cbc,+XVCongresso Artigo 0448
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Resumo:
A finalidade das administrações públicas municipais é disponibilizar serviços públicos à população, por
intermédio da execução dos orçamentos públicos. Entretanto, para correta aplicação dos recursos públicos é
fundamental o emprego de métodos de custos, que propiciem o conhecimento sobre os custos das operações
da entidade, a otimização dos recursos existentes e o controle sobre a sua execução. Os objetivos desta
pesquisa é verificar se os municípios da região centro sul do Estado do Paraná utilizam os métodos de custos
existentes na teoria para elaborar seus orçamentos públicos, identificar os métodos de custos empregados e
caso não utilizem que procedimentos adotam para valorar os programas, projetos e atividades constantes nos
orçamentos anuais. A metodologia é caracterizada como exploratória e qualitativa, utilizando-se de pesquisa
bibliográfica, estudo de caso e pesquisa documental. Os resultados indicaram que os municípios pesquisados
não usam os métodos de custos na elaboração de seus orçamentos anuais e que a sistemática predominante
empregada, para custear os projetos e atividades consignados nos orçamentos municipais, é observar o
ocorrido nos exercícios anteriores e ajustar os valores, se houver necessidade, na nova peça orçamentária.
1 Introdução
O alto custo de manutenção dos serviços públicos locais, combinado com a falta de
mecanismos de mensuração e avaliação de seus desembolsos, contribuem para a má aplicação
dos recursos existentes, especialmente nas administrações públicas dos pequenos municípios.
Para Silva (1999), a administração pública contemporânea vive um grande dilema:
receitas em declínio, altos índices de desemprego, exigências do cidadão por mais e melhores
serviços públicos, esgotamento da capacidade de tributar e de endividamento. Para resolver
esse dilema, é preciso que os administradores públicos desenvolvam uma série de
metodologias focadas na identificação das necessidades e no atingimento dos resultados.
Além de atender a todas as questões legais que envolvem a administração pública, os
gestores públicos municipais também precisam empreender esforços na aplicação de
instrumentos que levem a eficiente aplicação dos recursos públicos disponíveis, visando sua
otimização, como o emprego dos métodos de custeio ao planejamento municipal.
A aplicação de conceitos consagrados pela literatura da área de custos nas
administrações públicas municipais, possibilitará aos gestores acesso a importantes
informações sobre o dispêndio de recursos com os serviços públicos prestados, bem como,
obter parâmetros de comparação entre os custos previstos e os realizados, permitindo a
correção de possíveis distorções durante a execução, por meio, de revisões e/ou adequações.
Diante da finalidade precípua da administração pública, que é de satisfazer às
necessidades e os anseios da população por intermédio dos serviços públicos; a realização e a
manutenção de tais serviços são vitais para que os cidadãos possam manter e/ou melhorar sua
qualidade de vida. Segundo Slomski (2005, p. 55) “[...] com a evolução da sociedade [...], faz-
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se necessário que os gestores das entidades públicas conheçam os custos em suas entidades, a
fim de poderem tomar as melhores decisões [...].”
No que tange ao processo decisório, a importância dos custos é destacada por Martins
(2003, p. 22) afirmando que “[...] seu papel reveste-se de suma importância, pois consiste na
alimentação de informações sobre valores relevantes que dizem respeito às conseqüência de
curto e longo prazo [...].”
As entidades públicas municipais, devem procurar meios que auxiliem suas tomadas
de decisões, com o intuito de otimizar os seus recursos, revertendo-os na forma de mais e
melhores serviços à população. Destacando-se para tanto não só o conhecimento dos serviços
que são de resposabilidade do ente público, mas também dos custos de sua prestação. Neste
sentido é imprensindivel a aplicação dos métodos de custeio. Conforme afirma Slomski
(2005, p. 55) “[...] para medir a eficiência das atividades da administração pública, é vital o
conhecimento e a compreensão dos sistemas e dos métodos de custeio.”
Silva (1999) ensina que é importante para as entidades públicas estabelecer padrões de
eficiência e verificar, ao longo do tempo, se esses padrões são mantidos, mediante uma
vigilância constante sobre o detalhamento dos custos e despesas e sua apropriação aos
serviços.
A contabilidade de custos levava sempre a idéia de que era um instrumento de auxílio
à empresa em sua luta constante por sobrevivência e expansão, porém é técnica de extrema
utilidade para o administrador público, especialmente aquele que luta com poucos recursos
para atender aos grandes problemas da coletividade (LEONE, 1995, p. 12-13).
Para Almeida e Borba (2005) atualmente, existe a necessidade de se obter informações
de custos em todo tipo de organização, na indústria, no comércio, na prestação de serviços,
nas organizações sem fins lucrativos, em todas as áreas de atuação e, inclusive, no âmbito
governamental. As organizações privadas que prezam pela melhoria na utilização dos
recursos financeiros, utilizam as informações de custos para aproveitarem esses recursos de
uma forma mais eficiente. As organizações públicas também podem se aproveitar destas
técnicas.
Assim, é necessário que os administradores públicos, implementem meios para
conhecer e controlar os custos dos serviços públicos prestados no atendimento das
necessidades da população a qual servem, valendo-se de todos os meios administrativos e
funcionais que estiverem ao seu alcance. Diante do exposto, a presente pesquisa visa
responder a seguinte questão: Os pequenos municípios da região da Centro-Sul do Estado
do Paraná utilizam métodos de custos na elaboração de seus orçamentos públicos
anuais?
O objetivo geral é verificar por intermédio de uma pesquisa explorátoria, se os
pequenos municípios da região Centro-Sul do Estado do Paraná utilizam métodos de custos
como ferramenta de apoio para a elaboração de seus orçamentos anuais.
Especificamente, busca-se identificar, em caso afirmativo, que métodos de custos são
aplicados; a sistemática utilizada para realizar o custeamento dos programas orçamentários e
os benefícios alcançados. Busca, ainda, identificar, em caso negativo, as razões da não
utilização dos métodos de custos na elaboração dos orçamentos, que procedimentos são
utilizados para custear os projetos e atividades consignados nos orçamentos, assim como,
verificar as ações implantadas para atender a necessidade legal de implantar sistema de
custeio nas administrações públicas.
O trabalho é composto de cinco seções. A próxima sessão aborda o referencial teórico
e na terceira sessão é detalhada a metodologia. A quarta seção contempla os resultados da
pesquisa, objeto do presente estudo e na seqüência são apresentadas às considerações finais.
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2 Referencial teórico
O desenvolvimento desse estudo requer abordagem teórica do sistema de
planejamento da administração pública municipal, custeamento dos serviços públicos,
sistemas e os métodos de custos.
3 Metodologia
é a seguir caracterizada quanto aos objetivos, quanto aos procedimentos e quanto a
abordagem do problema.
A metodologia utilizada na presente pesquisa é caracterizada de acordo com os
objetivos como exploratória. Pois, pretende-se com esse estudo aumentar o conhecimento
sobre os métodos de custos utilizados pelas administrações públicas municipais na elaboração
de seus orçamento públicos, bem como, ter conhecimento dos procedimentos práticos usados
por essas entidades quando da valoração dos projetos e atividades que compõem os
orçamentos anuais.
A caracterização do estudo como pesquisa exploratória normalmente ocorre quando há
pouco conhecimento sobre a temática a ser abordada. Por meio do estudo exploratório, busca-
se conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou construir
questões importantes para a condução da pesquisa (RAUPP e BEUREN In BEUREN, 2003,
p. 80). Ainda segundo os autores, nas tipologias exploratórias, descritivas e explicativas “[...]
enquadram-se o estudo de caso, a pesquisa de levantamento, a pesquisa bibliográfica, a
pesquisa documental, a pesquisa participante e a pesquisa experimental”.
Os procedimentos aplicados foram a pesquisa bibliográfica, estudo multi-casos e
pesquisa documental. A análise e interperpretação das informações é de natureza qualitativa.
Por ser de natureza teórica, a pesquisa bibliográfica é parte obrigatória, haja vista que é por
meio dela que tomamos conhecimento sobre a produção científica existente. O material
consultado na pesquisa bibliográfica abrange todo referencial já tornado público em relação
ao tema de estudo. Por meio dessas bibliografias reúnem-se conhecimentos sobre a temática
pesquisada (RAUPP e BEUREN In BEUREN, 2003, p. 86-87).
Para Gil (1991, p. 58) o estudo de caso “[...] é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado
conhecimento [...]”. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas
exploratórias (GIL, 1991, p. 59). Triviños (1987, p. 133) relata que entre “[...] os tipos de
pesquisa qualitativa características, talvez o estudo de caso seja um dos mais relevantes”.
A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica, todavia não
levanta material editado, mas, busca material que não foi editado (MARTINS, 2006, p. 46). A
pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico,
ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa (GIL, 1991, p.
51).
Quanto a abordagem do problema, destacam-se as pesquisas qualitativa e quantitativa
(RAUPP e BEUREN In BEUREN, 2003, p. 91). Para Lakatos e Marconi (2004, p. 267) a
pesquisa qualitativa “[...] preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, [...].
Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, [...]”. Richardson (2008) afirma que os
estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de
determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar
processos dinâmicos vividos por grupos sociais.
A pesquisa quanto aos objetivos classifica-se como exploratória; quanto a abordagem
do problema qualitativa, pois pela sua complexidade e pela escassez de estudos aprofundados
sobre o tema serão necessárias análises profundas para conhecer a natureza do fenômeno
estudado, visando contribuir com um campo pouco explorado por estudos acadêmicos.
A população da pesquisa são os municípios paranaenses que compõem a micro-região
do Centro Sul, composta por 9 (nove) municípios, sendo que deste total de municípios, 5
(cinco) se propuseram a participar da pesquisa, configurando-se na amostra do estudo.
A coleta dos dados necessários ao desenvolvimento da presente pesquisa foi obtida
junto aos departamentos administrativos das prefeituras municipais, por meio de pesquisa
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documental nos orçamentos públicos municipais, seguida de entrevista estrutura aplicada aos
responsáveis pela elaboração das peças orçamentárias.
Primeiramente foram analisadas as peças orçamentárias dos exercícios financeiros de
2005, 2006 e 2007, objetivando subsídiar e estruturar a entrevista sobre o custeamento dos
projetos e atividades consignados no orçamento público municipal. Posteriormente, foi
elaborada e aplicada entrevista ao servidor, de cada um dos cinco municípios participantes da
pesquisa, no período de Janeiro/2008 à Junho/2008.
A entrevista foi estrutura com o objetivo de conhecer a estrutura de planejamento
municipal e os métodos de custos utilizados utilizados na elaboração dos orçamentos; os
procedimentos usados pelos municípios para custear o orçamento anual; o envolvimento da
estrutura administrativa municipal na elaboração da LOA e a visão quanto a obrigatoriedade
imposta pela LRF sobre a adoção de sistema de custos nas administrações públicas.
Nesta seção serão descritos os resultados encontrados pela presente pesquisa, com
base nas entrevistas realizados com os responsáveis pela elaboração dos orçamentos públicos
municipais, envolvendo os cinco municípios da região Centro Sul do Estado do Paraná.
entres os instrumentos que compõem o planejamento municipal (PPA, LDO e LOA), o que
normalmente não é possível observando apenas a execução orçamentária anterior.
As respostas indicam que em dois municípios existe uma participação efetiva das
secretarias e departamentos na elaboração dos orçamentos anuais; em um a participação é
parcial e nos outros dois não existe participação alguma. Conforme respostas obtidas, na
maioria dos municípios pesquisados a elaboração dos orçamentos anuais fica sob a
responsabilidade de determinada secretaria e/ou departamento. Esta deve ser uma das razões
para que na elaboração do novo orçamento sejam repetidos os valores executado no
orçamento do exercício anterior.
Também, foi indagado, ao respondente, se da forma como a entidade elabora o seu
orçamento público anual, os recursos municipais são alocados de forma eficiente e porque, no
Quadro 1 são apresentadas as respostas.
Opinião Razões
Sim Por estarem dando continuidade às ações antes implantadas, inserido novas e ainda
cumprindo os limites constitucionais das áreas de educação e saúde, sem
comprometer o orçamento das demais secretarias.
Sim Pelo fato de ser um pequeno município os gastos são facilmente identificados e
controlados e, também, pela facilidade de ajuste no orçamento por meio de decretos
do executivo.
Sim Porém, vemos a necessidade de serem implementados vários controles que ainda
não dispomos.
Procuram ser Porém, por circunstâncias como a variação da receita ou gastos efetivados além do
previsto, obrigam em determinadas áreas a realização de ajustes para atender as
despesas imprevistas.
Não Porque a atual administração não tem interesse e desconhece a importância do
planejamento orçamentário, com isso, o orçamento sofre muitas mudanças
desconfigurando sua proposta inicial.
Fonte: Elaborado pelos autores com dados da pesquisa
Quadro 1 – Opinião sobre a eficiência na aplicação dos recursos públicos
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Diante das respostas constantes no Quadro 1 observa-se que a sistemática usada para
custear os orçamentos públicos, nos municípios pesquisados, possui como base o que foi
executado nos exercícios anteriores, com ajustes para o próximo exercício. A maioria dos
municípios pesquisados considera essa prática eficiente e na atualidade atende as necessidades
dos municípios, mesmo que isso leve a muitas alterações da peça orçamentária original.
5 Considerações finais
O propósito principal desta pesquisa foi verificar se as administrações públicas
municipais da região centro sul do Estado do Paraná, utilizam os métodos de custos na
elaboração de seus orçamento anuais, assim como, em caso negativo, que outros
procedimento adotam para custear os programas, projetos e atividades cosignados em seus
orçamentos anuais.
Diante dos resultados apresentados verifica-se que as administrações públicas
municipais componentes da amostra não utilizam os métodos de custos, abordados na teoria,
na elaboração de seus orçamentos anuais. Dos municípios pesquisados, dois responderam que
utilizam os métodos de custeio previstos na teoria, custo direto e custo padrão, porém,
quando descrevem o procedimento usado para custear os programas do orçamento anual,
respoderam que é com base no ocorrido no exercício anteiror.
Os municípios pesquisados utilizam como procedimento para custear os programas,
projetos e atividades a serem consignadas nos orçamentos anuais a execução orçamentária dos
exercícios anteriores, procedendo ajustes desses valores no novo orçamento público, visando
antender as necessidades administrativas, políticas ou legais, como é o caso dos percentuais
mínimos que devem ser aplicados na área de educação e saúde.
As principais razões elencadas para a não utilização dos métodos de custos na
elaboração dos orçamentos municipais foram: a) falta de pessoal capacitado; b)falta de
interesse da administração; c) por desconhecimento da matéria pública; d) falta de exigência
superior para sua criação; e) complexidade e burocracia dos métodos existentes na teoria; f)
não é possível alocar de forma precisa os reais custos de cada serviço executado; e) falta ou
deficiência do departamento de controle interno.
Os resultados da pesquisa indicaram que nos municípios pesquisados, não existem
ainda, ações efetivas sendo desenvolvidas que resultem na utilização dos métodos de custos
consagrados na teoria sobre custos.
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Referências
ALMEIDA, A. G.; BORBA, J. A.. Gestão de custos na administração pública: aplicação do
custeio por absorção e do custeio variável em um laboratório municipal de análises clínicas.
In Anais: IX Congresso Internacional de Custos – Florianópolis – SC, 2005.
BORNIA, A. C. Mensuração das Perdas dos Processos Produtivos: Uma abordagem metodológica
de controle interno. Tese de Doutorado em Engenharia da Produção EPS. Universidade Federal de
Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, 1995.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
LEONE, G. S. G. Custos: um enfoque administrativo. 11. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV,
1995.
MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006.
RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2008.