Enseñanza Problémica
Enseñanza Problémica
Enseñanza Problémica
Dissertação
Mestrado em Educação
Boa Vista/RR, fevereiro de 2019
EDLEILA BEZERRA SOARES
Boa Vista, RR
2019
Copyright © 2019 by Edleila Bezerra Soares
(Albert Einstein)
RESUMO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
INTRODUÇÃO
tendo como fonte principal a obra “La Enseñanza Problémica” do autor russo Mirza I.
Majmutov.
Em 2017.2, deu-se continuidade as ações obrigatórias do Programa e aos
estudos abordados no Grupo de Pesquisa Didática da Resolução de Problemas em
Ciências e Matemática sobre a Teoria Histórico Cultural da Atividade e o Ensino
Problematizador de Majmutov. Ressalta-se que, desde o egresso da mestranda, o
Grupo de Pesquisa Didática da Resolução de Problemas em Ciências e Matemática
teve um papel fundamental e esclarecedor, uma vez que a mesma ainda não tinha
informações sobre a teoria que sedimentaria o referencial teórico da pesquisa, nem
sabia o direcionamento que a pesquisa tomaria. Porém, a partir das contribuições
recebidas pelos membros do Grupo de Pesquisa, principalmente pelo líder e vice-
líder, começou-se a compreender a dimensão, importância e contribuição desta
pesquisa para o campo da didática conduzida em uma perspectiva focada na
aprendizagem e guiada por fundamentos tantos filosóficos quanto psicológicos.
Ainda sobre o Grupo de Pesquisa Didática da Resolução de Problemas em
Ciências e Matemática, vale ressaltar que frequentemente apresentava-se o
andamento das leituras e a sequência lógica que a pesquisa estava tomando. Após
cada apresentação, havia um retorno do grupo com sugestões de melhoria, assim,
se reviam alguns pontos da pesquisa e avança em outros, recorrendo às fontes
consultadas ou as ampliando.
Em 2018.1, realizou-se uma revisão da produção textual da dissertação feita
nos dois semestres anteriores, o que resultou em uma nova reestruturação da
mesma, de forma a contemplar o objetivo de estudar a contribuição de Galperin
como metodologia de ensino, bem como estudar o ensino problematizador de
Majmutov para a formação de uma didática de resolução de problema.
Ainda em 2018.1 planejou-se a qualificação da dissertação e as adequações
quanto às contribuições da Banca.
Em 2018.2, planejou-se dar continuidade às leituras visando responder
sobre a contribuição da formação as ações mentais, a partir do teórico russo
Galperin como metodologia de ensino e um estudo sobre o ensino problematizador
de Majmutov para a formação de uma didática de resolução de problema.
Após a apresentação do Plano de Trabalho, apresenta-se a estruturada da
dissertação. A mesma está organizada em forma de capítulo e possui a sequência a
seguir.
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estudante a partir de um estudo programado por um (ou mais) método(s) que levem
o aluno a pensar em buscar de novo conhecimento.
Assim, acredita-se que, provavelmente, essa combinação de elementos,
filosófico, psicológicos e didáticos produzirão um salto qualitativo no conhecimento
do sujeito.
Para Moreno Armella (1999 apud D’AMORE, 2007, p.34), “o ensino, como
simples processo de instrução, acrescido de hipóteses sobre a capacidade de o
estudante absorver aquilo que se diz “bem” para ele, não é uma concepção: é uma
ilusão”. Ou seja, é ilusório enveredar-se por um processo que vise a combinação de
elementos focados apenas no ensino, levando a crer que o estudante deve ser o
foco no processo.
Considerando o aluno como sujeito central no processo de aprendizagem e
com base nos expostos, ressalta-se o entendimento que a atuação docente deve
partir do conhecimento real do aluno para a assimilação do conteúdo a ser
estudado, ao desconhecido e não, como uma ação hipotética focada no ensino a
partir dos elementos necessários e prévios de um determinado ponto de partida.
Com isso, se percebe claramente a concepção Vigotskyana com a Zona de
Desenvolvimento Proximal e o proposto por Majmutov com os elementos conhecidos
e desconhecidos considerando uma didática direcionada para a aprendizagem.
A partir da compreensão de que o sujeito de desenvolver considerando o
contexto histórico, social e cultural no qual está inserido D’Amore traz o uso da
palavra didática como adjetivo quando voltada ao método de ensino e substantivo
quando direcionado aos estudiosos científicos desta área e que etimologicamente se
trata de um verbete grego (didakicós) (D’AMORE, 2007, p. 15-17).
Entretanto, ao explanar sobre a compreensão do termo didática, D’Amore
(2007) assume a etimologia da palavra utilizada por Comenius, na Didactica magna
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1
É a condição atual do aprendiz onde o mesmo é capaz de responder a questionamentos partindo
do conhecimento já adquirido e de forma autônoma/independente para a resolução de problema.
2
É a meta que se deseja alcançar no processo de aprendizagem, onde o aprendiz contará com o
auxilio de um tutor que lhe conduzirá de maneira a alcançar o objetivo.
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Mas o que vem ser um problema para o aluno? E qual a diferenciação entre
exercício/tarefa e situação problema?
33
3
O materialismo histórico dialético é o atual estágio do materialismo, considerado como o método de
Marx, ou marxista, o qual é entendido como a síntese do materialismo mecânico de Feuerbarch e da
dialética idealista de Hegel, como coloca Alonso (1989).
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4
Período histórico ocorrido na Europa por volta dos séculos XIV a XVI, onde ocorreu a passagem do
feudalismo em direção ao capitalismo, além de ser marcado por essa ruptura representou
transformações no campo das áreas voltadas a vida do homem.
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Que desaparece o limite até o qual conhecíamos até agora a matéria e que
o nosso conhecimento vai mais a fundo; desaparecem as propriedades da
matéria que anteriormente pareciam absolutas, imutáveis, primárias
(impenetrabilidade, inércia, massa etc.) e que agora se revelam relativas,
inerentes apenas a certos estados da matéria... 'A essência das coisas' ou a
'substância' são também relativas; elas exprimem apenas o aprofundamento
do conhecimento humano dos objetos, e se ontem este aprofundamento
não ia além do átomo e hoje não vai além do elétron, o materialismo
dialético insiste no caráter temporário, relativo, aproximativo, de todos estes
marcos do conhecimento da natureza pela ciência humana em progresso
(apud TRIVIÑOS,1987, p. 57).
5
Na concepção materialista é todo acontecimento externo ao homem.
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dialética.
Para Talízina (1994), a atividade humana sempre está relacionada como a
realidade objetiva e a solução problemas, proporcionando o desenvolvimento
psíquico e o conhecimento novo. E que
funções mentais, sendo o atual conhecimento fonte para as futuras ações externas
que resultarão novamente no desenvolvimento da psique, na qual as atividades
práticas externas e a atividade interna psíquica ao tempo em que se relacionam
formam uma unidade.
Na psicologia pedagógica, a atividade é considerada essencial no processo
de ensino e de aprendizagem. Logo, a aprendizagem é uma atividade discente,
assim como o ensino é uma atividade docente. Por isso, a atividade deve
proporcionar o desenvolvimento cognitivo do aluno, cabendo ao professor elaborá-la
para esta finalidade.
Ter o problema como uma forma de tarefa possibilita que o aluno analise as
informações/conhecimentos que possui e vá em busca soluções, “a tarefa, como
problema consiste das condições dadas e do que se busca” Talízina (1994, p. 30),
pois, nos problemas estão presentes os “elementos da atividade”, e por meio dele o
aluno observará os conhecimentos, os dados e as informações (os elementos
necessários à atividade) que possui de forma generalizada e parte em busca dos
resultados.
Independente da resposta a que se chegue, professor e aluno sempre terão
um retorno da ação praticada, sendo com o acerto ou com o erro. E neste último,
será possível rever a atividade que vise solucionar o problema. É o momento em
que professor, insere novos elementos no contexto que possibilite ao aluno uma
melhor compreensão de como executar a atividade, ou seja, trata-se de uma
reorientação.
Entre as décadas de 30 a 60 do século XX, muitos psicólogos soviéticos se
dedicaram a demostrar as possibilidades teóricas e práticas para comprovar que o
desenvolvimento das atividades psíquicas está ligado com a estrutura das atividades
externas, Galperin (1976). Isso conduz ao entendimento de que, os processos
psíquicos são os reflexos das assimilações da realidade objetiva por meio da
atividade externa (interpessoal) e prática à atividade interna (intrapessoal)
desenvolvimento dos processos cognitivos.
Parafraseando Leontiev, Núñez (2009, p. 63) coloca sobre isso que “o papel
da atividade prática dos sujeitos, as relações práticas com o mundo eram mais
importantes do que os processos de comunicação, pois, para ele, a comunicação se
dá na atividade prática”. Com isso, reforça-se o entendimento de Leóntiev que o
desenvolvimento humano se dá por meio da atividade, e esta corresponde a
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6
Entende-se que a atividade primeira determina a prioridade das ações que pretender atender a uma
necessidade, independente do seu campo de visão, contexto ou realidade. Pode-se exemplificar, no
contexto educacional o Plano de Ensino (necessidade macro) e o Plano de Aula (necessidade micro)
como atividade do planejamento docente, onde independente da abrangência os dois planos
contemplarão outras atividades secundárias para alcançar os objetivos esperados.
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7
Galperin, nasceu na Ucrania em 1902, era doutor em ciências psicológicas, atuou como médico e
psicólogo. Foi colaborador de Leontiev. Dentre os seus orientados se destacam Tálizina e Davidov.
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prévio do aluno, norteando o aprendiz para alcançar o objetivo da atividade por meio
de ações específicas, compreendendo a orientação, execução e controle do
processo e respeitando a individualidade do aluno.
Na segunda, a “formação da ação em forma material ou materializada”,
compreende o momento em que o aluno expõe a sua compreensão sobre a ação
que deve ser realizada de acordo com a BOA e tem acesso ao suporte material que
subsidie as ações planejadas. É o momento de encontro entre o aluno (sujeito) e o
objeto da ação.
Vencidas as primeiras etapas, chega-se ao momento em que o aluno
realiza a ação verbal externa (escrita ou oral) e expõe a sua compreensão sobre o
objeto. Ele está menos dependente do professor e já possui um entendimento sobre
o objeto de estudo; o que possibilita ao docente analisar o conteúdo assimilado pelo
o aluno sobre o objeto.
Na penúltima etapa proposta por Galperin, para a transformação da
realidade objetiva o aprendiz precisa refletir sobre o que foi dito, uma conversa
interna/mental, sem voz, o que conduz automaticamente para a internalização do
conhecimento novo, onde as ações e as representações mentais do aluno, como a
assimilação, transforma a atividade externa (material) em atividade interna
(psíquica), na qual “se formam as imagens (conceitos) e as ações adequadas a ela”
(NÚÑEZ; OLIVERIA, 2013, p. 297), o que possibilita o aluno a tomada de decisões
conscientes diante dos problemas futuros.
Como visto, a BOA é norteadora da ação discente e ela elabora
conjuntamente com o professor, sendo ele é o condutor de todas as ações a serem
realizadas na atividade. Partindo dessa amplitude, o problema docente se evidencia,
pois cabe ao professor elaborar um planejamento que conduza o aluno a realizar
tarefas que possibilite a assimilação do conteúdo e a sua melhor aplicabilidade
diante de novas situação/problemas, de forma independente. Assim, antes da
tomada de decisão o aluno fará uma análise sobre o cenário, considerando as
possiblidades de resolução do problema enfrentado, a resposta mais acertada para
a ocasião, e caso essa não seja apontada pelo o aluno caberá ao professor uma
reorientação, seguindo um direcionamento quanto a orientação, execução e
controle.
Núñes e Ramalho (2017, p. 78) afirmam que Galperin (2001a) “define três
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tipos de Bases Orientadoras (BOAs I, II e III), cada uma relacionada com um dado
tipo de aprendizagem e de ensino”, o que enaltece o planejamento docente em prol
da aprendizagem do estudante.
A diferença entre as BOAs é marcada pela efetivação a partir do grau de
generalização; grau de plenitude e a forma de elaboração, como se expressa
BASSAN (2008) sobre cada uma delas:
que a formação do conceito ocorre pela contradição lógica entre o que o sujeito
pensa diante do problema apresentado.
Com relação a contradição lógica, Majmutov (1983) afirma que ela por si só
não garante o desenvolvimento uma vez que é dissolvida quando o sujeito toma
consciência da sua existência. Para ele a contradição é vista como um alerta que
emite ao pensamento a incompatibilidade dialética e “aponta a presença na
consciência de uma lacuna, da falta de conhecimento da essência de um conceito
(fenômeno, objeto), é dizer, indica a problematização do conhecimento” (Majmutov,
1983, p. 56). Significa dizer que a contradição atua como sinalizador entre o que se
tem no pensamento sobre o conhecimento atual e o necessário para solucionar o
problema posto.
Desta forma, o processo de aprendizagem se caracteriza mediante o
surgimento das contradições e de suas soluções, de forma a ampliar continuamente
o conhecimento do aluno. Por isso, Majmutov (1983, p. 56) coloca que se faz
necessária uma teoria de ensino que propicie o desenvolvimento do aluno por meio
da “solução da contradição do conhecimento, exige que se precise o conhecimento
do conceito problema como categoria da lógica dialética”. O que ressalta a
importância do processo para o desenvolvimento cognitivo do sujeito.
Quanto ao conceito de problema, Majmutov (1983, p. 57-58) coloca que na
literatura científica o problema é tido como um dilema, e que está presente em toda
atividade humana por estar relacionada a solução de algo, de um problema.
Entretanto, o problema se diferencia do conceito de pergunta, pois não se trata
apenas de uma interrogação, mas sim por apresentar “um conteúdo informativo e
sua estrutura, pelo carácter problemático (...)” a partir de uma situação problema que
atua como um impacto psicológico no aluno diante da ausência de conhecimento
necessário para solucionar o que e pede.
“Deste modo, o problema conhecido na literatura pedagógica como uma
categoria psicológica é concebido pelos filósofos também como uma categoria
lógica. Neste feito se reflete a inter-relação dialética de todos os objetos e
fenômenos da realidade” 323, apud MAJMUTOV, 1983, p. 58-59).
Majmutov (1983, p. 59) coloca que um problema pode ser tanto científico
quanto docente, quando contribui com o processo de aprendizagem. O que leva a
cabo a relação dialética presente no processo docente, que para aquele autor se
trata de uma relação que “se relaciona as regularidades gerais, suas estruturas
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solução de um problema feito pelo aluno, Majmutov (1983, p.204-205) diz que
precisa contemplar “sem falta a seleção de variantes de solução [...] constituir o
seguinte princípio: a solução deve ser analítica ou heuristica, ou uma combinação de
ambas”. Em outras palavras, siginifica dizer que é preciso escolher os elementos
que proporcionarão solucionar o problema posto devendo o plano contemplar uma
parte lógica ou de interpretação ou a junção de ambas requerendo um conhecimento
prévio para que se alcance o desconhecido, ressaltando que isso dependerá da
habilidade e conhecimento prévio do estudante.
O planejamento da suposição e fundamentação da hipótese contribui com a
atividade cognitiva do aluno e é possivel, mediante a análise “dos fenômenos, dos
fatos e dos dados da tarefa. Durante o processo de busca da hipótese correta
relacionada com o planejamento de audacioso, pressuposto juízos controversos e
conclusões” salienta Majmutov (1983, 206). E para isso o aluno precisa analisar os
possíveis resultados das hipóteses “extraindo as consequências de uma
comprovação prática”, registra Majmutov (1983, p. 209).
Para tanto, o mesmo autor destaca que se deve considerar a habilidade do
aluno em aplicar o seu conhecimento, em praticar uma atividade independente, bem
como do papel docente em proporcionar ao aluno as informações necessárias para
a análise e reflexão. Além de “dirigir suas ideias as análises, a comparação e as
conclusões, até as suposições corretas, até a fundamentação da hipótese e sua
demonstração, constituem o processo de assimilação criativa de novos
conheicmentos e modos de atividade, pelo aluno” destaca Majmutov (1983, p. 211).
Sobre a verificação da solução de um problema, Majmutov (1983) coloca
que é somente por meio da prática que se adquire um conhecimento novo e no
processo de solução de problema aquela verificação ocorre por meio dos acertos
referentes às atividades práticas do aluno e previstos no início da elaboração do
problema. Logo, “o resultado da solução de um problema deve ser utilizado nas
ações práticas do aluno e converte-se em hábito, em uma habilidade” fala Majmutov
(1983, p. 214).
Portanto, para verificar o grau de solução, deve-se confrontar as ações do
aluno, o objetivo proposto na tarefa e o resutado apresentado pelo aluno, ressalta
Majmutov (1983) e aponta cinco fatores que impedem a solução bem sucedida de
um problema, como se destaca abaixo:
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Logo, considerando o que foi dito, percebe-se que a teoria da formação das
ações mentais por etapas, apresenta ao docente um planejamento didático-
metodológico, bem elaborado e com ações e operações bem definidas que
promovam a assimilação do objeto de estudo conforme esperado. Para isso, deve-
se estruturar ações e operações que visem perpassar pelas cinco etapas das
formações mentais, sem perder o foco das três funções apontadas anteriormente.
Desta forma, verifica-se a sintonia entre as funções de orientar, executar e controlar
com o movimento metodológico presente na Zona de Desenvolvimento Proximal.
Quanto à fundamentação didática, percebe-se ainda mais consistência
epistemológica por ampara-se em autores da teoria histórico cultural da atividade de
abrangência internacional, nacional e local, como: Rubinstein (1967), Galperin
(Galperin (2001b apud NÚÑES; RAMALHO; ALBINO 2013), Talízina (1988),
Majmutov (1983), Núnez (2018), Mendoza (2009) e Mendoza e Delgado (2018).
Dando ênfase a Núnez (2018) e o conceito de EBOCA apresentado por Galperin.
Para Rubinstein (1967) é a partir da necessidade de realizar uma ação,
resolver um problema que o homem começa a pensar, a buscar meios de solucionar
aquela inquietação psicológica, visando solucionar o problema enfrentado. Para ele
desta forma haverá o desenvolvimento cognitivo, a saber: inicialmente o aluno
precisa está disposto a querer participar de determinada atividade.
Talizina(1988) e Majmutov(1983) também concordam com a colocação de
Rubinstein que mediante um desafio cognitivo, um problema é que o sujeito começa
a pensar, a buscar possibilidades/alternativas, a criar meios de solucionar o
problema proposto. E no processo de ensino e de aprendizagem como uma unidade
dialética, cabe ao professor exercer a função de facilitador na apresentação de
determinado objeto de estudo ao aluno, de forma problematizadora, que conduza o
aluno a pensar, a usar caminhos criativos para resolver tarefas até chegar ao seu
nível potencial, como bem explica Vigotsky (2007) com o conceito de Zona de
Desenvolvimento Proximal.
Entretanto, nesse processo em prol do desenvolvimento do aluno, desse
salto qualitativo que se deseja, cabe a ele uma grande parcela dessa trilha em busca
do seu conhecimento. Uma vez que o professor assume um papel social de
promover caminhos metodológicos aos quais proporcionem a assimilação do
conteúdo, de forma problematizadora e que provoque o pensamento, enquanto cabe
ao aluno estar disposto a querer se apropriar de toda a informação apresentada,
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pelo professor, que não seja muito complexo, que o professor não precise explicar
novamente o problema.
Sobre a terceira e última regra para o planejamento de um problema
docente, Majmutov (1983) regista que o professor precisa fazer uma recapitulação
do conteúdo já visto e necessário na resolução do problema, ou seja, do
conhecimento que o aluno já internalizou; a necessidade de se conhecer o nível de
conhecimento real do aluno, o que é conhecido e o que é desconhecido; e a última
observação regra vinculada com a segunda, que é a de está encadeada pela
segunda regra que é a necessidade em saber o desconhecido para o aluno.
Em suma, quanto à formulação do problema docente, Majmutov (1983, p.
198) coloca que se trata de um processo com “distintas etapas: a análise do
conteúdo destas, e o fato do início do processo de sua solução”. Em outras palavras,
significa dizer que, ao formular um problema docente, deve-se analisar o
detalhamento do processo necessário para elaborar o problema e formas de
solucioná-lo.
Visto que o ensino problematizador visa o desenvolvimento do aluno por
meio de um problema, o qual torna-se para o professor um problema docente por
meio da tarefa que ele deve elaborar, tarefa essa que ao aluno deve ter um caráter
problematizador, deve causar inquietações cognitivas, que leve o aluno a pensar, a
tomar consciência sobre o desafio proposto, realizar o seu pensamento heurístico e
analítico na sequencia. Ou seja, precisa fazer a sua interpretação e buscar
meios/caminhos de solucionar o problema apresentado. Por isso a importância da
linguagem nesse processo e o zelo na formulação da pergunta.
Para o aluno, se a tarefa proposta pelo professor não causar uma
inquietação psicológica que o leve a pensar sobre maneiras de solucioná-la, neste
caso não se evidencia uma situação-problema. Uma vez que, não houve um desafio
cognitivo e não se teve um problema, evidenciando apenas uma tarefa/um exercício.
Após essas considerações, é pertinente trazer a este cenário os
direcionamentos de Majmutov (1983) quanto a solução de problema docente. Para
ele, é por meio da solução de problema que o aluno realiza a assimilação do
conhecimento novo. E por isso, Majmutov (idem) destaca a relevância da linguagem
nesse processo de solução de problema, de forma a facilitar a compreensão do que
se pede, bem como uma formulação lógica e sequencial de maneira que ao
interpretar a tarefa apresentada o estudante consiga elaborar o seu roteiro de
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aluno. Na terceira etapa, a ação se separa das coisas (ou de suas imagens
materiais) e passa ao plano da linguagem em voz alta. Na quarta etapa a
ação se realiza mediante a conversa “para se”, mas é imprecisa em seus
componentes verbais e conceituais. Esta ação no plano da linguagem “para
se” na seguinte etapa se transforma num processo automático e, como
consequência disso, precisamente na sua parte verbal, se destaca da
consciência; assim, o processo verbal se transforma num processo oculto e,
em seu sentido, mais completo, num processo interno (GALPERIN, 2001b
p. 60-61).
BASSAN (2008) diz que o que causa a diferença entre os tipos de BOAs é o
grau de generalização; grau de plenitude e a modo de elaboração, como ele explica
abaixo:
Quanto ao grau de generalização – modo como a orientação se relaciona às
condições essenciais para a formação do objeto de estudo; plenitude – que
se refere à a presença da orientação na construção do objeto; e de modo de
elaboração – que indica se o processo de formação da BOA ocorreu de
forma independente pelo estudante ou foi elaborado pelo professor
(BASSAN, 2008, p.67).
para otimizar esta atividade”. Isso deixa clara a necessidade docente em conhecer
meios didáticos que proporcionem a aprendizagem, a partir de uma teoria sólida.
Assim, na direção de estudo, Talízina (1988) entende que a sequência metodológica
que promove a assimilação é formada por cinco níveis, iniciando ao definir o objetivo
do ensino, delimitando o nível de partida, o processo de assimilação, a
retroalimentação e a correção.
Logo, ao estruturar essa sequência metodológica, Talízina (1988) defende
uma direção de estudo planejada de forma contínua que proporcione ao aluno
compreensão sobre o objeto de estudo, recorrendo a formação das ações mentais
por etapas elaboradas por Galperin. E para isso, se faz necessário conjugar a ação
entre dos atores envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem.
Somando-se aos demais direcionamentos didáticos e metodológicos
apresentados até aqui a Atividade de Situação Problema Docente – ASPD. Mendoza
e Delgado (2018) definem a Atividade de Situação Problema como uma atividade de
estudo, na qual destina-se a resolver problemas docentes a partir, da Zona de
Desenvolvimento Proximal que utilize um ensino problematizador para articular
diversos momentos de assimilação entre a conjuntura do processo de ensino e
aprendizagem: professor, estudante e o objeto de estudo.
Assim, a ASPD é estruturada em quatro ações que visam alcançar o objetivo
docente: a automatização da informação assimilada, como explicam abaixo
Mendoza e Delgado (2018, p. 180)
A primeira ação é formular o problema docente. Ela é formada pelas
operações: a) analisar a situação problema para determinar os elementos
conhecidos e desconhecidos; estudar os dados e as condições da situação
problema, b) reconhecer o buscado a partir de problema fechado (objetivo
definido) ou aberto (objetivo não preciso).
A forma de colocar elementos conhecidos e desconhecidos dos problemas
docentes devem expressar claramente a contradição entre eles. Assim se
gera no próprio enunciado possibilidade de estimular o pensamento criador.
Utilizar diversas condições para um mesmo problema permite explorar
várias operações, permitindo recorrer a zona de desenvolvimento proximal
de forma mais adequada. Por outro lado, diferenciando o buscado do
desconhecido estimula ainda mais o desenvolvimento mental.
A segunda ação é construir o núcleo conceitual as operações são: a) ativar
o nível de partida dos estudantes relacionado com os conhecimentos sobre
o elemento conhecido e sua atualização se for necessário e b) encontrar
nexos entre os conhecidos e desconhecido desde os pontos de vista
conceitual e procedimental através de novas tarefas mais simples como
realização de experimentos, analogia, intuição e suposição de hipóteses.
A terceira ação solucionar o problema docente formado pelas operações: a)
aplicar o método lógico – analítico ou heurístico ou combinação de ambos
para determinar os nexos entre o conhecido e desconhecidos e b)
determinar o buscado.
A última, a quarta ação é interpretar a solução, está constituída pelas
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Fonte: https://w3.dmat.ufrr.br/hector/COPAMPalestraHectorMendoza.pdf.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/vigo.pdf. Acesso em: maio de 2017.