APOSTILA DA HISTORIA DE ISRAEL Exclusiva 1

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HISTÓRIA DE ISRAEL

INTRODUÇÃO:

"Bem-aventurado és tu, ó Israel ! Quem e como tu..." (Dt


33.29)

Há três denominações diferentes para a descendência de


Abraão: Hebreus, provavelmente por ser Abraão descendente
de Éber (Gn 11.14-17). Israelitas, relativo a Israel, nome
recebido pelo patriarca Jacó, após seu encontro com Deus no
vau de Jaboque (Gn 32.27,28). E por último judeu, relativo a
Judá, um dos doze filhos de Jacó ao qual foi prometido o cetro
do reino (Gn 49.10). Sendo assim, não há qualquer diferença
na designação deste povo. Paulo usou para si as três
denominações (Fl 3.4; Rm 11.1; 1 Co 9.20).
Este foi o povo especial de Deus, com o qual ele fez um pacto
através de Abrãao (Gn 15 e 17), para dar-lhe a terra de Canaã
e abençoar através dele todos os povos da terra (Gn 12.1-3).
O propósito desta eleição foi usar Israel como o canal para
espalhar sua salvação por todos os cantos da terra. As
Sagradas Escrituras foram primeiro confiadas a eles (Rm 3.2).
A eles primeiro coube a adoção de filhos, as manifestações da
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glória de Deus, as alianças, a lei divina, o culto e promessas


(Rm 9.4). Também coube a eles a tarefa de ser o povo do
Messias, o Ungido (Rm 9.5).
Tudo isto os torna constante objeto da preocupação de Deus
em toda a Bíblia, tornando obrigatório estudar e entender o
plano de Deus para este povo.

TEOLOGIA DO POVO DE ISRAEL

Podemos resumir a questão teológica referente aos judeus em


uma pergunta: Há ainda algum propósito de Deus
específico para este povo, após o surgimento da Igreja
Cristã ou eles serviram apenas até o início desta era, não
havendo mais significado para sua existência como
nação?
Alguns afirmam que a nação de Israel teve um papel provisório
como instrumento dos propósitos de Deus. Este papel
terminou com a vinda do Messias. Ao rejeitar a Jesus, Israel
teria definitivamente perdido qualquer exclusividade diante de
Deus. A menos que eles se convertam e se integrem à Igreja,
não há nenhuma outra perspectiva dentro do plano de Deus.
Para estes a Igreja seria agora o “Israel de Deus”. Por isso, as
promessas contidas no Velho Testamento dirigidas a este
povo, não são literais. São geralmente espiritualizadas. Não
existe no futuro algum privilégio, alguma distinção em relação
aos demais. Os judeus passaram a ser igual a todos os povos
da terra.
Do outro lado estão aqueles que olham a aliança de Deus com
Israel como algo incondicional. Embora quanto ao evangelho
eles sejam inimigos, recebem um amor distinto do Pai devido à
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Aliança com os patriarcas (Rm 11.28). Isto se tornará evidente


no futuro, quando a Igreja for tirada da Terra, Israel reassumiu
seu papel e no durante o Milênio terá uma posição distinta.
Essa visão teológica positiva quanto aos judeus, foi realçada
principalmente pela restauração da nação de Israel na
Palestina. Seu retorno à terra, bem como a reconstrução da
mesma apesar de todos os desejos contrários, obrigou a
Teologia a uma revisão de seus conceitos.

I - Período Vétero-Testamentário

Este período se refere à História de Israel registrada no Velho


Testamento. Israel é figura central em todos os 39 livros,
mesmo quando estes livros fazem referência a outros povos,
fazem-no em sua relação com a nação eleita. A porção
histórica do Velho Testamento, vai desde o Livro de Gênesis
ate o Livro de Ester. Os Livros Poéticos (Jó, Salmo, Provérbios,
Eclesiastes e Cantares) e os Livros Proféticos, embora possam
conter alguma porção histórica, foram escritos dentro do
período abrangido de Gênesis a Ester. Durou
aproximadamente 1500 anos e por isso vamos subdividir este
período em 6 outros períodos para melhor entendermos:

1. Período pré-nacional (Gn 12.1 – Ex 19) – Este período vai


desde a chamada de Abraão em 2002 a.C. até seu
estabelecimento na terra de Canaã por volta de 1500 a.C.
Durante este período não podemos dizer que havia uma nação
no sentido exato do termo. Para que haja uma nação são
necessários pelo menos três elementos: Um povo com uma
cultura única, leis que o regulamentem e um território próprio.
Estes elementos foram se unindo no decorrer deste período
5

até completar-se.
Não podemos dizer que Abraão, Isaque e Jacó formavam uma
nação. Eles não passavam de beduínos no deserto, indo de
um lugar para outro. Mesmo os doze filhos Jacó, embora tendo
multiplicado-se, não passavam de um grupo a mais naquele
emaranhado de povos que era a Palestina daquela época. O
povo só foi se multiplicar e surgir de forma mais numerosa, no
Egito. Ali sua cultura e costumes foram se definindo. Ao final de
quatrocentos anos eram um povo numeroso, mas não uma
nação. O segundo passo só seria dado após sua libertação por
Moisés.
No Sinai começava uma nova fase para este povo. Eles
receberam a Lei. Não apenas o decálogo, que se tornou
padrão mundial. Receberam também toda uma legislação que
detalhou o decálogo, bem como outras instruções que
regulamentavam a vida religiosa e civil. Mesmo que o período
no deserto pareça uma perda de tempo, foi ele quem
possibilitou a existência de um código que garantiria para
sempre a existência de Israel como nação. Esta Lei, de certa
forma, tornou-se sua pátria.
Josué, sucessor de Moisés, ajudou a consolidar Israel. Liderou
a tomada da terra, guerreando e conquistando boa parte dela.
Agora era um povo com cultura própria, leis próprias e sua
própria terra.

2. Período teocrático (Ex 20.1 – 1 Sm 10.1) – Corresponde ao


período que vai desde a tomada da terra por Josué até o
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estabelecimento da Monarquia com Saul. É o período descrito


principalmente no Livro de Juizes, embora durante o tempo de
Moisés e Josué, possamos dizer que eles exerceram um
governo teocrático. Chamamos de teocrático porque não havia
um governo definido. Não havia um homem específico que
pudesse ser chamado de líder. O governo de Moisés também
foi teocrático, todavia, como vimos, não havia uma nação.
Os juízes foram homens e mulheres ungidos em ocasiões
especiais e que serviam como autoridade a quem o povo
recorria nas dificuldades. Este período durou cerca de 430
anos. O número de profetas apontados no livro de Juízes
foram 12: 1. Otniel de Judá, que livrou Israel dos reis da
Mesopotâmia, Eúde, que expulsou os moabitas e os amonitas;
Sangar, que matou 600 filisteus; Débora contra os cananeus;
Gideão que expulsou os midianitas; Tola e Jadir; Jefté que
subjugou os amonitas; Abesã, Aijalon e Abdom; Sansão grande
perseguidor dos filisteus.
Este período foi caracterizado pelo caos (Jz 21.25). A falta de
um governo central, forte e definido, fez com que as
transgressões se multiplicaram. A vida moral e religiosa da
nação era uma derrocada só. O culto a baal e a astarte, eram
muito atrativos pela sua sensualidade. Os juízes tinham um
campo de atuação muito restrito, geográfica e politicamente.
Os capítulos finais do Livro de Juízes conta a história de um
crime hediondo e da consequente guerra civil, que serviu para
ilustrar o período.

3. Período monárquico unificado (1 Sm 10.1 – 1 Rs 11.42) –


Não demoraria muito e o povo estaria reivindicando um rei
para si. Samuel, o último e maior de todos os juízes é levado
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por Deus a ungir a Saul, benjamita, como monarca de Israel.


Abrange o período de três reis: Saul, Davi e Salomão, desde o
ano de 1040 a.C. até 920 a.C. Foi o Período Áureo de Israel.
Durante este tempo, Israel ainda era uma única nação e não
duas como aconteceu após a morte de Salomão.
Este foi um período de consolidação, que trouxe para Israel o
status de nação. As conquistas anteriores ganharam agora
uma forma definida e os limites geográficos foram expandidos
até onde Deus havia prometido. Apesar da desobediência de
Saul e do declínio de Salomão nos seus últimos anos, o culto
ao único Deus foi totalmente restabelecido e a situação
religiosa caótica do tempo dos Juízes terminou.

Saul (1 Sm 10.1 – 1 Sm 31) – Foi ele o primeiro rei de Israel.


Começou a organizar e solidificar a nação. Ele e seu filho
Jônatas guerrearam contra os diversos povos que ainda não
haviam sido dominados e os derrotaram. Mas Saul cometeu
dois erros decisivos. O primeiro foi na guerra contra os
Amalequitas. A ordem de Deus era para exterminá-los
completamente sem nada deixar. Todavia, Saul desobedeceu e
não matou a Agague, bem como muitos animais. Por isto foi
repreendido por Samuel. Na segunda vez, como Samuel
demorasse, ele tomou para si o ofício sacerdotal, que não era
permitido ao rei e fez o sacrifício. Desta feita a repreensão de
Samuel foi mais dura e ele proferiu a sentença sobre Saul de
que Deus já o havia rejeitado e escolhido outro rei em seu
lugar. Sua história está narrada no Livro de 1º Samuel.

Davi (2 Sm 1 – 1 Reis 1) - – Sucedeu a Saul após sua morte.


Havia já conquistado grande respeito após ter derrotado Golias
e se destacado como chefe militar. Mas o ciúme de Saul
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obrigou-o a fugir para o deserto de Nobe, até a morte deste,


quando então foi ungido rei pelo povo de Judá e depois por
todo Israel. Davi então sitiou e tomou Jerusalém, baluarte dos
jebuseus, ampliando-a e fazendo dela a capital. Subjugou as
nações ao redor, estendendo seus domínios nos limites
prometidos à Abraão (Gn 15.18). Trouxe o Tabernáculo para a
cidade, juntamente com a Arca da Aliança e os demais
utensílios. Após ter cometido adultério com a mulher de Urias,
teve de enfrentar a sedição de seu filho Absalão. Morreu aos
71 anos de idade, após reinar 40 anos e meio, sendo sete e
meio em Hebrom e 33 em Jerusalém. Como era cantor, deixou
muitos salmos inspirados, que vieram a ser uma das mais
amadas literaturas do mundo. Sucedeu-lhe o seu filho
Salomão, que teve com Bate-Seba.

Salomão (1 Rs 1 – 1 Rs 11.43) – Este foi o ponto culminante


do período. Salomão foi dotado por Deus de imensa
sabedoria. Através de alianças de casamento com filhas dos
reinos ao derredor, tornou Israel um reino próspero e
respeitado. Construiu o Templo de Jerusalém que pode ser
apontado como uma das maravilhas do mundo antigo. Teve
muita fama e muita riqueza. Deixou-nos um grande número de
provérbios, encontrados no Livro de Provérbios, bem como o
Livro de Eclesiastes e Cantares de Salomão. No final de seus
dias, porém, as mulheres lhe perverteram o coração e ele
construiu templos idólatras e colocou imagens de escultura
bem em frente ao Templo. A conseqüência deste pecado, foi a
divisão do reino

4. Período monárquico dividido (1 Rs 12 – 2 Rs 25.30) –


Após a morte de Salomão o reino foi dividido. Dez tribos do
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norte separaram-se das duas tribos do sul. O norte, com dez


tribos. Chamou-se Israel, tendo como capital a cidade de
Samaria e seu primeiro rei foi Jeroboão. O sul ficou conhecido
como Judá, tendo como capital Jerusalém e teve como
governante Roboão, filho de Salomão.
Como veremos, o reino de Israel muito cedo apostou no
Senhor, passando a servir a Baal e outros deuses, sendo
completamente dominado pela idolatria. Sob o governo de
Acabe, o culto a Yaweh foi praticamente abolido do país,
principalmente devido às instigações de sua mulher Jezabel.
Foi neste período que surgiu o profeta Elias, o qual também
fundou escolas de profetas e deixou Eliseu como seu sucessor.
Mas Israel nunca se emendou de seus maus caminhos e no
ano de 722 a.C. a Assíria cercou Samaria e retirou o povo da
terra levando-os para o exílio. (2 Reis 17)
Judá, embora algumas vezes tenha falhado e desviado da Lei
devido a impiedade de algum rei, permaneceu fiel por mais
tempo. Por ocasião do ataque de Senaqueribe sobre a capital
Jerusalém, Judá foi poupado devido à fidelidade e fé do rei
Ezequias (2 Reis 18). Mesmo assim não tardaria haver novas
apostasias dentro do próprio Judá, como foi o caso do rei
Manassés. Por fim então, Judá sofre ataques do rei da
Babilônia, Nabucodonosor, em 607 a.C. e em 586 a cidade de
Jerusalém é atacada pelo mesmo, queimada e o Templo é
destruído. Os objetos sagrados do templo são levados para
Jerusalém e o povo vai para o exílio na Babilônia, onde
permanecerá durante 70 anos.
10

CRONOLOGIA DOS REIS DE ISRAEL E JUDÁ

JUDÁ ISRAEL

1. Roboão (931-915 a.C.) – 1 1. Jeroboão 931-910 a.C.) – 1


Rs 14.21 Rs 14.20

2. Abião (915-912 a.C.) – 1 Rs 2. Nadabe (910-909 a.C.) – 1


15.1,2 Rs 15.25

3. Asa (912-870 a.C.) - 1 Rs 3. Baasa (909-887 a.C.) – 1 Rs


15.9,10 15.28-33

4. Josafá(870-850 a.C.)- 1 Rs 4. Ela (887-886 a.C.) – 1 Rs


22.41,42 16.8

5. Jorão (850-842 a.C.) – 2 Rs 5. Zambri (886-874 a.C.) – 1 Rs


8.16,17 16.10,15

6. Ocozias (842-840 a.C.) – 2 6. Anri (874-872 a.C.) – 1 Rs


Rs 8.25,26 16.22,23

7. Joás (840-803 a.C.) – 2 Rs 7. Acabe (872-854 a.C.) – 1 Rs


11.1-3 16.29

8. Amazias (803-787 a.C.) – 2 8. Ocozias (854-853 a.C.) – 1


Rs 14.1 Rs 22.51

9. Azarias (787-750 a.C.) – 2 9. Jorão (853-842 a.C.) – 2 Rs


Rs 14.21 1.17
11

10. Joatão (750-730 a.C.) – 2 10. Jeú (842-821 a.C.) -


Rs 15.32,33

11. Ezequias (730-698 a.C.) – 2 11. Joacaz (821- 805 a.C.) – 2


Rs 18.1,2 Rs 10.36

12. Manassés (698-642 a.C.) – 12. Joás (805-790 a.C.) – 2 Rs


2 Rs 21.1 13.10

13. Amon (642-639 a.C.) – 2 13. Jeroboão (790-748 a.C.) – 2


Rs 21.19 Reis 14.23

14. Josias (639-609 a.C.) – 2 14. Zacarias (748-747 a.C.) – 2


Rs 22.1 Rs 15.8

15. Joacaz (609-608 a.C.) – 2 15. Selum (747-746 a.C.) – 2


Rs 23.31 Rs 15.13

16. Joaquim (608-597 a.C.) – 2 16. Manaém (746-737 a.C.) – 2


Rs 23.36 Rs 15.17

17. Sedecias (597- 586 ) – Rs 17. Facéia (737-730 a.C.) – 2


24.18 Rs 15.23

18. Osée (730-722 a.C.) – 2 Rs


17.1

Em 586 a.C. Nabucodonosor


destroi o templo de

Jerusalém e leva os vasos do 722 a.C. – Cerco de Samaria e


12

Templo para a Fim do Reino de Israel

Babilônia

5. Período do cativeiro babilônico - Embora tenha sido um


período de apenas 70 anos (de 607 a 538 a.C.
aproximadamente) foi determinante para a História e o caráter
de Israel. Por volta do ano 607 a.C; Nabucodonozor, rei do
Império Babilônico, ataca Jerusalém e leva cativos de Judá
para a cidade de Babilônia, entre eles Daniel e seus amigos.
Em 587 a.C., ele torna atacar Judá, sitiando Jerusalém,
destruindo o Templo e levando embora os vasos sagrados,
juntamente com a população da terra. Neste período de exílio
surgem profetas como Daniel e Ezequiel, enquanto em
Jerusalém Jeremias continua também exercendo seu
ministério profético.
O Cativeiro está baseado na lei do descanso da terra, conforme
demonstrou Jeremias. Pela lei, os judeus deveriam deixar a
terra em descanso a cada 7 anos. Todavia, passaram-se 490
anos e eles não obedeceram. Como consequência, os 70 anos
foram uma forma de impor esse descanso. Este fora o tempo
predito por Jeremias (25.1,11,12)
Em 539 a.C. Daniel compreendeu pelo Livro de Jeremias que o
tempo do cativeiro estava chegando ao fim e começou a orar
pela restauração do povo (Dan 9.2). Em Daniel 5 temos
narrada a queda da cidade de Babilônia. Belsazar, na verdade,
era o vice-rei da Babilônia, pois governava no lugar de
13

Nabonido. Conta o historiador Heródoto que eles estavam em


grande festa, seguros pois os muros da cidade eram
inexpugnáveis. Ciro, rei dos persas, usa então de um artifício e
desvia as águas do Rio Eufrates para um lago artificial. Com
isto foi possível entrar na cidade por baixo dos muros, com
água pelos joelhos. Os persas já se encontravam dentro de
Babilônia e Belsazar nem sequer tinha recebido a notícia. Ciro
então deixa Dario em seu lugar.
Em torno do ano de 538 a.C., Ciro, rei da Pérsia e novo
soberano do Oriente Próximo, autoriza o retorno de Zorobabel
para a reconstrução do Templo. Sua política religiosa, diferente
dos Babilônios e Assírios, era mais pacífica, permitindo a cada
povo continuar adorando os seus deuses, pelo que ele mesmo
ajudou a financiar a reconstrução do Templo de Jerusalém.
O livro de Ester representa um parêntese na História de Israel.
Não ocorre dentro dos limites geográficos da nação, mas no
exílio, a partir da capital do Império Persa, Susa. O rei
Assuero, conhecido na História como Xerxes, reinou de 485 a
465 a.C. É dentro deste período que se insere Ester. Foi
escrito para contar a origem da Festa do Purim e mostra como
os judeus foram salvos nesta época, de serem completamente
destruídos pelas maquinações de Hama. Foi a primeira
tentativa de genocídio judaico.

6. Período de restauração – Este período é abrangido pelos


livros de Esdras, Neemias e Ester, embora a história de Ester
tenha se passado fora da Palestina.
Sob o domínio de Zorobabel, 42.000 judeus retornaram a
Jerusalém no ano de 536 a.C. para reconstruir o Templo. A
14

política religiosa de Ciro era bastante branda, permitindo que


cada povo adorasse seus próprios deuses. Ele mesmo
incentivou e financiou o retorno do povo para Israel e a
reconstrução do Templo.
Todavia, devida a oposições, o trabalho é interrompido e a obra
só volta a ser realizada 17 anos depois, em 520 a.C., quando
os profetas Ageu e Zacarias começam a animar o povo.
Em 458 a.C. chega à Jerusalém o sacerdote Esdras com mais
1.755 judeus. Este sacerdote zeloso e instruído terá enorme
papel na História Judaica. Ele está diante de uma nação
quebrantada, que viu os efeitos terríveis de sua idolatria e
portanto está pronto para receber forte instrução das
Escrituras. No ano de 445 a.C; Jerusalém recebe novo reforço
espiritual com a chegada de Neemias, que reconstruirá os
muros da cidade e restaurará suas portas. O muro é
reedificado e começa um grande avivamento no meio do povo.
Provavelmente o ministério do profeta Malaquias deu-se
nesses dias, durante uma saída de Neemias para a Pérsia.
Mais tarde, em 432 a.C., Neemias retorna à Pérsia
definitivamente.

II – Período Inter-Testamentário – (420 a.C. ao Nascimento


de Jesus)

Durante este período Israel esteve primeiramente sob o


domínio Persa, depois Grego e por fim sob o jugo Romano.
Após Malaquias não houve mais manifestações proféticas ou
livros inspirados. Livros como os de I e II Macabeus, por
exemplo, que tratam deste período, embora lidos e
reverenciados jamais foram aceitos como canônicos, quer
15

pelos judeus quer posteriormente pela Igreja.


Podemos subdividir este período assim:

Período Persa – Vai de 539 a.C. até cerca de 333 a.C.,


quando Alexandre o Grande entra em Jerusalém e é recebido
pelo sumo-sacerdote Jadua.
A política religiosa Persa era de respeitar os deuses dos povos
conquistados. Por isso, Ciro, após conquistar Babilônia,
permitiu aos judeus retornarem a Jerusalém e reconstruir seu
Templo, bom como levar de volta os vasos sagrados que
haviam sido levados por Nabucodonosor. Como resultados
disso, há uma grande consolidação do Judaísmo por essa
época. O cativeiro curou os judeus da idolatria, definitivamente.
Sob a liderança de Esdras, o estudo da Lei e dos profetas foi
instituído, dentro de lugares específicos chamados de
sinagogas.
No geral foi um período calmo para os judeus, exceto por
certas brigas internas pelo cargo de sumo-sacerdote. Por
causa disto o governo Persa teve de intervir. Devastaram a
cidade, impuseram pesada multa e perseguiram os judeus por
algum tempo. Também foi no final deste período que surge o
culto rival dos samaritanos, povo misto que foi ali colocado
pelos reis da Assíria.

Período Grego – Começa com a entrada de Alexandre, o


Grande, em Jerusalém, no ano de 333 a.C. Durante o cerco de
Tiro, Alexandre solicitou ajuda dos judeus, que se recusaram
por terem uma aliança com os Persas e serem fiéis a esta
aliança. Após destruir a cidade de Tiro, o General Macedônico
marchou contra Jerusalém, mas foi recebido com flores pelos
16

sacerdotes. Assim nos conta o historiador judeu Flavio Josefo:

"Quando este ilustre conquistador (Alexandre) tomou esta


última cidade (Gaza), ele avançou para Jerusalém e o
sumo-sacerdote Jado, que bem conhecia a sua cólera contra
ele, vendo-se com todo o povo em tão grande perigo, recorreu
a Deus, ordenou orações públicas para implorar o seu auxílio e
ofereceu-lhe sacrifícios. Deus apareceu-lhes em sonhos na
noite seguinte e disse-lhes que fizessem espalhar flores pela
cidade, mandar abrir todas as portas e ir revestido de seus
hábitos pontificais, com todos os identificadores, também assim
revestidos e todos os demais, vestidos de branco, ao encontro
de Alexandre, sem nada temer do soberano, porque ele os
protegeria...Os fenícios e os caldeus que estavam no exército
de Alexandre, não duvidavam que na cólera em que ele se
achava contra os judeus ele lhes permitiria saquear Jerusalém.
Mas aconteceu justamente o contrário, pois o soberano apenas
viu aquela grande multidão de homens vestidos de homens
vestidos de branco, os sacrificadores revestidos de seus
paramentos de linho e o sumo sacerdote, com seu éfode, de
cor azul adornado de ouro e a tiara sobre a cabeça, com uma
lâmina de ouro na qual estava escrito o nome de Deus,
aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e
saudou o sumo-sacerdote, a quem ninguém havia saudado.
Então os judeus se reuniram ao redor de Alexandre e
elevaram a voz, para desejar-lhe toda sorte de felicidade e de
prosperidade. Mas os reis da Síria e os outros grandes que o
acompanhavam, ficaram surpresos, de tal espanto que
julgaram que ele havia perdido o juízo. Parmenio, que gozava
de grande prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado
em todo o mundo, adorava o sumo-sacerdote dos judeus. Não
17

é a ele, respondeu Alexandre, que eu adoro, mas e a Deus a


quem ele é o ministro, pois quando eu ainda estava na
Macedônia e imaginava como poderia conquistar a Ásia, Ele
me apareceu em sonho com estas mesmas roupas e me
exortou a nada temer, disse me que passasse corajosamente o
estreito do Helesponto e garantiu-me que ele estaria à frente do
meu exercito e me faria conquistar o império dos persas. Eis
porque jamais tendo visto alguém revestido com trajes
semelhantes aos com que ele me apareceu em sonho, não
posso duvidar de que não tenha sido por ordem de Deus que
empreendi esta guerra e assim vencerei Dario, destruirei o
império dos Persas e todas as coisas suceder-se-ão conforme
o meu desejo. Alexandre, depois de assim ter respondido a
Parmênio, abraçou o sumo sacerdote e os outros
sacrificadores, caminhou depois no meio deles até Jerusalém,
subiu ao Templo, ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como
o sumo-sacerdote lhe dissera que devia fazer. O soberano
pontífice mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel no qual
estava escrito que um príncipe grego destruiria o império dos
persas e disse-lhe que não duvidava de que era ele de quem a
profecia fazia menção. Alexandre ficou muito contente"
(Antiguidades Judaicas Livro XI, 8.452).
Mas com a morte de Alexandre em 323 a.C; O Império Grego,
que então abrangia a Grécia, o Egito e todo o Oriente próximo,
foi dividido entre 04 de seus principais generais. A Ptolomeu
coube ao Egito, fundando assim a dinastia Ptolemaica. A região
da Síria, que abrangia Israel, ficou sob o Domínio de Seleuco,
iniciando a dinastia dos Selêucidas.
Ptolomeus e Selêucidas vão realizar inúmeras guerras, com
18

efeitos devastadores sobre os judeus.

Poderíamos subdividir ainda este período em 3 partes:

Período Egípcio (323 a 204 a.C.) – Foi o período mais longo


desta época. Através de severa luta, o Egito e a Judéia caíram
nas mãos de Ptolomeu. O conquistador foi chamado de
Ptolomeu Soter, isto é, Salvador, o primeiro da dinastia.
Embora os judeus recusaram fidelidade a ele, atacou
Jerusalém e levou cem mil judeus presos. Embora tenha sido
severo com a nação judaica, tornou-se depois amigável. Seu
sucessor, Ptolomeu Filadelfo, foi mais amigável ainda. Em seu
tempo os judeus foram solicitados a traduzir suas Escrituras
para o grego, dando ao mundo a famosa versão Septuaginta,
escrita por 72 sábios judeus. Esta tornou-se conhecida como a
Palavra entre os não-judeus e foi a versão conhecida pelos
crentes do Novo Testamento.
O terceiro rei da dinastia ptolemaica também foi favorável e por
isto os judeus prosperaram como nunca nesse Império.
Cidades como Alexandria, tornaram grandes centros de cultura
judaica e eles constituíam cerca de um terço da cidade. O
quarto rei, Ptolomeu Filopatro, porém, devido às guerras
contra Antíoco o Grande da Síria, foi hostil aos judeus. Seu
principal agravo foi tentar entrar no Santo dos Santos. Ele
perdeu a disputa e o rei da Síria apossou-se da Palestina.

Período Sírio (204-165 a.C.) – A administração dos Selêucidas


foi, na maioria das vezes, nociva para os judeus e em alguns
casos houve sangrenta perseguição a eles. Foi por esta época
que a Palestina foi dividida em 5 províncias: Judéia, Samaria,
Galiléia, Peréia, Traconites.
19

Tanto Antíoco o Grande quanto seu sucessor, Seleuco


Filopatro, foram muito cruéis, embora os judeus tenham
permanecido com certas liberdades em administrar suas
próprias leis. Todavia, com a ascensão de Antíoco Epifânio
(175-164 a.C.), um reinado de terror caiu sobre eles. Ele ficou
conhecido como o anti-cristo do Velho Testamento.
Por este tempo surgiram os helenistas, grupo que queriam
implantar a cultura grega entre os judeus, os nacionalistas
ortodoxos se opuseram, iniciando-se contendas e
assassinatos. Por fim, Antíoco utilizou esta disputa para
descarregar o seu furor sobre eles, fazendo uma grande
devastação na terra, em 170 a.C. Jerusalém foi saqueada, os
muros derrubados, o Templo profanado e o povo submetido às
mais terríveis crueldades. Houve massacres e escravidões. A
religião judaica foi proibida. O paganismo foi imposto à força.
Uma pessoa foi encarregada de profanar o Templo de
Jerusalém, dedicando-o a Júpiter Olímpico. Todas as cópias da
Lei que foram encontradas foram queimadas ou desfiguradas
com figuras idólatras. Seus proprietários foram assassinados.
Muitos judeus apostaram e perseguiram seus compatriotas.
Em 168 a.C. Antíoco ordenou que um porco fosse oferecido
sobre o altar de sacrifícios e a seguir, mandou erguer uma
estatua a Júpiter no lugar do altar. Neste período ocorre o
famoso martírio dos sete irmãos juntamente com sua mãe, por
recusarem-se a comer carne de porco.

Período Macabeu – O movimento de resistência teve origem


com um sacerdote idoso, de nome Matatias e desenvolveu-se
com seu filho Judas, mais tarde chamado Judas Macabeu,
derivado do termo hebraico que significa Martelo. Este foi um
20

poderoso movimento de resistência sem paralelo dentro do


povo judeu. A bravura e a fé destes homens os fizeram lutar
até a morte contra o extermínio de sua crença. Refugiados nas
montanhas, iniciaram seus ataques contra as tropas do
exército selêucida.
Judas desenvolveu uma poderosa estratégia de guerrilhas e
seu exército cresceu muito. Combateu os exércitos invasores
os derrotou em acirrada batalha. Várias tentativas do inimigo
de vencê-los foram frustradas. Num dia 25 de dezembro
Jerusalém foi retomada e o Templo dedicado (esta é a origem
da Festa de Dedicação – João 10.22). Embora Antíoco tenha
planejado vingar-se, os reveses pelos quais passou
deixaram-no extremamente doente. Contasse que morreu num
estado de completa loucura. Para os judeus, ele é a
abominação da desolação descrita pelo profeta Daniel.
Poderíamos chamá-lo sem dúvida alguma de o anticristo do
Velho Testamento.
Com sua morte seu filho Lísias voltou com um exército de
120.000 homens. Judas e seu exército foram sitiados em
Jerusalém e tiveram que render-se. Quando tudo parecia
perdido, uma revolta nas regiões da Síria obrigou as Lísias a
fazer paz com os judeus e restabelecer sua religião.
Com todos os altos e baixos do governo Macabeu sobre a
Judéia, o poder permaneceu em suas mãos até o ano de 63
a.C., quando a região passou a ser uma província Romana.

Período Romano – No ano de 63 a.C. Pompeu entra em


Jerusalém, após um cerco de três meses, fazendo da
Palestina uma das províncias romanas. Morreram cerca de
12.000 judeus quando da tomada da cidade, que foi facilitada
21

pelo fato dos judeus se recusarem a guerrear no dia de


Sábado, e nem mesmo a entrada dos exércitos romanos os
impediram de continuar sacrificando.
Após se retirar do trono de Roma, Júlio César nomeia
Antípater, procurador da Judéia. (47 a.C.).
Em 37 a.C. Herodes toma Jerusalém, mata o Antígono
Macabeu, que havia sido colocado no lugar de Antipater pelos
partas, e apodera-se do trono. No ano de 19 a.C; Após haver
construídas enormes obras na Judéia, Herodes resolve fazer
uma grande reforma no Templo de Jerusalém. Este foi o
Templo que Jesus conheceu e no qual ele entrou, e sobre o
qual ele lançou sua profecia de destruição.

Transformações Religiosas

Como já vimos, o cânon das Escrituras foi concluído e os


judeus se achavam agora em posse de uma coleção de livros
sagrados, os quais lhes permitiriam criar uma identidade
nacional indestrutível. A Lei passou a ser estudada e guardada
zelosamente. Agora sim eles agiam como um povo separado,
que se guardava da corrupção ao seu redor. O pesado jugo do
exílio fez com que valorizassem suas tradições e sua religião.
Foi neste período que a sinagoga local ganhou enorme
importância. Nela as Santas Escrituras eram lidas e expostas,
de acordo com a interpretação e tradução dos escribas, que
foram tornando-se mais e mais importantes. E neste período
que surge a Lei Oral, tão criticada por Jesus como um sistema
de mandamentos e regras que por muitas vezes suplantam até
mesmo os mandamentos de Deus (Mt 15).
22

Outro movimento que neste período cresceu e tornou-se


excessivamente forte foi a fé na vinda do Messias. Mais uma
vez sob o jugo estrangeiro, Israel olhava para o horizonte
aguardando a vinda do Prometido. Inúmeras interpretações
sobre ele foram desenvolvidas com base nas Escrituras. Ele
era a esperança de Israel.
Além dos escribas, surgem outros dois grupos neste período:
os fariseus e os saduceus. O primeiro era um grupo
extremamente rígido na observação da Lei. Seu nome significa
separatistas, provavelmente dado pelos seus inimigos.
Buscavam obedecer a letra da lei.
Provavelmente seu nascimento se deu como uma reação
contra a politização do sacerdócio judaico, que se tornara um
cargo cobiçado, vítima dos jogos de interesse com os
governantes romanos. Cresceram a ponto de tornar-se uma
das mais poderosas seitas da época, como prova sua
influência quanto à crucificação de Jesus.
Os saduceus por sua vez tem seu título provavelmente dos
filhos de Zadoque, que retiveram o sumo sacerdócio a partir de
Davi (2 Sm 8.17) ou de um Zadoque que viveu cerca de 250
anos a.C. ou ainda da palavra hebraica que significa justo, não
sendo fácil de determinar com exatidão. Também eram zelosos
na guarda da lei, porém tinham uma visão bastante diferente
da dos fariseus. Só consideravam os cinco primeiros livros
como regra e eram cépticos quanto a certas idéias como anjos
e espírito. Eram um tipo de materialista. Tinham bastante
proeminência no Sinédrio e tornaram-se fortes opositores de
Jesus.
Também é por este tempo que surge a Mishná, ou Lei Oral.
23

Tratava-se de uma interpretação das leis e que era obedecida


paralelamente à Lei Escrita e que depois passou a ser
considerada mais importante do que a última. Era dividida em
Halachoth (exegese legal ou determinações) e sua Haggadoth
(expansões morais, práticas e extravagantes). Após ser
transmitida oralmente durante muitos anos, foi colocada em
forma escrita no final do segundo século d.C. (pelo rabino
Yehuda no chamado Talmud e dividido em duas partes
principais 1) a Mishná, ou lei oral e a Gemara que eram
comentário sobre a Mishná. Era um tipo de Enciclopédia
Judaica.

III – Período Neo-Testamentário

Este período foi bastante agitado. Sob o governo de Roma, a


Palestina tornou-se palco de diversas revoltas e movimentos
messiânicos que almejavam a libertação. A Judéia foi, por
causa disto, anexada à província da Síria e governada por um
procurador romano, enquanto as demais tetrarquias
permaneceram na mão dos Herodes. Diversas massacres
tiveram lugar e inúmeros grupos instigaram o povo a pegar
armas contra Roma, até que por fim, estourou a guerra que
culminaria com a destruição de Jerusalém e do Templo.
Este período nos foi minuciosamente descrito por um
historiador judeu de nome Flavius Josefus, que lutou na
Guerra de 66 d.C. e sendo capturado pelo exercito romano e
levado a Roma onde escreve sobre a historia dos judeus e
sobre esta guerra que ele presenciou pessoalmente. Em seus
escritos temos um amplo panorama que nos dá o pano de
fundo no Novo Testamento
24

A dinastia Herodiana – Herodes o Grande era Idumeu, povo


do sul da Judéia que fora convertido ao judaísmo no tempo de
Macabeus e que seguia o judaísmo apenas nominalmente. Em
37 a.C. Herodes, com a ajuda dos romanos, derruba a
Antígono, aliados dos partos, e passa a governar a Palestina,
dando início a uma dinastia que governa a região até a queda
de Jerusalém, isto é, por mais de cem anos. O seu governo foi
marcado por inúmeras intrigas familiares, por instigação de
sua irmã Salomé. Não foram poucas as vezes em que ele teve
a sua vida ameaçada pelos próprios filhos, Alexandre e
Aristóbulo, sendo que por fim mandou matá-los, bem como a
própria mulher, Mariana, a quem amava muito, mas que se viu
acusada de tentar envenená-lo. Mandou também matar
Aristóbulo, irmão de Mariana, que tinha dezessete anos
quando ele se colocou na posição de sumo-sacerdote, bem
como o avô de Marina, que tinha na época oitenta anos.
Fez grandes obras públicas entre elas, um anfiteatro e
embelezou o Templo de Jerusalém, construiu a cidade de
Cesárea em honra a Augusto. Todavia a maioria das suas
obras destinava-se ao benefício dos gregos, visto que os
judeus abominavam os jogos desportivos e outros costumes
helênicos. Estas obras também geraram uma enorme crise
econômica.
No final de sua vida, o remorso de Herodes pelos crimes
perpetrados contra a própria família, levaram-no quase à
loucura. O medo de ser envenenado e perder a coroa afligia dia
e noite. Foi esta loucura que o levou a assassinar as crianças
de Belém e ao redor, quando ouviu falar de um rei que havia
nascido para reinar sobre os judeus. Após tantas crueldades,
25

sua morte foi de um sofrimento atroz. Assim conta Josefo


sobre seus últimos dias:

"Deus queria que Herodes sofresse o castigo de sua


impiedade; sua doença agrava-se cada vez mais. Uma febre
lenta, que não transparecia exteriormente, queimava-o e o
devorava por dentro; ele tinha uma fome tão violenta, que
nada era capaz de saciá-lo; seus intestinos estavam cheios de
úlceras; violentas cólicas faziam-no sofrer dores horríveis; seus
pés estavam inchados e lívidos, suas virilhas também, as
partes do corpo que se escondem com maior cuidado,
estavam tão corrompidas que já eram devoradas por vermes;
seus nervos estavam frouxos e ele respirava com dificuldade e
seu hálito era tão mau, que ninguém o queria perto dele. Todos
os que consideravam com piedade o estado deste infeliz
príncipe, estavam dispostos a admitir que tudo aquilo era
castigo visível de Deus, para puni-lo pela sua crueldade."
(Antiguidades Judaicas, Livro XVIII, 8.739).
Morreu Herodes no ano 4 ou 5 a.C. e seu filho Arquelau, passa
a governar em seu lugar no governo da Judéia, Herodes
Antipas se torna governador da Tetrarquia da Galiléia e da
Peréia e Felipe fica como Tetrarca da Ituréia e de Traconites.
Arquelau só reinou dez anos como encarregado da Judéia. Sua
crueldade levou os judeus a protestar diante de Augusto (Mt
2.22). Então ele foi destituído e a Judéia foi incorporada à Síria
e governada por procuradores, dentre os quais, Pôncio Pilatos,
que tornou-se procurador no ano de 26 d.C., sob quem foi
morto Jesus.
Herodes Antipas que governou a Galiléia e a Peréia.
Divorciou-se de sua legítima esposa, que era filha do rei
26

Aretas, rei dos árabes nabateanos, para casar-se com


Herodias, mulher do seu irmão Felipe. Este pecado pesou-lhe
imensamente, pois foi por isto repreendido por João Batista.
Sua mulher era um verdadeiro demônio, que o induziu a
diversos erros, inclusive ao de mandar matar João. E a este
Herodes que Jesus chama da raposa (Mc 8.15)

Entre os anos de 41 e 44 d.C. a Judéia volta a ser governada


por um dos Herodes. Por ser amigo de Calígula, quando este
se torna imperador, eleva Herodes Agripa, neto de Herodes o
Grande, ao cargo de Rei da Judéia. Foi ele quem mandou
matar Tiago, irmão do apóstolo João e quem mandou prender
a Pedro, o qual foi milagrosamente libertado (Atos 12). Por fim,
devido a sua soberba, foi ferido por um anjo do Senhor e
morreu comido de bichos.

Revoltas Judaicas – Não faltaram movimentos internos que


viam no jugo romano uma opressão que precisava ser
destruída. Pelo menos três destes estão descritos no Novo
Testamento e a eles refere-se também Josefo. Teudas e Judas
(Atos 5.36,37) e ainda há referência a um egípcio (Atos 21.38)
que agitaram este período.
Conforme Josefo, este Judas era da cidade de Gamala e
ajudado por um fariseu de nome Sadoque incitou o povo a se
rebelar, dizendo que o censo que estava sendo feito pelo
Império Romano, tinha por finalidade escravizá-los. O povo,
impressionado, rebelou-se e houve latrocínio, saques e
assassinatos por todos os lados.
Teudas foi um mago, que persuadiu o povo a segui-lo até o
Jordão, dizendo que era profeta e que deteria o curso do rio
27

com apenas uma palavra. Através disto levou o povo à


rebelião, mas por fim o povo foi disperso e Teudas teve sua
cabeça cortada e levada a Jerusalém.
Quanto ao Egípcio referido em Atos tratava-se de um outro
que se dizia profeta e que levando o povo ao monte das
Oliveiras disse que depois de ter proferido algumas palavras,
os muros de Jerusalém cairiam por terra. Mas o procurador
Félix soube disso e foi atacá-lo com grande número desses
soldados; uns 400 foram mortos e duzentos foram feitos
prisioneiros, mas o egípcio escapou.
Em outra ocasião também, Pôncio Pilatos introduziu na cidade,
legiões romanas que traziam em suas bandeiras a imagem do
imperador. Os judeus protestaram tanto, que Pilatos enviou um
pelotão de soldados, ameaçando matá-los se eles não
parassem de incomodá-lo. Mas os judeus dobraram os seus
joelhos e expuseram suas gargantas, mostrando que
morreriam de bom grado pela sua fé. Mediante isto, o
governador admirou-se e mandou retirar os estandartes.
Também durante o reinado do louco imperador Calígula, foi
ordenado que dentro do Templo de Jerusalém se colocasse
uma estátua do imperador, que agora se dizia um deus e
queria que todos o adorassem. Os judeus mandaram uma
delegação a Roma, chefiado pelo celebre judeu Filo, de
Alexandria, mas Calígula nem se quer os recebeu e ordenou ao
comandante Petrônio que colocasse a imagem no Templo nem
que para isso tivesse que massacrar aos judeus. Muitos deles
morreram, mas fizeram de seus corpos uma barreira humana,
pelo que Petrônio desistiu diante de tal firmeza. Ao saber disso,
Calígula mandou que ele se matasse. Todavia, antes da carta
28

chegar, Calígula já estava morto e Petrônio foi salvo.


Neste clima de revolta surgem os sicários ou zelotes, homens
cruéis que usavam espadas curtas como as dos persas e
recurvas como punhais, a que os romanos davam o nome de
siques. Matavam impunemente, misturando-se no meio da
multidão, cravando-lhes nas costas sua arma. E sob sua
liderança se iniciou a terrível Guerra Judaica.
Houve também, por ocasião de uma doença de Herodes,
alguns judeus que subiram no portal do Templo e arrancaram e
destruíram uma águia de ouro, símbolo do poder romano, que
o rei Herodes havia mandado colocar. (Conforme uma nota do
historiador inglês, Edward Gibbon, Tacito chamava-a de
Bellorum Deos. Era adorada pelos soldados juntamente com
outros deuses). Por causa disto foram presos uns quatrocentos
judeus e os responsáveis foram mortos.

O cerco e a queda de Jerusalém –

"Quando virdes Jerusalém cercada de exército, sabereis que é


chegada a sua desolação...pois dias de vingança são estes,
para que se cumpram as coisas que estão escritas...Haverá
grande aperto na terra e ira sobre este povo. Cairão ao fio da
espada e para todas as nações serão levados cativos.
Jerusalém será pisada pelos gentios até que o tempo deles se
complete" (Lucas 21.20, 22, 23, 24)

"Ela (a nação) te sitiará em todas as cidades, até que venham a


cair, em toda a tua terra, os altos e fortes muros, em que
confiavas...Comerás o fruto do teu ventre, a carne dos teus
filhos e filhas, que o Senhor teu Deus te houver dado, por
causa do cerco e da angústia com que teus inimigos te
29

apertaram...Quanto a mulher mais delicada e afetuosa do teu


meio...será mesquinha para com a placenta que lhe saiu do
ventre e dos filhos que acabou de dar a luz, pois na falta de
tudo, ela comerá às escondidas, na angústia e no aperto com
que teu inimigo te apertará nas tuas cidades" (Deuteronômio
28.52, 53, 56 e 57)

Cada vez mais se elevavam as vozes contra a odiada Roma.


Ao partido dos zelotes afluíam fanáticos e rebeldes que
reclamavam do domínio estrangeiro. Os abusos dos
procuradores romanos tornavam a situação ainda mais
delicada. O movimento ia se radicalizando. Quando o
procurador Floro exigiu dois talentos de ouro do tesouro do
Templo, no ano de 66 d.C., a revolta estourou. A guarnição
romana foi atacada e Jerusalém caiu na mão dos rebeldes. A
este fato, irrompeu a rebelião por todo país. Na Galiléia a
revolta foi abafada, mas na Judéia a Guerra ainda prosseguiu e
inúmeros judeus refugiaram-se em Jerusalém, que já se
encontrava lotada devido a festa da Páscoa. Em meio a esta
campanha morre o Imperador Nero. Vespasiano, que então
chefiava a guerra contra os judeus, é chamado a Roma e deixa
o cerco de Jerusalém por conta de seu filho Tito.
Os judeus, apesar da fome a que estavam sujeitos,
recusaram-se a se render. Por diversas vezes, Tito
ofereceu-lhes propostas de paz. Nem mesmo a intermediação
de Josefo, que mais tarde seria a célebre história desta guerra,
seria suficiente para levá-los à razão. Muitos judeus tentaram
escapar durante a noite, e uma vez apanhados eram
crucificados pelos romanos. Tantos foram crucificados que toda
a floresta que havia ao redor de Jerusalém foi devastada.
30

Espalhou-se também entre os soldados romanos que os judeus


engoliam ouro quando fugiam, na esperança de recuperá-lo
depois. Devido a isto, os fugitivos quando apanhados tinham o
seu ventre aberto pelos soldados, ainda vivos. Quando Tito
soube isto, puniu os acusados.
O espectro da fome apoderou-se da cidade superpovoada. A
morte fazia uma colheita terrível. A ânsia de comer fosse o que
fosse não conhecia mais limites, matava qualquer outro
sentimento humano.
A fome, cada vez mais insuportável, aniquilava famílias
inteiras. Os terraços estavam cheios de mulheres e crianças
desfalecidas, as ruas juncadas de velhos mortos. Crianças e
jovens cambaleantes erravam como fantasmas pela cidade, até
que caiam. Tão esgotados estavam que não podiam enterrar
ninguém e caiam sobre os mortos ao querer enterrá-los. A
miséria era indizível e apenas surgia em algum lugar a simples
sugestão de qualquer coisa comestível, começava logo uma
luta para apoderar-se dela, e os melhores amigos lutavam
entre si, arrancavam uns aos outros as coisas mais miseráveis.
Ninguém acreditava que os moribundos não tivessem algum
alimento. Os ladrões se atiraram aos que jaziam nas últimas e
revistaram-lhes as roupas. Esses ladrões andavam de um lado
para outro, batendo as portas das casas como ébrios. Em seu
desespero batiam duas ou três vezes no mesmo dia em uma
mesma casa. Haviam muitos que haviam começado a roer seu
cinturão e sapatos e até mesmo o couro dos casacos. Muitos,
até feno velho comiam e talos de ervas.
Os zelotes percorriam as ruas em busca de alimentos. De uma
casa saia um cheiro de carne assada. Os homens penetraram
31

imediatamente na habitação e pararam diante de Maria, filha


da nobre família Bet-Ezob, extraordinariamente rica, da
Jordânia Oriental. Maria tinha ido como peregrina a Jerusalém,
para a festa da Páscoa. Os zelotes a ameaçaram de morte se
não lhes entregasse o assado. Perturbada, a mulher
estendeu-lhes o que pediam, e eles viram, petrificado, que era
um recém-nascido meio devorado – o próprio filho de Maria.
A notícia transpôs os muros e Tito quando soube jurou que
este crime não ficaria impune.
Conseguiram por fim penetrar na cidade. Tito pediu todo o
tempo que o Templo fosse poupado, devido a sua
suntuosidade. Mas em meio aos encarniçados combates, um
soldado apanhou uma tocha e atirou para dentro do santuário.
Cheio de materiais inflamáveis, o fogo se alastrou e embora o
general tentasse impedir que este se alastrasse, já não era
possível. As chamas a tudo consumiram. E os soldados,
impulsionados pelo desejo de saque, nada fizeram para
impedir isto. Como havia revestimento de ouro por toda parte,
os soldados derrubaram tijolo por tijolo, para apoderar-se do
ouro.
Segundo informações do historiador Tácito, havia na cidade
600.000 pessoas. Flávio Josefo registra que só por uma porta
da cidade foram retirados, no espaço de três meses, cento e
quinze mil e oitocentos cadáveres de judeus. Noventa e sete
mil foram feitos prisioneiros.
No ano 71 d.C. Tito mostrava a glória de sua vitória sobre os
judeus, fazendo um imenso desfile triunfal. O candelabro de
sete braços (o Menorah) e a mesa dos Pães da proposição
foram conduzidos a Roma. Foram representados no Arco de
32

Tito, o qual ele erigiu para comemorar esta campanha.


Começa assim o maior período da Diáspora judaica, que só
encontraria seu fim quase dois mil anos depois.

IV – Período Histórico – (70 d.C ao final do séc XIX)

Este é o maior período da dispersão de Israel. Durante cerca


de 1900 anos eles ficaram espalhados pelo mundo, vagando
entre as nações, vitimas de perseguição e assassinato, tendo
como único elo de ligação a esperança de um dia retornar a
sua terra. Por diversas vezes foram expulsos de nações onde
viviam a tempos. Outras vezes foram cruelmente assassinados.
Outras vezes foram obrigados a aceitar pela força da espada
uma religião que não era a sua.

A Revolta de Bar Kochba – Comecemos com a revolta de Bar


Kochba, talvez o primeiro evento mais significativo ocorrido
depois da queda de Jerusalém. Durante o reinado do
Imperador Adriano (117 – 138 d.C.). Esta revolta começou
quando este imperador, querendo levar avante sua política de
tornar homogênea a cultura romana, transformou Jerusalém
em uma verdadeira cidade romana, denominando-a Aelia
Capitolina. Isto causou enorme agitação e o famoso rabino
Akiva tentou conter as massas.
Então um descendente da linhagem de Davi por nome de
Simão bar Kozeba torna-se líder da rebelião. Sua linhagem
colabora para que ele pudesse ser considerado o Messias. Até
mesmo o sábio Akiva o seguiu e mudou o nome dele para Bar
Kochba, ou seja, Filho da Estrela.
Na primeira fase da rebelião Jerusalém foi tomada pelos
judeus e os sacrifícios foram restabelecidos, embora sem o
33

Templo. O próprio Sinédrio foi reorganizado, mesmo que por


pouco tempo. Novamente era hasteada a bandeira da
independência judaica. Mas as legiões romanas conseguiram
expulsá-los da cidade Bar Kochba transferiu-se para Betar,
treze quilômetros ao sul. Porém, apesar das fortificações
improvisadas, não resistiram às investidas do exército
Romano. A cidade caiu após três anos e meio de cerco. Bar
Kochba estava entre os mortos. Akiba e seus rabinos foram
martirizados. Esta seria a última das tentativas de
independência dos judeus durante muitos séculos.

Novos Centros da Diáspora – Os judeus tinham agora de


encontrar novos territórios para estabelecer-se, e prosseguir
com sua existência. Cerca de 400.000 judeus permaneceram
em comunidades espalhadas pela Galiléia, a maioria nas
cidades de Tiberíades e Tzipori, existindo menores em Shafran
e Bet Shearim. Mas neste período inicial foram privados de sua
máxima expressão, pois foram proibidos de exercer muitos
aspectos de sua religião como a circuncisão, a guarda do
sábado, a ordenação rabínica ou qualquer outra observância
da lei.
O sucessor de Adriano, Antonino Pio (138-161) todavia, foi
mais liberal, o que possibilitou aos judeus um renascimento. O
estudo passou a ser considerado a essência da sobrevivência
nacional para um povo ao qual faltavam as condições normais
de identidade coletiva. Durante um bom tempo a Galiléia teve
o cetro da liderança espiritual para a comunidade judaica. Nela
viveram homens de grande capacidade, como Shimon ben
Yochai, Iossi bem Halita e os rabinos Natan e Yokhanan no bar
Napakha. Mas o mais famoso foi o rabi Meir, de que se conta
34

que escreveu o Livro de Ester de cor, sem errar uma única


letra. Era famoso pelas suas fábulas, e dele se dizia: Aquele
que toca o bastão de Meir, se torna sábio.
Depois houve um deslocamento para Babilônia e Síria, onde
grandes comunidades judaicas se estabeleceram. Embora o
povoamento judaico ali tenha se iniciado desde a época de
Nabucodonosor, o crescimento do Cristianismo retirou cada vez
mais o deslocamento do centro de influência de Jerusalém
para Babilônia, onde havia cidades quase inteiramente
judaicas. A frente da comunidade estava o exército (Rosh
Há-golah), cuja autoridade era maior do que a do Patriarca de
Jerusalém.
Aqui foi produzido o famoso Talmude Babilônico, muito mais
completo que o Palestino, pois sua formação levou quase dez
séculos para ser escrito. Trata-se de toda uma coleção de
ledas, poemas, contos, alegorias, interpretações, reflexões
éticas e reminiscências históricas relacionadas às Escrituras.
Além desta forte comunidade, haviam muitas outras no Norte
da Europa, onde os judeus eram chamados de Asquenazins.
Mas o fato do Cristianismo tornar-se religião oficial e de ter
dominado toda a Europa fez com que a situação dessas
comunidades se tornassem cada vez mais inseguras. Muitas
medidas restritivas foram promulgadas, proibindo os judeus de
casarem-se com cristãos, terem escravos cristãos e construir
novas sinagogas.

A Era Islâmica – Enquanto isto os judeus que viviam na


Europa, viram as nações tornarem se católicas e passarem a
adotar uma política anti-semita. Na Espanha, os Concílios
Eclesiásticos de Toledo exigiam a aplicação das leis anti
35

judaicas. Na França, durante a dinastia dos Merovíngios,


exigiu-se o batismo ou a expulsão dos judeus em 629. Isto
levou muitos a uma conversão nominal. Com todas estas
pressões o número de judeus decaiu em toda região do
Império Romano. Dos três milhões de judeus que havia no
tempo do segundo Templo, este número caiu para menos de
meio milhão no início do século VII.
Por este tempo, a situação na comunidade da Babilônia foi
melhor do que nas regiões da Europa. A dinastia Sassânida foi
mais branda, com raras exceções. Por isso ao judeus
construíram aí o maior reservatório de força espiritual e física
judaica.
O ano de 622 d.C. marca o inicio do calendário muçulmano,
quando Maomé foge de Meca para Medina. Entrava então no
mundo Mediterrâneo e no Oriente Médio uma nova era,
dominada pelos seguidores do Alcorão, livro sagrado dos
muçulmanos. Em Medina a posição de Maomé, no que tange
aos árabes, estava assegurada. Mas encontrou inesperada
resistência por parte dos judeus. Por causa da semelhança da
nova religião com o judaísmo, Maomé esperava contar com a
simpatia dos judeus árabes, contando que eles abraçariam sem
hesitação ao judaísmo. Deixará de reconhecer dois fatores:
primeiro, o alto grau de consciência cultural e histórica que
existia entre os judeus da Arábia e que era em boa parte
responsável pelo desdém em relação a este pretenso profeta e
seus discípulos grosseiros e iletrados; segundo, a destacada
posição política e social dos judeus árabes, que tornava
desnecessário para eles tomar em consideração a conversão
como meio de progredir socialmente. De qualquer modo,
enfurecido por sua oposição e invejoso de seu êxito financeiro,
36

concebeu Maomé um ódio aos judeus que em anos


subseqüentes teria conseqüências graves para não poucas
comunidades judaicas.
Mas no geral, a situação dos judeus foi positiva. Maomé morreu
em 632 e sob a dominação muçulmana os judeus ingressaram
num novo período de expansão física e intelectual. Em
contraste com o Zoroastrismo e o Cristianismo que sofreram
grande decadência, os judeus não só conservaram sua crença
ancestral como também ganharam uma nova força nos países
da conquista muçulmana. Na região da Babilônia e da
Palestina, os judeus floresceram como nunca, bem como nas
comunidades judaicas da Síria e do Egito, bem como na região
a Oeste, próximo ao local da antiga cidade de Cartago.
Haviam certas restrições sofridas pelos judeus, como a
proibição de construir sinagogas, um imposto especial pago
somente pelos não-muçulmanos, a proibição de andar a cavalo
e portar armas, de casar com muçulmanos e a conversão só
era permitida de uma fé muçulmana para o Islã. Mas estas
imposições raramente eram aplicadas na íntegra. Os judeus
não eram obrigados a viver em guetos e podiam manter suas
próprias instituições comunitárias. Assim os tribunais judaicos
exerciam poder judiciário completo sobre a comunidade e não
era necessário recorrer aos tribunais árabes. As comunidades
judaicas, na maior parte das vezes, puderam funcionar com
relativa autonomia na execução de seus negócios internos.
Mesmo as leis relativas a cores especiais pelas quais os trajes
de infiéis deveriam distinguir-se dos de muçulmanos eram
frequentemente ignoradas, embora em outros casos fossem
não só aplicadas mas levadas a extremos absurdos. Um califa
fatímida, por exemplo, ordenou aos judeus usarem bolas de
37

dois quilos em volta do pescoço, em comemoração a cabeça


de bezerro que seus ancestrais haviam adorado. Outra
prescrição dizia que cada judeus deveria usar um distintivo
amarelo em seu chapéu e pendurar no pescoço uma moeda de
prata.
Legislação alguma, porém, podia impedir um certo grau de
confraternização. E isso principalmente nas camadas mais
altas da sociedade. Os judeus galgaram altas posições na
área das finanças, medicina e erudição. O respeito árabe pela
perícia judaica sobrepunha-se muitas vezes às barreiras legais
e sociais.
No sul da Espanha foi constituído um grande reino muçulmano,
onde eles foram chamados de mouros. A cidade de Córdova
tornou-se um grande centro cultural, onde havia uma biblioteca
com cerca de 400.000 manuscritos.
O esclarecimento cultural da Espanha muçulmana ia de mãos
dadas com a tolerância política. Durante o reinado de
Abd-el-Rahman III muitos judeus alcançaram uma posição de
destaque na administração. Dentre eles salientou-se Hasdai ibn
Shaprut (915-970) que de médico da corte ascendeu à posição
de principal conselheiro do califa em questões financeiras e
diplomáticas.
Foi com o Rabi Moises Bem Maimon (1135-1204) que o
período muçulmano atinge o ápice. Foi pela obra de Moises
Maimones que o pensamento do hebraísmo pós-bíblico
alcançou ao mundo não judeu. Foi um médico ilustre, da corte
da família real de Saladino. Escreveu obras médicas e de
ciência natural (astronomia, matemática e física). Apesar de
sua debilidade física tomou parte em assuntos seculares
38

judaicos e comunidades judaicas de todo mundo mediterrâneo


freqüentemente recorria a ele para questões de lei e ética
judaica, bem como sobre problemas de crença. Tão
generalizada era sua fama é tão reverenciada a sua
lembrança, que após a sua morte foi homenageado com a
frase: De Moisés a Moisés, não surgiu ninguém como Moisés.
Durante dois séculos apos a morte de Maimones houve uma
frenética e arbitraria política de discriminação por parte dos
árabes com relação aos judeus e a qualquer grupo não
muçulmano. Eles eram culpados por todos os reveses que
atingiram os árabes, ferindo seu orgulho e autoconfiança.
Chegava ao fim o período áureo das relações árabes judaicas,
e consequentemente da própria civilização árabe estabelecida
na Península Ibérica.

Os Judeus na Europa ate 1492 – Os judeus funcionaram


como uma classe medianeira entre a Europa Crista e o mundo
muçulmano. O principal motivo foi sua facilidade em
comunicar-se com comunidades no mundo inteiro através do
idioma hebraico. Tornaram-se também por isto grandes
comerciantes. Mas seu principal destaque, onde eles foram
sempre difamados, foi a do empréstimo de dinheiro. Como as
leis muçulmanas e a Igreja Católica criticavam a usura,
legaram esta área aos infiéis. Assim os judeus obtiveram um
quase monopólio. Com o passar do tempo, reis e imperadores
também ficaram vitalmente interessados no comércio
monetário judaico.
A partir do século X e XI existem provas de comunidades
judaicas firmemente estabelecidas em todas as cidades
importantes da França e da Alemanha. Depois disso a
39

habitação continua. Até o final do século XI a relação entre


judeus e não-judeus foi relativamente tranquila e amistosa.
Diversas comunidades desenvolveram uma florescente vida
intelectual e sustentaram academias talmúdicas. Depois, nos
séculos XII e XIII, quando os estados nacionalistas começaram
a evoluir na Alemanha (sob Frederico II) e Franca (sob Felipe
Augusto), os judeus mais uma vez foram vítimas das
intolerâncias do mundo medieval. Os judeus, que haviam
aberto o caminho para o comércio nativo e para a indústria,
podiam ser dispensados. Ficaram na mão de igreja católica
que constantemente pressionavam-nos para a conversão.
Nas Grã-bretanha o declínio da comunidade judaica foi tão
rápido quanto a sua ascensão. Eles foram chamados ao país
por causa de uma urgente necessidade econômica – o
desenvolvimento do mercado monetário. Foram transformados
numa classe de usuários reais, cuja principal função era
fornecer crédito para empreendimentos tanto políticos quanto
econômicos.. Em 1200 d.C. havia uma população judaica de
cerca de 2.500 famílias
Mas a partir do final do século XI a atitude dos ocidentais para
com os Israelitas mudou repentinamente. As cruzadas geram
intolerância aos cristãos. E o fato de os judeus recusaram
veementemente o batismo, agravou esta situação. Já em 1096
o exército dos cruzados realizou verdadeiros massacres no sul
da França. É possível que com o passar do tempo motivos
econômicos passassem a motivar este anti-semitismo, uma vez
que os judeus eram os capitalistas da Europa. A superstição e
a sugestão das massas tornaram-se dois fatores importantes
da propaganda anti-semita. Acusavam os judeus de profanar a
hóstia. Em 1179 e em 1215 o Concílio de Latrão emitiu
40

medidas discriminatórias contra eles. Isolados em certas


áreas, assim foi aberto o caminho para os futuros guettos.
Eduardo, rei da Inglaterra, para resolver o problema expulsou
os judeus de seu reino em 1290. Os franceses seguiram o
exemplo dos ingleses e Felipe o Belo , em sua avidez,
ocupou-se dos judeus. Em 1306 todos os judeus da França
foram presos e postos na fronteira e os seus bens confiscados.
Permitiu que eles voltassem dez anos depois. Mas em 1321
começou a circular um terrível boato de que os leprosos, por
instigação dos judeus, teriam contaminado as fontes de água
do reino. Apoderou-se do povo uma verdadeira histeria.
Mataram-se nesta ocasião apenas leprosos, mas os boatos
prosseguiram. Quando estourou a peste negra na Europa, não
houve dúvida de que foram os judeus. O povo exigiu sangue
judaico. Em Estrasburgo foram encurralados no bairro que lhes
estava reservado e queimados vivos, cerca de 2000. Em
muitas cidades houve chacinas semelhantes. Foram muitas
vezes torturados e para pôr fim a esta, confessavam-se
culpados. Outras vezes matavam-se junto com a
família.Também na Alemanha o anti-semitismo impõe
proibições terríveis sobre eles, até o ponto de terem de se
retirar.
Na Espanha, por esse período surgem os Marranos, judeus
que foram convertidos à força ao catolicismo. Eram chamados
também de cristãos-novos, para diferenciar dos demais
cristãos. Foi a primeira vez na história que os judeus se
sujeitaram a isto, provavelmente porque sua condição na
Península Ibérica até então era bastante próspera. Com o
tempo, passaram a ser acusados de estar praticando o
judaísmo ocultamente e foram perseguidos pela Inquisição.
41

Também aqui, o principal motivo passa a ser econômico, uma


vez que Fernando de Aragão buscava fundos para sua guerra
contra os mouros.
Por fim, em 1492 os judeus foram definitivamente expulsos da
Espanha. Alguns permaneceram em Portugal em troca de
pagamento, mas em 1496, D. Manuel I, desejoso de casar
com a filha de Fernando e Isabel, só obteve o consentimento
com a condição de que livrasse o seu país dos judeus. E
assim fez.

Expulso destas terras os judeus emigraram para o norte de


África, Roma, Veneza e outras áreas da Itália, Polônia e
Turquia (foi nestas duas últimas áreas que eles mais
floresceram). Após a Guerra dos 30 anos foi-lhes permitido
emigrar para a Holanda, Inglaterra e no Novo Mundo. Na
Holanda eram donos de cerca de 25% do capital da
Companhia das Índias Orientais.
A Aurora da Emancipação – A partir do século XVII os judeus
começam uma luta pela ascensão econômica e por uma
aceitação em face dos povos europeus. Talvez não
plenamente quando desejavam, ao menos em parte eles
conquistaram maior espaço na vida cultural, política e social.
Isto se deu principalmente devido a três fatores: o talento do
financista judeu, as estruturas corporativas obsoletas e o
crescimento do humanitarismo nacional. Em muitos países
foram feitos esforços para que os judeus pudessem receber o
título de cidadãos e servir o Estado livremente. Christian
Wilhelm von Dohm, escritor, diplomata, aristocrata e publicista
holandês, tudo fez no sentido da emancipação dos judeus. A
França chegou a oferecer um prêmio para o melhor ensaio
42

sobre o tema: Há meios de tornar os judeus mais felizes e


mais úteis na França? A melhor resposta veio de um clérigo,
Membro da Assembléia Nacional e que se mostrou um dos
mais ardorosos defensores e promotores do direito dos judeus
franceses.
Napoleão também foi confrontado com a questão judaica,
recebendo muitas reclamações dos franceses com relação a
isto. Mas quando achavam que ele tomaria medidas
prejudiciais, o que ele fez foi restabelecer o Sinédrio, como
órgão de governo nos assuntos dos judeus.
Dessa forma, a briga por direitos iguais prosseguiu em toda a
Europa. Os judeus já não queriam ser vistos como um povo à
parte. Queriam assimilação, queriam integração, queriam
apenas fazer parte do país no qual residiam. Isto levou muitos
a se afastarem do judaísmo como religião e se integrarem
como cidadãos de seus respectivos países.

Anti-Semitismo e Migrações – No século XIX o


anti-semitismo assumiu uma nova forma. Apoiava-se em
teorias racistas e foi usado como um instrumento de poder
pelos partidos políticos. A desconfiança religiosa em relação
aos judeus não era, sem dúvida, um fenômeno novo. Os
judeus haviam sido perseguidos através dos tempos. As
superstições religiosas floresceram na Idade Média, tempo em
que não estavam em desacordo com o espírito da época. Mas
persistem no século XIX numa era de ideias modernas,
progressos científicos, industrialização, movimentos de
libertação nacional – isso não era, diante das circunstâncias,
de se esperar. A mais persistente dessas superstições era a
Calúnia do Sangue, uma velha mistificação segundo a qual os
43

judeus eram assassinos rituais, que recolhiam o sangue de


cristãos para o fabrico do matzá, o pão da páscoa. Nada podia
apagar da mente dos camponeses ignorantes essa imagem do
judeu como um bebedor de sangue. Em fevereiro de 1840
desapareceu um sacerdote católico, de posição elevada e a
culpa foi deliberadamente colocada nos judeus. Essa era a
situação dos judeus.

O Protocolo dos Sábios de Sião - Em 1894 Nicolau II


tornou-se o czar. Foi persuadido pelos que o rodeavam que
seus maiores inimigos eram os súditos judeus. O principal
instrumento usado para a propagação dessa ideia foi o dos
Protocolos dos Sábios de Sião, uma falsificação preparada
para o esclarecimento do Czar. Os protocolos foram fabricados
no escritório parisiense da polícia russa entre 1901 e 1905.
Nesses anos foram divulgados ao público e apresentados ao
czar. Como esse não acreditou na sua autenticidade, parece
terem sido temporariamente postos de lado. Foi só depois de
1919 que cópias dos mesmos tiveram circulação ampla,
especialmente na Europa Ocidental. Os Protocolos pretendiam
demonstrar, pelos supostos relatórios de um Congresso
Judaico Internacional, que havia um muito difundido
movimento judaico internacional para destruir organizações
cristãs existentes e substituí-las pela dominação judaica
mundial. Não era a Revolução Russa uma prova disto, uma vez
que Trotsky e Bela Kun eram judeus? Os Protocolos foram
traduzidos na maioria das línguas européias e também em
japonês e árabe. Em 1921 o Times de Londres desmascarou
os protocolos como uma rematada falsificação, baseada em
glamorosas mentiras, mas já era tarde demais. Muitos que
sentiam necessidade de acreditar neles o difundiram e ele foi
44

usado por todo o século vinte como uma arma contra os


judeus.

V – Período Moderno –

O caso Dreyfuss – Este caso abalou a terceira República na


França. Alfred Dreyfuss, um capitão da Marinha Francesa, foi
acusado de vender documentos secretos para o governo
Alemão. O documento ficou conhecido como O Borderô.
Embora as provas não fossem suficientes para acusa-lo o fato
de ser judeu, aliado a onda de anti-semitismo que agitava o
pais, serviu para condena-lo. Em 5 de Janeiro de 1995 ele foi
degradado em uma cerimônia pública, quando o oficial
declarou ``Alfred Dreyfuss, sois indignos de servir a França``,
despindo-o em seguida de sua farda e retirando a insígnia de
capitão. E a multidão gritava ``Morte a Dreyfuss ! Morte aos
judeus``
No dia 13 de Abril de 1995 ele foi levado à Ilha do Diabo, nas
Guianas Francesas, tornando-se seu primeiro prisioneiro. Isto
daria início a uma campanha que dividiria a França em duas
facções, uma pró e outra contra Dreyfuss. Mas embora ele
retornasse à França em 1903, somente em 1906 ele foi
completamente reabilitado e considerado inocente.

Movimento Sionista – Mas a degradação de Dreyfuss teve um


efeito histórico fascinante. No dia de sua degradação estava
presente um outro judeu, jornalista, austríaco, que como
Dreyfuss buscara assimilar a cultura de seu país. Theodor
Herzl, que até então fora indiferente com as questões de sua
raça, compreendeu a força do anti-semitismo naquele instante.
Compreendeu que os judeus jamais teriam paz, enquanto não
45

estivessem vivendo em sua própria terra. Emocionado ele


deixou aquele lugar de suplício. Mas a revolta brutal semeada
nessa manha no fundo do seu coração iria cristalizar uma visão
que modificaria o destino do povo judeu e da historia do século
XX.
O Sionismo, até então uma doutrina religiosa que pregava o
retorno do povo à terra prometida, tornava-se agora um
movimento político. Herzl iria em dois meses transformar
aquela visão em realidade, redigindo um manifesto de cem
paginas intitulado simplesmente ``Die Judenstaat``, o Estado
Judeu. Nele, dia: ``Os judeus que assim o quiserem, possuirão
o seu estado``. Herzl fundou oficialmente o movimento
sionista, dois anos depois, no decorrer do Primeiro Congresso
Sionista realizado em Basiléia, Suíça.

Somos um povo – um só. Em toda parte temos feito esforços


sinceros para nos fundirmos na vida social das comunidades
circundantes, conservando apenas a fé de nossos pais. Não
nos permitem fazê-lo. Em vão somos patriotas leais, em
alguns lugares nossa lealdade chegando a extremos; em vão
fazemos os mesmos sacrifícios de vida e propriedade que
nossos concidadãos; em vão nos esforçamos para aumentar a
glória de nossas pátrias nas ciências e nas artes, ou sua
riqueza com o comércio. Em países onde temos vivido há
séculos ainda somos tachados de estrangeiros, e com
frequência por aqueles cujos antepassados ainda não viviam
no país onde judeus já haviam tido a experiência de
sofrimento...No mundo como é agora, e como provavelmente
continuará sendo por muitíssimo tempo, a força precede o
46

direito. É inútil, portanto, sermos patriotas leais, como foram os


huguenotes, a quem obrigaram a emigrar. Se apenas nos
deixassem em paz...Mas acho que não nos deixarão em paz
(De “O Estado Judeu)

Tal como um novo Moisés, ele levantou o ânimo do povo, e


novamente lhes insuflou esperança de conquistar a terra
prometida. Em Viena, ele lançou sua profecia:

Na Basiléia criei o Estado Judeu. Daqui a cinco anos talvez


e daqui a cinqüenta, com certeza, todos os verão.

Cinqüenta e um anos após ter sido feita essa incrível


afirmação, a criação de Israel foi proposta pelas Nações
Unidas. Theodor Herzl morreu no dia 3 de Julho de 1904, sem
ver seu sonho realizado. Mas nem seus sonhos, nem suas
palavras morreram. Elas ganharam vida no coração dos
judeus, que viviam resignados em seus sofrimentos e agora
aprenderam a moldar sua própria vida e tomar o seu futuro em
suas próprias mãos.

Declaração Balfour – A Primeira Guerra Mundial veio trazer


mais um beneficio em direção a criação do Estado Judeu. Por
essa época já havia algumas colônias de judeus estabelecidos
na Terra Santa, mas não havia qualquer legalidade. A região
era dominada pelos turcos otomanos desde muito, porém seu
império era considerado ``o homem doente da Europa``.
Entraram na Guerra do lado da Alemanha, e com a derrota
desta, perderam o direito pela Palestina, que passou para as
mãos da Grã-Bretanha.
47

Lord Balfour, secretário do exterior da Grã-Bretanha havia


oferecido a Chaim Weizmann, então presidente da Agência
Judaica, um território na Uganda. Como este recusasse,
Balfour criticou-o, mas Weizmann convenceu-o de que só a
terra da Palestina satisfaria aos judeus como território.
Mediante estas declarações, foi escrita uma carta, que passou
para a história como ``Declaração Balfour`` e que serviu como
base futura para a fundação do Estado de Israel. A declaração
dizia:

``Caro Lord Rothschild,

Tenho grande prazer em transmitir-lhe, em nome do governo de


sua majestade, a seguinte Declaração de simpatia para com
as aspirações judaicas sionistas, que foi submetida ao, e
aprovada pelo Gabinete:

O Governo de Sua Majestade encara favoravelmente o


estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo
judeu, e envidara seus melhores esforços para facilitar a
consecução deste objetivo, ficando claramente entendido que
não se fará nada que possa prejudicar os direitos civis e
religiosos das comunidades não judaicas existentes na
Palestina, bem como os direitos e condições políticas gozadas
pelos judeus em qualquer outro país
Eu lhe ficaria agradecido se esta declaração fosse levada ao
conhecimento da Federação Sionista.

SINCERAMENTE,
ARTHUR JAMES BALFOUR

David Ben Guryon – Pode ser considerado o pai do moderno


48

Israel. Nasceu em 1886, em Plonsk, na Polônia. Seu nome era


David Grin, filho de Victor e Sheindal Grin. Ainda com 14 anos,
passou a fazer parte de um movimento sionista juvenil Ezra.
Aos 17, vai para a capital, Varsóvia, para completar seus
estudos e passa a fazer parte do Poalei Sion, um partido
sionista trabalhista. Em 1906 ele muda-se para a Palestina e
instala-se em uma das colônias agrícolas, trabalhando
duramente o solo. Em 1935 ele e eleito presidente do Executivo
Sionista e chefe da Agencia Judaica, embrião do futuro
governo judaica da Palestina. Em 1948, juntamente com mais
37 pessoas fundaram e organizaram o primeiro governo de
Israel. Em 1949 ocorrem as primeiras eleições políticas para a
formação do Parlamento, onde o Dr. Chaim Weizmann é eleito
presidente e Ben Gurion assume como Primeiro-Ministro e
ministro da Defesa de Israel.

O livro Branco – Foi publicado pela Inglaterra em 1939, no


início da Segunda Guerra. Este documento reduziu
drasticamente a cota de imigração judaica para a Palestina.
Isto gerou inúmeros problemas, principalmente porque muitos
judeus estavam fugindo da Europa Nazista e não podiam
entrar na Palestina. Isto gerou o célebre episódio do navio
Exodus, que foi obrigado a permanecer no mar sem poder
entrar na terra de Israel. Leon Uris, famoso romancista judeu,
eternizou esse acontecimento em romance com o mesmo
nome do navio.
Isto gerou inúmeros conflitos políticos com a Inglaterra para os
colonos judeus estabelecidos na terra. Ben Gurion teve de
usar toda sua perícia diplomática para lidar com este caso, sem
prejudicar o relacionamento com os ingleses: "Temos que
49

apoiar a Grã-Bretanha como se o Livro Branco não existisse e


lutar contra o Livro Branco como se não houvesse guerra."

O Holocausto – Durante a Segunda Guerra Mundial os


nazistas atuaram deliberada e sistematicamente para alcançar
seu objetivo de destruir a comunidade judaica da Europa. Dos
sete milhões de judeus que viviam nos países ocupados pelos
nazistas, seis milhões foram assassinados, alguns
conseguiram escapar e algumas centenas de milhares foram
encontrados nos campos de concentração no fim da guerra.
Durante a guerra os judeus da Palestina participaram
ativamente do esforço de guerra dos Aliados. Quando esta
acabou muitos deles passaram a integrar a Alia Bet, que
organizou a imigração ilegal de milhares de sobreviventes do
Holocausto a Palestina, apesar das restrições imigratória
impostas pelos ingleses.

A decisão da ONU – Quando a Assembléia da ONU, presidida


pelo brasileiro Oswaldo Aranha, se reuniu naquela quarta-feira,
26 de Setembro de 1947 para decidir a divisão das terras
Palestinas entre judeus e palestinos, todos sabiam que não
havia votos suficientes. Eram necessários dois terços dos
votos para que a decisão fosse aprovada. Contra isso havia as
22 nações árabes, fora outras nações que seriam contrárias à
divisão. Por isso, Moshe Sharett, ministro dos Negócios
Estrangeiros da Agência Judaica, fez uma manobra
desesperada e conseguiram adiar a votação por 48 horas.
Durante este período fizeram pressão sobre os países que
haviam se decidido contra a partilha: Grécia, Haiti, Libéria e
Filipinas. No dia 29 de novembro de 1947, no momento em
que se iniciaram as votações, o resultado ainda parecia
50

incerto. Neste momento, um som ecoou na galeria destinada


ao público: "Anna Hashem Hoshia-na!" – Deus, salvai-nos !
Por fim a Assembléia votou a favor da divisão, por 33 votos a
13 e dez abstenções. A ONU aprovava assim o nascimento de
Israel.

A Guerra de Independência – Mas o nascimento do Estado


de Israel só se daria em 14 de maio de 1948, quando as tropas
britânicas deixariam o governo da terra aos judeus e aos
palestinos. Isto significava que ainda restavam mais de oito
meses até a posse definitiva. Durante este tempo a Liga Árabe
estaria fazendo todo tipo de pressão sobre a ONU, até anular
a decisão da ONU. Isto provocou grande preocupação no
grupo chefiado por Ben Gurion, que agora temiam fundar o
Estado sem o apoio da ONU. Então um dos elementos que
compunham o grupo recebeu uma promessa do presidente dos
EUA, Truman, de que se o Estado de Israel fosse fundado,
dariam sua aprovação. Isto foi suficiente para que a nação
fosse fundada.
Mas depois disto um outro problema surgiu. As nações árabes
ao redor declararam guerra ao recém-nascido Israel. Para uma
nação de certo modo tão jovem, era um golpe muito forte.
Egito, Líbano, Síria, Jordânia e Arábia Saudita uniram suas
forças. A resposta dos dirigentes de Israel foi: "Se os países
árabes querem paz, eles podem tê-la. Se quiserem guerra
podem Ter isso também. Mas quer queiram paz ou guerra, só
podem tê-la com o Estado de Israel". Havia 5 soldados
inimigos para cada soldado israelense. Suas armas eram
antiquadas e não tiveram apoio de qualquer nação ocidental,
nem mesmo dos EUA ou da Grã-Bretanha. Mesmo assim, ao
51

término da guerra os resultados foram totalmente favoráveis a


Israel. Muitas das terras conquistadas nesta disputa estão em
questão até os dias de hoje.

A Guerra do Sinai – Em 1956, o presidente egípcio Gamal


Abdel Nasser nacionaliza o canal e impede a passagem de
navios israelenses, originando um conflito internacional. Com o
apoio da França e do Reino Unido, tropas israelenses
invadiram o Egito em outubro de 1956. Apesar da derrota
militar egípcia, a intervenção da ONU e as pressões dos EUA e
da União Soviética garantem o controle do Egito sobre o canal,
com a obrigatoriedade de mantê-lo aberto à navegação
mundial.

A Guerra dos Seis Dias – Conflito armado entre Israel e a


frente árabe, formada por Egito, Jordânia e Síria, e apoiada
pelo Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão. O
crescimento das tensões árabe-israelenses, em meados de
1967, leva ambos os lados a mobilizar suas tropas. Sem
esperar que a guerra chegue às suas fronteiras, os israelenses,
fortemente armados pelos EUA, tomam a iniciativa do ataque.
O pretexto é a intensificação do terrorismo palestino no país e
o bloqueio do Golfo de Ácaba pelo Egito – passagem vital para
os navios de Israel. O plano traçado pelo Estado-Maior
israelense, chefiado pelo general Moshe Dayan (1915-1981),
começa a ser posto em prática às 8 horas da manhã do dia 5
de junho de 1967, quando os caças israelenses atacam nove
campos de pouso e aniquilam a força aérea egípcia no chão.
Ao mesmo tempo, forças blindadas israelenses investem contra
a Faixa de Gaza e o norte do Sinai. A Jordânia abre fogo em
52

Jerusalém e a Síria intervém no conflito. Mas, no terceiro dia


de luta, o Sinai inteiro já está sob o controle de Israel. Nas
próximas 72 horas, os israelenses impõem uma derrota
devastadora aos adversários, controlando também a
Cisjordânia, o setor oriental de Jerusalém e as Colinas de Golã
, na Síria. A resolução da ONU de devolver os territórios
ocupados é rejeitada por Israel. Como resultado da guerra,
aumenta o número de refugiados palestinos na Jordânia e no
Egito. Síria e Egito estreitam ainda mais as relações com a
URSS, renovam seu arsenal de blindados e aviões, e
conseguem a instalação de novos mísseis perto do Canal de
Suez .

A Guerra do Yom Kippur – Quarto conflito armado entre Israel


e os países árabes vizinhos. Tem início com o ataque da Síria
e do Egito às posições israelenses no Sinai e nas Colinas de
Golã , em 6 de outubro de 1973, dia em que os judeus
comemoravam o Yom Kippur (Dia Do Perdão), feriado
religioso. Os árabes tentam recuperar as áreas perdidas para
Israel na Guerra dos Seis Dias (1967), além de responder aos
bombardeios israelenses na Síria e no Líbano, em busca das
bases militares da Organização para a Libertação da Palestina
(OLP). A guerra dura 19 dias e é concluída sob intervenção
das potências mundiais. Os sírios, ajudados por tropas
jordanianas e iraquianas, avançam ao norte em direção a Golã
, enquanto as forças egípcias invadem o sudoeste, a partir do
Canal de Suez . Obrigam os israelenses a abandonar as suas
linhas de defesa em Bar-Leve, os campos petrolíferos de
Balayim, ocupando toda a área do Canal, de Port Said a Suez
. Mas o contra-ataque de Israel força o recuo dos egípcios e
sírios. Damasco é bombardeada e os blindados israelenses
53

obrigam as forças sírias a retroceder até as linhas demarcadas


pela guerra de 1967. No Sinai, cerca de 200 tanques e 10 mil
soldados de Israel cruzam o Canal, destruindo instalações de
artilharia e bases de lançamento egípcias na margem oeste.
Essa manobra militar de Israel isola o Exército adversário na
margem leste do deserto. Pressões diplomáticas dos Estados
Unidos e da União Soviética impedem o massacre das forças
egípcias cercadas no Canal. O cessar-fogo foi assinado em 24
de outubro. As posições vigentes ao final da Guerra dos Seis
Dias são praticamente restabelecidas com os acordos
assinados entre Israel e Síria, em 1974, e entre israelenses e
egípcios, em 1975.

ISRAEL MODERNO

• Em 1985 a população total era de 4.037.600, sendo que 83%


eram de judeus e 17% de não judeus.
• Desde 1949 é membro integrante das Nações Unidas.
• Desde 1964, os hidrólogos unificaram todas as fontes de água
do país em um sistema integrado. Sua artéria central, o
Aqueduto Nacional, conduz água do Mar da Galiléia, através
de canais e encanamentos, até o sul árido. Isso possibilitou o
aumento da área de terra agrícola irrigada, passando de
30.375 hectares em 1948 para 202.500 em 1980.
• Israel é principalmente uma sociedade urbana, com 90% de
seus habitantes vivendo em 112 centros urbanos e em três
grandes cidades: Jerusalém, Tel Aviv que é composta de duas
cidades Jafa e Haifa.
• Na área rural foram criados os Kibutz, verdadeiras aldeias
comunitárias onde tudo pertence a todos, partilhando os meios
54

de produção e as propriedades. Produzem cerca de 40% de


todo o consumo nacional. Até mesmo a parte industrial do país
tem contribuição de pelo menos 5% da produção por parte dos
kibutz.
• Na questão política Israel é uma república parlamentarista,
onde o chefe de estado e o primeiro ministro.
• Em 1951 foi promulgada a Lei de Direitos Iguais para a
Mulher que confere a esta o mesmo status que ao homem.
• Todas as religiões gozam dos mesmos direitos, conforme reza
sua Declaração de independência. Todos os locais santos de
todas as religiões são respeitados • O serviço militar é
obrigatório, tanto para homens como para mulheres. Dura 3
anos para os homens e 2 anos para as mulheres. Mulheres
casadas são isentas. Os homens após o serviço permanecem
como reserva até os 55 anos e as mulheres até os 25. • Na
educação a Lei de Educação Compulsória obriga e fornece
estudo gratuito até os 16 anos. O grande desafio é a
integração de milhares de crianças e adultos procedentes de
mais de 70 países diferentes.
• Quanto aos esportes, o futebol é o esporte mais popular em
Israel, seguido de perto pelo basquetebol.
• A imprensa é livre, sujeita a censura apenas quando se trata
de assuntos militares ou de segurança
• Na economia, a ascensão Israelita foi impressionante. De um
PIB de 1,3 bilhões em 1950, atingiu 22,1 bilhões em 1984.
• A unidade monetária de Israel e o Shekel. O Shekel era
conhecido como unidade de peso, usada para efetuar
55

pagamentos em ouro e prata no terceiro milênio a.C. • O


Turismo é a atividade que mais divisas traz ao país, com um
total líquido de quase um bilhão de dólares anuais.

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