Apostila Contabilidade Basica1634578455

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Sumário

NOÇÕES DE CONTABILIDADE.............................................................................................. 3
Classificação e registro de contas patrimoniais................................................................. 5
Receitas e despesas operacionais .................................................................................... 12
Receitas e despesas não operacionais ............................................................................ 12
Custos ........................................................................................................................................ 13
Plano de contas e lançamentos contábeis ................................................................... 13
Princípios contábeis .............................................................................................................. 24
Entidade ............................................................................................................................. 24
Continuidade ..................................................................................................................... 24
Oportunidade..................................................................................................................... 24
Registro pelo valor original.............................................................................................. 25
Competência ..................................................................................................................... 25
Prudência ........................................................................................................................... 25
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ................................................................................... 26
Balanço patrimonial .......................................................................................................... 27
Demonstração do resultado do exercício (DRE) ......................................................... 27
Demonstração do fluxo de caixa .................................................................................... 28
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Segundo José Carlos Marion (2010):

“Uma empresa sem boa contabilidade é como um barco à deriva ao


sabor dos ventos.”

Esse argumento é verídico, pois a contabilidade é considerada um


sistema de informação cujo objetivo é
fornecer informações e avaliações úteis aos seus usuários, de forma a dar-
lhes apoio para a tomada de decisões de natureza econômica ou na formação
de suas avaliações dentro e fora da empresa.

Os usuários da contabilidade são classificados em dois tipos:

INTERNO

São representados pelas pessoas internas da entidade, como é o caso


dos gestores e da diretoria. Os usuários internos utilizam a contabilidade para
auxiliá-los no processo de tomada de decisão. Exemplo da utilização da
contabilidade para usuários internos da entidade: análise da viabilidade de uma
nova filial, ou de um novo produto, a partir do parecer contábil; sendo possível
decidir pelo fechamento ou não da filial, ou pelo lançamento ou não do novo
produto.

EXTERNO

São representados pelas pessoas que utilizam as informações contábeis


para seu processo decisório, mas que são externas à entidade. O acesso às
informações da empresa é mais limitado, por haver uma menor possibilidade
de obter informações sobre a entidade (exceto se as demonstrações
financeiras forem publicadas, o que é obrigatório para determinada
classificação de empresa).

Alguns exemplos de usuários externos são:


Governo: para a arrecadação de tributos, mas também para licitações
referentes à prestação de serviços ou à compra de produtos e mercadorias.

Investidores: são aqueles que aplicam ou que aplicarão seus recursos


na empresa. Esses usuários têm interesse em fazer isso por empréstimos ou
pela compra de parte do capital da empresa.

Fornecedores e clientes: são pessoas jurídicas que fazem negócios com


a entidade. Para esses usuários, a informação contábil pode ser importante
para determinar o nível e a profundidade no relacionamento comercial.
Fornecedores desejarão receber, e clientes desejarão ter um fornecedor com
garantias e sustentabilidade.

A contabilidade é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas


a tomarem decisões. Com o passar do tempo, o governo começou a utilizar-se
dela para arrecadar impostos, tornando-a obrigatória para a maioria das
empresas.

Mas, a principal função dela é ser uma ciência que estuda e controla o
patrimônio mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação
dos fatos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e suas
variações, bem como sobre o resultado econômico decorrente da forma de
gestão.

Considera-se “pessoa”, juridicamente falando, todo ser ao qual se


atribuem direitos e obrigações, separado em pessoa física (é a pessoa natural,
o ser humano, o indivíduo) e pessoa jurídica, como as de fins lucrativos
(empresas industriais, comerciais etc.) ou não (cooperativas, associações
culturais, religiosas etc.).

Na contabilidade, o patrimônio é composto por bens, direitos e


obrigações.

BENS

Conjunto de bens capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e


das empresas.
São classificados em:

Bens tangíveis: têm forma física, são palpáveis. Ex.: veículos, imóveis, estoque
de mercadorias, dinheiro, móveis e utensílios, ferramentas etc.

Bens intangíveis: não são palpáveis, não são constituídos de matéria. Ex.:
marcas (Unilever, Gerdau, Coca-Cola) e patentes de invenção (direito exclusivo
de explorar uma invenção).

DIREITOS

Trata-se do poder de exigir alguma coisa. São os valores a receber,


títulos a receber, contas a receber etc. Exemplos de pessoas físicas: salários a
receber (após o mês de trabalho), dinheiro depositado em algum banco (direito
a sacá-lo) e aluguéis a receber. Já como exemplos de pessoas jurídicas,
temos: a venda a prazo – clientes ou duplicatas a receber; títulos a receber
(referentes a notas promissórias); aluguéis a receber e depósitos em conta
bancária.

OBRIGAÇÕES

São dívidas com outras pessoas. Em contabilidade, tais dívidas são


denominadas obrigações exigíveis. Como exemplos, nas empresas, temos: as
obrigações com salários a pagar, fornecedores a pagar, aluguéis a pagar,
impostos a pagar, empréstimos a pagar e dividendos (para os sócios).

Classificação e registro de contas patrimoniais

Agora que sabemos o patrimônio da empresa, precisamos saber como


elas aparecem na estrutura patrimonial, chamadas de contas patrimoniais.

Elas são classificadas em ativo e passivo.

ATIVO
São todos os bens e direitos de propriedade da empresa, mensuráveis
monetariamente, que representam benefícios presentes ou benefícios futuros
para a empresa.

As suas contas patrimoniais são registradas de acordo com sua rapidez


de conversão em dinheiro, chamado de grau de liquidez (a capacidade de se
transformar em dinheiro mais rapidamente). Veja as principais contas
classificadas como ativo na tabela abaixo:

Conta patrimonial Explicando a liquidez

Caixa Já é dinheiro e está sob minha posse.

Bancos conta movimento É dinheiro, mas está no banco.

É dinheiro, mas está em forma de mercadorias.


Estoque de mercadorias
Tenho que vendê-las.

É dinheiro que tenho direito de receber dentro


Aluguéis a receber
do prazo estipulado em contrato.
É dinheiro que tenho direito de receber dentro
Duplicatas a receber
do prazo estipulado em contrato.

É dinheiro que tenho direito de receber dentro


Empréstimos a receber
do prazo estipulado em contrato.

É dinheiro que tenho direito de receber dentro


Títulos a receber
do prazo estipulado em contrato.

É dinheiro em forma de ativo (veículo). Pode


Veículos ser convertido em dinheiro pela venda desse
ativo.

É dinheiro em forma de ativo (móveis e


Móveis e utensílios utensílios). Pode ser convertido em dinheiro
pela venda desse ativo.

É dinheiro em forma de ativo (máquinas e


Máquinas e equipamentos equipamentos). Pode ser convertido em
dinheiro pela venda desse ativo.
É dinheiro em forma de um ativo imobilizado.
Terrenos Pode ser convertido em dinheiro, mas isso
demora.

É dinheiro em forma de um ativo imobilizado.


Edifícios Pode ser convertido em dinheiro, mas isso
demora.

É dinheiro em forma de ativo (marcas e


Marcas e patentes patentes). Pode ser convertido em dinheiro
pela venda da marca.

PASSIVO

O passivo evidencia toda a obrigação (dívida) que a empresa tem com


terceiros: contas a pagar, fornecedores de matéria-prima, impostos a pagar,
financiamentos, empréstimos etc.

As suas contas patrimoniais estão ordenadas de acordo com o prazo de


liquidação dessas obrigações, do menor prazo para o maior, chamado de grau
de exigibilidade (tempo de exigência para quitar uma obrigação), como mostra
o exemplo abaixo:

Conta patrimonial Explicação do prazo de liquidação


Uma obrigação que devo cumprir no prazo estipulado a curto
Contas a pagar
prazo (até 12 meses).

Uma obrigação que devo cumprir no prazo estipulado a curto


Salários a pagar
prazo (até 12 meses).

Uma obrigação que devo cumprir no prazo estipulado a curto


Impostos a pagar
prazo (até 12 meses).

Empréstimos Uma obrigação que devo cumprir no prazo estipulado a curto


bancários prazo ou longo (até 12 meses ou mais).

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Para que a empresa comece a operar de fato, ela precisa


de capital (dinheiro, bens e recursos).

Os sócios da empresa estão dispostos a conceder uma quantia inicial,


normalmente em dinheiro, para dar início e constituição para a empresa. Essa
quantia é o capital, ou o capital social (pois se origina de uma sociedade).

O patrimônio líquido, ou PL, é uma conta patrimonial que evidencia


recursos dos proprietários aplicados no empreendimento. A aplicação inicial
dos proprietários denomina-se de capital, como já vimos. E se houver outras
aplicações por parte dos proprietários teremos então acréscimo de capital.

Em termos legais, a empresa não é obrigada a devolver o capital ao


sócio, caso contrário sua continuidade poderia ser interrompida. Por isso, o
patrimônio líquido também é conhecido como passivo não exigível, pois essa
dívida não poderá ser cobrada. Em caso de falência da empresa, o sócio perde
o dinheiro investido (investimento de risco).

O PL não só é acrescido aos novos aumentos de capital, é também


adicionado aos rendimentos resultantes do capital aplicado, este denominamos
de lucro.

Do lucro obtido em determinado período pela atividade empresarial,


normalmente uma parte é distribuída para os sócios e a outra parte fica retida
na empresa em contas de reservas legais do PL. Caso a empresa apresente
prejuízo, o valor será também registrado no PL na conta prejuízos
acumulados.

Contas de resultado

Como vimos anteriormente, no PL estão contemplados os lucros e


prejuízos financeiros que a empresa apresentou no período. Mas, de que forma
são apurados esses valores?

As contas de resultado, que correspondem as receitas e despesas da


empresa, são aquelas que representam o movimento da situação líquida da
empresa, o que de fato ficará como resultado.

Como receita, tem-se os aumentos nos benefícios econômicos durante o


período, como as vendas efetuadas. Despesa, por sua vez, é o decréscimo
desses benefícios, o salário do funcionário, é um exemplo de despesa.
A lógica é simples. Para apurar o resultado final, basta diminuir as
receitas pelas despesas do período, sendo que:

 Se as receitas forem maiores que as despesas, haverá lucro no período.

 Se as despesas forem maiores que as receitas, haverá prejuízo no


período.

As receitas e despesas podem ser classificadas de duas maneiras:


operacionais e não operacionais.
Receitas e despesas operacionais

A receita bruta, ou receita operacional, se constitui pela venda de


produtos (na indústria), de mercadorias (no comércio) e prestação de serviços
(empresa prestadora de serviços).

Já as despesas operacionais são aquelas necessárias para vender os


produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Ou seja, são todas
as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da
empresa, sendo que os principais grupos são os seguintes:

 Despesas de vendas: abrangem desde a promoção do produto até sua


disposição para o consumidor (comercialização e distribuição). São
despesas com o pessoal da área de venda, comissões sobre vendas,
propaganda, publicidade etc.

 Despesas administrativas: são as necessárias para administrar a


empresa. De maneira geral, são gastos nos escritórios visando a direção
ou a gestão da empresa. Como exemplos temos: honorários
administrativos, salários e encargos sociais do pessoal da administração,
materiais de escritório, aluguéis de escritório etc.

 Despesas financeiras: são as remunerações - as obrigações com


terceiros - tais como: juros pagos, comissões e despesas bancárias,
descontos concedidos, juros de mora pagos etc.

Receitas e despesas não operacionais

As receitas e despesas não relacionadas diretamente com o objetivo do


negócio da empresa são classificadas como não operacionais. Normalmente,
trata-se de ganhos ou perdas, isto é, são aleatórias. Observe os exemplos:

 Ganhos e perdas de capital: são os lucros ou prejuízos na venda bens que


não estão ligados à operação da empresa: venda de um veículo, venda de
máquinas e equipamentos, venda de ações etc.
 Perdas e ganhos: as características de perdas e ganhos são de itens
extraordinários, anormais e não orçáveis. Por exemplo, perdas com
geadas, chuvas com granizo na agricultura.

Custos

As contas de resultado que merecem destaque diferenciado são as de


custos, pois representam os gastos relativos aos bens e serviços utilizados
diretamente na produção, na disponibilidade de mercadoria para venda ou na
prestação do serviço, como:

 Matéria-prima

 Mão-de-obra empregada na produção

 Embalagens

 Aluguéis das instalações de produção

Enquanto que o custo está ligado diretamente com a receita da


empresa, exercendo um papel importante na precificação do produto,
mercadoria ou serviço, as despesas estão associadas à operação da empresa
e não diretamente à produção, à disponibilidade de mercadoria para venda ou
à prestação do serviço.

Plano de contas e lançamentos contábeis

Sabemos que os acontecimentos numa empresa podem ou não alterar o


seu patrimônio. Aos acontecimentos que não alteram o patrimônio, chamamos
de atos administrativos. Portanto, atos administrativos são aqueles que
ocorrem na empresa e que não provocam alterações no patrimônio. Sendo
assim, não são contabilizados, pois, uma vez que não alteram o patrimônio da
empresa, não necessitam de contabilização.

Exemplos:

 Admissão de funcionários.
 Assinatura de um contrato de seguro contra incêndio.

 Envio de duplicatas a receber para cobrança simples etc.

Por outro lado, temos os fatos administrativos, ou fatos contábeis. Eles


representam todos os acontecimentos que provocam alterações qualitativas
e/ou quantitativas no patrimônio da empresa. Exemplos:

 Pagamento de salário de funcionários.

 Pagamento de seguro contra incêndio.

 Recebimento de duplicatas através de cobrança bancária simples etc.

Sabendo dessas informações, podemos dizer que o plano de contas é o


conjunto de rubricas criado pelo contador, para atender as necessidades de
registro dos fatos administrativos, de forma a possibilitar a construção dos
principais relatórios contábeis e atender todos os usuários com relação à
informação contábil.

Para cada bem ou agrupamento de bens e direitos (ativo), obrigações


(passivo) ou situação líquida (patrimônio líquido), há uma conta específica. Da
mesma forma, as modificações do patrimônio, positivas (receitas) ou negativas
(despesas e custos), são representadas por contas de resultado.

O plano de contas de uma empresa consiste numa relação padronizada


de contas a serem utilizadas no registro das operações pelos profissionais da
área de contabilidade. Como todos, eles se sujeitam a regras estabelecidas
num mesmo plano de contas, a consequência é a uniformidade nos
procedimentos contábeis adotados.

Entretanto, o plano deve ser flexível, de forma a poder ser adaptado,


mediante inclusão ou exclusão de contas, em virtude da ocorrência de fatos
contábeis inicialmente não previstos e da dinâmica própria da atividade
empresarial. Tendo em vista a estrutura desenvolvida pela lei societária
brasileira, um plano de contas analítico poderia ter a seguinte estrutura de 1º
nível:
Logo, o código 6111.0003 representa os registros dos valores das horas
extras pagas nos salários dos funcionários em um período.

Salientamos que o plano de contas retratará a identidade da empresa,


tendo tantos níveis quanto for necessário para a devida identificação do
lançamento e para posterior sistema de informações e tomada de decisões.

Entretanto, o modo como devem ser registrados os valores nessas


contas, no plano de contas, é feito pelo método das partidas dobradas, nele
registramos todos os acontecimentos que se verificam no patrimônio. O valor
de cada componente do patrimônio, suas variações e os resultados, positivos
ou negativos da atividade econômica podem ser acessados a qualquer
momento.

Esse método de escrituração é de uso universal e foi divulgado no séc.


XV (1494) na Itália, e consiste no seguinte:

Para entender melhor esse conceito, devemos entender que as contas


possuem dois lados (esquerdo e direito); dessa forma, os aumentos podem
ser registrados em um lado, e as diminuições, no outro. A natureza da conta é
que irá determinar o lado a ser utilizado para os aumentos e o lado para as
diminuições.

A premissa básica das partidas dobradas é que, para toda transação


contábil, há no mínimo dois registros (origens e destinos). Esses registros são
denominados débito e crédito funcionam como as ações contábeis, uma vez
que os atos de debitar e de creditar alteram os saldos das contas e,
consequentemente, geram as variações patrimoniais.

Portanto, debitar e creditar são os verbos da contabilidade: todas as


transações contábeis que ocorrem são registradas utilizando essas duas
ações. Mas, antes de iniciar o entendimento de como se debita e se credita, é
necessário entender a natureza dos grupos de contas. Para facilitar a
compreensão, apresentamos o seguinte esquema:
DÉBITO CRÉDITO

+ Ativo
- Ativo

- Passivo
+ Passivo

- Patrimônio líquido
+ Patrimônio líquido

A tabela acima mostra que, se o ativo é de natureza devedora, para


aumentá-lo, há de se fazer um débito; e para reduzi-lo, há de se fazer um
crédito. O mesmo raciocínio serve para os demais grupos: como o passivo e o
patrimônio líquido são de natureza credora, para aumentá-los, faz-se um
crédito, e, para reduzi-los, um débito.

Essa natureza dos grupos de contas gera ao iniciante neste estudo


alguma confusão, pois ele pode questionar-se sobre:

Se ativo são os bens e direitos de uma empresa, como isso pode ser um
débito? Essa dúvida surge porque estamos acostumamos a pensar que débito
implica estar em falta de algo, ou seja, seria algo negativo; em contabilidade,
no entanto, não é bem assim. Veja a origem das palavras:

Débito: do latim debes = devido a mim (pertencente a mim).

Crédito: do latim credo = confiança, crença.


Portanto, a palavra “débito” significa “devido a mim”; logo, o ativo é de
natureza devedora, pois os bens e direitos pertencem à empresa, ou seja, são
devidos a ela.

A palavra “crédito”, por sua vez, significa “confiança”; quem vende a


prazo, portanto, tem confiança na empresa, ou seja, acredita que ela vá pagar
a dívida e, conforme já visto, as dívidas e as obrigações são lançadas no
passivo, daí esse grupo ser de natureza credora. O mesmo ocorre com o
patrimônio líquido, pois o investidor (proprietário) colocou recursos na empresa,
acreditou nela.

Contas do Ativo Contas do passivo PL

Qualquer conta do ativo Qualquer conta do passivo e PL

Débito Crédito Débito Crédito

Aumento de Diminuição de Diminuição de conta Aumento de conta


conta do ativo conta do ativo do passivo e PL do passivo e PL

As receitas, os custos e as despesas, pertencentes as contas de


resultado, posteriormente, de forma resumida (pelo saldo – lucro ou prejuízo),
são transferidos para a conta de lucros acumulados no patrimônio líquido.
Então, o raciocínio para essas contas é o seguinte:
 A receita é de natureza credora (crédito), pois aumenta o lucro,
aumentando consequentemente a conta de reservas de capital, sendo de
mesma natureza do patrimônio líquido.

 Os custos e despesas são de natureza devedora (débito), pois diminui o


lucro ou causa prejuízo, diminuindo a conta de reservas de capital ou
aumentando a de prejuízos acumulados no PL.

Vamos a alguns exemplos práticos para a compreensão do método das


partidas dobradas:

Exemplo 1

Depósito de R$ 280,00 em dinheiro na conta corrente do banco.

Contas alteradas:

Dinheiro em caixa: é um bem, portanto, ativo, saldo devedor. Logo, o fato


diminui o saldo de caixa, tudo o diminui. Um saldo devedor é um crédito,
portanto, é um crédito na conta dinheiro em caixa.

Banco – conta corrente: é um direito, portanto, ativo e todo ativo tem saldo
devedor. Logo, o fato está aumentando o saldo da conta banco. Tudo o que
aumenta um saldo devedor é um débito, portanto, é um débito na conta banco
– conta corrente.

Lançamentos a serem efetuados:


D (débito) – Banco – Conta corrente: 280,00
C (crédito) – Dinheiro em caixa: 280,00
Exemplo 2

Compra de roupas para estoque do fornecedor XY no valor de R$ 18.000,00, a


prazo.

Contas alteradas:

Estoque de roupas: é um bem, portanto, ativo, saldo devedor. Logo, o fato


está aumentando o saldo da conta banco. Tudo o que aumenta um saldo
devedor é um débito, portanto, é um débito na conta estoque de mercadorias.

Fornecedor XY: é uma obrigação, portanto, passivo e todo passivo tem saldo
credor. Logo, o fato está aumentando o saldo da conta. Tudo o que aumenta
um saldo credor é um crédito, portanto, é um crédito na conta fornecedor XY.

Lançamentos a serem efetuados:


D – Estoques de roupas: 18.000,00
C – Fornecedor XY: 18.000,00
Exemplo 3

Pagamento, a vista, no valor de R$ 15,00, de cópias autenticadas em cartório,


dos documentos dos sócios da empresa, para enviar ao contador.

Contas alteradas:

Dinheiro em caixa: é um bem, portanto, ativo, saldo devedor. Logo, o fato


diminui o saldo de caixa. Tudo o diminui, um saldo devedor é um crédito,
portanto, é um crédito na conta dinheiro em caixa.

Despesas de cartórios: é uma despesa e todo despesa tem saldo devedor.


Logo, o fato está aumentando o saldo da conta. Tudo o que aumenta um saldo
devedor é um débito, portanto, é um débito na conta despesas de cartórios.

Lançamentos a serem efetuados:


D – Despesas de cartório: 15,00
C – Dinheiro em caixa: 15,00

Como vimos, não há débitos sem créditos correspondentes, podendo os


lançamentos serem feitos das seguintes formas:

Primeira forma: 1 débito + 1 crédito

Segunda forma: 1 débito + vários créditos

Terceira forma: vários débitos + 1 crédito

Quarta forma: vários débitos + vários créditos

Compreendendo como devem ser escritos os lançamentos contábeis,


podemos entender os conteúdos que estão inseridos nos principais livros
contábeis obrigatórios por leis comerciais e fiscais. Listamos a seguir os
principais:

Livro diário
Livro obrigatório usado na escrituração contábil para reunir, em ordem
cronológica, as ocorrências representativas dos fatos patrimoniais de uma
entidade. No livro diário, devem ser lançados, dia a dia, todos os fatos
contábeis, todas as ocorrências que modifiquem ou que possam vir a modificar
a situação patrimonial da empresa. Exemplo de registro das transações do livro
diário:

DATA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO

D – Caixa
C – Bancos
10/03/2006 5.000 5.000
Suprimento de caixa efetuado nesta
data.

Livro obrigatório de escrituração contábil destinado ao registro


sistemático dos fatos ocorridos nas contas patrimoniais e de resultados da
empresa. Sua escrituração se processa pela transcrição, conta por conta, em
ordem de data, para cada conta das operações registradas cronologicamente
no livro diário. O livro-razão acaba sendo o livro, por excelência, do contador, já
que por meio dele é que se consegue apurar o saldo de cada item patrimonial,
ou seja, o saldo de cada conta.

Conta: 1.1.1.1.1 – Dinheiro em Caixa Período: 01/01/2012 à 31/12/2012


Data Histórico Débito Crédito Saldo

31/12/2011 Saldo anterior 4.000,00

21/01/2012 Pagamento NF Empreiteira ZZ 1.000,00 3.000,00

01/02/2012 Recebimento de cliente Fulano 2.000,00 5.000,00

Razonete

O razonete nada mais é que um livro-razão simplificado. Com ele, é


possível controlar o movimento de todas as contas utilizadas na escrituração,
de maneira didática e simplificada. No razonete são feitos os registros
individuais por conta, tendo como característica principal a representação
gráfica em forma de “T”.
Princípios contábeis

Agora que aprendemos as noções básicas da contabilidade, precisamos


ter também a noção dos princípios contábeis, determinados pelo Conselho
Federal de Contabilidade.

Esses princípios permitem que os seus usuários sigam padrões de


comparação e de credibilidade, em função do reconhecimento dos critérios
adotados para a elaboração das demonstrações financeiras, que será o
conteúdo a ser visto em seguida. O objetivo é aumentar a utilidade dos dados
fornecidos e facilitar as corretas interpretação e comparação de informações
entre empresas do mesmo setor.

Atualmente, temos seis princípios que devem ser considerados nas


empresas, a saber:

Entidade

Este princípio afirma a autonomia patrimonial, evidenciando que esta


não se confunde com a de seus sócios ou proprietários, no caso de sociedades
ou instituições. A contabilidade é mantida para a empresa como uma entidade
identificada, registrando os fatos que afetam o seu patrimônio, e não o de seus
titulares, sócios ou acionistas.

Continuidade

Pressupõe-se a continuidade indefinida das atividades operacionais de


uma entidade até que haja evidências ou indícios muito fortes em contrário. Por
consequência, como as demonstrações financeiras são estáticas, não podem e
não devem ser desvinculadas de períodos anteriores e subsequentes.

Oportunidade

Refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do


registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito
de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as
originaram. Envolve o reconhecimento imediato de ativos e de passivos nos
registros contábeis, considerando-se, inclusive, para os casos em que não haja
uma prova documental concreta, a possibilidade de uma estimativa técnica,
razoável e objetiva, visando evitar o liberalismo por parte das pessoas.

Registro pelo valor original

Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores


originais das transações com o mundo exterior, expressos em valor presente
na moeda do país e mantidos na avaliação das variações patrimoniais
posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no
interior da entidade.

Competência

As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado


do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se
relacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. As receitas e
as despesas são atribuídas aos períodos de acordo com a sua real ocorrência,
isto é, de acordo com a data do fato gerador, e não quando são recebidas ou
pagas.

Prudência

Objetiva a prudência na preparação dos registros contábeis, com a


adoção de menor valor para os itens do ativo e da receita, e o de maior valor
para os itens do passivo, despesa e de custos, sempre que se apresentem
alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais
que alterem o patrimônio líquido.
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Demonstração financeira é o nome dado a uma variedade de relatórios


contábeis desenvolvidos pelas organizações. Eles podem ter diversas funções,
como:

 registrar dados sobre a posição patrimonial da empresa;


 analisar o fluxo financeiro da companhia;
 apurar impostos;
 conferir os lucros ou prejuízos acumulados;
 organizar entradas e saídas etc.

Todas as informações financeiras citadas são imprescindíveis à tomada


de decisão empresarial. Ao conhecê-las, os gestores e líderes se tornam
capazes de mitigar problemas, otimizar processos e orientar suas equipes, por
exemplo.

Por meio da análise dos documentos financeiros, é possível conhecer


melhor as empresas de capital aberto na bolsa de valores. Isso ajuda os
investidores a identificar as melhores alternativas para aportes.

Avaliar a situação financeira da empresa, portanto, é especialmente


relevante para investidores de longo prazo no mercado de ações. Mas lembre-
se que é importante conhecer seu perfil de investidor e seus objetivos antes de
escolher os ativos que comporão sua carteira.

Os documentos são produzidos por empresas de todos os setores.


Também devem ser valorizados por companhias de diferentes portes.

Afinal, além de serem usados na intenção de guiar os próximos passos


da equipe, eles são úteis para equilibrar a saúde financeira da empresa. Os
diagnósticos baseados em dados reais tornam mais efetiva a tomada de
decisões no negócio.
Entre os relatórios contábeis, existem quatro que são mais conhecidos
entre os investidores

Balanço patrimonial

O balanço patrimonial é considerado a demonstração financeira mais


importante de uma empresa. Seu grande foco é a análise patrimonial, que
aponta o posicionamento financeiro do negócio.

É comum realizá-lo no final do ano, mas nada impede que os contadores


o realizem quando acharem necessário. Durante o trabalho, eles conferem
todos os fatores organizacionais capazes de gerar lucro. Além disso,
organizam a liquidação das obrigações com terceiros.

Existem dois conceitos especialmente importantes no documento: os


ativos e os passivos. No primeiro, listam-se bens e direitos. Já no segundo,
analisam-se os valores a serem pagos. A diferença entre ambos é chamada de
patrimônio líquido.

No balanço patrimonial, é possível verificar como está a relação entre os


ativos e os passivos. Portanto, a saúde financeira da empresa. Se há mais
ativos, a organização tem condições de arcar com suas despesas. Se há mais
despesas do que bens e direitos, ela pode estar com dificuldades financeiras.

Demonstração do resultado do exercício (DRE)

O DRE é um grande responsável pela tomada de decisões estratégicas


em uma organização. Ele reúne muitas informações financeiras relevantes da
companhia, como seu exercício líquido.

Logo, o investidor que analisa o documento pode conhecer dados sobre


as receitas, os custos e as despesas. Os resultados do exercício DRE
apresentam, ainda, os prejuízos e os lucros das operações realizadas dentro
de um determinado período.
De forma similar ao que foi dito no balanço patrimonial, é comum realizar
a demonstração de resultados do exercício uma vez ao ano. Contudo, a
decisão também depende da equipe contábil.

Demonstração do fluxo de caixa

A entrada e saída financeira de uma empresa diz muito sobre seus


processos, não é? Ao saber quanto a companhia ganhou e gastou em um
período específico, é possível compreender mais sobre a sua saúde financeira.

Além dessas informações, a demonstração do fluxo de caixa aponta as


origens dos recursos e para onde eles foram direcionados. Em consequência,
tanto os gestores quanto os investidores interessados na companhia podem
utilizar os dados.

Notas explicativas

Por fim, outros documentos importantes no aspecto financeiro de uma


empresa são as notas explicativas. Elas falam sobre a situação patrimonial do
negócio. Algumas de suas funções incluem:

 demonstrar ajustes de exercícios prévios;


 apresentar as metodologias contábeis usadas;
 informar as obrigações a longo prazo;
 incluir mais informações relevantes à gestão e aos investidores;

 apontar investimentos realizados em outras sociedades etc.

Os dados financeiros são essenciais para avaliar a solidez e a confiança


da empresa e decidir se vale a pena adquirir Ações dela. Contudo, é preciso
também saber analisar os documentos contábeis apresentados.

Uma dica é tentar identificar as tendências. Ao analisar relatórios


contábeis de períodos mais longos, o processo se torna simplificado. Desse
modo, você será capaz de entender de forma mais geral a saúde financeira do
negócio em que deseja investir.
Além disso, é recomendado usar mais de um tipo de demonstração
entre as opções apresentadas. Tal atitude permitirá que você acesse um
panorama completo da empresa, pois os dados de um documento só podem
dar uma visão limitada.

Finalmente, é interessante cruzar as informações obtidas com a


realidade do mercado financeiro para entender o contexto da companhia. Em
períodos de crise, por exemplo, é esperado algum impacto nas finanças dos
negócios.

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