O documento descreve os principais conceitos e pressupostos dos paradigmas do condicionamento clássico, condicionamento operante e aprendizagem social. No condicionamento clássico, comportamentos são aprendidos através da associação entre estímulos condicionados e incondicionados. No condicionamento operante, comportamentos são regulados por suas consequências através de reforço e punição. A aprendizagem social envolve a aquisição de comportamentos por observação e imitação de modelos.
O documento descreve os principais conceitos e pressupostos dos paradigmas do condicionamento clássico, condicionamento operante e aprendizagem social. No condicionamento clássico, comportamentos são aprendidos através da associação entre estímulos condicionados e incondicionados. No condicionamento operante, comportamentos são regulados por suas consequências através de reforço e punição. A aprendizagem social envolve a aquisição de comportamentos por observação e imitação de modelos.
O documento descreve os principais conceitos e pressupostos dos paradigmas do condicionamento clássico, condicionamento operante e aprendizagem social. No condicionamento clássico, comportamentos são aprendidos através da associação entre estímulos condicionados e incondicionados. No condicionamento operante, comportamentos são regulados por suas consequências através de reforço e punição. A aprendizagem social envolve a aquisição de comportamentos por observação e imitação de modelos.
O documento descreve os principais conceitos e pressupostos dos paradigmas do condicionamento clássico, condicionamento operante e aprendizagem social. No condicionamento clássico, comportamentos são aprendidos através da associação entre estímulos condicionados e incondicionados. No condicionamento operante, comportamentos são regulados por suas consequências através de reforço e punição. A aprendizagem social envolve a aquisição de comportamentos por observação e imitação de modelos.
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Paradigma do condicionamento clássico
Conceitos fundamentais (8)
Estímulo incondicionado: é aquele que produz uma resposta natural e espontânea em grande parte dos organismos. Estímulo condicionado: é um estímulo que, sendo previamente neutro, passa a provocar uma resposta semelhante à do estímulo incondicionado após um emparelhamento repetido com este. Resposta incondicionada: é a resposta natural e espontânea do organismo ao estímulo incondicionado. Estas respostas não necessitam de ser aprendidas, pois são respostas automáticas do organismo desencadeadas pela presença de estímulos incondicionados. Respostas condicionadas: respostas estruturamente semelhantes à resposta incondicionada, mas produzidas na sequência da apresentação de um estímulo condicionado. Trata-se, portanto, de respostas aprendidas em associação com respostas espontâneas do organismo. Generalização do estímulo: consiste na produção de uma resposta condicionada para estímulos que apresentam algum grau de semelhança com o estímulo condicionado. Quanto maior for o grau de semelhança percebido entre o novo estímulo e o estímulo condicionado, maior será a probabilidade da generalização do estímulo. Generalização da resposta: consiste na realização de diferentes respostas para o mesmo estímulo. O sujeito passa a ter respostas emocionais diferentes da resposta emocional condicionada, ainda que com ela relacionada. Discriminação: verifica-se quando somente o estímulo condicionado é susceptível de desencadear a resposta condicionada. Extinção: consiste na apresentação repetida do estímulo condicionado na ausência do estímulo incondicionado. Esta situação conduz a um enfraquecimento da ligação entre estímulo incondicionado e estímulo condicionado e ao consequente esbatimento e desaparecimento da resposta emocional condicionada. Pressupostos (3) Pressuposto do condicionamento clássico: grande parte dos comportamentos humanos e animais são aprendidos por uma cadeia complexa de emparelhamento entre estímulos condicionados e incondicionados, dando origem a vários condicionamentos. Pressuposto do condicionamento emocional: as respostas emocionais e psicopatológicas são aprendidas e explicadas com base nos mesmos princípios que regulam o comportamento “normal”. Pressuposto do contracondicionamento e extinção: o princípio do contracondicionamento estabelece que através do emparelhamento entre um estímulo previamente indutor de uma resposta emocional desagradável e um outro estímulo incondicionado, elicitador de uma resposta antagónica, a associação entre o estímulo condicionado e a resposta emocional disfuncional diminui progressivamente, acabando por se extinguir. Do mesmo modo, a extinção estabelece que expondo o sujeito ao estímulo condicionado na ausência repetida do estímulo incondicionado, a resposta condicionada extingui-se-á progressivamente. Assim, torna-se possível inverter grande parte das aprendizagens disfuncionais mediante o simples recurso a dois mecanismos: o contracondicionamento e a extinção. Implicações terapêuticas De acordo com o paradigma do condicionamento clássico duas condições mantêm os comportamentos emocionais disfuncionais: o desenvolvimento de respostas emocionais e o aparecimento de respostas de evitamento. Resultam, assim, 2 importantes implicações terapêuticas: a inibição recíproca e contracondicionamento, que se refere ao enfraquecimento de uma resposta condicionada provocada pela estimulação de uma resposta antagónica e a extinção ou habituação, onde se procura uma exposição repetida aos estímulos condicionados, na ausência do estimulo incondicionado, prevenindo simultaneamente a organização pelo sujeito de qualquer resposta de evitamento. Contra condicionamento e inibição recíproca exposição gradual e mediatizada Extinção ou habituação exposição direta Estratégias de exposição gradual e mediatizada Treino de relaxamento progressivo: o relaxamento constitui a resposta antagónica inibidora da ansiedade. Construção e hierarquias ansiogénicos: o terapeuta dá início à construção de hierarquias de estímulos ansiogénicos. Estas, podem ser temáticas, espaciais, etc. Apresentação emparelhada do relaxamento e das hierarquias: cada item da hierarquia é apresentado em simultâneo com a indução da resposta de relaxamento inibidora da ansiedade. O cliente é exposto repetidamente a cada um dos elementos da hierarquia. Estratégias da exposição direta Construção de cenas: análise detalhada dos medos e ansiedades do cliente. O terapeuta identifica 4 grupos fundamentais de cenas: cenas sintomáticas concretas, consistem em estímulos relativamente aos quais o cliente evidencia respostas sintomáticas específicas. Cenas internas, baseiam-se em elementos do discurso interno do sujeito em resposta aos estímulos ansiogénicos. Cenas hipotéticas, cenas que, embora não reveladas diretamente pelo cliente, podem ser hipotetizadas como relacionadas com os problemas. Cenas dinâmicas, cenas que se encontram, na perspetiva psicodinâmica, hipoteticamente relacionadas com o comportamento sintomático. Exposição direta: O sujeito é exposto ás cenas. Paradigma do condicionamento operante Conceitos fundamentais (5) Reforço: consequência de um comportamento que tem como efeito aumentar a frequência, duração ou intensidade desse comportamento. Escalas de reforço: referem-se aos programas através dos quais o reforço é administrado. Existem 2 grandes grupos: escala de reforço contínuo (todas as respostas operantes são seguidas do reforço) e escalas de reforço intermitente (somente algumas das respostas são seguidas de reforço). Há duas variedades de escalas de reforço intermitente: por proporção de resposta ou por intervalo de tempo. Punição: apresentação de um acontecimento aversivo ou na retirada de um estímulo positivo como consequência pela emissão de uma determinada resposta operante, conduzindo em ambos os casos à diminuição da frequência, duração ou intensidade do comportamento. Extinção: consiste em fazer com que uma determinada resposta deixe de ser seguida do respetivo reforço – enfraquecimento da resposta operante. Controlo de estímulo: apresentação de estímulos discriminativos (antecedentes). Pressupostos (3) Pressuposto do condicionamento operante: pressuposto central do paradigma, estabelece que os comportamentos humanos e animais são regulados pelas suas consequências. Pressuposto da extinção: sempre que um determinado operante deixa de ser seguido de um acontecimento reforçador, diminui progressivamente a probabilidade de emissão desse operante. Assim, a retidada das consequências que fortalecem um comportamento poderá inverter o sentido da aprendizagem, conduzindo ao desaparecimento de uma resposta instrumental previamente adquirida. Pressuposto da transformação de operantes: desenvolvimento de pogramas terapêuticos ou educacionais tendo em vista o aumento ou diminuição da probabilidade desses comportamentos, através da manipulação dos estímulos discriminativos e das respetivas consequências. Implicações terapêuticas De acordo com o paradigma do condiconamento operante, grande parte dos problmeas do comportamento humano resumem-se em dois grandes temas: o reportório comportamental do sujeito não inclui determinado comportamento ou este comportamento tem uma duração, intensidade ou frequência insuficiente e o reportório comportamental do sujeito inclui comportamentos em excesso, cuja eliminação ou redução da frequência, duração ou intensidade é necessária. As principais estratégias operantes são ténicas que procuram a dimunuição ou aumento de um comportamento através da manipulação das consequências e dos estímulos discriminativos. Estratégias para a diminuição da frequência, duração ou itensidade de um comportamento Extinção: retirada de todos os reforços que se encontram a manter um determinado comportamento problema. Saciação: fornecimento ao cliente, de uma super-abundância dos reforços que estão a manter o comportamento, de modo a que estes percam o seu valor reforçador e assim se consiga a diminuição ou eliminação do comportamento. Prática positiva: correção dos efeitos negativos que o comportamento teve no meio. Custo de resposta: retirada de reforços previamente adquiridos, como consequência pela realização de um comportamento indesejável. Time- out: retirar a possibilidade de qualquer estímulo positivo durante certo período de tempo. Estimulação aversiva: aplicação de um estímulo aversivo com consequência de comportamento indesejável. Deve ser curto e aplicada após a realização. Estratégias para o aumento da frequência, duração ou intensidade de um comportamento Reforço positivo: apresentação de uma consequência positiva contingente à realização do comportamento desejável. Reforço negativo: retirar ao cliente uma estimulação negativa como consequência pela realização de um comportamento apropriado(aquisição de respostas adaptativas de evitamento). Moldagem: reforço de comportamentos que constituem aproximação progressivas ao comportamento alvo. Esbatimento: passagem progressiva do controlo de um comportamento das consequências para estímulos antecedentes discriminativos. Paradigma da aprendizagem social (Bandura) Conceitos fundamentais (4) Processos de atenção: processos atencionais dependem da interação idiossincrática entre características do modelo/ observador. Modelo (características): Saliência; Valência afetiva; Complexidade; Prevalência; Valor funcional. Observador (características): Capacidade percetual; Disponibilidade percetual; Capacidade cognitiva; Nível de ativação; Preferências adquiridas. Processos de retenção: capacidade de reter (simbolicamente) as representações das repostas observadas. Codificação e organização simbólica; Pratica cognitiva; Pratica comportamental; Competências e estruturas do observador. Processos de produção: tradução das conceções simbólicas, armazenadas na memoria, em ações comportamentais. Representação cognitiva; Execução comportamento; Informação de feedback; Emparelhamento; Capacidades físicas e componentes comportamentais. Processos motivacionais: para que um comportamento aprendido seja executado, deve-se estar motivado pra fazê-lo, o que pode ser alcançado através de incentivos. Reforço externo; Reforço vicariante; Autorreforço; Preferências de incentivos e padrões internos. Pressupostos (3) Pressuposto da aprendizagem social: a reprodução motora de um comportamento obedece a uma série sequencial de cinco etapas: atenção, retenção, iniciação, monitorização e aperfeiçoamento. Os processos vicariantes de instrução e modelagem constituem elementos essenciais para as duas primeiras, ao passo que a prática e o reforço constituem elementos imprescindíveis para a iniciação, monitorização e aperfeiçoamento de uma resposta. Pressuposto do determinismo recíproco: assiste-se a um processo de determinismo recíproco, segundo o qual pessoas, comportamentos e ambientes interagem reciprocamente. Pressuposto da autoeficácia: as aprendizagens são mediadas cognitivamente através da construção de teorias de autoeficácia que regulam o comportamento dos indivíduos, predizendo as tarefas que estes escolhem, bem como o seu esforço e persistência na realização dessas tarefas. Implicações terapêuticas Estratégias de modelagem e prática comportamental A modelagem com prática comportamental apresenta duas componentes principais: processo de modelagem e prática comportamental (procura-se, habitualmente, no consultório e com a ajuda do terapeuta, uma aprendizagem e iniciação do comportamento) e prática comportamental ao vivo, com prevenção da recaída (tenta-se um aperfeiçoamento e generalização da resposta para as situações de vida diária do cliente). Modelagem e Prática comportamental Instruções: acerca dos objetivos e processos de execução do comportamento alvo. Modelagem: observação de modelos na execução do comportamento. Prática: reprodução do comportamento guiado por pistas e instruções. Auto-observação e reforço feedback imediato. Prática comportamental ao vivo e Prevenção da recaída Pratica ao vivo: proceder execução ao vivo com monitorização (auto-observação/registo). Prevenção de recaída: programa de generalização de modo a que as competências não desapareçam a longo prazo. Particularmente úteis, a este nível, são as técnicas de prevenção da recaída desenvolvidas por Marlatt e Gordon que consistem em quatro aspetos essenciais: antecipação das situações de dificuldades, regulação dos pensamentos, identificação de competências e sistemas de apoio e regulação das consequências. Limitações dos modelos comportamentais Incapacidade dos modelos não mediacionais explicar a variabilidade do comportamento humano; necessidade de integrar processos internos; necessidade de técnicas/ modelos que permitam alargar a intervenção para além das limitações da abordagem comportamental; integrar investigação crescente sobre processos cognitivos. Paradigma da Reestruturação Cognitiva A terapia racional emotiva de Albert Ellis, enfatiza os procedimentos terapêuticos baseados na racionalidade. A terapia cognitiva de Aaron Beck acentua o papel do teste empírico das cognições. A Terapia Racional Emotiva de Albert Ellis O modelo terapêutico de Albert Eliis assenta no seguinte trinómio: A (acontecimentos ativadores), B (crenças) e C (consequências). Nos acontecimentos ativadores, o terapeuta e cliente discriminam as situações ou contextos nos quais as pessoas se sentem obstaeulizadas na obtenção dos seus objetivos ou na realização dos seus desejos. Ao nível das crenças, terapeuta e cliente procuram avaliar as cognições, pensamentos ou ideias que o cliente tem em relação a determinados acontecimentos ativadores. Finalmente, as consequências referem-se aos efeitos emocionais e comportamentais, mas também cognitivos, produzidos pela interação entre acontecimentos ativadores e crenças do cliente. A este nível é particularmente importante a distinção introduzida po Ellis entre consequências emocionais apropriadas e inapropriadas. As emoções inapropriadas são aquelas que resultam de cognições absolutistas e que se exprimem nos estados de depressão, culpa, ira, ansiedade e vergonha. Por sua vez, as emoções apropriadas vão resultar de um pensamento preferencial não absolutista, dando expressão às correspondentes emoções de tristeza, pena, aborrecimento, preocupação e desapontamento. Habitualmente, o terapeuta racional emotivo inicia a sua avaliação pelas consequências e delas passa para os acontecimentos ativadores e só no fim se debruça sobre as crenças. Isto é, a avaliação segue a lógica das preocupações do cliente, permitindo descodificar progressivamente os elementos etiológicos fundamentais. O objetivo da terapia racional emotiva é o de substituir as emoções e comportamentos inapropriados e disfuncionais do cliente, através da substituição das crenças irracionais em relação aos acontecimentos ativadores. Técnicas terapêuticas A terapia raciona emotiva recorre a numerosas estratégias terapêuticas de natureza cognitiva, emocional e mesmo comportamental. Podemos identificar quatro fases num processos terapêutico racional emotivo: debate/análise lógica (consiste numa variedade de estratégias intencionalizadas para questionar a racionalidade e evidência lógica das crenças do cliente. Após a identificação das crenças e dos pressupostos que lhe estão subjacentes, o cliente é levado a analisar a evidência para as suas crenças e, uma vez questionada esta evidência, a formular crenças racionais alternativas); na fase de discriminação/inversão (o cliente é levado a listar e praticar a utilização de marcadores de inversão das crenças irracionais); na terceira fase – imagincação e dramatização – (o cliente é levado a expor-se, em imaginação, aos acontecimentos ativadores, enquanto utiliza os inversores racionais anteriormente identificados. Seguidamente, e com a ajuda do terapeuta, dá-se início a um processo de dramatização em que terapeuta e cliente alternam nos papéis de “irracional” e “racional”. O mesmo processo é por vezes realizado por recurso à técnica da cadeira vazia em que o cliente muda de cadeira consoante os argumentos racionais e irracionais que está a desempenhar). Finalmente, na prática ao vivo, o cliente é levado a pôr em prática as novas crenças e filosofias, expondo-se ou criando por si próprio uma variedade de acontecimentos ativadores. Inicia-se, paralelamente, um processo de auto-observação das confrontações com a prática, mantendo uma monitorização constante através do seguinte formulário: (A) registo dos acontecimentos ativadores, (B) Registo das crenças irracionais, (C) registo das consequências, (D) registo da estratégias de disputa utilizadas e (E) registo das novas consequências emocionais. Terapia cognitiva de Beck Para Beck, o indivíduo é visto fundamentalmente como um processador de informação. A confrontação com a realidade envolve uma permanente e contínua seleção, armazenamento e procura de informação. Beck desde sempre reconheceu que as nossas cognições não se limitam à superficialidade do nosso diálogo interno ou das nossas verbalizações cobertas. Pelo contrário, as cognições são vistas como estando organizadas em esquemas. Estes esquemas constituem as unidades estruturais mais básicas do nosso funcionamento cognitivo e são eles que definem os modos específicos de construção da realidade. Os erros cognitivos, expressos nos pensamentos automáticos, não são mais que o resultado da ativação de determinados esquenas cognitivos, isto é, de organizações estruturais cognitivas mais profundas, estáveis e mesmo inconscientes. Podemos distinguir 3 focos principais de avaliação na terapia de Beck: avaliação dos pensamentos automáticos, avaliação dos erros cognitivos e a avaliação das atitudes disfuncionais. Uma grande variedade de estratégias poderão ser utilizadas na identificação dos pensamentos automáticos. Em todas elas está no entanto presente um objetivo comum – o de levar o cliente a tomar consciência e a reconhecer a importância dos seus processos internos e da forma como eles se expressam espontânea e automaticamente em cada situação. Habitualmente, e depois de treinado na identificação dos pensamentos automáticos na situação de consulta, o cliente é elevado a fazer avaliações sistemáticas dos seus pensamentos automáticos, através de preenchimento diário dum registo em três colunas. Na primeira coluna, o cliente regista os detalhes da situação ou acontecimento. Na segunda coluna, procede à identificação das emoções e sentimentos experienciados, bem como à avaliação do seu grau de emocionalidade (numa escala de 0-100). Finalmente, a terceira coluna é reservada para o registo dos pensamentos automáticos que acompanharam as emoções, bem como a avaliação da crença nesses pensamentos (0-100). Identificados os pensamentos automáticos, o cliente é instruído na avaliação ds distorções cognitivas subjacentes a casa um destes pensamentos. Assim, e depois de instruído didaticamente na definição dos diferentes erros cognitivos, o cliente é levado a acrescentar uma quarta coluna ao seu registo dos pensamentos automáticos, desta vez para classificar os erros cognitivos presentes para casa um dos pensamentos automáticos. Finalmente, várias técnicas poderão ser utilizadas na identificação das atitudes disfuncionais dos clientes. Ao contrário da terapia racional emotiva que procurava identificar de imediato e desde logo as atitudes e pressupostos mais básicos, a terapia cognitiva de Beck procede mais gradualmente, iniciando com uma identificação dos pensamentos automáticos, e só à medida que decorre o processo terapêutico vai passando para o estudo dos erros cognitivos, para terminar com uma avaliação e consequente reestruturação das atitudes disfuncionais. De um modo geral, todas as estratégias terapêuticas resultantes da abordagem Beckiana visam um objetivo consonante – alterar as várias dimensões do disfuncionamento cognitivo do cliente através do teste empírico das suas cognições e pressupostos básicos. Quatro grandes grupos de estratégias habitualmente utilizadas no processo da terapia cognitiva: estratégias cognitivas (consituem o grupo central de técnicas sugeridas pelo modelo, e visam conduzir à reestruturação do pensamento por meio de técnicas em que são acentuados os processos lógicos e concetuais. Habitualmente, terapeuta e cliente procuram avaliar o grau de evidência para as diferentes cognições. Esta análise de evidência é feita de modos variados, podendo incluir o teste das hipóteses cognitivas do cliente, o fornecimento de informações e mesmo a discussão do suporte lógico ou racional. No seguimento deste processo o cliente é convidado a descentrar-se e a formular um número variado de interpretações ou avaliações cognitivas alternativas para cada situação). Ao nível imagético procura-se a alteração das imagens negativas e distorcidas do cliente, tomando como base um processo de indução das imagens e da sua alteração através de técnicas variadas, como o esbatimento, o turn-off, a repetição, a projeção temporal, a descatastrofização e a produção de imagens constrastantes. Nas estratégias emocionais, o objetivo é o de treinar o cliente na identificação, avaliação, descentração e aceitação das diferentes emoções, fazendo com que ele seja capaz de discriminar, qualificando e quantificando, os diferentes sentimentos, reduzindo assim o efeito das emoções de segunda ordem. Finalmente, em termos comportamentais, o cliente é levado a pôr em prática e a testar ao vivo as novas formas de pensamento, confrontando-se, progressivamente, com situações mais delicadas e exigentes, onde estão evidentes processos de modelagem com prática assistida, acompanhados de um registo sistemático dos processos vivenciados (situações, emoções, pensamentos automáticos, resposta racional, resultados). Paradigma do autocontrolo Implicações terapêuticas Estratégias de auto-observação: a auto-observação refere-se a um processo de registo sistemático do comportamento efetuado pelo próprio, tendo em vista o estabelecimento de um processo de autocontrolo. Ao contrário dos processos de observação ditos mais objetivos, a auto-observação apresenta caraterísticas de reatividade. Esta caraterística, sendo embora uma limitação para a objetividade da função diagnóstica, traz uma potencialidade terapêutica inegável ao processo de auto-observação. O processo de auto-observação implica três subprocessos essenciais: discriminação (é necessário que o cliente esteja capaz de identificar, discriminar e definir operacionalmente as respostas que serão objeto de observação), registo (o processo seguinte é o de auto- registo sistemático. O cliente poderá recorrer a métodos contínuos ou intervalares de registo) e avaliação de objetivos (os dados da observação são referenciados aos critérios de execução do sujeito, procedendo-se à identificação das relações funcionais e estabelecimento dos objetivos para a mudança). Em suma, a auto- observação consiste num processo de identificação, pelo próprio, dos mecanismos internos e externos reguladores do seu comportamento com o objetivo de estabelecer objetivos e delinear estratégias para a organização de um programa de autocontrolo. Estratégias de controlo dos estímulos: conjunto de processos de alteração do meio físico e social, de modo a que sejam alteradas as probabilidades dos comportamentos que lhe estão associados. As estratégias de controlo de estímulos podem dividir-se em três grupos: alteração do contexto físico (procura modificar-se o ambiente físico de modo a impossibilitar ou dificultar a execução de respostas controladas negativas e/ou promover as respostas controladas positivas), alteração do contexto social (enquanto que determinados contextos sociais são fortemente indutores de comportamentos controlados negativos, outros são francamente estimuladores de comportamentos controlados positivos. A este nível, o objetivo do processo de autocontrolo é o de fazer com que o cliente restrinja a sua exposição aos contextos sociais discriminativos de comportamentos controlados negativos, substituindo-os por estímulos sociais associados a comportamentos controlados positivos) e alteração das funções discriminativas dos estímulos (consiste num processo através do qual se pretende aumentar a associação entre um comportamento e um determinado estímulo ambiencial, fazendo com que o comportamento passe para o controlo de determinado estímulo discriminativo). Estratégias de controlo das consequências: na grande maioria dos casos, as estratégias de auto- observação e de controlo dos estímulos são elementos fundamentais, mas nem por isso suficientes para a eficácia de um programa de autocontrolo. Para a obtenção de um maior grau de eficácia com as estratégias de autorregulação é necessário suplementar a auto-observação e de controlo dos estímulos com um programa de auto-administração de consequências. As estratégias de controlo de consequências podem consistir na auto- administração ou retirada de consequências positivas ou negativas, cobertas ou abertas, em circunstâncias avaliativas ou tangíveis. Assim, a grande variedade de consequências abertas e cobertas estão à disposição dos indivíduos: auto-reforço positivo e negativo, auto-estimulação aversiva, auto-time-out e auto-custo de resposta. Kanfer & Gaelick salientam que há elementos essenciais no estabelecimento de um programa de auto- administração de consequências: seleção das consequências apropriadas, definição das contingências, aplicação do programa e procedimentos de verificação e revisão. Paradigma das aptidões de confronto Implicações terapêuticas Treino de solução de problemas: os programas de treino de solução de problemas tiveram origem nos trabalhos de D`Zurilla & Goldfried, em que estes procuram intencionalizar o objetivo terapêutico em termos do ensino ao cliente de um modelo prescritivo de solução de problemas. Este modelo prescritivo é composto de cinco fases: orientação geral (o objetivo desta fase é treinar o cliente na aquisição de uma atitude facilitativa face aos problemas decorrentes dos seus acontecimentos de vida), definição do problema (procura capacitar o cliente para uma caraterização e operacionalização da situação problemática, através da realização de quatro objetivos essenciais: recolha de informação factual e relevante, clarificação da natureza do problema, estabelecimento de objetivos realistas e reapreciação da significância do problema), criação de alternativas (treinar o cliente na formulação de um maior número possível de soluções alternativas), tomada de decisão (o cliente é treinado na avaliação das várias alternativas encontradas, bem como na seleção e escolha de uma das alternativas) e implementação e verificação (levar o cliente a implementar na situação concreta o plano selecionado, procedendo simultaneamente à monitorização dos respetivos resultados).