Dissertação de Mestrado
Dissertação de Mestrado
Coimbra, 2015
DOENÇA MENTAL, QUALIDADE DE VIDA E
SOBRECARGA NA FAMÍLIA
Coimbra, 2015
Agradecimentos
Um obrigado especial aos Professores Doutores Nuno Gomes e Luís Grilo, que
tiverem a gentiliza de oferecer a sua pequena, mas essencial, contribuição.
Em último lugar, não sendo de todo pessoas menos importantes, um obrigado enorme
à minha família, amigos e namorado pelo apoio e incentivo contante que me deram a
motivação necessária para nunca desistir. Por toda a vossa paciência e amizade, obrigado por
fazerem parte da minha vida.
Resumo
Resultados: Os sujeitos diagnosticados com doença mental apresentam uma boa perceção de
qualidade de vida e os seus familiares referem uma sobrecarga relativamente baixa. As
mulheres doentes apresentam uma perceção de qualidade de vida mais baixa, nos domínios
físico e ambiental, em comparação com os homens. Os doentes cujos cuidadores são
mulheres referem melhor qualidade de vida. Não foram, contudo, encontradas diferenças na
perceção de qualidade de vida em função do diagnóstico dos pacientes e da existência de
acompanhamento psicológico.
Conclusões: Esta investigação permite concluir que os indivíduos doentes e seus familiares
são resilientes. Os familiares demonstram atitudes positivas em relação aos cuidados ao
doente. São discutidas possíveis explicações clínicas destes resultados e acerca das práticas
dos profissionais de saúde mental.
Objective: The present work aims to analyse the relation between quality of life of persons
with mental illness and the family burden experienced by their caregivers.
Results: The mentally ill subjects report high perception of quality of life and their caregivers
report low values of family burden. The women diagnosed with mental illness report lower
quality of life – related to physical health and social relationships – comparing to men. The
mentally ill whose caregivers are women report better quality of life. However, no
differences were found in quality of life regarding the diagnostic and the existence of
psychological therapy.
Conclusions: This investigation shows that individuals diagnosed with a mental illness and
caregivers are resilient. The families demonstrate positive attitudes towards mentally ill and
care giving. Possible clinical explanations for these results are discussed and some reflections
of mental health practices by professionals are made.
Introdução …………………………………………………………………………...…… 1
Participantes ...…………………………………………………………………………. 11
Procedimentos ...……………………………………………………………………….. 14
Instrumentos ...…………………………………………………………………………. 14
Resultados ………………………………………………………………………………... 17
Conclusões ……………………………………………………………………………….. 36
Bibliografia ………………………………………………………………………………. 38
Anexos ……………………………………………………………………………………. 44
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Introdução
O conceito de doença mental carece de uma definição operacional sólida que englobe
todas as situações devido à sua natureza subjetiva e evolução progressiva. Contudo, a
American Psychiatric Association (DSM-IV-TR, 2006, p. xxxi) conceptualiza a perturbação
mental como “uma síndrome ou padrão comportamental ou psicológico clinicamente
significativos que ocorrem num sujeito e que estão associados com ansiedade atual (por
exemplo, incapacidade em uma ou mais áreas importantes de funcionamento) ou com um
risco significativamente aumentado de sofrer morte, dor, incapacidade ou uma perda
importante de liberdade”. As estimativas iniciais da Organização Mundial de Saúde (2001)
indicam que cerca de 450 milhões de pessoas sofrem perturbações mentais, sendo a depressão
a principal causa de incapacitação em todo o mundo.
O impacto que esta doença tem na vida do sujeito e da sua família depende do
diagnóstico, da intensidade, do prognóstico e de fatores individuais e familiares (Becker,
Diamond, & Sainfort, 1996; Torresan, Smaira, Ramos-Cerqueira, & Torres, 2008; Zivin,
Wharton, & Rostant, 2013), que afetam a qualidade de vida do doente. O conceito de
qualidade de vida tem em conta: a saúde física e psicológica, a ocupação e atividades de
lazer, o ambiente social e financeiro, bem como os sintomas e perspetivas de vida (Becker,
Diamond, & Sainfort, 1993). É, portanto, um termo subjetivo que depende dos valores
individuais de cada um, da cultura e de diversos outros fatores.
Neste sentido, a investigação de Atkinson, Zibin, & Chuang (1997) demonstraram que
a qualidade de vida do doente mental depende do diagnóstico. Nos EUA, 141 pacientes de
duas clínicas de saúde mental preencheram a Quality of Life Index (uma escala que pretende
avaliar a saúde e o funcionamento global do indivíduo, tendo em conta fatores
socioeconómicos, bem-estar psicológico/espiritual e ambiente familiar). Os pacientes tinham
os seguintes diagnósticos: esquizofrenia, perturbação bipolar e depressão. Os sujeitos
diagnosticados com depressão e perturbação bipolar referiram pior qualidade de vida
comparativamente com os pacientes esquizofrénicos. Porém, a investigação concluiu que
estes últimos são mais afetados pela doença, visto que esta se desenvolve mais cedo, está
relacionada com mais internamentos hospitalares e a maior parte dos pacientes nunca
casaram. Há também uma falta de laços familiares, tanto com a família de origem como com
a alargada. Todavia, apesar de possuírem um nível menor de satisfação geral com a vida, os
dois grupos de perturbações de humor, referiram um maior nível de educação académica,
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
autoestima afeta o nível de esperança que a pessoa possui acerca do futuro (Mashiach-
Eizenberg et al., 2013).
Os doentes mentais parecem possuir dificuldades em gerir a informação acerca do
diagnóstico, o que pode causar níveis elevados de stresse, ansiedade e desconforto. Alguns
indivíduos, receando a rejeição, escolhem não divulgar aspetos mais estigmatizantes da
doença a amigos, familiares e/ou colegas de trabalho (Dinos, Stevens, Serfaty, Weich, &
King, 2004). A forma como a doença mental, particularmente as perturbações psicóticas
(Dinos et al., 2004), é representada nos meios de comunicação social apenas contribui para a
manutenção destes estereótipos (Arboleda-Flórez, 2002; Byrne, 2000; Hayward & Bright,
1997). É comum as pessoas não procurarem tratamento, ou até recusar o internamento, se se
sentirem vítimas das atitudes e comportamentos estigmatizantes da sociedade (Dinos et al.,
2004; Rüsch, Angermeyer, & Corrigan, 2005).
Deste modo, pode afirmar-se que o estigma, como um conjunto de opiniões negativas
e generalizadoras, afeta a reabilitação e a qualidade de vida dos indivíduos portadores de
perturbações mentais, rotulando-os como pessoas perigosas, irresponsáveis, preguiçosas e
antipáticas (Corrigan & Watson, 2002; Crisp, Gelder, Rix, Meltzer, & Rowlands, 2000;
Sartorius, 2002).
As perturbações mentais possuem uma conotação distinta das doenças físicas, pois são
pouco divulgadas e encontram-se cercadas de mitos (Moura, Almeida, & Dal Pozzo, 2011).
Atualmente, sabe-se que a doença mental possui uma etiologia complexa de fatores
biológicos, psicológicos e sociais (Atkinson, et al., 1997; Jönsson, Skärsäter, Wijk, &
Danielson, 2011; Mashiach-Eizenberg, et al., 2013; Spadini & Souza, 2006). Torna-se, então,
necessária uma abordagem multidisciplinar adequada com a finalidade de ressocializar o
doente mental.
Com a evolução dos tratamentos psiquiátricos e farmacológicos, os indivíduos
portadores de doenças mentais vêm sendo mantidos na comunidade e acompanhados em
ambulatório pelos serviços de saúde mental (OMS, 2001). Assim, a responsabilidade pelos
cuidados ao doente passa a ser menos das instituições e mais das famílias.
Segundo Osório (1996, citado por Moura et al., 2011), a família tem como objetivo
preservar, nutrir e proteger os seus elementos. Deve ainda promover a identidade pessoal, a
transmissão de valores e a socialização. O entendimento e a aceitação da doença mental por
parte da família têm uma grande importância na reabilitação do indivíduo com doença
mental.
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
um familiar diagnosticado com uma doença severa. Assim, os autores do estudo chegaram à
conclusão que o insight da doença mental aumenta a sobrecarga, visto que esse mesmo
insight aumenta o auto-estigma dos pais. Muitas vezes, a família perceciona-se como uma
extensão da pessoa com a doença, ou, então, sente-se a causadora da mesma. Ambas as
possibilidades geram vergonha e culpa, o que aumenta o auto-estigma da família. Os pais que
referem uma maior sobrecarga podem procurar mais informação sobre a doença, o que, por
sua vez, pode aumentar o seu insight (Hasson-Ohayona et al., 2011).
Para além destes aspetos, a situação pode piorar quando ambos os parceiros de um
casal têm uma perturbação mental. Os processos interpessoais do funcionamento matrimonial
são deteriorados devido à concordância psicopatológica nos dois companheiros, termo
utilizado por Van Orden et al. (2012).
Van Orden et al. (2012) estudaram a relação entre o funcionamento matrimonial e os
padrões, relativamente ao sexo dos participantes, de desenvolvimento de uma perturbação
mental. A investigação ocorreu nos EUA e participaram 304 casais heterossexuais
concordantes para a Perturbação Depressiva Major (PDM) e a Perturbação de Abuso de
Substâncias (PAS). Os sujeitos foram entrevistados acerca da sua psicopatologia através de
uma versão modificada (de modo a incluir os critérios de diagnóstico do DSM-IV) da
Structured Clinical Interview for DSM-III-R – versão não-paciente. No sentido de recolher
informação sobre a história familiar e a qualidade da relação matrimonial, foram aplicadas a
Family Informant Schedule and Criteria e a Dyadic Adjustment Scale, respetivamente. Os
resultados obtidos sugerem que as características da concordância matrimonial (como a
ordem pela qual o parceiro desenvolve a doença e o sexo) têm implicações no funcionamento
matrimonial.
As mulheres desenvolvem a depressão mais cedo e, nos homens, o abuso de
substâncias surge quando são mais novos. Desta forma, no que diz respeito à PDM, é
provável que quando os maridos desenvolvem a doença primeiro que as mulheres, a
severidade da depressão seja maior, originando danos no relacionamento matrimonial, como
distanciamento relacional entre o casal – diminuição da intensidade da interação entre marido
e mulher. De forma semelhante, é possível que as mulheres experienciem uma forma
particular mais severa de PAS quando desenvolvem a doença mais cedo que os maridos. Em
relação à concordância PAS, os casais nos quais as mulheres desenvolvem a doença primeiro
que os maridos referem níveis mais baixos de satisfação matrimonial sob a forma de agitação
relacional. Por agitação relacional entende-se discussões, comportamentos agressivos, etc.
(Van Orden et al., 2012).
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
cuidadores do sexo masculino (Spadini & Souza, 2006; Zauszniewski, Bekhet, & Suresky,
2009).
Apesar das dificuldades que a família tem de enfrentar aquando o diagnóstico, nem
todas percecionam o ato de cuidar da mesma forma. Zegwaard, Aartsen, Grypdonck e
Cuijpers (2013) realizaram uma investigação, na Holanda, em que o conceito de liberdade de
escolha é referido como a chave para explicar as grandes diferenças do impacto da doença
mental na sobrecarga familiar. Foram entrevistados 19 cuidadores de duas organizações de
saúde mental acerca de acontecimentos, situações e/ou conversas, que tenham tido com o
familiar, sobre o cuidado da sua vida diária. Os resultados mostram que a perceção da
liberdade de escolha é definida como um estado psicológico não-consciente no qual o
cuidador sente que pode escolher desistir do papel de cuidador. Este conceito pode levar a
dois tipos de cuidadores distintos: os cuidadores tipo 1 e os cuidadores tipo 2. Nestes últimos,
cuidadores tipo 2, o cuidado é visto como uma consequência lógica e inevitável da partilha
das suas vidas com o familiar portador da doença mental. Para eles, é impossível desistir do
papel de cuidar, pois não conseguiriam lidar com sentimento de “abandonar o familiar” se
não cuidassem total ou quase totalmente dele. Todos os níveis de interação entre o cuidador,
o doente, o ambiente social e o relacionamento interpessoal são afetados pela sobrecarga. Os
cuidadores sentem falta de autorrealização e intimidade com os seus parceiros. Nestas
circunstâncias, o cuidado pode levar à perda, sofrimento e esgotamento (Zegwaard et al.,
2013).
No que diz respeito aos cuidadores tipo 1, estes experienciam o cuidado como
voluntário, o que contribui para uma melhoria da qualidade de vida do doente. Estes
cuidadores baseiam o seu apoio na simpatia e compaixão. Eles não providenciam todo o
cuidado, sabem dividir e delegar tarefas e é importante que o cuidado seja bem organizado.
Nesta situação, o cuidado é considerado como satisfatório e enriquecedor, e dificilmente
experienciam sobrecarga (idem).
Posto isto, embora algumas famílias sejam perturbadas por crises ou stresses crónicos,
muitas conseguem emergir mais fortes e desembaraçadas. A resiliência, ou seja, a capacidade
para ultrapassar e evoluir através dos desafios da vida, tem-se tornado num conceito
importante na temática da saúde mental (Walsh, 2003).
Nos EUA, 60 sujeitos do sexo feminino cuidadores de familiares com uma doença
mental participarem num estudo de Zauszniewski et al. (2009), com o intuito de examinar os
efeitos de os fatores de risco – como a sobrecarga do cuidador, sentimentos de estigma,
dependência do familiar e disrupção familiar – e os fatores de proteção – nomeadamente,
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
fornece apoio social, partilha de experiências e redução do estigma e isolamento das famílias
(Jarrott & Roberto, 2008), diminuindo assim a sensação de sobrecarga (Meis et al., 2013).
Os profissionais de saúde mental têm vindo a implementar uma variedade de
programas psicoeducacionais como forma de fornecer informações sobre a doença mental e
aliviar o sofrimento dos familiares. No entanto, este tipo de intervenção é ainda pouco
utilizado na prática clínica, geralmente, devido ao escasso contacto existente entre os técnicos
de saúde e as famílias (Dixon et al., 2001; Fadden, 1998).
No atual sistema de saúde português, o desenvolvimento de serviços comunitários não
é tarefa fácil. As direções dos serviços gozam de reduzida autonomia e têm que enfrentar
inúmeros constrangimentos burocráticos para promover a criação de dipositivos na
comunidade. A composição habitual das equipas profissionais baseia-se no modelo hospitalar
mais tradicional – médicos e enfermeiros para o internamento – sendo difícil convencer as
administrações de que é necessário alterar esta composição e contratar outros técnicos
(Caldas de Almeida & Xavier, 1997). A falta de motivação por parte dos profissionais de
saúde (Gonçalves-Pereira, Xavier, Neves, Barahona-Correa, & Fadden, 2006), aliada à falta
de recursos e má gestão dos mesmos, bem como à enorme escassez de investigação nesta área
(Caldas de Almeida & Xavier, 1997), contribui para a desvalorização das intervenções
familiares.
Com o presente estudo, procura-se estudar a relação entre a qualidade de vida dos
doentes e a sobrecarga familiar suportada pelos cuidadores, e a possível associação entre
estas variáveis com algumas características sociodemográficas (idade, sexo, estado civil, etc.)
e clínicas (diagnóstico, número de internamentos, seguimento psicológico, entre outras) dos
participantes.
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Materiais e Métodos
Participantes
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Tabela 1
Dados sociodemográficos dos participantes (doentes)
Variáveis N % M (DP) Min Max
Sexo (n = 62)
Masculino 30 48,4
Feminino 32 51,6
Idade (n = 62)
18 – 35 anos 17 27,4
36 – 49 anos 21 33,9 45,23 (15,88) 18 77
50 – 69 anos 20 32,3
≥ 70 anos 4 6,5
Estado civil (n = 62)
Solteiro 18 29,0
Casado/união de facto 29 46,8
Divorciado/separado 12 19,4
Viúvo 3 4,8
Habilitações literárias (n = 62)
1º ciclo 16 25,8
2º ciclo 5 8,1
3º ciclo 11 17,7
Secundário 23 37,1
Licenciatura 6 9,7
Analfabeto 1 1,6
Situação laboral (n = 62)
Estudante 7 11,3
Empregado 20 32,3
Desempregado/reformado 35 56,5
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Tabela 2
Principais dados clínicos dos participantes (doentes)
Variáveis N % M (DP) Min Max
Diagnóstico (n = 62)
Perturbação Bipolar 10 16,1
Esquizofrenia 15 24,2
Depressão 25 40,3
Perturbações de Ansiedade 10 16,1
Outros 2 3,2
Tempo que tem o diagnóstico (n = 62)
< 6 meses 5 8,1
6 meses – 1 ano 8 12,9
> 1 – 5 anos 18 29,0
> 5 – 10 anos 13 21,0
> 10 anos 18 29,0
Tempo que tem seg. psiquiátrico (n = 62)
< 6 meses 3 4,8
6 meses – 1 ano 8 12,9
> 1 – 5 anos 16 25,8
> 5 – 10 anos 16 25,8
> 10 anos 19 30,6
Número de internamentos (n = 62)
0–1 32 51,6
2–4 24 38,7 1,92 (1,96) 0 7
≥5 6 9,7
Seguimento psicológico (n = 62)
Sim 26 41,9
Não 36 58,1
Tempo que tem seg. psicológico (n = 26)
< 6 meses 10 16,1
6 meses – 1 ano 11 17,7
> 1 ano 5 8,1
Notas: seg. = seguimento.
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Tabela 3
Características sociodemográficas dos participantes (familiares dos doentes)
Variáveis N % M (DP) Min Max
Sexo (n = 62)
Masculino 25 40,3
Feminino 37 59,7
Idade (n = 62)
18 – 35 anos 8 12,9
36 – 49 anos 13 21,0 53,21 (15,70) 18 84
50 – 69 anos 31 50,0
≥ 70 anos 10 16,1
Grau de parentesco com o doente (n = 62)
Pai/mãe 23 37,1
Cônjuge 26 41,9
Filho/filha 9 14,5
Outros 4 6,5
Procedimentos
Instrumentos
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
al., 2007); e 3) Questionário de Problemas Familiares (QPF) (Xavier, Pereira, Corrêa, &
Almeida, 2002).
O questionário de dados sociodemográficos e complementares pretendeu recolher as
características principais dos doentes, nomeadamente dados pessoais (sexo, idade, estado
civil, etc.) e clínicos (diagnóstico, número de internamentos, seguimentos psicológico, etc.).
Este questionário era preenchido pelos próprios utentes e, em caso de dúvida, eram
consultados os processos clínicos dos mesmos.
O Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde
(WHOQOL-BREF), também preenchido pelos doentes, destina-se à avaliação da perceção de
indivíduos adultos (com ou sem patologia) em relação à sua qualidade de vida. Consiste num
questionário de autorresposta, composto por 26 itens obrigatórios, que contempla a influência
da saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações sociais, crenças pessoais
e características ambientais. As perguntas encontram-se organizadas em quatro escalas de
resposta de tipo Likert de 5 pontos (intensidade, capacidade, frequência e avaliação)
(Canavarro et al., 2007). Existe uma versão longa com 100 itens (Canavarro et al., 2006),
destinado a populações clínicas, que não foi aplicado por se considerar demasiado complexo
e extenso para os participantes em causa, que apresentam um diagnóstico de doença mental.
O instrumento encontra-se organizado em quatro domínios: físico (que corresponde
aos itens: 1, 2, 3, 9, 10, 11 e 12), psicológico (dos quais fazem parte os itens: 4, 5, 6, 7, 8 e
24), relações sociais (itens: 13, 14 e 15) e ambiente (os itens são: 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e
23). Relativamente à cotação, de forma a obter os resultados de cada domínio, são somados
todos os itens (exceto os itens 3, 4 e 26 que correspondem a itens invertidos e, por isso,
implicam a sua subtração) e dividido pelo resultado do número de itens correspondentes a
cada domínio multiplicado por 4; o resultado final é multiplicado por 100, visto que a
Organização Mundial de Saúde (OMS) optou por transformar os resultados numa escala de 0
a 100. O estudo de validação do WHOQOL-BREF para a população portuguesa de Canavarro
et al. (2007) demonstrou uma consistência interna (alfa de Cronbach) de 0,79 considerando o
conjunto dos domínios (físico = 0,87; psicológico = 0,84; relações sociais = 0,64; e ambiente
= 0,78).
O Questionário de Problemas Familiares (QPF) foi respondido pelo familiar do doente
e trata-se de um instrumento que pretende avaliar o grau da sobrecarga familiar no cuidado de
indivíduos diagnosticados com uma perturbação mental. É um instrumento de
autopreenchimento constituído por 29 itens obrigatórios, que abrange as áreas de repercussão
da doença na família (interação familiar, rotina familiar, lazer, trabalho, saúde mental e física,
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Análise estatística
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Resultados
Qualidade de vida
Tabela 4
Resultados da perceção de qualidade de vida geral em função dos dados sociodemográficos dos doentes
Variáveis M (DP) Min Max t (p) F (p)
Sexo
Masculino (n = 32) 51,39 (11,12) 33,11 77,08 1,883 (0,65)
Feminino (n = 30) 46,11 (10,98) 25,56 73,33
Idade
18 – 35 anos (n = 17) 53,30 (11,10) 36,06 77,08
36 – 49 anos (n = 17) 46,67 (10,98) 26,34 76,90 1,351 (0,267)
50 – 60 anos (n = 20) 47,14 (11,81) 25,56 73,10
≥ 70 anos (n = 4) 47,05 (8,39) 37,95 55,10
Estado civil
Solteiro (n = 18) 51,28 (12,13) 33,11 77,08
Casado/união de facto (n = 29) 47,71 (12,41) 25,56 76,90 0,551 (0,650)
Divorciado/separado (n = 12) 48,20 (6,51) 37,83 61,12
Viúvo (n = 3) 44,08 (11,38) 31,32 53,20
Habilitações literárias
1º ciclo (n = 12) 45,07 (11,75) 25,50 73,10
2º ciclo (n = 5) 46,15 (16,03) 26,34 68,23
3º ciclo (n = 11) 54,61 (11,42) 42,52 76,90 1,236 (0,305)
Secundário (n = 23) 49,62 (9,25) 38,06 77,08
Licenciatura (n = 6) 47,56 (11,81) 33,11 63,58
Analfabeto (n = 1) 37,95
Situação laboral
Estudante (n = 7) 54,98 (12,31) 38,06 73,33
Empregado (n = 20) 46,82 (7,60) 32,11 59,23 1,389 (0,257)
Desempregado/reformado (n = 35) 48,46 (12,60) 25,56 77,08
Agregado familiar
Pais e irmãos (n = 22) 49,76 (10,76) 33,11 77,08
Cônjuge e filhos (n = 34) 47,26 (11,99) 25,56 76,90 0,526 (0,666)
Sozinho (n = 4) 51,44 (7,54) 43,71 61,12
Outros (n = 2) 55,02 (14,31) 44,90 65,14
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Tabela 5
Resultados dos domínios da perceção de qualidade de vida em função dos dados sociodemográficos dos
doentes
Domínio 1 Domínio 2 Domínio 3 Domínio 4
(físico) (psicológico) (relações sociais) (ambiente)
Variáveis M (DP) M (DP) M (DP) M (DP)
Sexo t (p) t (p) t (p) t (p)
Masculino (n = 32) 55,7 (12,0) 2,79 45,8 (14,1) 0,93 44,4 (20,3) 0,04 59,6 (8,0) 2,59
Feminino (n = 30) 45,0 (17,6) (0,01) 42,5 (14,6) (0,36) 44,3 (16,0) (0,97) 52,7 (12,2) (0,01)
Idade F (p) F (p) F (p) F (p)
18 – 35 anos (n = 17) 58,1 (10,7) 47,3 (14,7) 48,5 (22,7) 59,2 (8,1)
36 – 49 anos (n = 17) 50,7 (15,9) 3,54 42,9 (14,3) 0,71 38,1 (14,6) 2,04 55,1 (10,8) 0,86
50 – 60 anos (n = 20) 45,9 (14,9) (0,02) 44,2 (15,3) (0,56) 44,6 (16,1) (0,12) 53,9 (13,1) (0,47)
≥ 70 anos (n = 4) 34,8 (26,1) 36,5 (4,0) 58,3 (15,2) 58,6 (10,0)
Estado civil F (p) F (p) F (p) F (p)
Solteiro (n = 18) 57,5 (10,9) 45,4 (15,1) 43,5 (23,8) 58,7 (7,7)
Casado/união facto 46,4 (19,6) 44,5 (14,9) 46,6 (16,3) 53,3 (13,3)
(n = 29) 2,06 1,98 0,61 1,15
Divorciado/separado 49,7 (9,2) (0,12) 45,8 (9,7) (0,13) 38,9 (10,9) (0,61) 58,3 (6,8) (0,34)
(n = 12)
Viúvo (n = 3) 44,1 (14,4) 25,0 (11,0) 50,0 (22,1) 57,3 (12,6)
Hab. literárias F (p) F (p) F (p) F (p)
1º ciclo (n = 12) 41,7 (16,3) 39,8 (17,4) 47,9 (17,9) 50,8 (14,4)
2º ciclo (n = 5) 48,6 (28,3) 45,0 (11,2) 36,7 (17,3) 54,4 (18,6)
3º ciclo (n = 11) 57,5 (13,4) 3,13 52,3 (14,2) 1,12 48,5 (15,7) 0,53 60,2 (6,7) 1,37
Secundário (n = 23) 54,2 (11,2) (0,02) 44,0 (12,2) (0,36) 43,3 (17,9) (0,75) 57,9 (7,7) (0,25)
Licenciatura (n = 6) 51,2 (9,2) 41,0 (14,3) 40,3 (26,6) 57,8 (5,9)
Analfabeto (n = 1) 14,3 37,5 50,0 50,0
Situação laboral F (p) F (p) F (p) F (p)
Estudante (n = 7) 61,7 (10,0) 50,6 (15,3) 46,4 (22,0) 61,2 (8,8)
Empregado (n = 20) 50,0 (11,2) 2,26 43,1 (11,2) 0,81 40,4 (15,1) 0,69 53,8 (7,1) 1,24
Desempregado/ 48,0 (18,4) (0,11) 43,3 (15,7) (0,45) 46,2 (19,0) (0,50) 56,3 (12,7) (0,30)
reformado (n = 35)
Agregado familiar F (p) F (p) F (p) F (p)
Pais e irmãos (n =22) 55,2 (10,3) 44,3 (13,6) 41,3 (21,1) 58,2 (7,38)
Cônjuge e filhos 46,5 (18,4) 1,68 43,8 (14,9) 0,40 45,3 (15,8) 0,48 53,4 (12,6) 2,00
(n = 34) (0,18) (0,75) (0,70) (0,12)
Sozinho (n = 4) 48,2 (16,6) 40,6 (15,0) 52,1 (18,5) 64,8 (6,4)
Outros (n = 2) 60,7 (10,1) 54,2 (17,7) 45,8 (29,5) 59,38 (0)
Notas: Hab. = Habilitações.
19
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
De seguida (tabela 6), procedemos à análise da qualidade de vida geral em função das
características clínicas dos doentes.
Não se observaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos
relativamente às variáveis: diagnóstico, tempo de diagnóstico, existência de seguimento
psicológico e tempo do seguimento, no que concerne à perceção de qualidade de vida geral.
Tabela 6
Resultados da perceção de qualidade de vida geral em função dos dados clínicos dos doentes
Variáveis M (DP) Min Max t (p) F (p)
Diagnóstico
Perturbação Bipolar (n = 10) 45,29 (5,97) 31,32 54,20
Esquizofrenia (n = 15) 55,49 (11,36) 37,83 77,08 2,110 (0,091)
Depressão (n = 25) 46,17 (12,48) 25,56 73,33
Perturbações de Ansiedade (n = 10) 47,44 (7,59) 33,11 59,23
Outros (n = 2) 51,60 (19,15) 38,06 65,14
Tempo que tem o diagnóstico
< 6 meses (n = 5) 49,52 (7,29) 41,96 59,23
6 meses – 1 ano (n = 8) 48,78 (12,69) 38,06 73,33 0,014 (1,000)
> 1 – 5 anos (n = 18) 48,76 (12,72) 26,34 73,10
> 5 – 10 anos (n =13) 48,73 (11,84) 25,56 77,08
> 10 anos (n = 18) 48,24 (10,77) 30,65 76,90
Tempo que tem seg. psiquiátrico
< 6 meses (n = 3) 50,19 (7,84) 45,20 59,23
6 meses – 1 ano (n = 8) 50,19 (12,68) 38,06 73,33 0,219 (0,927)
> 1 – 5 anos (n = 16) 46,52 (11,85) 26,34 73,10
> 5 – 10 anos (n =16) 49,73 (11,37) 25,56 77,08
> 10 anos (n = 19) 48,69 (11,40) 30,65 76,90
Número de internamentos
0 – 1 (n = 32) 47,21 (10,61) 25,56 73,33 1,114 (0,335)
2 – 4 (n = 24) 49,12 (11,52) 30,65 76,90
≥ 5 (n = 6) 54,58 (13,65) 37,83 77,08
Seguimento psicológico
Sim (n = 26) 49,47 (9,45) 33,11 73,33 0,475 (0,637)
Não (n = 36) 48,08 (12,53) 25,56 77,08
Tempo que tem seg. psicológico
< 6 meses (n = 10) 47,58 (7,94) 33,11 59,23 0,367 (0,777)
6 meses – 1 ano (n = 11) 51,93 (11,09) 39,14 73,33
> 1 ano (n = 5) 47,84 (8,94) 41,96 63,58
Notas: seg. = seguimento.
20
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
21
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Tabela 7
Resultados dos domínios da perceção de qualidade de vida em função dos dados clínicos dos doentes
Domínio 1 Domínio 2 Domínio 3 Domínio 4
(físico) (psicológico) (relações sociais) (ambiente)
Variáveis M (DP) M (DP) M (DP) M (DP)
Diagnóstico F (p) F (p) F (p) F (p)
Perturbação Bipolar 51,1 (9,4) 40,0 (11,8) 36,7 (10,5) 53,4 (7,6)
(n = 10)
Esquizofrenia 55,7 (15,9) 0,44 53,1 (12,4) 0,26 52,8 (17,2) 0,11 60,4 (9,6) 0,56
(n = 15) (0,78) (0,90) (0,98) (0,69)
Depressão (n = 25) 44,9 (19,2) 41,0 (15,7) 44,3 (16,4) 54,5 (13,8)
Perturbações de 53,2 (9,6) 40,8 (10,4) 39,2 (24,9) 56,6 (5,6)
Ansiedade (n = 10)
Outros (n = 2) 55,4 (17,7) 52,1 (20,6) 45,8 (29,5) 53,1 (8,8)
Tempo diagnóstico F (p) F (p) F (p) F (p)
< 6 meses (n = 5) 56,4 (12,7) 42,5 (4,6) 41,7 (32,3) 57,5 (7,2)
6 meses – 1 ano 53,6 (11,0) 41,7 (18,2) 41,7 (19,4) 58,2 (8,5)
(n = 8) 0,96 0,62 0,45 0,70
> 1 – 5 anos (n = 18) 50,6 (15,8) (0,44) 44,2 (16,1) (0,65) 44,0 (18,3) (0,77) 56,3 (11,3) (0,59)
> 5 – 10 anos 49,2 (19,4) 47,4 (14,9) 46,2 (14,7) 52,2 (13,8)
(n =13)
> 10 anos (n = 18) 47,2 (17,0) 43,1 (12,9) 45,4 (16,7) 57,3 (10,1)
Tempo seg. psiq. F (p) F (p) F (p) F (p)
< 6 meses (n = 3) 64,3 (9,5) 43,1 (6,4) 36,1 (41,1) 57,3 (6,5)
6 meses – 1 ano 54,0 (10,5) 40,1 (17,5) 46,9 (19,9) 59,8 (8,6)
(n = 8) 0,63 2,23 0,28 0,62
> 1 – 5 anos (n = 16) 48,0 (15,6) (0,56) 41,4 (15,2) (0,12) 40,6 (17,2) (0,76) 56,1 (11,7) (0,54)
> 5 – 10 anos 51,3 (18,1) 48,2 (14,3) 46,9 (14,6) 52,5 (12,6)
(n =16)
> 10 anos (n = 19) 47,2 (16,8) 44,7 (13,5) 45,6 (17,7) 57,2 (10,1)
Nº internamentos F (p) F (p) F (p) F (p)
0 – 1 (n = 32) 41,1 (17,4) 1,56 43,1 (13,7) 0,36 43,0 (18,3) -0,87 54,7 (10,7) 0,86
2 – 4 (n = 24) 51,8 (14,6) (0,12) 42,5 (14,6) (0,72) 45,1 (17,7) (0,39) 57,0 (11,7) (0,39)
≥ 5 (n = 6) 54,8 (14,2) 55,6 (13,1) 48,6 (20,7) 59,4 (8,6)
Seg. psicológico t (p) t (p) t (p) t (p)
Sim (n = 26) 53,6 (10,7) 1,56 44,9 (12,6) 0,36 42,0 (19,5) -0,87 57,5 (7,4) 0,86
Não (n = 36) 47,7 (18,7) (0,12) 43,5 (15,6) (0,72) 46,1 (17,1) (0,39) 55,0 (12,8) (0,39)
Tempo seg. psic. F (p) F (p) F (p) F (p)
< 6 meses (n = 10) 54,3 (9,6) 42,1 (8,7) 35,8 (24,9) 58,1 (6,5)
6 meses – 1 ano 54,9 (12,2) 0,82 47,7 (16,0) 0,31 47,7 (16,7) 1,00 57,4 (8,8) 0,27
(n = 11) (0,49) (0,82) (0,39) (0,85)
> 1 ano (n = 5) 49,3 (10,5) 44,2 (12,0) 41,7 (10,2) 56,3 (7,3)
Notas: seg. = seguimento; psiq. = psiquiátrico; psic. = psicológico.
22
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
físico, pelos utentes que têm entre 0 e 1 internamentos; no domínio psicológico, pelos utentes
que têm entre 2 e 4 internamentos; e no domínio das relações sociais, pelos sujeitos que têm
mais de 5 internamentos.
No que diz respeito aos sujeitos com ou sem seguimento psicológico, em ambos os
casos, o domínio que obteve resultados mais elevados está ligado ao ambiente, com uma
média de 57,5 (DP ± 7,4) para os que possuem acompanhamento psicológico, e 55,0 (DP ±
12,8) para os que não o têm. Quanto aos valores mais baixos, enquanto os sujeitos que
possuem acompanhamento referem o domínio das relações sociais (M = 42,0; DP ± 19,5),
aqueles que não têm seguimento apontam para o domínio psicológico (M = 43,5; DP ± 15,6).
Nos doentes que têm seguimento psicológico, os valores mais elevados de qualidade
de vida correspondem ao domínio 4 – ambiente – e os resultados mais baixos dizem respeito
ao domínio 3 – relações sociais – em particular para os sujeitos que têm seguimento há menos
de 6 meses.
Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na qualidade de vida
em função do diagnóstico e tempo de diagnóstico, dos internamentos ocorridos e da
existência e tempo de seguimento psicológico (tabela 7).
Sobrecarga familiar
23
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Tabela 8
Resultados da sobrecarga geral em função do sexo, idade e grau de parentesco do cuidador
Variáveis M (DP) Min Max t (p) F (p)
Sexo
Masculino (n = 25) 1,92 (0,28) 1,24 2,62 - 0,326 (0,745)
Feminino (n = 37) 1,95 (0,27) 1,50 2,57
Idade
18 – 35 anos (n = 8) 2,06 (0,17) 1,75 2,31
36 – 49 anos (n = 13) 2,04 (0,23) 1,58 2,44 2,096 (0,111)
50 – 60 anos (n = 31) 1,90 (0,28) 1,50 2,62
≥ 70 anos (n = 10) 1,81 (0,34) 1,24 2,34
Grau de parentesco com o doente
Pai/mãe (n = 23) 1,95 (0,31) 1,50 2,62
Cônjuge (n = 26) 1,92 (0,38) 1,24 2,44 0,706 (0,553)
Filho/filha (n = 9) 2,01 (0,15) 1,75 2,24
Outros (n = 4) 1,78 (0,25) 1,58 2,14
Tabela 9
Resultados das dimensões da sobrecarga familiar em função dos dados sociodemográficos dos familiares
Dimensão 1 Dimensão 2 Dimensão 3 Dimensão 4
(sobrecarga (sobrecarga (apoio recebido) (atitudes positivas)
objetiva) subjetiva)
Variáveis M (DP) M (DP) M (DP) M (DP)
Sexo t (p) t (p) t (p) t (p)
Masculino (n = 25) 1,46 (0,48) -1,48 1,82 (0,43) -0,66 2,59 (0,68) 0,21 2,48 (0,70) 0,99
Feminino (n = 37) 1,68 (0,64) (0,14) 1,90 (0,55) (0,51) 2,56 (0,38) (0,84) 2,30 (0,72) (0,32)
Idade F (p) F (p) F (p) F (p)
18 – 35 anos (n = 8) 1,55 (0,57) 1,66 (0,27) 2,66 (0,37) 2,88 (0,52)
36 – 49 anos (n = 13) 1,77 (0,65) 1,38 1,86 (0,39) 1,17 2,80 (0,45) 1,48 2,48 (0,69) 2,16
50 – 60 anos (n = 31) 1,63 (0,54) (0,26) 1,97 (0,56) (0,33) 2,52 (0,44) (0,23) 2,20 (0,67) (0,10)
≥ 70 anos (n = 10) 1,29 (0,60) 1,73 (0,56) 2,40 (0,80) 2,35 (0,87)
Grau de parentesco F (p) F (p) F (p) F (p)
Pai/mãe (n = 23) 1,63 (0,55) 1,98 (0,57) 2,58 (0,41) 2,36 (0,76)
Cônjuge (n = 26) 1,52 (0,57) 1,12 1,80 (0,44) 0,62 2,59 (0,62) 1,41 2,42 (0,64) 1,87
Filho/filha (n = 9) 1,49 (0,55) (0,35) 1,79 (0,42) (0,60) 2,73 (0,41) (0,25) 2,58 (0,73) (0,15)
Outros (n = 4) 2,06 (0,94) 1,86 (0,65) 2,11 (0,29) 1,63 (0,43)
24
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Em relação à idade dos cuidadores, os valores mais baixos correspondem, mais uma
vez, à dimensão “sobrecarga objetiva” para todas as faixas etárias. Os resultados mais
elevados dizem respeito ao apoio recebido para as seguintes faixas etárias: 36 – 49 anos, 50 –
69 anos e ≥ 70 anos. A exceção corresponde aos sujeitos com idades compreendidas entre os
18 e 35 anos, que referem melhores resultados nas atitudes positivas (tabela 9).
Verificamos, também, que a sobrecarga objetiva apresenta resultados mais baixos nos
cuidadores pais (M = 1,63; DP ± 0,55) e cônjuges (M = 1,52; DP ± 0,57). Os filhos
cuidadores são os que têm menos atitudes positivas face ao doente (M = 1,63; DP ± 0,43). Os
resultados mais elevados encontram-se no apoio recebido do pai/mãe (M = 2,58; DP ± 0,41),
cônjuge (M = 2,59; DP ± 0,62) e filho/filha (M = 2,73; DP ± 0,41).
Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na perceção de
sobrecarga relativamente à idade, sexo e grau de parentesco dos cuidadores.
25
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
Tabela 10
Matriz de correlação entre a qualidade de vida e a sobrecarga familiar, juntamente com os dados clínicos dos
doentes
Idade Hab. Tempo Tempo Tempo Nº QV Sob.
literárias diag. seg. psiq. seg. psic. interna- geral Geral
mentos
Idade r 1 -0,478 0,617 0,602 0,618 0,285 -0,194 -0,044
p 0,000 0,000 0,000 0,000 0,025 0,130 0,734
Hab. r 1 -0,285 -0,324 -0,568 -0,268 0,106 0,103
Literárias p 0,025 0,010 0,000 0,035 0,413 0,425
Tempo r 1 0,873 0,582 0,506 -0,028 0,123
diag. p 0,000 0,000 0,000 0,831 0,342
Tempo r 1 0,634 0,513 -0,004 0,119
seg. psiq. p 0,000 0,000 0,976 0,358
Tempo r 1 0,456 -0,043 -0,003
seg. psic. p 0,000 0,741 0,982
Nº interna- r 1 0,179 0,131
mentos p 0,165 0,312
QV geral r 1 0,140
p 0,279
Sob. geral r 1
p
Notas: Hab. = Habilitações; diag. = diagnóstico; seg. = seguimento; psiq. = psiquiátrico; psic. = psicológico; QV =
Qualidade de vida; Sob. = Sobrecarga.
26
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
mais elevado é o grau de escolaridade dos indivíduos, menor é o tempo em que se encontram
em seguimento psicológico.
Por fim, a idade apresenta correlações moderadas com as habilitações literárias (r =
-0,478; p = 0,000), o tempo de diagnóstico (r = 0,617; p = 0,000), o tempo de seguimento
psiquiátrico (r = 0,602; p = 0,000) e o tempo de seguimento psicológico (r = 0,618; p =
0,000). Todas as correlações são positivas, exceto a correlação da idade com as habilitações
literárias, que apresenta uma relação inversa entre as varáveis, ou seja, quanto mais velhos
são os doentes, menos habilitações literárias têm.
A qualidade de vida e a sobrecarga familiar não apresentaram correlações
estatisticamente significativas.
27
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
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Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
esquizofrenia em remissão. A falha em detetar a sanidade pode ter sido devido ao facto de os
médicos funcionarem com uma forte tendência para cometerem o denominado erro tipo 2.
Por outras palavras, os médicos são mais inclinados para denominar uma pessoa saudável de
doente (um falso positivo, tipo 2) do que intitularem uma pessoa doente como saudável (um
falso negativo, tipo 1). É, de facto, mais perigoso diagnosticar incorretamente doença do que
saúde, sendo preferível errar como precaução (Rosenhan, 1973).
Uma vez rotulado com uma perturbação mental, pouco o indivíduo poderá fazer para
superar a “etiqueta” que determina a perceção dos outros em relação ao seu comportamento,
mesmo que este seja “normal” (Piner & Kahle, 1984; Rosenhan, 1973). No entanto, esta
atitude discriminatória não se estende só às pessoas comuns. Os próprios profissionais de
saúde interagem com os doentes mentais com alguma ambiguidade, possivelmente derivada
da incerteza e das múltiplas visões complexas e não consensuais acerca da conceptualização
da doença mental (Morant, 2006). Apesar da maioria das pessoas reconhecer a necessidade
de prestar auxílio, o medo e o perigo associados aos doentes mentais continuam a impedir
uma certa proximidade e, como tal, a normalização da doença mental. E, por melhor que seja
a intenção, as atitudes negativas também existem. Portanto, na incerteza de como agir, a
maioria – leigos e profissionais – manifesta ambivalência entre atitudes benevolentes e
sentimentos de medo e desconfiança, resultantes do estigma associado ao diagnóstico de
perturbação mental (Rolland, 1999; Rosenhan, 1973).
Outra possível explicação para não termos encontrado diferenças na qualidade de vida
consoante o diagnóstico prende-se com a evolução característica das perturbações mentais.
Rolland (2012) afirma que a evolução das doenças crónicas pode assumir três formas:
progressivas, constantes ou episódicas.
No que concerne às doenças progressivas, como o Alzheimer, a família é confrontada
com um indivíduo perpetuamente sintomático cuja incapacitação tende a aumentar de uma
forma gradual. A família e o indivíduo têm de viver com a perspetiva de um papel pontuado
por mudanças e adaptações a perdas contínuas à medida que a doença evolui. A tensão
acumulada associada ao cuidado dos sujeitos portadores de uma doença mental com este tipo
de evolução causa sentimentos de exaustão devido aos desafios provocados pela doença,
sendo apenas interrompidos por pequenos períodos de alívio. À medida que a doença evolui,
os cuidados tendem a aumentar (Rolland, 2012).
Em relação às doenças cuja progressão é constante, a ocorrência de um acontecimento
inicial é seguido de uma progressão mais estável. Após o período inicial de recuperação, a
doença caracteriza-se por algumas limitações claras. A família tem de lidar com uma
30
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
31
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
32
Doença Mental, Qualidade de Vida e Sobrecarga na Família
et al., 2009), aspeto que poderá estar relacionado com uma interiorização do dever de cuidar,
resultante de aspetos culturais (Rolland, 1999), em que ainda se espera que a mulher apoie
incondicionalmente o marido, filhos, pais, etc., mesmo que tenha de sofrer por isso (Dekel, et
al., 2005; Gans & Silverstein, 2006).
Adicionalmente, os doentes cujos cuidadores são mulheres apresentam melhor
qualidade de vida, quando comparados com os cuidadores homens. É possível que as
mulheres percecionem o ato de cuidar como “natural”, provavelmente devido ao seu instinto
maternal e também aos estereótipos culturais do papel, resultando numa melhoria da
qualidade de vida dos doentes. Aliás, segundo uma investigação de Brackett, Mayer e Warner
(2004), as mulheres possuem níveis mais elevados de inteligência emocional do que os
homens. Salovey e Mayer (1990) definem inteligência emocional como um tipo de
inteligência social que engloba a capacidade de monitorizar as emoções (tanto dos outros,
como das próprias), de descriminar entre elas e utilizar a informação proveniente para
orientar os pensamentos e ações dos outros. Assim, as mulheres parecem ter mais facilidade
em identificar e compreender os sentimentos dos outros, podendo ser as “candidatas”
perfeitas para cuidar.
Por fim, ao analisar os níveis de sobrecarga familiar, observamos que os mesmos vão
de encontro ao estudo de desenvolvimento da versão portuguesa do Questionário de
Problemas Familiares (Xavier et al., 2002). Os autores avaliaram os níveis de sobrecarga em
160 familiares cuidadores de indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia (seguidos no
Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital S. Francisco Xavier), cujos
resultados são semelhantes aos do nosso estudo. Apesar de não existirem diferenças
estatisticamente significativas, as dimensões “sobrecarga objetiva” e “sobrecarga subjetiva”
do estudo de Xavier et al. (2002) apresentam valores um pouco mais altos. Salienta-se aqui o
facto de o nosso estudo apresentar vários diagnósticos, enquanto o de Xavier et al. (2002)
está apenas limitado à esquizofrenia, que é considerada a doença mental com maior impacto
na família.
A recolha de dados sobre os cuidadores permite-nos concluir que os nossos
participantes não parecem demonstrar uma grande sobrecarga, ao contrário do que é descrito
na literatura (Hasson-Ohayona et al., 2011; Moura et al., 2011; Pereira & Caldas de Almeida,
1999; Yacubian & Neto, 2001). Salientamos o facto de os familiares apresentarem resultados
relativamente elevados nas dimensões “apoio recebido” e “atitudes positivas”. Aspetos como
a ajuda de familiares ou amigos no cuidado do doente, apoio por parte dos técnicos de saúde,
satisfação com a ajuda dada pelo doente e cooperação do mesmo, elogios pela sua
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sensibilidade, bem como enumeração das suas qualidades, pode explicar que a perceção de
sobrecarga não seja muito elevada em comparação com o apoio recebido. Os níveis baixos de
sobrecarga poderão estar também relacionados com os níveis altos de qualidade de vida dos
doentes, o que poderá indicar uma certa autonomia e capacidade de gestão da doença.
Deste modo, as famílias do nosso estudo parecem ser resilientes, ou seja, perante o
surgimento de crises provocadas pela doença mental, parecem conseguir reunir recursos que
lhes permitem recuperar e crescer na adversidade (Walsh, 2003).
Os processos chave da resiliência familiar permitem que o sistema seja coeso e que,
em tempos de crise, amorteça o stresse, reduzindo o risco de disfuncionalidade e aumentando
a probabilidade de uma boa adaptação. As famílias podem emergir mais fortes e com mais
recursos para enfrentar futuros desafios (idem). As famílias resilientes possuem uma forte
afiliação (Beavers & Hampson, 1990), abordam a adversidade como um desafio e têm uma
perceção relacional de força na família. A coesão ajuda os indivíduos e fortalecem as suas
capacidades para ultrapassar a adversidade. Normalizar e contextualizar o sofrimento
permite, aos elementos da família, perspetivar as suas reações e dificuldades como normais
face a perdas e obstáculos (Rolland, 2012; Walsh, 2003).
As famílias resilientes possuem esperança no futuro. A resiliência familiar assenta
numa perspetiva mais otimista e de aceitação da vida e das suas dificuldades (Beavers &
Hampson, 1990). A iniciativa e a perseverança são alimentadas por uma confiança partilhada
em ultrapassar uma determinada situação. Esta convicção reforça os esforços e faz com que
os familiares se tornem participantes ativos no aproveitamento de oportunidades e na procura
de soluções. Em vez de ficarem imobilizados ou “presos” numa posição de impotência, o
foco da família é direcionado para o futuro (Walsh, 2003). A maioria das famílias encontra
força, conforto e aconselhamento através de conexões com as suas tradições culturais e
religiosas (Walsh, 1999). Os rituais e as cerimónias facilitam a passagem de transições
significativas, assim como a ligação com uma comunidade mais alargada e uma herança
comum (Imber-Black & Roberts, 1992). Os recursos espirituais (como rezar, meditar, entre
outros) e as afiliações religiosas podem ser alicerces da resiliência (Park et al., 2010), sendo
que estes recursos são mais frequentes em comunidades rurais e do interior como é o caso da
população que frequenta a Unidade Hospitalar de Tomar.
Nos dias de hoje, no que concerne à doença mental, a reintegração familiar dos
doentes é incentivada quando a família consegue reconhecer a vulnerabilidade causada pela
doença, isto é, o impacto que esta tem em todos os elementos do sistema familiar. Trata-se de
um processo contínuo de aceitação da doença que permite normalizá-la e integrá-la nos
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Conclusões
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obrigando à análise dos critérios caso a caso e não a partir de regras aplicáveis na globalidade
dos utentes.
Algumas limitações acompanharam o desenvolvimento deste trabalho,
nomeadamente a escassez de produção científica na área do impacto da doença mental do
doente e na família. Os estudos existentes sobre o impacto da doença na família dizem
respeito a doenças físicas (e.g.: cancro, HIV), sendo poucas as investigações que abordam as
consequências das perturbações mentais. A desejabilidade social também poderá ter
influenciado os resultados no estudo, na medida em que é possível que os participantes
tenham minimizado alguns aspetos negativos da sua vivência, uma vez que, embora não fosse
essa a intenção, poderiam sentir que estavam num processo de avaliação.
O desenvolvimento da investigação em Portugal sobre a doença mental é um aspeto
fundamental para o aprofundamento dos conhecimentos desta temática, particularmente
envolvendo outros diagnósticos para além da esquizofrenia – o mais comum. Também seria
interessante apreciar a (in)existência de diferenças entre meios urbanos e rurais. Para uma
melhor compreensão do impacto desta doença na família, importa avaliar todos os indivíduos
constituintes do agregado familiar, e não só o cuidador principal.
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Bibliografia
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