Contenções
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PROPÓSITO
Encostas e escavações que não apresentam estabilidade física devem ser contidas por
estruturas chamadas muros de contenção para evitar deslizamentos. O projeto dessas
estruturas deve considerar empuxos de terra, além de conceitos de geotecnia e de estruturas.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os muros de contenção, segundo sua classificação, bem como os muros de arrimo
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por
questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um
espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais
materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e
das unidades.
MÓDULO 1
CONCEITOS BÁSICOS
Muros de contenção são estruturas corridas, de parede vertical ou inclinada, apoiadas em
fundação rasa ou profunda. Têm como objetivo conter um material que corra risco de romper e
deslizar, como encostas, encontros de pontes e escavações.
Antes de começarmos nosso estudo, vamos conhecer a nomenclatura dos elementos que
compõem uma estrutura de contenção. O material a ser contido é chamado de terrapleno ou
reaterro. Já o muro em si pode ser separado nas seguintes partes:
Nomenclatura dos muros de contenção.
CRISTA
BASE
DENTE
CORPO
TARDOZ
CRISTA
Região mais alta do muro. Dependendo do projeto e do arranjo geométrico da estrutura, pode
servir como acesso de veículos e equipamentos, desde que a sobrecarga gerada pelo tráfego
seja adequadamente considerada no projeto.
BASE
Parte do muro apoiada no solo de fundação.
DENTE
Alongamento opcional na base do muro que engasta a estrutura no solo, com a finalidade de
aumentar a estabilidade da estrutura quanto ao deslizamento.
CORPO
TARDOZ
Material de construção
Quanto ao material, podem-se citar os muros de pedra, alvenaria, concreto, sacos de solo-
cimento e pneus.
Mecanismo de estabilização
Existem ainda outras técnicas, tais como: muros atirantados, solos grampeados e muros de
solos reforçados, que estabilizam o terrapleno de maneiras mais específicas, a serem
exploradas posteriormente.
Por outro lado, os muros rígidos apresentam menor tolerância às deformações. Desse modo,
casos os recalques diferenciais esperados sejam altos, a aplicabilidade desse tipo de muro
deve ser estudada, a fim de evitar rupturas.
MUROS DE GRAVIDADE
Muros de gravidade são mais comuns e numerosos na engenharia civil. Sua estabilização por
meio do peso próprio da estrutura faz com que sua construção seja facilitada e não necessite
de técnicas especiais. Basta posicionar o material do muro em campo, e ele já atuará como
uma contenção. Chamados também de muros de arrimo, diferenciam-se entre si pelo tipo de
material de construção empregado.
Muros de arrimo.
Os muros de alvenaria, construídos com tijolos ou pedras, são os primeiros que surgiram na
história. Essas estruturas apresentam grande facilidade construtiva, geralmente alcançam
alturas de até 2,0m e são construídos com base de 0,5 a 1,0m. Quando as peças são
argamassadas, visando a uma maior rigidez e monoliticidade para o muro, o projeto deve se
preocupar com dispositivos de drenagem eficientes para evitar rupturas.
Os muros de concreto que estabilizam o terrapleno por peso próprio são de concreto simples,
ou seja, sem a inserção de armaduras. Geralmente, atingem alturas de até 4,0m, são
construídos em seção trapezoidal com uma relação de base (B) e altura (H) de B = 0,5H.
Devido à impermeabilidade do concreto, necessitam de sistema adequado de drenagem.
Os muros de gabiões são formados por gaiolas metálicas de aço galvanizado, de dimensão
usual de 1,0 x 1,0 x 2,0m (largura x comprimento x altura), preenchidas com enrocamento.
Geralmente, são utilizados em encostas de obras rodoviárias e ferroviárias, devido à boa
integração paisagística com o entorno.
Muros de arrimo em gabiões.
Os gabiões são vantajosos por apresentar grande flexibilidade, assim as deformações são
acomodadas pela própria estrutura; ao contrário de estruturas rígidas, como os muros de
alvenaria e concreto, que podem romper com pequenas deformações de recalques
diferenciais. Outra vantagem do muro gabião é a drenabilidade, pois o enrocamento solto
dentro das gaiolas permite o fluxo de água. Logo, nesse tipo de muro, é comum dispensar
dispositivos de drenagem, a não ser em casos em que seja constatada a sua necessidade.
A utilização do cimento tem o objetivo de aumentar o peso da mistura, podendo ser utilizados
outros materiais com esse mesmo fim. Os muros de arrimo em sacos de solo-cimento
apresentam algumas vantagens, tais como:
Baixo custo.
Sustentabilidade, já que podem ser aproveitados solos que apresentariam pouca aplicação na
engenharia civil e seriam destinados a bota-fora, gerando impacto ambiental, como é o caso de
solos argilosos.
Praticidade, pois não requererem mão de obra ou equipamentos especiais.
Flexibilidade.
Os muros de pneus surgiram de uma visão sustentável de reciclar o material. Esse muro
consiste no lançamento dos pneus horizontalmente em camadas, com amarração longitudinal e
transversal com corda ou arame. Para aumentar o peso próprio do muro, os pneus são
preenchidos com solo compactado.
Muros de arrimo em pneus.
Muros de pneus geralmente atingem alturas de até 5 metros e são construídos com uma
relação de base igual a 0,4 a 0,6 da altura. A face do muro deve ser revestida com alvenaria,
concreto projetado ou vegetação para evitar a erosão do solo compactado de preenchimento.
Além da vantagem de reutilizar pneus, tornando a estrutura sustentável, esse muro apresenta
flexibilidade, alta resistência mecânica, baixo custo e, para sua construção, não necessita de
mão de obra especializada e equipamentos muito robustos.
Muros de Gravidade
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Quando o solo de fundação não apresenta capacidade de suporte suficiente, usam-se estacas
para transferir as cargas da estrutura para solos em profundidade mais competentes, tendo-se
assim os muros estaqueados.
Para o dimensionamento estrutural, pode-se desmembrar a estrutura em dois elementos: a laje
vertical, que será o corpo do muro; e a laje horizontal, que será a base do muro. Enquanto a
laje horizontal é apoiada diretamente no solo de fundação, a laje vertical será considerada
como engastada na base e livre na extremidade superior. Definida a geometria das lajes
horizontal e vertical, usualmente adotadas com a mesma espessura, são determinadas as
seções transversais necessárias para resistir aos esforços de momento fletor e força cortante,
seguindo as diretrizes da NBR 6118, de Projetos de Estruturas de Concreto. Caso esses muros
tenham alturas superiores a 5m, podem ser construídos contrafortes para diminuir a
possibilidade de tombamento da estrutura e minimizar as tensões transferidas da laje vertical
para a horizontal, uma vez que aumenta a área de aplicação das cargas.
MUROS ATIRANTADOS
Quando são inseridos no solo tirantes que trabalham a tração, têm-se os muros atirantados
ou cortinas atirantadas. Os tirantes consistem em barras ou cordoalhas inseridas no solo,
pré-tracionadas (estruturas protendidas), e, posteriormente, chumbadas com injeção de calda
de cimento na extremidade.
Cortinas atirantadas.
Durabilidade.
SOLO GRAMPEADO
Solo grampeado é uma técnica de estabilização de taludes em que se inserem barras de aço
no solo, com posterior injeção de calda de cimento. As barras usualmente possuem bitola
variando de 12,5mm a 38,1mm e comprimento de 0,5 a 1,0 da altura do terrapleno.
Ao contrário dos muros atirantados, em que há uma pretensão nos elementos estabilizantes,
os grampos são mobilizados apenas quando há uma deformação no solo, assim como ocorre
para estruturas de concreto armado. Desse modo, o solo grampeado é admitido apenas
quando as deformações são aceitáveis.
Solo grampeado.
Assim como os tirantes, o comprimento do grampo deve ser tal a vencer a superfície de ruptura
obtida de métodos de equilíbrio limite. Usualmente, adota-se um grampo a cada 3 a 6m² de
face.
Os grampos podem ser cravados no terrapleno por meio de martelete, ou inseridos em furos
abertos por meio de sondagens. No último caso, cita-se a necessidade de manter a
estabilidade das paredes do furo. Em todos os casos, existe a dificuldade executiva de se
colocar os grampos na horizontal, principalmente na etapa de injeção da calda de cimento,
realizada por gravidade do fundo para a boca. Logo, construtivamente, os grampos são
realizados com uma inclinação de 15° com a horizontal.
baixo custo;
adoção de equipamentos construtivos leves;
flexibilidade às deformações.
Chumbadores em rochas.
Terra armada.
Baixo custo.
Estrutura flexível.
A cada camada lançada de solo, deve-se promover a compactação na umidade ótima por meio
de equipamentos específicos, assim como a colocação do elemento de reforço. Esse processo
é repetido até que a estrutura seja finalizada em altura. Posteriormente, deve-se dispor o
elemento da face.
A face pode ser construída por envelopamento, painéis ou blocos. Estudos e pesquisas na
área evidenciam que essas faces possuem maior função de proteção do terrapleno contra
erosões do que estrutural.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
CONCEITOS GERAIS
O esforço horizontal que ocorre no contato entre o solo e um muro de contenção é chamado de
empuxo de terra. O conhecimento do empuxo de terra em magnitude, distribuição, resultante
e ponto de aplicação é determinante para o dimensionamento de contenções.
O empuxo de terra pode ser separado em três categorias: no repouso; ativo e passivo.
Em situações em que a deposição deu origem a uma superfície horizontal, cujas camadas de
solo apresentam pouca variação em suas propriedades e os estratos são também horizontais,
as tensões cisalhantes nos planos verticais e horizontais são nulas, de modo que esses planos
coincidem com os planos principais de tensões. Nesse caso, a relação entre a tensão efetiva
horizontal
′
σ
h0
′
σ
v0
K0
, dado por:
′
σ
h0
K0 =
′
σ
v0
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
′
σ
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Logo, considerando o conceito de empuxo, essa equação pode ser reescrita com o coeficiente
de empuxo no repouso:
′
σh0 = K0 σ + u
v0
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O coeficiente
K0
′
ϕ
), o índice de vazios (e) e o histórico de tensões, descrito por meio da razão de pré-
adensamento (RSA ou OCR de overconsolidation ratio). A tabela a seguir apresenta valores
típicos desse coeficiente.
K0
K0
é obtido por meio de ensaios triaxiais. Quando não se dispõe de resultados desses ensaios, a
Fórmula de Jaky é a mais utilizada:
′ sen ′
K0 = (1 − sen ϕ ) ( OCR ) ϕ
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
K0
′
K0 = 1 − sen ϕ
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Por outro lado, os empuxos passivo e ativo representam condições extremas de interação solo-
estrutura:
EMPUXO ATIVO
EMPUXO PASSIVO
EMPUXO ATIVO
Quando o solo “empurra” a estrutura, que se afasta do terrapleno. Essa condição implica que
há uma diminuição na tensão efetiva horizontal do solo.
EMPUXO PASSIVO
Quando o solo é “empurrado” pela estrutura. Essa condição implica que há um aumento na
tensão efetiva horizontal do solo.
Essas condições podem ser identificadas pela tendência de deslocamento da estrutura, já que
o empuxo ativo deve atuar no mesmo sentido desse deslocamento, enquanto o empuxo
passivo atua no sentido oposto.
Como em qualquer estrutura, caso os deslocamentos atinjam valores limites para o material,
ocorre a ruptura. Ou seja, há um limite no qual os casos ativo e passivo ocorrem, e esses
casos representam, portanto, condições limites que o solo pode ser encontrado.
Para a mobilização do caso ativo, estima-se que o solo apresente deslocamentos de 0,1% a
0,4% da altura do muro. Já para a mobilização do caso passivo, esses deslocamentos são de
cerca de 1% a 4% da altura do muro.
ATENÇÃO
Note que, para o caso passivo, há uma maior tolerância do solo em relação aos
deslocamentos. Isso ocorre porque, nessa situação, o solo está sob compressão,
apresentando considerável resistência. Com relação ao caso ativo, o solo poderá ser
submetido à tração, esforço que não apresenta resistência e se rompe.
Os empuxos no repouso, tanto no caso ativo quanto no passivo, podem ser descritos por meio
dos Círculos de Mohr de tensões ou deformações. A figura a seguir ilustra os círculos de
tensões efetivas. Nota-se que o solo poderá ser encontrado entre as condições ativa (limite
inferior) e passiva (limite superior), estando a condição geostática de repouso no intermediário
desses limites.
Gráfico: Círculos de Mohr das condições ativa, repouso e passiva.
′
σ
ha
∘ ′
45 + ϕ /2
em relação ao plano vertical. A ruptura se dará pela mobilização da condição passiva quando
′
σ
hp
∘ ′
45 − ϕ /2
Ka
) e no caso passivo (
Kp
):
2 ∘ ′
Ka = tg (45 − ϕ /2)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
2 ∘ ′
Kp = tg (45 + ϕ /2)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Embora o caso ativo e o passivo pareçam opostos e representem os limites no qual o solo
pode ser encontrado, em algumas obras ambos podem ocorrer, como é o caso de estacas
prancha:
Condições ativa e passiva ocorrendo em uma mesma obra.
O solo é homogêneo.
O solo é isotrópico.
Nesse método, a força de empuxo resultante pode ser estimada por meio de uma solução
gráfica, por tentativas e erros até que seja encontrada a superfície crítica (ruptura). Para tal,
devem-se arbitrar superfícies de deslizamento que delimitem a cunha de solo em contato com
o muro. O equilíbrio das forças atuantes, sendo elas peso (P), atrito solo-muro (Cw) e empuxo
(E), é realizado até que seja encontrada a condição crítica, na qual o valor limite do empuxo é
atingido.
Método de Coulomb para estimativa de empuxos de terra.
) não afeta a magnitude do empuxo, apenas influencia na sua direção. A direção do empuxo é
determinante para a determinação da largura da base do muro e para as verificações de
estabilidade.
(∑ F = 0)
(∑ M = indeterminado )
. Além disso, não se têm informações sobre os deslocamentos e se obtém apenas a resultante
do empuxo, sem se determinar a sua distribuição em profundidade.
o solo é isotrópico;
A fórmula a seguir apresenta a solução para o empuxo ativo (Ea) segundo Rankine:
h h
1 2
′
Ea = ∫ Kaσv dz = ∫ Kaγzdz = Kaγh
0 0
2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
′ ′
1 − sen ∅ π ∅
2
Ka = = tan ( − )
′
1 + sen ∅ 4 2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Nessa equação
= profundidade considerada
′
σv
′
ϕ
Ep
):
h h
1 2
′
Ep = ∫ Kpσv dz = ∫ Kpγzdz = Kpγh
0 0
2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
′ ′
1 + sen ∅ π ∅
2
Kp = = tan ( + )
′
1 − sen ∅ 4 2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para terraplenos horizontais sem sobrecarga, a distribuição do empuxo pode ser considerada
triangular. Dessa maneira, a resultante do empuxo é uma força horizontal, aplicada a um terço
da altura contado a partir da base.
Distribuição triangular dos empuxos de terra.
Ressalta-se que, em 1910, Rèsal estendeu o Método de Rankine para solos que apresentem
coesão. Nesse caso, o empuxo ativo e o passivo são dados, respectivamente, por:
1 2 ′
Ea = Kaγh − 2c HKa
2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
1 2 ′
Ep = Kpγh + 2c HKa
2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Em terraplenos estratificados, o empuxo para cada solo deverá ser calculado considerando os
parâmetros geométricos de cada camada, e o diagrama de empuxo será a soma da
contribuição de cada solo. Nesses casos, a tensão efetiva horizontal será dada por:
′
σ = ∑ K i γ i hi
h
i=1
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Empuxo ativo
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
), base (
) e altura da base (
D
).
Definida a geometria, deve-se realizar o diagrama de corpo livre das forças na estrutura, de
modo a identificar as tensões atuantes e facilitar as próximas etapas do dimensionamento. A
figura abaixo ilustra o diagrama de corpo livre de um muro de gravidade, em que as ações
atuantes devem ser, basicamente, o peso do muro (
Ea
, e passivo –
Ep
).
) dos elementos deve ser calculado a partir do seu peso específico, enquanto os empuxos (
Ea
e
Ep
) podem ser calculados pela teoria de Rankine ou Coulomb. Geralmente, a solução de Rankine
é mais simples, mas tende a fornecer valores mais elevados, enquanto a de Coulomb é uma
solução mais geral.
), no contato muro-solo, pode ser calculado considerando uma solicitação drenada ou não
drenada. A resposta do solo em relação à drenagem depende da sua permeabilidade e da
velocidade de aplicação da carga. As equações abaixo podem ser utilizadas para esse fim.
FV
S = B [cw + ( − u) tg δ] → Solicita çã o drenada
B
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
B
= base do muro
CW
= adesão solo-muro
FV
= poro-pressão
= atrito solo-muro
Su
Tombamento
Deslizamento da base
Esgotamento da capacidade de carga da função
Ruptura global
O tombamento consiste na rotação indesejável do muro, que ocorre caso os momentos das
forças que se opõem ao movimento sejam inferiores aos momentos instabilizantes que causam
a rotação.
Como referência, esses momentos são calculados do pé do muro, no ponto identificado como
A da imagem a seguir. Segundo a NBR 11.682, que abrange a estabilidade de taludes, para
que se afaste da condição de possível tombamento, a relação entre o momento resistente e o
momento instabilizante, chamado de fator de segurança, deve ser superior a 2,0, ou seja:
MRESISTENTE (P xP ) + (Eav xE )
FS TOMBAMENTO = = ≥ 2, 0
MINSTABILIZANTE Eah yE
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Verificação quanto ao tombamento.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Essa verificação pode ser realizada conforme o cálculo de sapatas, considerando-se o muro
como um corpo rígido, e a distribuição de tensões como sendo linear ao longo da base. O
diagrama de tensões é trapezoidal. Para garantir que o solo esteja submetido apenas à
compressão (o material não apresenta resistência à tração), a resultante deve estar localizada
no terço central do muro, para excentricidade e ≤ B/6:
Para que não haja ruptura, a tensão solicitante não deve ser superior à capacidade de carga da
fundação, que pode ser estimada pela Teoria da Tensão Admissível de Terzaghi:
1
′
q = c Nc + q Nq + γBNγ
u s
2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
q
u
′
c
= intercepto coesivo
q
s
γh
B'
B'
B
– 2e
e
NC , Nq
Nγ
′
ϕ
)
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
′
c
′
ϕ
, podem ser obtidos a partir de ensaios de resistência, como triaxiais e de cisalhamento direto,
enquanto o peso específico (
) de ensaios de caracterização.
Segundo a NBR 6122, que estabelece os requisitos de projetos de fundações, quando a carga
última (
q
u
) não for obtida de ensaios de prova de carga, deve ser minorada por um fator de segurança de
3, obtendo-se a tensão admissível. Ou seja, a tensão máxima que pode ser aplicada em um
solo de fundação (
σmax
q q
u u
σmax < =
FS 3
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Por fim, a última verificação a ser realizada no projeto de muros de contenções é em relação à
estabilidade global do terrapleno, que deve seguir as diretrizes da NBR 11.682. Essa norma
estabelece que o fator de segurança global a ser alcançado em uma encosta depende do nível
de segurança contra danos materiais, ambientais e de vidas humanas segundo as tabelas
abaixo:
Tabela: Fatores de segurança mínimos.
Nível de
Critérios
segurança
Baixo
Áreas e edificações com movimentação e permanência eventual
de pessoas.
Tabela: Nível de segurança em aspectos sociais.
Nível de
Critérios
segurança
Baixo
Danos materiais: Locais próximos a propriedades de valor
reduzido.
Danos ambientais: Locais sujeitos a acidentes ambientais
reduzidos.
Tabela: Nível de segurança em aspectos materiais e ambientais.
FS > FSmin
, pode-se aceitar a geometria proposta para o muro. Caso contrário, deve-se voltar ao primeiro
passo e modificar a geometria até que a estabilidade seja totalmente garantida.
Geralmente, o deslizamento é o fator condicionante nos projetos, pois é nessa verificação que
os fatores de segurança costumam ser insatisfatórios. Nesses casos, mais eficiente do que
aumentar o peso do muro, que demandaria mais volume de material, é construir um
prolongamento na base, de modo que haja um engastamento do muro no solo de fundação.
Esse é elemento é chamado de dente ou chaveta.
No caso dos muros de flexão, além das verificações de tombamento, deslizamento, capacidade
de carga da fundação e estabilidade global dos taludes, haverá um passo a mais no
dimensionamento para se determinar a armadura que irá atuar contra os esforços de tração.
Essa armadura é necessária, pois o concreto não apresenta boa resistência a esse tipo de
esforço.
A imagem a seguir apresenta um diagrama de corpo livre das ações atuantes em um muro de
flexão e que devem ser consideradas no seu dimensionamento estrutural e verificações de
estabilidade. Nota-se que esse diagrama é similar àquele apresentado para os muros de
gravidade.
Diagrama de corpo livre em muros de flexão.
Dimensionamentos especiais devem ser realizados para muros atirantados, muros de solo
grampeado e muros reforçados com geossintéticos. Por serem mais complexos, não iremos
nos aprofundar a respeito deles neste conteúdo.
SISTEMA DE DRENAGEM
A água consiste no principal mecanismo responsável por rupturas e acidentes em muros de
arrimo.
O efeito da água pode ser direto, estando relacionado ao acúmulo de água junto ao tardoz,
que aumenta a componente do empuxo; ou indireto, relacionado ao aumento da poro-pressão
no solo, que reduz a tensão efetiva e a resistência ao cisalhamento do material. Importante
ressaltar que esses dois mecanismos podem desencadear na ruptura do muro.
ÁGUA SUPERFICIAL
ÁGUA SUBSUPERFICIAL
ÁGUA SUPERFICIAL
ÁGUA SUBSUPERFICIAL
CANALETAS
Captam diretamente a água da chuva e promovem o seu escoamento horizontal, devido à
inclinação do elemento.
DESCIDAS D’ÁGUA
Conduzem a água no sentido vertical (em altura). Quando se espera que a velocidade da água
seja muito elevada, as descidas são realizadas em degraus, de modo que o impacto faça com
que a água perca energia cinética e velocidade.
CAIXAS DE PASSAGEM
Aumentam a área de passagem de água. Utilizadas quando as canaletas e descidas precisam
mudar de direção ou de seção transversal.
BACIA DE DISSIPAÇÃO
Recebe a contribuição dos demais elementos de drenagem, dissipando sua energia e fazendo
a ligação com bueiros e galerias, que irão conduzir as águas até o seu destino, um rio ou
córrego, por exemplo.
PROTEÇÃO DO TALUDE
Diminui a infiltração e a possibilidade de erosão por meio de vegetação dos taludes ou
impermeabilização com concreto projetado.
Concreto projetado em solo grampeado.
A necessidade e o controle das águas subsuperficiais podem ser monitorados por meio de
piezômetros, que consistem em instrumentos capazes de medir a poro-pressão em maciços
de solo manualmente (piezômetros de tubo aberto) ou automaticamente (piezômetros
elétricos). É importante que esses instrumentos sejam instalados antes da construção do muro,
a fim de avaliar o comportamento da piezometria da região em todas as etapas de obra e
durante a sua operação.
Piezômetro de casagrande.
Para evitar a erosão e a colmatação, podem ser implantados filtros de areia e/ou materiais
geossintéticos nos contatos terrapleno-muro, os quais atuarão como filtros e impedirão a
passagem dos grãos de solo. Esses materiais geossintéticos também podem ser associados
aos elementos de drenagem estudados, conferindo estanqueidade, resistência e filtragem.
ATENÇÃO
Ressalta-se que, em muros de contenção, o fluxo mais comum é decorrente das águas
pluviais, mas em regiões urbanas podem ocorrer vazamentos em tubulações de água ou
esgoto. Nesses casos, o dimensionamento dos dispositivos de drenagem deverá levar em
consideração a probabilidade de ocorrência desses vazamentos e a agressividade química do
fluido.
Sistema de Drenagem
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo de nosso estudo, reconhecemos os principais tipos de muros de contenção,
pontuando suas aplicações, vantagens, desvantagens e seus aspectos técnicos. Também
apresentamos os conceitos de empuxos de terra, os quais são essenciais para o
dimensionamento de muros. Por fim, com relação ao projeto de muros de contenções, vimos a
importância das verificações de estabilidade e do sistema de drenagem para o bom
funcionamento dessas estruturas.
PODCAST
Para encerrar, ouça um resumo do conteúdo com a especialista Mirella Dalvi dos Santos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 7182: Solo - Ensaio de
compactação. Rio de Janeiro, 2016.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos aqui explorarados: