CADERNO - DIDÁTICO - PEDAGÓGICO - DO - PROFESSOR - 2literatura Negra
CADERNO - DIDÁTICO - PEDAGÓGICO - DO - PROFESSOR - 2literatura Negra
CADERNO - DIDÁTICO - PEDAGÓGICO - DO - PROFESSOR - 2literatura Negra
PARA PROFESSORAS(ES)
UTILIZAÇÃO DA LITERATURA NEGRA FEMININA NA PERSPECTIVA DA
LEI 10.639/2003 PARA ATIVIDADE EM SALA DE AULA ENSINO
FUNDAMENTAL II
PORTO SEGURO-BA
2020
1
LUZIA BATISTA DOS SANTOS
Porto Seguro-BA
2020
2
SUMÁRIO
ORIENTAÇÕES INICIAIS:.................................................................. 10
CONTOS
Referência bibliográfica.....................................................................63
3
Carta as(os) professoras(es)
6
POR QUE TRABALHAR COM A LITERATURA NEGRA FEMININA EM SALA
DE AULA?
9
ORIENTAÇÕES INICIAIS:
ORIENTAÇÕES INICIAIS
10
CONTOS:
Olhos d’água
(Conceição Evaristo)
12
Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes
chuvas. Em cima da cama, agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço.
E com os olhos alagados de prantos balbuciava rezas a Santa Bárbara,
temendo que o nosso frágil barraco desabasse sobre nós. E eu não sei se o
lamen-to-pranto de minha mãe, se o barulho da chuva... Sei que tudo me
causava a sensação de que a nossa casa balançava ao vento. Nesses
momentos os olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza.
Chovia, chorava! Chorava, chovia! Então, por que eu não conseguia lembrar
a cor dos olhos dela?
13
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas
eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou
rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia,
serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar
o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de
Mamãe Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para quem
contempla a vida apenas pela superfície. Sim, águas de Mamãe Oxum.
Ana Davenga
(Conceição Evaristo)
18
Desde aquele dia, Ana ficou para sempre no barraco e na
vida de Davenga. Não perguntou de que o homem vivia. Ele trazia sempre
dinheiro e coisas. Nos tempos em que ficava fora de casa, eram os
companheiros dele que, através das mulheres, lhe traziam o sustento. Ela
não estranhava nada. Muitas vezes, Davenga mandava que ela fosse
entregar dinheiro ou coisas para as mulheres dos amigos dele. Elas recebiam
as encomendas e mandavam perguntar quando e se seus homens voltariam.
Davenga às vezes falava do regresso, às vezes, não. Ana sabia bem qual era a
atividade de seu homem. Sabia dos riscos que corria ao lado dele. Mas
achava também que qualquer vida era um risco e o risco maior era o de não
tentar viver. E naquela noite primeira, no barraco de Davenga, depois de
tudo, quando calmos e ele já de olhos enxutos, — ele havia chorado
copiosamente no gozo-pranto — puderam conversar, Ana resolveu adotar o
nome dele. Resolveu então que a partir daquele momento se chamaria Ana
Davenga. Ela queria a marca do homem dela no seu corpo e no seu nome.
21
Ana estava feliz. Só Davenga mesmo para fazer aquilo. E ela,
tão viciada na dor, fizera dos momentos que antecederam a alegria maior um
profundo sofrimento. Davenga estava ali na cama vestido com aquela pele
negra, brilhante, lisa que Deus lhe dera. Ela também, nua. Era tão bom ficar
se tocando primeiro. Depois haveria o choro de Davenga, tão doloroso, tão
profundo, que ela ficava adiando o gozo-pranto. Já estavam para explodir
um no outro, quando a porta abriu violentamente e dois policiais entraram
de armas em punho. Mandaram que Davenga se vestisse rápido e não
bancasse o engraçadinho, porque o barraco estava cercado. Outro policial do
lado de fora empurrou a janela de madeira. Uma metralhadora apontou para
dentro de casa, bem na direção da cama, na mira de Ana Davenga. Ela se
encolheu levando a mão na barriga, protegendo o filho, pequena semente,
quase sonho ainda.
22
O Tapete voador
Cristiane Sobral
Todo mundo tem na vida pelo menos um momento de
virada. Todos têm a oportunidade de se reinventar a partir de um momento
de crise. No caso da Bárbara, aconteceu quando foi convocada pelo
Presidente da empresa, após alguns dias com a suspeita de que receberia
uma promoção. Estava trabalhando bem, conseguindo resultados, era
estimada por todos, tudo caminhava para o êxito.
23
Entrar no gabinete do Presidente era vislumbrar um
território estranho, um tanto surrealista onde o visível e o invisível estavam
em diálogo. No centro da sala havia uma mesa enorme, repleta de papéis,
jornais do dia, revistas, muitos cartões de visita, embalagens de presentes
ainda fechadas e canetas finas. Lá estava uma caixa de charutos. Uma pasta
de despachos, no centro da mesa, guardava demandas a transbordar em
formato de papéis diversos. O Presidente era um homem muito ocupado.
Bárbara sentou na cadeira indicada pela secretária, num local onde cada um
devia saber o seu lugar. Ansiosa para conhecer o assunto da audiência,
agitava as mãos, contornando a aliança de compromisso que usava.
Distraída, perdeu a entrada rápida do Presidente. Levantou bruscamente.
Não estava sonhando... Estava surpresa! Nunca havia visto fotos do
Presidente, que só falava por seu assessor, e não costumava comparecer aos
eventos, por motivos de agenda. Bárbara estava atônita. O Presidente era
negro! Fazia questão de ser invisível, intocável...
Mirian Alves
A minha paciência com Alice era imensa. Não morria de amores por
ela, porém não podia viver sema a sua companhia. Morávamos no mesmo
quintal de cômodos. Ela, invariavelmente, precisava da minha ajuda para
carregá-la. Não era inválida, mas tomava grandes porres de esperanças que
a deixavam aturdida quando a bebedeira passava. Era engraçado vê-la
cambaleante sem rumo, andando de lá pra cá, no espaço comum do quintal.
27
Um dia, para economizar aluguel, Alice e eu fomos morar no mesmo
cômodo. Situação esquisita, eu, desquitado há alguns anos, com mulher e
filho espalhados neste mundo de Deus, tratava-a como amiga. Precisava de
alguém para derrubar o afeto e carência contidos. Alice era o meu par
perfeito. Não exigia nada. No mesmo espaço, dividíamos a vida monótona.
Crescia entre nós algo sem nome, mas tinha cara de ciúmes. E,
noutras oportunidades, tinha caras de medo. Rotina cotidiana, nada
mudava. Somente aquele odor de esperança pisadas, misto de crenças
desmentidas, impregnava os tijolos da casa, os meus e os seus poros.
Lágrimas saíam das torneiras e faziam nascer fungos vermelhos na pia da
cozinha e do banheiro. No começo, os fungos me irritavam. Depois, achei
serem eles os responsáveis pela exacerbação do odor. Não os removi porque
precisava culpar alguém ou alguma coisa. Quanto mais odor, mais e mais o
vermelho tomava conta, quarto, cozinha... Tudo.
Pensava em nós.
CONTEÚDO: Contos
OBJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
METODOLOGIA
ATIVIDADE PROPOSTA:
AVALIAÇÃO
MOTIVAÇÃO
32
AULA 1
MATERIAIS
OBJETIVOS:
AULA 2
Referência do vídeo:
https://www.youtube.com/watdh?v=tYoTcWOaM10.
33
MATERIAIS
OBJETIVOS:
AULA 3
MATERIAIS:
Somente o dicionário.
OBJEIVOS:
AULA 4
34
Leitura do conto “Pixaim, de Cristiane Sobral.
MATERIAIS:
Impressões do conto
OBJETIVOS:
AULA 5
Esta aula equivale à etapa mais importante, pois é nesse momento que
o(a) professor(a) identificará possíveis dificuldades de ligação do texto escrito
com a contextualização desse conhecimento trazido através da leitura.
Possivelmente, haverá alguns questionamentos acerca do desfecho, pois há
uma abertura do encaminhamento final da personagem protagonista, sendo
ela uma representação política. Sendo assim, atente-os(as) para a
importância da presença negra na política também.
MATERIAIS:
35
OBJETIVOS:
AULA 6
Aplicação de um questionário.
MATERIAIS
Questionário em anexo.
OBJETIVOS:
MATERIAIS:
OBJETIVOS:
AULA 8
Referência do vídeo:
https://www.youtube.com/watdh?v=tYoTcWOaM10.
MATERIAIS:
OBJETIVOS:
ANEXO
PIXAIM
Cristiane Sobral
QUESTIONÁRIO
AULA 01
OBJETIVO GERAL
42
Promover o contato inicial dos estudantes com a proposta de
ação através de uma conversa em roda e escuta sensível.
OJETIVOS ESPECÍFICOS
RECURSOS NECESSÁRIOS
Quadro branco;
Pincel para quadro branco
Papel
Caneta
Questionários impressos
Computador
Projetor
METODOLOGIA:
AULA 02
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
RECURSOS NECESÁRIOS:
Data show
Computador
Classificadores
Poemas impressos
44
Lona
Tecidos
METODOLOGIA
AULA 03
Conceição Evaristo.
45
A aula será composta de uma apresentação sobre Conceição Evaristo e
do livro de contos Insubmissas lágrimas de mulheres.
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
RECURSOS NECESSÁRIOS
Data show
Computador
Livro Insubmissas lágrimas de mulheres
Cadernos
Lona
Tecidos
METODOLOGIA
AULA 04
OBJETIVO GERAL
47
Compartilhar o que foi aprendido, em uma perspectiva de
entendimento global do texto e da obra.
RECURSSOS NECESSÁRIOS:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
METODOLOGIA
AULA 05
RECURSOS NECESSÁRIOS:
Projetor
Computador com acesso à internet
Pincel atômico
Quadro branco
Cadernos
OBJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
METODOLOGIA:
50
POESIAS DE AUTORAS NEGRAS
Vozes Mulheres
(Conceição Evaristo)
A voz da minha vó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
De uma infância perdida.
51
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.
CRIAR ASAS
Salmoura do mar
Cicatrizaram feridas
Criam asas
Criaram asas
Fertilizadas na existência
A memória no azul
Memorial azul
Mãe da vida
No solo
Consolo da esperança
A sonoridade espalha
Espanta o desalento
O alento se faz
Futuro e canções
(Mirian Alves)
Referência: ruidomanifesto.org/tres-poemas-de-miriam-alves
SINA
Diversa de mim,
e, do que sobra,
53
pulsando nas sendas de meu ventre.
Quando sangro,
por dentro,
expurgando entranha.
em que me banho.
(Lívia Natália)
Referência: https://elmirdad.blogspot.com/2015/12/cinco-poemas-
e-tres-passagens-de-livia.html
PIXAIM ELÉTRICO
Naquele dia
Meu pixaim elétrico gritava alto
Provocava sem alisar ninguém.
Meu cabelo estava cheio de si
Naquele dia
Preparei a carapinha para enfrentar
a monotonia da paisagem da estrada
Soltei os grampos e segui
de cara pro vento, bem desaforada...
Sem esconder volumes nem negar raízes.
Pura filosofia
Meu cabelo escuro, crespo, alto e grave...
Quase um caso de polícia
Em meio à pasmaceira da cidade
54
Incomodou identidades e pariu novas cabeças
Abaixo a demagogia
Soltei as amarras e recusei qualquer relaxante
Assumi as minhas raízes
Ainda que brincasse com alguns matizes
Confrontando o meu pixaim elétrico
Com as cores pálidas do dia.
Referência: https://amaitepoesias.blogspot.com/2019/06/9-poemas-
de-cristiane-sobral.html.
OBJETIVO
Compreender a produção dos artistas afro-brasileiros,
reconhecendo a poesia como expressão do pensamento cidadão.
1º Momento
Reflexão da temática
2º Momento
3º Momento
1. Filme: Macunaíma
Gênero: Comédia
Ano: 1969
Gênero: Comédia
Ano: 1976
Gênero: Nacional
Ano: 2008
Duração: 27 minutos
Gênero: Nacional
Ano: 2018
Conceição Evaristo:
Mel Adum
Conto
Mulher mat(r)iz. São Paulo: Edição do autor, 2011.
Romance
Bará na trilha do vento. São Paulo: Editora Ogum's Toques Negros,
2015.
Teatro
Terramara (peça teatral).. [Miriam Alves, Arnaldo Xavier, e Cuti (Luiz
Silva)]. São Paulo: Edições dos Autores, 1988.
Ensaio
Brasilafro Autorrevelado. Literatura brasileira contemporânea. Belo
Horizonte: Editora Nandyala, 2011.
60
Cristiane Sobral
PUBLICAÇÕES
Obra individual
Não vou mais lavar os pratos. Brasília: Editora Thesaurus, 2010, col.
Oi Poema. (Poesia).
Só por hoje vou deixar o meu cabelo em paz. Brasília: Editora Teixeira,
2014. (Poesia).
62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
FONTES:
http://www.mulheresnegras.org/nilma.html
www.mundonegro.com.br
https://www.youtube.com/watdh?v=tYoTcWOaM10.
64
https://amaitepoesias.blogspot.com/2019/06/9-poemas-de-cristiane
sobral.html
ruidomanifesto.org/tres-poemas-de-miriam-alves
LOPES, Ana Lídia. Ana Lídia Lopes. Cabelo crespo não é cabelo ruim.
Youtue. Disponível em: https://www.youtube.com/watdh?v=tYoTcWOaM10.
acesso em: 08 fev. 2017.
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