico de tuberculose na infância).
Não há contraindicações à amamentação, desde que a mãe não seja portadora de
mastite tuberculosa. É recomendável o uso de máscara cirúrgica ao amamentar e ao
cuidar da criança enquanto a baciloscopia do escarro se mantiver positiva.
Iniciar QP primária (H ou R)
3 meses depois
– fazer PT
Suspender
Manter o tratamento por mais três meses (H) ou um mês (R) o tratamento
e não vacinar e vacinar para BCG
com a BCG
164
8.3. TRATAMENTO DA INFECÇÃO LATENTE
A indicação do tratamento da ILTB depende (PAI; MENZIES, 2009; RIEDER; OTHERS, 1999):
do resultado da PT ou do IGRA
da idade;
da probabilidade de ILTB; e
do risco de adoecimento.
Os grupos com indicação de tratamento são descritos nos subitens apresentados a seguir.
O efeito da BCG sobre o resultado da prova tuberculínica reduz com o passar do tempo,
Crianças contato com até 5 anos de idade devem ter a investigação e o tratamento da ILTB prio
165
Observações:
Os IGRAs não são recomendados para crianças < 2 anos de idade. Além disso,
apre- sentam ≥ 10% de resultados indeterminados em menores de 5 anos de idade,
princi- palmente sob condições imunossupressoras (STARKE; DISEASES, 2014).
Crianças com morbidades como infecção pelo HIV, pré-transplante de órgãos ou que
iniciarão terapia imunossupressora deverão também ser avaliadas com PT, mesmo
sem história de contato com tuberculose. Quando a PT for ≥ 5mm, serão
consideradas infectadas pelo MTB e deverão fazer o tratamento da ILTB.
8.4.2.Adultos e adolescentes
Em adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade) com ILTB, a relação risco-benefício do
tratamento com H deve ser avaliada. A idade é um dos fatores de risco para
hepatoxicidade pela H (DOSSING et al., 1996; SENARATNE et al., 2006). Desse modo, em
pessoas com 50 anos ou mais, recomenda-se o tratamento da ILTB com R. As indicações para o
tratamento da ILTB são:
8.5.1. Gestantes
Recomenda-se postergar o tratamento da ILTB para após o parto. Em gestante com
infecção pelo HIV, tratar a ILTB após o terceiro mês de gestação. Utilizar o mesmo
algoritmo de diagnóstico, incluindo as indicações para realização da radiografia de tórax
(ver capítulo de Controle de Contatos).
❱› contagem de LT-CD4+ > 350 céls/mm³ com PT ≥ 5mm ou IGRA positivo (GOLUB
et al., 2014);
PVHIV com radiografia de tórax com cicatriz radiológica de TB, sem tratamento
Nessa situação, recomenda-se, idealmente, proceder com a avaliação dos contatos nas
unidades de referência para tuberculose.
167
8.6. REGIMES TERAPÊUTICOS E TEMPO DE TRATAMENTO
DA INFECÇÃO LATENTE PELO M. TUBERCULOSIS
Dose:
❱› Adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade): 5 a 10 mg/kg/dia de peso até a
dose máxima de 300mg/dia.
❱› Crianças (< 10 anos de idade): 10 mg/Kg/dia de peso até dose máxima de 300mg/dia.
utilização da H.
Dose:
❱› Adultos e adolescentes (> 10 anos de idade): 10 mg/kg/dia de peso até a dose
máxima de 600 mg por dia.
❱› Crianças (< 10 anos): 15 (10-20) mg/kg/dia de peso até a dose máxima de 600
mg por dia.
O paciente deve passar por consulta médica em intervalos regulares de 30 dias, em que
será avaliada e estimulada a adesão. Também deverá ser feito o monitoramento clínico de
efeitos adversos. Intervalos regulares de até 60 dias entre as consultas poderão ser
pensados nos pacientes que apresentem boa adesão e baixo risco de hepatotoxicidade.
Durante todo o tratamento e após seu término, os pacientes deverão ser orientados a
procurar a unidade de saúde em caso de aparecimento de efeitos adversos (quando em
tratamento) e sintomas sugestivos de TB (durante e após o tratamento).
A realização das provas de função hepática pode ser necessária, após avaliação médica,
quando identificado alto risco de hepatotoxicidade, como no caso de alcoolistas, uso de
outros medicamentos hepatotóxicos ou com infecção crônica por hepatite B ou C.
Diversas evidências indicam que, quando adequadamente indicado e utilizado, não há associaçã
aos medicamentos, a não ser quando utilizado como monoterapia em pacientes que possuam TB
169
Notificação de casos de ILTB
O tratamento da ILTB não é de notificação compulsória, porém recomenda-se a
notificação em ficha específica nacional (ver capítulo Vigilância Epidemiológica).
REFERÊNCIAS
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175
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implementation of the new WHO recommendation on the use of the shorter MDR-
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YEE, D. et al. Incidence of serious side effects from first-line antituberculosis drugs
among patients treated for active tuberculosis. American journal of respiratory and
critical care medicine, v. 167, n. 11, p. 1472–1477, 2003.
Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde
176
Anexos
Fluoroquinolonas
Usar com cautela quando essencial. O
(Levofloxacino e C
efeito adverso apresentado justifica seu
Moxifloxacino)
uso.
Experiências em grávidas demonstram
Isoniazida C
segurança. Usar piridoxina (vitamina B6) durante
gestação.
Fonte: Tabela adaptada The PIH Guide to the Medical Management of Multidrug-Resistant Tuberculosis, 2nd
Edition. Partners In Health. Boston, USA. USAID TB CARE II. 2013 e OMS 2014.
1
Classificação quanto à segurança do uso em gestantes: A – segurança estabelecida em estudos com humanos;
B – segurança presumida por estudos em animais; C – segurança incerta, sem estudos em humanos. Estudos em
animais demonstraram alguns efeitos adversos; D – não recomendado, evidência de risco em humanos, usar
somente quando essencial.
177
ANEXO II – SEGURANÇA DOS FÁRMACOS ANTITB EM LACTANTES
Ácido
Uso criterioso, excretado pelo leite materno.
Paraminossalissílico
Fluoroquinolonas
(Levofloxacino e Uso criterioso, excretado pelo leite materno.
Moxifloxacino)
Fonte: Tabela adaptada The PIH Guide to the Medical Management of Multidrug-Resistant Tuberculosis, 2nd
Edition. Partners In Health. Boston, USA. USAID TB CARE II. 2013 e WHO 2015.
1
Piridoxina no lactente: 1 a 2 mg/kg/dia com variação de 10 a 50 mg/dia. Somente indicada quando
amamentação exclusiva.
178
ANEXO III – AJUSTE DOS MEDICAMENTOS EM NEFROPATAS1
Ácido
4g/dose, duas vezes ao dia (dose máxima) (não usar apresentação com
Paraminossalissílico
sódio).
Amicacina 12 a 15mg/kg/dose duas a três vezes por semana.
Terizidona 250 mg/dose diariamente ou 500 mg/dose três vezes por semana.
179
ANEXO IV – TABELA POSOLÓGICA DOS MEDICAMENTOS PARA
ADULTOS E ADOLESCENTES (≥ 10 ANOS DE IDADE)
FAIXAS DE PESO
MEDICAMENTOS 30 a 35 kg 36 a 45 kg 46 a 55 kg 56 a 70 kg > 70 Kg
DOSE
Mg/dia Mg/dia Mg/dia Mg/dia Mg/dia
Amoxicilina e 80 mg/Kg/dia
clavulanato de (dividido em 2600 2600 2600 2600 2600
potássio1 duas doses)
Imipenem/
1000mg imipenem/1000mg de cilastatina duas vezes ao dia
cilastatina2
Isoniazida
4-6 mg/Kg/dia 150 200 300 300 300
(dose habitual)
Isoniazida
15-20 mg/Kg 300 400 400 600 600
(altas doses)3
PAS (Ácido
8g 8g 8g 8g 8g 8g
paraminossalisílico)
1000 a
Pirazinamida 20-30 mg/Kg/dia 1000 1000 1500 2000
1500
Rifabutina
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Rifabutina
(sem uso de inibidor 5-10 mg/Kg/dia 300 300 300 300 300
de protease)
Fonte: Adaptado do Campanion Handbook to the WHO guidelines for the programmatic management of drug-
resistant tuberculosis. OMS.2014/015.
1
Amoxicilina/clavulanato de potássio – utilizar conjuntamente com o imipenem/cilastatina ou meropenem. Nunca
o utilizar isoladamente.
2
O Imipenem/cilastatina e o meropenem – sempre associados à amoxicilina e ao ácido clavulânico, nunca utilizá-
los isoladamente.
180
3
Isoniazida altas doses – utilizar em situações especiais de resistência à isoniazida.
4
Linezolida – quando houver efeitos adversos moderados, utilizar doses intermitentes em dias alternados. Disponível
apresentação oral e injetável.
5
Rifabutina – quando usada juntamente com inibidor de protease (coinfecção TB-HIV), a dose deve ser reduzida
para a metade.
6
Terizidona – pode-se utilizar a dose máxima de 1000mg/dia, caso bem tolerada. Pacientes com efeitos adversos
moderados poderão se beneficiar da redução da dose (500mg/dia).
FAIXAS DE PESO
181
ANEXO VI – TABELA POSOLÓGICA DOS MEDICAMENTOS
PARA CRIANÇAS (< 10 ANOS DE IDADE)
10 mg/Kg/dia (dividida em
Linezolida 600 mg
três tomadas por dia)
182
ANEXO VII – SUMÁRIO DE RESISTÊNCIAS CRUZADAS
CONHECIDAS ENTRE OS MEDICAMENTOS ANTITB
183
PARTE IV
ESTRATÉGIAS
PROGRAMÁTICAS
PARA O CONTROLE
DA TUBERCULOSE
1. O Enfrentamento da Tuberculose
Conhecer o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como problema de saúde pública é
um bom início para repensar e definir as estratégias no território. Por outro lado, a
avaliação de estratégias programáticas por meio de pesquisas operacionais deve ser
incorporada à rotina dos programas, encorajando-os a buscar a gestão baseada em
187
2. Vacinação
A vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin) é utilizada desde a década de 1920 como medida
preventiva complementar no controle da tuberculose. A vacina previne especialmente as
formas graves da doença, como TB miliar e meníngea na criança. É uma das mais
utilizadas em todo mundo e sua incorporação nos programas de imunização teve impacto
na redução da mortalidade infantil por TB em países endêmicos.
2.1. INDICAÇÕES
A vacina BCG está, prioritariamente, indicada para crianças de 0 a 4 anos, 11 meses e 29 dias
de idade, para:
Para crianças expostas ao HIV, a vacinação BCG deve ser feita conforme as
recomendações a seguir:
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188
Não se indica a realização prévia de teste tuberculínico para a administração da vacina BCG.
A partir dos cinco anos de idade, nenhuma pessoa deve ser vacinada com BCG (mesmo profission
2.2. CONTRAINDICAÇÕES
Além das contraindicações gerais a todos os imunobiológicos (ver Manual de Normas
e Procedimentos para Vacinação, MS), a vacina BCG está contraindicada nas seguintes
condições:
189
2.4. ESQUEMA DE VACINAÇÃO BCG, DOSE E VIA DE
ADMINISTRAÇÃO
O esquema de vacinação corresponde à dose única administrada o mais precocemente
possível, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento.
A comprovação da vacinação com BCG é feita por meio do registro da vacinação no cartão
ou caderneta de vacinação, da identificação da cicatriz vacinal ou da palpação de nódulo
no deltoide direito, na ausência de cicatriz.
O quadro a seguir (Quadro 47) relaciona o volume da dose recomendada de acordo com a
faixa etária e indicações do laboratório produtor da vacina BCG (BRASIL, 2018).
QUADRO 47 – Vacina BCG e volume recomendado, conforme faixa etária e laboratório produtor
Fonte: CGPNI/DEVIT/SVS/MS.
Em alguns casos, essa cicatrização é mais demorada, podendo prolongar-se até o quarto
mês e, raramente, ultrapassa o sexto mês. Pessoas previamente sensibilizadas com o
Mycobacterium tuberculosis apresentam evolução mais acelerada e cicatrizes de maiores
dimensões.
190
Não se deve colocar qualquer medicamento nem cobrir a úlcera resultante da evolução
normal, apenas mantê-la limpa, usando água e sabão.
O enfartamento ganglionar axilar não supurado pode ocorrer durante a evolução normal
da lesão vacinal, desaparecendo espontaneamente, sem necessidade de tratamento
medicamentoso e/ou cirúrgico (drenagem).
A vacina BCG pode causar eventos adversos locais, regionais ou sistêmicos, que podem ser
decorrentes do tipo de cepa utilizada, da quantidade de bacilos atenuados administrada,
da técnica de administração da vacina e da presença de imunodeficiência congênita ou
adquirida.
A úlcera com diâmetro maior que 1 cm e os abscessos podem estar associados à técnica
incorreta de administração da vacina e, quando frequentes, deve-se reavaliar o procedimento
juntamente com o profissional de saúde responsável.
191
Deve-se aproveitar a oportunidade da vacinação para realizar educação em saúde voltada
à prevenção da tuberculose e analisar, periodicamente, os dados de cobertura da vacina
BCG, criando estratégias para alcance e manutenção das metas propostas para cada ano.
192
3. Detecção de Casos de Tuberculose
A OMS estima que o Brasil detectou 87% dos casos novos de TB para o ano de 2016 (WHO,
2017), o que reforça a necessidade de implementar ações que contribuam para aumento
da detecção de casos, levando em consideração as especificidades das populações-chave
para o controle da TB.
A busca ativa de sintomáticos respiratórios (SR) deve ser realizada permanentemente por
todos os serviços de saúde (níveis primário, secundário e terciário) e tem significativo impacto
no controle da doença.
193
população aos cuidados, privilegiando muitas vezes a oportunidade de se fazer o exame
diagnóstico em detrimento do tempo da tosse.
Observação:
Quando o indivíduo sintomático respiratório (SR) procura o serviço de saúde para
avaliação clínica e, nesse momento, é realizado o rastreamento para a tuberculose,
considera-se essa atividade como Busca Passiva de casos de TB (mais detalhes no item
Busca Passiva de Casos).
O tempo de duração da tosse para busca ativa de SR deve considerar a população que
será investigada. No Quadro 45 foram consideradas as diferentes populações-chave para
busca ativa de SR.
3.1.3. Objetivo
O objetivo da busca ativa de SR é identificar precocemente os casos bacilíferos, iniciar o
tratamento e, consequentemente, interromper a cadeia de transmissão e reduzir a incidência
da doença a longo prazo.
Municípios e/ou serviços que fazem a busca ativa de SR devem planejar e monitorar essa
atividade levando em conta a população local. Sintomáticos Respiratórios Esperados (SRE)
correspondem ao número de sintomáticos respiratórios que se espera encontrar em um
determinado período de tempo (1% da população geral).
É importante lembrar que, a cada 100 SR examinados, espera-se encontrar, em média, de três
a quatro doentes bacilíferos, podendo variar de acordo com o coeficiente de incidência
da região. Orientações para o cálculo do SRE com base populacional são descritas no
Anexo VIII.
194
3.1.5. Estratégia de Busca Ativa em serviços de saúde
As estratégias de Busca Ativa de SR e de rastreamento da TB devem ser realizadas em
todos os serviços de saúde.
195
sudorese noturna. Além disso, é fundamental a organização dos fluxos de
atendimento dos doentes bacilíferos com o objetivo de evitar a transmissão do M.
tuberculosis. (ver capítulo Medidas de controle de infecção da tuberculose em
unidades de saúde).
População privada de liberdade: apresenta alto risco de adoecimento por TB. A
Busca Ativa de sintomático respiratório deve ser realizada, idealmente, 2 vezes ao
ano, com o objetivo de identificar precocemente os doentes. Essa atividade tem um
importante papel no controle da TB nessa população (ver capítulo Ações
estratégicas para situações/populações especiais-PPL).
Outras instituições fechadas como asilos de idosos, hospitais psiquiátricos, albergues
de população em situação de rua: devem incluir a busca de SR (tosse de qualquer
duração) na admissão e com periodicidade definida pelo serviço.
População indígena: a Busca Ativa deve ser planejada em conjunto pelos programas
de controle da tuberculose locais e Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) (ver
capítulo Ações estratégicas para situações/populações especiais-Indígenas).
População em situação de rua: deve-se estabelecer na rotina da equipe de
Consultório na Rua (eCR) ou UBS convencional a Busca Ativa do SR, incluindo o
rastreamento diagnóstico e acompanhamento dos casos de TB.
EXAME DE
TEMPO/DURAÇÃO PERIODICIDADE RAIO X
POPULAÇÃO ESCARRO
DE TOSSE DA BUSCA ATIVA DE TÓRAX
SOLICITADO
População geral
que procura o Em todas as visitas Baciloscopia
serviço de saúde 2 semanas do usuário ao serviço ou TRM-TB Não
(ESF, UBS ou de saúde
Hospitais)1
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Qualquer duração.
Acrescida da inves- Sempre que visitar Baciloscopia
PVHIV2 tigação de febre ou o serviço de saúde ou TRM-TB e Sim
emagrecimento ou cultura com TS
sudorese noturna
No momento da
admissão no sistema Baciloscopia
PPL Qualquer duração prisional. Pelo menos ou Sim
uma vez ao ano ou, TRM-TB e
idealmente, a cada 6 cultura com TS
meses (em campanha)
continua
196
conclusão
EXAME DE
TEMPO/DURAÇÃO PERIODICIDADE RAIO X
POPULAÇÃO ESCARRO
DE TOSSE DA BUSCA ATIVA DE TÓRAX
SOLICITADO
Em todas as oportuni-
dades de contato com Baciloscopia Pode ser
Indígenas Qualquer duração profissionais da saúde ou TRM-TB e considerado
e nas visitas do agente cultura com TS
de saúde indígena
Baciloscopia
Profissionais Admissão e exame
Qualquer duração ou TRM-TB e Sim
de saúde médico anual
cultura com
TS
Qualquer duração
Planejar estratégias de Baciloscopia Pode ser
em situações
Imigrantes de maior busca de acordo com ou TRM-TB e considerado
a realidade local cultura com TS
vulnerabilidade
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
De acordo com a OMS (WHO, 2013a), a Busca Passiva está baseada na iniciativa de um
indivíduo pela procura de cuidados à sua saúde e envolve as seguintes etapas para que o
diagnóstico de tuberculose seja realizado:
Apesar da Busca Passiva ser relevante no controle da TB, a Busca Ativa mostra-se mais
eficaz na detecção precoce dos casos da doença. Estudo realizado na Rússia mostrou que
o tempo entre os sintomas sugestivos e o diagnóstico da TB foi menor na Busca Ativa
(1 semana), quando comparado à Busca Passiva (6,9 semanas), o que contribui também com
a diminuição do tempo de exposição do paciente bacilífero com a comunidade
(KUZNETSOV et al., 2014).
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198
4. Adesão
A adesão aos tratamentos prescritos por equipes de saúde é um desafio constante. No caso
da tuberculose, a não adesão ao tratamento pode ter consequências importantes para o
paciente e para a comunidade, diminuindo a possibilidade de cura, mantendo a cadeia de
transmissão e aumentando o risco de resistência aos medicamentos e de óbitos por
tuberculose.
4.1. CONCEITO
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2003) define a adesão do paciente como o grau
de correspondência entre o comportamento e as recomendações acordadas com os
profissionais da saúde: tomar os remédios, seguir uma dieta e/ou executar mudanças no
estilo de vida.
Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2008b), a adesão é definida como “um processo
colaborativo que facilita a aceitação e a integração de um determinado regime
terapêutico no cotidiano das pessoas em tratamento, pressupondo sua participação nas
decisões sobre o mesmo”. Portanto, a adesão deve ser compreendida como um processo
de negociação entre usuários e profissionais de saúde, reconhecendo as
responsabilidades de cada um para fortalecimento da autonomia e do autocuidado
(BRASIL, 2008b).
199
4.3. O PROCESSO DE ADESÃO
A adesão é um processo dinâmico e os fatores que vão interferir no seu resultado também
podem mudar ao longo do tempo. Apesar da importância da fase inicial, o serviço de
saúde deve estruturar-se para atuar nessa perspectiva durante todo o tratamento.
Grupos de adesão, atividades lúdicas, oferta de incentivos e facilitadores para adesão também
têm sido utilizados com bons resultados.
Monitoramento da adesão
Quando sob TDO, o monitoramento da adesão ocorre praticamente em tempo real, não
sendo necessário utilizar perguntas recordatórias para medir a adesão.
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Quando sob regime autoadministrado, podem-se utilizar ferramentas que auxiliem no controle
da adesão, tais como impressos padronizados e caixas identificadas de comprimidos. As
causas relacionadas às falhas devem ser acolhidas e discutidas para orientar sobre suas
consequências e buscar soluções oportunas para o êxito do tratamento.
Nos casos autoadministrados, a perda das doses está relacionada à frequência com que as
consultas estão agendadas. Nesses casos, as consultas devem ser marcadas com intervalos
200
curtos, quando necessário (15 em 15 dias, por exemplo), e os profissionais de saúde
devem estar atentos para as faltas.
Para ambos os regimes, o contato com o paciente faltoso (via telefone, e-mail ou visita
domiciliar) deve fazer parte da rotina de trabalho do serviço.
201
É importante saber que não existe um perfil ou características definidas que identifiquem
o paciente que não terá adesão ao tratamento. Em outras palavras: as pessoas não “são”
aderentes ou “não-aderentes” ao tratamento, mas “estão”, em um dado momento, seguindo
seu tratamento com maior ou menor facilidade (MELCHIOR et al., 2007).
A adesão também pode variar com o tempo de tratamento. Pacientes que estão com
ótima adesão em determinado momento podem vir a cometer falhas na utilização do
medicamento ou mesmo interromper a terapia em outro momento (CARVALHO, 2014). Por
isso, deve-se tentar compreender quais são os fatores que podem interferir na adesão,
desenvolver em conjunto um plano e discutir de que forma a equipe pode se organizar
para melhor apoiar o doente em todas as fases do tratamento.
4.5. ESTIGMA
2007).
4.6.1. Acolhimento
Acolher significa colocar-se no lugar do usuário para sentir quais são suas necessidades e,
na medida do possível, atendê-las ou direcioná-las para sua solução (RAMOS; LIMA, 2003).
202
O acolhimento não está restrito a processos específicos do cuidado e deve ser realizado
por todos os profissionais de saúde em qualquer contato dos pacientes com o serviço.
Além da construção do vínculo, o TDO inclui a observação da ingestão dos medicamentos, que
deve ser realizada, idealmente, em todos os dias úteis da semana. Será considerado TDO
se a observação da tomada ocorrer no mínimo três vezes por semana durante todo
tratamento (24 doses na fase intensiva e 48 doses na fase de manutenção em casos de
tratamento padronizado por seis meses).
O TDO deve ser realizado por profissionais de saúde ou outros profissionais capacitados
(por exemplo: profissionais da assistência social, entre outros), desde que
supervisionados por profissionais de saúde. A supervisão realizada por amigos, familiares
não será considerada como TDO para o Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan).
204
Em instituições de longa permanência (tais como prisões e unidades de internação para menore
Mesmo que o encontro para o TDO seja rápido, pode ser enriquecido com intervenções
breves, que são:
205
PASSO A PASSO DA REALIZAÇÃO DO TDO:
acolher o paciente;
avaliar a presença de efeitos adversos e/ou interações medicamentosas;
informar os nomes dos medicamentos administrados;
entregar os medicamentos de uso oral com um copo de água e observar a tomada. No caso dos
anotar na ficha de acompanhamento da tomada diária da medicação do TDO;
perguntar se existem dúvidas e encorajar o paciente a continuar o tratamento;
marcar o próximo encontro;
providenciar os agendamentos necessários e certificar-se da realização dos exames de controle
equipe precisa acionar uma rede de ajuda ampliada. Uma vez que a situação e as
relações estão em constante transformação, o PTS deve ser revisado periodicamente.
O termo “projeto” refere-se a uma discussão prospectiva focada em “como será daqui
para frente” e que pode ser realizada em qualquer serviço de saúde, independentemente
do nível de atenção.
206
O PTS visa essencialmente a valorizar a história de vida do indivíduo e trazê-lo para o
centro do cuidado e pode ser oferecido a pacientes com problemas de adesão em qualquer
momento do tratamento.
Não existem regras fixas. Informações essenciais podem surgir no decorrer do seguimento
e a partir do vínculo estabelecido. A história, em geral, vai se construindo aos poucos,
pois esse processo é relacional e complexo. Existe a necessidade do protagonismo do
indivíduo no seu processo de cura. É importante acreditar que a pessoa tem o poder de
mudar a sua relação com a vida e com a própria doença.
207
4.6.4.Atitude da equipe para o fortalecimento da adesão
A adesão é uma via de mão dupla. Da mesma forma que se espera a adesão ao
tratamento por parte dos pacientes, a equipe precisa estar comprometida com eles. É
fundamental que a equipe faça uma abordagem oportuna ao detectar problemas na
adesão. Essa abordagem deve ser baseada no acolhimento, na cooperação, respeitando a
autonomia e a participação ativa das pessoas na construção compartilhada de
estratégias para enfrentamento das dificuldades.
Os serviços devem dar especial atenção a pacientes com maiores dificuldades para aderir ou
com antecedentes de baixa adesão, incorporando práticas individuais e coletivas
complementares, no intuito de aliviar o sofrimento das pessoas e garantir seu direito ao
tratamento disponível. A abordagem individualizada dos problemas não exclui a
possibilidade de implantar atividades coletivas (por exemplo grupos de adesão) para o
enfrentamento das dificuldades.
❱› diários de adesão – são relatos escritos das tomadas dos remédios com
identificação de possíveis dificuldades ou esquecimento. É um instrumento rico
para ser discutido especialmente nas consultas com foco na adesão; e
Nas situações em que, apesar da oferta, o paciente não aceita o TDO, o serviço de saúde
deve se responsabilizar pela adesão do paciente ao tratamento, por meio da organização
do serviço para realizar as atividades acima descritas.
As formas de monitorar a adesão ao tratamento têm sido um dos maiores desafios para os
profissionais da saúde, uma vez que ainda não há um método ou procedimento capaz de
garantir a adoção de um padrão adequado quanto à adesão de uma pessoa. Por isso, é
importante que o serviço combine diferentes estratégias, preferencialmente, de acordo
com cada caso.
209
4.8.2.Abandono do tratamento
Considera-se situação de abandono de tratamento quando o paciente deixa de
comparecer à unidade de saúde por mais de 30 dias consecutivos, após a data prevista
para o seu retorno. Nos casos de tratamento diretamente observado, o prazo de 30 dias é
contado a partir da última tomada do medicamento.
210
4.9. QUANDO AS ESTRATÉGIAS FALHAM
É importante que a equipe perceba que, quanto maior a dificuldade de adesão, maior
será a necessidade de apoio e vínculo com este paciente para garantir o sucesso do
tratamento. Sendo assim, o mais indicado é voltar a fazer anamnese ampliada,
procurando identificar as dificuldades de adesão e retomar o acompanhamento desde o
início, conforme explicado anteriormente.
Quando as estratégias falham, deve-se começar tudo de novo com o maior cuidado.
Deve-se ressaltar que a internação compulsória não deve ser usada como opção para
“solucionar” as deficiências da rede de atenção ou mesmo para o eventual despreparo
das equipes envolvidas.
todos os pacientes que procuram o serviço devem ser esclarecidos sobre a doença
211
o serviço deve se estruturar para identificação precoce dos faltosos e organização
das estratégias de busca, com vistas a evitar o abandono ao tratamento;
212
5. Controle de Contatos
Estudos mostram que 3,5% a 5,5% dos membros da família ou dos contatos próximos a
uma pessoa com TB tinham a doença prévia não diagnosticada. Esses achados reforçam
que a investigação de contato pode resultar na identificação precoce de casos e redução
da transmissão da doença.
Além disso, o controle de contatos identifica pessoas recém-infectadas pelo bacilo, que
apresentam um risco aumentado para o desenvolvimento de TB ativa dentro de 2-5 anos
após a aquisição da infecção.
Os serviços devem se estruturar para que essa prática de grande repercussão para o
controle da TB seja realizada.
213
Tendo em vista que crianças com TB em geral desenvolvem a doença após contato com um adu
Contato – toda pessoa que foi exposta ao caso índice ou caso fonte, no momento da
descoberta do caso de tuberculose. Esse convívio pode ocorrer em casa, em
ambientes de trabalho, em instituições de longa permanência, em escolas, dentre outros. A
quantificação da exposição de risco é variável. A avaliação do risco de infecção deve ser
individualizada, considerando-se a forma da doença do caso fonte, o ambiente e o tempo
de exposição.
É realizada por meio de entrevista com o caso índice para obter os nomes, as idades e a
avaliação de risco dos contatos para determinar a priorização da avaliação clínica.
A avaliação de contatos está recomendada quando o caso índice for, em ordem de prioridade:
214
5.4. AVALIAÇÃO DOS CONTATOS
A avaliação consiste na realização de anamnese, exame físico e exames complementares
nos contatos, de acordo com a presença ou ausência de sintomas. Nesse caso,
consideram-se:
215
FIGURA 11 – Fluxograma para investigação de contatos adultos e adolescentes (≥10 anos de idade)
Consulta
Assintomático Sintomático
Continuar Investigação
TB ativa
PT < 5 mm PT ≥ 5 mm
Repetir em 8 semanas
Rx de tórax Tratar TB
Sem Com
Normal Alterado
coão
nvers coão
nvers 1
Normal Alterado
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Continuar investigação
Tratar ILTB
216
FIGURA 12 – Fluxograma para investigação de crianças contato (< 10 anos de idade)
Consulta
Assintomático Sintomático1
Rx e prova tuberculínica
Investigar TB
Rx de tórax normal TB
Rx alterado Excluída TB confirmada
Repetir PT em 8 semanas
Tratar ILTB
217
5.6. OPERACIONALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE CONTATOS
NOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Os serviços de saúde devem sistematizar a avaliação de contatos. Os passos abaixo
ajudam a organizar essa atividade.
O caso índice e/ou fonte deve ser entrevistado o quanto antes para identificação
das pessoas que serão consideradas contatos;
deve se obter uma listagem com os seguintes dados sobre os contatos: nome, idade,
tipo de convívio (residência, trabalho, escola etc), formas de localização (telefone,
endereço), se tem sintomas ou não, se é portador do HIV e se tem alguma outra
morbidade;
sempre que possível realizar visita domiciliar para melhor entendimento das
circunstâncias que caracterizam os contatos identificados na entrevista do caso
índice.
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218
6. Medidas de Controle de Infecção da
Tuberculose em Unidades de Saúde
Todo ambiente onde circulam pessoas com tuberculose pulmonar ou laríngea que estão
eliminando aerossóis (através de tosse, fala ou espirro), contendo o M. tuberculosis,
oferece algum risco de transmissão de TB.
219
6.1. CONJUNTOS DE MEDIDAS DE CONTROLE DA TRANSMISSÃO
DO M. TUBERCULOSIS
As medidas de controle de infecção dividem-se em três categorias: administrativas
(ou gerenciais), de controle ambiental (ou de engenharia) e de proteção respiratória
(proteção individual).
220
QUADRO 49 – Etapas preconizadas para a busca ativa de SR em instituições
221
suficiente para atender à demanda da unidade. Esses locais devem dispor de
renovação do ar, de pelo menos 6 trocas por hora e pressão negativa em relação aos
ambientes contíguos. Em geral, a pressão negativa pode ser obtida apenas com
exaustores;
a descarga do ar exaurido deve ser direcionada para o exterior da unidade, para
locais afastados de outros pacientes, dos profissionais de saúde e de sistemas de
captação de ar. Se necessário, o exaustor pode ser conectado a um duto, para que a
descarga de ar se faça distante de tais locais. Caso não seja viável esse
direcionamento, uma alternativa é a utilização de exaustão acoplada a filtros de
alta eficiência para ar particulado (filtros Hepa – High Efficiency Particulate Air),
que eliminam os bacilos suspensos no ar, permitindo que o ar seja descarregado em
ambientes onde circulem pessoas;
a utilização de luz ultravioleta (UV) no ambiente só é aceitável em equipamentos
em que a lâmpada UV fica embutida e o ar circulado passa por ela, estabelecendo
seu efeito esterilizador. O olho humano não pode ser exposto diretamente às
lâmpadas UV devido a seus efeitos potencialmente carcinogênicos, nocivos à retina
e à pele; e
as necessidades de redefinição de espaços, reformas e aquisição de equipamentos
devem ser avaliadas em cada unidade de saúde, levando-se em consideração o custo
efetividade de cada ação em relação ao tipo e número de pacientes atendidos.
É necessário que se estabeleçam locais para a utilização correta das máscaras, o que
implica em identificação de barreiras físicas a partir de onde elas devem ser utilizadas
(salas de atendimento, isolamentos, entre outras). É importante esclarecer a necessidade
do seu uso aos pacientes e familiares, evitando constrangimentos e estigmatização.
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o uso de máscaras PFF2 ou N95 pelos profissionais de saúde tem pouca utilidade
quando ocorrer somente durante a presença do paciente, uma vez que os bacilos
podem permanecer no ambiente entre 5 a 12 horas, dependendo da precariedade de
sua ventilação e iluminação;
o uso de máscaras cirúrgicas é recomendado para pacientes com TB pulmonar ou
SR em situação de potencial risco de transmissão, por exemplo: falta de ventilação
adequada em salas de espera e emergências enquanto aguarda definição do caso
(atendimento, resultado de exames, internação em isolamento) ou deslocamento
de pacientes do isolamento para exames ou procedimentos (nesse caso, o paciente
deve ter seu atendimento priorizado também no outro setor). A máscara PFF2 não é
recomendada para SR ou pacientes bacilíferos; e
é necessário orientar adequadamente o profissional de saúde a respeito do uso das
máscaras PFF2 ou N95, uma vez que devem ser perfeitamente adaptadas ao rosto do
usuário. Essa adaptação pode ser testada promovendo uma inspiração profunda que
deve levar à retração da máscara que estiver adequadamente colocada. As máscaras
podem ser reutilizadas desde que estejam íntegras e secas.
Levar o braço ou lenço à boca e ao nariz quando tossir e espirrar também faz parte dessas
orientações gerais.
223
Na visita domiciliar realizada por agente comunitário ou outro profissional de saúde,
algumas recomendações devem ser observadas:
orientar sobre medidas gerais – o SR ou a pessoa com TB deve cobrir a boca com o
braço ou o lenço ao tossir e manter o ambiente arejado, com luz solar;
224
dos pacientes de TB. Com a descentralização das ações de controle da TB, o número
de atendimentos/ano, na maior parte dessas unidades, não chegará a uma
quantidade de pacientes que justifique ambientes especiais;
o fundamental trabalho do agente comunitário de saúde na identificação do SR
no domicílio diminui ainda mais a possibilidade de o indivíduo bacilífero circular
pela unidade sem sua prévia identificação;
atendimento em horários diferenciados e/ou turnos específicos para
acompanhamento do paciente com TB e o oferecimento de máscara cirúrgica após
identificação do SR ou do paciente com TB pulmonar são medidas administrativas
que diminuirão ainda mais o risco de transmissão na unidade de saúde (pacientes
com TB sensível não contaminam mais, em geral, duas ou três semanas após o início
do tratamento);
Unidades hospitalares são identificadas como locais de alto risco para transmissão de TB,
com registros de surtos nosocomiais entre pacientes e profissionais de saúde. Medidas
relacionadas ao controle da transmissão do M. tuberculosis devem ser adotadas por todas
as unidades hospitalares após a avaliação de risco, mesmo em áreas de baixa prevalência
de TB.
226
implantar e avaliar os indicadores de monitoramento da efetividade das ações;
realizar previsão de financiamento (insumos, recursos humanos, engenharia,
pesquisa operacional);
227
Os procedimentos que liquefazem as amostras – como os usados durante a digestão e o
processamento da amostra para inoculação em meio de cultura nos testes de
sensibilidade diretos ou nos ensaios de sondas genéticas por sequenciamento direto –
representam um maior risco de produção de aerossóis quando comparados com outras
técnicas, portanto esses procedimentos devem ser realizados em uma Cabine de
Segurança Biológica (CSB).
228
7.Ações Estratégicas para Situações e
Populações Especiais
para PVHIV com contagem de LT-CD4+ ≥ 350 cels/mm 3, deve-se realizar a prova
tuberculínica ou IGRA anualmente e iniciar o tratamento da ILTB sempre que
indicado (ver capítulo Tratamento da ILTB);
para PVHIV que apresentam contagem de LT-CD4+ < 350 cels/mm3, principalmente
no momento do diagnóstico da infecção pelo HIV e para contatos de casos
bacilíferos, está indicado o tratamento da ILTB (ver capítulo Tratamento da ILTB),
independentemente da prova tuberculínica ou IGRA, desde que descartada a TB
ativa.
229
Busca Ativa de tuberculose em PVHIV
A Busca Ativa de casos de TB na população vivendo com HIV tem por objetivo aumentar a
detecção e diagnosticá-los precocemente.
Desse modo, a Busca Ativa pode mudar o curso de ambos os agravos, uma vez que
proporciona diagnóstico e tratamento oportuno da TB, aumentando a sua cura e
reduzindo os óbitos em pacientes coinfectados.
tosse; e/ou
febre; e/ou
emagrecimento; e/ou
sudorese noturna.
Uma vez que o diagnóstico da infecção pelo HIV é realizado, a pessoa coinfectada deve
ser encaminhada rapidamente para o início da TARV, lembrando que o seu atraso está
relacionado à piora do prognóstico, especialmente em pacientes com imunossupressão
grave.
230
Tratamento da Tuberculose em PVHIV
A PVHIV com TB deve ser acompanhada, idealmente, em uma única unidade de saúde,
para que seja assistida integralmente pela mesma equipe de saúde, com melhor manejo
das interações medicamentosas e dos eventos adversos de ambos os tratamentos. Assim,
evita-
-se o seu deslocamento entre vários serviços e se reduz a chance de abandono.
Em especial para PVHIV que estão em TARV de resgate e/ou tratando a tuberculose, a
abordagem do Tratamento Diretamente Observado (TDO) pode ser uma ferramenta
valiosa para apoiar o indivíduo na realização dos dois tratamentos simultâneos. Dados
nacionais de 2017 mostram que, nos casos em que a PVHIV realiza TARV e TDO, o
percentual de cura é de 42% e o abandono é de 5%, enquanto nos casos em que a PVHIV
realiza TARV e não realiza TDO o percentual de cura é de 34% e o abandono de 13%.
O seguimento clínico da TB nos serviços de HIV exigirá estabelecimento de rotinas que incluam
visitas mais frequentes para o monitoramento dos eventos adversos e identificação
precoce de dificuldades de adesão ao tratamento. A presença frequente de equipes
multidisciplinares nos serviços especializados é de grande valia para o cuidado integral
das pessoas com TB e HIV que apresentam outras condições, tais como transtornos
mentais, uso de substâncias psicoativas, estigma e preconceito, entre outros que podem
influenciar negativamente o desfecho de tratamento.
231
campanhas educacionais com mensagens claras e objetivas para os profissionais de saúde
e para as PVHIV.
É importante que ambos os programas definam a linha de cuidado para coinfecção TB-
HIV, incluindo a Atenção Básica como importante ponto de atenção na Rede de Atenção à
Saúde (BRASIL, 2017c), estabelecendo, principalmente, o processo de matriciamento e o
mapeamento das referências para outras especialidades e exames diagnósticos.
O risco de adoecer por TB é partilhado entre PPL, guardas, profissionais de saúde, visitantes
e entre todas as pessoas que frequentam as prisões. A mobilidade do preso dentro do
sistema aumenta esse risco, uma vez que o preso circula entre diferentes instituições do
sistema judiciário, centros de saúde e comunidade geral, durante e após o cumprimento
da sua sentença.
232
7.2.1. Caracterização da população
As PPL são, em sua maioria, oriundas dos segmentos da população mais afetados pela
TB: homens jovens, com baixa escolaridade, desempregados ou empregados com baixa
remuneração, que vivem em comunidades desfavorecidas das grandes cidades e algumas
vezes nas ruas. Com frequência, têm antecedentes de TB e de encarceramento, além de
história de uso de drogas e taxa de infecção pelo HIV mais elevada do que a da população
geral.
Estudo realizado no Rio de Janeiro mostrou que 84% dos doentes adquiriram a TB na
prisão. Esses dados sugerem que a TB entre os presos está predominantemente
relacionada à transmissão intrainstitucional massiva ligada às precárias condições de
encarceramento na maioria das prisões brasileiras com número expressivo de casos de TB
vivendo em celas mal ventiladas e com pouca iluminação solar.
233
Busca Ativa de sintomático respiratório – deve ser realizada no momento do
ingresso, entre os contatos e rastreamento de massa (“campanha”) idealmente duas
vezes ao ano.
Atenção especial deve ser dada às PPL com antecedente de TB, infecção pelo HIV e diabetes,
pela maior possibilidade de resistência e evolução de formas clínicas atípicas.
Busca Ativa
Estudos realizados em prisões mostram que a detecção de casos limitada à demanda
espontânea não é suficiente para reduzir a ocorrência de TB e, para ter impacto significativo
sobre a prevalência da TB, deve estar associada à estratégia de Busca Ativa entre
ingressos e rastreamento de massa (“campanha” de Busca Ativa).
Os profissionais de saúde prisional devem sempre perguntar às PPL que vão ao serviço de
saúde se apresentam tosse (de qualquer duração), qualquer que seja o motivo da
consulta. Se a tosse estiver presente, deve-se proceder à investigação diagnóstica para
TB.
prisional (UP).
O rastreamento radiológico deve ser priorizado sempre que disponível. Embora apresente
maior complexidade, maior custo e exija maior infraestrutura, apresenta rendimento
superior porque permite a identificação dos casos assintomáticos e dos casos não
bacilíferos, enquanto o rastreamento baseado em sintomas permite identificar os
doentes, frequentemente, já bacilíferos.
Em unidades prisionais com celas coletivas e/ou naquelas onde há permanência de grande
número de PPL em espaços comuns, todas as PPL de uma mesma cela ou galeria devem
ser consideradas como contato, o que, na prática, pode implicar a realização de Busca
Ativa sistemática em toda a unidade prisional.
Os contatos familiares das PPL com TB devem ser orientados a procurar serviço de saúde
extramuros para avaliação do risco e rastreamento adequado, quando necessário.
Dada sua alta acurácia, especialmente para confirmação de casos com baciloscopia
negativa (STEINGART et al., 2014) e para detecção rápida da resistência a rifampicina, o
TRM-TB é o teste diagnóstico de escolha para toda PPL com sintomas sugestivos de TB,
em substituição à baciloscopia. Considerando a elevada frequência de formas
multirresistentes na população carcerária, a cultura e o TS devem ser sempre realizados
em todos os sintomáticos respiratórios identificados, além da baciloscopia ou TRM-TB
(algoritmo populações com maior vulnerabilidade). Todos os casos com resistência
detectada, seja à rifampicina pelo TRM-TB ou a outras drogas pelo TS, devem ser
imediatamente encaminhados à referência terciária.
Nos casos suspeitos de TB com história de tratamento anterior, ainda que o TRM-TB
esteja disponível, a baciloscopia deve ser realizada para identificação de bacilos viáveis,
além da cultura com TS. Os casos que apresentarem baciloscopia negativa, TRM-TB
positivo e/ou resistência à rifampicina deverão ser encaminhados à referência secundária
para avaliação pelo especialista.
236
O tratamento da TB no sistema penitenciário
O tratamento da tuberculose em PPL pode ter início antes ou durante o encarceramento
e pode ser encerrado durante ou após o livramento. O seguimento da PPL com
tuberculose deve observar todas essas possibilidades de modo a garantir a sua
completitude e o êxito do tratamento.
favorecer o reconhecimento do preso como alguém que está doente, cujo cuidado é
responsabilidade dele e dos profissionais de saúde;
Por isso, as recomendações a seguir podem ajudar que a PPL continue o seu tratamento
após a saída do sistema carcerário.
237
É essencial reconhecer o protagonismo da PPL no seu tratamento, escutá-la e
fornecer- lhe as informações necessárias para que dê continuidade ao tratamento
mesmo após o livramento.
Desde o início do seu tratamento, o paciente privado de liberdade deve ter em seu
poder o documento de encaminhamento para continuidade do tratamento em
unidade de saúde extramuros, informando a data de início e o esquema de
tratamento.
Organizações da Sociedade Civil, em contato com o paciente privado de liberdade
durante o encarceramento, poderão facilitar a referência para estruturas de saúde
extramuros depois do livramento.
Os espaços destinados aos serviços de saúde no interior dos presídios devem ser
adequados às normas vigentes do Ministério da Saúde. As medidas de proteção individual
para profissionais de saúde devem seguir as recomendações que constam no capítulo
Controle de Infecção da Tuberculose em Unidades de Saúde.
238
O isolamento do paciente identificado durante o encarceramento não está indicado porque:
O sistema de registro para a gestão dos casos de TB deve ser organizado em cada UP e ao
nível da coordenação de saúde do sistema penitenciário de cada estado de modo a
permitir:
Deve ainda ser organizado o fluxo dos boletins de acompanhamento do Sinan para
envio aos municípios.
Pessoas consideradas como “confiáveis” pelas PPL são importantes fontes de informação,
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Rede de referência secundária e terciária para casos com dificuldade diagnóstica, resistência
aos fármacos e complicações clínicas da TB ou comorbidades deve ser estabelecida
formalmente, para cada unidade prisional, pelas secretarias estaduais e municipais de
saúde onde se localizam.
O estabelecimento de rotinas e fluxos para testes diagnósticos deve se dar conjuntamente com
a área de saúde do sistema penitenciário, os programas estaduais e municipais de
controle da TB e a rede laboratorial, de forma a garantir o fluxo das amostras, retorno do
resultado do TRM-TB e da baciloscopia em 24 horas e início imediato do tratamento.
No Brasil, ainda não é possível obter dados rotineiros sobre o perfil de adoecimento e/ou
sobre a tuberculose nas pessoas em situação de rua. Estudos isolados, corroborados pelo
testemunho de profissionais de saúde, descrevem elevadas taxas de incidência e de
abandono do tratamento nessa população.
Na cidade de São Paulo, em 2013, por meio do sistema de notificação TBweb, foi possível
obter, utilizando a variável “sem residência fixa”, o coeficiente de incidência de 2.138*
casos por 100 mil habitantes**. Quando comparada com a média nacional (38/100 mil), o dado
representa incidência 56 vezes maior que os casos identificados na população geral.
* Fonte: TBWEB 02. maio.2014, Programa de Controle da Tuberculose da Cidade de São Paulo/Covisa/SMS.
** Fonte: Pesquisa Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Secretaria da Assistência e
Desenvolvimento Social, 2010/2011, SP.
241
Estudos realizados no Rio de Janeiro e em Porto Alegre demonstraram incidências de TB
entre 1.576 e 2.750/100 mil hab. e mortalidade por TB de 17.800/100 mil hab. nessa
população. No Rio de Janeiro, evidenciou-se alta taxa de abandono ao tratamento da TB,
o que foi relacionado à baixa autoestima, à alimentação inadequada, ao uso do álcool e
outras drogas e à própria dinâmica da rua, que não contribui para que os medicamentos
sejam tomados com regularidade. Outro fator importante para a interrupção brusca do
tratamento foi relacionado ao roubo dos pertences individuais e/ou seu recolhimento pelos
órgãos públicos, levando, também, os medicamentos sob os cuidados do doente
(CARBONE, 2000).
Também foi observado que grande parte da população em situação de rua é originária do
mesmo local em que se encontra, ou de locais próximos, não sendo decorrência de
deslocamentos ou da migração campo/cidade. Segundo a Pesquisa Nacional, 54,6% dos
entrevistados sempre viveram no município em que moram atualmente. Dos restantes,
13,9% vieram de municípios do mesmo estado de moradia atual e 29,8% vieram de outros
estados. Quando se perguntou sobre discriminação, expressa no fato de serem impedidos
de entrar em certos locais, foi relatado que 18,4% eram referentes às unidades de saúde.
Como parte dessa dinâmica, por vezes são refratários a relatar suas vidas para aqueles
que não conhecem e com quem não foram criados vínculos de confiança e amizade. São
pessoas em constante migração, com percepção diferenciada de tempo, frequentemente
organizando o dia com base nos horários das instituições que lhes garantem a sobrevivência
e que respeitam a liberdade de fazer seus horários (KASPER, 2006).
Por se tratar de uma população com dificuldades relacionadas à percepção do tempo e muitas
vezes também da percepção da tosse, o profissional de saúde deve considerar qualquer tempo
de duração da tosse nas estratégias de Busca Ativa de sintomático respiratório.
Trata-se de uma população de risco acrescido para HIV, hepatites e outras DSTs, portanto
O TDO pode ser realizado por outros profissionais/pessoas com vínculo com usuário e com
os serviços de saúde, desde que supervisionado pelo profissional da saúde semanalmente.
Em situações específicas os profissionais da assistência social podem cooperar com o TDO
pela familiaridade e/ou vínculo já existente com a PSR.
243
Por se tratar de uma população com característica migratória, é comum que ingressem no
sistema de acolhimento por várias vezes. Por isso, é importante que seu prontuário
registre a história clínica e os desdobramentos dos exames realizados.
O tratamento da infecção latente não é recomendado como uma ação prioritária, exceto
quando a PSR for criança ou PVHIV.
Adesão ao tratamento
Uma importante atividade para melhorar a adesão ao tratamento é a elaboração do
Projeto Terapêutico Singular (PTS)/Saúde, conjuntamente com o Plano Individual de
Acompanhamento (PIA)/Assistência Social. A intersetorialidade é um aspecto-chave do PTS e
PIA e a interlocução deve ser sistemática com as equipes da RAPS e parceiros locais da
assistência social, educação, organizações não governamentais e outros.
Busca de faltosos/abandono
Deve-se estabelecer fluxos da rede integrada para a busca de faltosos e/ou
abandonos envolvendo todos os parceiros envolvidos no território: vigilância em saúde
das regiões, profissionais do Consultório na Rua, da UBS do território, albergues, serviços
de abordagem, outros serviços sociais e da saúde.
A falta de documentação não se constitui barreira de acesso aos serviços de saúde e de cadastra
Art 23. Durante o processo de cadastramento, o atendente solicitará o endereço do domicílio per
# § 1º Não estão incluídos na exigência disposta no caput os ciganos nômades e os moradores de
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244
7.3.3. Organização da Rede de Atenção Integrada às
pessoas em situação de rua com tuberculose
Conhecer a especificidade de cada território e o modo de vida das PSRs é elemento
importante na organização e estruturação de estratégias de abordagem e das ações no
controle da tuberculose nessa população.
Com a implantação dos Consultórios na Rua, o Ministério da Saúde elege uma política
pública de saúde para a população em situação de rua que converge as diretrizes da
atenção básica e da atenção psicossocial, propondo ampliar o acesso e a qualidade da
atenção integral à saúde dessa população, possibilitando sua inserção efetiva no Sistema
Único de Saúde (SUS) para propiciar a criação de vínculos na rede de atenção à saúde
245
Importância da Intersetorialidade
A Política Nacional de Inclusão Social (BRASIL, 2008a) para as pessoas em situação de rua
considera essencial a intersetorialidade no enfrentamento da doença relacionada à
exclusão social, com ações propositivas e estruturantes, na perspectiva da integralidade e
dignidade voltadas à superação da condição de pobreza extrema.
*SUS: rede da atenção à saúde básica, serviços de urgência e de emergência, rede hospitalar,
atenção psicossocial, vigilância em saúde, com foco na promoção e prevenção de agravos
a saúde e inclusão na atenção especializada.
**SUAS: CREAS, Centro POP, CRAS, centros de convivências, albergues e outros equipamentos
sociais.
7.4. INDÍGENAS
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), regulamentada pelo
Decreto nº 3.156/1999 e regulamentada pela Portaria de Consolidação nº 2/2017, tem
como objetivo garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral e diferenciada à
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Em 2017, do total de casos novos de TB notificados no Sinan, 1,0% era de indígenas e, desses,
67,1% eram residentes em área rural, 22,7% em área urbana e 0,3% em área periurbana
(SES/MS/SINAN, 2018). Para o mesmo ano, o coeficiente de incidência de TB na
população indígena, isto é, residente em territórios indígenas, foi de 62,8/100.000
habitantes, enquanto na população geral foi de 35,0/100.000 habitantes. Ressalta-se que
o coeficiente de incidência é >100/100.000 habitantes em 6 dos 34 DSEI
(CGAPSI/DASI/SESAI, 2018). O percentual de cura, em 2016, foi de 80,0% para os casos
novos de TB na população indígena (SES/MS/SINAN, 2018).
Importante destacar que a população indígena, em sua grande maioria, vem enfrentando
uma acelerada e complexa transformação social, necessitando buscar novas respostas
para a sua sobrevivência física e cultural e garantir às próximas gerações melhor
qualidade de vida (FUNAI, 2015).
Dessa forma, a Sesai é a única instituição que alcança todas as comunidades indígenas,
oferecendo cuidados e serviços de saúde a povos indígenas que vivem próximos a grandes
centros urbanos, assim como a povos isolados e de recente contato.
247
7.4.2. Atividades programáticas recomendadas
Busca Ativa de SR
Recomenda-se realizar a Busca Ativa de Sintomático Respiratório (SR) em toda a
população indígena de forma continuada e de maneira integrada às ações em saúde
realizadas pelas Equipes Multidisciplinares da Saúde Indígena (EMSI) nos DSEI e pela
Rede de Atenção à Saúde (RAS) existente no SUS.
É considerado SR todo indígena com tosse, independentemente da sua duração. Deve ser
submetido a uma avaliação clínica e realizar exames de diagnóstico laboratorial:
baciloscopia do escarro e/ou Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB),
acrescidos de cultura e teste de sensibilidade e, quando possível, radiografia de tórax,
como método auxiliar para o diagnóstico da TB.
O diagnóstico da TB pulmonar na população indígena NÃO deve ser baseado na radiografia de tór
Importante esclarecer que a baciloscopia do escarro não diferencia o
M. tuberculosis das MNT. Por isso é FUNDAMENTAL a solicitação da cultura do escarro ou do TRM
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Tratamento da tuberculose
Para os que residem em áreas indígenas, o tratamento da TB sensível deve ser realizado
preferencialmente pela EMSI na aldeia de residência, ou pelos serviços de Atenção Básica
nos municípios. O tratamento da TB resistente e da coinfecção TB-HIV deve ser compartilhado
entre as EMSI e os serviços de referência da rede de atenção à saúde, considerando
importante, sempre que possível, a permanência do indígena em sua aldeia de residência
durante o tratamento.
248
O Tratamento Diretamente Observado (TDO) é recomendado para todo indígena diag-
nosticado com TB dada a superioridade dos resultados obtidos com essa estratégia (ver
capítulo Adesão).
249
FIGURA 13 – Mapa dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Nas áreas indígenas, a atenção à saúde ocorre por meio das EMSI, que são constituídas
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O primeiro nível de Atenção Primária à Saúde (APS) é na aldeia, podendo ser referenciado
para a sede do Polo Base (PB), ou para um serviço complementar na rede municipal,
regional ou estadual. Nesse caso, o referenciado é acolhido em uma Casa de Saúde
Indígena (Casai), desde a sua chegada na sede do município até seu retorno à aldeia
(Figura 14).
250
FIGURA 14 – Organização da rede de serviços de saúde nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Nas áreas urbanas, a atenção à saúde é realizada pelos municípios e estados por meio do
SUS e nas terras indígenas se dá por meio do SasiSUS, componente do SUS, responsável
pela APS, de responsabilidade direta do Ministério da Saúde (Brasil, 2002).
Além disso, recomenda-se que os DSEI, PECT e PMCT trabalhem em parceria com as
Coordenações Regionais da Fundação Nacional do Índio (CR-Funai) para a efetivação das ações
para o enfrentamento da TB nas áreas indígenas. Recomenda-se, também, a identificação de
outras instituições governamentais e não governamentais para consolidação de parcerias
e novas estratégias de controle da doença no território.
251
7.5. PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A transmissão da tuberculose é um risco frequente para os profissionais da saúde. Está
associada ao ambiente, às condições ou às circunstâncias em que o trabalho é executado,
ao grau e tipo de exposição no ambiente laboral e, ainda, à predisposição do trabalhador
ao agente biológico durante o exercício profissional (BRASIL, 2001a). Quanto maior a
inadequação desses fatores, maior será a chance de contato, contágio ou transmissão.
252
Quando o profissional de saúde apresenta alguma condição clínica que comprometa
sua resposta imunológica, deve ser orientado sobre o risco mais elevado de
desenvolver tuberculose. Nessas situações, recomenda-se que esses profissionais de saúde
não trabalhem diretamente com pessoas com a tuberculose pulmonar ou com suspeita da
doença.
O M. bovis é transmitido entre os animais domésticos e silvestres, assim como dos animais
para o ser humano e vice-versa. Assim, deve-se avaliar especialmente as populações em risco,
incluindo as que lidam diária e diretamente com animais vivos, como tratadores,
criadores e médicos veterinários, assim como os trabalhadores da indústria de carnes,
laticínios e laboratórios, o que reforça o caráter ocupacional da doença.
Caso a PT seja < 10 mm, repeti-la em uma a três semanas para avaliação do efeito
booster (MENZIES, 1999; TRAJMAN; TEIXEIRA; STEFFEN, 2009);
253
FIGURA 15 – Fluxograma para avaliação da infecção latente em profissionais de saúde no
momento da admissão ao trabalho
Exame admissional
PT ≥ 10mm
Persistência da PT < 10mm
Não é preciso repetir a PT
(com incremento de pelo menos 6 mm) = booster1
baixo. Essa 2a aplicação da tuberculina é utilizada apenas para excluir uma falsa conversão, no futuro,
em indivíduos testados de forma seriada. Se o resultado da segunda aplicação for = 10mm, mesmo sem
incremento de 6mm em relação à primeira, a PT não deve ser repetida futuramente.
254
FIGURA 16 – Fluxograma para avaliação da infecção latente em profissionais de saúde durante
o exame periódico
PT ≥ 10mm (conversão)1
PT < 10mm
Repetir a PT em um ano
Não existem evidências de que a vacinação por BCG traga benefício para o profissional de
saúde contra o adoecimento por tuberculose.
Além disso, a vacinação recente por BCG dificulta o monitoramento das medidas de
controle de infecção no que se refere à interpretação de provas tuberculínicas
subsequentes.
255
Diagnóstico da tuberculose em profissionais de saúde
O profissional de saúde com sinais e/ou sintomas compatíveis com tuberculose deve
procurar auxílio médico e ser submetido aos exames laboratoriais e radiografia de tórax
que estão preconizados para população em geral. Até que o diagnóstico de tuberculose
seja excluído ou até que seja considerado não infectante, recomenda-se que o
profissional de saúde com tuberculose pulmonar ou laríngea em tratamento permaneça
afastado das suas atividades laborais.
Além disso, os trabalhadores de saúde com tuberculose devem ser autorizados a retornar
ao trabalho quando estiverem em condições clínicas e ausência de transmissibilidade.
Os municípios e estados devem organizar sua rede de forma a antecipar e construir fluxos
para atenção integral, possibilitando conhecer as dificuldades e construir soluções, na
perspectiva de organização de uma Linha de Cuidado da Tuberculose Relacionada ao Trabalho
que pressuponha a responsabilização do profissional e do sistema pela saúde do usuário,
neste caso o(a) trabalhador(a).
256
7.6. USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
A associação entre o uso de álcool e o risco de desenvolver tuberculose tem sido relatada
em vários estudos ao redor do mundo (VOLKMANN et al., 2015). Além de compartilhar
diversos contextos sociais relacionados à tuberculose, o uso do álcool também pode
acarretar um estado de imunossupressão, quer seja pelo efeito tóxico direto sobre o
sistema imune (SIMET; SISSON, 2015; SZABO, 1997), ou pelos efeitos indiretos relacionados à
deficiência de macro e micronutrientes, ou ainda pela presença de outras condições
clínicas, tais como transtornos mentais que podem favorecer a manifestação do M.
tuberculosis.
Dados nacionais mostram que 16% dos casos novos de TB referiam uso de álcool. Desses,
88% eram do sexo masculino e 66% da raça/cor negra. O percentual de cura da doença
entre os casos novos confirmados por critério laboratorial que referiram uso de álcool foi
de 65% e o abandono de 17%, enquanto na população geral os resultados são de 75% e
11%, respectivamente (SES/MS/SINAN, 2018).
A Busca Ativa de sintomáticos respiratórios (SR) entre usuários de álcool e outras drogas
parece contribuir mais com a redução de tempo para o diagnóstico da TB que com o
aumento do número de casos detectados. A OMS indica como locais potenciais para realização
da Busca Ativa de SR os serviços que atendem sistematicamente pessoas com transtornos
relacionados ao uso de álcool e drogas (WHO, 2013a).
É importante que esteja definido e conhecido o fluxo para o diagnóstico da TB, a fim de
assegurar que ações sejam resolutivas e também garantir que a comunicação entre os serviços
seja eficaz para acompanhamento conjunto desses pacientes.
258
Melhorar a adesão ao tratamento
Nas pessoas em tratamento para TB, a avaliação do consumo de álcool deve ser realizada
em todas as consultas, com o objetivo de identificar possíveis barreiras para adesão ao
tratamento, observar a necessidade de intervenção de outras disciplinas, bem como monitorar
a presença de efeitos adversos, em especial a hepatotoxicidade.
Para pessoas com tuberculose e que fazem uso nocivo de álcool, ressalta-se a relevância
do Tratamento Diretamente Observado, uma vez que permite aprimorar o vínculo do doente
com o serviço e com os profissionais de saúde e, também, melhorar a compreensão do uso
do álcool, tanto pelo profissional de saúde quanto pelo usuário, como um fenômeno
complexo e multicausal, que exige esforços de ambas as partes para o alcance do sucesso
do tratamento.
O diabetes pode permanecer assintomático por longo tempo e seu diagnóstico muitas
vezes é feito a partir de seus fatores de risco e/ou sinais indiretos, tais como o
adoecimento por tuberculose. O cuidado à pessoa com diabetes ou com tuberculose
requer das equipes de Atenção Básica especial atenção para a possibilidade da
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260
Também de acordo com a pesquisa, entre pessoas com DM, 73,2% tinham sido atendidos
nos últimos 12 meses, sendo que 47,1% correspondiam a atendimento na Unidade Básica
de Saúde do SUS.
Os pacientes com TB-DM são em sua maioria do sexo masculino (62,3%), mas quando
comparados com aqueles apenas com TB (69,2%) apresentam diferença estatisticamente
significativa quanto ao sexo (p<0,01). A TB associada ao DM ocorre mais frequentemente
na faixa etária de 50 a 69 anos (52,2%) e, quando não associada ao DM, é menos
frequente nessa faixa etária (20,6%) (Figura 17). A distribuição dos casos de TB-DM quanto à
faixa etária é semelhante à encontrada na PNS para as pessoas com DM.
Ainda em 2017, entre os pacientes com TB-DM, 58,7% eram negros, percentual
semelhante ao encontrado para aqueles apenas com TB (60,0%; p=0,1). A ocorrência do
alcoolismo entre as pessoas com TB-DM (15,7%) é menor do que no grupo de pessoas
apenas com TB (16,8%; p<0,01).
80 anos e mais
70 a 79 anos
50 a 59 anos
40 a 49 anos
30 a 39 anos
20 a 29 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
Mulheres Diabetes Não Diabetes
5 a 9 anos
Homens
Diabetes Não Diabetes
0 a 4 anos
261
7.7.2. Atividades programáticas preconizadas
A linha do cuidado do DM, assim como a atenção à pessoa com TB encontram-se definidas
e têm na Atenção Básica a garantia da integralidade e da longitudinalidade do cuidado
em todos os pontos de atenção (para saber mais: Cadernos de Atenção Básica, nº 35 –
Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica). Vale ressaltar que é na
Atenção Básica que se concentram as atividades preconizadas para o controle da TB,
desde a identificação do Sintomático Respiratório, diagnóstico da infecção latente e/ou
tuberculose doença até o tratamento das formas sensíveis. É importante não fragmentar o
cuidado na Atenção Básica, considerando sempre a possibilidade da coexistência de
múltiplas morbidades no mesmo indivíduo. Para isso, é fundamental que os gestores
locais conheçam quais os agravos mais relevantes na população atendida.
Ainda não há evidências sobre algoritmos diagnósticos para TB em pessoas com DM. No
entanto, tosse inexplicada (lembrar do uso de alguns anti-hipertensivos que podem cursar com
tosse), febre prolongada, difícil controle glicêmico e/ou outros sintomas e sinais
associados à TB devem levantar a suspeita para o diagnóstico da doença.
262
Recomenda-se que as pessoas com DM devem ser perguntadas sobre a presença de tosse
no momento do diagnóstico do DM e se possível em intervalos regulares do seu acompa-
nhamento clínico.
7.8. TABAGISTAS
A tuberculose é reconhecida como uma doença cujo controle depende de intervenções sociais,
econômicas e ambientais (LÖNNROTH et al., 2008). O tabagismo pode ser considerado um
fator de risco para o desenvolvimento da TB (WHO, 2007). A exposição ao fumo passivo
também pode aumentar o risco de infecção por tuberculose e desenvolvimento de
tuberculose ativa tanto em crianças como em adultos.
A nicotina, presente em todos os derivados do tabaco, é uma droga psicoativa e por isso o
tabagismo foi incluído no grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes
do uso de substâncias psicoativas na Décima Revisão da Classificação Internacional de
Em 2003, a Convenção Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (CQCT-OMS) foi adotada pela
Assembléia Mundial da Saúde. Em 2015, a CQCT tinha sido ratificada por 180 países.
263
regulamentação da etiquetagem e empacotamento de produtos de tabaco; (E) controlar o
banimento de propaganda, promoção e patrocínio de produtos do tabaco; e (R) aumentar
impostos e preços – combate ao comércio ilegal.
Em 31 de maio de 2014, por meio do Decreto nº 8.262, foi regulamentada a lei nº 9.294, de 15
de julho de 1996, que impõe medidas mais austeras para tornar 100% dos ambientes
fechados de uso coletivo livres do tabaco, que beneficia a saúde pública em geral e apoia
a política de controle da TB em particular.
pode ser verdadeiramente benéfica e gerar resultados positivos com impacto na saúde
pública.
Oportunidades devem ser criadas dentro do sistema de saúde para apoiar os fumantes
com TB a parar de fumar, incluindo aconselhamento individual até a oferta do
tratamento da dependência do tabaco.
Todo profissional de saúde que realiza o atendimento do paciente com tuberculose deve
conhecer as recomendações técnicas para avaliação e tratamento do tabagismo, que
estão disponíveis na Portaria nº 761/SAS/MS de 22 de junho de 2016, DOU.
Além disso, o profissional de saúde deve orientar a pessoa com tuberculose e tabagista sobre:
ainda que fume uma pequena quantidade de cigarros, pode piorar a doença e levar
à morte;
informar que parar de fumar sempre vale a pena, em qualquer momento da sua vida;
informar sobre o tabagismo passivo e entender que a fumaça de seu cigarro pode
causar doenças e mortes em parentes e amigos, que convivem com ele em casa ou
no trabalho.
265
É valioso que o serviço de saúde que realiza o atendimento a um paciente com tuberculose
na atenção básica conheça a rede de tratamento do tabagismo no SUS em seu município.
Dessa forma, ele poderá encaminhar seu paciente para um adequado tratamento da
dependência da nicotina.
Nas unidades que oferecem tratamento para tabagismo, o atendimento pode ser de forma
individual ou em grupo de apoio. Caso o paciente com tuberculose esteja bacilífero, pode
ser atendido, desde que esteja em uso de máscara de proteção individual.
Os familiares ou contatos tabagistas dos pacientes com TB devem ser também orientados
a parar de fumar ou evitar o uso do tabaco na presença da pessoa com TB e devem
ser encaminhados para tratamento da dependência da nicotina para as unidades de saúde
da rede SUS.
REFERÊNCIAS
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privadas de liberdade no sistema prisional. 2014b.
266
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WHO, 2017.
Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde
270
Anexos
P x 0,01 = SR
271
ANEXO IX – LISTAGEM DOS DSEI COM SUAS RESPECTIVAS
UNIDADES FEDERADAS E MUNICÍPIOS
UNIDADE
DSEI MUNICÍPIOS
FEDERADA
Alto Rio Purus Assis Brasil, Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus e Sena
Madureira
Abaré, Angical, Banzaê, Belmonte, Buerarema, Camacan, Camamu,
Curaçá, Euclides da Cunha, Glória, Ibotirama, Ilhéus, Itaju do
Bahia Bahia Colônia, Itamaraju, Muquém de São Francisco, Pau Brasil, Paulo
Afonso, Porto Seguro, Prado, Rodelas, Santa Cruz Cabrália,
Santa Rita de Cássia, Serra do Ramalho, Sobradinho, Utinga
Espírito
Aracruz
Santo
Minas Gerais e Açucena, Aracuai, Bertópolis, Caldas, Campanário, Carmesia,
Espírito Santo Coronel Murta, Guanhaes, Itapecerica, Ladainha, Martinho
Minas Gerais
Campos, Pompeu, Resplendor, Santa Helena de Minas, São
João das Missões, Teófilo Otoni
Amapá e
Almeirim, Óbidos
Norte do Pará
Pará
Kayapó Mato
Altamira, Jacareacanga, São Félix do Xingu
Grosso1
Parintins Oriximiná
272
continuação
UNIDADE
DSEI MUNICÍPIOS
FEDERADA
Guamá-
Centro Novo do Maranhão
Tocantins
Médio Rio
Canutama, Lábrea, Tapauá
Amazonas Purus
Médio Rio
Alvaraes, Carauari, Coari, Eirunepe, Envira, Fonte Boa, Ipixuna,
Solimões e
Itamarati, Japurá, Juruá, Jutai, Maraã, Tefe, Uarini
Afluentes2
Amapá e
Amapá Oiapoque, Pedra Branca do Amapari
Norte do Pará
273
continuação
UNIDADE
DSEI MUNICÍPIOS
FEDERADA
Kayapó do
Apiacas, Juara, Matupã, Peixoto De Azevedo, São José Do Xingu
Mato Grosso2
Mato Grosso
Porto Velho Rondolândia
274
conclusão
UNIDADE
DSEI MUNICÍPIOS
FEDERADA
Fonte: Siasi/Sesai/MS.
1
População indígena dos DSEI – Ano 2017. Dados extraídos em maio de 2018.
2
DSEI considerado prioritário para o controle da tuberculose.
275
PARTE V
BASES
ORGANIZACIONAIS
E POLÍTICAS PARA
AS AÇÕES DE
CONTROLE DA TB
1. Priorização Política do Controle da
Tuberculose
279
2. Papel das Três Esferas de Governo
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação
(BRASIL, 1988).
280
2.1. ATRIBUIÇÕES DAS INSTÂNCIAS NO
CONTROLE DA TUBERCULOSE
281
2.1.2. Instância estadual
Compete à área técnica ou aos Programas Estaduais de Controle da Tuberculose:
282
2.1.3. Instância regional
Em determinados estados e municípios, a estrutura administrativa inclui um nível
intermediário definido como “regional de saúde”. Para tais casos, essa estrutura deverá
promover maior proximidade entre o nível estadual central e os níveis locais,
possibilitando agilidade na implantação e/ou implementação de ações de controle da
tuberculose ou na resolução de problemas.
283
participar do planejamento, programação e organização das Redes de Atenção à
Saúde para o atendimento ao paciente com tuberculose, em articulação com sua
esfera estadual;
284
3. O Programa Nacional de Controle da
Tuberculose
Para isso, privilegia a descentralização das medidas de controle para a atenção básica,
ampliando o acesso da população geral e das populações mais vulneráveis ou sob risco
acrescido de contrair a tuberculose. Utiliza, ainda, ações inovadoras que visam a ampliar e
a fortalecer a estratégia do tratamento diretamente observado, com o enfoque no cuidado e
na adesão ao tratamento e na articulação com outros programas governamentais para
ampliar o controle da tuberculose e de outras comorbidades, como a infecção pelo HIV.
Também incentiva a articulação com organizações não governamentais ou da sociedade
civil, para fortalecer o controle social e garantir a sustentabilidade das ações de
controle.
285
Administração e Orçamento;
Atenção à Pessoa com Tuberculose;
Informação Estratégica;
Mobilização, Advocacy e Promoção à Saúde;
Planejamento e Monitoramento.
Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde
286
4. Redes de Atenção à Saúde
O objetivo das RAS é prestar uma atenção integral, de qualidade, resolutiva, de forma
regionalizada, com integração entre os diversos pontos de atenção, que, de fato, atenda
às necessidades da população adscrita. Para que a rede cumpra seu papel, é imprescindível
que a AB esteja minimamente organizada, de forma territorializada e com sua população
cadastrada.
III– Modelos de atenção à saúde: Os modelos de atenção à saúde são sistemas lógicos
que organizam o funcionamento das RAS, articulando as relações entre os componentes
da rede e as intervenções sanitárias, definidas pelas situações demográfica e
epidemiológica e pelos determinantes sociais da saúde (MENDES, 2011). Os modelos de
atenção à saúde são
287
diferenciados para as condições agudas e crônicas. O primeiro modelo é voltado à atenção
aos eventos agudos e à agudização das condições crônicas; e o último se propõe a dar
resposta à situação de saúde da alta prevalência de condições crônicas, tendo em vista a
ineficiência dos sistemas fragmentados para enfrentar essa situação (WAGNER et al.,
2001). A APS é a coordenadora desse fluxo, exceto na rede de urgência e emergência.
Rede Cegonha, por meio da portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011 (BRASIL, 2011b);
Rede de Urgência e Emergência (RUE), por meio da portaria nº 1.600, de 7 de julho
de 2011;
Rede de Atenção Psicossocial para as pessoas com sofrimento ou transtorno mental
e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas (RAPS), pela
portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. (BRASIL, 2011d);
Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiências (Viver Sem Limites), portaria nº 793, de
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24 de abril de 2012 (BRASIL, 2012);
Essas redes vêm sendo implantadas no país, inicialmente em regiões de saúde conside-
radas prioritárias, sendo a meta implantar em todas as regiões de saúde do Brasil. Para
operacionalizar a implantação das RAS, os estados e/ou municípios constituíram grupos
condutores estaduais e locais, comitês gestores, grupos executivos, grupos de
mobilização social e grupos de especialistas. Os grupos condutores elaboraram Planos de
Ação Regional (PAR) e têm o papel de apoiar e monitorar a implantação das redes no
país.
288
4.2. A TUBERCULOSE NAS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE
Tanto na portaria que institui as RAS como no decreto nº 7.508, a APS é considerada o
centro de comunicação das RAS, a coordenadora do cuidado do cidadão, responsável pelo
fluxo da atenção nos diversos pontos e níveis de atenção (BRASIL, 2010, 2011).
No caso da tuberculose, os maiores desafios são: a criação das referências com a devida
pactuação das regiões e a garantia do funcionamento dos diversos níveis efetivamente
como rede.
Embora a implantação das RAS venha se dando por meio de redes temáticas consideradas
prioritárias pelos gestores do SUS, vale ressaltar que não se deve pensar em implantar
RAS para cada agravo ou linha de cuidado.
289
FIGURA 18 – Estrutura de atenção à TB
ATENÇÃO BÁSICA
Esquema Básico
Efeitos adversos menores
Rede Hospitalar
Competências da AB
realizar vacinação BCG e monitorar coberturas vacinais;
realizar a “Busca Ativa de sintomáticos respiratórios” – de modo permanente na
unidade de saúde e/ou nos domicílios (por meio da ESF ou PACS), assim como em
instituições fechadas na sua área de abrangência (ver capítulo de Detecção de
Casos);
realizar coleta de escarro e outros materiais para o exame de baciloscopia, TRM-TB,
cultura, identificação e teste de sensibilidade (TS), garantindo que o fluxo desses
exames seja oportuno e que o resultado da baciloscopia ou TRM-TB esteja disponível
para o profissional de saúde, no máximo, em 24 horas na rede ambulatorial e a
cultura em, no máximo, 45 dias;
290
solicitar cultura, identificação de micobactérias e teste de sensibilidade, para os
casos previstos no capítulo Diagnóstico Bacteriológico;
solicitar cultura, identificação de micobactérias e teste de sensibilidade para os
casos com baciloscopia de controle positiva ao final do 2º mês e para os casos de
falência, garantindo o tratamento diretamente observado. Os casos com evolução
clínica desfavorável deverão ser encaminhados para a referência;
indicar e prescrever o esquema básico, realizar o tratamento diretamente observado
e monitorar todos os casos bacteriologicamente confirmados com baciloscopias de
controle até o final do tratamento. Para os casos com forte suspeita clínico-
radiológica e com baciloscopias e/ou TRM-TB negativos, indica-se, sempre que
possível, encami- nhar para elucidação diagnóstica nas referências secundárias;
oferecer a testagem do HIV, sempre que possível o teste rápido, a todas as pessoas
com tuberculose e seus contatos, independentemente da idade;
291
oferecer apoio aos doentes em relação às questões psicossociais e trabalhistas por
meio de articulação com outros setores, procurando garantia de direitos para
melhor qualidade de vida dos usuários e remover obstáculos que dificultem a adesão
dos doentes ao tratamento. Portanto, espera-se que a abordagem ao paciente seja
integral, figurando a Estratégia Saúde da Família como o grande apoio para realizar
essas atividades;
articular com outros serviços de saúde o atendimento dos usuários conforme suas
necessidades.
Na definição das referências, faz-se necessário garantir o acesso ágil aos seguintes
exames e/ou procedimentos:
As unidades de referência para TB devem contar com equipe multidisciplinar para a condução
de casos de maior complexidade. Essas unidades podem estar instaladas em policlínicas,
centros de referências ou hospitais, conforme a conveniência dos municípios.
292
O intercâmbio entre os profissionais da atenção básica e das referências deve ser
estimulado e facilitado pelas coordenações estaduais, regionais e municipais, incluindo
periodicamente discussão de casos (reuniões clínicas).
trabalho por equipe multidisciplinar com outros profissionais como Assistência Social
e Saúde Mental, na própria unidade com parcerias pré-estabelecidas;
Competências
Elucidação diagnóstica – para pessoas com suspeita de TB pulmonar com
baciloscopia negativa e/ou com apresentação radiológica atípica, bem como auxílio
no diagnóstico das formas extrapulmonares;
294
condições mínimas de biossegurança para o atendimento de pessoas com
tuberculose (ver capítulo Controle de Infecção da Tuberculose em Unidades de
Saúde);
Competências
1.Manejo das resistências aos fármacos antiTB:
diagnosticar e tratar os casos de monorresistência, polirresistência, TB MDR e TB
XDR, realizando, mensalmente, as baciloscopias e, pelo menos trimestralmente, as
culturas; e, a critério médico, o teste de sensibilidade aos fármacos de segunda
linha até o final de tratamento;
garantir o tratamento diretamente observado para todos os casos, que poderá ser
feito na própria referência ou na atenção básica/ESF (TDO compartilhado);
295
4.2.5. Atenção hospitalar na tuberculose
Embora a porta de entrada de eleição da rede de atenção à tuberculose seja a atenção básica,
é sabido que, nos médios e grandes centros urbanos, a porta de entrada para diagnóstico
do doente de tuberculose é, muitas vezes, a urgência/emergência (pronto-socorro e
hospitais). Além disso, pessoas com tuberculose ativa podem necessitar de assistência
hospitalar ao longo do tratamento por intercorrências relacionadas ou não à tuberculose.
hospitais penitenciários.
Taxas de resistência aos fármacos antiTB mostram-se superiores aos inquéritos realizados
na atenção básica (BRITO et al., 2004, 2010), além da demonstração de altas taxas de
conversão da prova tuberculínica entre profissionais de saúde (ROTH et al., 2005).
Tais ações devem ser orientadas pelos programas de controle de TB em nível municipal,
bem como pelos laboratórios de saúde pública municipal e/ou estadual em parceria com
hospitais públicos e/ou privados. No capítulo Controle de Infecção da Tuberculose em
Unidades de Saúde encontra-se a descrição de proposta de plano de ação para controle de TB
em hospitais. Esse plano deve envolver não somente medidas de biossegurança, mas
também medidas relacionadas à otimização de ações de assistência e vigilância.
297
5. Rede Laboratorial
O Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (SNLSP) foi reestruturado com uma
nova sigla, SISLAB, pela Portaria nº 15, em janeiro de 2002, ratificada pela Portaria nº 2.031,
de setembro de 2004. O Sislab é constituído por um conjunto de redes nacionais de
laboratórios, organizadas em sub-redes, por agravo ou programas, de forma
hierarquizada, por grau de complexidade das atividades relacionadas à vigilância em
saúde – compreendendo vigilância epidemiológica e vigilância em saúde ambiental,
vigilância sanitária e assistência médica.
Mais recentemente, para que os usuários possam se beneficiar com a cultura para
micobactérias, o MS tem realizado capacitação e fornecido suporte técnico para implantação
do Método de Ogawa-Kudoh em algumas capitais ou municípios estratégicos. Esse método
de realização da cultura é uma opção para os LRM ou LL que desejam realizar cultura e
não possuem os equipamentos necessários e infraestrutura de biossegurança para os
outros métodos. É econômico e suficientemente sensível para assegurar que a cultura
contribua para confirmar o diagnóstico da tuberculose pulmonar, nos casos suspeitos com
baciloscopia negativa, e é útil para recuperar os bacilos de escarros de pacientes
Resultados preliminares de ensaio clínico pragmático sugerem que também seja custo efetivo
o uso de cultura por método automatizado e de teste rápido molecular para o diagnóstico
de TB e TB resistente em pacientes atendidos em unidades hospitalares com elevada carga de
TB e HIV, TB e outras comorbidades. Esses métodos, quando realizados em LL, LRM e LRRE,
podem trazer grande impacto no controle da tuberculose ao promoverem menor
morbimortalidade, menor transmissão em nível intra-hospitalar ou prisional e para a
comunidade, ao reduzir o tempo de espera do paciente pelo resultado da cultura e do
teste de sensibilidade, diminuindo, consequentemente, o tempo para início do
tratamento.
299
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300
QUADRO 50 – Rede hierarquizada de execução de exames para diagnóstico e controle da tuberculose outras micobacterioses
IDENTIFICAÇÃO IDENTIFICAÇÃO
DO COMPLEXO DE MICOBACTÉRIAS TESTE DE SENSIBILIDADE
M. TUBERCULOSIS NÃO TUBERCULOSAS
CC X X X X X X X X X
LRN X X X X X X X X X
LRR X X X X X X X X X
LRE/Lacen X X X X X X X
LRM LRRE X X X1 X X
LF X X X1 X
LL X X X1
Fonte: BRASIL, 2011.
1
Método Ogawa-Kudo
Obs.: Considerando a hierarquização da rede de laboratórios, destaca-se que os laboratórios de maior nível hierárquico devem ser capazes de realizar todos os exames
recomendados para o diagnóstico da TB, ainda que suas atribuições estejam relacionadas aos de maior complexidade.
6. Intersetorialidade no Controle da Tuberculose
Intersetorialidade pode ser interpretada como uma ação direcionada à busca da promoção
de produtos sociais em comum. É a ação ou parceria em que todos os setores irão
compartilhar conhecimentos e desfrutar dos benefícios. Deve ser o eixo estruturador das
políticas públicas, possibilitando uma abordagem geral dos problemas sociais.
Diversos estudos sobre tuberculose têm apresentado como determinantes sociais mais
recorrentes a pobreza, desnutrição, baixa escolaridade, moradias precárias, alta
densidade populacional, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, viver em áreas de alta
incidência de TB, uso abusivo de álcool e outras drogas, migração, além de barreiras culturais
e econômicas.
O controle da tuberculose, para ser efetivo, deve ir além das usuais estratégias de diagnóstico
e tratamento, demandando também o fortalecimento de ações que considerem os
condicionantes e determinantes sociais da doença. Por trazer implicações que extrapolam
as práticas clínicas, o controle da doença envolve ações mais amplas sobre as condições
de vida da população. Portanto, é importante considerar a contribuição de outras áreas
do conhecimento e reconhecer as limitações do setor saúde.
301
6.1. DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Como a tuberculose é uma doença fortemente relacionada aos determinantes sociais, políticas
integradas podem provocar mudanças no contexto de vida das pessoas, gerando impacto
no processo de adoecimento, diagnóstico e tratamento da doença, uma vez que barreiras
de acesso a direitos, bens e serviços são rompidas.
Superação da pobreza
É importante que os profissionais de saúde procurem identificar as vulnerabilidades
sociais dos seus pacientes e os encaminhem para os serviços de assistência social, de
forma que seja avaliada a necessidade e o perfil para inclusão no Cadastro Único para
Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e em programas sociais.
Vale destacar que o Programa Bolsa Família é um programa do Governo Federal que
repassa benefício financeiro diretamente às famílias, e elas assumem o compromisso de
manter os filhos na escola e fazer o acompanhamento de saúde das crianças, dos
adolescentes e das gestantes.
Para a superação da pobreza, além da garantia de renda, que promove o alívio imediato,
são frentes de ação: a melhoria do acesso a serviços públicos de assistência social,
educação, saúde e habitação; e a inclusão produtiva por meio do aumento da capacidade
e oportunidades de trabalho e geração de renda entre as famílias mais pobres do campo e
da cidade.
Vale destacar que alguns estados e municípios têm programas sociais locais, nos quais
pode-se discutir a inclusão de pacientes com tuberculose, mediante critérios específicos.
302
Assistência Social
A política pública de assistência social, juntamente com a política de saúde e de
previdência social, compõem o sistema de Seguridade Social Brasileira. A Assistência
Social tem caráter não-contributivo, ou seja, para acessá-la não é necessário prévia
contribuição, sendo prestada a quem dela necessitar. Um dos objetivos da Assistência
Social Brasileira é garantir a manutenção das necessidades básicas e atender
contingências sociais, além da universalização dos direitos sociais.
Os serviços que integram a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial podem ser
parceiros para o desenvolvimento de ações de controle da tuberculose,
especialmente considerando populações em situação de vulnerabilidade social. Os
serviços de saúde, identificando o paciente de tuberculose em situação de
vulnerabilidade, podem orientá-
-lo a buscar os serviços da assistência social, especialmente o CRAS, para avaliação das
303
condicionalidades, cadastro e acesso aos benefícios disponíveis. O incremento na renda
pode melhorar as condições de vida do indivíduo e contribuir para a adesão ao
tratamento da tuberculose.
Como produto das articulações intersetoriais entre o SUS e SUAS, foi assinada, em
setembro de 2014, a Instrução Operacional Conjunta nº 1, que estabelece orientações
gerais sobre a tuberculose e as potenciais contribuições dos serviços socioassistenciais
para o controle da doença no país.
Previdência Social
A Previdência Social tem caráter contributivo e funciona como um seguro social. É uma
instituição pública que tem como função assegurar aos seus beneficiários meios
indispensáveis de manutenção quando perdem a capacidade de trabalho, seja por motivo
de incapacidade (doença ou acidente), desemprego involuntário, idade avançada, tempo de
serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam
economicamente.
Para ser assegurado pela Previdência Social, é preciso contribuir para o Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS), responsável pelas arrecadações das contribuições e pelo
pagamento dos benefícios. Todos os trabalhadores registrados com carteira assinada são
protegidos pela Previdência Social, e aqueles que não são registrados podem se filiar
espontaneamente, como contribuintes individuais ou facultativos.
Auxílio-doença
O auxílio-doença é um benefício previdenciário para os contribuintes e funciona como um
seguro. O segurado terá direito a recebê-lo caso fique incapaz para o trabalho por mais
de 15 dias consecutivos em razão de adoecimento.
Para ter direito ao benefício, o trabalhador tem que ter contribuido para a Previdência
Social por, no mínimo, 12 meses. Esse prazo não é exigido em caso de acidente e de
determinadas doenças, como a tuberculose ativa, listada pela Portaria Interministerial
2.998/2001.
O segurado que recebe auxílio-doença deve realizar exame médico periódico e, se for
constatado que não poderá retornar para sua atividade habitual, deverá participar do
programa de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade, prescrito e custeado
pela Previdência Social. Caso seja constatado que o segurado não tem mais condições de
trabalhar, poderá ser aposentado por invalidez.
305
Aposentadoria por invalidez
A aposentadoria por invalidez é um benefício previdenciário para os segurados que, por
motivo de doença ou acidente, forem considerados pela perícia médica do INSS
incapacitados para o trabalho total e definitivamente.
A aposentadoria por invalidez corresponderá a uma renda mensal de 100% (cem por
cento) do salário de benefício. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que
necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e
cinco por cento), ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal.
Para a solicitação dos benefícios ou para maiores informações, estão disponíveis: o endereço ele
<, o telefone 135 e as agências do INSS.
Sistema Prisional
Considerando a população privada de liberdade, a incidência de tuberculose e as
especificidades para o controle da doença no sistema prisional, faz-se necessário realizar
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São atribuições do Depen, estabelecidas no art. 72 da Lei n.º 7.210 de 11 de julho de 1984 e
no Decreto n.º 6.061 de 15 de março de 2007, zelar para que as normas de execução penal
sejam corretamente aplicadas em todo o Brasil, entre elas garantir o direito ao acesso à
saúde, implantação de unidades e serviços penais.
Dentre as resoluções importantes vindas do CNPCP e que devem ser observadas pelo
Depen e estabelecimentos penais, podemos destacar:
307
Nesse sentido, é importante estabelecer estratégias de intervenção e diálogo com atores
diversos, com base no referencial dos direitos humanos, visando a contribuir para a
consolidação de uma rede de proteção social que dê suporte às pessoas acometidas pela
tuberculose no Brasil, tendo em vista que a doença está relacionada à pobreza e invisibilidade
dos grupos mais afetados, especialmente: população em situação de rua, população
privada de liberdade, indígenas e pessoas vivendo com HIV/AIDS.
6.4. EDUCAÇÃO
No PSE, a criação dos Territórios Locais é elaborada a partir das estratégias firmadas entre
a escola, seu projeto pedagógico e a unidade básica de saúde. O planejamento destas
ações do PSE considera: o contexto escolar e social, o diagnóstico local em saúde do
escolar e a capacidade operativa em saúde do escolar.
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308
6.5. TRANSPORTES
Essa gratuidade pode dar-se por meio de lei específica, articulações locais com a
Secretaria de Transporte, Conselhos de Saúde ou mesmo com as empresas de transporte,
de acordo com a realidade e as possibilidades locais.
Cada serviço, profissional ou programa de tuberculose pode criar sua própria maneira de
iniciar articulações intersetoriais, de acordo com suas possibilidades e especificidades.
Listamos algumas sugestões para iniciar ou ampliar parcerias com outros setores, que
podem contribuir para o controle da tuberculose no território.
I – Análise dos dados do estado, município e serviços: fazer diagnóstico da realidade local,
com delimitação do perfil da população atendida e de suas necessidades para estabelecer
a estratégia de parcerias. É importante dominar não apenas as informações sobre os
aspectos clínicos da tuberculose, mas deve-se avançar na perspectiva de conhecer o
II– Mapeamento da rede do território: identificar instituições públicas que podem ser
parceiras e delimitar em quais intervenções elas podem contribuir. É importante
conhecer e ser conhecido pelos eventuais parceiros. A sociedade civil e os movimentos
sociais podem contribuir no controle da tuberculose, tendo em vista que estão próximos
da realidade local. Nesse sentido, vale destacar a atuação dos Comitês Estaduais de TB
que vêm participando desse processo. Mesmo empresas e outras instituições do setor
privado podem ser sensibilizadas para contribuir com as ações para o controle da
tuberculose. Parcerias com comércio ou outros estabelecimentos privados podem apoiar
ações de educação, tratamento compartilhado, ou mesmo viabilizar recursos como
alimentos.
309
III – Elaborar um plano de ação conjunto com os parceiros: seja para um projeto
pontual ou uma ação mais duradoura, sugere-se elaborar um projeto com objetivos
claros, uma boa justificativa, público-alvo, cronograma e os custos e despesas
eventualmente necessárias. Isso propicia definição clara de papéis e disponibilidade de
tempo em que cada parceiro se insere e pode contribuir.
310
7. Participação Comunitária, Mobilização
Social e Advocacy
Durante a 65a Assembleia Mundial de Saúde, em maio de 2012, alguns Países Membros, dentre
eles o Brasil, acordaram com a OMS o desenvolvimento da nova estratégia de TB, visando
ao estabelecimento de uma agenda pós-2015. O Brasil, por sua experiência em acesso
universal à saúde e proteção social por meio do modelo SUS e seus programas de
benefícios sociais, apoiou fortemente a inclusão de estratégias relacionadas à maior
participação da sociedade civil e ao enfrentamento dos determinantes sociais da TB, para
a eliminação da TB como problema de saúde pública no mundo.
311
7.2. ESTRATÉGIA CAMS
Embora comunicação, advocacy e mobilização social tenham seus papéis bem definidos,
são mais eficazes quando aplicados em conjunto. Assim, as atividades de CAMS devem ser
desenvolvidas em paralelo e não separadamente.
Para melhor compreender a estratégia CAMS e como ela pode ser aplicada no âmbito dos
estados e municípios, seus componentes estão descritos a seguir.
Até 2003, atuações da sociedade civil no Brasil com relação à tuberculose manifestavam-
se, principalmente, por meio da iniciativa de pesquisadores, profissionais de saúde,
estudantes de medicina e da Liga Científica contra a Tuberculose.
A priorização da participação comunitária por parte dos gestores dos estados do Rio de
Janeiro e de São Paulo contribuiu para o surgimento do Fórum de ONG TB do Rio de
Janeiro, em agosto de 2003, e da Rede Paulista de Controle Social, em 2005. Essas instâncias
trabalham ativamente no enfrentamento da tuberculose por meio de atividades de
sensibilização da população para questões relacionadas à prevenção da TB, combate ao
estigma e preconceito e incidência na qualificação das políticas públicas de saúde
relacionadas ao controle da tuberculose no país (SANTOS FILHO; SANTOS, 2007).
Em 2004, por iniciativa do Ministério da Saúde, foi criada a Parceria Brasileira Contra a
Tuberculose, também conhecida como Stop TB Brasil. Diante da mobilização global
contra a tuberculose, concretizada pela instituição Stop TB Partnership, vinculado à
UNOPS, foi proposta a consolidação de uma rede de parceiros no país para fortalecer a
atuação do PNCT.
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Com o início do Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil, em 2007, foram constituídos os
Comitês Metropolitanos, instâncias criadas para o acompanhamento das ações do projeto
e sua respectiva execução orçamentária.
Como produto da articulação entre o Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil, PNCT e
comitês, consolida-se a Rede Brasileira de Comitês para o Controle da Tuberculose, que
tem como missão “ser um articulador entre governo e sociedade civil, buscando integração e
contribuição para as políticas públicas do controle da tuberculose no país, dando
visibilidade às ações de mobilização, advocacy, comunicação social, monitoramento e
avaliação, com vistas à garantia da cidadania e defesa do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
A partir das experiências exitosas dos comitês, outros estados, que não estavam contemplados
no projeto, têm se mobilizado para a implantação de comitês.
314
A ampla mobilização, envolvendo o movimento social de tuberculose, a Parceria
Brasileira, os Comitês, profissionais de saúde e o Programa Nacional, fomentou a criação
de Frentes Parlamentares de luta contra a Tuberculose, no âmbito federal, estadual e
municipal.
Em 2012, por meio de uma ampla articulação entre gestão e sociedade civil, a Frente
Parlamentar Nacional de luta contra a tuberculose foi criada. Nos dois primeiros anos de
existência, a frente realizou uma série de atividades com o objetivo de dar visibilidade ao
tema no parlamento. Dentre as ações realizadas, cabe destacar a elaboração do Relatório
da Subcomissão Especial destinada a analisar e a diagnosticar a situação em que se
encontram as Políticas de Governo Relacionadas às Doenças Determinadas pela Pobreza.
No relatório, foram apresentas propostas diferenciadas para o enfrentamento da
tuberculose, servindo como diretrizes para os diferentes atores na luta contra a doença. O
material também fomenta a discussão sobre proteção social à pessoa com tuberculose no
âmbito do legislativo estadual e das câmaras de vereadores nos municípios (BRASIL,
2013).
Outra estratégia importante a ser realizada pelos programas é a aproximação com a área
responsável pela comunicação nas secretarias de saúde.
315
Por exemplo, uma discussão com a coordenação da vigilância local a respeito da realização de
uma determinada ação para a qualificação da adesão ao tratamento, envolvendo a ampliação
do orçamento para tuberculose, é uma ação de advocacy. Nesse caso, a ação é realizada
por meio do protagonismo de um profissional de saúde que domina o assunto, conhece os
dados e a situação epidemiológica da doença e, portanto, tem condições de argumentar
com os níveis superiores sobre a necessidade de realização da atividade.
Não menos importantes são as ações de advocacy realizadas entre sociedade civil e
gestão junto ao poder legislativo, como a criação de Frentes Parlamentares, a incidência
política sobre Comissões Parlamentares de Saúde e Direitos Humanos, entre outras. O
desenvolvimento de tais ações pressupõe a elaboração de uma agenda de trabalho conjunta
com a sociedade civil. É importante considerar que gestão e sociedade civil ocupam
espaços de inserção política que se complementam.
Nesse sentido, cabe aos programas fomentar a melhor maneira de planejar e de realizar
tais ações de mobilização com seus parceiros. Indicadores epidemiológicos e populações
de maior vulnerabilidade para a tuberculose também devem ser considerados para a
execução das atividades. Ações de incidência direta nas comunidades devem ser
construídas a partir da realidade local e contar com o envolvimento da comunidade para
a sua realização.
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Cabe então a cada programa identificar a melhor forma de estabelecer as suas parcerias
na área de CAMS e refletir sobre a possibilidade de constituir uma instância de
interlocução
316
formal, como é o caso dos comitês. A experiência da Rede Brasileira de Comitês para
o Controle da Tuberculose tem demonstrado que o estabelecimento de uma instância
formal de interlocução entre diferentes parceiros tem contribuído para o aprimoramento
e visibilidade das questões relacionadas ao controle da doença nos níveis estadual
e municipal.
O PNCT prioriza as ações de CAMS e busca fornecer apoio técnico e político aos estados
e municípios, seja para a formação de comitês locais, estabelecimento de parcerias
intra e intersetoriais, fortalecimento do trabalho em rede ou para ações específicas de
comunicação.
317
8. Pesquisas em Tuberculose
Em âmbito nacional, vários planos de ação orientaram as ações de controle da TB, desde
o Plano Global da OMS 2006-2015 (WHO, 2006), passando pelo Plano Regional para as
Américas (PAHO, 2006) e chegando ao Plano Estratégico do Programa Nacional de
Controle da Tuberculose 2007-2015 (BRASIL, 2007a). Todas essas iniciativas já
reconheciam o uso da pesquisa como uma ferramenta-chave para o controle da doença. A
nova agenda do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública
(Plano Nacional pelo Fim da TB), que tem como período de vigência 2016-2020, reafirma as
ações de controle da TB com a inclusão da pesquisa, em suas diversas vertentes, como de
fundamental importância para que se possam alcançar as metas e novos indicadores
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Em consonância com a nova estratégia pós 2015, o Plano Nacional pelo Fim da TB tem
por objetivos estabelecer parcerias para fomentar a realização de pesquisas no país, em
temas de interesse para saúde pública, e promover o desenvolvimento científico e
tecnológico, bem como a incorporação de iniciativas inovadoras para aprimorar o controle
da TB.
319
9. Vigilância Epidemiológica
9.1. OBJETIVO
9.2.DEFINIÇÃO DE CASO
QUADRO 51 – Tempo de tosse para investigação da tuberculose nas populações mais vulneráveis
Privados de liberdade
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Profissionais de saúde
Indígenas
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
320
Caso confirmado de tuberculose
O caso de tuberculose pode ser confirmado pelos critérios a seguir:
Caso descartado
É todo aquele que não atende aos critérios de confirmação acima descritos,
principalmente quando há diagnóstico de outra doença. As situações não previstas nos
critérios acima devem ser tratadas individualmente.
9.3.NOTIFICAÇÃO
Os dados devem ser obtidos diretamente com o paciente e complementados por meio
de seu prontuário, de resultados de exames e outras fontes. Além de determinar as
principais características epidemiológicas da tuberculose, a investigação deve ensejar a
descoberta de novos casos ou ainda de contatos com infecção latente da tuberculose. Os
dados presentes na ficha de notificação/investigação devem ser inseridos no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), conforme descrito no capítulo Sistemas de
Informação – Sinan deste Manual.
321
Além da notificação, recomenda-se o registro do caso confirmado no Livro de Registro de
Pacientes e Acompanhamento de Tratamento dos Casos de Tuberculose (Anexo XII). Esse livro
auxilia na organização do serviço de saúde, uma vez que permite o conhecimento de
todos os casos de tuberculose acompanhados na unidade em um único instrumento.
Os óbitos nos quais a tuberculose é citada como causa básica ou associada devem ser
comunicados aos responsáveis pela vigilância epidemiológica municipal com o objetivo
de validar esse diagnóstico e verificar se as ações de vigilância foram realizadas. As
orientações para a vigilância do óbito com menção de tuberculose estão descritas em
protocolo específico.
Para fins operacionais, o parâmetro nacional usado é de que 1% da população geral seja
sintomática respiratória, podendo variar entre as diferentes localidades (Anexo VIII).
Recomenda-se que a equipe busque rotineiramente os sintomáticos respiratórios a fim de
que todos sejam identificados e avaliados clínica e laboratorialmente.
Todo esforço deve ser feito para que não haja interrupção do tratamento. Caso o
paciente falte à tomada observada dos medicamentos, ou a qualquer consulta agendada,
deverá ser contatado imediatamente, por telefone, carta, visita domiciliar ou qualquer
outra forma, evitando a descontinuidade no tratamento.
323
Para o encerramento oportuno, recomenda-se que os casos de tuberculose em
tratamento com o esquema básico (de duração de seis meses) sejam encerrados em até
nove meses, e que os casos de tuberculose meningoencefálica (de duração de 12 meses)
sejam encerrados no sistema em até 15 meses.
Visita domiciliar
A visita domiciliar tem como objetivo identificar sintomáticos respiratórios, agendar exame de
contatos, reforçar as orientações, verificar possíveis obstáculos à adesão, procurar
soluções para superá-los e evitar o abandono. Dessa forma, o serviço de saúde pode
promover a adesão ao tratamento e estreitar os vínculos com o paciente e a família. O
usuário deve ser avisado sobre a visita e deve-se assegurar o sigilo quanto às suas
informações.
Indica-se realizar visita domiciliar para todo caso de tuberculose diagnosticado, especialmente
aos que apresentam a forma pulmonar diagnosticada por critério laboratorial e a todo
caso que não compareça ao serviço de saúde quando agendado.
A visita domiciliar também deve ser realizada logo após a verificação do não comparecimento
para realização do tratamento diretamente observado na unidade de saúde. O contato
telefônico imediato após a falta pode facilitar o entendimento do problema e direcionar a
visita domiciliar.
Investigação de contatos
Diante de um caso de tuberculose, é necessária investigação epidemiológica das pessoas
que tiveram contato com o indivíduo infectado.
324
9.5.VIGILÂNCIA EM AMBIENTE HOSPITALAR
Em hospitais, é preciso atentar para a descoberta precoce de casos de tuberculose,
pronta instituição de medidas de biossegurança, tratamento e notificação. Sabe-se que os
casos detectados em hospitais podem estar mais sujeitos a desfechos desfavoráveis, seja
pela sua gravidade, ou ainda pelo risco de descontinuidade do tratamento após a alta
hospitalar. Dessa forma, a equipe de saúde dessas instituições deve ser capacitada para
Busca Ativa na unidade hospitalar e para o adequado manejo dos casos diagnosticados.
A vigilância da ILTB se estrutura em cinco pilares principais: (1) identificação das pessoas
com maior probabilidade de ter ILTB ou com maior risco de adoecimento; (2)
identificação de pessoas com a ILTB; (3) indicação correta do tratamento e
acompanhamento adequado;
(4) notificação das pessoas que irão realizar o tratamento da ILTB; e (5) monitoramento e
avaliação da realização do tratamento da ILTB.
A recomendação é notificar todas as pessoas com a ILTB cujo tratamento será iniciado.
A “Ficha de notificação das pessoas em tratamento da ILTB” (disponível em:
http://sitetb. saude.gov.br/iltb) deverá ser usada como instrumento para notificação.
Ela poderá ser utilizada em sua versão impressa pelas unidades de saúde não
informatizadas e na versão on-line diretamente no IL-TB.
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326
O livro também poderá ser utilizado em sua versão física/impresso pelas unidades de
saúde não informatizadas, além de uma versão em Excel (Microsoft Corporation®),
disponível em: http://sitetb.saude.gov.br/iltb.
Para os casos de ILTB que iniciarão o tratamento, os tipos de entrada são assim classificados:
caso novo: pessoa que nunca fez o tratamento da ILTB e que irá iniciar o tratamento;
reingresso após abandono: pessoa que inicia um novo tratamento de ILTB após o
abandono de um tratamento anterior (ver definição de abandono – item 4.4.4);
reentrada após mudança de esquema: pessoa que apresentou reação adversa maior
a um dos medicamentos e precisou fazer a substituição da mesma, iniciando um
novo tratamento da ILTB;
reexposição: pessoa que já se tratou para ILTB e teve novo contato com caso de TB
pulmonar ou laríngea, ou ainda aquele que, por decisão médica, irá refazer o trata-
mento para ILTB após tratamento anterior completo.
Todas as pessoas em tratamento da ILTB, caso necessitem ser transferidas para outra
unidade de saúde, seja no mesmo ou em outro município, ou em outro estado, devem ter
continuidade do tratamento assegurada. A transferência deve ser realizada
diretamente no IL-TB. As unidades de saúde não informatizadas que receberem
pacientes para a continuidade do tratamento da ILTB devem informar ao primeiro nível
A evolução dos casos de ILTB deve ser acompanhada e devidamente registrada, seja no
“Livro de investigação e acompanhamento de pessoas em tratamento da ILTB”, seja em
instrumento próprio do estado e/ou município. Nesse instrumento, bem como na ficha de
notificação e no sistema IL-TB, os casos devem ser encerrados de acordo com os critérios
a seguir:
suspenso por reação adversa: pessoa que apresentou reações adversas maiores, com
necessidade de suspensão ou troca do tratamento;
327
suspenso por PT < 5mm em quimioprofilaxia primária: se aplica para recém-nascidos
coabitantes de caso fonte confirmado laboratorialmente, que tenham iniciado a
quimioprofilaxia primária, e tiveram o tratamento suspenso ao final do terceiro mês
por PT < 5mm;
Os dados gerados pelo IL-TB devem ser analisados pela unidade de saúde, pelos níveis
municipal, estadual e federal. Os casos de ILTB notificados e incluídos no sistema de
informação geram um banco de dados que pode ser exportado para o formato Excel
(.xls), o que permite o cálculo de indicadores operacionais e epidemiológicos.
Adicionalmente, relatórios padronizados contendo os principais indicadores da vigilância
da ILTB estão disponíveis no IL-TB. Essas ferramentas de análise são importantes para se
conhecer a situação epidemiológica da ILTB nas unidades de saúde, municípios, UF e país,
além de possibilitarem o monitoramento e a avaliação das ações voltadas à ILTB.
328
9.10. VIGILÂNCIA DOS CASOS DE TRATAMENTOS
ESPECIAIS PARA TUBERCULOSE
Casos em tratamentos especiais de tuberculose são aqueles que tiveram indicação de uso
de esquemas diferentes do esquema básico, seja pela ocorrência de reações adversas, ou
por resistência a algum medicamento antituberculose.
329
10. Sistemas de Informação
alcance desse objetivo. Neste capítulo serão considerados para fins de descrição o Sinan
e o SITE-TB.
331
FIGURA 19 – Instrumentos de registro utilizados na investigação epidemiológica da tuberculose
Caso suspeito
Livro de registro de sintomáticos respiratórios
Encerramento
O Sinan foi implantado, de forma gradual, a partir de 1993. Desde 1998, o uso desse
sistema foi regulamentado, tornando obrigatória a alimentação regular da base de dados
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332
10.2.1. Notificação do caso
A tuberculose é uma doença de notificação compulsória em todo território nacional.
A notificação compulsória é regulamentada pela Portaria nº 204/2016.
Os dados devem ser obtidos diretamente com o paciente e complementados por meio de
seu prontuário, de resultados de exames e outras fontes.
caso novo – é o caso de tuberculose ativa que nunca utilizou medicamento anti-
tuberculose ou que utilizou por menos de 30 dias. Deve-se verificar insistentemente,
com o paciente e seus familiares, se não houve tratamento prévio para tuberculose
por 30 dias ou mais;
333
Observações:
tratamento com o esquema básico (de duração de seis meses) sejam encerrados em até
nove meses e que os casos de tuberculose meningoencefálica (de duração de 12 meses)
sejam encerrados no sistema em até 15 meses.
abandono – paciente que fez uso de medicamento por 30 dias ou mais e interrompeu
o tratamento por 30 dias consecutivos ou mais;
334
abandono primário – paciente que fez uso de medicamento por menos de 30 dias e
interrompeu 30 dias consecutivos ou mais, ou quando o paciente diagnosticado não
iniciar o tratamento;
óbito por tuberculose – quando o óbito apresentar a tuberculose como causa básica,
a qual deve estar de acordo com as informações contidas no SIM. A tuberculose
corresponde aos códigos A15 ao A19 da 10a Classificação Internacional de Doenças
(CID);
óbito por outras causas – quando a causa básica não foi a tuberculose, mas a tuber-
culose consta como causa associada. As causas de morte devem estar de acordo com
as informações contidas no SIM;
transferência – quando o doente for transferido para outro serviço de saúde. A trans-
ferência deve ser processada por meio de documento que contenha informações
sobre o diagnóstico e o tratamento realizado até aquele momento. É de
responsabilidade da unidade de origem a confirmação de que o paciente
compareceu à unidade para a qual foi transferido;
335
10.2.4. Rotinas para qualificação dos dados do Sinan
Duplicidade de registros
É possível identificar a existência de registros duplicados por meio do Sinan. O relatório
padrão emitido para essa rotina seleciona registros que tenham os seguintes campos
idênticos: primeiro e último nome do paciente, data de nascimento e sexo. É possível
alterar os filtros do relatório de duplicidade para que aumente ou diminua a sensibilidade
de captação dos possíveis registros duplicados.
É recomendado que esse relatório seja analisado, semanalmente, pelo primeiro nível
informatizado do município. Para as regionais e secretarias estaduais de saúde,
recomenda- se que a emissão e análise seja quinzenal e mensal, respectivamente.
Homônimos: são registros que apresentam primeiro e último nomes iguais dos pacientes,
mesma data de nascimento e mesmo sexo. No entanto, após análise de outros dados e, se
necessário, investigação, conclui-se que são pessoas diferentes.
Procedimento: esses registros devem ser marcados para “NÃO LISTAR” no relatório
de duplicidade.
Duplo registro durante o mesmo tratamento: é a situação em que o paciente foi notificado
mais de uma vez por unidades de saúde diferentes durante o mesmo tratamento devido à
transferência oficial ou espontânea.
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336
Quando o paciente efetuou mais de uma transferência durante o mesmo
tratamento, devem ser realizadas sucessivas vinculações das notificações,
mantendo, desse modo, os dados da notificação/investigação mais antigos e o
acompanhamento pela unidade de saúde responsável pela conclusão do tratamento.
Aos casos que tiverem a situação de encerramento preenchida como transferência,
o Sinan possibilitará a inserção do município e/ou estado de destino do paciente.
Com o registro no sistema, do local de destino do paciente, o monitoramento dos
casos em trânsito e a comunicação entre os PCT desses locais ficarão mais fáceis.
337
Situação 2 – Paciente com tuberculose em tratamento em um serviço de saúde (seja de
atenção primária ou unidades de referência) e procura um serviço de
urgência/emergência ou unidade de referência em virtude de uma intercorrência. Caso o
paciente venha a falecer nesse serviço de urgência/emergência ou unidade de referência.
Procedimento: o serviço de urgência/emergência ou unidade de referência notificará
o caso com tipo de entrada transferência e encerrará como óbito. O serviço de
saúde que iniciou o caso deve encerrá-lo como transferência. Cabe à vigilância, ao
encontrar essas duas fichas na lista de duplicidades, realizar a VINCULAÇÃO.
do mesmo).
338
Para que as informações se tornem efetivamente úteis, é imprescindível que análises de
qualidade das bases de dados (completitude, consistência, duplicidade e vinculação de
registros) sejam efetuadas regularmente.
Um banco de dados atualizado e de qualidade é útil para avaliação dos serviços prestados
ao paciente e pode servir de base para tomada de decisão para o desenvolvimento de
ações de controle da tuberculose.
339
A validação é realizada por equipe de médicos especialistas de diversas unidades de refe-
rência para tuberculose do país.
Se for identificada alguma incoerência nas questões acima relatadas, o validador irá
“registrar pendências” para o caso. Um caso com pendências não é considerado para
“envio de medicamentos” nem é contado no módulo “gerenciamento”. Portanto, ao
observar uma pendência para algum caso de sua unidade de saúde, o profissional deve
prontamente respondê-la para que a validação do caso seja concretizada.
340
10.3.3. Casos notificados no Sinan que não devem ser
notificados no SITE-TB
Casos de coinfecção TB-HIV em que a rifampicina for substituída pela rifabutina, por
não serem considerados tratamentos especiais;
os casos com alguma complicação durante o tratamento com o esquema básico, que
farão a introdução do esquema droga a droga. Esses casos só deverão ser notificados
no SITE-TB após a definição do esquema especial definitivo;
Em todas as situações acima, o acompanhamento deve ser feito no Sinan até seu encer-
ramento.
341
QUADRO 52 – Tipos de entrada dos pacientes de tuberculose com esquema especial, tuberculose
drogarresistente e micobactéria não tuberculosa no SITE-TB
Caso de TB DR em que há
al- teração do padrão de
resis- tência com
Mudança do
necessidade de um novo
padrão de
– tratamento para TB DR. Em –
resistência
caso de alteração do
esquema de tratamento em
uso, porém sem alteração
do padrão de resistência,
não é necessário renotificar
o caso
Fonte: BRASIL, 2017c.
342
10.3.5. Classificação dos casos inseridos no SITE-TB
Tuberculose com esquema especial (TB) – qualquer caso de tuberculose sensível ou
sem comprovação laboratorial de resistência, que utilize outro tratamento diferente
do esquema básico;
Tuberculose drogarresistente (TB DR) – caso de tuberculose com qualquer tipo de
resistência identificada pelo teste de sensibilidade ou TRM-TB, independentemente
do esquema de tratamento utilizado, exceto casos de monorresistência ao
etambutol, à pirazinamida ou à estreptomicina, que mantenham a utilização do
esquema básico. Estes deverão manter seu seguimento no Sinan;
Micobactéria não tuberculosa (MNT) – casos com identificação de micobactérias não
tuberculosas pelos métodos laboratoriais (cultura para micobactéria com
identificação de espécie), que foram identificados como diagnóstico diferencial de
tuberculose.
CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO
Fonte: BRASIL,2017c.
344
QUADRO 54 – Encerramentos dos casos de TB, TB DR e MNT
TUBERCULOSE DROGARRESISTENTE
TIPOS DE TUBERCULOSE COM
(TB DR) E MICOBACTÉRIA NÃO
ENCERRAMENTO ESQUEMA ESPECIAL (TB)
TUBERCULOSA (MNT)
TUBERCULOSE DROGARRESISTENTE
TIPOS DE TUBERCULOSE COM
(TB DR) E MICOBACTÉRIA NÃO
ENCERRAMENTO ESQUEMA ESPECIAL (TB)
TUBERCULOSA (MNT)
346
Recomenda-se verificar os esquemas, datas de início e fim do tratamento, dose,
frequência semanal e concentração de cada medicamento prescrito antes de realizar o pedido
no sistema, que deve ser feito pelo profissional responsável pela gestão de medicamentos
da unidade. Há necessidade de nova solicitação quando o estoque de qualquer
medicamento atingir a quantidade para 30 dias de duração.
Recomenda-se que a dispensação dos medicamentos no sistema para cada paciente seja
registrada, no mínimo, mensalmente.
347
11.Planejamento, monitoramento e avaliação
11.1. PLANEJAMENTO
Planejar consiste, basicamente, em decidir com antecedência o que será feito para
mudar condições insatisfatórias no presente ou evitar que condições adequadas venham a
deterio- rar-se no futuro (CHORNY, 1998). Implica organizar e mobilizar os recursos e as
expectativas para que as propostas se concretizem e os objetivos sejam atingidos. No
contexto SUS, o planejamento organiza as atividades e ações, conferindo direção ao
processo de consolidação do SUS, com vistas à melhoria do nível de saúde da população
(BRASIL, 2009b).
Pode-se afirmar que planejar é reduzir incertezas. Logo, implica algum grau de
intervenção na economia, associa-se a práticas regulatórias, orienta investimentos e está
diretamente vinculado à alocação eficiente de recursos (BRASIL, 2016).
Como forma de garantir a execução das ações planejadas, faz-se necessária a inserção do
tema tuberculose nos instrumentos de planejamento da saúde — o Plano de Saúde,
Programação Anual de Saúde e o Relatório Anual de Gestão – e nos instrumentos de
planejamento de governo — Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
e Lei Orçamentária Anual (LOA), definidos a partir do art. 165 da Constituição Federal.
Esses instrumentos interligam-se sequencialmente, compondo um processo cíclico de
planejamento.
E, por fim, o Relatório Anual de Gestão permite ao gestor apresentar os resultados alcançados
com a execução da Programação Anual de Saúde e orienta eventuais redirecionamentos
que se fizerem necessários no Plano de Saúde (Portaria nº 2.135 de 25 de setembro de
2013).
350
Exemplo de meta: reduzir até 5% o percentual de abandono do tratamento na população privad
Formulação de estratégias
Estratégia é o que será feito para operacionalizar o objetivo definido. As estratégias
representam o agrupamento de resultados, atividades ou ações que são detalhadas no
Plano de Trabalho.
Nessa etapa também são definidos os responsáveis por cada atividade. A participação dos
parceiros intersetoriais e intrassetoriais na construção do planejamento e na execução
351
11.2. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Tais indicadores devem ser analisados considerando o contexto em que foram obtidos,
uma vez que múltiplos fatores interferem na doença e nas ações do programa de controle,
motivo pelo qual a interpretação dos dados deve ser integrada. Pode-se comparar os
resultados dos indicadores do local (serviço de saúde, município, região) com as metas
propostas, mas também é interessante analisar a evolução no tempo e comparar os
valores obtidos com outros locais de condições semelhantes.
352
Exemplo de indicadores de monitoramento do plano de trabalho:
– número de profissionais dos serviços de saúde capacitados sobre o controle da tuberculose n
– proporção de casos de tuberculose na população privada de liberdade que realizaram tratam
– proporção de cura de casos de tuberculose na população privada de liberdade.
PLANO DE
OBJETIVO META ESTRATÉGIA MONITORAMENTO AVALIAÇÃO
TRABALHO
Capacitar os
Número de
profissionais
Aumentar a profissionais dos
dos serviços
proporção de serviços de saúde
de saúde sobre
tratamento capacitados sobre
o controle da
diretamente o controle da
tuberculose
observado tuberculose na O quanto as
na população
realizado na população privada intervenções
privada de
população de liberdade. (ações)
Reduzir até 5% liberdade.
Reduzir o privada de executadas
Fonte: CGPNCT/SVS/MS.
353
11.3. ESTRATÉGIAS DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
FONTE DE
BLOCOS INDICADORES
INFORMAÇÃO
Mortalidade Coeficiente de mortalidade por tuberculose por 100 mil habitantes SIM
354
Conclusão
FONTE DE
BLOCOS INDICADORES
INFORMAÇÃO
355
Referências
356
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema
de Saúde Pública. Brasília: Ministério da Saúde, 2017b.
OPAS, ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DA SAÚDE. Regional Plan for Tuberculosis Control,
2006-2015. [s.l.] Pan American Health Organization Washington DC, 2006.
357
SILVA, S. F. DA; MAGALHÃES JUNIOR, H. M. Redes de atenção à saúde: importância e
conceitos. Silva SF, organizador. Redes de atenção à saúde no SUS: o pacto pela saúde e
redes regionalizadas de ações e serviços de saúde. Campinas: Idisa, Conasems, p. 69-85,
2008.
WHO, WORLD HEALTH ORGANIZATION. The global plan to stop TB, 2006-2015: actions for
life: towards a world free of tuberculosis. Int J Tuberc Lung Dis, v. 10, n. 3, p. 240-241, 2006.
358
Anexos
Unidade de saúde:UF:
Resultado do exame de
Identificação escarro para diagnóstico
Data da Observações
Nº identificação Data do Data do
do sintomático Nome Idade Sexo Endereço 1ª amostra 2ª amostra
seqüencial resultado resultado
respiratório
/ / / / / /
/ / / / / /
/ / / // / /
/ / / / / /
/ / / / / /
/ / / / / /
/ / / / / /
/ / / / / /
/ / / /
/ /
/ / / / / /
/ / / / / /
/ / / / / /
/ / / / / /
359
Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde
360
ANEXO XI – FICHA DE NOTIFICAÇÃO/INVESTIGAÇÃO
ANEXO XII – LIVRO DE REGISTRO E ACOMPANHAMENTO DE
TRATAMENTO DOS CASOS DE TUBERCULOSE
361
ANEXO XIII – BOLETIM DE ACOMPANHAMENTO DE CASOS
NO SINAN
Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde
362
ANEXO XIV – FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA TOMADA
DIÁRIA DA MEDICAÇÃO DO TRATAMENTO DIRETAMENTE
OBSERVADO – TDO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA TUBERCULOSE/DEVIT
SEXO PESO DATA DE NASC. INÍCIO DO TRATAM ENTO NÚM ERO DO PRONTUÁRIO
/ / / /
ENDEREÇO
UNIDADE DE SAÚDE
363
ISBN 978-85-334-2696-2
9 7 8 8533 426962
MINISTÉRIO DA
SAÚDE