Platão X Aristóteles

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO DE BACHARELADO EM FILOSOFIA (2021.3)

ATIVIDADE ASSINCRONA COMPLEMENTAR


“ANÁLISE DE CONCEITOS CONVERGENTES E DIVERGENTES ENTRE PLATÃO E ARISTÓTELES”

DISCENTE: MADSON DE ALMEIDA BOMFIM

Atividade assíncrona complementar proposta pelo Prof.


Sérgio Nunes para a disciplina de Filosofia Geral.
CONCEITOS DIVERGENTES ENTRE PLATÃO E ARISTÓTELES

“A Origem Das Ideias”

Platão defendia o Inatismo, nascemos como princípios racionais e ideias inatas. A origem das ideias
segundo Platão é dada por dois mundos que são o mundo inteligível, que é o mundo que nós, antes de
nascer, passamos para ter as ideias assimiladas em nossas mentes.

Quando nós nascemos no mundo conhecidos por todos, o mundo em que vivemos, denominado por Platão
como mundo sensível nós já temos as ideias formuladas em nossas mentes, mas muito guardadas que para
serem utilizadas é necessário “relembrar” as ideias já conhecidas através do mundo inteligível.

Para Platão existem quatro formas ou graus de conhecimento que são a crença, opinião, raciocínio e
indução. Para ele as duas primeiras podem ser descartadas da filosofia pois não são concretas, sendo as duas
últimas são as formas de fazer filosofia. Para Platão tudo se justifica através da matemática e através dessa
que nós chegamos a verdadeira realidade.

Para Platão o conhecimento sensível (crença e opinião) é apenas uma da realidade, como se fosse uma visão
dos homens da caverna do texto “Alegoria da Caverna” e o conhecimento intelectual (raciocínio e indução)
alcança a essência das coisas, as ideias.

Já Aristóteles era um filosofo que defendia o Empirismo, as ideias são adquiridas através de experiência,
na realidade o Empirismo não era concreto na época de Aristóteles, muitos filósofos como eu defendo que
Aristóteles foi um dos criadores das principais ideias do Empirismo e para outros filósofos ele é apenas um
realista, um filósofo que dá muita importância para o mundo exterior e para os sentidos, como a única fonte
do conhecimento e aprimoramento do intelecto.

Ao contrário de Platão, Aristóteles defendia que a origem das ideias é através da observação de objetos para
após a formulação da ideia dos mesmos. Para Aristóteles o único mundo é o sensível e que também é o
inteligível.

Aristóteles diz que existem seis formas ou grau de conhecimento: sensação, percepção, imaginação,
memória, raciocínio e intuição. Para ele o conhecimento é formado e enriquecido por informações trazidas
de todos os graus citados e não há diferença entre o conhecimento sensível e intelectual, um é continuação
do outro, a única separação existente é entre as seis primeiras formas e a última forma pois a intuição é
puramente intelectual, mas isso não quer dizer que as outras formas não sejam verdadeiras, mas sim formas
de conhecimento diferentes que utilizam coisas concretas.

Podemos defender Aristóteles, dizendo os problemas sobre a teoria das ideias apresentada por Platão, como
por exemplo sua teoria diz que você vem ao mundo com suas ideias já formuladas e que essas ideias são
intemporais, e como Platão explica diferentes ideias sobre o que é justiça? Ideia que segundo ele é inata e
todos tem a mesma fonte do que seria a justiça.

Já a tese formulada por Aristóteles permite essa diferença, pois as ideias não são assimiladas por todas as
pessoas na mesma fonte, pois a fonte é a experiência e nem todos tem as mesmas experiências.
CONCEITOS CONVERGENTES ENTRE PLATÃO E ARISTÓTELES
“Ética e Política

Para Platão e Aristóteles a ética e a política são as ciências por excelência. Todas as demais ciências estão
subordinadas a elas e delas se servem. A ética é a doutrina moral do indivíduo e a política é a doutrina moral
da sociedade.
Para Platão (2000), todos os homens se julgam capacitados para exercer a política. Mas isso é um grande equívoco,
pois, a arte da política é para poucos. Somente os mais capacitados intelectualmente (filósofos) estão preparados para
bem exercer a administração da cidade em benefício de todos.
A má administração de alguns homens faz com que a injustiça prolifere na cidade. O objetivo da
política, para Platão, é exatamente corrigir essa injustiça. É tornar justo aquilo que é injusto.

A concepção política de Platão, segundo Helferich (2006), é basicamente idealista. Ele idealiza uma
cidade opulenta e saudável em que cada um atue conforme sua natureza e no momento oportuno. Esta seria
sua cidade ideal. Esta seria sua cidade justa.

Para Platão (2000), a justiça nada mais é do que a harmonia que deve se existir entre as quatro
virtudes: a moderação, a coragem, a sabedoria e a própria justiça.

Essas quatro virtudes (que devem estar presentes no Estado ideal) analisadas por Platão são uma
continuidade do pensamento socrático a respeito da vida virtuosa. Aquilo que Sócrates analisa no indivíduo
em particular, Platão estende ao Estado como um todo (HELFERICH, 2006).

A moderação coloca em equilíbrio as vontades e o poder de realizá-las. Ela faz com que o indivíduo
evite excessos e aja de forma comedida e prudente. Além disso, harmoniza o indivíduo internamente e no
seu convívio com os demais.

A coragem é atitude firme sem hesitação, sem temor ou sem fraqueza no enfrentamento de
situações emocionalmente difíceis ou perigosas. Deve ser aplicada nas guerras e nas invasões ou defesas de
cidades.

Para Aristóteles (2001) o homem não se basta a si mesmo. Viver é relacionar-se; pais e filhos,
marido e mulher, amigos, vizinhos. Logo, o homem está destinado a viver em comunidade, ou seja, o
homem é um animal político por natureza.

Aristóteles foi muito feliz ao perceber que todo ser vivo tende, naturalmente, à vida comunitária e o
homem, por ser também um animal, age da mesma forma. Segundo ele, o homem que não quer viver em
sociedade ou é um Deus ou uma fera (REALE; ANTISERI, 2005).

No primeiro livro de Política, Aristóteles (2001) faz uma análise do surgimento do Estado a partir
das relações existentes entre homem e mulher que constituem uma família, algumas famílias formam uma
aldeia, algumas aldeias uma cidade (pólis), algumas cidades o Estado. Assim, o Estado surge de maneira
natural, mas uma vez existindo ele passa a ter uma função: o bem-comum, a felicidade de todos. Da mesma
forma que é impossível imaginar a mão sem o corpo é impossível imaginar o indivíduo sem o Estado.

Outro dado importante a ser citado é que Aristóteles (apud HELFERICH, 2006) aceita como sendo
natural e, portanto, justa a divisão da sociedade em estamentos. Com relação ao problema da escravidão,
Aristóteles afirma que a mesma é absolutamente natural. A natureza do escravo é servir e obedecer ao seu
senhor ao passo que a do senhor é dar ordens aos seus escravos/subordinados. Isto é, aquele que é capaz de
usar seu intelecto é por natureza o governante, enquanto que aquele que não possui essa capacidade é
naturalmente o servo. Essa dominação que o senhor exerce sobre o escravo, portanto, é útil e necessária e
natural.

O cidadão, para Aristóteles (2001), é aquele que após ter passado pelas etapas de uma boa educação
(Paidéia), torna-se apto a participar da direção e administração da cidade. O cidadão probo, justo e um
filósofo por natureza é o governante ideal para a pólis.

Pude perceber melhor isso através do fragmento 1252 b (ARISTÓTELES, 2001)

“O homem, quando perfeito, é o melhor dos animais, mas é também o pior de todos quando afastado
da lei e da justiça, pois a injustiça é mais perniciosa quando armada, e o homem nasce dotado de armas
para serem bem usadas pela inteligência e pelo talento, mas podem sê-lo em sentido inteiramente oposto.
Logo, quando destituído de qualidades morais, o homem é o mais impiedoso e selvagem dos animais.”

Como pude perceber, as teses políticas de Platão e Aristóteles são divergentes essencialmente no
seguinte aspecto: Platão idealizava uma sociedade (pólis) justa e perfeita, que ele chama de opulenta ou
saudável. Aristóteles já está mais preocupado com o mundo físico e analisou a política de uma maneira
muito mais realista.

Podemos dizer, “grosso modo”, que Platão se preocupou mais em analisar como a política deve ser.
Já Aristóteles se preocupou mais em analisar como a política é de fato.

Entre os pontos convergentes das teses políticas de Platão e Aristóteles pude destacar o fato de
ambos aceitarem que uma sociedade dividida em estamentos (em que cada indivíduo exerce da melhor
maneira possível aquilo que lhe é determinado pela sua natureza) é uma sociedade justa.

Por fim, ambos também entendem que o objetivo primordial da política é a constituição de um
Estado que privilegie a educação, a felicidade e o bem comum de seus membros.

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