Aula 8 Trabalho e Descanso

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ESCOLA DE COSMOVISÃO BÍBLICA

AULA 8: TRABALHO E DESCANSO

A PERSPECTIVA HISTÓRICA DO TRABALHO


AS PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS SOBRE O TRABALHO DERIVAM
DE DOIS PONTOS DE VISTA OPOSTOS: O GRECO-ROMANO E O
JUDAICO-CRISTÃO

OS GREGOS E OS ROMANOS COMPREENDIAM O TRABALHO COMO UM


MAL NECESSÁRIO. ERA A PALAVRA LAZER (scolia) QUE DETERMINAVA
O TERMO E O CONCEITO PARA O TRABALHO (ascolia = não lazer). ISSO
PORQUE OS GREGOS E ROMANOS ENALTECIAM O LAZER (LIBERDADE
PARA PENSAR), E DEPRECIAVAM O TRABALHO, PRINCIPALMENTE O
MANUAL, VISTO COMO UMA OBRIGAÇÃO QUE APRISIONAVA O HOMEM.

“ O LAZER É UMA NECESSIDADE, TANTO PARA O CRESCIMENTO EM


CARIDADE QUANTO PARA PROSSEGUIR NAS ATIVIDADES POLÍTICAS”
(ARISTÓTELES)

PARA DESCREVER AS PROFISSÕES DOS ARTESÃOS, CÍCERO USA O


TERMO SORDIDI, QUE SIGNIFICA SÓRDIDO. NÃO ERA TANTO O
TRABALHO MANUAL EM SI QUE ERA CONSIDERADO VIL, MAS A
DEPENDÊNCIA QUE ROUBAVA A AUTONOMIA DAQUELES QUE
EXECUTAVAM ESSAS TAREFAS.

NA ÓTICA JUDAICA, CRISTÃ E PROTESTANTE O TRABALHO FOI ACEITO


COMO VOCAÇÃO E BENÇÃO DE DEUS.

AGOSTINHO DISTINGUIU ENTRE A VIDA ATIVA E A VIDA


CONTEMPLATIVA. A PRIMEIRA ABRANGE QUASE TODO TIPO DE
TRABALHO (INCLUSIVE A PREGAÇÃO, O ESTUDO E O ENSINO), E A
SEGUNDA SE REFERINDO À MEDITAÇÃO EM DEUS E NAS SUAS
VERDADES.

PARA AGOSTINHO, AMBAS ERAM BOAS, MAS A VIDA CONTEMPLATIVA


ERA MELHOR. ISSO LEVOU À VALORIZAÇÃO DA VIDA MONÁSTICA, QUE
CARACTERIZOU O CRISTIANISMO MEDIEVAL.
OS REFORMADORES PROTESTANTES TINHAM UMA VISÃO DO
TRABALHO BEM DIFERENTE DA VISÃO MONÁSTICA. CONSIDERAVAM-
NO COMO A VOCAÇÃO DE TODOS OS CRISTÃOS. ASSIM, REJEITAVAM A
DICOTOMIA ENTRE DUAS ATIVIDADES HUMANAS E AFIRMAVAM QUE
TODAS AS FORMAS DE TRABALHO TÊM IGUAL VALOR DIANTE DE DEUS.

A PERSPECTIVA BÍBLICA DO TRABALHO


DEUS INSTITUIU O TRABALHO ANTES DA QUEDA DO HOMEM: “TOMOU,
POIS, O SENHOR DEUS AO HOMEM E O COLOCOU NO JARDIM DO ÉDEN
PARA CULTIVAR E O GUARDAR” (GÊNESIS 2:15).

ENTÃO, O TRABALHO NÃO É UMA PUNIÇÃO PELA DESOBEDIÊNCIA


HUMANA, MAS UM MEIO CRIADO POR DEUS PARA O NOSSO
CRESCIMENTO, SENDO UMA FERRAMENTA INDISPENSÁVEL PARA O
CUMPRIMENTO DO MANDATO CULTURAL (GÊNESIS 1:28)

DEUS É UM TRABALHADOR POR EXCELÊNCIA: “MEU PAI CONTINUA


TRABALHANDO ATÉ AGORA, E EU TAMBÉM ESTOU TRABALHANDO”
(JOÃO 5: 17)

JESUS ERA UM CARPINTEIRO E AS SUAS PARÁBOLAS ESTÃO CHEIAS


DE FIGURAS DO TRABALHO MANUAL.

PAULO VALORIZAVA O TRABALHO E NÃO FAZIA NENHUMA DISTINÇÃO


ENTRE O LABOR FÍSICO E O TRABALHO ESPIRITUAL. NAS SUAS
EPÍSTOLAS USOU OS MESMOS TERMOS PARA O SEU TRABALHO
MANUAL COMO FAZEDOR DE TENDAS, E SEU SERVIÇO COMO
APÓSTOLO (1 CORÍNTIOS 4:12).

PAULO CRITICAVA A PREGUIÇA: “QUANDO AINDA ESTÁVAMOS


CONVOSCO, VOS ORDENAMOS ISTO: SE ALGUÉM NÃO QUISER
TRABALHAR, TAMBÉM NÃO COMA” (2 Ts 3: 10)

ATÉ MESMO OS NOVOS CÉUS E A NOVA TERRA INCLUIRÃO O


TRABALHO (ISAÍAS 65: 21, 22).
“TODA PROFISSÃO, POR MAIS SECULAR QUE PAREÇA, É IGUALMENTE
SAGRADA DIANTE DO SENHOR. NÃO DEVE SER ENCARADA COMO
TRABALHO PENOSO, FADIGA OU CASTIGO DE DEUS, MAS COMO UMA
OPORTUNIDADE DE REALIZAR NOSSA VOCAÇÃO COMO SERES
HUMANOS, CRIADOS À IMAGEM DO CRIADOR E TRABALHADOR PAR
EXCELLENCE”
(TIMÓTEO CARRIKER)

DESCANSO
ASSIM, COMO O TRABALHO REFLETE A IMAGEM DE DEUS NO HOMEM
(DEUS TRABALHOU DURANTE SEIS DIAS), TAMBÉM O DESCANSO
REFLETE A SUA IMAGEM EM NÓS (DEUS DESCANSOU NO SÉTIMO DIA).

“ENTÃO ABENÇOOU DEUS O SÉTIMO DIA E O SANTIFICOU,


PORQUANTO NELE DESCANSOU DEPOIS DE TODA BOA OBRA QUE
EMPREENDERA NA CRIAÇÃO” (GÊNESIS 2:3)

A PERSPECTIVA CONTEMPORÂNEA DO DESCANSO


É COMUM ENTENDER O DESCANSO COMO A AUSÊNCIA DE TRABALHO.
O DESCANSO SE TORNA O DESEJO ARDENTE DE ESCAPAR DO
TRABALHO. CRIAMOS DIVERSÕES E DISTRAÇÕES.

O CONSUMISMO, O LAZER COM ATIVIDADES QUE PROVOCAM


DESGASTE FÍSICO E MENTAL, TORNA-SE UM TRABALHO PENOSO.

A PERSPECTIVA BÍBLICA DO DESCANSO


O PRÓPRIO DEUS DESCANSOU NO SÉTIMO DIA. NA LEI MOSAICA, A
PROIBIÇÃO DE TRABALHAR NO SÁBADO TEM O MESMO PESO QUE A
PROIBIÇÃO DE MATAR OU DE ROUBAR.

A NAÇÃO DE ISRAEL SEGUIA O RITMO DE UMA VIDA DE TRABALHO E


DESCANSO. CADA SÉTIMO DIA, CADA SÉTIMO ANO E CADA SÉTIMO DE
SETE ANOS ERA UM SÁBADO PARA AS PESSOAS, OS ANIMAIS E ATÉ A
PRÓPRIA TERRA.
ESSE CICLO DE TRABALHO E DESCANSO ESTAVA INTIMAMENTE
LIGADO À SUA DEPENDÊNCIA FIEL DE DEUS. POIS, PARA DESCANSAR
NO SÉTIMO ANO, ISRAEL PRECISAVA CONFIAR EM DEUS QUE A TERRA
PRODUZIRIA O SUFICIENTE PARA PASSAR O ANO SABÁTICO (Lv 25: 18-
24). NO QUINQUAGÉSIMO ANO. A SUA FÉ ERA PROVADA MAIS AINDA,
PORQUE ISRAEL PRECISAVA PASSAR DOIS ANOS SEM TRABALHAR
COM AS MÃOS, DEPENDENDO DA PROVISÃO DE DEUS (Lv 25: 8 – 12)

DE MODO SEMELHANTE, NO NOVO TESTAMENTO, A NOSSA SUPREMA


DEPENDÊNCIA DE DEUS, A SALVAÇÃO, É DESCRITA EM TERMOS DE
ENTRAR NO DESCANSO DE DEUS (HEBREUS 3-4).

NÃO SE DEVE CONFUNDIR ESTE DESCANSO COM A INATIVIDADE


FÍSICA E MENTAL. EM HEBREUS 4:11, MUITO LONGE DE PRESSUPOR
INATIVIDADE, O REPOUSO CRISTÃO EXIGE EMPENHO, REQUER
ESFORÇO.

NO CONCEITO BÍBLICO, O DESCANSO SE DEFINE COMO NOSSA


DEPENDÊNCIA DE DEUS E A SUA RESPOSTA EM JESUS À MALDIÇÃO DA
DOR NO TRABALHO (MATEUS 11: 28 – 30). SÃO OS DESOBEDIENTES, OU
INDEPENDENTES DE DEUS, QUE NÃO CONSEGUEM ENTRAR NO
DESCANSO DE DEUS (HEBREUS 4.11)

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