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(2021/0316017-1)
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 06/12/2022 a
12/12/2022, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra.
Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Raul Araújo, Antonio Carlos Ferreira e
Marco Buzzi votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.
RELATÓRIO
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AREsp 1994330 Petição : 620856/2022 C54216444942551541<122@ C4250<500;902032212245@
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AgInt no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.994.330 - RS
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AREsp 1994330 Petição : 620856/2022 C54216444942551541<122@ C4250<500;902032212245@
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VOTO
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RECURSO ESPECIAL. CIVIL E CONSUMIDOR. COMPETÊNCIA
DA SEGUNDA SEÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E
PRECAUÇÃO. SÚMULA 7/STJ. PROVA DE FATO NEGATIVO.
NÃO CARACTERIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. DANO AMBIENTAL. POLUIÇÃO
ATMOSFÉRICA. DANOS INDIVIDUAIS. CONSUMIDOR POR
EQUIPARAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. RELAÇÃO DE CONSUMO.
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. REEXAME.
SÚMULA 7/STJ.
1- Recurso especial interposto em 29/7/2021 e concluso ao gabinete
em 26/04/2022.
2- O propósito recursal consiste em dizer se: a) os recorridos podem
ser considerados consumidores por equiparação por sofrerem os
danos decorrentes do exercício de atividade empresarial poluidora; b)
são aplicáveis as disposições do CDC em ação compensatória por
danos morais fundada em dano ambiental; e c) a inversão do ônus da
prova determinada deve ser mantida.
3- Recurso especial afetado pela Terceira Turma, em atenção aos
princípios da efetividade da jurisdição e da celeridade processual, para
julgamento perante a Segunda Seção em razão da existência de
multiplicidade de recursos fundados em idêntica questão de fato e de
direito.
4- A causa de pedir da presente ação encontra-se fundada em
questão eminentemente privada, inexistindo discussão acerca de
eventual responsabilidade do Estado, tampouco pedido de
restauração do próprio meio ambiente, motivo pelo qual esta Segunda
Seção é competente para apreciação do presente processo.
5- No que diz respeito às teses segundo as quais (a) estaria
caracterizado o uso predatório do sistema de justiça; (b) não se
aplicaria o CDC em ação compensatória por danos morais fundada
em dano ambiental e (b) o princípio do poluidor-pagador e a
responsabilidade objetiva não justificariam a inversão do ônus da
prova, tem-se, no ponto, inviável o debate, porquanto não se
vislumbra o efetivo prequestionamento, o que inviabiliza a apreciação
das teses recursais apresentadas, sob pena de supressão de
instâncias.
6- Verificar, na hipótese concreta, se foram devidamente comprovados
o dano ambiental ou a dúvida científica, demandaria o revolvimento de
fatos e provas, o que é vedado em sede de recurso especial em
virtude da incidência da Súmula 7 do STJ.
7- Ao contrário que sustenta a parte recorrente, não lhe foi imposto o
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dever de produzir prova impossível, tese que, ademais, sequer
encontra-se prequestionada.
8- Na hipótese dos autos, extrai-se da causa de pedir que a
recorrente, em sua unidade industrial no município de Passo
Fundo/RS, desenvolve atividade empresarial que causa poluição
atmosférica com a produção de ruído intenso, emissão de fuligem,
gases, materiais particulados e odores fétidos, tendo ocorrido,
inclusive, vazamento de amônia. O mencionado ambiente insalubre
perduraria por anos, causando, entre outros sintomas, hipoxemia
decorrente de intoxicação causada pela falta de oxigênio, fortes dores
de cabeça, fadiga, ardência nos olhos, náusea, diarreia, vômito e
mal-estar.
9- Tratando-se de danos individuais decorrentes do exercício de
atividade empresarial poluidora destinada à fabricação de produtos
para comercialização, é possível, em virtude da caracterização do
acidente de consumo, o reconhecimento da figura do consumidor por
equiparação, o que atrai a incidência das disposições do Código de
Defesa do Consumidor.
10- Derruir a conclusão a que chegou a Corte de origem, que
manteve a inversão do ônus da prova determinada pelo juiz de
primeira instância, demandaria o revolvimento dos fatos e das provas
o que é vedado pelo enunciado da Súmula 7 do STJ.
11- Recurso especial conhecido em parte e, nesta extensão, não
provido.
(REsp n. 2.005.977/RS, relatora Ministra Nancy Andrighi, Segunda
Seção, julgado em 28/9/2022, DJe de 30/9/2022.)
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é vedado em sede de recurso especial em virtude da incidência da Súmula 7 do
STJ".
Outrossim, entendeu que "o juiz determinou a inversão do ônus da
prova, impondo à ré tão somente o dever de provar a legalidade e a regularidade de
suas atividades, bem como a ausência de falha na produção do produto,
ressaltando, expressamente, que a prova da ocorrência do dano moral caberia à
parte autora em virtude da impossibilidade de se impor à ré a produção de prova
negativa", de modo que "ao contrário que sustenta a parte recorrente, não lhe foi
imposto o dever de produzir prova impossível".
Ademais, destacou que a jurisprudência desta Corte Superior é no
sentido de que "justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o
empreendedor da atividade potencialmente perigosa o ônus de demonstrar a
segurança do empreendimento, a partir da interpretação do art. 6º, VIII, da Lei
8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985, conjugado ao Princípio Ambiental da
Precaução" (REsp n. 972.902/RS, Segunda Turma, julgado em 25/8/2009, DJe de
14/9/2009).
Asseverou também, na linha do decidido na decisão ora agravada, que
esta Corte Superior admite a existência da figura do consumidor por equiparação
nas hipóteses de danos ambientais, nos termos do art. 17 do CDC, assim como que
para modificar a conclusão do Tribunal de origem, que manteve a inversão do ônus
da prova determinada pelo juiz de primeira instância, seria necessário o reexame de
fatos e provas, o que é vedado em razão do óbice da Súmula 7 do STJ.
Assim, verifica-se que o acórdão recorrido não diverge da
jurisprudência desta Corte Superior, razão pela qual incide o óbice da Súmula
83/STJ.
No que toca à alegada divergência jurisprudencial, fica prejudicada na
medida em que a tese sustentada já foi afastada no exame do recurso especial pela
alínea "a" do art. 105, III, da Constituição Federal.
Assim, as razões do agravo interno não apresentaram argumentos
aptos a infirmar os fundamentos da decisão agravada, que deve ser integralmente
mantida.
Em face do exposto, nego provimento ao agravo interno.
É como voto.
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TERMO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no AgInt no AREsp 1.994.330 / RS
Número Registro: 2021/0316017-1 PROCESSO ELETRÔNICO
Número de Origem:
5001088-65.2020.8.21.0021 50010886520208210021 50438285320208217000
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Secretário
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
AGRAVO INTERNO
TERMO
A QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 06/12/2022 a 12/12
/2022, por unanimidade, decidiu negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra
Relatora.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Raul Araújo, Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi
votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.