Apostila Destilação
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DESTILAÇÃO
[Operações Unitárias] Márcio Vilar e Lourinaldo Jr.
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Operações Unitárias Industriais | Curso Técnico em Química Industrial | Campus Recife
Márcio Vilar e Lourinaldo Jr. [Operações Unitárias]
3.1 Introdução
3.2 Fundamentos
Volatilidade
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Ao colocar em recipiente sob vácuo, determinada quantidade de uma mistura líquida, por
exemplo, uma mistura de hidrocarbonetos, mantendo-se constante a temperatura deste recipiente, o
líquido tenderá a vaporizar-se até que alcance a pressão de equilíbrio entre a fase vapor e a fase líquida,
isto é, as moléculas da fase líquida passarão para a fase vapor, aumentando a pressão do recipiente até
que se tenha o equilíbrio entre as fases líquido e vapor. O ponto de equilíbrio é atingido quando o número
de moléculas que abandona o líquido para a fase vapor é exatamente igual ao número de moléculas que
abandona o vapor para a fase líquida. Tem-se, aí, o equilíbrio termodinâmico entre as fases líquido –
vapor.
A primeira porção do destilado será a mais rica em componentes mais voláteis. À medida que
prossegue a vaporização, o produto vaporizado torna-se mais volátil e o líquido residual torna-se menos
volátil, pois o percentual de componentes leves no líquido residual vai sendo esgotado. O destilado, que
é o vapor condensado, poderá ser coletado em porções separadas denominadas de cortes. Estes podem
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produzir uma série de produtos destilados com vários graus de pureza. Então, considerando-se uma
mistura de três substâncias:
Quando uma destilação em batelada ou destilação simples é efetuada, o primeiro corte, pequeno,
conteria predominantemente quase toda a substância A, o segundo corte, grande, conteria quase toda a
substância B, porém estaria contaminado com um pouco das substâncias A e C, e o líquido residual
seria, praticamente, a substância C pura. Assim sendo, apesar dos três cortes conterem todas as três
substâncias, alguma separação teria ocorrido neste processo de destilação.
O caso mais simples de uma separação por destilação é a Destilação Flash . Normalmente, a
corrente de alimentação (líquido) é aquecida num permutador de calor, passando depois por um “flash”
adiabático (despressurização rápida) que dá origem a duas correntes saturadas, uma de líquido e outra
de vapor, em equilíbrio. O tanque “flash” permite facilmente a separação e remoção das duas fases.
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pelo vertedouro e passa para o resfriador G. Este resfriador também pré-aquece a alimentação mediante
troca de calor com o produto de base que se encontra quente.
Os vapores que ascendem através da zona de retificação, se condensam totalmente no
condensador C e o condensado se recolhe no acumulador D no qual se manem um nível definido de
líquido. A bomba de fluxo F retira o líquido do acumulador e o envia ao prato superior da torre. Esta
corrente de líquido recebe o nome de refluxo. O refluxo constitui o líquido que desce pela seção de
retificação e que entrará em contato com o vapor que ascende pela coluna. Sem o refluxo não haveria
retificação nesta coluna e a concentração de produto de topo ou de cabeça não seria maior que a
concentração de vapor que ascende pelo prato de alimentação. O condensado que não é retirado pela
bomba de fluxo é resfriado pelo trocador de calor E, chamado de resfriador de produto, e é retirado
como produto de topo. Se não são formados azeótropos, os produtos de cabeça e de fundo podem ser
obtidos com uma pureza desejada mediante a existência de um número de pratos suficientes, desde que
se utilize o refluxo adequado.
Até pouco tempo este tipo de destilação só era utilizado quando os métodos convencionais eram
impraticáveis ou impossíveis ,como no caso da separação de misturas azeotrópicas. Todavia, hoje em
dia a destilação extrativa é muito utilizada para separar componentes com volatilidades muito próximas,
A separação dos componentes de uma mistura azeotrópica é impossível de ser realizada por
destilação fracionada,a nãoser que se empregue algum meio especial para desviar do azeotropo. O meio
mais prático é chamado destilação azeotrópica e consiste em acrescentar um outro componente a
mistura que vai ser separada, como no caso da destilação extrativa. A diferença reside na volatilidade
do componente acrescentado, que neste caso é essencialmente a mesma dos componentes a separar,
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enquanto na destilação extrativa o solvente era praticamente ão-volatil comparado com os do sistema.
Nestas condições o componente acrescentado forma um azeotropo com um mais dos componentes a
separar ,devido a diferenças de polaridade. Também na destilação azeotrópica o agente de separação é
alimentado próximo ao topo da coluna, porém neste caso a maior parte saí no vapor de topo. Reside
neste fato a principal diferença entre os dois tipos de operação. Na destilação extrativa o solvente é
menos volátil do que os componentes a separar, sua concentração é relativamente constante em todas as
placas e ele é quase todo retirado pelo refervedor. Na destilação azeotrópica o agente acrescenta acha-
se praticamente na porção superior da coluna e sua concentração decresce na direção do fervedor. O
efeito do agente de separação é, mais uma vez, a alteração da volatilidade relativa dos componentes a
separar a ele deve, em principio, satisfazer aos mesmos requisitos discutidos no caso do solvente da
destilação . O modo de ultrapassar o azeotropo utilizado neste modo de operar é semelhante ao da
destilação de líquidos parcialmente miscíveis, como água e isobutanol. Não é necessário produzir um
azeotropo ternário como produto de topo, mas é essencial que o condensado forme duas fases. Todavia,
alguns sistemas não produzem vapor de topo que condensa duas fases liquidas, de modo que algum
outro tipo de operação deverá ser utilizado para desdobrar o produto de topo, como por exemplo diluição
ou extração
Os vapores formados na base da coluna circularão de forma ascendente. Parte destes serão condensados
ao longo do percurso na torre, retornando na forma líquida e permitindo um contato íntimo entre o vapor
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ascendente e o líquido descendente ao longo da torre. Dependendo do tipo de interno da coluna, o contato
entre a fase líquida e vapor poderá atingir níveis que melhorarão as condições da separação desejada.
2 – Condensador: Tem como finalidade proceder à condensação dos vapores leves que atingem o topo
da coluna. Após a condensação, tem-se o produto destilado desejado com a composição especificada. O
processo requer, portanto, dois trocadores de calor, ambos de mudança de fase, refervedor procedendo
à vaporização e o condensador efetuando a condensação das frações. Em alguns projetos, o refervedor
poderá ser substituído por uma injeção de vapor d’água no fundo da coluna de destilação.
3- Torres de destilação: Na coluna, há o contato entre as fases líquidas e vapor. O problema resume-se
em contato perfeito entre as fases, e consequentemente, a altura da torre deve ser adequada ao tipo de
separação que se deseja. A cada mistura corresponderá uma altura definida de coluna, que poderá ser
perfeitamente calculada para a separação desejada. Existem três tipos convencionais de colunas de
destilação: colunas com pratos e borbulhadores, colunas com pratos perfurados e colunas com recheios.
Todas funcionam com o mesmo princípio, ou seja, promover de forma mais perfeita possível o contato
entre as fases líquido e vapor.
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Figura 7. Prato com borbulhadores e fluxo cruzado. (Fonte: Operaciones Unitarias en ingineria química; McCabe,
W.L., Smith, J.C., Harriott, P., 4 a edição, McGraw Hill, 1998.)
Uma modificação mais moderna dos pratos perfurados simples é a bandeja valvulada. As
perfurações numa bandeja valvulada são cobertas por opérculos móveis, conforme os que aparecem na
Figura 10. Os opérculos são levantados pelo gás que flui para cima através das perfurações, e abaixam-
se sobre o orifício quando a velocidade do gás diminui. Desta forma reduzem-se o vazamento do líquido
a baixas pressões. Além disso, as válvulas direcionam o gás horizontalmente no liquido, proporcionando
misturação mais completa que nos pratos perfurados simples, onde o gás passa verticalmente pela
camada líquida. As perfurações nas bandejas valvuladas são, frequentemente, maiores que nos pratos
perfurados simples.
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B) Recheios randômicos - São peças de diversas geometrias, das mais simples até as mais
complexas, como as em forma de anéis lisos ou recortados, selas, brita, malhas e telas etc. As peças são
colocadas na seção a ser recheada de maneira aleatória até que a seção esteja cheia. Podem ser também
metálicos e não-metálicos (inclusive cerâmicos) (Figura 12).
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As torres que utilizam recheios são muito competitivas com as torres que contêm pratos com
borbulhadores ou pratos perfurados e apresentam ainda algumas vantagens, tais como:
a) Geralmente são projetos mais econômicos, por serem mais simplificados;
b) Apresentam pequena perda de carga;
c) Não estão sujeitas às formações de espuma.
Os recheios são disponibilizados em seções, sobre suportes de sustentação, o que impede uma
compactação e/ou uma descompactação localizada, que formaria caminhos preferenciais ao longo da
coluna (Figura 13).
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se tenha que ter uma coluna de diâmetro maior. Por isso, é necessário fazer um balanço econômico ao
se determinar o grau de arraste que deve ser eliminado.
Embora a formação de espuma num prato proporcione maior área superficial de contato gás-
líquido e por isso taxas de transferência de massa mais elevadas, o espumejamento excessivo encherá
com a espuma o espaço entre os pratos e acarretará um arraste muito grande.
A inundação da coluna ocorre quando há arraste excessivo ou quando há acúmulo demasiado
de líquido no vertedor descendente. A inundação e´o resultado de se tentar fazer passar ou muito gás ou
muito líquido através da coluna. Um ponto fundamental ao se escolher o diâmetro da coluna é o de evitar
a inundação. O espaçamento entre os pratos deve ser suficiente para que acima da espuma no líquido
haja um espaço livre, de modo a minimizar-se o arraste. Nas colunas grandes, o espaçamento deve ser
pelo menos 0,6 m, para permitir que o pessoal da manutenção opere entre as bandejas. Um espaçamento
menor leva a uma coluna mais curta, mais baixa, mas leva também a um arraste que força a adição de
mais pratos e ao aumento da altura e do custo da coluna.
Referências
1. Felder, R. M, Rousseau, R. W., Princípios Elementares dos Processos Químicos, LTC, 3a Ed., 2005.
2. McCabe, W.L., Smith, J.C., Harriott, P., Operaciones Unitarias en ingineria química; 4a edição,
McGraw Hill, 1998
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