CadernoEDH Vol6

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 102

Cadernos de Educação em e para os

Direitos Humanos

Disciplinas
Instrumentais

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

EXPEDIENTE
Reitora
CLEUZA MARIA SOBRAL DIAS
Vice-Reitor
DANILO GIROLDO
Pró-Reitora de Extensão e Cultura
ANGÉLICA DA CONCEIÇÃO DIAS MIRANDA
Pró-Reitor de Planejamento e Administração
MOZART TAVARES MARTINS FILHO
Pró-Reitor de Infraestrutura
MARCOS ANTÔNIO SATTE DE AMARANTE
Pró-Reitora de Graduação
DENISE MARIA VARELLA MARTINEZ
Pró-Reitor de Assuntos Estudantis
VILMAR ALVES PEREIRA
Pró-Reitor de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas
CLAUDIO PAZ DE LIMA
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
EDNEI GILBERTO PRIMEL
Diretora da Secretaria de Educação a Distância
IVETE MARTINS PINTO

EDITORA DA FURG
Coordenador Editora, Livraria e Gráfica
JOÃO RAIMUNDO BALANSIN
Chefe Divisão de Editoração
CLEUSA MARIA LUCAS DE OLIVEIRA

FACULDADE DE DIREITO – FADIR/FURG


Direitor da Faculdade de Direito
CARLOS ANDRÉ BIRNFELD
Vice-Diretor da Faculdade de Direito
EDER DION DE PAULA COSTA

2
Cadernos de Educação em e para os
Direitos Humanos

Disciplinas
Instrumentais

3
Comitê Científico e Editorial

Membros Externos
Antônio Hilário Aguilera Urquiza Giuseppe Tosi Universidad de la República Uruguay
Universidade Federal de Mato Grosso Universidade Federal da Paraíba (UdelaR)
do Sul (UFMS) (UFPB) Maria de Nazaré Tavares Zenaide
Antonio Mauricio Medeiros Alves Hector Cury Soares Universidade Federal da Paraíba
Universidade Federal de Pelotas Fundação Universidade Federal do (UFPB)
(UFPel) Pampa (UNIPAMPA) Paulo Ricardo Opuszka
Castor Mari Martín Bartolomé Ruiz João Ricardo Wanderley Dornelles Centro Universitário Curitiba
Universidade do Vale do Rio dos Pontifícia Universidade Católica do (UNICURITIBA)
Sinos (UNISINOS) Rio de Janeiro (PUC-RJ) Soledad Garcia Muñoz
David Almagro Castro João Ricardo Wanderley Dornelles Instituto Interamericano de Derechos
Programa de Pós-Graduação em Pontifícia Universidade Católica do Humanos (IIDH)
Direito (PPGD/PUC-RS) Pontifícia Rio de Janeiro (PUC-RJ) Inter-American Institute of Human
Universidade Católica do Rio Grande José Osvaldo Jara García Rights (IIHR)
do Sul (PUC-RS) Universidad de Valparaíso - Chile Tiago Menna Franckini
Davi Valcarenghi Bolzan Julio Cesar Llanan Nogueira Universidade Federal de Santa
Escola Técnica Estadual Senador Universidad Nacional de Rosario – Catarina (UFSC)
Ernesto Dornelles Argentina Víctor Brindisi
Erico Pinheiro Fernandez Lúcia de Fátima Guerra Ferreira Comité Internacional de Educación
Escola Estadual de Ensino Universidade Federal da Paraíba para la Paz, No violencia y los
Fundamental e Médio General (UFPB) Derechos Humanos
Álvaro A. da S. Braga Márcia Ondina Vieira Ferreira Vladmir Oliveira da Silveira
Gabriela Kyrillos Universidade Federal de Pelotas Universidade Nove de Julho
Programa de Pós-Graduação em (UFPel) (UNINOVE)
Direito (PPGD/UFSC) María Inés Copello Danzi de Levy

Membros da FURG
Carlos Alexandre M. Marques José Ricardo Caetano Costa Renato Duro Dias
Clarice Pires Marques Júlia Matos Salah Hassan Khaled Junior
Débora Amaral Sotter Liane Hüning Birnfeld Sheila Stolz
Eder Dion de Paula Costa Marisa Pires Susana Maria Veleda da Silva
Francisco Quintanilha Verás Neto Paula Regina Costa Ribeiro
Jaime John Raquel Fabiana Lopes Sparemberger

@ Sheila Stolz, 2013.


Cadernos de Educação em e para os Direitos Humanos

Núcleo de Revisão Linguística


Responsável: Rita de Lima Nóbrega
Revisores: Christiane Regina Leivas Furtado, Gleice Meri Cunha Cupertino, Ingrid Cunha Ferreira, Luís Eugênio
Vieira Oliveira, Micaeli Nunes Soares, Rita de Lima Nóbrega

Núcleo de Design e Diagramação


Responsáveis: Lidiane Fonseca Dutra e Zélia de Fátima Seibt do Couto
Capa: Lidiane Dutra
Diagramação: Bruna Heller

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Simone Sola Bobadilho CRB10/1288.


4
Sumário
Apresentação ................................................................................................................................................................................................................ 7
Prefácio ................................................................................................................................................................................................................................. 11

Parte I: Alfabetização Digital .......................................................................................................................................


A importância da alfabetização digital como instrumento de democratização no
ensino do século XXI........................................................................................................................................................................................
Carlos Alexandre Michaello Marques e Clarice Gonçalves Pires Marques..........................15
A Educação a Distância no Brasil: algumas perspectivas....................................................................................
Antônio Maurício Medeiros Alves ....................................................................................................................................... 21
Organização do tempo para estudantes de EaD ..........................................................................................................
Clarice Gonçalves Pires Marques........................................................................................................................................... 27
Ser aluno da modalidade de ensino a distância .............................................................................................................
Ana Carolina Moura, Antônio Maurício Medeiros Alves, Berenice Vahl Vaniel e
Ivane Almeida Duvoisin................................................................................................................................................................. 29

Parte II: Metodologias de Estudos e Pesquisas em Educação em


Direitos Humanos ........................................................................................................................................................................................
Introdução à metodologia de estudos e pesquisas em educação em Direitos
Humanos .........................................................................................................................................................................................................................
Carlos André Birnfeld ......................................................................................................................................................................... 37
Como fazer um projeto de pesquisa científica .................................................................................................................
Carlos André Birnfeld ......................................................................................................................................................................... 43
Falando sobre conhecimento................................................................................................................................................................
Clarice Gonçalves Pires Marques........................................................................................................................................... 53
Caminhos da redação científica ..........................................................................................................................................................
Clarice Gonçalves Pires Marques........................................................................................................................................... 57
Diálogos sobre eixos teóricos ..................................................................................................................................................................
Clarice Gonçalves Pires Marques.......................................................................................................................................... 59
O que há de essencial nos regramentos formais da produção científica ........................................
Carlos André Birnfeld ......................................................................................................................................................................... 63

5
Parte III: Trabalho de Conclusão de Curso .................................................................................
Qual a função do professor-orientador?..................................................................................................................................
Carlos Alexandre Michaello Marques e Clarice Gonçalves Pires Marques........................ 73
Preciso construir um projeto! E agora?.......................................................................................................................................
Clarice Gonçalves Pires Marques.......................................................................................................................................... 79
Defesa oral: como vou apresentar meu artigo? .............................................................................................................
Clarice Gonçalves Pires Marques.......................................................................................................................................... 86
A importância da postagem do TCC definitivo .............................................................................................................
Clarice Gonçalves Pires Marques.......................................................................................................................................... 89
Sobre os autores ...................................................................................................................................................................................................... 91

6
Apresentação da Coleção Cadernos da EDH

Educação em e para os Direitos Humanos: concisa análise


A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948 desencadeou
um processo de mudança no comportamento social e na produção de instrumentos e
mecanismos internacionais de Direitos Humanos, que acabaram sendo incorporados
ao ordenamento jurídico dos países signatários. Esse processo resultou na base dos
atuais sistemas regionais e global de proteção dos Direitos Humanos.
Paradoxalmente a este processo de positivação dos Direitos Humanos,
chamados no âmbito interno dos Estados de Direitos Fundamentais, encontra-se a
atual conjuntura nacional e internacional. Esta, além de apresentar uma série de
aspectos inquietantes no que se refere às violações de direitos humanos, tanto no
campo dos direitos civis e políticos quanto na esfera dos direitos econômicos, sociais,
culturais e ambientais, acaba por se entrelaçar ao processo de globalização. Este tem
resultado na concentração da riqueza, beneficiando apenas um terço da humanidade
em prejuízo, especialmente, das/dos habitantes do hemisfério Sul que vivem em
meio à desigualdade e à exclusão sociais brutais, comprometendo, em feito, a justiça e
a paz.
Verbi gratia, o aumento da intolerância étnico-racial, religiosa, cultural,
geracional, de gênero, de orientação sexual e afetiva, de nacionalidade, de opção
política, dentre outras; a generalização dos conflitos, o recrudescimento dos distintos
tipos de violência e o agravamento na degradação da biosfera. Todos estes são
acontecimentos que revelam um abismo entre os indiscutíveis avanços no plano
jurídico-institucional e a realidade concreta da efetivação dos Direitos Humanos.
Perante os múltiplos desafios apresentados e que suscitam mudanças urgentes
e profundas, a educação surge como um trunfo indispensável para que a
humanidade tenha a possibilidade de progredir na consolidação dos ideais de paz,
liberdade, igualdade e justiça.
Entendimento corroborado na DUDH, que atribui um valor crucial à educação
já em seu Preâmbulo, requerendo no artigo 26, 2, a promoção de “entendimento,
tolerância e amizade” e “a luta para um ensino e uma educação que promovam o
respeito por estes direitos e liberdade”. Este mesmo artigo da DUDU estabelece que
devemos não somente garantir que cada criança tenha acesso à educação, mas
também que a educação “seja direcionada ao pleno desenvolvimento da
personalidade humana” (artigo 26, DUDH). A Convenção sobre os Direitos das
Crianças, adotada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas, em 20 de Novembro de
1989 e ratificada pelo Brasil em 20 de setembro e 1990, expande o artigo 26 da DUDH,
pois considera muito importante

7
preparar plenamente a criança para viver uma vida individual na
sociedade e ser educada no espírito dos ideais proclamados na Carta das
Nações Unidas e, em particular, num espírito de paz, dignidade, tolerância,
liberdade e solidariedade. (UNICEF, 2004, p. 4 1)

Neste sentido é que a Convenção sobre os Direitos das Crianças faz especial
referencia ao ensino pleno e em todos os níveis: fundamental, médio e superior,
especificando que este tipo de direito deve ser alcançado progressivamente e baseado
em oportunidades iguais.
Nesta mesma esteira de raciocínio, a Conferência Mundial de Direitos
Humanos, realizada em Viena em 1993, balizou aos Estados e às Instituições
governamentais e não governamentais a importância da educação, a capacitação e a
informação pública em matéria de Direitos Humanos e, portanto, da necessidade em
promover a realização de programas e estratégias educativas, visando ampliar ao
máximo a Educação em e para os Direitos Humanos (EDH). Precisamente por isto, em
dezembro de 1994, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
promulgou2, entre o período compreendido de 1º de janeiro de 1995 a 31 de dezembro
de 2004, a Década da Educação em Direitos Humanos.
Com o objetivo precípuo de avaliar o estado da EDH na região, a América
Latina realizou, no México em dezembro de 2001, a Conferência Regional sobre
Educação em Direitos Humanos na América Latina. Este encontro revelou que, no
Brasil, assim como na América Latina, a Educação em Direitos Humanos surge no
contexto das lutas sociais e populares como estratégia de superação dos regimes
ditatoriais e de resistência cultural às violações massivas aos Direitos Humanos. Estes
são entendidos como indispensáveis nos processos de democratização e, sobretudo,
como fundamento emancipatório de conquista e criação de direitos. Nesse sentido,
pronuncia-se o pesquisador peruano Ignacio Basombrío,

A educação em Direitos Humanos é na América Latina uma prática jovem.


Espaço de encontro entre educadores populares e militantes de Direitos
Humanos começa a se desenvolver coincidentemente com o fim de um
dos piores momentos da repressão política na América Latina e conquista
certo nível de sistematização na segunda metade da década dos 80 (1992,
p.33)3.

No plano político-institucional brasileiro foi criado, em 1996, o Programa


Nacional de Direitos Humanos (PNDH), marco jurídico-político que transformou os
Direitos Humanos em eixos norteadores transversais de programas e projetos de
promoção, proteção e defesa dos Direitos Humanos. Apesar de o PNDH referendar
dentre suas linhas de ação a implantação do Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos (PNEDH) – atendendo ao compromisso com a Década da Educação em
Direitos Humanos–, o processo de elaboração do PNEDH somente teve início em 2003,

1
UNICEF. Convenção sobre os Direitos das Crianças. Disponível em:
http://www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/convencao_direitos_crianca2004.pdf. Acesso em
27/12/2011.
2
Resolução 49/184 da Assembleia Geral da ONU.
3
BASOMBRIO, I. Educación y ciudadanía: la educación para los derechos humanos en América Latina .
Perú: CEAAL, IDL y Tarea, 1992.

8
com a criação do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos (CNEDH).
Criação esta que ocorreu por meio da Portaria nº 98/2003 da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR).
Assim, o PNEDH vem a público em 10 de dezembro de 2006, estabelecendo
concepções, princípios, objetivos, diretrizes e linhas de ação contemplados em cinco
grandes eixos de atuação: Educação Básica; Educação Superior; Educação Não Formal;
Educação dos Profissionais dos Sistemas de Justiça e Segurança Pública; e Educação e
Mídia.
A EDH é compreendida, de conformidade com o PNEDH, como

[...] um processo sistemático e multidimensional que orienta a formação do


sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões:
a) apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre Direitos
Humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local;
b) afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura
dos Direitos Humanos em todos os espaços da sociedade;
c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em
níveis cognitivo, social, ético e político;
d) desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de
construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos
contextualizados;
e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e
instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos
humanos, bem como da reparação das violações (PNEDH, 2006, p. 25) 4.

Se a educação é um meio privilegiado na promoção dos Direitos Humanos,


priorizar a formação de professoras e professores e de agentes públicos e sociais para
atuar nos sistemas de educação (formal e não formal), saúde, justiça, segurança, mídia,
comunicação e informação é um imenso desafio. Isto porque preparar estes sujeitos
para que se tornem educadores em Direitos Humanos significa possibilitar a
ampliação do conhecimento de tais direitos, inter-relacionados e interdependentes,
declarados nos documentos citados e em tantos outros existentes a nível nacional,
regional e internacional e que constituem, em seu conjunto, um marco ético-jurídico-
político de construção de uma cultura universal de respeito aos Direitos Humanos.
Tendo em vista que esta é uma tarefa difícil, tornada um pouco mais fácil em
face ao endosso proclamado em vários instrumentos legais, um grupo de
interessados em cumprir com este compromisso se dedicou a analisar os Direitos
Humanos e a EDH, enfrentando os desafios conceituais e práticos que os envolvem.
Nesse sentido, a presente publicação é parte deste desafio, mas também de um
conjunto de ações estatais que tem como principal objetivo a implementação do
PNEDH. Dessa forma, os textos que são apresentados nesta publicação constituem um
suporte didático-pedagógico e, como tais, foram organizados a partir das três linhas
de pesquisa e das disciplinas a elas vinculadas e que integram a segunda edição do
Curso de Pós-Graduação em Educação em Direitos Humanos da Universidade Federal
do Rio Grande (PGEDH/FURG).

4
BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. 2006. Disponível em
http://portal.mj.gov.br/sedh/edh/pnedhpor.pdf. Acesso em 27/12/2011.
9
No que concerne à linha de pesquisa Fundamentos em Direitos Humanos, a
obra se propõe a apresentar tais fundamentos através de uma abordagem multi e
interdisciplinar, abalizada de alguns princípios: da memória e temporalidade; da
autonomia moral dos sujeitos; da universalidade e particularidades; da democracia e
da justiça. Quanto às disciplinas vinculadas à Diversidade nos Direitos Humanos, o
livro trata desta temática a partir da articulação entre os valores da liberdade, da
igualdade, da solidariedade e do pluralismo proclamados na Constituição Federal de
1988, entendendo-os como indispensáveis para a inclusão plena de todos os sujeitos.
A linha de pesquisa Direitos Humanos no Contexto Escolar e seu entorno trata
de analisar a Educação em e para os Direitos Humanos a partir dos princípios
pedagógicos e metodológicos que norteiam esta particular forma de Educação.
Abordando, ademais, o papel do Estado nas políticas culturais e educacionais em
Direitos Humanos, bem como a função precípua da Escola na formulação de
propostas, estratégias e indicadores de avaliação em Educação em e para os Direitos
Humanos.
Assim, espera-se, com este material, colaborar não somente com o provimento
de informações, mas também fomentar a constituição de um processo abrangente,
para toda a vida. Processo este no qual as professoras e os professores e demais
agentes sociais nele envolvidos compreendam seu papel como futuros
multiplicadores da Educação em e para os Direitos Humanos tanto no âmbito escolar
como na comunidade em que atuam e na sociedade como um todo, direcionando
sua vida pessoal e práxis profissional pautadas no respeito à dignidade da pessoa
humana e nos meios e métodos para assegurar este respeito.

Sheila Stolz

10
Prefácio

Disciplinas Instrumentais para Diálogos na Educação em e para os


Direitos Humanos
Clarice Pires Marques

As disciplinas instrumentais são basilares para a construção do conhecimento,


pois tanto no ensino presencial quanto no a distância são elas que viabilizam a
apropriação de todos os demais saberes. Nesse sentido, o presente volume está
organizado em três partes: Alfabetização Digital, Metodologia de Estudos e Pesquisas
em Educação em Direitos Humanos e Trabalho de Conclusão de Curso.
A Educação a Distância (EaD) possui suas peculiaridades, pois é necessário
apropriar-se das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o que propõe a
primeira parte deste volume, familiarizando os estudantes com Ambientes Virtuais
de Aprendizagem (AVA), de modo que possam deslocar-se por sua sala de aula
virtual, comunicar-se com professores, tutores e colegas, bem como acessar os
conteúdos do curso, elaborar as suas atividades de aprendizagem e suas pesquisas. Os
textos disponibilizados neste tópico visam aproximar os estudantes de uma cultura
EaD, em que tempo e espaço são diferenciados no processo de aprendizagem.
A segunda parte se volta para a construção do conhecimento científico,
proporcionando proximidade com metodologias de estudos e pesquisas em Educação
em Direitos Humanos. Para concretizar uma pesquisa, é necessário percorrer
caminhos, estabelecer o tema a ser investigado, o problema de pesquisa, a coleta de
dados e a apresentação dos resultados, compreender como e por que investigar
determinado fenômeno.
Por fim, a terceira parte da obra está destinada ao Trabalho de Conclusão de
Curso, pois, após a apropriação das TIC, estruturação de estudos e pesquisas, é hora de
socializar os resultados, através da produção de artigos que demonstrem o que foi
pesquisado e os resultados obtidos. Acima de tudo, não se espera que a pesquisa
apresente respostas e soluções para todos os fenômenos verificados no campo da
Educação em Direitos Humanos, mas sim que viabilizem novos questionamentos e
perspectivas para a cultura de paz que se deseja.

11
12
Parte I

Alfabetização Digital
Essa disciplina tem o objetivo de propiciar a aquisição de habilidades
básicas para utilizar os recursos da informática, inerentes à “sociedade da
informação”, a fim de executar, com bom desempenho, as atividades de
ensino e aprendizagem das disciplinas do curso de Educação em Direitos
Humanos. Entre os tópicos abordados destaca-se Introdução a Plataforma
Moodle, Cultura do Estudante em EaD, Conceitos Básicos de Informática,
Produção de documentos e Normas de Formatação e Ética na Elaboração
de Trabalhos Acadêmicos.

13
14
Texto

A importância da alfabetização digital como instrumento de


democratização no ensino do século XXI

Carlos Alexandre Michaello Marques


Clarice Gonçalves Pires Marques

1. Introdução

A Educação a Distância – EaD se tornou uma das formas mais difundidas de


democratização de acesso ao ensino, em especial no que tange à Graduação e aos
cursos de formação continuada. Nesse sentido, uma nova lógica se estabeleceu no
processo de ensino-aprendizagem, posto que passou a ser, neste modelo, mediado
pelas Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC.
Nesta senda, novas linguagens e novos métodos de aprendizagem são
necessários para a concretização dos objetivos propostos pela Educação a Distância.
Fica claro, portanto, que, para obter êxito nesta modalidade, é preciso que os
professores e estudantes se apropriem do uso das Tecnologias da Informação,
agreguem as ferramentas tecnológicas na sua atuação profissional. Contudo, não
basta apenas saber a instrumentalidade, é preciso desenvolver novas maneiras de se
relacionar, pautadas por valores éticos, culturais, pedagógicos e metodológicos
(OLIVEIRA; FUMES, 2008).
Cumpre apontar a importância da Alfabetização Digital como suporte para
esta nova etapa da construção do conhecimento, pois, além da democratização de
acesso à Educação, está a própria demanda de apropriação dos meios de efetivá-la
em sua totalidade, o que de fato se realiza através da inclusão digital.

2. As transformações trazidas pela EaD no ensino brasileiro

A implantação do modelo de Educação a Distância, tal como se conhece hoje,


teve seu ponto de partida em 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, Lei nº 9.394/96, na qual, em seu artigo 80, consta o comando legal para
que o Poder Público incentivasse o desenvolvimento e a veiculação de programas de
ensino a distância em todos os níveis e modalidades de ensino, bem como de
educação continuada (MARQUES, 2013).
As Políticas Públicas para a EaD começam a ganhar espaço em 2002,
acompanhando as propostas governamentais de democratização de acesso ao
Ensino Superior. A partir de então, o tema se tornou um campo fértil para debates,
pois este novo jeito de aprender e ensinar exigiria muita reflexão acerca de sua
operacionalização e, com o intuito de sanar lacunas legais deixadas pelo artigo 80 da
Lei em comento, em 2005, este foi regulamentado pelo Decreto nº 5.622/2005, o qual

15
trouxe a própria definição de Educação a Distância, em seu artigo primeiro
caracterizando-a como

[...] modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos


processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores,
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (LDB,
2005).

O fato é que a implantação da EaD mediada pelas TIC, tomou corpo e ganhou
espaço no Brasil. Ao caminhar ao lado das práticas pedagógicas presenciais a EaD
teve que se constituir, a fim de superar desafios próprios de sua idiossincrasia, pois
professores e estudantes, antes acostumados com o dia a dia da sala de aula, não mais
compartilham o mesmo espaço físico.
De outra forma, precisam se adaptar para reduzir distâncias, formar laços,
constituir o sentimento de pertencimento aos cursos e tornar a comunicação escrita
mais clara o quanto possível, inclusive agregando elementos, como imagens e os
conhecidos "smiles", no sentido de transmitir sentimentos, que antes eram detectados
pelas expressões faciais do contato direto na sala de aula presencial.

3. Relações "virtualizadas" e não "desvirtuadas"

As relações mediadas pelas TIC na construção do conhecimento, muitas vezes,


são rotuladas como frias e impessoais, pois, em princípio, tanto estudante quanto
professor se encontram diante da tela inexpressiva de um computador, tablet ou
notebook, em um espaço diferenciado do ambiente educacional físico, com suas
dinâmicas e peculiaridades. Todavia, “ao contrário do que nos leva a crer a vulgata
midiática sobre a pretensa frieza do ciberespaço, as redes digitais interativas são
fatores potentes de personalização ou encarnação do conhecimento” (LÉVY, p. 166,
2007).
Nesse contexto, é inegável que, de modo geral, a principal referência para
quem atua nas plataformas virtuais é o perfil de cada um. Este é o elemento inserido
nos sistemas pelos participantes desta modalidade de educação, o qual consiste em
uma fotografia e uma breve descrição da atuação profissional, experiência e dos
gostos pessoais, o que não é, sem sombra de dúvidas, o suficiente para conhecer um
indivíduo, mas carrega grande importância porque é a base para a identificação do
sujeito dentro do sistema. A partir disso, a comunicação se estabelece no espaço
virtual e a troca de saberes se efetiva com a aliança entre os conteúdos subjetivos dos
sujeitos envolvidos, a linguagem e a manipulação do instrumento de comunicação.
A preocupação fundamental continua sendo o compromisso destes atores
para, em um esforço conjunto e com base no compartilhamento de saberes e
experiências, alcançar o objetivo de formação, não com o intuito de extinguir o
Ensino Presencial, pois não há interesse em esvaziar as salas de aula, mas de ampliar a
construção de uma inteligência coletiva através das ferramentas virtuais (LÉVY,
2007).
Destaca-se que “a mesma base comum dada a educação presencial, é,
igualmente, comum a EaD, embora cada qual reserve suas especificidades. Uma

16
mesma matriz para os mesmos propósitos – a educação” (ROMÃO, p.85, 2008), ou
seja, tanto uma modalidade quanto outra pretende a construção do conhecimento, a
qualificação e a busca de uma sociedade mais justa e igualitária. Virtualizar as relações
de ensino e aprendizagem não significa desvirtuá-las, como apontam os críticos da
EaD, mas, sim, adotar novas formas de construção do conhecimento e de cooperação
entre os envolvidos no processo.

4. O instrumento Alfabetização Digital

A sociedade atravessa uma Revolução Tecnológica, cujo ponto de partida foi


trazido pela criação das Tecnologias da Informação e pelo avanço dos dispositivos
eletrônicos, como telefones multifuncionais, tablets e computadores de última
geração com suas telas sensíveis ao toque, ou à voz. Tantos são os avanços que já há
computadores capazes de decodificar o movimento dos olhos ou as ondas cerebrais.
As mudanças ocorrem tão rapidamente que uma tecnologia supera outra em
menos de seis meses, transformando aparelhos e programas obsoletos em um curto
espaço de tempo. Nesse sentido, percebe-se que

Se a tecnologia da informação é hoje o que a eletricidade foi na Era


Industrial, em nossa época a internet poderia tanto ser equiparada a uma
rede elétrica quanto ao motor elétrico, em razão de sua capacidade de
distribuir a força da informação por todo o domínio da atividade humana
(CASTELLS, p. 07, 2003).

Desse modo, a internet é a rede e o motor de que faz uso a EaD e para a sua
concretização muitos fatores estão envolvidos. O acesso ao instrumental é o primeiro
passo de uma caminhada repleta de desafios em um país de modernização tardia
como o Brasil, com seu paradoxo de riqueza e miséria, com a presença marcada da
desigualdade social.
Este contexto influencia sensivelmente na apropriação das tecnologias e
popularização da inclusão digital, indispensáveis à democratização da Educação
como um todo, pois nem todos têm acesso às Tecnologias da Informação e nem
familiaridade com suas peculiaridades.
Cumpre, agora, conceituar a Alfabetização Digital, a qual pode ser
compreendida como

[...] domínio dos códigos que permitem acessar a máquina, manuseá-la e


utilizar seus comandos para práticas efetivas de digitação, leitura e
produção de mensagens para efeitos de interação a distância ou para a
leitura de informações ou leitura e escrita de outras linguagens (visuais,
sonoras, etc.) (COUTO, p. 48, 2012).

Para que se democratize a Educação a Distância, a Alfabetização Digital deve


ocupar papel de destaque para possibilitar este amplo acesso aos estudantes, servindo
de suporte para outras etapas da construção do conhecimento, a partir da leitura,
compreensão dos textos disponibilizados para estudo, atividades, visualização de
vídeos e debates coletivos oferecidos no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

17
Por melhor que seja a qualidade da aula virtual, de nada adianta se os
estudantes não detiverem a habilidade de usufruí-los em sua totalidade. Neste ponto
é que se estabelece o valor de um bom trabalho em Alfabetização Digital, pois a
aprendizagem do conjunto de signos e significados abrirá as portas para o universo
do espaço virtual com todas as suas possibilidades.
O domínio das ferramentas digitais é agente de emancipação para os
estudantes, desde uma perspectiva de que a inclusão digital lhes permite a
participação no processo de aprendizagem e reflexão dos conteúdos disponibilizados
no AVA. Desse modo, abre caminho para o pertencimento dentro do grupo virtual,
não deixando nada a desejar para a Educação Presencial.

5. Considerações finais

As TIC revolucionaram o modo de aprender e ensinar, gerando novos


conceitos, novas formas de compartilhar saberes, novos métodos e perspectivas que
superam em longe os antigos modelos de aulas à giz e a quadros negros. Os recursos
multimídia, a utilização da internet e a criação dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem permitem a interação dos alunos em grupos que aprendem, debatem,
compartilham temas propostos em aulas virtuais, organizadas didaticamente para a
edificação da aprendizagem.
Todavia, a preparação para esta atuação é indispensável para democratizar a
Educação a Distância, a fim de que os estudantes da EaD não recaiam na exclusão
ocasionada pela inabilidade de operar as máquinas e sistemas destinados à
aprendizagem.
Para tanto, emerge a Alfabetização Digital como instrumento de inclusão,
permitindo aos estudantes a apropriação de códigos e significados do "como fazer"
para aproveitar o máximo possível as possibilidades oferecidas pela tecnologia, em
prol de uma formação de qualidade em EaD, a qual, como anteriormente referido,
não pretende substituir a Educação Presencial, mas, sim, aliar-se a ela, agindo em
locais diversificados, atendendo necessidades de democratização da Educação e
levando adiante o processo irreversível, desencadeado pela constituição da sociedade
da informação, adaptando-se aos tempos atuais.

Bibliografia

CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a


sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

COUTO, Maria Elizabete Souza. Alfabetização e letramento digital. In: Estudos IAT,
Salvador, v.2, n.1, p.45-62, jan./jun. 2012. Disponível em:
<http://estudosiat.sec.ba.gov.br/index.php/estudosiat/article/viewFile/33/66>. Acesso
em: 15 ago. 2013.

18
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Traduzido por Carlos Irineu da Costa. São Paulo: 34, [1999]
2007. Tradução de: Cyberculture.

MARQUES, Carlos Alexandre Michaello. A educação a distância no ensino superior


brasileiro: realidade e perspectivas da legislação e políticas públicas para o setor. In:
Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo, jun. 2013. Disponível em:
<http://atlante.eumed.net/educazao-distancia/>. Acesso em: 14 ago. 2013.

OLIVEIRA, Aristóteles da Silva; FUMES, Neisa de Lourdes Frederico. Inclusão Digital do


Professor Universitário para atuar na Educação online. [53-81]. In: MERCADO, Luís
Paulo Leopoldo (Org.). Práticas de Formação de Professores na Educação a Distância.
Maceió: EDUFAL, 2008.

ROMÃO, Eliana. A relação educativa: por meio de falas, fios e cartas. Maceió:
EDUFAL, 2008.

19
20
Texto

O texto a seguir apresenta algumas questões acerca da Educação a


Distância no Brasil. Aproveite!
Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Eu quero dizer
Agora, o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
(Matamorfose Ambulante – Raul Seixas)

A Educação a Distância no Brasil – algumas perspectivas


Antônio Mauricio Medeiros Alves

A fim de discutir a Educação a Distância (EaD) no contexto brasileiro,


inicialmente faz-se necessário problematizar o conceito de educação a distância que,
como todo conceito, irá depender da corrente teórica considerada.
Para o professor e pesquisador José Manuel Moran5, EaD é o processo de
ensino-aprendizagem, mediado por diferentes tecnologias, onde professores e alunos
estão separados espacial e/ou temporalmente. Entretanto, apesar de não estarem
juntos fisicamente, podem estar interligados através de diferentes tecnologias como,
por exemplo, a internet. Outras tecnologias/recursos podem ser utilizadas nessa
modalidade de educação, a exemplo dos CDs, DVDs, telefone, vídeo, fax, etc.
Correa (2007) destaca o fato que não se pode limitar o conceito dessa
modalidade de ensino à separação espacial entre alunos e professores, pois seu traço
distintivo baseia-se na mediatização entre alunos e professores, embora essa seja uma
tendência preponderante.
Uma característica fundamental da EAD é o fato de romper com o
paradigma dominante em que o ensino prevalece sobre a aprendizagem, onde o
professor é o centro desse processo. Dessa forma é necessário diferenciar Ensino a
Distância de Educação a Distância, embora haja uma aproximação e, até mesmo, uma
complementaridade nesses termos. Quando se fala em ensino a distância, o foco
encontra-se no professor como aquele que não está presente, porém ao se usar a
expressão educação à distância percebe-se um rompimento com esse paradigma
hegemônico (do professor como aquele que ensina, independente do aluno), visto
que o aluno passa a assumir importante papel em sua aprendizagem, tornando-se
5
Disponível em http://www.escolanet.com.br/sala_leitura/txt_integral.html, acessado em 20 de junho
de 2010.
21
sujeito de suas aprendências, assumindo o professor o papel de problematizador (no
lugar de expressões como facilitador, pois esse é entendido como aquele que torna
fácil), fazendo com que esse fenômeno tome um caráter mais abrangente, abrindo
outras possibilidades também temporais além das espaciais para que a educação a
distância aconteça.
Outros conceitos importantes para que se entenda o sentido da educação a
distância são o de educação presencial (dos cursos regulares, onde alunos e
professores estão juntos fisicamente e se encontram sempre num local físico,
normalmente a sala de aula); de educação semi-presencial (em que parte do curso é
presencial e parte à distância, acontecendo uma parte na sala de aula e outra parte a
distância, através de tecnologia) e a própria educação a distância, que acontece
fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e/ou
no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação e pode
contar com aulas presenciais ou não.
Quando o “estar junto”, mediado pelas diferentes tecnologias/recursos (chat,
vídeo aula, web conferência, vídeo conferência, msn, etc.), acontece no mesmo
tempo para professores e alunos, a comunicação é definida como “on line” ou
“síncrona”, quando os tempos são diferentes, temos a comunicação “off line” ou
“assíncrona”. Normalmente os cursos de EAD utilizam um misto de on e off line.
Segundo Moran, no exterior existem modelos exclusivos de instituições de
educação a distância, que só oferecem programas nessa modalidade, como a Open
University da Inglaterra ou a Universidade Nacional a Distância da Espanha. No Brasil,
o modelo predominante é de instituições que oferecem cursos a distância, mas
também o fazem no ensino presencial.
Renato Sabbatini6 (PHD em Neurofisiologia e professor de tecnologias de
informação e comunicação em saúde da UNICAMP) em palestra recente destacou
alguns dados interessantes sobre o crescimento da EaD no mundo: nos EUA, mais de
65% das universidades já oferecem EaD, sendo que lá a taxa anual de crescimento de
alunos é de 18,2%. Já na área médica, mais de 80% dos profissionais usam
regularmente EaD para atualização. No Brasil, empresas, ONGs e governo estão
promovendo cada vez mais iniciativas no setor, proporcionando um aumento do
mercado com cursos cada vez mais rápidos, baratos e excelentes.
Convém destacar que a educação a distância é uma modalidade que pode
ser dirigida a qualquer nível de ensino, porém mostra-se mais adequada quando
dirigida a um público adulto onde a aprendizagem individual e a prática da pesquisa
são normalmente mais recorrentes.
Essa modalidade vem crescendo nos últimos anos e agregando novas tecnologias,
conforme nos indica José Manuel Moran:

Retomando alguns aspectos históricos da educação a distância no Brasil,


veremos que ela não é nova, mas agora, com a LDB e as tecnologias
telemáticas, sua evolução está sendo mais rápida e facilitando mudanças no
modelo educacional, muitas vezes ainda em vigor, que valoriza a relação
hierarquizada entre professor e aluno, entre quem ensina e quem aprende.
(disponível em http://www.escolanet.com.br/sala_leitura/txt_integral.html)

6
Disponível em http://groups.google.com.br/group/eadbr/browse_thread/thread/efe58b4c824d49ee,
acessado em 20 de junho de 2010.
22
Segundo o autor o crescimento da EAD no Brasil tem modificado as relações
dos sujeitos com a educação, pois a criação de novos ambientes onde também se dá a
educação, desenvolvimento e avanço das tecnologias muda alguns conceitos:

Na medida em que elas avançam [as tecnologias], o conceito de


presencialidade também se altera. Hoje, ainda entendemos por aula um
espaço e um tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez
mais, serão flexíveis. (José Manuel Moran, disponível em
http://www.escolanet.com.br/sala_leitura/txt_integral.html)

A educação a distância não é um fenômeno recente no Brasil, tendo sido


inicialmente caracterizada pelos cursos por correspondência em que a principal
tecnologia utilizada era o impresso. Muitos autores caracterizam a EAD em diferentes
momentos. A autora Rosangela Rodrigues7 (1998) denomina cada momento como
“geração” e indica a duração da primeira geração de EAD até os anos de 1970,
caracterizando-a pelo estudo por correspondência, utilizando como principal meio de
comunicação os materiais impressos, geralmente na forma de guia de estudos com
“instruções” e exercícios variados, enviados pelo correio.
A segunda geração teria, segundo a autora, início no período seguinte à
década de 1970, quando surgem as primeiras Universidades Abertas e outros
elementos foram sendo incorporados na comunicação à distância, além do material
impresso, a exemplo da televisão (aberta e a cabo), rádio e fitas de áudio e vídeo, com
interação por telefone, satélite, etc. Esse período iria, segundo a autora, até a década
de 1990, quando iniciaria então a terceira geração de EAD, com o fortalecimento das
“redes interativas” e o uso mais abrangente do computador e da internet. A autora
ainda indica o início da quarta geração, a partir do ano 2000, caracterizada pelo
aumento da capacidade de processamento dos computadores e da velocidade das
linhas de transmissão o que interfere na apresentação do conteúdo e interações, bem
como o acesso a bancos de dados e bibliotecas eletrônicas. Temos, então, uma
passagem da comunicação offline (com o uso exclusivo do impresso) para uma
combinação de comunicação off e online (em tempo real), mudando as características
da EAD.
Entretanto é pertinente destacar que uma tecnologia não substitui
totalmente a outra, pois todas podem coexistir. Certamente que os investimentos
serão de natureza diferente de acordo com a demanda de cada período histórico.
Wilson Azevedo (1999) apresenta outra divisão para a EAD, em dois
momentos: um antes e outro depois da internet. No primeiro havia a mediação por
meio de tecnologias da comunicação de um-para-muitos (rádio ou televisão) ou de
um-para-um (correspondência). Com o avanço da internet temos essas duas
mediações presentes e uma terceira: a do muitos-para-muitos. Segundo o autor, essa
nova característica atribuída à EAD pelo avanço da internet, tem permitido a
superação daquilo que por muito tempo, citando as palavras de Pierre Lévy, se
considerou a educação a distância: uma “estepe” do ensino utilizada quando outras
estratégias haviam falhado.

7
Disponível em http://www.escolanet.com.br/sala_leitura/hist_ead.html, acessado em 20 de junho de
2010.
23
Azevedo destaca que a EAD era muitas vezes considerada como uma
educação de “segunda categoria”, utilizada principalmente para suprir lacunas
daqueles que não haviam tido acesso a educação formal no tempo adequado (cursos
de suplência).
No caso do Brasil, a LDB 9394/96, em seus artigos 80, reconhece a educação à
distância como uma modalidade de educação dirigida a todos os níveis de ensino.
Desde então se verificou uma intensificação nos cursos em EAD em todos os níveis,
diferentemente do que se assistira anteriormente: cursos esporádicos e em sua maioria
com características supletiva (Telecurso 2000). Esse aumento foi verificado também
nos cursos de graduação, com um crescente envolvimento de instituições de ensino
superior com cursos de EAD, caracterizando grande dinamismo no panorama atual.
De acordo com Rosangela Schwartz Rodrigues (2004):

A partir da segunda metade dos anos 90, as possibilidades que a internet


oferece vêm interferindo profundamente nas atividades de EAD no Brasil.
Novas instituições passaram a oferecer cursos a distância, já se inserindo
diretamente no cenário de uso de mídias de terceira e quarta gerações. Os
anos de 1996 e 1997 presenciaram o início de várias atividades que se
tornariam decisivas na evolução do cenário da EAD no Brasil. [...] Com os
movimentos de apropriação tecnológica dos ambientes virtuais de
aprendizagem se desenvolvendo rapidamente e a metodologia de EAD já
em fase adiantada de consolidação, o próximo passo foi o reconhecimento
formal do Ministério da Educação aos cursos que já aconteciam por meio de
Educação a Distância. Entre os cursos de graduação a distância aprovados
pelo MEC até 2004 (os cursos só começaram a ter sua aprovação publicada
no Diário Oficial em 1999), a maioria é dedicada à formação de professores
em exercício, refletindo o fomento governamental neste segmento. (Trecho
da Tese de Doutorado: Modelo de Planejamento para Cursos de Pós-
graduação a Distância em cooperação Universidade-Empresa, disponível em
http://200.132.103.12/repositorio/admin/downloads/2_tema_2.pdf)

A educação a distância por muito tempo foi vista como uma superação
imediata de problemas emergenciais (caráter supletivo), como meio de ultrapassar
fracassos dos sistemas educacionais em algum momento da história, como no Brasil,
nos anos 70, porém nos últimos anos tem havido um reconhecimento dessa
modalidade de ensino como elemento regular do sistema educativo (BELLONI, 2006).
Exemplos desse reconhecimento formal da EAD pelo MEC são os decretos
5622 de 10 de dezembro de 2005 e o decreto 5800 de 8 de junho de 2006. O decreto
5622/05 caracteriza e regulamenta a educação à distância no Brasil, definindo sua
organização, oferta e avaliação. Prevê também o credenciamento de instituições de
ensino para a oferta de cursos e programas de especialização, mestrado, doutorado e
educação profissional tecnológica de pós-graduação. Define ainda questões acerca da
educação de jovens e adultos, educação especial e profissional na modalidade de
EAD, bem como dos cursos de graduação.
Já o decreto 5800/06, dispõe sobre o sistema Universidade Aberta do Brasil
(UAB). Por meio desse decreto se institui a UAB, voltada para o desenvolvimento da
modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a
oferta de cursos e programas de educação superior no país.

24
Por meio desse decreto e a institucionalização da UAB, fica definido a
colaboração que deve haver entre a união e o entes federativos (estados e
municípios), articulando a manutenção de pólos de apoios presencial com as
universidades conveniadas com a UAB.
Em relação aos investimentos o decreto prevê que correrão por conta das
dotações orçamentárias de responsabilidade do MEC e ao FNDE, sendo
responsabilidade do executivo compatibilizar a seleção dos cursos e programas de
educação superior com os já existentes.
Convém destacar que a UAB não se caracteriza como mais uma instituição de ensino
superior (IES), pois não possui uma sede física, configura-se como um projeto, um
sistema, caracterizado como uma rede nacional voltada para pesquisa e educação
superior formada pelo conjunto de IES que irão se articular com os pólos municipais
presenciais, onde estarão em funcionamento os cursos da UAB.
Dessa forma, as IES que irão oferecer cursos superiores na modalidade de
EAD, visando atender aos estudantes dos pólos presenciais sediados nos diferentes
municípios, que irão freqüentar os diferentes cursos propostos pelas instituições
públicas de ensino superior (IES) e aprovados pelo MEC.
Cada pólo de apoio presencial será de responsabilidade do poder público
local, devendo caracterizar-se como um espaço físico onde os estudantes terão a infra-
estrutura necessária a execução de algumas das funções didático-pedagógicas dos
cursos à distância. Deverá ser equipado com laboratórios de ensino e pesquisa,
laboratórios de informática, biblioteca, recursos pedagógicos dentre outros, de acordo
com os cursos a serem ofertados, observando a mediação pelas novas tecnologias de
informação e comunicação (TIC) fundamentais nessa proposta de EAD.
Assim, temos atualmente uma nova configuração para Educação a
Distância, aumentando sua abrangência, investindo em qualidade e oferecendo
possibilidades de realização de um curso superior em locais distantes dos grandes
centros.

Bibliografia
AZEVEDO, Wilson. Muito Além do Jardim de Infância. O desafio do preparo de
alunos e professores online. Revista Brasileira de Educação a Distância, ano 6, nº 36,
set./out. 1999.

BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. 4ª Ed. Campinas: Autores Associados,


2006.

CORRÊA, Juliane (org). Educação a Distância – orientações metodológicas. Porto


Alegre: ARTMED, 2007.

MORAN, José Manuel. O que é educação a distância? In: Escola Net – Educação
Continuada. Disponível em: http://www.escolanet.com.br/sala_leitura/txt_integral.
html. Acesso em: 20 jun. 2010.

25
RODRIGUES, Rosangela Schwartz. Histórico da Educação a Distância. In: Escola Net –
Educação Continuada. Disponível em: <http://www.escolanet.com.br/sala_leitura/
hist_ead.html>. Acesso em: 20 jun. 2010.

RODRIGUES, Rosangela Schwartz. Modelo de Avaliação para Cursos no Ensino a


Distância: Estrutura, Aplicação e Avaliação. Dissertação de Mestrado em Engenharia
de Produção: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): 1998.

RODRIGUES, Rosangela Schwartz. Modelo de Planejamento para cursos de pós-


graduação a distância em cooperação Universidade-Empresa. Tese de Doutorado:
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): 2004.

SABBATINI, Renato. Palestra sobre metodologias em EaD. Disponível em:


<http://groups.google.com.br/group/eadbr/browse_thread/thread/efe58b4c824d49e
e>. Acesso em: 20 jun. 2010.

26
Texto
O texto a seguir apresenta algumas questões acerca da organização do
tempo para @ alun@ EaD! Aproveite!
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
(Oração ao tempo – Caetano Veloso)

Organização do tempo para estudantes de EaD


Clarice Gonçalves Pires Marques

A canção de Caetano Veloso se faz muito sugestiva quando se pensa em


Educação a Distância. Fazer um acordo com o tempo não é possível, entretanto, é
necessário utilizá-lo da melhor maneira possível a fim de obter bons resultados
quando se estuda nesta modalidade.
Incontestável que para o estudante em EaD a organização do tempo e disciplina para
fazer valer esta organização são fatores indispensáveis para o êxito nos curso a
distância.
A possibilidade de realizar as tarefas e estudos em qualquer horário pode ser
uma benesse ou um problema dependendo da forma como você se estrutura para as
suas atividades. Sendo assim, uma boa forma de organizar sua semana é o
estabelecimento de prioridades e planejamento.
As prioridades são aquelas atividades que colocamos no topo de nossa lista
de organização. Sendo assim, se dividem sob critérios de importância e urgência:

Dentre as coisas que vamos listar como prioritárias, algumas estarão ali
porque nos são importantes, outras porque são urgentes. Imagino que algo
que não é NEM importante NEM urgente não estará na lista de ninguém. E
também sei que na lista de todo mundo haverá coisas que são
IMPORTANTES E URGENTES. Não resta a menor dúvida de que estas coisas
devem ser feitas imediatamente, ou, pelo menos, na primeira oportunidade.
Poucas pessoas questionarão isso. (CHAVES, 1992, P. 01)

Obviamente algumas coisas são pessoalmente importantes, mas não


urgentes, como por exemplo, uma viagem de lazer ou um encontro familiar.
Entretanto, uma vez estabelecidas as prioridades, deve-se seguir um planejamento, a
fim de que o tempo que dispomos seja suficiente para trabalhar, estudar, conviver
com a família e ainda viajar a lazer:

Portanto, o planejamento deve ser visto como uma rota a ser seguida que
oferece a possibilidade de tomar decisões conscientes e por iniciativa própria
ao invés de deixar essa responsabilidade outras pessoas ou acontecimentos e
apenas assumir a responsabilidade pelo cumprimento dos compromissos que

27
lhe forem delegados. Dessa forma, o planejamento não só pode, como deve,
ser constantemente revisado e ajustado. Assim, as ocorrências que interfiram
no planejamento, podem ser analisadas o planejamento ajustado, de acordo
com a nova realidade. (CINTRA, 2010, p. 09)

Sendo assim, de grande valia será construir uma agenda semanal, pois não
se esqueça de que seu curso possui carga horária de 20h semanais, a freqüência é
verificada através dos encontros presenciais e acesso à plataforma moodle. Procure
balancear seus períodos de estudo com o trabalho e descanso.
Monte um cronograma de suas atividades, o seu planejamento, esteja
disposto a ajustes e revisões, mas sem perder o foco que é concluir a sua
especialização em Educação em Direitos Humanos com sucesso. Disponha-se também
a realização das leituras obrigatórias, mas busque algo mais, lendo outras obras
indicadas pel@s professor@s. Comprometa-se com a sua formação e aproveite bem o
seu tempo.

Bibliografia
CHAVES, Eduardo O. C. Administrar o tempo é planejar a vida. Disponível em
http://www.chaves.com.br/TEXTSELF/MISC/timemgt2.htm. Acesso em 28 de
dezembro de 2011.

CINTRA, Josiane C. Empregando o tempo com vida e produtividade. Valinhos, SP:


Anhanguera Educacional, 2010.

28
Texto
O texto a seguir destaca como é ser aluno na modalidade de ensino a
distância!
Você não sabe
O quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas
Antes de dormir
Eu nem cochilei
Os mais belos montes
Escalei
Nas noites escuras
De frio chorei, ei , ei
Ei! Ei! Ei! Ei! Ei!...
A vida ensina
E o tempo traz o tom
Pra nascer uma canção
Com a fé do dia a dia
Encontro a solução
Encontro a solução...
(A Estrada – Cidade Negra)

Ser aluno na modalidade de ensino a distância


Ana Carolina Moura
Antônio Maurício Alves
Berenice Vahl Vaniel
Ivane Almeida Duvoisin

O desenvolvimento da educação a distância está diretamente associado ao


avanço das tecnologias. O crescente aumento das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) vem gerando intensas mudanças sociais, o que provoca
desequilíbrios estruturais no campo da educação. Dessa forma, novas metodologias
têm sido propostas, principalmente no que se refere à EaD.
Por tudo isso, ao iniciar um curso na modalidade a distância, é importante
que os diversos atores envolvidos reflitam e criem uma cultura diferenciada da
existente no ensino presencial, a saber, da fala, da cobrança do professor e de
dependência de direcionamento. Essa necessidade se deve às características próprias
do processo ensino-aprendizagem na modalidade de Educação a Distância (EaD), as
quais serão discutidas ao longo deste texto.
Nesse sentido, pretende-se, a partir deste texto, estimular reflexões sobre a
postura do estudante EaD. Para tanto, abordamos algumas questões teóricas e
epistemológicas que envolvem a educação e conversamos sobre a importância da
interação, da cooperação e da autonomia do estudante nessa modalidade de ensino
além de debatermos sobre o ato de estudar, sobre a administração do tempo e a
necessidade de cultivar uma visão crítica e problematizadora da própria
aprendizagem.

29
No ensino presencial, devido à facilidade de maior aproximação do educador
e dos colegas e pelo fato de se compartilhar tempo e espaço, o estudante acaba
criando uma cultura de dependência. No contexto da EaD, o curto período das
disciplinas e a distância entre os envolvidos exigem dos estudantes maior disciplina,
organização e autonomia, ou seja, o estudante precisa assumir a responsabilidade por
sua aprendizagem.
Além disso, na EaD, estudantes, professores e tutores devem fazer um
exercício coletivo no sentido de desenvolver relações educacionais e emocionais. O
desafio é promover interações entre todos os envolvidos por meio da comunicação
mediatizada pela tecnologia, de maneira que a aprendizagem e a cooperação possam
estar presentes nas relações estudante-estudante, professor‐estudante, tutor‐professor
e estudante-tutor.
Desde a década de 80, duas correntes teóricas têm influenciado a educação
em geral e, também, a modalidade de EaD: modelo fordista e a teoria interacionista. A
Educação a Distância, que sempre dependeu das tecnologias e que surgiu como um
movimento de educação de massas, esteve historicamente mais vinculada ao modelo
fordista, baseado na produção fragmentada da era industrial. Mediante às críticas ao
ensino memorístico e aos avanços das pesquisas sobre o funcionamento da cognição
humana, bem como, das tecnologias da informação e comunicação, surgem novas
propostas metodológicas de cunho interacionista (BELLONI, 2006; PETERS, 2004).
A teoria interacionista, por sua vez, considera que o conhecimento é
construído progressivamente pelo sujeito, partindo das ações e interações entre todos
os envolvidos e entre esses e o ambiente. As relações que se estabelecem entre o
sujeito e o meio implicam um processo de construção e reconstrução permanente do
conhecimento que resulta na formação das estruturas do pensamento. É nessa
perspectiva teórica que pensamos o perfil e as atribuições do estudante, é nesse
paradigma educacional que pretendemos pautar nossas ações e investigações.
Nesse viés, as interações mediatizadas pelas tecnologias da informação e
comunicação, o investimento na construção de uma cultura autônoma e a
valorização do trabalho em grupo contribuem para a superação da problemática
espaço‐temporal
entre os diversos atores da EaD (professores‐tutoresestudantes).
Essa relação interativa pode acontecer também nos fóruns de discussão, nos
quais estudantes, professores e tutores, além de postarem suas visões e leituras sobre
determinado assunto, dialogam, debatem, lêem a discussão do outro, conhecem e
respeitam os diferentes posicionamentos, ampliando seus referenciais e seu potencial
argumentativo; enfim, cooperam. A contribuição, a cooperação, o debate e o respeito
também devem estar presentes nos trabalhos em grupo, sejam realizados
presencialmente ou a distância. O conjunto desses elementos irá contribuir
diretamente para a construção do conhecimento, como diz Tijiboy (ett all, 1999):

O processo de interação entre indivíduos possibilita intercambiar pontos de


vistas, conhecer e refletir sobre diferentes questionamentos, refletir sobre seu
próprio pensar, ampliar com autonomia sua tomada de consciência para
buscar novos rumos (p. 03).

30
Na modalidade a distância, é essencial que o estudante
construa sua autonomia e desenvolva iniciativa para estudar, de forma a perceber
suas necessidades, seu ritmo e estilo de aprendizagem. Nesse sentido, é importante
que cada um aprenda a identificar suas próprias dificuldades, a organizar seus
estudos, a criar hábitos de leitura e pesquisa, exercendo um papel ativo nesse
processo. Além disso, o estudante na modalidade EaD, em geral, é aquele que tem o
tempo mais restrito, então, torna‐se fundamental saber organizar esse tempo, a fim
de realizar o curso.
Geralmente, no ensino presencial, é o professor quem administra o tempo e o
conteúdo dado ao estudante; a quantidade e o que será visto na aula é de
responsabilidade do professor, o que cria uma dependência do estudante em ter
alguém que conduza a sua aprendizagem. São raros aqueles que avançam ou
aprofundam os conceitos tratados em aula, por meio de leituras e da busca por outras
fontes de informação e pesquisa.
Sobre a administração do tempo, Chaves (1998) reflete que:

Administrar o tempo não é uma questão de ficar contando os minutos


dedicados a cada atividade: é uma questão de saber definir prioridades. [..]
Saber administrar o tempo é ter clareza cristalina sobre o que, para nós, é
mais prioritário, dentre as várias coisas que precisamos e desejamos fazer ‐ e
tomar providências para que essas coisas mais prioritárias sejam feitas (p. 01).

Para o autor, é importante listar as prioridades sendo que, dentre elas,


existem as importantes, as urgentes e ambas. Aqueles elementos que não se
enquadram nesta lista, não são tão importantes, podem ser relegados a segundo
plano. Organizando o tempo assim, os objetivos são determinados, através da ordem
das prioridades eleitas, não se deixando coisas para trás ou em atraso. Isso é
administrar o tempo e essa administração é fundamental em EaD.
Entre as prioridades do estudante de EaD, deverá estar presente o “estudar”
(Freire, 2010). O ato de estudar não se resume a assistir a um vídeo passivamente, nem
a ler vários livros e/ou textos sem reflexão, tampouco a procurar apropriar-se dos
conteúdos às vésperas das provas ou dos exames visando apenas à aprovação. O
estudo é um ato de criticidade, de busca de informação, de ler ou ouvir atento, fazer
reflexões e aproximações com aprendizagens anteriores, procurar contrapontos ou
sanar as dúvidas, manter um diálogo permanente com os autores dos livros
estudados, consigo mesmo, com os colegas, tutores e professores.
Para finalizar, lançamos o desafio a todos de assumirem uma postura de
aprendizagem ativa, autônoma e cooperativa, o que entendemos não ser tarefa fácil,
pois vivenciamos processos educativos em que essas características não eram
valorizadas, cujo ensino era baseado na recepção passiva. Apesar disso, acreditamos
na capacidade consciente de mudança dos seres humanos, o que contribuirá para a
afirmação de uma cultura em EaD.

31
Bibliografia

BELLONI, M. L. Educação à Distância. Campinas: Editores Associados, 2006.

CHAVES, E. O. C. Administrar o tempo é planejar a vida. 1998. Disponível em http://w


ww.chaves.com.br/textself/misc/timemgt2.htm. Acesso em 17 jan 2010.

FREIRE, P. Considerações em torno do ato de estudar. Disponível


em:http://www.espacoacademico.com.br/033/33pc_freire.htm. Acessado em: 15
mar 2010.

PETERS, O. A educação a distância em transição. São Leopoldo: Editora Unisinos,


2004.

TIJIBOY, A. V.; LAURINO‐MAÇADA D. L. Aprendizagem cooperativa em ambientes


telemáticos. Disponível em: http://www.url.edu.gt/sitios/tice/docs/trabalhos/274.pdf.
Acessado em 15 mar 2010.

32
Parte II

Metodologias de Estudos e
Pesquisas em Educação em
Direitos Humanos
Esta disciplina objetiva fornecer subsídios metodológicos e técnicos para
instrumentalizar a pesquisa em direitos humanos e a respectiva
elaboração do artigo de conclusão do curso.

33
34
Caros estudantes,
Sejam bem-vindos à nossa disciplina. Nosso objetivo nesta disciplina é fornecer
subsídios metodológicos e técnicos para instrumentalizar a pesquisa em direitos
humanos, a elaboração de trabalhos científicos bem com a elaboração do artigo de
conclusão do curso.
Procure extrair o máximo dos textos aqui oferecidos e não deixe de realizar
leituras complementares sobre metodologia, pois esta é instrumento e necessidade
para o pesquisador em qualquer trabalho científico. Você como especialista em
educação em direitos humanos será responsável e habilitado, futuramente, para o
aprofundamento de diversas questões neste campo, elaboração de projetos e planos
de ação.
A fim de concretizar este aprofundamento você deverá deter a linguagem
científica, seguir regras de pesquisa, explicar qual o método que você utilizou para
encontrar os resultados da sua pesquisa, divulgar as suas descobertas dentro de um
padrão acadêmico, possibilitando que outros pesquisadores também possam obter
resultados a partir dos seus. Assim, a partir de agora iniciaremos a exploração deste
novo campo.
Um abraço a todos e a todas
Prof. Carlos André

Tarefas
As tarefas da disciplina estarão disponíveis na plataforma moodle. Fique
atent@ aos enunciados e prazos de entrega. Conte sempre com o auxílio de
professor@s e tutor@s sempre a disposição para ajudá-l@!

Fórum Bate-Papo
Participe do fórum bate-papo de nossa disciplina a fim de abordar questões
relacionadas com a metodologia científica e a elaboração de trabalhos. Fique a
vontade para abrir novos tópicos e propor novas discussões temáticas.

35
36
Texto

O texto a seguir apresenta uma introdução à disciplina.Aproveite!


Todo mundo tem um sonho
É a base pra poder viver
Vivemos muito de escolhas
Escolha o certo pra fortalecer
O sonho sempre está distante
Nunca fica no mesmo lugar
O jeito é nunca desistir
Pra poder realizar
Nunca diga que não vai conseguir
Faça o certo pra poder conquistar
Não importa o tamanho do sonho
Pois o meu é de aprender a voar
O mais alto que puder
(Aprender a voar – Replace)

Introdução à Metodologia de Estudos e Pesquisas em Educação em


Direitos Humanos
Carlos André Birnfeld

Bom dia a todos e a todas. Tenho dito no início de minhas aulas, que o
processo de ensino assemelha-se muito a um cruzeiro marítimo. Senão vejamos:
- tem ponto de partida;
- tem ponto de chegada, que envolve um objetivo que queremos atingir ao
final da viagem;
- tem um roteiro; um mapa, que guia do ponto de partida ao ponto de
chegada; um Plano de Navegação, que, em nosso meio, denomina-se Plano de
Ensino;
- tem um comandante, o professor, que é quem, além de ter feito esta
viagem antes, detém os mapas de navegação e o controle dos passageiros, além do
comando do próprio navio: legislativo, executivo e judiciário de plantão;
- e tem, é claro, os passageiros, os alunos, razão de ser do próprio cruzeiro:
aqueles para os quais o roteiro de viagem, cuidadosamente preparado para o seu
melhor desfrute, efetivamente se destina.
Quanto aos passageiros em especial, convém ressaltar que cada um traz em
si um corolário de experiências pessoais múltiplas e distintas. Muitos já são ou foram
comandantes de suas próprias naus, levando diuturnamente outros passageiros por
roteiros particulares que dominam de olhos fechados. Muitos já foram passageiros em
viagens com roteiros bastante similares ao ora empreendido. Alguns pouco ou nada
viajaram, comandando ou não um navio.
Além disso, também quanto aos passageiros, há que se ressaltar que
variados tipos de inspiração os traz ao barco: alguns embarcam ávidos por absorver
cada minuto da experiência, alguns nem sabem por que ali estão - quiçá porque
37
precisam preencher o tempo, fugindo do vazio deixado pela pessoa amada que se
foi, senão, no outro extremo, preencher o tempo, fugindo a maior quantidade de
minutos possível da pessoa que já foi amada e que infelizmente não se foi. Alguns,
por outra feita, embarcam também contando minutos, dessa vez porque precisam
que o número de minutos acumulados, uma vez registrado em formulário, permita
melhoria na vida pessoal, tal qual piloto que viaja contando horas para obter seu
brevê.
Há também comandantes de todos os tipos. Este que vos fala é alguém
efetivamente obcecado com o bom aproveitamento da viagem por todos os
passageiros – alguém que pretende que cada minuto, cada detalhe seja efetivamente
desfrutado e vivido por cada um dos passageiros. Que pretende também, ainda que
enfrentando tempestades diversas e inusitadas (e elas não têm faltado, física e
metaforicamente falando), cumprir o Plano de Navegação, propiciando a todos as
experiências aqui prometidas.
Neste particular convido a todos, inclusive e principalmente aqueles que
eventualmente tenham ingressado nessa viagem deixando sua cabeça em qualquer
outro lugar, a efetivamente reacoplarem-se, vivenciando com entusiasmo cada um
dos momentos: eles são únicos. Mesmo que isso roube um tempo que não haja. E
mesmo que a disciplina seja apenas de Metodologia.
Nessa perspectiva, convém ressaltar que esse cruzeiro marítimo, além do
comandante, possui uma tripulação eficiente e atenta para melhor servir aos
passageiros, representada por toda a equipe de trabalho da Universidade Aberta do
Brasil (UAB), que inclui, além da infra-estrutura da FURG, da infra-estrutura do pólo de
ensino, os tutores locais e os tutores a distância.
Outrossim, porque estamos no universo de um curso a distância, trata-se
efetivamente de um turismo de aventuras, no qual não há lugar para o passageiro
inativo, parado, descansado, mero contemplador das paisagens, que imagina ser sua
principal função guardar na sua câmera digital um conjunto de informações
completamente exteriores a ele.
Um curso a distância requer um aluno co-construtor do processo de ensino:
autônomo, proativo, que no mais das vezes será chamado a contribuir com o seu
trabalho na construção do processo de ensino-aprendizagem.
Esse cruzeiro ressalte-se, tem o perfil de um verdadeiro SPA. Digo verdadeiro
porque a palavra SPA vem da expressão latina "Sanitas Per Aquas", expressão do
tempo de Roma antiga cujo significado é de ‘saúde pelas águas’ e que hoje relaciona-
se com uma típica casa de repouso na qual a coisa que menos se faz é repousar.
Nesse viés, traremos um programa efetivo de desenvolvimento desta saúde
intelectual que envolverá desde exercícios repetidos, passando por desafios nas
escaladas do conhecimento até culminar pela própria experiência de navegação solo.
Porque, essencialmente, “navegar é preciso”, como bem resgatou Fernando Pessoa
em seus versos, ora reproduzidos a título de pausa para o café:

38
Navegar é Preciso
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha
alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu
sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa
Raça.

Fernando Pessoa
Café tomado, nesse contexto, nossa disciplina envolve basicamente um
cruzeiro marítimo com três paradas em três continentes distintos:
A primeira parada é no continente mais árido e de paisagens mais
misteriosas e instigantes. Encontra-se nele o raro sedimento imprescindível para o
prosseguimento da viagem. Aportaremos no continente da Epistemologia. A própria
denominação já assustaria à primeira vista, não tivéssemos a singela informação de
que a palavra epistemologia vem do grego ‘episteme’, expressão que pode ser
traduzida por conhecimento científico, usada em oposição ao conhecimento vulgar,
comum, mera opinião, que corresponde à expressão grega ‘doxa’.
Nesse sentido, epistemologia nada mais é do que a logia, a lógica, o raciocínio
lógico direcionado à compreensão do próprio significado do conhecimento científico.
Abarca, assim, todo o conjunto de respostas e reflexões que possam ser feitas para
responder a uma pergunta bastante simples como “O que é uma Ciência?”, ou quiçá,
a uma pergunta maluca como “Qual a diferença entre a Ciência e o cafezinho?”, ou
quem sabe uma pergunta esotérica como “Qual a diferença entre a verdade da Bíblia
e a verdade dos cientistas?”.
A importância da estada nesse continente reside no fato de que esta é uma
disciplina de “Metodologia de Pesquisa Científica”, focada em “Direitos Humanos”. Ora,
é indispensável saber “o que é ciência” para poder entender o que possa ser “pesquisa

39
científica”. E mais do que isso: compreender qual ou quais metodologias servem à
própria “pesquisa científica”.
Ressalte-se, neste particular, que a palavra “metodologia” abrange a logia, a
lógica , a compreensão racional de um método. Método, por sua vez, é palavra que
deriva do termo grego "méthodos", que pode ser traduzido, em última instância,
como “meio”, “caminho”, “percurso”. Assim, falar em “metodologia” é o mesmo que
dizer “racionalidade do caminho” ou mesmo “estudo dos caminhos”.
Assim, Metodologia Científica, envolve o estudo dos “caminhos da ciência”,
seja qual for o significado de “ciência”. Desde já é importante intuir que existem,
portanto caminhos científicos e caminhos não científicos e, mais do que isso: é
imprescindível intuir que não há sentido nenhum em visualizar “caminhos” se
efetivamente não se souber o que é ciência, o que, de outra forma, nos mostra a
importância crucial da estada no continente da “epistemologia”.
Nesse caminho, serão efetivamente dois campos da epistemologia, já
lavrados e plantados com as perspectivas de interesse desta disciplina, que serão
visitados. Tratam-se, acima de tudo, de lugares tão exóticos quanto indispensáveis,
tendo-se claro que a grande missão aqui envolve colher sedimento para poder
entender o que efetivamente estará sendo feito quando este ou aquele procedimento
prático for intentado:
1) Os Fundamentos Epistemológicos do Conhecimento Científico e a Pesquisa
em Direitos Humanos;
2) O Método Científico, suas características básicas e os diferentes tipos de
Produção Científica.
Justo porque apresenta tanto de etéreo, de deserto, de mistério, de filosofia,
de meditação, nosso primeiro continente pode ser equiparado a uma viagem ao
continente da Ásia tanto quanto o segundo continente é facilmente equiparável à
América.
Isso porque o segundo continente a ser visitado apresenta uma característica
notadamente prática, pragmática e essencialmente focada em resultados: trata-se do
Projeto de Pesquisa Científica.
Para todo e qualquer empreendimento na vida que não se pretenda fadado
ao fracasso, é essencial um projeto. Isso é válido para os projetos de arquitetura,
engenharia, urbanismo, projetos de empresa, industriais, de ensino – e, porque não, o
próprio projeto de vida como um todo.
A diferença essencial, em qualquer campo, inclusive o da metodologia
científica, entre quem tem um projeto e quem não tem é de que o primeiro é dono
do seu próprio rumo e o último não é dono de nada: nem rumo tem.
Projeto é a organização do que se pretende produzir, é o planejamento, a
antecipação do porvir e, mais que tudo, o controle do empreendimento. É o mapa
que explicita e sinaliza aonde se quer chegar: é, ao mesmo tempo, o motor e o farol
indispensáveis para percorrer qualquer caminho.
Sem um projeto, um cientista pesquisador é como um navegante num barco
sem rumo, uma nau adejante ao sabor das marés. Sem projeto, na verdade, não há
sequer um cientista ou pesquisador. Pode-se, no máximo, ter um leitor desnorteado,
nadando sufocado num mar de informações não passíveis de serem concatenáveis,
jamais alguém fazendo ciência, menos ainda com metodologia científica. Isso porque,

40
se méthodo é caminho, o projeto é justamente o mapa, o motor e o farol que guia o
caminhar do cientista.
Com isso, no continente do Projeto de Pesquisa Científica, há 13 cidadelas
interligadas que merecerão nossa atenção:

1) Tema
2)Delimitação do Tema
3)Problema
4)Hipótese
5)Variáveis
6)Objetivos Gerais
7) Objetivos Específicos
8) Justificativa
9) Teoria de Base
10) Metodologia de Trabalho
11) Cronograma
12) Ordenação do Tema
13) Referências

Desde já é importante sinalizarmos um atrativo especial de nosso cruzeiro,


um segredo a ser desvendado exata e tão somente no encontro presencial: há dutos
subterrâneos secretos que ligam boa parte dessas cidadelas, de sorte que de uma,
pode-se chegar às outras num verdadeiro salto quântico. Só por isso a estada neste
continente deve ser profundamente aproveitada: saber tudo sobre cada uma dessas
cidadelas e ainda por cima entender suas interligações ocultas.
Exijam muito do comandante no que tange à explicitação dos mecanismos
que permitem essa interligação, pois, ao final da viagem, antes de conseguir aportar
no destino final, uma cidade denominada Aprovação na disciplina, no exercício solo
de navegação, a habilidade com esses mecanismos será essencial.
O terceiro e último continente visitado será justamente o dos Regramentos
Formais da Produção Científica, que abrange, entre outras perspectivas, o uso das
regras da ABNT. Trata-se de um pequeno continente, mas que exige o manuseio de
distintas linguagens para nele transitar. Podemos equipará-lo à Europa, talvez mais
precisamente à França ou Alemanha, de tantas regras rigorosas e detalhadas que
abarca.
É o mundo das normas técnicas, onde, longe de qualquer reflexão filosófica,
vale o conhecimento do detalhe daquilo que se convencionou como válido para a
comunicação científica, um revestimento a mais, de natureza externa, uma mera
roupagem usada para distinguir o que é ciência daquilo que não é, onde, vez por
outra, pulula uma regra efetivamente útil. Somente os sedimentos colhidos no
primeiro continente permitem explicar porque elas existem. Apenas explicar, jamais
justificar.
Seja como for, haveremos de encontrar atrativos e equipamentos que
permitam o melhor desfrute possível desse último continente, do, de qualquer forma,
há que se colher material imprescindível para revestir a produção científica. Pode não
ser o verniz mais colorido, mas é de fato o verniz indispensável para expressar uma

41
produção científica. A boa notícia é que se trata do último passo e que, portanto, já
com saudades de casa, se estará chegando ao fim.
Um bom trabalho a todos, e um poema final para desconcertar, lembrar que
metodologia é apenas lógica e que somos muito mais do que isso.

Caminante No Hay Camino


Todo pasa y todo queda, pero lo nuestro es pasar, pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.

Nunca persequí la gloria, ni dejar en la memoria de los hombres mi canción; yo


amo los mundos sutiles, ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse de sol y grana, volar bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...

Nunca perseguí la gloria.


Caminante, son tus huellas el camino y nada más; caminante, no hay camino, se
hace camino al andar. Al andar se hace camino y al volver la vista atrás se ve la
senda que nunca se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino


sino estelas en la mar...
Hace algún tiempo en ese lugar donde hoy los bosques se visten de espinos se oyó
la voz de un poeta gritar "Caminante no hay camino, se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...


Murió el poeta lejos del hogar. Le cubre el polvo de un país vecino. Al alejarse le
vieron llorar. "Caminante no hay camino, se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...

Cuando el jilguero no puede cantar. Cuando el poeta es un peregrino, cuando de


nada nos sirve rezar. "Caminante no hay camino, se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso.
(Antonio Machado) (26 Julho 1875 – 22 Fevereiro 1939)

42
Car@s Estudantes,
Nesta etapa inicial, enquanto familiarizam-se com os mecanismos da
plataforma na disciplina de Alfabetização Diigital, solicitamos a sua atenção no
sentido de realizar a leitura simples, mas completa do texto a seguir.

Texto

Confira as primeiras noções o projeto de pesquisa científica e o que


envolve ciência e metodologia!

Como fazer um Projeto de Pesquisa Científica


Carlos André Huning Birnfeld

Parte I - Questões Preliminares

O que é um Projeto de Pesquisa Científica?

 Projeto

Projeto é uma Idéia que se forma de executar ou realizar algo, no futuro; plano ,
intento, desígnio...
Trata-se de empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema
Projectu (latim): lançado diante para diante

 Pesquisa

Pesquisa consiste em ato ou efeito de pesquisar (buscar com diligência,, perquirir,


investigar). É indagação ou busca minuciosa para averiguação da realidade;
investigação, inquirição.
Investigação e estudo minudentes e sistemáticos, com o fim de descobrir ou
estabelecer fatos ou princípios relativos a um campo qualquer do conhecimento.
Perquisitum, perquirere (latim): investigar com cuidado

 Científico

Científico(a)é aquilo relativo à Ciência, que tem o rigor da ciência: método científico

43
O que é Ciência?

 Ciência

Ciência é conhecimento. Conjunto organizado de conhecimentos relativos a um


determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência
dos fatos e um método próprio.
Scientia (latim): conhecimento

Observe, portanto, que o CONCEITO de CIÊNCIA apresenta pelo menos TRÊS


ELEMENTOS FUNDAMENTAIS, mas há um QUARTO ELEMENTO, oculto,
implícito:

conhecimento
organizado

Objeto
Ciência

Método

Aceitação

O que é Método Científico?

 Método

Método é caminho pelo qual se atinge um objetivo.


Programa que regula previamente uma série de operações que se devem realizar,
apontando erros evitáveis, em vista de um resultado determinado.
Methodos (grego): Caminho para chegar a um fim

 Metodologia

Metodologia é a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade.


Methodos + log (grego)

 Método & Técnica

Técnica é procedimento científico específico utilizado por uma ciência determinada no


quadro das pesquisas próprias destas ciências. (CERVO, 1983, p. 52)
Métodos são técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns
a todas as áreas. (CERVO, 1983, p. 52)

44
 Perspectivas de René Descartes (O Discurso do Método)

Nunca aceitar por verdadeiro o que não for evidente.


Dividir cada dificuldade em tantas partes quanto possível e necessário para resolvê-
las.
Conduzir em ordem os pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples e fáceis,
para chegar, aos poucos, gradativamente, ao conhecimento dos mais compostos,
trabalhando também com uma ordem de precedência de uns em relação aos outros.
Fazer em cada caso enumerações tão completas e revisões tão gerais que se tenha a
certeza de não ter omitido nada.

 Etapas do método científico (Cervo, 2003)

Formular questões, problemas e/ou hipóteses.


Efetuar observações e medidas.
Registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados observados com o intuito de
responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese.
Elaborar explicações ou rever conclusões que estejam em desacordo com o
observado.
Generalizar as conclusões aos casos em que envolvam respostas similares (indução).
Prever que dadas certas condições é de se esperar certas relações.

 Procedimentos comuns e típicos do método científico:

Análise / Síntese
Indução / Dedução

 A Pesquisa Científica e suas diferentes classificações:

Utilidade: pura e aplicada


Tipo de abordagem: Quantitativa x Qualitativa
Técnica: Bibliográfica x Descritiva x Experimental

O que é mesmo um Projeto de Pesquisa Científica?

 Um projeto de pesquisa será a soma destes elementos:

PLANEJAMENTO DETALHADO sobre uma INVESTIGAÇÃO que se pretende


MINUCIOSA e que tem a finalidade de produzir, para um ambiente científico
específico
(CIÊNCIA ORGANIZADA), com a utilização do respectivo MÉTODO,
e respeitando o OBJETO, um CONHECIMENTO VERDADEIRO.

 Para que serve um Projeto de Pesquisa Científica?

45
O projeto de pesquisa serve para PLANEJAR E GUIAR um futuro empreendimento
que se destina a AGREGAR VERDADES a uma CIÊNCIA (respeitados os respectivos
MÉTODO e OBJETO).

 Este projeto resultará em expressão formal que provavelmente será uma


publicação em:

Artigo
Monografia
Dissertação – em nível de Mestrado
Tese – em nível de Doutorado

LEMBRANDO O OBJETIVO DA PESQUISA CIENTÍFICA:

AFIRMAR CIENTIFICAMENTE UMA VERDADE, que deve


SER concomitantemente:

a) UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA A UM PROBLEMA


SIGNIFICATIVO

b) RELATIVAMENTE ACEITÁVEL PELA CIÊNCIA


RESPECTIVA (objeto, método e aceitação);

c) RASTREÁVEL.

46
Car@s Cursistas,
Nesta segunda Etapa, analisaremos como fazer um projeto de pesquisa,
quais seus elementos essenciais a fim de que vocês fiquem aptos para elaborar seus
projetos, pois mais adiante será necessário construir o artigo de conclusão de curso
onde executarão os objetivos traçados.
Estes conhecimentos serão úteis tanto para a finalização do curso
posteriormente, quanto para a elaboração de outros trabalhos no decorrer das
disciplinas e no futuro de estudos que lhe espera como Especialista em Educação em
Direitos Humanos.

Texto

Confira a segunda parte do texto “Como fazer um projeto de


pesquisa cientítica”. Nele estão contidas questões práticas sobre o
tema.

Como fazer um Projeto de Pesquisa Científica


Carlos André Huning Birnfeld

PARTE II - Questões Práticas

O que compõe um Projeto de Pesquisa Científica?

 Principais Elementos de um Projeto de pesquisa

Tema
Delimitação do Tema
Problema
Hipótese
Variáveis
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Justificativa
Teoria de Base

47
Metodologia de Pesquisa
Cronograma de Trabalho
Ordenação do Tema
Referências

 Hipótese

A hipoótese é uma afirmação ou negação de uma verdade científica que se pretende


comprovar.
Dica: A hipótese deve apresentar-se sempre com um verbo conjugado.

 Problema

O problema é, na prática, a hipótese com um ponto de interrogação.

 Delimitação do Tema

A delimitação do tema, em síntese, a hipótese transformada em substantivo.

 Objetivo Geral

O objetivo geral pode ser sintetizado pela seguinte concatenação:


Expressão “Demonstrar que ” + HIPÓTESE.

 Variáveis

Variáveis são elementos que variam, e de cuja variação depende a confirmação da


hipótese e a solução do problema.
Dica: as variáveis estão sempre no próprio texto da hipótese. Ache-as brincando de
caça-palavras. Consistem em substantivos.

 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos decorrem imediatamente das variáveis podem ser


sintetizados pela seguinte concatenação:
VERBO MENSURÁVEL + (...) + VARIÁVEL

 A construção da justificativa do projeto

Noção Geral
Finalidades justificativa
48
Finalidade acadêmica
Finalidade social e/ou moral
Teoria de Base
Validade Científica
Validade Lógica
Validade material (aprofundamento)

 Metodologia da Pesquisa

Método de
abordagem:
indutivo

Método de
Metodologia da
procedimento:
Pesquisa
monográfico

Técnicas de
Pesquisa

 Técnicas de Pesquisa

Bibliográfica
Experimental
Descritiva

 Pesquisa Bibliográfica

Pesquisa bibliográfica é a que se baseia em referências teóricas publicadas em


documentos.
Documentos são todas as bases de conhecimento, fixado materialmente e, suscetível
de ser utilizado para consulta, estudo ou prova.
Quanto a natureza podem ser fontes (ligado ao objeto de pesquisa) ou trabalhos
(todo e qualquer estudo científico elaborado a partir das fontes ou outros trabalhos)
Quanto à forma podem ser manuscritos, impressos, digitados, etc. (tudo o que pode
ser referenciado).
Trata-se de pesquisa qualitativa.
Seu procedimento é comumente monográfico ou ensaios e artigos científicos.

 Pesquisa Descritiva

E aquela que observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos: envolve


fundamentalmente a coleta de dados do mundo físico ou cultural e algum tipo de
sistematização dos mesmos.

49
Algumas formas pelas quais pode se apresentar a pesquisa Descritiva são:
a) Estudo exploratório (pesquisa quase-científica: busca de mais informações,
familiaridade)
b) Estudo descritivo (Estudo das características, propriedades, ou relações existentes na
comunidade, estudos, etc.)
c) Estudo de Caso
d) Pesquisa sobre Opinião
e) Pesquisa sobre Motivação
d) Pesquisa sobre Procedimento
e) Pesquisa sobre Comportamento
f) Outras pesquisas de campo

 Instrumentos da pesquisa descritiva:

Observação
Entrevistas
Questionário ou Formulário
Debates ou discussões
Tabulações e gráficos

 Pesquisa Experimental

Caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de


estudo. Interfere-se diretamente na realidade, manipulando-se, sob controle, a
variável independente, a fim de observar o que acontece na variável dependente.
Busca a causa de um fenômeno.
Os tipos variam muito em conformidade com a área do conhecimento envolvida;
Novas perspectivas: a pesquisa participante e a pesquisa-ação

 Cronograma

O cronograma da pesquisa auxilia a organizar as suas etapas dentro do período


disponível para a construção do trabalho, entrega e defesa. A seguir apresentamos
um cronograma meramente ilustrativo:

Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2014 1 1 2 3 3 3 4 4 4 5
2015 5 5 6 6 7 7 7 8 9 10

50
 Etapas:

1 – Preparação do Projeto
2 – Defesa do Projeto
3 – Levantamento bibliográfico e documental, coleta de dados
4 – Leitura e fichamento das obras
5 – Revisão Bibliográfica e análise crítica do material
6 – Redação Preliminar
7 – Redação para a defesa do trabalho de conclusão
8 – Entrega
9 – Defesa
10 – Entrega da versão definitiva da tese e respectivas cópias

 Técnicas acessórias de trabalho:

Fichamentos consistem em qualquer método que envolva destaque e seleção de


conteúdos de textos de outros autores de interesse do pesquisador.
Resumos são a condensação de conteúdo, sem análise crítica ou interpretação. Deve
ter o mesmo vocabulário do autor e seguir a mesma ordem do texto. O resumo deve
ter: brevidade, claridade, fidelidade
Resenhas são condensações de texto diferentes dos resumos, mas também há a
análise interpretativa do texto lido. É um resumo crítico, deve existir uma apreciação
crítica sobre a obra. Como fazer a resenha? Primeiramente deve-se resumir o
conteúdo e depois fazer a transição para a crítica, seguindo o esquema: introdução,
desenvolvimento, conclusão e crítica (quando for feita à parte).

51
52
Caros alunos e alunas,
Verificaremos nesta etapa questões acerca da diferenciação entre os vários
tipos de conhecimento. Assim, restará claro o quão importante é adequar a nossa
pesquisa às regras metodológicas para que nossas produções acadêmicas revertam
ciência efetivamente.

Texto

O texto a seguir apresenta a diferenciação entre os tipos de


conhecimento e como ocorre a produção científica.

Falando sobre conhecimento


Clarice Gonçalves Pires Marques

Ao refletir sobre o conhecimento, se faz necessária a breve análise sobre que


tipo de conhecimento se busca na academia e em especial no curso de especialização
em Educação em Direitos Humanos. Bem, dir-se-á que por óbvio, o conhecimento que
se pretende é o científico, no entanto podem surgir algumas dúvidas: como
diferenciar o conhecimento científico dos demais que se adquire ao longo da
formação? O que é exatamente este conhecimento? Como produzi-lo? Assim,
inicialmente pode-se mencionar que há vários tipos de conhecimento, cite-se o
conhecimento filosófico, teológico, empírico e científico.
O conhecimento filosófico busca refletir sobre o mundo todo e sobre a
humanidade, pretende encontrar respostas para questionamentos infindáveis:

A filosofia analisa tudo, procura uma “visão de conjunto” de toda a realidade.


A análise filosófica, por sua vez, interessa-se por muitos problemas, dos quais
se podem lembrar os principais: cosmológico (do mundo), gnosiológico (do
conhecimento), antropológico (do homem), metafísico ou ontológico (do ser
e sua origem), ético (do bem e do mal, moral), político (da sociedade), estético
(da arte), pedagógico (da educação), linguístico, etc. Se as ciências procuram
descobrir como agem as realidades materiais, a filosofia tem como objetivo
descobrir o porquê de tudo. A filosofia é uma constante interrogação que o
homem faz de si mesmo e da realidade: não é algo feito, acabado.
(RAMPAZZO, 2005, p. 22-23)

O conhecimento teológico está relacionado à religião e é o conhecimento das


revelações divinas e na fé:

53
A verdade pode ser encontrada tanto pelo caminho da investigação como
pelo da revelação. O conhecimento teológico baseia-se exatamente nesta fé:
Deus falou aos homens por meio de intermediários que transmitiram Sua
mensagem. Podemos afirmar que a teologia é uma reflexão racional e
sistemática que, porém, parte dos dados da fé e; por isso pressupõe a fé. [...]
Então o objeto do conhecimento teológico são os dados da fé; e o método é
procura da integração entre fé e razão. (RAMPAZZO, 2005, p. 23-24)

O conhecimento empírico é o mesmo conhecimento chamado de “senso


comum” ou “popular”. É adquirido através de vivências e observações. Envolve a
intuição e razão e trata-se do conhecimento da realidade, do dia-a-dia. Não se prende
a métodos nem a sistemas. Na realidade, a partir do senso comum ou popular que
são construídas as teorias científicas:

Popular é o conhecimento do povo, que nasce da experiência do dia-a-dia:


por isso é chamado também de empírico. Por exemplo, uma criança conhece
seus pais, fala a língua materna; ou, ainda, todo mundo sabe distinguir um
gato de um cachorro; também não é necessário estudar direito para saber
que cada sociedade possui suas normas e suas leis. É igualmente popular (ou
vulgar) o conhecimento que, em geral, o lavrador iletrado tem das coisas do
campo. Ele interpreta a fecundidade do solo, os ventos anunciadores de
chuva, o comportamento dos animais; sabe onde furar um poço para obter
água, ou quando cortar uma árvore para melhor aproveitar sua madeira, e
se a colheita deve ser feita nesta ou naquela lua. Mas, sendo fruto da
experiência circunstancial, esse conhecimento não vai além do fato em si, do
fenômeno isolado: é um conhecimento ametódico e assistemático. Embora
de nível inferior ao científico, o conhecimento popular ou empírico não deve
ser menosprezado, pois constitui a base do saber e já existia muito antes do
homem imaginar a possibilidade da ciência. (RAMPAZZO, 2005, p. 18-19)

Convém destacar, no entanto, que o conhecimento do senso comum, por


vezes apropria-se das teorias científicas e acaba por resultar na sua modificação.
Diversos exemplos poderiam ser mencionados neste sentido, mas destaca-se o fato de
pesquisas científicas apontarem que o consumo excessivo de sal prejudica a saúde
causando hipertensão. Ora, a população mesmo sem realizar exames específicos a fim
de verificar se possuem ou não sensibilidade ao excesso de sal, por si reduzem o
consumo para manterem-se mais saudáveis.
Verificados outros tipos de conhecimento, retomam-se as perguntas iniciais,
pois já se verificou suas características sendo, agora, facilmente identificado o
conhecimento científico, o qual se diferencia fundamentalmente pela adoção de
métodos de pesquisa, sistematização, formalidade e rigor, distinguindo-se dos citados
anteriormente.

O mundo construído pela ciência aspira à objetividade: as conclusões podem


ser verificadas por qualquer outro membro competente da comunidade
científica, pois a racionalidade desse conhecimento procura despojar-se do
emotivo, tornando-se impessoal na medida do possível. Para ser precisa e
objetiva, a ciência dispõe de uma linguagem rigorosa, cujos conceitos são
definidos de modo a evitar a ambigüidade. (RAMPAZZO, 2005, p. 21)

54
Entretanto, embora a ciência busque a verdade através de métodos e
técnicas específicos de cada ramo científico, como medicina, psicologia, direito,
educação, física, dentre outras e, cada ciência possua sua linguagem específica,
importa ressaltar que é apenas uma busca. Destaque-se que não existe verdade
absoluta, posto que por vezes a ciência é obrigada a rever suas teorias frente a novas
descobertas, contudo, carrega consigo a legitimidade de apresentar provas materiais
de suas conclusões.
A produção do conhecimento científico ocorre através da aplicação dos
métodos na investigação de um objeto de estudo, o qual pode ser um animal, um
comportamento humano, uma sociedade, uma escola, um sistema de normas, um
planeta, uma determinada obra, enfim, os objetos de estudo são infinitos, tal qual o
universo.
Assim, inegável é que o pesquisador escolha um objeto de estudo que lhe
desperte considerável interesse e dedicação, entretanto, isso não basta, pois a pesquisa
deve ter uma finalidade, apresentar resultados relevantes à comunidade científica a
fim de contribuir com o progresso da ciência, seja qual for o campo abordado. A
pesquisa relevante é aquela que é imediatamente útil, prática e relacionada com os
problemas diários da sociedade. (ESPÍRITO SANTO, 1992, p.157)
Por fim, cabe mencionar que o campo da Educação em Direitos Humanos
possui muito a ser investigado, pois a sociedade necessita de retorno aos seus anseios
frente a esta conjuntura atual, onde diversas questões permanecem sem retorno
como a diversidade sexual e racial, a inclusão de alunos com necessidades especiais,
gênero, a garantia dos valores fundamentais de dignidade e liberdade dentre outras
tantas.

Bibliografia

ESPÍRITO SANTO, Alexandre do. Delineamentos de Metodologia Científica. São Paulo:


Edições Loyola, 1992.

GRESSLER, Lori Alice. Introdução à Pesquisa: projetos e relatórios. 2. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2004.

RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica para alunos de graduação e pós-graduação.


3. Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

 Recomendação de Leitura:
Recomenda-se a leitura da obra “Discurso do Método” de René Descartes.

55
56
Pessoal!
Nesta etapa vamos abordar a questão da redação científica, pois a elaboração
de um trabalho acadêmico seja qual for a natureza, artigo, monografia, dissertação
(mestrado), tese (doutorado), deve conter um mínimo de impessoalidade conforme se
observará a seguir.

Texto

O texto a seguir aborda alguns enfoques da redação científica.


Caminhos da redação científica
Clarice Gonçalves Pires Marques

A construção de um trabalho científico perpassa sem dúvida pela questão da


redação, pois como a ciência possui padrões rígidos e métodos de pesquisa definidos,
não se pode fugir das formalidades, sob pena de ter o trabalho rechaçado por falta de
elementos básicos de elaboração.
O distanciamento do pesquisador de seu objeto de pesquisa é essencial para a
realização da mesma. Obviamente, este distanciamento é relativo, especialmente
quando se trata de análise no campo das ciências humanas, como é o caso do curso
de Educação em Direitos Humanos, pois o pesquisador está imerso no meio que visa
pesquisar.
Além disso, a própria escolha do tema de pesquisa para o artigo já consiste
em gosto pessoal, pois alguns escolherão por afinidade a questão da inclusão, outros
acessibilidade, gênero, questões ético-raciais, pedagógicas, enfim. Entretanto a
impessoalidade na elaboração do texto é fundamental e, ainda que a pesquisa resulte
de um agir na vida profissional, de uma experiência de vida, o “EU” no texto deve ser
completamente suprimido.
Manter a objetividade na escrita é uma necessidade, portanto, após a escolha
do método de pesquisa e dos instrumentos a serem utilizados, os resultados devem
ser claros e precisos. Referências como “percebi durante o estudo que a inclusão é um
tema relevante”; “optei pelo tema tendo em vista a minha experiência profissional”;
“os entrevistados responderam meus questionamentos”, “pesquisei na escola onde eu
trabalho”; são expressões inaceitáveis na elaboração de um trabalho científico.
Recomenda-se que a redação obedeça, além das regras gramaticais,
concordância verbal, de acentuação e pontuação da língua culta, também a
utilização da escrita em terceira pessoa do singular ou plural. Assim, os exemplos
mencionados seriam substituídos por: “percebe-se, com o desenvolvimento do estudo
a inclusão é um tema relevante”; “a escolha do tema possui relevância tendo em vista
a necessidade de aprofundar os estudos sobre gênero na prática docente”; “os
entrevistados responderam aos questionamentos propostos”; “a pesquisa foi realizada
na escola ‘X’”.
57
É certo que uma parcela de subjetividade comporá o trabalho, pois obtidos
os resultados da pesquisa, será realizada a discussão destes resultados em
considerações finais, aonde o autor de alguma maneira irá se posicionar e apontar
perspectivas sobre o tema, contudo, conforme dito, respeitando a exigência da
utilização da terceira pessoa de acordo com o destacado anteriormente. Ao publicar
um artigo, o cientista está, na realidade, publicando uma ideia. ( VOLPATO, 2007, p.
32)
Outro fator importante é a clareza do texto, torna-se imprescindível que o
autor do artigo realize o coerente encadeamento de ideias possibilitando que o texto
flua aos olhos dos leitores. Evitar repetições excessivas permite a compreensão do que
se pretendeu expor. Uma boa dica para quem deseja escrever bem é praticar a leitura,
pois enriquece o conhecimento de forma geral e amplia o vocabulário, permitindo o
emprego de sinônimos e expressões equivalentes, evitando a escrita de um texto
cansativo.
A prática da redação leva à excelência, pois quanto mais se escreve, maior é
o domínio destas regras e melhor será a qualidade do texto. Um bom atleta treina por
muito tempo até se transformar em um medalhista, em analogia, o mesmo ocorre
com um bom escritor e pesquisador.

Bibliografia
BARRAL, Welber Oliveira. Metodologia da Pesquisa jurídica. Belo Horizonte: Del Rey,
2007.

VOLPATO, Gilson. Bases Teóricas para a Redação Científica: ...por que seu artigo foi
negado? São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2007.

58
Caros alunos e alunas:
Nesta etapa abordaremos os temas de pesquisa do Curso de Especialização em
Educação em Direitos Humanos, pois @s @alunos deverão adequar suas propostas de
trabalho, ou seja, projetos e artigos, aos eixos temáticos disponíveis no curso. Assim,
esclareceremos quais são as linhas de pesquisa, quais seus propósitos e por qual
motivo é necessária esta limitação do objeto de estudo.

Texto
O texto a seguir discute sobre as linhas de pesquisa do curso.

Diálogos sobre eixos teóricos

Clarice Gonçalves Pires Marques

Os cursos de graduação e pós-graduação, seja em nível de especialização,


mestrado ou doutorado, caracterizam-se por eixos teóricos. Mas o que são estes eixos?
Bem, trata-se da área de interesse de pesquisa de determinado programa. Por
exemplo, em uma especialização na área de fisiologia, poderíamos nos deparar com
dois eixos teóricos: fisiologia animal e fisiologia humana. Assim, dentro deste campo
seriam escolhidas outras especificidades como, por exemplo, dentro da análise da
fisiologia humana, poderia se pesquisar as funções de determinada célula cerebral.
No caso do Curso de Especialização em Educação em Direitos Humanos
(EDH), duas questões são fundamentais: educação e direitos humanos. Sendo assim, o
curso possui três áreas de interesse, ou linhas de pesquisa ou eixos teóricos, os quais se
dividirão em diversas especificidades conforme se verá adiante.
No entanto, pode surgir uma dúvida: por que tanta especificidade? A
resposta advém da própria idéia de conhecimento científico, pois quanto melhor
delimitado for o objeto de estudo, mais concisa será a pesquisa. Não se pode estudar o
todo em um trabalho científico, sob pena de expor informações demasiadas sem
conseguir, no entanto, aprofundar-se adequadamente em nenhuma delas. Para a
realização de pesquisas na EDH, estão disponíveis os eixos a seguir apresentados, e
junto a eles, as disciplinas que os fundamentam.

FUNDAMENTOS EM DIREITOS HUMANOS


Disciplinas  Fundamentos Históricos da Educação em Direitos Humanos;
 Fundamentos Ético-Filosóficos da Educação em Direitos
Humanos;
 Fundamentos Jurídicos da Educação em Direitos Humanos;
 Fundamentos Políticos da Educação em Direitos Humanos.

59
Descrição Estudo teórico-prático dos princípios históricos, ético-filosóficos,
jurídicos e políticos fundamentando a educação em direitos humanos.
DIVERSIDADE NOS DIREITOS HUMANOS
Disciplinas  Diversidade nos Direitos Humanos;
 Diversidade e Gênero;
 Diversidade e Relações Étnico-raciais.
Descrição Estudo teórico-prático sobre a diversidade, o gênero e as relações
étnico-raciais e a presença destes nos direitos humanos.
DIREITOS HUMANOS NO CONTEXTO ESCOLAR E SEU ENTORNO
Disciplinas  Fundamentos Educacionais da Educação em Direitos
Humanos;
 Plano de Ação em Educação em Direitos Humanos;
 Direitos Humanos: Ambiente Escolar e Práxis Pedagógica.
Descrição Estudo teórico-prático sobre educação, a escola e a sociedade tendo
em vista a formação de uma cultura fundada nos princípios e valores
que constituem os direitos humanos.

Conforme pode ser apreciado no quadro esquemático cada eixo temático


possui uma concentração de disciplinas que são afins àqueles assuntos específicos e
servirão de esteira para a construção da pesquisa em determinada área. Desse modo,
@ alun@ que opte por pesquisar na área de “Diversidade nos Direitos Humanos”
precisará dar especial atenção àquelas disciplinas afeitas a linha escolhida, sem, no
entanto, descuidar das demais, as quais também lhe trarão subsídios indispensáveis.
Ainda, a partir, dos eixos temáticos ou linhas de pesquisa, verifica-se os temas
em que podem ser realizadas as pesquisas, pois estas serão orientadas por um
professor-orientador ou professora-orientadora. Estes temas são relacionados com os
campos de atuação dest@s professor@s, pois não se pode orientar sobre um assunto
do qual não se possui domínio. Assim, a seguir, se observará as sugestões de temas
que podem ser escolhidos dentro das linhas de pesquisa, a saber:

FUNDAMENTOS EM DIREITOS HUMANOS

1. Análise Urbano – Regional e sua relação com a educação em direitos humanos;


2. Dialética exclusão/inclusão- conflitos urbanos e cultura urbana;
3. Fundamentos teóricos em Direitos Humanos e Fundamentos Jurídicos da Educação
em Direitos Humanos;
4. Fundamentos Políticos da Educação em Direitos Humanos;
5. Direitos Humanos e Fundamentais no contexto ambiental, consumerista
e da Administração Pública;
6. Cidadania e Direitos Humanos;
7. Fundamentos Jurídicos e Efetividade dos Direitos Humanos;
8. Direitos sociais;
9. Proteção da saúde, educação, previdência;
11. Remédios processuais e acesso à justiça.
12. Criança, adolescente e direitos humanos/sociais;
13. Políticas sociais, participação, cidadania e materialização dos direitos

60
humanos/sociais;
14. Violência doméstica e/ou escolar e in (visibilidade) dos direitos humanos/sociais;
15. História e contemporaneidade dos Direitos Humanos;
16. Os Direitos Humanos e Fundamentais: fundamentação filosófica,
garantias legais e eficácia;
17. A Construção da Cidadania e de Relações Democráticas no Estado de
Direito Brasileiro;
18. As Esferas da Justiça e os Direitos Humanos;
19. Direitos Humanos e Verdade: rememorando a história brasileira recente em busca
da plena reconciliação e construção de um Estado Democrático de Direito;
20. Direito Internacional dos Direitos Humanos: garantias formais e obstáculos
práticos;
21. Democracia: direitos humanos e liberdade de expressão;
22. Direitos fundamentais e direitos sociais nas políticas públicas;
23. Direito Constitucional Internacional;
24. Direitos Humanos no Mercosul;
25. Fundamentos Filosóficos: Eqüidade, Cidadania, Tolerância.

DIVERSIDADE NOS DIREITOS HUMANOS


1. Proteção da mulher no mercado de trabalho;
2. Dignidade da pessoa humana e diversidade;
3. A diversidade e a afetividade frente aos direitos humanos;
4. Educação, direitos humanos e inclusão social;
5. Direitos humanos e práticas discriminatórias;
6. Direitos humanos e ações afirmativas;
7. Direitos humanos e a educação no Estatuto da Criança e do Adolescente;
8. Gênero e infância;
9. Gênero e juventude;
10. Relações etno-culturais;
11. As relações étnico-raciais na sociedade contemporânea;
12. Gênero e identidade na sala de aula;
13.Discutindo a Categoria Gênero: um olhar social, histórico e jurídico sobre “o lugar”
das mulheres na contemporaneidade;
14. Gênero e Trabalho;
15. Diversidade nos Direitos Humanos;
16. Diversidade e Gênero;
17. Diversidade e Relações Étnico-raciais.
DIREITOS HUMANOS NO CONTEXTO ESCOLAR E SEU ENTORNO
1. Políticas públicas de inclusão na escola;
2. Dignidade Humana e acessibilidade no ambiente escolar;
3. Assédio Moral no ambiente escolar;
4. Responsabilidade Civil na educação e no ambiente escolar;
5. Cultura para a paz na educação em direitos humanos;
6. Direitos Humanos - a escola e seus conflitos;
7. Direitos da Pessoa com Deficiência: inclusão cidadã e escolar;
8. Direitos Humanos e a educação no contexto da criança hospitalizada.

61
Obviamente estas sugestões não esgotam as possibilidades de temas a serem
abordados, pois a questão da educação em direitos humanos é rica nesse sentido,
podendo ser abordados os mais variados temas desde que dentro da proposta do
curso e dentro de uma linha de pesquisa.
Por isso, não perca tempo, escolha o eixo temático de seu interesse, o tema de
sua pesquisa, delimite seu objeto, construa o seu projeto e converse com @s
professor@s-orientador@s para que lhe auxiliem na produção do seu artigo científico,
indicando as leituras apropriadas ao tema, instrumentos de pesquisa dentre outras
orientações.

Bibliografia
BARRAL, Welber Oliveira. Metodologia da Pesquisa jurídica. Belo Horizonte: Del Rey,
2007.

62
Car@s Alun@s

Reservamos nossa última etapa para os Regramentos Formais da Produção


Científica. Método Científico, muito mais do que o uso de regras de expressão
científica, envolve todo o arsenal da racionalidade vinculado à produção de
conhecimento científico: problemas, hipóteses...variáveis, etc.
Nesta perspectiva, a principal coisa a ser dita sobre os Regramentos Formais
da Produção Científica é que de fato envolvem a parte mais fácil de tudo. Mais que
isto: trata-se do momento em que @ alun@ do sistema presencial e @ alun@ à
distância encontram-se praticamente em pé de igualdade, eis que só aprendem com
eficiência este tema com o mesmo método: fazendo.
É verdade que algumas trilhas iniciais devem ser apontadas, o que fazemos
aqui em nosso pequeno texto “O que há de essencial nos Regramentos Formais da
Produção Científica”. Afora isto, o resto é pura prática. Acredite e vamos à luta, com
derradeiras tarefas de puro aprendizado. A boa notícia é que são mais fáceis do que
tudo que até agora já se passou - por mais difíceis que pareçam à primeira vista.

Texto

O texto a seguir destaca as trilhas iniciais rumo às normas técnicas


de elaboração do trabalho científico.

O que há de essencial nos Regramentos Formais da Produção


Científica
Carlos André Huning Birnfeld

A rigor, como já se viu, regramentos formais da produção científica devem


advir, a priori, da própria academia, de sorte que o formato da produção científica de
cada área e, quiçá, de cada universidade, teria como único norte o conjunto de
decisões a esse respeito do respectivo corpo científico dirigente .
Todavia, num contexto onde as diferentes academias operam numa
verdadeira rede de conhecimento, uma disparidade de padrões poderia levar à uma
boa possibilidade de desentendimentos, para não falar numa verdadeira confusão.
Essa, todavia, não é apenas uma confusão possível no mundo da academia, mas no
universo do comércio e da produção globalizada também.
Neste sentido, desde o início do século XX, observa-se a preocupação com a
normatização de padrões comuns para que os distintos níveis de produção (industrial,
comercial ou acadêmico) possam minimamente conversar entre si. Ponto culminante
deste processo é a criação das normas ISO, as quais, capitaneadas pela ISSO -
International Organization for Standardization, abrange hoje mais de 160 países que

63
buscam, em essência, padronizar a forma como seus distintos processos produtivos
conversem, num universo que vai desde produtos eletrônicos e seus padrões até os
formatos da própria academia.
Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o
órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária
ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins
lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de Normalização através da
Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. É membro fundador da própria ISO
(International Organization for Standardization).
Assim, sem prejuízo da própria autonomia, as universidades brasileiras
restam por adotar, voluntariamente, no todo ou em parte, normas padronizadas para
expressão científica emitidas pela ABNT. A boa notícia é que de fato não são tantas
normas assim, nem tampouco se trata de um bicho de sete cabeças. Embora
tenhamos sete pedaços importantes.
De qualquer forma é preciso ter claro, desde já, que é possível resolver 90%
de nossos problemas de produção científica em termos de formatação metodológica
basicamente com o auxílio de apenas três normas técnicas que tratam de Informação
e documentação acadêmicas :
1) a ABNT NBR 14.724:2005 (13 páginas) – que trata da apresentação dos trabalhos
acadêmicos em geral;
2) a ABNT NBR 10520:2002 (7 páginas) – que trata da apresentação de citações em
documentos e;
3) a ABNT NBR 6023:2002 (24 páginas) – que trata da elaboração de referências.
Os outros 10% dos problemas de formatação para produção científica se
resolverão facilmente com o auxílio de outras quatro pequenas normas técnicas que
tratam de Informação e documentação acadêmicas :
4) a ABNT NBR 6028:2003 (2 páginas) – que trata da apresentação de resumos;
5) a ABNT NBR 6027:2003 (2 páginas) – que trata da apresentação de sumários;
6) a ABNT NBR 6024:2003 (3 páginas) - que trata da apresentação da numeração
progressiva das seções de um documento e
7) a ABNT NBR 6.022:2003 (5 páginas) – que trata especificamente das regras para
apresentação de artigo em publicação periódica científica impressa.
Portanto, tenha claro que para resolver TODOS seus problemas em matéria
de formatação científica , você não precisa mais do que 56 páginas orientadoras, cuja
leitura, ademais se recomenda seja feita exatamente na hora de fazer seu trabalho
científico - que muito provavelmente se resolverá, na prática, com 10 ou 20 páginas
lidas, que corresponderão às suas efetivas necessidades. E não há nenhum sentido em
decorar tais regras (eis que comumente elas mudam). Apenas leia e aplique.
Normalmente seu conteúdo é de fato muito direto e explícito.
Assim, se você já gastou somas consideráveis de seu suado dinheiro para
que alguém colocasse um texto seu na formatação científica, tenha claro de que este
alguém se foi muito competente, basicamente leu seu trabalho tendo estas seis
pequenas normas abertas em cima da mesa, fazendo alterações pontuais aqui e acolá.
Se não foi competente, foi alguém que “já estava acostumado a fazer” e que
provavelmente aplicou formatações que um dia aprendeu e que infelizmente hoje
não se aplicam mais, dada a revisão das normas. Em nossa experiência docente já
encontramos, infelizmente, centenas de vítimas destes formatadores (bem pouco)
64
profissionais. Portanto, confie em você, contanto que tenha posse das referidas
normas.
Derradeiramente, neste particular, seu problema se restringe, basicamente, a
“onde encontrar” estas normas. Esta não é, de fato, tarefa difícil. Observe que o site da
ABNT dispõe a opção de assinaturas http://www.abnt.org.br/ das referidas normas,
sendo que a a própria FURG é assinante do sistema, dispondo das referidas normas
completamente atualizadas para consulta.
Além disso, há publicações específicas das mesmas, disponíveis nas
bibliotecas em geral. Outrossim, embora a própria ABNT não disponibilize na internet,
alguns usuários destas normas (não se tem notícia de quais bases contratuais os
autorizaram a tal) disponibilizaram-nas na internet, para simples leitura, como se pode
verificar no domínio http://www.4shared.com/ , onde basta inserir a palavra ABNT
no campo Search (busca) para acessá-las, entre outros locais, tais como
http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppgaarq/arquivos/files/6022Artigoempublicaoperidi
cacientficaimpressa.pdf (ABNT 6022) ou http://www.habitus.ifcs.ufrj.br/pdf/abntnbr
6023.pdf (ABNT 6023).
Como já se referiu, trata-se de normas técnicas, onde, longe de qualquer
reflexão filosófica, vale o conhecimento do detalhe daquilo que se convencionou
como válido para a comunicação científica, um revestimento a mais, de natureza
externa, uma mera roupagem usada para distinguir o que é ciência daquilo que não
é, a casca da fruta, o verniz da casa.
Além deste sentido meramente formal, padronizador da expressão, vez por
outra, ocorre uma regra efetivamente útil além da mero objetivo de padronização,
como de fato ocorre com as ABNT NBR 6023 e 10.520 as quais, em conjunto, orientam
a utilização adequada de textos alheios na produção científica, evitando assim, que o
novel cientista acabe com problemas com a Justiça por violar direitos autorais alheios.
Neste particular, ressalta-se o Art. 46, inciso III da lei 9.610/1998 (lei dos Direitos
Autorais, acessível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9610.htm), o qual
assinala que não constitui ofensa aos direitos autorais: “a citação em livros, jornais,
revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra,
para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir,
indicando-se o nome do autor e a origem da obra”.
Assim, a citação adequada da obra de referência, com base na norma da
ABNT 10.520, com sua adequada referenciação, nos termos da norma da ABNT 6.023
opera em consonância com o referido artigo, evitando, na hipótese, que se possa
configurar violação de direito autoral. Por derradeiro, convém sinalizar três dicas que
de fato simplificam um pouco o uso destas normas:

a) A ABNT NBR 10.520 orienta sobre as citações, sendo que, em síntese todo o foco
da norma aponta para o uso do chamado sistema autor-data, pelo qual, ao inserir
um trecho alheio em sua obra, para citar o autor respectivo, basta, na maioria dos
casos, entre parênteses, citar, em letras maiúsculas (caixa alta) o último sobrenome
do autor, uma vírgula, o ano da obra, outra vírgula, e a respectiva página, sendo
inclusive dispensável o sobrenome do autor quando este já tiver sido citado no
próprio texto, tal como se vê nos exemplos:

65
“Apesar das aparências, a desconstrução do logocentrismo não é uma psicanálise da filosofia [...]” (DERRIDA, 1967, p.
293).
Barbour (1971, p. 35) descreve: “O estudo da morfologia dos terrenos [...] ativos [...]”

b) A ABNT NBR 6.023, por sua vez, complementa justamente a aplicação da ABNT NBR
10.520, orientando, principalmente, sobre como, ao final do texto, organizar as Referências,
que nada mais são do que a lista completa das obras citadas, desta vez com
detalhamentos que permitam efetivamente buscar a obra. Ressalte-se, neste particular,
que, nos exemplos acima, ninguém é efetivamente capaz de adivinhar de que obra se
trata com expressões como “Barbour (1971, p. 35)” ou “(DERRIDA, 1967, p. 293)”. Justo para este fim é
que se encontram, ao fim do texto, as ditas referências, organizadas em ordem alfabética,
onde o leitor da obra, localizando o sobrenome e o ano, poderá procurar a obra. Permitir
que se faça a referência, de forma correta é, portanto , a função da ABNT NBR 6.023, que
só é a mais longa de todas justamente porque há muitas fontes de conhecimento
distintas, a requerer orientação específica (livros, artigos, material da internet, discos,
filmes, palestras, esculturas, etc.). Na verdade, a imensa maioria das referências, no nosso
universo, cingir-se-á a livros – e no fundo é exatamente o padrão de referenciação dos
livros que, com pertinentes variações (que devem ser buscadas caso a caso nas próprias
normas sempre que necessário) que orienta os demais. Não custa trazer, justo por isso,
esse exemplo: os elementos essenciais, para citação de livros são: autor. Título. Edição. Local:
editora, e data de publicação . Note-se que os elementos são, em geral, separados por
ponto (autor, título, etc.), salvo a editora , que é separada do local por dois pontos(:) e o
ano, que é separado da editora por vírgula(,). Quando se tratar de obras consultadas
online, também são essenciais as informações sobre o endereço eletrônico, apresentado
entre os sinais < >, precedido da expressão Disponível em: e a data de acesso ao
documento, precedida da expressão Acesso em:, opcionalmente acrescida dos dados
referentes a hora, minutos e segundos. Afora estas regras, as normas vão orientar como
proceder quando um dos dados não estiver disponível, quando houver mais de um
autor, entre os detalhamentos pertinentes aos distintos veículos. Veja-se os exemplos
abaixo:

GOMES, Luis Antônio. Novela e sociedade no Brasil. Niterói: EdUFF, 1998.


ALVES, Castro. Navio negreiro. [S.l.]: Virtual Books, 2000. Disponível em:
<http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebook/port/Lport2/navionegreiro.htm>. Acesso em: 10 jan. 2002,
16:30:30.

c) A ABNT NBR 14724 é fato a mais elementar para trabalhar, e traz, num didático
esqueleto, tudo o que deve conter um trabalho científico desde um ponto de vista
formal, desde a primeira letra até a última, com uma seção explicativa sobre cada uma. O
que nela não estiver, não tenha dúvida, não precisa:

66
Estrutura Elemento Seção
Pré-textuais Capa (obrigatório) 4.1.1
Lombada (opcional) 4.1.2
Folha de rosto (obrigatório) 4.1.3
Errata (opcional) 4.1.4
Folha de aprovação (obrigatório) 4.1.5
Dedicatória(s) (opcional) 4.1.6
Agradecimento(s) (opcional) 4.1.7
Epígrafe (opcional) 4.1.8
Resumo na língua vernácula (obrigatório) 4.1.9
Resumo em língua estrangeira (obrigatório) 4.1.10
Lista de ilustrações (opcional) 4.1.11
Lista de tabelas (opcional) 4.1.12
Lista de abreviaturas e siglas (opcional) 4.1.13
Lista de símbolos (opcional) 4.1.14
Sumário (obrigatório) 4.1.15
Textuais Introdução 4.2.1
Desenvolvimento 4.2.2
Conclusão 4.2.3
Pós-textuais Referências (obrigatório) 4.3.1
Glossário (opcional) 4.3.2
Apêndice(s) (opcional) 4.3.3
Anexo(s) (opcional) 4.3.4
Índice(s) (opcional) 4.3.5

Estas três dicas, evidentemente, não tem o condão de simplificar todas estas
normas, mas permitem, com certeza, que se veja as linhas deste horizonte. Além
disto, uma leitura descompromissada das mesmas, como de quem olha uma revista
de curiosidades, com certeza fará muito bem para completar o aprendizado. Não
deixe de fazê-lo nesta perspectiva, ainda que isso possa ser pedido como tarefa.

 Recomendação de Leitura:
Leia a Lei dos Direitos Autorais, Lei nº 9.610/98 disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9610.htm, pois utilizar textos ou partes
de textos no seu trabalho científico sem fazer referência ao autor e obra dentro das
especificações da ABNT é crime e invalida seu trabalho.

67
Uma luz azul me guia
Com a firmeza e os lampejos do farol
E os recifes lá de cima
Me avisam dos perigos de chegar
Angra dos Reis e Ipanema
Iracema, Itamaracá
Porto Seguro, São Vicente
Braços abertos sempre a esperar
Pois bem, cheguei
Quero ficar bem à vontade
Na verdade eu sou assim
Descobridor dos sete mares
Navegar eu quero

(O Descobridor dos Sete Mares - Tim Maia)

68
Parte III

Trabalho de Conclusão de
Curso
Esta disciplina aspira auxiliar @s alun@s quanto a elaboração do trabalho de
conclusão de curso a partir dos conteúdos já ministrados em Metodologia de Estudos
e Pesquisa em Direitos Humanos, orientação dos professores, dicas relevantes, regras
da ABNT, bem como regras pertinentes ao curso em relação à orientação dos
trabalhos e na apresentação dos artigos.

69
70
Prezad@s Alun@s,
Esta disciplina visa auxiliar na construção do TCC e apresentar os
procedimentos necessários para a orientação, elaboração e apresentação do seu artigo.
Fiquem atent@s às regras de orientação, formatação e prazos. Lembre-se, não deixe
para postar as suas atividades na última hora, pois sempre estamos sujeit@s
externalidades como falta de energia elétrica, mau funcionamento de sistemas de
internet e imprevistos em geral.
Explorem bem as informações disponibilizadas e tenham em mãos os
conteúdos da disciplina de Metodologia de Estudos e Pesquisas em Educação em
Direitos Humanos, pois as duas disciplinas são complementares. Não fique com
dúvidas, esclareça suas indagações junto aos professores orientadores através do
diário de bordo específico desta disciplina e interaja através do fórum.

Desejamos um excelente trabalho,


Abraços.
Coordenação do PGEDH.

Fórum Bate-Papo:
Participe do fórum bate-papo de nossa disciplina a fim de abordar questões
relacionadas com a elaboração de trabalhos. Fique a vontade para abrir novos
tópicos e propor novas discussões temáticas. Troque experiências com @s coleg@s!

Diário de Orientação
O Diário de Orientação estará disponível na disciplina de TCC é um espaço
privativo onde você deve registrar suas dúvidas e receber orientações d@s
professor@s. Outros meios também poderão ser utilizados como mensagens, chats e
fóruns. Aproveite e utilize todas as ferramentas disponíveis para você, pois há uma
equipe inteira de profissionais para atendê-l@.

71
72
Texto
O texto a seguir aborda questão do papel do Professor-Orientador
na pesquisa, elaboração de projetos e do trabalho de conclusão de
curso.
Estou na estrada
Ou a estrada é que está em mim
Tenho pressa
Será que a estrada é que não tem fim
Em cada curva uma vontade
Em cada reta uma ilusão
Se eu queria uma resposta
Só encontro interrogação
O tempo passa
Ou será que quem passou fui eu
Vou em frente
Não conheço outra direção
Se estou sozinho não é meu destino
Se estou perdido sinto a solidão
Se estou sozinho não é por acaso
Se estou perdido entrei na contra-mão.
(A Estrada - Titãs)

Qual a função do professor-orientador?


Carlos Alexandre Michaello Marques e
Clarice Gonçalves Pires Marques

O trecho da música acima fala de alguém ansioso, procurando uma direção.


Em certos momentos o aluno-pesquisador poderá compartilhar desta mesma
sensação, porém, ao contrário do que possa imaginar, não estará sozinho na “sua
estrada”. A concretização de um projeto de pesquisa resultará em uma produção
científica a qual, no âmbito do curso de Especialização em Educação em Direitos
Humanos, trata-se de um artigo. Assim, no desenvolvimento deste trabalho surge a
figura do professor-orientador ou professora-orientadora. Entretanto, cumpre
esclarecer qual é a função deste profissional diante deste processo de elaboração.
A orientação deve começar desde o momento que o aluno escolhe o tema
que vai tratar e delimitar. Já nesta fase, o Orientador começa a atuar e cabe-lhe indicar
ao pesquisador iniciante os métodos a seguir [...]. (CIRIBELLI, 2003, p. 90) Assim sendo, a
escolha do professor-orientador começa antes mesmo da elaboração do projeto de
pesquisa, pois é ele ou ela quem vai indicar os rumos a serem seguidos.

73
Desse modo, tendo em vista que possui experiência, mostrará aos alunos a
viabilidade do projeto ou não. A relação orientando/orientador é complexa e não
raro é necessária alguma sintonia, afinidade entre os dois para o bom andamento do
projeto.
Contudo, esclareça-se que não se trata de relação de dependência, pois o
Orientando deve estar munido de iniciativa para escrever, encaminhando tópicos
integrais de seus trabalhos para serem analisados pelos professores. Ressalte-se que
não se deve confundir iniciativa com arrogância acadêmica, pois é necessário seguir
as orientações do Orientador sem considerar suas observações e correções como
ofensas pessoais. Neste processo a humildade também é fundamental. Confiança,
cooperação e humildade são palavras-chave para um trabalho de sucesso.

A opinião do Professor Orientador é (sempre) muito importante. Há casos em


que o Orientando precisa até abandonar o tema escolhido e mudar de
assunto, por concluir que é impossível desenvolvê-lo ou por falta de fontes
de informação ou por falta ainda de um conhecimento mínimo do assunto
por ele pesquisado. Aconselhamos que o aluno não recue, não tenha medo
de trocar o seu tema. O Orientando deve, neste caso, acatar com humildade
a opinião do Orientador, mesmo quando este pedir que reescreva algum
capítulo ou que reveja algum ou corrija algum parágrafo do seu texto.
(CIRIBELLI, 2003, p. 91).

Assim, o papel fundamental do Professor-Orientador é auxiliar o Orientando


na sua trajetória enquanto pesquisador, indicando a base teórica a ser estudada,
metodologia, instrumentos de pesquisa, normas de formatação, organização
estrutural do projeto e do trabalho em si, indicar correções e alternativas em relação a
trechos obscuros ou confusos. [...] o Orientador é um amigo, que precisa ser exigente,
porque só assim estará lhe ajudando. (CIRIBELLI, 2003, p. 91).
Todavia, importante ressaltar que as correções de ordem gramatical e
ortográficas não podem ser deixadas sob responsabilidade do Professor-Orientador,
pois nem sempre estes terão formação específica para tal, mas uma vez indicadas
deve ser levadas a efeito. Desse modo sugere-se, quando necessário, seja o trabalho
revisado por um especialista da área de Letras.
Por fim, uma boa comunicação entre Orientadores e Orientandos é
indispensável, casos de Orientandos que não seguem as orientações e simplesmente
somem sem dar qualquer satisfação para os Orientadores não são incomuns. O
inverso também ocorre algumas vezes quer pelo excesso de Orientandos em
algumas instituições, quer por falta de tempo do professor envolvido com muitas
atividades concomitantes, portanto, manter o diálogo constante é a melhor maneira
de desenvolver um bom trabalho.
Aproveite para sorver todas as lições do seu Orientador, construa o seu
conhecimento a partir das orientações dele. Quanto mais ele lhe exigir, tanto melhor
será o resultado do seu trabalho e mais facilmente você realizará a sua defesa, posto
que dominará plenamente sua pesquisa.

74
Bibliografia

CIRIBELLI, Marilda Corrêa. Como elaborar uma dissertação de mestrado através da


pesquisa científica. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.

FREITAS, Sidnéia G. Manual da qualidade em projetos de comunicação. São Paulo:


Pioneira, 2002.

Veja a seguir as regras para a orientação dos trabalhos de conclusão


de curso:

Regras para orientação do trabalho de conclusão de curso


Considerações Preliminares

A orientação dos trabalhos de conclusão de curso será objeto de disciplina


específica, a ser disponibilizada na plataforma Moodle conforme as demais disciplinas
trabalhadas. Nesta disciplina serão resgatados conceitos já analisados em Metodologia,
bem como disponibilizadas normas técnicas mínimas e materiais necessários à
produção do Projeto de Pesquisa e Artigo Científico, cabendo aos alunos e alunas
buscar manuais de normas técnicas e bibliografia sobre metodologia científica sob a
orientação d@s professor@s Orientador@s.

@s alun@s deverão escolher uma das linhas de pesquisa e elaborar seus


projeto e trabalhos dentro das temáticas:

1) FUNDAMENTOS EM DIREITOS HUMANOS

A linha de pesquisa comporta o estudo teórico-prático dos princípios


históricos, ético-filosóficos, jurídicos e políticos fundamentando a educação em Direitos
Humanos. As disciplinas relacionadas são Fundamentos Históricos da Educação em
Direitos Humanos, Fundamentos Jurídicos da Educação em Direitos Humanos e
Fundamentos Políticos da Educação em Direitos Humanos.

2) DIVERSIDADE NOS DIREITOS HUMANOS

Esta linha de pesquisa destina-se ao estudo teórico-prático sobre a


diversidade, gênero e as relações étnico-raciais e a presença destes nos Direitos
Humanos. As disciplinas relacionadas são Diversidade: Sexualidade e Orientação
Sexual, Diversidade e Gênero, Diversidade e Relações Étnico-Raciais.

75
3) DIREITOS HUMANOS NO CONTEXTO ESCOLAR E SEU ENTORNO

A linha de pesquisa aborda o estudo teórico-prático sobre educação, a escola


e a sociedade tendo em vista a formação de uma cultura fundada nos princípios e
valores que constituem os Direitos Humanos. As disciplinas relacionadas são
Fundamentos Educacionais da Educação em Direitos Humanos, Plano de Ação em
Direitos Humanos e Direitos Humanos: Ambiente Escolar e Práxis Escolar.

Estarão disponíveis para orientar Professor@s e Professor@s-Tutor@s


distribuídos pelas linhas de pesquisa de acordo com a opção d@s alun@s. A indicação
do orientador ocorrerá na 1ª versão do projeto a ser postado via plataforma e
confirmada no projeto definitivo, através da disciplina já mencionada, em acordo
com o cronograma da mesma.
@s discentes devem aguardar o aceite d@s orientador@s. Caso não seja
indicado orientador ou a indicação seja inapropriada a adequação ficará a cargo da
Coordenação de Curso. A orientação será realizada via plataforma, através do Diário
de Orientação, fórum e chats, bem como presencialmente em encontros que serão
previamente agendados e divulgados para @s cursistas.
A Coordenação de Curso determinará as datas de entrega dos Trabalhos de
Conclusão de Curso bem como das defesas orais. Reserva-se ainda ao direito de
formar
as bancas de avaliação respeitados os critérios de afinidade dos avaliadores com os
temas defendidos.
Será disponibilizado para os discentes um termo no qual assumirão todas as
responsabilidades pela utilização inadequada de publicações alheias respondendo
penal e civilmente pela prática de plágio. A recusa na entrega do termo de
responsabilidade devidamente assinado em conjunto com o Trabalho de Conclusão
de
Curso implica em não recebimento do artigo e conseqüente reprovação d@ alun@.

Diretrizes para a Orientação

1 - @s Orientador@s não farão correção gramatical, no entanto, indicarão a


necessidade de revisão, quando for o caso, o que deve ser seguido pel@s
Orientand@s;

2 - @s Orientador@s indicarão correções de metodologia e de normas técnicas como


formatação, referências e notas de rodapé. @s orientand@s devem consultar as regras
de formatação do TCC publicadas na disciplina e em materiais específicos indicados
pel@s professror@s;

3 - Antes mesmo da leitura do trabalho por parte d@ orientador@, @ alun@ poderá


enviar dúvidas a respeito de seu tema através da plataforma moodle. Entretanto, @s
orientador@s responderão apenas perguntas específicas, atinentes ao tema do TCC;

4 - @s orientador@s não farão leitura de pequenos trechos do trabalho, eis que a


leitura ficará comprometida em seu sentido. O trabalho será lido, em sua
76
integralidade, ou tópicos completos, até a remessa pel@ alun@, da 1ª versão do
projeto e do TCC, para o seu orientador. Assim também ocorrerá com as versões
definitivas;

5 - A escolha do tema do TCC e a pesquisa são de responsabilidade d@ alun@. @s


orientador@s analisarão a profundidade e amplitude da pesquisa e sua atualidade,
bem como a pertinência do tema escolhido pel@ pós-graduand@. Caso o Orientador
entenda por bem que o tema seja alterado, esta decisão deve ser considerada pel@
Orientand@;

6 - A primeira análise realizada pelo orientador comportará as seguintes situações:

a) fará comentários/observações com base em sua 1ª versão do projeto de pesquisa


para que @ alun@ ajuste o que for necessário para a versão final;

b) aprovará a 1ª versão ou indicará modificações do projeto significando, para @


alun@, que não precisará proceder a nenhuma alteração em seu trabalho ou que
precisará de ajustes;

c) a versão definitiva do projeto será considerada para fins de avaliação do artigo,


pois a adequação do TCC ao projeto é um dos critérios analisados pelas bancas de
avaliação;

d) o artigo em 1ª versão deverá ser encaminhado em prazo hábil para que o


Orientador possa revisá-lo antes da postagem e sejam realizados ajustes caso
necessário;

e) fará comentários/observações com base em sua versão definitiva do projeto de


pesquisa para que @ alun@ ajuste o que for necessário para a versão final;

7 – Em caso necessário, o orientador solicitará correções (as quais devem ser


elaboradas pel@s alun@s no prazo indicado em cronograma próprio). Nesse caso, o
trabalho será submetido à nova e última análise.

Atenção!
O processo relativo aos projetos e artigos obedecerá à seguinte ordem:

1) Elaboração e postagem do projeto em 1ª versão ou versão piloto;


2)Elaboração e postagem do projeto definitivo com base na 1ª versão;
3) Elaboração e postagem do Artigo em 1ª versão (esta versão é a que será analisada e
avaliada pela banca avaliadora e deve ser pertinente com a defesa oral); As notas dos
artigos, acrescidas das notas da apresentações orais serão atribuídas com base nesta
versão)

77
4) Realização de ajustes indicados pelas bancas avaliadoras (caso necessário) e
postagem da versão definitiva do TCC, não ocorrendo qualquer alteração de notas
sob qualquer hipótese com fulcro neste ato.
OBS: todas as etapas são obrigatórias!

78
Prezad@s Alun@s,
Neste tópico conversaremos um pouco mais sobre o projeto de pesquisa,
observe a plataforma Moodle, pois será disponibilizado o modelo do Projeto de
Pesquisa. Você o utilizará tanto para a criação da 1ª versão quanto para a versão
definitiva. Não se esqueça de fazer uma leitura conjunta com os materiais de
metodologia, pois os temas abordados aqui também são objeto daquela disciplina.
Fiquem atent@s às datas disponibilizadas no cronograma de atividades do curso para
não perder os importantes prazos de postagem das duas fases do projeto e
mantenham a comunicação estreita com o Orientador ou Orientadora escolhidos.

Bom trabalho!

Texto

O texto a seguir realiza algumas considerações acerca do Projeto de


Pesquisa.

Preciso construir um projeto! E agora?


Clarice Gonçalves Pires Marques

A construção de um projeto de pesquisa engloba questões que vão além do


gosto pessoal do pesquisador. Como já foi destacado na disciplina de Metodologia de
Estudos e Pesquisas em Educação em Direitos Humanos, o tema deve ter relevância
para a ciência, estar voltado a atingir resultados que revertam em benefício à
sociedade e em acréscimo ao conhecimento científico. [...] a relevância da pesquisa está
na capacidade de fazer avançar o conhecimento científico. (KAHLMEYER-MERTENS,
2007, p.26)
Além disso, cada programa de pós-graduação possui linhas de pesquisa
específicas, as quais já foram mencionadas na disciplina supra. Desse modo, para
elaborar o projeto de pesquisa é preciso ter em mente uma idéia, vontade e
curiosidade para pesquisar determinado assunto.
Sem contradizer o que foi exposto acima, obviamente a escolha do tema,
terá um interesse ou uma afinidade pessoal do pesquisador, sem, no entanto, perder
de vista o distanciamento mínimo necessário para poder levar a efeito a pesquisa.
Contudo, resta claro que esta afinidade não será o único elemento a ser considerado,
posto que, como já foi mencionado, é necessário obedecer às linhas de pesquisa de
cada curso e, em alguns casos o Orientador irá sugerir novo tema diante da
inviabilidade ou falta de material disponível na comunidade científica para dar
respaldo à proposta do pesquisador.

79
Sim, isto porque em matéria de ciência, tudo deve ser cuidadosamente
comprovado de modo que não se “inventa a roda” e sim, se busca, a partir de um
conhecimento científico já existente, novas proposições e novos conhecimentos,
obedecendo métodos rígidos de investigação e normas técnicas de apresentação,
respaldado no que já existe e no que já foi pesquisado e comprovado.
Aliás, é por este motivo que na pesquisa científica o pesquisador se depara
com a expressão “referencial teórico” ou “estado da arte”, as quais significam que o
pesquisador deve apresentar em seu projeto o que já se discute atualmente sobre o
tema, trata-se de uma revisão bibliográfica. O referencial teórico é de grande
importância, pois bem demonstrado, dará consistência e validade à proposta de
pesquisa.

Uma parte sempre exigida do projeto, e nem sempre compreendida, é a


denominada revisão bibliográfica. Esse item não deve ser uma lista
pasmaceira de autores e livros que abordaram o tema, mas sim a descrição
do estado da arte, ou seja, do conhecimento atual sobre o problema.
(BARRAL, 2007, p. 60)

Ainda, sempre importante reforçar que, o projeto de pesquisa é como um


roteiro que será seguido pelo pesquisador:

O projeto não é o trabalho monográfico. É tão somente um plano de


estudos, instrumento no qual o pesquisador esboça um experimento antes
mesmo de pôr em experiência a pesquisa. No projeto é hora de planejar, de
traçar o caminho mais eficiente, até o objetivo que se pretende alcançar; mais
ainda, de definir que objetivo é este. Assim, o projeto é o instrumento por
meio do qual o pesquisador adquire clareza quanto ao que ele quer com sua
pesquisa e ao curso que ela pode tomar. Mas não é só isso, lembremos que a
redação de um projeto não só está ligada a “planta de um edifício de
conhecimento”, mas também às condições de execução dessa obra.
(KAHLMEYER-MERTENS, 2007, p.31)

Sendo assim, escolha a linha de pesquisa que mais lhe interessa explorar,
defina um tema, procure um referencial teórico para fundamentar o projeto, entre
em contato com o professor orientador e discuta sobre a viabilidade e que caminhos
podem ser seguidos e faça um excelente trabalho! Mãos à obra!

Bibliografia
BARRAL, Welber Oliveira. Metodologia da Pesquisa jurídica. Belo Horizonte: Del Rey,
2007.

KAHLMEYER-MERTENS, Roberto S. Como elaborar projetos de pesquisa: linguagem e


método. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.

80
Modelo do Projeto de Pesquisa em EDH:
Acesse a plataforma Moodle e obtenha o modelo do projeto de pesquisa em
EDH. O documento possui a estrutura básica necessária para a organização do projeto.
Não esqueça, tenha sempre em mãos o material de metodologia e um bom manual
de normas técnicas para auxiliá-l@. Mantenha o contato constante com o (a)
professor(a) Orientador(a) através do AVA.

Metodologia X Normas Técnicas:


Não se esqueça que metodologia e normas técnicas de formatação são coisas
diferentes. O método é o que vai determinar como você vai atingir o objetivo da sua
pesquisa e Normas Técnicas de formatação definem a forma em que a sua pesquisa
será apresentada para os avaliadores, para estas segue-se as regras da ABNT e da
Universidade. Para elucidar melhor o tema, como complemento, sugere-se a leitura
das obras abaixo nominadas, as quais podem ser facilmente acessadas no endereço
http://books.google.com.br/bkshp?hl=pt-BR&tab=pp.

BARRAL, Welber Oliveira. Metodologia da Pesquisa jurídica. Belo Horizonte: Del Rey,
2007.

CIRIBELLI, Marilda Corrêa. Como elaborar uma dissertação de mestrado através da


pesquisa científica. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.

FREITAS, Sidnéia G. Manual da qualidade em projetos de comunicação. São Paulo:


Pioneira, 2002.

ESPÍRITO SANTO, Alexandre do. Delineamentos de Metodologia Científica. São Paulo:


Edições Loyola, 1992.

GRESSLER, Lori Alice. Introdução à Pesquisa: projetos e relatórios. 2. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2004.

KAHLMEYER-MERTENS, Roberto S. Como elaborar projetos de pesquisa: linguagem e


método. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.

RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica para alunos de graduação e pós-graduação.


3. Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

Tarefas
Nesta etapa as suas principais tarefas serão a elaboração e postagem do
projeto de pesquisa em 1ª versão e versão definitiva de acordo com o calendário do
Curso. Na página da disciplina você encontrará o espaço destinado para a postagem
destas duas atividades. Fique atent@ aos prazos!

81
82
Car@s Estudantes,
Chegou nova etapa em nossa caminhada, pois após a análise dos projetos
segue-se a etapa de elaboração do artigo. Fiquem atent@s, pois a partir de agora, mas
detalhes importantes unem-se às informações já repassadas. Na plataforma Moodle
vocês encontrarão o link para o formulário, com o cabeçalho do curso, onde deve ser
elaborado o artigo, de maneira que todos sigam um padrão.
Também, no mesmo espaço, estará o modelo da capa a ser atribuída ao TCC
quando da entrega da versão definitiva e as instruções para o preenchimento da
mesma dentre outros documentos que podem ser necessários. Além disso, observe
que o trabalho deve conter entre 15 a 20 páginas. Trabalhos com número de páginas
inferior ao limite mínimo não serão avaliados.

Documentos disponíveis na disciplina de TCC:


Acesse a plataforma Moodle e obtenha os modelos dos documentos que serão
necessários para a construção do seu trabalho. Alguns são obrigatórios e outros
facultativos de acordo com o tipo de pesquisa que será realizada. Basta fazer o
dowload para seu computador. Lá você encontrará:

Temas e linhas de pesquisa


Capa do TCC
Modelo de TCC com cabeçalho do Curso
Carta de apresentação
Termo de consentimento livre e esclarecido
Termo de responsabilidade

83
Estimad@ Alun@,

Observando os ícones ao lado poderá questionar-se: “mas para que


servem estes documentos?”. Bem, vamos por partes...

Temas e linhas de pesquisa – esse documento é seu velho conhecido,


pois desde a disciplina de Metodologia estamos dando-lhe ênfase para
que você pudesse escolher o tema da sua pesquisa e assim, já ocorreu,
mas mantivemos para que pudesse consultá-lo novamente e sempre
que quiser.

Capa do TCC – esta capa será atribuída ao trabalho quando da entrega


definitiva nas versões impressas, pois ao final do curso, uma ficará na
biblioteca do pólo, outra na biblioteca central da Universidade. Ainda
será solicitada uma versão digital em CD, totalizando três entregas de
material físico. Na postagem via plataforma não será necessária a capa.

Modelo de TCC com cabeçalho do Curso - trata-se apenas de uma folha


padrão em que deverá ser desenvolvido o artigo e o modelo da
disposição do título e nome do autor do artigo.

Carta de apresentação – alguns tipos de pesquisa exigem a coleta de


dados junto a órgãos públicos, bem como junto a uma determinada
amostra composta por pessoas, por isso, caso a sua pesquisa seja deste
tipo você precisará identificar-se adequadamente como pesquisador, o
que fará através deste documento.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – consiste em um termo


onde deverá conter a identificação do curso, nome do orientador e do
pesquisador, contato, projeto de pesquisa, finalidade, dentre outros
dados importantes e que deve ser assinado por integrantes da amostra,
pessoas junto às quais você colete dados através de questionários e
entrevistas. Uma via deve ser disponibilizada para o participante.

Termo de Responsabilidade – trata-se de um termo a ser assinado pelo


pesquisador (você), responsabilizando-se inteiramente pela utilização de
textos de outros autores de forma inadequada, sem a referência devida,
ou seja, caso ocorra plágio a responsabilidade será sua, posto que estará
ciente das normas e passará por orientação. Deverá ser entregue à
banca de avaliação do dia da defesa.

84
Estimados Cursistas,
Estamos concluindo mais uma etapa do nosso curso. Agora que você já
pesquisou o tema escolhido para o seu artigo, seguiu o seu projeto, elaborou seu
texto científico, é chegada a hora de postar o seu TCC em 1ª versão, de acordo com os
calendários do curso. A partir de agora os trabalhos serão encaminhados para as
bancas de avaliação a fim de que sejam lidos pelos examinadores sendo que,
posteriormente será realizada a defesa oral nas datas e horários definidos pela
Coordenação, nos pólos presenciais.
Agora, você deve se preparar para a defesa oral do seu TCC. Sugerimos que
entrem em contato com @s tutor@s presenciais a fim de formar grupos de estudo
onde vocês possam apresentar seus trabalhos uns aos outros. A apresentação será
composta de dois momentos: em um primeiro momento @ alun@ fará a defesa do
trabalho em tempo máximo de 15 min.; no segundo momento haverá 10 min. para as
argüições da banca e resposta d@ alun@.
Será permitido o uso de equipamento multimídia para auxiliar e ilustrar a
apresentação. As bancas serão compostas por dois avaliadores e um presidente que
conduzirá os trabalhos. A sessão de defesa é pública e a aprovação ou reprovação
referente ao trabalho escrito e apresentação oral serão divulgadas imediatamente
após a defesa.
Bom trabalho!

Tarefas
Nesta etapa você realizará postagem do TCC em 1ª versão de acordo com o
calendário do Curso. Na página da disciplina você encontrará o espaço destinado para
a postagem desta atividade. Fique atent@ aos prazos!

Texto
O texto a seguir destaca algumas dicas para a defesa oral do TCC.
o dia D é hoje
de hoje não vai passar
mandei o meu juízo
descansar, descansar
relógio e compromisso
esperar, esperar
não vou pedir licença
vou gritar, vou gritar
e o teu cabelo liso eu quero enrolar
e aquela calça escura eu quero desbotar
e o velho ar-condicionado eu quero ver queimar
o dia D é hoje

85
de hoje não vai passar
vou apertar o passo
vou prá lá, vou prá lá
não vou mandar aviso
vou chegar, vou chegar
não vou bater na porta
vou entrar, vou entrar

(O Dia D É Hoje - Acústicos & Valvulados)

Defesa Oral: Como vou apresentar meu artigo?


Clarice Gonçalves Pires Marques

A defesa oral do trabalho de conclusão de curso, por vezes, é fator de


grande ansiedade entre os alunos. É o grande dia “D”, como nos fala a canção acima,
as emoções são contraditórias e as perguntas mais freqüentes redundam em: “e se der
branco?”, “e se me esquecer de um detalhe importante?”, “como posso construir um
material de apoio?”, além de muitas outras dúvidas. O fato é que expor-se para uma
apresentação é motivo de dores de cabeça para muita gente. Não há fórmulas
mágicas para uma boa oratória, mas algumas dicas são muito válidas como:
a) manter-se calmo e equilibrado;
b) estudar bastante para ter domínio do tema e do trabalho realizado;
c) treinar a apresentação com colegas e familiares;
d) produzir um bom material de apoio.
Assim, esmiuçaremos estas dicas ponto a ponto a seguir e você perceberá
que não há formulas, mas também não há mistério, somente dedicação e estudo
podem auxiliá-lo nesta missão, posto que muitas vezes até mesmo pessoas de
personalidade extrovertida enfrentam dificuldades de expor-se em um momento de
avaliação.
Tranquilidade é um fator muito importante para quem realiza uma
exposição oral, pois permite que o aluno consiga calmamente recordar de todos os
passos de seu trabalho possibilitando que explique pausadamente e de forma
concatenada o que foi feito e os resultados obtidos. Procure ter uma boa noite de
sono antes da sua apresentação.
Agregado a isso, outro ponto é o domínio do tema e do trabalho realizado.
Tenha a certeza que ninguém sabe mais sobre o seu trabalho do que você, pois foi
quem o construiu passo a passo. Desse modo, estudar bastante o TCC antes da
apresentação auxilia o aluno com a segurança na hora da defesa.
De posse de tranqüilidade e domínio do trabalho, uma “boa pedida” é
literalmente treinar para a sua apresentação. Apresentando o trabalho para colegas
ou familiares você pode testar melhores maneiras de expor, bem como adequar-se ao
tempo disponibilizado para a defesa. A melhor maneira de saber se o artigo ficou
bom é apresentar para uma pessoa leiga no assunto, se ela entender o que você está
falando, mesmo desconhecendo o tema, significará que a defesa está clara e objetiva.

86
Por fim, a elaboração de um bom material de apoio pode servir-lhe de
auxílio a fim de que não esqueça a ordem de apresentação. Contudo, há que se ter
cuidado ao utilizar o recurso multimídia com o PowerPoint, pois os “slides” ou
“lâminas”, como coloquialmente se denomina, podem ser aliados ou um verdadeiro
“tiro no pé”.
Procure utilizar os “slides” de forma modesta, ou seja, evite quadros com
muitas informações, coloque apenas tópicos a serem abordados. Não se esqueça de
colocar no primeiro “slide” o nome da Universidade e Curso, título do trabalho, nome
do autor (seu nome), nome do orientador e ano. Ao final da apresentação coloque as
referências que você utilizou. Cuidado com a utilização de imagens, você pode valer-
se deste recurso, mas evite a poluição visual.
Uma dica muito importante é: nunca coloque o trabalho propriamente dito
nos “slides” e jamais faça uma apresentação lendo os slides, pois essa conduta
transmite a péssima impressão aos avaliadores de que você não domina
absolutamente nada sobre o assunto que escolheu.
Ainda, outras dicas são: cuidado com a postura na defesa, apresente o
trabalho para a banca e também para os demais presentes, procure evitar os vícios de
linguagem como “né” e “tá”, leve uma garrafinha de água para se tranquilizar nos
momentos mais tensos. Dedique-se, estude e fará uma excelente defesa.

Bibliografia
BARRAL, Welber Oliveira. Metodologia da Pesquisa jurídica. Belo Horizonte: Del Rey,
2007.

CIRIBELLI, Marilda Corrêa. Como elaborar uma dissertação de mestrado através da


pesquisa científica. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.

87
88
Caros cursistas,
Esta é a etapa final do nosso curso. Discutiremos acerca da importância da
entrega da versão definitiva do TCC. Fique alerta para o prazo de postagem do TCCs,
eis que já avaliados pelas bancas presencialmente e corrigidos. Não se esqueçam de
incluir todas as observações dos avaliadores e façam uma revisão minuciosa antes da
postagem. Também deverão ser entregues duas vias impressas e uma versão digital
em CD para @s tutor@s presenciais.

Bom trabalho a tod@s!!


A Coordenação.

Tarefas
Acesse a plataforma Moodle para receber o feedback dos examinadores,
caso necessário, realize as modificações indicadas, utilize o espaço destinado à
postagem da versão definitiva do artigo para a entrega do trabalho . Fique atent@
aos prazos e não se esqueça de entregar as vias impressas e em CD para @s tutor@s
presenciais!

Texto
O texto a seguir destaca a importância da entrega definitiva do Artigo
de Conclusão de Curso.
A importância da postagem do TCC definitivo
Clarice Gonçalves Pires Marques

Qual a importância da postagem do TCC definitivo? Afinal de contas você já


postou a primeira versão, já realizou a defesa oral e já sabe se foi aprovado ou não.
Qual a função guardada pela entrega de mais uma via virtual, duas impressas e uma
em mídia (CD)?
Bem, cada resposta a seu tempo. A entrega do artigo em versão definitiva,
como a própria denominação esclarece, é definitiva. A relevância de realizar as
modificações indicadas pelas bancas avaliadoras consiste em deixar o trabalho em
perfeitas condições de publicação.
Nesse sentido, a entrega que ora se discute, é fundamental para a conclusão
do curso, trata-se de uma etapa a ser cumprida. As vias impressas farão parte dos
acervos das Bibliotecas da Universidade, pois o seu artigo será consultado por outros
pesquisadores que citarão a sua obra nos trabalhos deles.
A produção do conhecimento é assim, o pesquisador o produz para que
acresça à ciência e reverta em benefício da sociedade, para que seja compartilhado
por outros pesquisadores servindo de referencial teórico para novas produções. Não
há sentido em produzir conhecimento científico para guardar em uma gaveta.

89
Compreenda assim a sua importância e seu lugar na sociedade enquanto
pesquisador, Especialista em Educação em Direitos Humanos, pois seu trabalho agora
será fonte de pesquisa e terá a missão de auxiliar na construção de ciência e
modificação de paradigmas, portanto, a sua responsabilidade e comprometimento
são tão indispensáveis.
Trabalhos como o seu são base para muitas ações práticas e projetos de
Educação em Direitos Humanos, e adivinhe, agora também é protegido pela Lei de
Direitos Autorais. Então estimado aluno, mãos a obra, realize o ajustes indicados e
faça parte você também da história da Universidade Federal do Rio Grande.

Bibliografia

ESPÍRITO SANTO, Alexandre do. Delineamentos de Metodologia Científica. São Paulo:


Edições Loyola, 1992.

GRESSLER, Lori Alice. Introdução à Pesquisa: projetos e relatórios. 2. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2004.

Olha a luz que brilha de manhã


Saiba quanto tempo estive aqui
Esperando pra te ver sorrir
Pra poder seguir
Lembre que hoje vai ter pôr do Sol
Esqueça o que falei sobre sair
Corra muito além da escuridão
E corra, corra!
Não desista de quem desistiu
Do amor que move tudo aqui
Jogue bola, cante uma canção
Aperte a minha mão
Quebre o pé, descubra um ideal
Saiba que é preciso amar você
Não esqueça que estarei aqui
E corra, corra!
Azul, vermelho
Pelo espelho
A vida vai passar
E o tempo está no pensamento

(O amanhã colorido – Cidadão Quem)

90
Sobre os autores

Ana Carolina de Oliveira Salgueiro de Moura


Mestre em Educação Ambiental. Doutoranda em Educação em Ciências: Química da
Vida e Saúde da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Antônio Maurício Medeiros Alves


Professor Adjunto da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Doutor e Mestre em
Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

Berenice Vahl Vaniel


Professora da Educação Básica, Coordenadora de Tutoria e Professora da Curso de
Especialização Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação (TIC-Edu) da
FURG. Membro do Grupo de Pesquisa em Educação a Distância. Doutora em
Educação em Ciências. Mestre em Educação Ambiental. Licenciada em Ciências,
Habilitação em Física pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Carlos Alexandre Michaello Marques


Professor do curso de Pós-Graduação em Educação em Direitos Humanos
(PGEDH/FADIR-FURG) e professor colaborador e Pesquisador do Grupo
Transdisciplinar de Pesquisa Jurídica para a Sustentabilidade – GTJUS (CNPq) da
Faculdade de Direito (FADIR) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Mestrando em Direito pela Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS). Advogado.
Especialista em Gestão Ambiental em Municípios pela Universidade Federal do Rio
Grande (FURG) e em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela UNIDERP.

Carlos Andre Hüning Birnfeld


Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande
(FADIR/FURG/RS).Mestre e Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC).

Clarice Gonçalves Pires Marques


Coordenadora de Tutoria do Curso de Pós-Graduação em Educação em Direitos
Humanos (PGEDH/FADIR-FURG). Mestranda em Educação, na linha de pesquisa
Cultura, Linguagens e Utopias, na Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Advogada. Especialista em Gestão Ambiental em Municípios pela Universidade
Federal do Rio Grande (FURG). Especialista em Direito Tributário pela Rede Luiz Flávio
Gomes – LFG / Universidade Anhanguera (UNIDERP). Pesquisadora do Núcleo de
Pesquisa e Extensão em Direitos Humanos (NUPEDH/FADIR-FURG) e do Grupo
Transdisciplinar de Pesquisa Jurídica para a Sustentabilidade – GTJUS (CNPq) da
Faculdade de Direito (FADIR) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

91
Ivane Almeida Duvoisin
Doutora em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e
Mestre em Educação Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

92
..............................Anotações
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

93
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

94
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

95
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

96
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

97
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
________________________________________________________________

98
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

99
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

100

Você também pode gostar