Guerras Esquecidas
Guerras Esquecidas
Guerras Esquecidas
3 Introdução.
para o Brasil
83 Referências
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INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO
Esqueça a história de que a Independência do Brasil
foi algo pacífico. O Grito do Ipiranga só é marcado
como o rompimento oficial entre Brasil e Portugal
por uma construção historiográfica que privilegia
a formação brasileira a partir de um pedaço do nos-
so território.
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aquelas que consolidaram a adesão das províncias
do Norte-Nordeste ao processo da independência,
na década de 1820, além de mostrarmos como
“perdemos” a Província Cisplatina (atual Uruguai)
e “ganhamos” o Acre, que até o fim do Século 19
era uma terra praticamente desconhecida, perten-
cente à Bolívia.
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cia Mineira (1789), movimentos separatistas
reprimidos antes da independência brasileira. São
marcos históricos lembrados nas bandeiras dos esta-
dos de Pernambuco, de Minas Gerais e do Rio Grande
do Sul, por exemplo.
Boa leitura!
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AS GUERRAS
ESQUECIDAS
DO BRASIL: A
INDEPENDÊNCIA
PRECISOU DE
SANGUE E LUTA
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AS GUERRAS ESQUECIDAS DO BRASIL:
A INDEPENDÊNCIA PRECISOU
DE SANGUE E LUTA
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na, que ficou no Rio de Janeiro “tocando o barco”
enquanto o então príncipe regente foi a São Paulo
resolver uns perrengues locais. Afinal, os membros da
junta do governo provisório paulista vinham se de-
sentendendo – algo que Pedro conseguiu contornar.
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“Houve um esforço institucional muito grande no
Rio de Janeiro e em São Paulo de celebrar a indepen-
dência a partir dos fatos ocorridos no Sudeste. A par-
tir da década de 1880, é feito um investimento mui-
to grande de dinheiro da Província de São Paulo, e
do próprio governo monárquico no Rio de Janeiro
para o reforço dessa identificação da independência
com São Paulo e depois, claro, em decorrência dis-
so, a construção de uma sede de poder da Corte no
Rio de Janeiro”, afirmou à Gazeta do Povo o chefe
da divisão de acervo e curadoria do Museu do Ipi-
ranga, Paulo Garcês.
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2 DE JULHO: A INDEPENDÊNCIA DA BAHIA
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de dois grupos, que a gente pode chamar hoje de grandes
comerciantes e os proprietários de terras. Eles vão se
configurar depois entre portugueses e brasileiros, mas
naquele momento não tinham essa conotação nacional”,
explicou à Gazeta o professor doutor Sérgio Diniz Guerra,
da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
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“Embora seja difícil detectar o momento exato em que
a política reformista e de conciliação da Coroa de
Bragança tenham perdido a hegemonia entre as classes
dominantes da capitania, essa viragem aconteceu”,
relata o historiador Argemiro Ribeiro de Souza Filho,
em sua tese de doutorado.
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tituição começa a ser escrita, surgem as divergências
políticas entre os grandes comerciantes, em sua
maioria nascidos na Europa, e os grandes proprie-
tários, em sua maioria nascidos na América”, afir-
ma Sergio Guerra.
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“A elite baiana se agrega a um conselho interino de
governo, que não aceita o poder do general Madei-
ra de Melo. Eles criam uma capital em Cachoeira
enquanto Salvador continua uma capital portugue-
sa, e criam o governo. Eram senhores de terra e de
escravos que dominavam esse cenário político, e fi-
zeram muita questão de aderir ao projeto indepen-
dentista de D. Pedro porque essa seria uma opção
de segurança da elite baiana para manutenção do
seu status quo, o que inclui a escravidão, privilégios
de monopólio e também do latifúndio”, destaca o
professor da UFRB.
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“Para trás, bandidos! Respeitai a casa de Deus! Só en-
trarão passando por cima do meu cadáver!”
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Melo embarcar para Portugal, e foi desobedecido.
Afinal, ele tinha ao seu lado reforços de outras tro-
pas que haviam sido expulsas do Sul e Sudeste.
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Só tinha um problema: perto de Salvador haviam
muitos navios portugueses e Labatut optou por
desviar a rota até Maceió. “Muitas vezes as expe-
dições tinham planos A, B e C”, explica o profes-
sor, que destaca ainda que, com essa opção por
Alagoas, Labatut pode ainda verificar a lealdade
de outras províncias ao projeto e pacificar a mo-
vimentação de portugueses.
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o escocês almirante Thomas Cochrane cercou a sa-
ída marítima em maio de 1822.
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ra dar o sinal de recuar tropas, e resolveu fazer
justamente o oposto: ordenou “avançar e dego-
lar”. De alguma forma deu certo e os portugueses
bateram em retirada.
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BATALHA DO JENIPAPO: O MASSACRE
QUE IMPEDIU OUTROS MASSACRES
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Além da maior proximidade de Maranhão, Grão-
-Pará e Rio Negro (hoje Amazonas) com Lisboa, as
fazendas de gado piauienses seriam estratégicas em
um plano de recolonização do Brasil por Portugal,
pensado desde 1821, ou pelo menos em uma even-
tual divisão do território: se o Brasil ficasse inde-
pendente, Portugal queria pelo menos manter o
Norte em suas mãos. E isso incluía manter estrate-
gicamente o Piauí (hoje Nordeste) sob sua tutela.
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Aliás, o atual estado tinha uma particularidade. “A
colonização da capitania foi do interior para fora”,
disse Araújo. E isso pesa muito no lugar que a pro-
víncia ocuparia no processo da independência, já
que a capital era Oeiras, hoje a 600 km do litoral. Foi
para lá que foi enviado um dos melhores militares
portugueses: João José da Cunha Fidié, nomeado em
9 de dezembro de 1821 governador das armas, che-
gando por lá em 9 de agosto de 1822.
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A onda veio e, com o perdão do trocadilho, come-
çou na praia: na vila de Parnaíba, organizada prin-
cipalmente pelo comerciante e coronel de milícias
Simplício Dias da Silva. “Ele tinha um pensamento
liberal e não via com bons olhos o projeto de reco-
lonização”, comenta Johny.
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Os insurretos fugiram para Granja, no Ceará, bus-
car apoio para o movimento. Inclusive, a Câmara do
Ceará aprovou uma moção de apoio à formação de
um Exército Libertador no Ceará e Piauí.
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gues Chaves, soube que Fidié estava se aproximan-
do da cidade de Campo Maior, ao lado do Rio
Jenipapo, que à época estava seco por conta da es-
tiagem. Parecia algo bom para os insurretos usarem
de trincheira e atacar as tropas de Fidié. Mas não era.
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jeito chamado Capitão Caminha mostrando o dese-
jo de enviar filhos (isso mesmo), vaqueiros,
munições, e cavalos sendo espontaneamente en-
viados ao exército libertador.
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jeto independentista capturou a bagagem de Fidié, o
que hoje no Exército a gente chamaria de Logística:
além de dinheiro para pagamento das tropas, captu-
raram ouro, munição, comida. Sem isso, ele não pôde
dar continuidade [a novas batalhas]”, explica o pro-
fessor. “Ele nunca se perdoou por isso”, completa.
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Se Fidié não tivesse cometido o erro tático que le-
vou à perda logística, a guerra se estenderia. Seria
muito mais sangrenta e, talvez, o Brasil não tivesse
em seu território a maioria dos estados do Norte,
nem Maranhão (estes mais alinhados à causa por-
tuguesa), nem Piauí.
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ENTRE O MARANHÃO E O GRÃO-PARÁ:
AS PROVÍNCIAS QUE NÃO QUERIAM
SER BRASILEIRAS
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centro de poder”, explica à Gazeta do Povo Marce-
lo Cheche Galves, autor do livro ‘Ao público sincero
e imparcial: imprensa e independência do Mara-
nhão (1821-1826)’ e organizador do livro ‘O Mara-
nhão Oitocentista’, além de professor doutor da
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).
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nossos comerciantes não tinham qualquer relação.
Nossos comerciantes negociavam com Lisboa e Por-
to e nossa produção de algodão ia toda para Lon-
dres. Então, não havia conexões com o Rio de Janei-
ro em nenhum sentido. O principal jornal daqui [à
época], O Conciliador, dizia: ‘Os polos do Rio de Ja-
neiro são apenas nossos contemporâneos’”, com-
pleta o especialista Cheche Galves.
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contingentes de tropas que marcham em direção ao
Maranhão. “Estamos falando de tropas irregulares,
de escravizados, de libertos, financiadas por pro-
prietários da região que tinham interesse na inde-
pendência”, afirma Marcelo Cheche.
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começa esse movimento no Piauí e no Ceará. E o Grão-
-Pará aprova em janeiro de 1823 o envio de tropas
para o Maranhão para ajudar. Porque eles sabiam que
se o Maranhão caísse, cairia o Grão-Pará na sequên-
cia. Então, o governador das armas do Grão Pará, bri-
gadeiro José Maria de Moura, aceita encaminhar con-
tingentes que vão se concentrar exatamente nessa
divisa do Piauí para tentar conter esse avanço”, ex-
plica o historiador.
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Burgos, comandante das armas local, de família rica
e produtora. Um homem que personaliza bem o que
aconteceu com os produtores de algodão da região.
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“Esse cerco significa que o algodão não chega para
ser exportado, nem o arroz, nem a carne fresca que
antes vinha do Piauí. Então você tem um último mês
bastante tenso em que a questão da independência
vai se tornando eminente”, aponta.
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dição [portuguesa], o que acaba sendo central para
instituir essa nova ordem a partir do 28 de julho”,
explica o professor.
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E O GRÃO-PARÁ, ONDE FICA NAS GUERRAS
DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL?
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Ao todo, o militar historiador contemporâneo dos
acontecimentos Francisco Adolfo de Varnhagen
(1810-1878), o barão de Porto Seguro – menciona-
do nos trabalhos de Franchini Neto e do historiador
José Honório Rodrigues (1913-1987) – os conflitos
do processo que culminou com a incorporação do
Pará ao Império do Brasil terminou com cerca de 1
mil mortos, antes da incorporação e em alguns tu-
multos posteriores.
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novos navios que ”estariam a caminho”. Descon-
fiado, o Brigadeiro Moura ainda tentaria um último
levante de militares. Não deu certo. Ele foi preso e,
em 15 de agosto, houve o juramento a D. Pedro.
SÓ FALTAVA ESSA...
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GUERRA DA
CISPLATINA:
OS ANOS QUE
DARIAM ORIGEM
À RIVALIDADE
BRASIL-
ARGENTINA
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GUERRA DA CISPLATINA: OS ANOS
QUE DARIAM ORIGEM À RIVALIDADE
BRASIL-ARGENTINA
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ria o território em um país independente, o Uruguai,
por muitas vezes ironicamente chamado pela nar-
rativa histórica de “Estado Tampão”.
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ANTECEDENTES
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o que incluía também o objetivo de manter os lusi-
tanos fora do Rio da Prata.
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do os uruguaios tenham torcido pelo Brasil, depois,
claro, do próprio Uruguai.
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guerras napoleônicas e o exemplo norte-americano
para decretarem a própria independência.
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diz o historiador uruguaio. “De alguma maneira, a Cis-
platina foi invadida pelo governo monárquico”, com-
pleta Paulo Garcês, do Museu da Independência.
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INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA E
A PRÉ-GUERRA CISPLATINA
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finiu a incorporação da Cisplatina ao Reino do Bra-
sil”, completou Franchini Neto.
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tente que lutou contra Napoleão.
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neiro, na obra História da Guerra Cisplatina, de 1946,
“formou-se mesmo uma sociedade secreta, dos ‘Ca-
balleros Orientales’, cujos ideais eram o combate à
dominação brasileira”. Esses caras foram os primei-
ros, em 1823, a tentar “dar o golpe”. Era uma nova
divisão da Maçonaria constituída em Montevidéu.
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Foi justamente essa província, segundo o historia-
dor, que forneceu armas e munições aos cavaleiros
que embarcariam e ficariam conhecidos como os 33
Orientales: uruguaios que partiram da margem oci-
dental até desembarcar no Arsenal Grande ou Praia
da Agraciada, em 19 de abril de 1825, com uma mí-
tica bandeira tricolor escrito “Libertad o Muerte”. O
comando da tropa dos 33 foi liderado pelo “camara-
da” Juan Antônio Lavalleja, que havia combatido ao
lado de Artigas desde 1811.
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“Existiu uma influência importante das sociedades
secretas maçônicas. O 33 é o número de graus da ma-
çonaria. Imagine só 33 caras lutando contra um exér-
cito, é impossível. Eram 33 e o que bateu a foto. So-
mando, eram 34”, brinca.
O VIRA-CASACAS E A DECLARAÇÃO
DE INDEPENDÊNCIA, OU MELHOR, DE UNIÃO
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Rivera era um homem ardiloso. Quando os portu-
gueses combateram Artigas, o militar lutou contra
os lusitanos. Mas de alguma forma convenceu os por-
tugueses que seria útil, conquistando Lecor por se po-
sicionar favoravelmente aos interesses brasileiros. Ao
ser enviado com sua tropa de 70 homens ao encontro
de Lavalleja, porém, fingiu ter sido capturado e se jun-
tou a eles para tomar mate. Seria o 34º dos Orientales
(ou 35º, se contarmos quem ‘bateu a foto’).
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Claro, Borba foi preso ali mesmo. E a tropa que o
acompanhava foi direcionada a uma emboscada,
uma das primeiras vitórias dos uruguaios na Guer-
ra da Cisplatina.
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A REAÇÃO DA ARGENTINA E
A DECLARAÇÃO DE GUERRA
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pouca coisa, claro, mas foi o suficiente para os ar-
gentinos se assanharem.
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“O Exército era aristocrático, de configuração se-
melhante à dos recentes Estados nacionais euro-
peus: nobreza no oficialato e camponeses ou mer-
cenários como soldados”, escreveu o historiador
Marcos Vinícios Luft em tese de Doutorado apresen-
tado em 2013 na Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul: “Essa guerra desgraçada”: recrutamento
militar para a Guerra da Cisplatina (1825-1825).
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Marinha brasileira tinha uma esquadra de respeito
para os padrões sul-americanos e adotou a estra-
tégia: bloquear o Prata, evitando a saída e a chega-
da de navios a Buenos Aires, para assim estrangu-
lar a economia argentina.
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sário, em 20 de fevereiro de 1827, no Rio Grande do
Sul. Segundo informações atualmente publicadas
pelo Exército Brasileiro, foi uma batalha de oito ho-
ras (mas pode ter durado mais tempo) entre mais
de 5 mil brasileiros e 8 mil platinos. Após movimen-
tações de tropas em vários lados, a estimativa do
Barão de Rio Branco foi de 200 mortos e 150 feridos
ou prisioneiros do Império contra cerca de 150 mor-
tos e 250 feridos do “lado de lá”.
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TENTATIVAS DE ACORDO: O ALGODÃO
ENTRE DOIS CRISTAIS?
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Convenção Preliminar de Paz, a Argentina passaria a
reconhecer a Cisplatina como território brasileiro e
pagar uma indenização por “atos de pirataria”.
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Por outro lado, o acordo garantia a livre navegação
no Rio da Prata tanto por parte do Brasil quanto da
Argentina na região por 15 anos. O problema é que
não havia fixação de limites territoriais finais no acor-
do, sendo ainda que a Constituição do novo país de-
veria ser julgada por ambos os governos, mas sem as
tropas dos países por lá.
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so Rivera e Lavalleja, começaram a ter suas próprias
rusgas. Com Rivera eleito o primeiro presidente cons-
titucional em agosto de 1830, Lavalleja esquece a par-
ceria de vez e provoca uma guerra civil, sendo derro-
tado em julho de 1832.
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1903, O ANO
EM QUE O ACRE
PASSOU A
EXISTIR PARA
O BRASIL
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1903, O ANO EM QUE O ACRE PASSOU
A EXISTIR PARA O BRASIL
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Só que as coisas vinham mudando entre as décadas
de 1860 e o fim do século 19, por conta de uma ma-
téria-prima essencial para as revoluções industriais
(isso mesmo, no plural) que aconteciam países na
Europa, nos Estados Unidos e no Japão: a borracha,
usada para envolver cabos de eletricidade e fabri-
cação de pneus, por exemplo.
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“No início do século tinham muitos brasileiros cor-
tando borracha do lado onde é a Bolívia. Até hoje
tem uma presença muito forte de brasileiros do la-
do de lá”, afirma a doutora, que é autora da tese
Acreanidade: Invenção e Reinvenção da Identidade
Acreana, também publicada como livro pela edito-
ra Edufac. “E quando a borracha desponta, o inte-
resse para conhecer nessa área avança muito mais”,
destaca.
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de institucionalizar a soberania de tais espaços e
para garantir a propriedade da terra a seus cida-
dãos”, explicou a historiadora boliviana Clara Ló-
pez Beltrán no artigo La exploración y ocupación
del Acre.
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a soberania brasileira na região, principalmente os
Estados Unidos que agora poderiam penetrar na re-
gião amazônica”, completa o historiador.
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que publicou o caso no jornal “A Província do Pará”.
A denúncia fez, momentaneamente, os EUA pularem
fora das negociações.
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se desentendeu com Manaus e Belém, que não
aceitavam a taxação da borracha.
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tenham se juntado a uma junta revolucionária local.
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O novo “acordão” dava à organização estrangeira
até mesmo o direito de criar suas próprias forças
armadas para defender o território, além de bancar
infraestrutura (serviços como rodovias e portos),
sendo que 60% do faturamento ficaria para o governo
boliviano e 40% para o Syndicate.
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Os ministérios das Relações Exteriores do Brasil
(especialmente na figura de Barão do Rio Branco) e
do Peru pressionaram os Estados Unidos, que
negaram ter parte no projeto do Syndicate, mas
conseguiram desfazer o acordo. “O Brasil pagou a
multa indenizatória que a Bolívia deveria pagar por
rescindir o contrato, sendo um montante de 110 mil
libras esterlinas”, destaca o historiador Faria Pontes
em seu artigo.
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Revolução Acreana. É aquele que organizou um
exército de seringueiros e venceu batalhas contra a
Bolívia”, revela a professora Maria de Jesus. “Era uma
figura com experiência militar, letrado de certa forma
e que conseguiu tomar as dores daquela insatisfação,
e organizou um exército com seringueiros. E uma vez
que o patrão seringalista apoiava, os seringueiros não
tinham opção de não ir”, completa.
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haviam as autoridades dormido muito tarde, depois de
abundantes libações e dos canticos patrioticos do
costume, pelo que áquella hora da manhã dormiam
ainda a somno solto. (...) Penetrando na Intendencia,
de lá retiramos umas carabinas e dous cunhetes de
balas; em seguida chamei-os em voz alta. O intendente,
mal acordado ainda, respondeu: ‘Es temprano para la
fiesta’, ao que lhe retorqui: ‘Não é festa, Sr. Intendente,
é revolução’. Levantaram-se então o intendente e os
demais, sobresaltados.”
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“A grande parte das batalhas históricas ocorreram
em Rio Branco e na fronteira com Bolívia, em
Brasiléia. Inclusive, em Cobija, que é cidade
fronteiriça com Brasiléia, tem uma imagem muito
simbólica de um índio que atirou fogo no seringal
Carmen, que é um dos conflitos que a Bolívia ganhou
com Plácido de Castro”, conta Maria de Jesus.
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“Quando a notícia da expulsão dos bolivianos chegou
em La Paz, o presidente Pando, montou forte exército
para reaver seu território. O exército do general já
marchava rumo ao Acre quando entra na guerra a
diplomacia brasileira. José Maria da Silva Paranhos
Júnior, o Barão do Rio Branco, Ministro das Relações
Exteriores do Brasil, buscou meios pacíficos de
resolver a querela, buscando evitar mais
derramamento de sangue”, escreveu Faria Pontes.
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boliviano, entregaria um pequeno pedaço da fronteira
no Mato Grosso e Roraima e construiria a estrada de
ferro Madeira-Mamoré, para facilitar o escoamento
de produtos bolivianos, já que o país não tinha mais
saída para o mar depois de perder para o Chile a Guerra
do Pacífico (1879-1883).
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setembro de 1909, para a retirada dos peruanos da
região do Juruá em troca de 40 mil km².
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REFERÊNCIAS
G u e r r a s e s q u e c i d a s d o B r a s i l 8 3
ARREGUINE, Victor. Historia del Uruguay. Monte-
video: Imprenta y Litografía La Razon, 1892.
G u e r r a s e s q u e c i d a s d o B r a s i l 8 4
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