Resumos de Bioquímica para Medicina
Resumos de Bioquímica para Medicina
Resumos de Bioquímica para Medicina
AMINOÁCIDOS
METABOLISMO E
INTEGRAÇÃO METABÓLICA
___
3 - Hormonal (insulina)
4 - Enzimática
5 - Imunológica (anticorpos)
6 - Transporte (hemoglobina)
Quanto ao destino metabólico da cadeia carbonada, eles podem ser classificados em:
Ao contrário dos lipídios e glicídios, os aminoácidos não são armazenados pois não existe
uma proteína de função de reserva. Esse conjunto de aminoácidos livres é chamado de
POOL de aminoácidos, e existe em todas as células. Ele será abastecido pelas proteínas da
dieta, síntese dos aminoácidos não essenciais e degradação das proteínas endógenas.
Pool de aminoácidos
É a quantidade de aminoácidos livres presente no organismo como um todo (célula +
sangue + fluídos extracelular = 90 a 100 g). Em um indivíduo adulto saudável, a saída e
entrada de aminoácidos desse pool é constante, mantendo o balanço nitrogenado. Esse pool
pode ser alimentado por degradação de proteínas endógenas (~400 g/dia), proteínas da
dieta (~0,8g/kg de peso/dia) e síntese de aminoácidos não-essenciais (variável)
-> quatro aminoácidos têm maior possibilidade de serem limitantes: Triptofano, Lisina,
Metionina e Treonina
Proteínas de referência
É o padrão de comparação para medir a qualidade de outras proteínas. No passado, a
ovoalbumina era usada como referência, e recebeu o valor 100. O valor biológico foi
atribuído com base nas necessidades das crianças em idade pré-escolar. (colocar tabela
depois).
Dietas Vegetarianas
Apresentam dificuldade em obter calorias, devido a diferença entre densidade calórica
entre frutas/vegetais e carnes (frutas e vegetais tem densidade calórica menor) e também
há diferenças na qualidade (aminoácidos + digestibilidade) e na quantidade de proteínas
(cada 100g de vegetal tem 1-2g de proteína, enquanto carne tem de 15-30g).
Para garantir calorias e proteínas suficientes para esse grupo de pessoas, é preciso se
planejar uma dieta seguindo alguns princípios:
-> incluir ovos e leite sempre que possível (excelentes fontes de proteína de alta qualidade,
calorias e vitamina B12)
-> incluir quantidades liberais de alimentos vegetais com alta densidade calórica (nozes,
grãos, feijões secos, frutas secas)
-> incluir quantidades liberais de alimentos vegetais ricos em proteínas que tenham
padrões de aminoácidos complementares (duas ou mais proteínas da dieta cujos grupos de
aminoácidos se complementam). Um exemplo seria a combinação de leguminosas (alta
qualidade de Ile e Lys, que falta nos cereais) com cereais (ricos em Met e Trp, pobres nas
leguminosas).
Requerimentos Protéicos
-> recomendado para não-vegetarianos = 0,8g/kg/dia -> homem adulto de 70kg ~58 g ao
dia
-> atletas = 1g/kg/dia (??? os cara comem muito mais que isso)
Balanço Nitrogenado
É a relação entre a ingestão de nitrogênio, principalmente em forma de proteína, e a
excreção de nitrogênio, principalmente na forma de proteína não digerida nas fezes e ureia
e amônia na urina.
Um indivíduo saudável com dieta balanceada está em equilíbrio nitrogenado, com as perdas
reguladas pela digestão. 90% é excretado na urina e 10% nas fezes.
Balanço negativo:
-> É frequente em bebês e crianças de até 3 anos, que recebem dieta predominantemente de
carboidratos;
-> Sintomas = crescimento atrofiado, edema (inchaço ocorre devido a redução da albumina
sérica, devido a dificuldade de fazer síntese proteica, a albumina é a proteína que mantém a
pressão osmótica sanguínea, então, devido a falta de albumina, ocorre acúmulo de líquido
intersticial, causando edema), lesões de pele, anorexia, esteatose hepática (fígado
gorduroso, ocorre acumulo de TAG no fígado devido ao alto consumo de carbo e deficiência
proteica. O alto consumo faz com que as reservas de glicogênio sejam repostas, a cadeia
carbonada fica conservada em forma de TGC, que não consegue sair do fígado para o tecido
adiposo pq nao consegue sintetizar o VLDL, que é responsável pelo transporte do tgc p tec
adiposo), descoloração do cabelo devido a falta de melanina, que é produzida a partir dos
aminoácidos, bem como apatia, melancolia, irritabilidade e tristeza devido a falta de
neurotransmissores.
-> ocorre em crianças de até 2 anos, que recebem dieta pobre em proteínas e calorias (fome
por escassez de alimento)
-> Sintomas = grave perda de peso, crescimento inferior a 60% do peso ideal, perda
muscular, fraqueza, ansiedade, apatia e anemia.
Estados hipercatabólicos
- Cirurgias
- traumas
- queimaduras
- infecções
- stress
Nesses estados, glicogênio, gorduras e proteínas serão mobilizados para manutenção das
funções teciduais normais, como suprir energia, resposta imune, proliferação celular.
Os 3, juntos, fazem a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo, que são importantes
para fornecer energia para os tecidos, produzir corpos cetônicos e sustentar a
gliconeogênese hepática.
A digestão e absorção de proteínas são processos muito eficientes, uma vez que apenas 1-2g
de nitrogênio/dia são perdidos nas fezes (6-12g de proteína)
Locais de digestão
A digestão das proteínas inicia no estômago, a partir da pepsina, e finaliza no intestino
delgado, graças a ação das proteases pancreáticas em conjunto com as enzimas produzidas
pela célula da mucosa intestinal.
Enzimas digestivas
As enzimas são produzidas no estômago, pâncreas e intestino delgado.
Uma protease sozinha não é suficiente para digerir uma proteína, ou seja, devem agir em
conjunto, uma vez que possuem especificidades diferentes!!
-> o glúten é encontrado nos cereais trigo, cevada, centeio, mas não no arroz e milho
-> parece ser causada por uma deficiência em uma peptidase da borda em escova, que
resulta na digestão incompleta do glúten. Peptídeos remanescentes, com 7 a 18 resíduos
contendo motivos PSQQ ou QQP, parecem ser tóxicos para a mucosa intestinal. Tais
peptídeos são produzidos em concentrações muito maiores durante a digestão do glúten em
pacientes celíacos.
-> a presença desses peptídeos aumenta a permeabilidade da barreira mucosa, aumentando
a resposta imune e inflamatória, mediadas por células T, aos derivados do glúten e outros
peptídeos que chegam às células imunológicas.
Absorção de aminoácidos
Somente fetos, recém-nascidos e lactentes jovens são capazes de captar algumas proteínas
sem digestão prévia (pinocitose)
No caso dos aminoácidos ramificados, Valina, Leucina e Isoleucina, que não são utilizados
pelo fígado para energia ou compostos nitrogenados, são encaminhados para os tecidos
extra hepáticos, onde participarão do turnover ou fornecerão energia para o músculo.
A absorção dos aminoácidos pelos tecidos vai ser feita por isoformas semelhantes àquelas
encontradas no epitélio intestinal, tanto no lado luminal quanto no lado seroso. Ou seja, fica
assim:
No intestino:
Cistinúria
Defeito genético no transportador B0,+ , que se expressa nas células epiteliais intestinais e
renais. Há falha na absorção intestinal e reabsorção glomerular de Cistina, ornitina, arginina
e lisina (COAL a sigla). Isso causa má absorção desses aminoácidos do lúmen intestinal,
além do aumento desses quatro aminoácidos na urina (hiperaminoacidúria). Os pacientes
não apresentam manifestação de deficiência pois os aminoácidos são não-essenciais, ou
seja, o organismo consegue sintetizar. Em relação à lisina, não se sabe por que não há
sintoma de deficiência, uma vez que ela é um aminoácido essencial.
A cistinúria ocorre numa frequência de 1/7.000 indivíduos, sendo o erro genético mais
comum da absorção de aminoácidos. A hidratação oral é parte importante do tratamento da
doença.
Doença de Hartnup
Doença autossômica recessiva, relativamente rara.
É causada por defeitos genéticos no transportador ATBo, presente nas células epiteliais
intestinais e renais, que transporta os aminoácidos essenciais Ile, Leu, Phe, Thr, Trp e Val, e
os aminoácidos não-essenciais Ala, Ser e Tyr. Há uma má-absorção dos aminoácidos, além
do aumento deles na urina (hiperaminoacidúria neutra).
Apesar disso, recém-nascidos identificados com essa doença são quase sempre
clinicamente normais. Porém, alguns pacientes desenvolvem sintomas dermatológicos e
neurológicos (ataxia cerebelar) semelhantes à pelagra, devido, respectivamente, à
deficiência de Triptofano no plasma e aos produtos de degradação bacteriana do Triptofano
no intestino. Tudo deve-se a falha de síntese de NAD(P) a partir do Triptofano. Sinais
clínicos são variáveis, indicando a existência de mecanismos compensatórios para a
absorção de aminoácidos neutros.
Ciclo do gama-Glutamil
É utilizado no intestino e nos rins para absorção de aminoácidos. Não é o principal, contudo.
- 5-oxoprolinase
- gama-glutamil-transpeptidase
O aminoácido que deve ser absorvido vai unir-se à glutationa por meio da transpeptidase,
formando um complexo. Esse complexo é então desmembrado em Cisteinil Glicina, que
depois é separado em cisteína e glicina, para fechar o ciclo, e gama-glutamil-aminoácido,
que é o glutamato + um aminoácido que está sendo absorvido. A 5-oxoprolinase é a
responsável pelo desmembramento desse gama-glutamil-aminoácido, liberando glutamato
para formar glutationa de novo e o aminoácido, que agora vai poder ir pra corrente
sanguínea.
Por outro lado, durante a síntese proteica, aspartato e glutamato podem, por
transaminação, gerar glutamato e alanina.
TGO - presente em grande quantidade nos tecidos metabólicos, como músculo cardíaco e
esquelético, pode ser utilizada para avaliar doenças hepatocelulares e cardiopatia oclusiva
coronariana. Numa hepatite não viral, a relação TGO/TGP é >1.
Desaminação Oxidativa
Reações de remoção do grupamento amino dos aminoácidos.
O glutamato é o único aminoácido que sofre rápida desaminação oxidativa, pela ação da
GDP, liberando o íon amônia na forma livre. Essa amônia vai doar o primeiro nitrogênio no
ciclo da uréia.
Transporte da Amônia
Existem várias fontes de amônia no nosso organismo, mas o principal são os aminoácidos. A
Glutamina também é um aminoácido importante, que pode transportar a amônia, e, por
desaminação, também o libera para formar uréia no fígado. A glutamina pode ser formada
no músculo, durante o catabolismo de aminoácidos ramificados. A Asparagina, a Histidina,
A Treonina e a Serina podem formar amônia.
No cérebro e músculo, o ciclo das purinas e pirimidinas podem liberar amônia, que será
transportada via glutamina para o fígado. Bactérias intestinais podem produzir amônia a
partir da urease.
Toxicidade da Amônia
O fígado é eficiente na conversão de amônia em uréia. Porém, quando há uma disfunção
hepática, o ciclo da ureia não funciona adequadamente, acumulando a concentração de
amônia na corrente sanguínea. Normalmente, a concentração é 5-35 micromol/L de sangue.
Na disfunção, pode chegar a >1000 micromol/L de sangue. A hiperamonemia é tóxica para
nosso organismo. As bases moleculares não estão totalmente compreendidas, o que se sabe
é que a amônia passa a barreira hemato-encefálica, e é NEUROTÓXICA. Os astrócitos captam
a amônia, e o cérebro, na tentativa de se livrar dela, vai realizar aminação redutora do
alfa-cetoglutarato via GDH. A amônia se liga ao alfa-cetoglutarato via GDH, formando
glutamato. O glutamato, pela glutamina-sintetase, vai gerar glutamina. O glutamato, ao invés
de funcionar para neurotransmissão ou síntese de gaba, é desviado para formar glutamina.
Assim, temos uma depleção do ATP, redução da concentração de Glutamato e GABA, edema
encefálico, aumento da pressão intracraniana e coma;
- desaminação da glutamina
- metabolismo das bactérias intestinais
São geralmente fatais em bebês, porém existem adultos com deficiência parcial dessas
enzimas, que podem causar hiperamonemia e encefalopatia.
Além disso, pode-se usar antibióticos para reduzir o número de bactérias intestinais que
produzem amônia.
Por fim, podemos remover o excesso de amônia com o uso de compostos aromáticos
(benzoato e fenilacetato), que ligam-se covalentemente aos aminoácidos e produzem
moléculas que contém nitrogênio, que são excretadas na urina.
1) Piridoxal Fosfato (PLP) - vit B6: amplamente distribuída nos alimentos (trigo, aveia,
milho, amendoim, gema do ovo e carnes). O piridoxal-fosfato é uma coenzima
extremamente importante, e é necessário para:
Algumas vias catabólicas dos aminoácidos necessitam um rearranjo químico, por reações
de transferência de unidades de um carbono, e utilizam esses cofatores:
O desenvolvimento fetal do tubo neural depende do ácido fólico, e é ele que evita a
espinha bífida e outros defeitos do tubo neural. A ingestão recomendada para
grávidas é de 400 microgramas por dia.
O ácido fólico está presente nos vegetais folhosos verdes, fígado, cereais integrais,
legumes e algumas frutas (interessante notar que o cozimento prolongado pode
inativar mais de 90% do conteúdo de folato). Além disso, o ácido fólico pode ser
sintetizado por bactérias. O uso de sulfas impede o crescimento e a divisão celular
das bactérias por interferir na produção de folato.
É sintetizada por microorganismos, não está presente nos vegetais. Se obtém por
meio da flora bacteriana ou alimentos de origem animal. O fígado armazena
suprimento de B12 por até 6 anos, ou seja, é raro uma deficiência. Necessita de um
fator intrínseco (glicoproteína) para sua absorção. Uma deficiência na síntese desse
fator leva a anemia perniciosa.
Pode ser ingerida livre ou ligada à proteínas. Se estiver ligada à proteínas, elas serão
degradadas por proteases digestivas. Uma vez livre, a cobalamina liga-se à
haptocorrina, liberada pela mucosa intestinal. As proteases pancreáticas
encarregam-se de degradar a haptocorrina e liberar a cobalamina, que se liga ao
fator intrínseco, produzido pelas células parietais do estômago. Esse complexo será
absorvido. Uma vez no interior do enterócito, a cobalamina se liga à
transcobalamina-2, e 50% da cobalamina associada será captada pelo fígado, e o
restante pelos demais tecidos.
Existe uma relação entre FH4, B12 e SAM: A formação do SAM depende da B12 que
depende do FH4. O metiltetrahidrofolato doa seu grupo metil para cobalamina,
formando metilcobalamina, que entrega seu grupo metil para homocisteína, para
formar a metionina. A metionina recebe o grupamento adenosil do ATP, formando a
SAM, que vai entregar seu grupamento metil para uma molécula precursora,
formando um produto metilado.
Quando a SAM entrega seu grupamento metil para os substratos, ela gera produtos
metilados e S-Adenosil-Homocisteína, que é degradada em Adenosina e
Homocisteína.
A homocisteína pode formar mais metionina ou a Cisteína, que é um aminoácido
não-essencial.
Existe, ainda, um cofator que não está relacionado nem ao rearranjo nem ao metabolismo
da cadeia carbonada (perguntar isso pra prof, pq ela que separou):
Tetrahidrobiopterina (BH4):
Quando a BH4 entrega seus hidrogênios para formar tirosina, ela se converte em
dihidrobiopterina, que poderá gerar novamente BH4 a partir da
dihidrobiopterina-redutase, que vai receber hidrogênios especialmente do NADPH.
- Piruvato
- Intermediários do Krebs: alfa-cetoglutarato, oxalacetato, succinil-CoA, fumarato
- Acetil-CoA
Esses 6 produtos podem entrar no Krebs para serem oxidados a CO2 e H20 (CO2 usado pela
piruvato carboxilase pra formar oxaloacetato, e H20 usada na primeira reação do Krebs,
para formar CITRATO), ou então, os aminoácidos glicogênicos podem ser desviados para
formar glicose, já que geram oxalacetato direta ou indiretamente (no fígado).
No caso dos aminoácidos cetogênicos, podem ser desviados para produzir corpos cetônicos
(no fígado).
- Arginina
- Histidina, com participação do tetrahidrofolato
- Prolina e Glutamina pela ação da glutaminase geram glutamato, que irá formar
alfa-cetoglutarato por transaminação ou desaminação via glutamato-DH.
2) O oxaloacetato sofre transaminação via TGO, gerando Aspartato, que pode ser
aminado à Asparagina pela asparagina-sintetase (usando Glutamina como doadora
de amino)
Resumão com as possíveis deficiências enzimáticas (imagem HD pode dar zoom a vontade):
Compostos nitrogenados derivados dos aminoácidos são mostrados nos pequenos quadros
amarelos, além disso, a classificação dos aminoácidos está codificada por cores:
A Tirosina origina:
A síntese inicia nos rins: A glicina se condensa com uma porção da arginina,
formando o guanidinoacetato, pela ação da amidinotransferase. O guanidinoacetato
cai na corrente sanguínea, e vai até o fígado, para ser metilado pelo SAM, formando a
Creatina, pela ação da metiltransferase. A creatina vai pro sangue e é captada pelo
cérebro, músculo esquelético e coração. Pela ação da creatinacinase e do ATP, ela é
fosforilada à fosfocreatina. No músculo esquelético, a produção de fosfocreatina
ocorre imediatamente após o exercício, a partir do ATP que não foi utilizado na
contração muscular. Quando há uma explosão de atividade intensa, a fosfocreatina é
mobilizada, sendo uma maneira rápida de formação de ATP para as células
musculares. A enzima creatinacinase é uma proteína dimérica, formada por 2 tipos
de subunidades: B de brain ou M de muscle. Assim, podemos ter BB (cérebro, CPK
1), BM (Músculo cardíaco CPK2) e MM (Músculo esquelético CPK 3). A forma MB é
importante para diagnóstico de infarto do miocárdio (o aumento dos níveis
plasmáticos da enzima indica lesão tecidual). Tanto a creatina como a fosfocreatina
são espontaneamente degradadas à creatinina, e para manter os níveis suficientes,
precisamos de uma dieta rica em carnes e produtos lácticos, ou pela síntese
endógena, a partir da glicina, arginina e metionina. A creatinina é eliminada na urina,
de maneira muito eficiente pelos rins. Níveis sanguíneos elevados de creatinina
indicam disfunção renal.
- Óxido nítrico (Arginina), uma substância gasosa cujo papel fisiológico foi descoberto
apenas na década de 80. Está envolvido na neurotransmissão, coagulação sanguínea
e controle de pressão arterial. A síntese de NO ocorre a partir da enzima NO-sintase
sobre a arginina, e depende de NADPH, FMN, FAD, tetrahidrobiopterina e
grupamento heme.
METABOLISMO DE NUCLEOTÍDEOS
Um nucleotídeo é um nucleosídeo + 1, 2 ou 3 fosfatos. As pirimidinas e purinas darão
origem as bases pirimídicas e púricas;
As bases pirimídicas maiores são a Timina (T), Citosina (C) e Uracila (U);
As bases púricas maiores são a Adenina (A) e a Guanina (G);
No caso das pirimidinas, a glutamina colabora com o nitrogênio N3, o aspartato com os
carbonos C4, C5 e C6 e o nitrogênio N1, e o bicarbonato com o carbono C2.
A maior parte da síntese “de novo” das bases dos nucleotídeos púricos ocorre no fígado. O
cérebro também pode sintetizar quantidades expressivas. A síntese pode ocorrer, ainda, nos
neutrófilos e em outras células do sistema imunológico. As bases livres e os nucleosídeos
são transportados do fígado para outros tecidos via células vermelhas do sangue.
Síntese de Salvação
A via de salvação é a que permite a síntese de purinas a partir das purinas que resultam da
renovação normal do DNA e RNA, ou da pequena quantidade obtida na dieta que não foi
degradada. Essa via é importante no ENCÉFALO e para os LINFÓCITOS.
A maior parte das bases púricas da dieta não é usada para formar ácidos nucléicos
teciduais. Ela é convertida em ácido úrico pelas células da mucosa intestinal.
A maior parte do ácido úrico entra na corrente sanguínea, sendo excretado na urina.
Purinas que resultam do metabolismo normal ou da dieta que não são degradadas podem
ser convertidas em nucleotídeos:
O AMP e o GMP produzidos podem sofrer ação de cinases para suas formas di e trifosfato. O
IMP pode seguir na via novamente para formar novamente GMP ou AMP.
O aumento de ácido úrico (hiperuricemia) leva a insuficiência renal por depósitos de urato
de cálcio (pedras) nos rins (urolitíase), além do depósito de cristais de ureato nas
articulações e nos tecidos moles.
Degradação de Purinas
A formação do ácido úrico: inserir mega gráfico mostrando a rota desde o AMP pela guanina
e hipoxantina a xantina e ácido úrico.
Degradação de Pirimidinas
Envolve primeiro a desfosforilação, para formar os respectivos nucleosídeos, que serão
quebrados, liberando ribose-1-fosfato ou desoxirribose-1-fosfato.
O grupamento Heme é uma porfirina com um átomo de ferro na forma ferrosa, coordenado
no centro de um anel tetrapirrólico de protoporfirina IX (inserir imagem). Algumas infos:
Síntese do Heme
Os principais locais são:
Reações de Síntese
Os precursores dessa síntese são a Glicina e o Succinil-CoA. Acontece assim:
Passo 1) O succinil-CoA se condensa com a Glicina para formar o ácido
delta-aminolevulínico (delta-ALA). Para formar uma molécula de Heme, precisamos de 8
moléculas de Glicina e 8 de Succinil-CoA. Essa reação é irreversível e catalisada em 2 etapas
pela enzima delta-aminolevulinato-sintase (ALAS). Essa enzima utiliza o PLP como
coenzima. A deficiência de B6 com frequência está associada à anemia microcítica
(eritrócitos pequenos) e hipocrômica (pouco corados). A ALAS é a enzima marca passo do
processo de formação do Heme, e existe em duas isoformas: ALAS1 e ALAS2.
OBS: A isoforma ALAS2 é exclusiva do tecido eritróide. Mutações com perda de função dessa
enzima causam anemia sideroblástica, que se caracteriza por eritroblastos anormais que
contêm numerosos grânulos de ferro depositados nas mitocôndrias. Em condições normais,
a ALAS2 é ativada quando ferro está presente: o mRNA da ALAS2 contém um
Elemento-Responsivo ao Ferro, que só se traduz na presença de Ferro.
A ALAS1 é expressa na maioria das células, e é inibida pelo Heme livre. Ou seja, o Heme
regula a sua própria síntese, ao inibir a síntese e atividade da ALAS (além de estimular
também a síntese de globina). A atividade da ALAS1 hepática é regulada por HEMINA.
Quando a produção do heme excede a de apoproteína, o Heme se converte em Hemina por
oxidação do ferro. A hemina então inibe a síntese e estabilização do mRNA da ALAS1, bem
como a importação mitocondrial da enzima. A administração de diversos fármacos promove
um aumento significativo na atividade de ALAS1, devido à necessidade de síntese de heme
para produzir o CIP450 (que faz a detoxificação das substâncias)
Nas porfirias primárias, a deficiência é causada por defeitos enzimáticos hereditários, que
agem sobre a síntese ou sobre a regulação dessa síntese.
Uma coproporfirinúria secundária pode ocorrer devido a uma moléstia hepática, acidose
diabética ou envenenamento (chumbo, benzol, álcool e tetracloretocarbono).
As porfirias são classificadas dependendo do local onde ocorreu o defeito enzimático, como
Eritropoiéticas ou Hepáticas, e podem afetar a pele ou o sistema nervoso ou ambos.
Reações de Degradação do Heme
Aproximadamente 85% do heme se obtém dos eritrócitos envelhecidos, enquanto os outros
15% vêm da renovação de eritrócitos imaturos e citocromos de tecidos extra-eritróides. A
mioglobina possui um turnover muito lento para contribuir na degradação do heme. Ocorre
assim:
- Após 120 dias, ocorre a captação dos eritrócitos pelos macrofagos do sistema
reticuloendotelial (baço e células de Kupffer).
- A hemoglobina é degradada a globina e heme.
- A globina sofre proteólise e o heme será degradado à bilirrubina.
- Primeiro, o heme sofre ação da heme-oxigenase, virando biliverdina (requer NADPH
e O2). O CO e o Ferro são produtos dessa reação.
Posteriormente, a biliverdina, pela biliverdina-redutase (requer NADPH), é reduzida
à bilirrubina.
- A bilirrubina é transportada até o fígado pela albumina sérica, entra no fígado por
difusão facilitada e liga-se à proteína Ligandina.
- A enzima Glicuronil Bilirrubina-transferase vai conjugar a bilirrubina com o ácido
glucurónico, formando bilirrubina conjugada.
- A bilirrubina conjugada é excretada na bile e transportada até o intestino, onde as
bactérias intestinais vão remover o ácido glucurônico e a bilirrubina é reduzida à
urobilinogênio.
- Uma parte desse urobilinogênio é degradado pelas bactérias intestinais à
estercobilina (dá a cor marrom às fezes).
- A outra parte cai na circulação enteral-hepática e é captada pelo fígado, sendo
conjugada com o ácido glucurônico e excretada na bile (circulação entero-hepática
do urobilinogênio).
- Outra possibilidade é absorver, no cólon, o urobilinogênio, para o sangue, e
excretado pelos rins, e em seguida oxidado à urobilina (cor amarela do xixi), quando
em contato com o ar.
A bilirrubina é uma molécula hidrofóbica, por isso deve se associar à albumina para ser
transportada no sangue. Além disso, a junção dela com o ácido glucurônico é fundamental
para sua excreção. A conjugação torna a bilirrubina muito mais solúvel em ambiente
aquoso, facilitando a eliminação pela bile. O complexo albumina-bilirrubina não atravessa a
membrana glomerular do rim, nem é excretado na bile, por isso é importante conjugar a
bilirrubina.
Icterícia
Refere-se a cor amarelada da pele, do leito ungueal e da esclera causada pela deposição de
bilirrubina nesses tecidos, secundária à hiperbilirrubinemia.
OBS: A icterícia neonatal ocorre em recém-nascidos (60% dos nascidos a termo e 80% dos
prematuros), devido a atividade reduzida da enzima hepática bilirrubina
glucoronil-transferase), pelo acúmulo de bilirrubina indireta. A bilirrubina indireta, quando
em concentração maior do que a de conjugação com a albumina, pode cruzar a barreira
hemato-encefálica e difundir-se para os núcleos da base, causando encefalopatia
(Kernicterus). Há a formação de agregados com fosfolipídios de membrana nos gânglios da
base, tronco cerebral e cerebelo, podendo levar ao comprometimento das funções
cerebrais, especialmente do sistema auditivo, e até a morte.
Para evitar o Kernicterus, os recém nascidos devem ser expostos à luz azul fluorescente,
que converte a bilirrubina indireta numa forma mais polar e solúvel em água. Esses
fotoisômeros podem ser excretados na urina e na bile.
- Direta, causado por um distúrbio na excreção de bilirrubina pela bile ou distúrbio
extra-hepático do fluxo biliar. Exemplos: cálculos biliares, obstrução dos ductos
extra-hepáticos (tumor, inflamação, cálculos, etc.)
INTEGRAÇÃO METABÓLICA