2 Relatorio Polimeros

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – IFES – CAMPUS

VITÓRIA – ENGENHARIA METALÚRGICA

VICTOR ANDRISEN SANT’ANA

MATERIAIS POLIMÉRICOS
Síntese de Polímeros

VITÓRIA
2022
2

VICTOR ANDRISEN SANT’ANA

MATERIAIS POLIMÉRICOS
Síntese de Polímeros

Relatório científico,
apresentado ao prof. Dr. Kinglston
Soares do IFES, como parte das
exigências do curso de Engenharia
Metalúrgica na disciplina de Materiais
Poliméricos

VITÓRIA, 25 de fevereiro de 2022.


3

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO TEÓRICA ................................................................... 4

2. OBJETIVO ........................................................................................ 10

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................ 10

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 12

5. CONCLUSÃO ................................................................................... 16

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 17


4

1. INTRODUÇÃO TEÓRICA

1.1 Síntese de Polímeros: Acetato de Celulose


A celulose é um polímero linear altamente cristalino, que se decompõe
antes de fundir e não é processável como material termoplástico comum. Suas
cadeias poliméricas são formadas por unidades de glicose ligadas ao oxigênio,
com três grupos hidroxila por unidade que agem como centros de reação para
os derivados da celulose. É possível modificá-la quimicamente para se tornar
processável, como o nitrato de celulose e o acetato de celulose. [1]
Este último composto é um éster produzido pela reação da celulose,
extraída principalmente da madeira, com anidrido acético e ácido acético, na
presença de um catalisador (ácido sulfúrico). O produto deve ser hidrolisado para
remover grupos sulfato e acetato, até adquirir as propriedades desejadas (2
radicais acetato para cada unidade fundamental da celulose). A estrutura
química do acetato pode ser vista a seguir na figura 1. [1]
Figura 1: Estrutura do acetato de celulose.

Fonte: CERQUEIRA [1]


Possui vasta utilização comercial, sendo utilizado na indústria têxtil, na
produção de filtros de cigarro e já teve amplo uso na fabricação de filmes
fotográficos. Suas grandes vantagens estão na solubilidade em acetona e
termoplasticidade, além de ser hipoalergênica e resistente a mofo. [1]
É um polímero neutro que forma filmes transparentes e tem um baixo
custo. Pode também ser utilizado em processos de seperação por membranas,
tais como hemodiálise, nanofiltração e preparação de filmes de alumina.
Também é utilizado em polímeros condutores. [1]
5

1.1.1. Fontes de celulose


Atualmente, é grande a busca por maneiras de preservar o meio ambiente
e dar destino aos resíduos industriais e urbanos. Dessa forma, tem-se
aumentado a conversão de resíduos ligninocelulósicos em derivados de alto
valor agregado, para aplicações variadas e desenvolvimentos de tecnologias
amigáveis ao meio ambiente. [2] É nesse processo que o acetato de celulose é
gerado, utilizando celulose que pode vir de diferentes tipos de materiais, com
diferentes teores de celulose como mostra a figura 2:
Figura 2: Ocorrência de celulose em diferentes tipos de materiais

Fonte: [3]
A matéria prima para a produção de derivados de celulose na forma mais
pura está no Linter de algodão ou nas polpas de dissolução.
Para a produção do acetato, é possível encontrar diferentes matérias
primas a serem utilizadas, sendo a pasta de madeira mais utilizada
industrialmente. Em Brum [2], foi utilizado o papelão (matriz de fibras de celulose
interligadas por ligações de hidrogênio entre grupos hidroxilas nas fibras
adjascentes), que é um produto de grande relevância na indústria brasileira de
embalagens. Já no trabalho de Cerqueira [1] a matéria prima utilizada foi o
bagaço de cana-de-açúcar, outro material de grande descarte no país. Nesse
trabalho, foi utilizado o algodão.
A polifuncionalidade da celulose faz com que tenha a liberdade de gerar
uma enorme diversidade de produtos com 3 hidroxilas livres em cada anidro-
monômero. Porém, haverá dificuldade em gerar produtos de substituição
homogênea. [3]
6

1.1.2. Acetilação
O acetato de celulose é obtido pelo processo chamado de acetilação com
aproximadamente 80% de rendimento (grupos hidroxilas esterificados).[2]
O processo se dá pela reação de acetilação da celulose na presença de
anidrido acético em excesso (agente de acetilação), ácido acético (solvente) e
ácido sulfúrico ou outros catalisadores. As figuras 3 e 4 mostram a reação de
acetilação da celulose para conversão do triacetato de celulose e o mecanismo
de reação. [2]
Figura 3: Reação de produção do triacetato de celulose.

Fonte: [2]
Figura 4: Mecanismo de acetilação da celulose.
7

Fonte: [3]
Dessa forma, a reação de acetilação pode ser homogênea ou
heterogênea, com a substituição dos grupos hidroxila das unidades de glicose
por grupos acetila. Como consequência pode-se obter materiais com diferentes
graus de substituição (GS). Esse parâmetro é importante pois afeta a
cristalinidade do polímero, potencial de biodegradabilidade, solubilidade etc. Por
exemplo, se GS=0 é insolúvel na maioria dos solventes, mas para GS= 1 é
solúvel em água, GS=2 em acetona, GS=3 em clorofórmio. [1]
De acordo com o grau de substituição do acetato de celulose é possível
mudar suas aplicações, como visto na figura 5:
Figura 5: Aplicações do acetato de celulose de acordo com grau de
substituição
8

Fonte: [3]
Esse processo se barateia pelo uso de fontes alternativas de celulose
como matéria prima, sendo a biomassa oriunda de resíduos industriais e urbanos
muito atraente pelo fato da grande disponibilidade sem custo. Após diversos
ciclos de reciclagem as fibras que formam o papel e o papelão não têm mais
qualidade adequada para outro processo. Nesse cenário, a síntese de acetato
de celulose tem grande vista econômica e saudável. [2]

1.2 Resina poliéster NOVAPOL L-120


A resina poliéster é um polímero termofixo, que não permite moldagens
posteriores com o fornecimento de calor ou de agentes químicos. Esse tipo de
material normalmente passa pelo processo de cura que resulta em ligações
cruzadas entre suas cadeias, apresentando-se rígido e com boa resistência
mecânica. [4]
A resina estudada contém grupos ésteres, sendo obtida através da reação
de condensação com um diálcool e um diácido, como reagentes de partida. A
resina poliéster pode ser classificada em saturada, de ácidos insaturados e de
álcoois insaturados. A figura 6 representa a reação de condensação do ácido
tereftálico com etileno glicol, formando a cadeia do poliéster e liberando água.
[4]
Figura 6: Síntese da resina poliéster

Fonte: [4]
A maioria das resinas termofixas insaturadas são usadas com reforços
fibrosos. O estireno é o monômero mais utilizado para poliéster insaturado,
servindo como solvente e redutor de viscosidade do produto. A cura do poliéster
9

insaturado ocorre na copolimerização do monômero com a dupla ligação do


poliéster, formando uma rede tridimensional. [5]
O mecanismo de cura em cadeia acontece com o crescimento das
cadeias lineares quando submetido a ação de calor (a). Após começarem a se
ramificar simultaneamente, na etapa (b) acontece o momento prévio ao ponto de
gel em que a massa molecular aumenta e se produz um entrecruzamento
completo determinando o ponto de gel, que é a etapa (c) do processo. A
gelificação é a passagem do estado líquido para a fase gel. Na etapa (d) a
estrutura polimérica está altamente reticulada, em forma de sólido insolúvel que
não funde. Esse esquema pode ser observado na figura 7. [5]
Figura 7: Mecanismo de cura.

Fonte: [5]
A forma da cura de uma resina poliéster acontece através da adição do
peróxido adequado no momento da utilização do poliéster. Peróxidos, como o
peróxido de benzoíla utilizado nesse trabalho, ativam as moléculas monoméricas
e iniciam a polimerização em cadeia onde há combinação com um radical livre.
[5]
A utilização desse tipo de polímero é muito ligada ao uso de fibra de vidro,
formando um compósito de duas fases em que a matriz polimérica é reforçada
mecanicamente com as fibras. As fibras aumentam a força suportada pelo
material, reduzindo a propagação de rachaduras e prevenindo fraturas. Esses
materiais sozinhos costumam serem insuficientes para aplicações de
engenharia, mas quando juntos é possível obter características excepcionais de
10

elasticidade e resistência para a construção civil, indústria automobilística, naval,


etc. [5]

2. OBJETIVO
Realizar a reação de síntese do polímero artificial de Acetato de celulose
e observar seu espectro no infravermelho em comparação ao da celulose pura.
Realizar o processo de cura de um termofixo, a resina poliéster.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS
• 2, 551g de Algodão;
• Balança de precisão;
• Béqueres;
• Proveta;
• Vidro de relógio;
• Bastão de vidro;
• Placas de vidro;
• Anidrido acético P.A – ACS;
• Ácido Acético P.A;
• Clorofórmio P.A
• Estufa;
• Peneira GranUTest, Abertura 0,105 mm;
• 5,075g de Cloreto de zinco;
• Espectrômetro Agilent Technologies Cary 630 FTIR com acessório ATR
(atenuação da reflectância total);
• Agitador Magnético com aquecimento (Marconi, MA 085/CT);
• 100g de Resina poliéster orto-tereftálica tixotrópica e pré-acelerada.
NOVAPOL L-120;
• Iniciador Peróxido de benzoíla 1%.
11

3.2 MÉTODOS
• Acetato de Celulose:
o Antes do experimento, foi realizada a espectroscopia no
infravermelho do algodão (celulose) para comparações nos
resultados;
o Primeiramente, dissolveu-se num béquer 5g de cloreto de zinco em
45mL de ácido acético glacial;
o Foi adicionado o algodão em pedaços bem pequenos, de modo
que molhe bem um pedaço de cada vez;
o Após a adição e o repouso de 15 minutos, foi adicionado 20mL de
anidrido acético em porções de 5mL com agitação contínua;
o A mistura foi coberta por um vidro de relógio e deixado na estufa
por 1 dia;
o Após este tempo, a solução foi diluída com 5 porções de 10mL de
ácido acético puro.
o Gradualmente, a solução foi vertida em 4l de água, agitando com
bastão de vidro;
o Na peneira foi lavado até ficar livre de ácido;
o Após essas etapas o acetato foi levado a estufa a 50ºC por 5 horas;
o Num béquer de 100mL foi colocado 1g de acetato de celulose e
aproximadamente 10mL de clorofórmio para dissolução. A solução
foi vertida em uma lâmina de vidro até evaporar o solvente;
o O filme formado na lâmina de vidro foi retirado e analisado seu
espectro de absorção no infravermelho para comparação com o
espectro da celulose, de modo a comprovar a reação de
esterificação.
• Resina poliéster
o Em um béquer foram adicionados 100g da resina poliéster
insaturada e 1g de peróxido de benzoíla;
o O material foi misturado e levado ao repouso (reação);
o Após o tempo de gel, foram feitas observações a cerca do polímero
curado.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Acetato de celulose


No presente experimento, foram realizados corretamente as dissoluções,
diluições e secagem para obtenção do polímero sintético. Todavia, foi possível
observar, após a segunda passagem pela estufa, que o acetato de celulose
obteve aspecto quebradiço, como mostrado na figura 8, diferente do fio
esperado.
Figura 8: Aspecto dos polímeros gerado;

Fonte: Fotografado pelo autor.


Uma das possíveis causas para o aspecto final encontrado na celulose é
a possível baixa pureza do ácido acético utilizado, prejudicando na formação do
fio esperado.
Com isso, o filme formado pela dissolução no clorofórmio se apresentou
contínuo e quebradiço, sendo impossível de retirar algum fragmento inteiro para
análise. O filme pode ser observado na figura a seguir:
Figura 9: Aspecto do filme gerado
13

Fonte: Fotografado pelo autor.


Mesmo com os fragmentos quebradiços foi realizada a espectroscopia no
infravermelho do material, que pode ser observada a seguir na figura 10.
Figura 10: Espectro da amostra de acetato de celulose.

Fonte: Fotografado pelo autor.


Ao observar o espectro mostrado pelo acetato de celulose, na figura 10,
aparecem picos na faixa de 1700-1800 cm-1 e 1000-1500 cm-1. Esses picos estão
relacionados a substituição dos grupos hidroxila pela acetila. Nessas
14

frequências, encontram-se vibrações de ligações C-O, C=O e C-H, presentes na


estrutura química do acetato de celulose mostrada na figura 3.
É possível comparar os resultados com o espectro do algodão (celulose)
observado na figura 11. No algodão, aparecem picos na faixa de 3300 cm-1, 1300
cm-1 e 1000 cm-1. Nessas frequências, as vibrações são comuns de grupos
hidroxila (O-H), e ligações C-O que correspondem ao previsto de acordo com a
fórmula química da celulose mostrada na figura 3.
Figura 11: Espectro da amostra da celulose.

Fonte: Fotografado pelo autor


Diferença nos picos encontrados, principalmente o que está na faixa de
3000 reflete a diferença do grupo hidroxila que dá lugar ao grupo acetila na
síntese do polímero artificial.

4.2 Resina Poliéster


Foi promovida a cura da resina termofixa com o iniciador peróxido de
benzoíla, utilizando 100g da resina com 1% de iniciador e agitando a mistura. No
processo de quebra e formação de ligações cruzadas, foi possível observar que
acontece a liberação de calor (exotermia) até elevação da temperatura em torno
15

de 200ºC em 6 minutos de tempo de gel. Após o fim desse tempo, é constatada


a contração volumétrica que ajuda na retirada do polímero do molde. O material
formado é firme e rígido, diferente da resina viscosa observada antes da cura,
como pode-se observar na figura a seguir.
Figura 12: Aspecto da amostra após a cura.

Fonte: Fotografado pelo autor


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5. CONCLUSÃO
Nos experimentos realizados foi possível compreender aspectos
relacionados à síntese de polímeros e processos de cura. Com a síntese do
polímero artificial de acetato de celulose, foi compreendido o processo para sua
obtenção, assim como observada a diferença entre os espectros encontrados
devido ao processo de acetilação realizado, com substituição dos grupos
químicos presentes nas moléculas do composto. Mesmo com o aspecto
quebradiço indesejável encontrado, é fato que o processo foi realizado nas
cadeias poliméricas da celulose. O motivo do resultado incomum é
desconhecido, possivelmente associado ao ácido acético utilizado e tempo de
estufa.
Ainda mais, foi possível comparar e entender as diferenças com o
processo de cura de uma resina termofixa, onde a formação de ligações
cruzadas altera totalmente o aspecto do polímero, saindo de um líquido viscoso
para um polímero rígido e firme. Ficou evidenciado as consequências dessa
reação, com elevada exotermia e contração volumétrica.
17

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

[1] Cerqueira, Daniel A. et al. Caracterização de acetato de celulose obtido a


partir do bagaço de cana-de-açúcar por ¹H-RMN. Polímeros [online]. 2010, v. 20,
n. 2, pp. 85-91.
[2] Brum, Sarah S. et al. Síntese de acetato de celulose a partir da palha de feijão
utilizando N-bromossuccinimida (NBS) como catalisador. Polímeros [online].
2012, v. 22, n. 5, pp. 447-452.
[3] Química de Biomassa, Derivados de Celulose. Departamento de
Biotecnologia EEL – USP.
[4] Castro, Alessandro J. Resina poliéster: caracterização e estudo das
condições de cura e propriedades mecânicas. Departamento de Química UFSC.
Florianópolis, 2003.
[5] Longaretti, Isabeli, M. et al. Estudo da influência da fibra de vidro nas
propriedades mecânicas de uma massa poliéster. SATC.

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