Equilíbrio Dos Corpos Rígidos
Equilíbrio Dos Corpos Rígidos
Equilíbrio Dos Corpos Rígidos
Aplicação das equações matemáticas no estudo do equilíbrio estático de um corpo rígido em termos translacionais e rotacionais.
PROPÓSITO
Compreender os conceitos e as equações do equilíbrio estático do corpo rígido para o aprendizado do dimensionamento de
estruturas.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora científica ou use a calculadora de seu
smartphone/computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
Reconhecer os sistemas de forças e as condições de equilíbrio de um corpo rígido
MÓDULO 3
MÓDULO 4
MÓDULO 1
INTRODUÇÃO
Boas-vindas ao estudo do equilíbrio dos corpos rígidos.
No estudo do equilíbrio dos corpos rígidos, a primeira fase consiste em reconhecer os vínculos da estrutura. As estruturas
bidimensionais ou tridimensionais em equilíbrio estático sempre estão presas a apoios que restringem um ou mais tipos de
movimentos (translação ou rotação): são os vínculos. Por exemplo, um vínculo pode restringir os movimentos de translação nas
direções x e y e permitir a rotação em torno do eixo z (grau de liberdade). Observe nas figuras 1 e 2 um vínculo (apoio) do tipo
engaste em que três restrições são impostas à estrutura: as translações vertical e horizontal e a rotação.
Figura 1 - Apoio do tipo engaste. Fonte: Autor
Toda estrutura em equilíbrio estático apresenta-se “presa” a apoios ou vínculos. Dessa forma, restrições são impostas ao seu
movimento. Imagine uma mesa no jardim de uma pequena cidade. Ela encontra-se em equilíbrio estático e impedida de realizar
qualquer movimento de translação ou de rotação em virtude de estar “presa” por intermédio de vínculos. Inicialmente, a abordagem
do tema será para estruturas bidimensionais, por exemplo, localizadas no plano xy do papel, com carregamento também nesse
plano.
Quando se é realizado o estudo do equilíbrio estático de uma estrutura bidimensional, surgem três classes de apoios cujas
denominações remetem-se diretamente ao número de restrições que elas impõem ao movimento, seja o de translação ou o de
rotação. No plano, três são as possibilidades de restrição:
Uma translação
Duas translações
A figura 3 ilustra a representação mais comum para os três apoios citados. Observe que existem rótulas na parte superior dos
apoios de primeiro e segundo gênero, não restringindo movimentos de rotação. Observe, ainda, na figura 3, as representações
desses vínculos.
Na análise dos problemas de estática, um dos primeiros passos é o desenho do diagrama do corpo livre (DCL), a ser estudado com
detalhes ainda neste módulo. Nesse desenho, todos os carregamentos ou forças devem ser representados. O acréscimo ou a falta
de algum comprometerá o estudo do equilíbrio do corpo rígido. Seguindo essa linha de raciocínio, no desenho do DCL, todos os
apoios que estão na estrutura devem ser substituídos por forças ou momentos, dependendo do tipo de restrição que cada um impõe
(translação ou rotação). Faremos uma análise simples dessa troca de forças/momentos.
Na figura 4, os três principais apoios estudados anteriormente estão dispostos com as respectivas substituições por força ou
momento, concernentes às restrições impostas. Como os apoios de primeiro e segundo gêneros restringem translação, os entes
físicos utilizados nessa substituição são forças e, no caso do apoio de terceiro gênero, ocorrem restrições a translações e à rotação.
Nesse vínculo, os entes físicos utilizados na substituição são forças e momento. É comum denominar as forças e os momentos
associados aos vínculos de reações nos apoios.
Figura 4 - Reações em apoios de 1º, 2º e 3º gêneros. Fonte: Autor
SAIBA MAIS
Os apoios de terceiro gênero também são conhecidos por permitirem que a estrutura se mantenha “em balanço”, ou seja, uma das
extremidades livre e a outra engastada numa parede, por exemplo. Possivelmente, o exemplo mais presente em nosso dia a dia
seja a marquise, em que uma pequena laje apresenta uma extremidade presa (engastada) à estrutura de um prédio e a outra
extremidade livre, remetendo diretamente à ideia que a denomina “em balanço”.
A figura 5 apresenta uma representação esquemática de uma marquise. Note que uma de suas extremidades apresenta-se presa à
estrutura, com restrições à translação e à rotação, enquanto a outra extremidade encontra-se livre. A ideia do balanço fica bem
explícita nesse elemento.
GRAUS DE LIBERDADE
Em sua obra, Curso de Mecânica, o autor Adhemar Fonseca apresenta o conceito de grau de liberdade que será, de forma sucinta,
abordado neste tópico.
EXEMPLO
→
Supondo um sistema com resultante das forças igual a R , ela tende a provocar a translação ao longo de um eixo e, similarmente,
→ → →
uma rotação em torno de um eixo, o vetor momento resultante M . Tratando os vetores R e M no espaço xyz, é possível a
decomposição de cada um deles em até três componentes. Assim, no espaço, a estrutura tem até 6 graus de liberdade (não
restrição), sendo 3 translações e 3 rotações. Para estruturas no plano, a resultante terá duas componentes e o momento apenas
uma, num eixo perpendicular ao plano das forças. Em consequência, são 3 os graus de liberdade possíveis.
TEORIA NA PRÁTICA
Na Engenharia, a presença de estruturas equilibradas e com diversos tipos de apoios está muito presente no dia a dia. Como foi
visto neste módulo, três classes são possíveis para os vínculos. Para que você possa perceber isso na prática, alguns exemplos de
situações reais serão apresentados neste tópico.
Inicialmente, imagine um carrinho de compras. As rodinhas traseiras (com seu sistema de fixação ao carrinho) comportam-se como
um apoio de primeiro gênero. Uma restrição é imposta, a da translação no eixo y, ou seja, ∆y = 0. Contudo, não há impedimento de
outros dois movimentos: translação no eixo x (∆x ≠ 0) e rotação em torno do eixo z (∆θz ≠ 0). Observe a figura a seguir de um
estrutura composta por uma viga presa em uma das extremidades pelo apoio de segundo gênero e na outra extremidade por um
cabo de aço. A extremidade unida ao vínculo apresenta restrição aos movimentos vertical e horizontal da viga, mas a rotação é
possível. Observe o esquema da figura.
Neste módulo, foi visto o apoio de terceiro gênero, o que impõe as três restrições, as duas translações nos eixos x e y (∆x = 0 e ∆y
= 0) e, também, a rotação em torno do eixo z (∆θz = 0). Exemplos clássicos são as varandas e as marquises. Na figura seguinte,
RESOLUÇÃO
Vínculos em estruturas bidimensionais - exemplos reais.
MÃO NA MASSA
1. EM MUITAS ESTRUTURAS DE PONTES, É COMUM A UTILIZAÇÃO DAS VIGAS GERBER (DENTES
DE GERBER), QUE PERMITEM A “TRANSMISSÃO” DO MOMENTO DE UMA REGIÃO DA ESTRUTURA
PARA OUTRA. NA FIGURA A SEGUIR, TEM-SE UM ESQUEMA DA VIGA GERBER EM DESTAQUE.
FONTE: AUTOR
CONSIDERANDO APENAS A VIGA GERBER (EM VERDE), O APOIO DESTACADO PODE SER
CLASSIFICADO COMO UM APOIO DE QUE GÊNERO?
A) 2 ≤ n + g ≤ 6
B) 0 ≤ g ≤ 3 e 0 ≤ n ≤ 3
A) 1 grau de liberdade.
B) 2 graus de liberdade.
C) 3 graus de liberdade.
D) 4 graus de liberdade.
FONTE: AUTOR
C) Passará a ter 2 restrições, pois continuará a impedir a translação no eixo y, mas também a rotação.
GABARITO
1. Em muitas estruturas de pontes, é comum a utilização das vigas Gerber (dentes de Gerber), que permitem a
“transmissão” do momento de uma região da estrutura para outra. Na figura a seguir, tem-se um esquema da viga Gerber
em destaque.
Fonte: Autor
Considerando apenas a viga Gerber (em verde), o apoio destacado pode ser classificado como um apoio de que gênero?
As vigas tipo Gerber comportam-se como rótulas nas estruturas a que pertencem, não restringindo, assim, o movimento de rotação.
Contudo, uma análise da figura permite concluir que não são possíveis translações na horizontal e na vertical. Sendo assim, existem
duas restrições de translação, ou seja, o apoio é do segundo gênero.
2. Um estudante, refletindo sobre os vínculos de uma estrutura, pensou sobre a definição do grau de liberdade desse
vínculo na estrutura em questão. Suponha que “n” seja o número de restrições impostas por um vínculo de uma estrutura
tridimensional, em que “n” é um número natural e “g” o grau de liberdade do vínculo. É correto afirmar que:
Na situação extrema, um vínculo apresenta grau de liberdade (g) igual a 0, impondo apenas 6 restrições (n). Assim, é verdade que n
+ g = 6. Ao se pensar em todas as possibilidades, é possível concluir que um vínculo como a rótula, por exemplo, permite 3
rotações (g) e impede 3 translações (n). Então, é possível que n = g. Quanto à razão (n+g)/g=4, como n + g = 6, tem-se que 6/g=4,
ou ainda 6/4=g, o que implica que g = 1,5, logo, não é possível porque g é um número natural.
3. No estudo dos vínculos de uma estrutura, é possível compreender perfeitamente suas atuações fazendo uma análise dos
graus de liberdade. Suponha que o vínculo da figura a seguir (um mancal com atrito) pertença a uma estrutura
tridimensional em equilíbrio estático. Avalie as restrições possíveis e responda o grau de liberdade do vínculo.
Fonte: Autor
4. Considere uma estrutura em equilíbrio estático sob um carregamento plano. Na ilustração a seguir, parte dessa estrutura
é representada com um de seus vínculos.
Fonte: Autor
O apoio restringe o movimento da estrutura apenas na direção perpendicular à sua base. Não é possível, a priori, definir o sentido
dessa reação, apenas a direção. Após a realização dos cálculos oriundos das equações de equilíbrio é que se pode chegar à
conclusão sobre o sentido da reação. Valor positivo indica que o sentido arbitrado para a reação está correto, e negativo indica que
o sentido arbitrado deve ser invertido.
5. A definição de um vínculo pode ser realizada a partir do grau de liberdade ou das restrições impostas por ele. Suponha
um vínculo numa estrutura tridimensional com carregamento genérico. Sejam p e q, respectivamente, o grau de liberdade
do vínculo e o número de restrições que ele impõe à estrutura a que pertence. É correto afirmar que:
6. Um apoio de primeiro gênero é aquele que restringe uma translação em um eixo, por exemplo y, permitindo a translação
no outro eixo, o x. Em sua parte superior existe uma rótula que não restringe a rotação. Suponha que uma estrutura tenha
alguns apoios metálicos desse tipo e que ela esteja localizada próximo a um ambiente de atmosfera corrosiva. Em virtude
disso, um desses vínculos é afetado pela oxidação e a rótula fica emperrada. Dessa forma, é possível afirmar que esse
vínculo:
O problema cita um apoio de 1º gênero (ver figura), ou seja, apresenta uma restrição (direção y) e 2 graus de liberdade (translação
em x e rotação em torno de z). Com a oxidação da rótula, haverá mais uma restrição imposta, visto que não será permitida a
rotação em torno do eixo z. Assim, o total de restrições é 1 + 1 = 2.
Fonte: Autor
GABARITO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CONSIDERE PARTE DE UMA ESTRUTURA INDICADA NA FIGURA E SUPONHA UM
CARREGAMENTO SOBRE ELA. AS HASTES QUE COMPÕEM A ESTRUTURA ESTÃO VINCULADAS
ENTRE SI POR MEIO DE PARAFUSOS (EQUIVALENTE A SOLDAS) E A UMA GRANDE CHAPA DE AÇO,
DE TAL FORMA QUE É POSSÍVEL ASSOCIAR CADA UNIÃO FEITA PELOS PARAFUSOS AO TIPO DE
APOIO:
A) Do primeiro gênero, uma vez que impede apenas uma translação (∆x > 0, 0, ∆y = 0 e ∆θz = 0).
B) Do segundo gênero, uma vez que impede duas translações (∆x > 0, ∆y < 0 e ∆θz = 0).
C) Do terceiro gênero, uma vez que impede duas translações e uma rotação (∆x = 0, ∆y = 0 e ∆θz = 0).
D) Dependendo do carregamento, de qualquer um dos três gêneros (∆x, ∆y e ∆θz podem assumir quaisquer valores).
1. Considere parte de uma estrutura indicada na figura e suponha um carregamento sobre ela. As hastes que compõem a
estrutura estão vinculadas entre si por meio de parafusos (equivalente a soldas) e a uma grande chapa de aço, de tal forma
que é possível associar cada união feita pelos parafusos ao tipo de apoio:
Observando o plano anterior, é possível perceber que a ligação da barra é feita com um grande parafuso, impedindo, assim,
translações e rotação (∆x = 0, ∆y = 0 e ∆θz = 0). Logo, apoio de terceiro gênero.
2. Parte de um sistema mecânico em equilíbrio encontra-se representado na figura, onde é possível visualizar dois
vínculos: A e B. Em relação a esses vínculos, é correto afirmar que:
Observando os vínculos, percebe-se que apresentam pinos que permitem rotação (∆θz ≠ 0). O apoio B apresenta a possibilidade de
translação na horizontal (∆x ≠ 0, ∆y = 0 e ∆θz ≠ 0). Assim, o apoio A apresenta 2 restrições e 1 grau de liberdade (rotação), enquanto
MÓDULO 2
Reconhecer os sistemas de forças e as condições de equilíbrio de um corpo rígido
INTRODUÇÃO
→
No estudo do equilíbrio de um corpo rígido, os dois entes físicos que caracterizam esse estado são a resultante das forças R e a
→ → →
soma dos momentos M aplicados por elas. Quando R e M são simultaneamente nulos, está garantido o equilíbrio, que é dividido
→ →
em estático e dinâmico. No primeiro, além das condições para R e M , sua velocidade é zero. No equilíbrio dinâmico, a diferença é
que o sistema apresenta movimento retilíneo uniforme (MRU), ou seja, velocidade constante.
SITUAÇÃO 1
Suponha a situação em que uma pessoa movimente a cadeira para sentar-se à mesa. Mesmo não conhecendo o conceito oficial de
força, é bastante intuitiva a ideia de que foi necessário atuar na cadeira para que ela se movimentasse. Relacionado a essa
situação, surge o juízo popular do ente físico força.
SITUAÇÃO 2
Se a situação imaginada for a de trocar o pneu furado de um carro, será preciso atuar de tal forma na retirada dos parafusos que
ocorra uma rotação deles. Surge a ideia do momento provocado por uma força, associando-o à rotação provocada por esta.
É claro que os conceitos de força e de momento se conservam mesmo em situações complexas da Engenharia. A ponte que liga o
Rio de Janeiro a Niterói apresenta uma série de exemplos em que forças atuam em sua estrutura e que provocam momentos. Uma
diferença bastante perceptível é a quantidade desses elementos nessas estruturas complexas.
VOCÊ SABIA
No Sistema Internacional de Unidades (S.I.), a força é apresentada em newtons (N), em homenagem aos brilhantes trabalhos do
físico Isaac Newton (1642-1727) na Mecânica Clássica.
No caso da força concentrada, existe um único ponto de aplicação sobre a estrutura. Para exemplificar, suponha uma pessoa de pé
em um apartamento. A força que ela faz sobre a laje é considerada uma força concentrada. Observe a figura 7 que, de maneira
esquemática, apresenta a situação descrita.
A força ou carga distribuída apresenta atuação ao longo de um comprimento. Um exemplo clássico na Engenharia de força
distribuída é a parede de um apartamento. Observe o esquema apresentado na figura 8 em que a representação gráfica de uma
carga distribuída é mostrada.
ATENÇÃO
É importante ressaltar que, no S.I., a força concentrada é apresentada em N e a força (carga) distribuída, em N/m.
FORÇA ESCRITA EM FUNÇÃO DE SUAS COMPONENTES
RETANGULARES
Tomando-se como referência o par de eixos cartesianos x e y, qualquer vetor no plano pode ser escrito a partir de suas
componentes retangulares Fx e Fy, que representam seus módulos nas direções x e y, respectivamente. Além disso, são utilizados
→
os vetores unitários i (1,0) e j (0,1). No caso do vetor que representa a força F , pode-se escrevê-lo conforme a equação 1:
→
F =
Equação 1
A figura 10 mostra a representação geométrica da decomposição da força F → em suas componentes retangulares Fx e Fy.
Figura 10 – Decomposição de uma força no plano xy. Fonte: Autor
A partir das relações trigonométricas no triângulo retângulo, é possível escrever as equações matemáticas 2 e 3 para as
componentes retangulares da força F → e sua direção θ :
F X = F . COS Θ E F Y = F . S E N Θ
Equação 2
Equação 3
A partir das equações 1 e 2 e utilizando os vetores unitários i e j, é possível reescrever a força F → conforme a equação 4.
F→ = F . COS Θ . I + F . S E N Θ . J
Equação 4
Ainda utilizando as ferramentas matemáticas da geometria plana, é possível perceber, na figura 10, um triângulo retângulo cujos
catetos são as componentes Fx e Fy e a hipotenusa F. A partir da relação matemática conhecida como teorema de Pitágoras, é
FX2 + FY2 = F2
Equação 5
ATIVIDADE
Seja a força apresentada na figura e o par de eixos xy. O módulo da força é 100N e o ângulo θ que o vetor força forma com o eixo x
é tal que o seno vale 0,6 e o cosseno, 0,8. Escreva a força F em coordenadas retangulares.
Fonte: Autor
RESOLUÇÃO
A partir da equação 2, é possível determinar as projeções da força F sobre os eixos x e y, ou seja:
F X = F . COS Θ E F Y = F . S E N Θ
F X = 100 . 0 , 8 = 80 N E F Y = 100 . 0 , 6 = 60 N
F→ = F . COSΘ . I + F . SENΘ . J
F → = 80 . I + 60 . J
Generalizando uma força F → como um vetor no R3, além dos eixos x e y, deve-se utilizar o eixo z para a decomposição da força
em coordenadas retangulares. Além disso, os vetores unitários serão i (1, 0, 0), j (0, 1, 0) e k (0, 0, 1) que representam,
respectivamente, os sentidos dos eixos x, y e z.
A figura 11 representa esquematicamente a força F → no espaço e os eixos x, y e z. Além disso, são mostrados os ângulos θx,θy e
θz que a força F → forma com os eixos. Ainda é possível perceber as projeções da força nos eixos x, y e z, ou seja, Fx, Fy e Fz.
Figura 11 – Representação da força F → no espaço e suas componentes retangulares. Fonte: Autor
A partir da figura 11, observando triângulos retângulos e utilizando a definição da função trigonométrica cosseno, é possível
escrever as relações matemáticas descritas nas equações 6, 7 e 8.
COS Θ X = F X F → F X = F . COS Θ X
Equação 6
COS Θ Y = F Y F → F Y = F . COS Θ Y
Equação 7
COS Θ Z = F Z F → F Z = F . COS Θ Z
Equação 8
ATENÇÃO
A partir das equações anteriores, é possível reescrever a força F → , em termos de suas coordenadas retangulares, e os vetores
unitários i , j e k , conforme a equação 9:
F → = F . COS Θ X . I + F . COS Θ Y . J + F . COS Θ Z . K
Equação 9
ATIVIDADE
Suponha que uma força de intensidade 10 k N atue de tal forma em uma estrutura que seus cossenos diretores valham 2 2 , 3 . 2
10 e 2 2 5 . O engenheiro precisa escrever essa força em coordenadas retangulares e solicita que seu estagiário resolva.
RESOLUÇÃO
Inicialmente, o estagiário transformou a unidade e encontrou para o módulo da força o valor de 10 . 000 N . A partir das equações 6,
7 e 8, ele determinou as componentes da força F nas direções dos eixos x, y e z.
RESULTANTE DE FORÇAS
Seja uma estrutura em que atue um conjunto com “n” forças. Por razões simplificadoras matemáticas, é possível fazer a substituição
desse conjunto de forças por uma única, denominada resultante das forças ou, simplesmente, resultante. Essa substituição
matemática não altera a consequência física. A figura 12 apresenta uma estrutura em que agem quatro forças coplanares e a
substituição delas pela força resultante.
Figura 12 – Sistema de forças em uma estrutura e sua resultante. Fonte: Autor
A resultante das forças que agem sobre um corpo é a soma vetorial dessas forças. É possível fazer a decomposição retangular das
várias forças e agrupar “os termos semelhantes” (em i, em j e em k). A equação 10 mostra essa descrição.
Equação 10
ATENÇÃO
Para duas forças de módulos F1 e F2, é verdade que o módulo da resultante R entre elas está no seguinte intervalo:
F1 -F2 ≤ R ≤ F1 +F2
ATIVIDADE
Suponha que um corpo esteja sob a ação de várias forças nas direções dos eixos ortogonais x, y e z, conforme a figura. Determine
a resultante das forças.
Fonte: Autor
RESOLUÇÃO
Inicialmente, deve-se observar os eixos desenhados e suas respectivas orientações positivas (setas). Após identificar as resultantes
em cada eixo, é possível aplicar a equação 10 para determinar a resultante no corpo.
∑ F X = 20 - 50 = - 30 N
∑ F Y = 80 - 20 = 60 N
∑ F Z = 40 N
R → = - 30 . I + 60 . J + 40 . K
Observando a figura 13, é possível perceber que o vetor momento M → é perpendicular ao plano formado pela força F → e o vetor
posição r → . Além disso, é possível observar que ele apresenta um sentido de rotação.
Figura 13 – Momento da força F em relação ao ponto O. Fonte: Autor
O momento de uma força em relação a um ponto é dado por um produto vetorial, conforme mostra a equação 11.
M→ = R→ × F→
Equação 11
Escrevendo os vetores posição r → (rx, ry e rz) e a força F → (Fx, Fy e Fz) em coordenadas retangulares, obtém-se o vetor momento
M→ = IJKRXRYRZFXFYFZ
ATENÇÃO
Fonte: Autor
Na primeira figura, a força faz a barra girar em torno do ponto O no sentido anti-horário, então o momento é positivo. Na segunda, o
sentido é horário, logo, o momento é negativo.
ATIVIDADE
Suponha que uma força F (10, 20, 30), em N, seja aplicada num ponto A de coordenadas (1, 2, 5). Determine o momento dessa
força em relação à origem O (0, 0, 0) dos eixos x, y e z.
RESOLUÇÃO
O vetor posição
A força F já se encontra escrita com suas coordenadas. Assim, aplicando-se o produto vetorial M→ = r→ × F→, da equação 11, é
possível determinar o vetor momento.
M → = I J K 1 2 5 10 20 30 = 60 I + 20 K + 50 J - 20 K - 30 J - 100
I = - 40 I + 20 J + 0 K
R → = ∑ F I → = 0 → E M→ = ∑ M→I = 0→
Equação 12
Como foi visto nos itens anteriores, é possível escrever a resultante das forças, assim como o momento resultante, em função de
suas componentes retangulares. Para garantir o equilíbrio estático do sistema, basta que cada uma das componentes retangulares
seja igual a zero. Surgem, dessa maneira, seis equações para o equilíbrio:
∑ FX = 0
∑ FY = 0
∑ FZ = 0
∑ MX = 0
∑ MY = 0
∑ MZ = 0
Portanto, as seis equações supracitadas são necessárias e suficientes para garantir o equilíbrio estático do corpo rígido.
∑ FX = 0 ; ∑ FY = 0 E ∑ FZ = 0
∑ MX = 0 ; ∑ MY = 0 E ∑ MZ = 0
∑ FX = 0 ; ∑ FY = 0 E ∑ MZ = 0
Obs.: Para escrever uma força a partir de dois pontos A (xA, yA, zA) e B (xB, yB, zB) de sua linha de ação, deve-se inicialmente
escrever o vetor unitário e depois multiplicá-lo pelo módulo dessa força. Segue a sequência desses passos:
Fonte: Autor
Mas,
Assim,
F→ = ΛAB→ . F
F → = ( 3 , 0 , 4 ) 5 . 100 = ( 3 , 0 , 4 ) . 20 = ( 60 , 0 , 80 ) N
TEORIA NA PRÁTICA
Na Engenharia, o equilíbrio das estruturas é muito presente. Não faltam exemplos práticos, como torres de transmissão, estruturas
treliçadas (Linha Vermelha no Rio de Janeiro, por exemplo), dentre tantos outros. Em linhas gerais, o equilíbrio translacional e o
rotacional devem ser garantidos nessas estruturas. Um exemplo simplificado, porém, que não deixa de auxiliar na aplicação das
equações do equilíbrio em casos práticos, será realizado. A seguir, tem-se uma questão apresentada em um concurso.
(FCM-PB – 2015) O guindaste (também chamado de grua e, nos navios, pau de carga) é um equipamento utilizado para a elevação
e a movimentação de cargas e materiais pesados, assim como a ponte rolante a partir do princípio da Física, segundo o qual uma
ou mais máquinas simples criam vantagem mecânica para mover cargas além da capacidade humana. São comumente
empregados nas indústrias, terminais portuários e aeroportuários, onde se exige grande mobilidade no manuseio de cargas e
transporte de uma fonte primária (embarcação, trem ou elemento de transporte primário, ou mesmo avião) para uma fonte
secundária (um veículo de transporte ou depósitos locais). Podem descarregar e carregar contêineres, organizar material pesado
em grandes depósitos, efetuar a movimentação de cargas pesadas na construção civil, e as conhecidas pontes rolantes, ou
guindastes móveis, são muito utilizadas nas indústrias de laminação e de motores pesados.
Um aluno, de posse de um simulador, projeta a grua acima com as seguintes características: o braço maior da grua tem
comprimento de 16m, o braço menor, 4m; o contrapeso na extremidade do braço menor tem uma massa equivalente a 0,5
toneladas, e o centro de massa coincide com a extremidade do braço menor. A barra horizontal possui massa de 200kg,
uniformemente distribuída, e a barra vertical está rigidamente fixada. De acordo com o projeto descrito, qual o peso máximo que
essa grua poderá levantar sem tombar?
RESOLUÇÃO
Equilíbrio rotacional de uma grua.
MÃO NA MASSA
1. EM MUITAS SITUAÇÕES DA ENGENHARIA, HÁ A NECESSIDADE DE SE CALCULAR A RESULTANTE
DE ALGUMAS FORÇAS CONCENTRADAS QUE ATUAM NUM SISTEMA. PARA SIMPLIFICAR, SUPONHA
QUE DUAS FORÇAS F1→ = 500N E F2→ = 600N ATUEM EM UM PONTO. DOS VALORES ABAIXO,
ASSINALE O ÚNICO QUE NÃO É POSSÍVEL PARA O MÓDULO DA RESULTANTE R ENTRE F1→ E F2→.
A) R=100N.
B) R=400N
C) R=800N
D) R=1200N
2. SEJA UMA VIGA AB HOMOGÊNEA DE MASSA LINEAR DE Μ KG/M ENGASTADA A UMA PAREDE E
PRESA A UM CABO DE AÇO CONSIDERADO IDEAL (INEXTENSÍVEL E SEM MASSA), CONFORME A
FIGURA. O CABO DE AÇO FORMA UM ÂNGULO Θ COM A VIGA, DISPOSTA HORIZONTALMENTE.
SUPONDO O EQUILÍBRIO, DETERMINE A TRAÇÃO (EM N) NO CABO DE AÇO EM TERMOS DE
COMPONENTES RETANGULARES, SENDO O MÓDULO DA TRAÇÃO 13KN.
FONTE: AUTOR
A) T →= -5000i + 12000j
B) T →= 12000i + 5000j
C) T →= -12000i - 5000j
D) T →= -12000i + 5000j
3. CONSIDERE UMA ESTRUTURA EM EQUILÍBRIO ESTÁTICO. UMA DAS FORÇAS QUE AGE NA
ESTRUTURA É DADA POR F→ = 200I + 400J - 500K . SEJA UM PONTO A DA ESTRUTURA COM
COORDENADAS (1,0,1). DETERMINE O VETOR DO MOMENTO DA FORÇA F→ EM RELAÇÃO À
ORIGEM DOS EIXOS (0, 0, 0).
4. SEJA UMA VIGA DE 4M QUE FAZ PARTE DE UMA ESTRUTURA MAIOR EM EQUILÍBRIO ESTÁTICO.
SENDO A VIGA DE SEÇÃO RETANGULAR HOMOGÊNEA, DISPOSTA HORIZONTALMENTE, DE PESO
1200N E APOIADA SOBRE DOIS APOIOS (UM DO 1º GÊNERO E OUTRO DO 2º GÊNERO). SUPONDO
UMA FORÇA F→ DE MÓDULO 400N, APLICADA VERTICALMENTE, CONFORME A FIGURA,
DETERMINE AS REAÇÕES NOS APOIOS A E B ESCRITAS EM COORDENADAS RETANGULARES.
FONTE: AUTOR
A) FA →= 900j e FB → = 700j
B) FA →= 700j e FB → = 900j
C) FA →= 800j e FB → = 800j
D) FA →= 900j e FB → = -700j
5. SEJA UMA ANTENA DE TRANSMISSÃO CUJO PESO É 3000N PRESA VERTICALMENTE NO CHÃO E
ANCORADA POR QUATRO CABOS DE AÇO IDEAIS, CONFORME A FIGURA. SUPONHA QUE EM CADA
CABO ATUE UMA FORÇA DE TRAÇÃO CUJO MÓDULO VALHA 1000N. QUAL O VALOR DA REAÇÃO
NA BASE DA ANTENA?
FONTE: AUTOR
A) F →= 4500j
B) F →= 5400j
C) F →= 2400j
D) F →= 5000j
FONTE: AUTOR
A) 600N e 600N
B) 650N e 550N
C) 900N e 700N
D) 1000N e 200N
GABARITO
1. Em muitas situações da Engenharia, há a necessidade de se calcular a resultante de algumas forças concentradas que
atuam num sistema. Para simplificar, suponha que duas forças F1→ = 500N e F2→ = 600N atuem em um ponto. Dos valores
abaixo, assinale o único que não é possível para o módulo da resultante R entre F1→ e F2→.
Dois vetores apresentam duas situações limites caso somados vetorialmente: quando apresentam a mesma direção e sentidos
opostos e quando apresentam a mesma direção e o mesmo sentido. No primeiro caso, a resultante é a diferença entre os módulos
de F1→ e F2→ , no segundo caso, a soma dos módulos de F1→ e F2→ . Sendo assim, é verdadeira a relação
F1- F2 ≤ R ≤ F1+ F2. No exercício, 500- 600 ≤ R ≤ 500 + 600, ou ainda 100N ≤ R ≤ 1100N. Assim, o único valor fora desse intervalo
é 1200N.
2. Seja uma viga AB homogênea de massa linear de μ kg/m engastada a uma parede e presa a um cabo de aço considerado
ideal (inextensível e sem massa), conforme a figura. O cabo de aço forma um ângulo θ com a viga, disposta
horizontalmente. Supondo o equilíbrio, determine a tração (em N) no cabo de aço em termos de componentes retangulares,
sendo o módulo da tração 13kN.
Fonte: Autor
Na figura, tem-se um triângulo retângulo ABC de hipotenusa BC. Utilizando o teorema de Pitágoras, é possível determinar que BC =
13m. A partir das definições das funções trigonométricas seno e cosseno, é possível escrever que senθ = 513 e cosθ = 1213.
3. Considere uma estrutura em equilíbrio estático. Uma das forças que age na estrutura é dada por F→ = 200i + 400j - 500k .
Seja um ponto A da estrutura com coordenadas (1,0,1). Determine o vetor do momento da força F→ em relação à origem
dos eixos (0, 0, 0).
4. Seja uma viga de 4m que faz parte de uma estrutura maior em equilíbrio estático. Sendo a viga de seção retangular
homogênea, disposta horizontalmente, de peso 1200N e apoiada sobre dois apoios (um do 1º gênero e outro do 2º gênero).
Supondo uma força F→ de módulo 400N, aplicada verticalmente, conforme a figura, determine as reações nos apoios A e B
escritas em coordenadas retangulares.
Fonte: Autor
Equilíbrio de um corpo rígido – viga biapoiada. Assista ao vídeo para conferir a solução da questão.
5. Seja uma antena de transmissão cujo peso é 3000N presa verticalmente no chão e ancorada por quatro cabos de aço
ideais, conforme a figura. Suponha que em cada cabo atue uma força de tração cujo módulo valha 1000N. Qual o valor da
reação na base da antena?
Fonte: Autor
Cabo 2: (0,-6,-8)/10 = (0; -0,6; -0,8) → T2 → = 1000. (0; -0,6; -0,8) = -600j – 800k
Cabo 4: (0,-6,8)/10 = (0; -0,6; 0,8) → T4 → = 1000. (0; -0,6; 0,8) = -600j + 800k
Equilíbrio translacional:
F → = 5400j
Equilíbrio rotacional: Como todas as forças são concorrentes, o momento delas em relação a esse ponto é nulo. Assim, a
soma dos momentos é zero, garantindo o equilíbrio rotacional.
6. Considere a viga biapoiada em A e B, apoios de segundo e primeiro gêneros, respectivamente. Determine os módulos
das reações em A e B, considerando que o peso da viga seja desprezível e ela encontre-se em equilíbrio estático.
Fonte: Autor
Inicialmente será feita a “troca” da carga distribuída (q = 600N/m) pela concentrada equivalente F = 600 (N/m) x (2m) = 1200N
atuando no ponto médio da base do retângulo. Em seguida, será desenhado o DCL do corpo atentando para o fato de ele estar
apoiado sobre A, apoio de segundo gênero, duas reações (vertical e horizontal) e sobre o apoio B, apenas uma reação (vertical),
pois trata-se de um apoio de primeiro gênero.
Fonte: Autor
∑ FX = 0, ∑ FY = 0 E ∑ MZ = 0
∑ FX = 0 → AX = 0
Como Ay + By = 1600. Substituindo-se o valor de By na equação anterior, tem-se que Ay + By = 1600, logo
Ay = 1600 - 700 = 900N
GABARITO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
PELA AÇÃO DA FORÇA F, A FORÇA REATIVA NO APOIO B TEM O SENTIDO DO EIXO Y, ENQUANTO
AS DUAS COMPONENTES DA FORÇA REATIVA NO APOIO A TÊM DIREÇÕES PARALELAS AOS EIXOS
X E Y, SENDO UMA NO SENTIDO DO EIXO:
GABARITO
1. (VUNESP – 2015 – adaptada) Em uma academia de ginástica, há um equipamento de musculação como o esquematizado
na figura.
Um peso P é atado à extremidade de um cabo flexível, inextensível e de peso desprezível, que passa pelo sulco de uma
roldana presa a uma base superior. A outra extremidade do cabo é atada ao ponto B de uma alavanca rígida AC, de peso
desprezível, articulada na extremidade C; o ponto C é fixado em um suporte preso à base inferior do aparelho. A pessoa
praticante deve exercer uma força vertical aplicada em A. São dados os valores: P = 400N, CB = 20cm e AB = 60cm. A
intensidade da força vertical aplicada pelo praticante em A para manter o sistema em equilíbrio na posição mostrada deve
ser de:
Fonte: Autor
Equações do equilíbrio:
Soma dos momentos em relação ao ponto C igual a zero (sentido anti-horário positivo): 400 x 20 + F x 80 = 0. Logo, 80F = -
8000 → F = - 8000/80 → F = - 100N. O sinal negativo indica que o sentido da força é oposto ao adotado no DCL. Logo, F tem
intensidade 100N e é vertical para baixo.
2. (CESGRANRIO – Petrobras – 2017) A viga ABC, mostrada na figura, está sob a ação de uma força F, conforme indicado.
Pela ação da força F, a força reativa no apoio B tem o sentido do eixo y, enquanto as duas componentes da força reativa no
apoio A têm direções paralelas aos eixos x e y, sendo uma no sentido do eixo:
Desenhar o diagrama do corpo livre da barra não esquecendo de projetar a força F (Fy vertical para baixo e Fx horizontal para
esquerda). Equilíbrio em x, Ax será oposta a Fx, ou seja, horizontal para a direita (x positivo). Equilíbrio rotacional em relação ao
ponto B. Para que a soma dos momentos de Fy e de Ay seja nula, Ay deve ser vertical para baixo (y negativo). Observe o DCL da
barra.
Fonte: Autor
Fazendo a projeção da força F nos eixos x e y, tem-se:
Fonte: Autor
Equilíbrio translacional em y: B = Ay + Fy
Equilíbrio rotacional: Momento em relação ao ponto B igual a zero. As forças Ax e Fx não exercem momento, pois suas linhas de
ação passam pelo ponto B. Assim, para que os módulos dos momentos das forças Fy e Ay sejam iguais, Ay deve ser vertical para
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
As estruturas bidimensionais ou tridimensionais em equilíbrio estático sempre estão presas a apoios (vínculos) que restringem um
ou mais tipos de movimentos (translação ou rotação). Para realizar o estudo do equilíbrio do corpo rígido, há a necessidade de
substituir os apoios pelas reações que eles provocam, além dos carregamentos externos. Esse desenho representa o diagrama do
corpo livre (DCL).
Fonte: Autor
Desenho do diagrama do corpo livre
Qualquer dúvida a respeito do desenho do DCL implicará equações incorretas e, consequentemente, erros na solução de um
problema. Sem hierarquizar a importância de um ou de outro aspecto, é fundamental compreender perfeitamente o DCL para,
depois, escrever as equações do equilíbrio e, por fim, resolver o problema proposto.
DESENHANDO O DCL
Para entender como desenhar o diagrama do corpo livre é fundamental perceber como os corpos ligados ao que será separado
interagem com ele e de que maneira as forças reativas (dos vínculos) atuam sobre esse corpo. Essa é a “fase física” do problema.
Esse estudo deve ser extremamente cuidadoso e talvez valha a pena “gastar” parte do tempo nessa análise para que eventuais
erros não se propaguem na “fase matemática” da solução. A figura 15 apresenta um sistema simples, mas que ajudará no início do
entendimento do desenho do DCL.
A figura 15 é um sistema composto por uma alavanca homogênea de peso P → , um cabo de aço suposto ideal (inextensível e sem
massa) e dois vínculos denominados B e O. O objetivo é isolar a alavanca do sistema, ou seja, enxergá-la isoladamente de forma
abstrata. Em outras palavras, desenhar seu diagrama do corpo livre. Inicialmente, deve-se perceber que a barra está “interagindo”
com o cabo de aço e com o apoio O, de segundo gênero. Além disso, existe a força exercida pelo campo gravitacional da Terra, o
peso. Observe o diagrama do corpo livre dessa alavanca na figura 16.
ATENÇÃO
Nesse momento do estudo, cabem duas observações importantes. A primeira é que a força F → pode ser decomposta em duas
componentes, sendo uma vertical e a outra horizontal (restrições de translações nesses eixos). A segunda é que, se um corpo está
em equilíbrio sob a ação de 3 forças coplanares, ou essas forças são concorrentes (figura 16) ou são paralelas.
Observe a figura 17 em que um braço treliçado mantém em equilíbrio um corpo suspenso. Note que G é o centro de massa do
braço, e A e B os vínculos de primeiro e segundo gêneros, respectivamente.
A força peso do braço treliçado ( P → treliça) exercida pelo campo gravitacional da Terra.
ATENÇÃO
O braço treliçado está vinculado nos apoios A e B e sua extremidade C sustenta um corpo suspenso.
Para facilitar a análise do DCL do braço, será feito simultaneamente o DCL do corpo suspenso. Observe a figura 18, em que são
desenhados os DCLs do braço treliçado e do corpo suspenso.
Figura 18 – DCLs do braço treliçado e do corpo suspenso. Fonte: Autor
Analisando a figura 18, perceba que o corpo suspenso está sob a ação de duas forças indicadas:
Peso ( P → )
Tração ( T → )
O peso do braço treliçado P → treliça atua em seu centro de massa (G) e surgem as reações nos vínculos A e B.
Uma vez que o vínculo B é do segundo gênero, ele impõe duas restrições, representadas pelas forças Bx e By.
O vínculo A, de primeiro gênero, só impõe uma restrição, por isso apenas a força Ax é indicada no DCL.
Quando você estiver dominando o desenho do diagrama do corpo livre, poderá avançar para a próxima etapa, as equações do
equilíbrio e, assim, determinar as incógnitas que aparecem no DCL. No último exemplo, são elas: Ax, Bx e By.
TEORIA NA PRÁTICA
Nos projetos de engenharia, várias são as fases até a concepção final de um produto. Neste tópico, veremos uma etapa importante
em qualquer projeto de engenharia, do mais simples ao mais complexo: o diagrama do corpo livre. Qualquer imperfeição no DCL
acarretará equações de equilíbrio erradas, o que levará a resultados diferentes dos reais.
Em qualquer situação na Engenharia, as estruturas estarão sob ação de efeitos diversos que se resumirão a dois entes físicos
principais: forças e momentos. Para a determinação dessas forças e desses momentos, dois importantes aspectos deverão ser
considerados: o desenho do diagrama do corpo livre (DCL) e as equações do equilíbrio bidimensional
(∑ FX = 0, ∑ FY = 0 E∑ MZ = 0)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ou tridimensional
(∑ FX = 0, ∑ FY = 0, ∑ FZ = 0, ∑ MX = 0, ∑ MY = 0 E∑ MZ = 0).
Para efeito de simplicidade no entendimento inicial do tópico, utilizaremos uma estrutura bidimensional para a análise de seu DLC.
Considere o pórtico da figura a seguir que sustenta uma carga de peso P. Os pesos das barras que constituem o pórtico serão
desprezados e os pontos A, B, C, D, e F apresentam pinos. Ratificando o que já foi estudado no módulo 1, perceba a presença de
dois vínculos. Em A um apoio de segundo gênero e, em D, um apoio de primeiro gênero.
Fonte: Autor
Na análise inicial do DCL será considerado o pórtico integralmente. As forças que agem são a tração no cabo ideal (em módulo,
equivale ao peso do corpo suspenso) e as forças reativas nos apoios A e D.
No apoio de segundo gênero, as translações nos eixos x e y são impedidas (∆x= 0 e ∆y= 0), mas não a rotação em torno do eixo z
(∆θz ≠ 0). Dessa forma, as forças Ax e Ay são marcadas no DCL. No apoio de primeiro gênero D, apenas a translação horizontal é
No segundo momento, as hastes que compõem o pórtico são separadas e seus DCLs são traçados. Os valores associados não são
o objetivo desta análise, apenas as forças de maneira genérica (os sentidos são arbitrários nesse primeiro momento). Vale a pena
ressaltar a presença da terceira lei de Newton (ação e reação). Observe o ponto B, que é a união de duas barras. Em um dos DCLs
(na barra vertical), as forças que atuam são: uma vertical para cima e uma horizontal para a direita. De acordo com a terceira lei de
Newton, na barra oblíqua, as forças terão sentidos opostos (mantendo constantes os módulos e as direções). Essa mesma análise
pode ser observada em vários outros pontos de união das barras. Observe a figura a seguir.
Fonte: Autor
RESOLUÇÃO
Diagrama do corpo livre em um pórtico e aplicação da terceira lei de Newton.
MÃO NA MASSA
D) São forças paralelas em que os módulos de duas somados devem ser iguais ao módulo da terceira.
2. CONSIDERE UMA TORRE VIGA TRELIÇADA APOIADA EM DOIS APOIOS A E B E COM MASSA DE
120KG. SUPONHA QUE O PESO DA TORRE SE CONCENTRE NO PONTO G E A ACELERAÇÃO DA
GRAVIDADE LOCAL G = 10M/S2. ALÉM DISSO, O PONTO G ENCONTRA-SE NA LINHA VERTICAL QUE
PASSA PELO PONTO MÉDIO DA DISTÂNCIA ENTRE OS APOIOS. QUANTO AOS APOIOS A E B, É
CORRETO AFIRMAR QUE:
FONTE: AUTOR
A) Ambos os apoios são de primeiro gênero, e as forças que atuam sobre eles são verticais e iguais a 600N.
B) Ambos os apoios são de segundo gênero, e as forças que atuam sobre eles são verticais e iguais a 600N.
C) O apoio A é de primeiro gênero e o apoio B de segundo gênero, e as forças que atuam sobre eles são verticais e iguais a 600N.
D) O apoio A é de segundo gênero e o apoio B de primeiro gênero, e as forças que atuam sobre eles são verticais e iguais a 600N.
4. CONSIDERE UMA VIGA HOMOGÊNEA DE PESO 1,2KN ENGASTADA EM UMA PAREDE. SEU
COMPRIMENTO É DE 4M E EM SUA EXTREMIDADE LIVRE EXISTE UMA FORÇA VERTICAL F DE 300N
DIRIGIDA PARA BAIXO, DE MANEIRA QUE A VIGA SE ENCONTRA EM EQUILÍBRIO ESTÁTICO.
OBSERVE A FIGURA A SEGUIR. A RESPEITO DAS REAÇÕES QUE OCORREM NO VÍNCULO QUE
PRENDE A VIGA À PAREDE, É CORRETO AFIRMAR QUE:
FONTE: AUTOR
A) Existem duas reações que impedem a translação (forças) e uma que impede a rotação (momento). As forças são horizontal e
vertical e apresentam módulo igual a 1500N.
B) Existe uma reação que impede a translação (força) e uma que impede a rotação (momento). A força é vertical e apresenta
módulo igual a 1500N.
C) Existe uma reação que impede a translação (força) e uma que impede a rotação (momento). A força é horizontal e apresenta
módulo igual a 1500N.
D) Existem duas reações que impedem a translação (forças) e uma que impede a rotação (momento). As forças são horizontal e
vertical e apresentam módulo igual a 750N.
A) No ponto A, atuarão duas forças (uma vertical e outra horizontal). A carga distribuída será trocada por uma força concentrada de
módulo 60kN no ponto médio da viga, ou seja, a 3m do ponto A.
B) No ponto A, atuará apenas uma força (vertical). A carga distribuída será trocada por uma força concentrada de módulo 60kN
localizada no ponto B, ou seja, a 2m do ponto A.
C) No ponto A, atuarão uma força (vertical) e um momento. A carga distribuída será trocada por uma força concentrada de módulo
30kN no ponto médio da viga, ou seja, a 3m do ponto A.
D) No ponto A, atuarão uma força (vertical) e um momento. A carga distribuída será trocada por uma força concentrada de módulo
30kN no ponto B da viga, ou seja, a 2m do ponto A.
A FIGURA ACIMA ILUSTRA UMA BARRA HOMOGÊNEA ARTICULADA EM A, QUE ESTÁ MANTIDA EM
EQUILÍBRIO, NA HORIZONTAL, SUSTENTADA POR UM CABO INEXTENSÍVEL E DE MASSA
DESPREZÍVEL. CONSIDERE QUE A BARRA TENHA PESO 200N E O ÂNGULO Θ VALHA 30O. FAZENDO
O DESENHO DO CORPO LIVRE, É POSSÍVEL AFIRMAR QUE:
A) As forças de tração (T), do peso da barra (P) e da reação no apoio A (F) são necessariamente concorrentes e seus módulos são
todos iguais a 200N.
B) As forças de tração (T), do peso da barra (P) e da reação no apoio A (F) não são necessariamente concorrentes e seus módulos
são todos iguais a 200N.
C) As forças de tração (T), do peso da barra (P) e da reação no apoio A (F) são necessariamente concorrentes e os módulos de T e
F somam 200N.
D) As forças de tração (T), do peso da barra (P) e da reação no apoio A (F) não são necessariamente concorrentes e os módulos de
T e F somam 200N.
GABARITO
1. Considere um corpo rígido em equilíbrio estático sob a ação de apenas três forças coplanares. Desenhando-se o DCL
desse corpo, é possível afirmar que:
Em um corpo rígido em equilíbrio sob a ação de apenas três forças coplanares, duas condições geométricas são possíveis para
essas forças: ou elas são concorrentes, ou paralelas (teorema). Observe a figura a seguir.
Fonte: Autor
2. Considere uma torre viga treliçada apoiada em dois apoios A e B e com massa de 120kg. Suponha que o peso da torre se
concentre no ponto G e a aceleração da gravidade local g = 10m/s2. Além disso, o ponto G encontra-se na linha vertical que
passa pelo ponto médio da distância entre os apoios. Quanto aos apoios A e B, é correto afirmar que:
Fonte: Autor
Diagrama do corpo livre e equilíbrio do corpo bidimensional. Assista ao vídeo para conferir a solução da questão.
3. (CESGRANRIO – 2011 – Petrobras – adaptada)
Uma chapa triangular plana, de peso desprezível, é fixada a uma estrutura por meio de três pinos posicionados em P, Q e
R, conforme a figura. Se as forças dos pinos P e Q sobre a chapa são, respectivamente, paralela a PQ e perpendicular a
QR, uma das condições que garantem o equilíbrio estático da chapa é o fato de a força do pino R ter a direção:
4. Considere uma viga homogênea de peso 1,2kN engastada em uma parede. Seu comprimento é de 4m e em sua
extremidade livre existe uma força vertical F de 300N dirigida para baixo, de maneira que a viga se encontra em equilíbrio
estático. Observe a figura a seguir. A respeito das reações que ocorrem no vínculo que prende a viga à parede, é correto
afirmar que:
Fonte: Autor
A viga está engastada na parede, conforme a figura da questão. Esse apoio (engaste) impede a translação (representada por força)
e a rotação (representada por momento). O DCL da viga apresenta-se na figura a seguir:
Fonte: Autor
∑ FX = 0, ∑ FY = 0, ∑ MZ = 0
∑ FX = 0 → H = 0
Soma dos momentos em relação ao engaste igual a zero (sentido anti-horário positivo):
5. Considere uma viga AC engastada em uma de suas extremidades (A) e com o carregamento distribuído triangular que
varia de 10 kN/m até 0, conforme mostrado na figura. Suponha que essa viga tenha peso desprezível e que AC = 6m e BC =
4m.
Fonte: Autor
No engaste (ponto A), podem surgir três reações associadas às restrições (duas forças e um momento). Como o carregamento da
barra é apenas vertical, não há tendência ao movimento na horizontal e, portanto, a força associada é igual a zero.
No carregamento distribuído triangular, a carga concentrada equivalente corresponde à área do triângulo b . h2 = 6 . 102 = 30 kN e
localiza-se a 1/3 do ângulo reto do triângulo, isto é, 13 . 6m = 2m do ponto A. Nesse caso, como a base tem 6m de comprimento, a
carga se localizará a 2m do ponto A, ou seja, no ponto B. Além disso, surge uma reação de momento no engaste A.
Fonte: Autor
A figura acima ilustra uma barra homogênea articulada em A, que está mantida em equilíbrio, na horizontal, sustentada por
um cabo inextensível e de massa desprezível. Considere que a barra tenha peso 200N e o ângulo θ valha 30o. Fazendo o
desenho do corpo livre, é possível afirmar que:
Fonte: Autor
Como a barra está em equilíbrio sob a ação de três forças coplanares, essas são concorrentes ou paralelas. Pelo DCL, é possível
afirmar que elas são concorrentes.
Fonte: Autor
O ângulo que as forças P e T formam vale 60o e, pela simetria do DCL, o triângulo acima é equilátero (todos os lados são
congruentes), ou seja, os módulos de T, F e P são iguais a 200N.
GABARITO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
FONTE: AUTOR
A) A força exercida na barra, no ponto A, nunca terá linha de ação passando pelo centro O.
B) A força exercida na barra, no ponto B, nunca terá linha de ação passando pelo centro O.
2. CONSIDERE A FIGURA ABAIXO EM QUE O SISTEMA É FORMADO POR UMA BARRA AO, DOIS
APOIOS O E B E UM CABO IDEAL. AS PROJEÇÕES DAS FORÇAS QUE AGEM NA BARRA, NO PONTO
O, TÊM MÓDULOS 15N (NA HORIZONTAL) E 20N (NA VERTICAL).
A PARTIR DO DCL DA BARRA, É VERDADE QUE NO APOIO O AS FORÇAS QUE AGEM SÃO:
A) Uma vertical para cima, de módulo 20N, e uma horizontal para a direita, de módulo 15N.
B) Uma vertical para baixo, de módulo 20N, e uma horizontal para a esquerda, de módulo 15N.
GABARITO
1. Considere uma semiesfera de raio R e centro O apoiada em um plano horizontal e uma barra AB de comprimento L < 2R.
A configuração de equilíbrio é mostrada na figura. Desconsiderando o atrito entre a barra e a semiesfera, é correto afirmar
sobre a barra que:
Fonte: Autor
A alternativa "D " está correta.
Desenhar o diagrama do corpo livre da barra, conforme figura abaixo. Como não existe atrito, as forças em A e B serão normais e,
portanto, devem passar pelo centro da semiesfera. Como a barra está em equilíbrio sob a ação de três forças (seu próprio peso),
elas devem ser concorrentes. Assim, a linha de ação da força peso não passará pelo centro geométrico da barra, ou seja, ela não
será homogênea.
Fonte: Autor
2. Considere a figura abaixo em que o sistema é formado por uma barra AO, dois apoios O e B e um cabo ideal. As
projeções das forças que agem na barra, no ponto O, têm módulos 15N (na horizontal) e 20N (na vertical).
A partir do DCL da barra, é verdade que no apoio O as forças que agem são:
Inicialmente, serão desenhados o DCL da barra e as projeções das forças nos apoios, conforme a figura.
Fonte: Autor
A partir da terceira lei de Newton, se na extremidade O da barra agem duas forças: uma vertical para cima e uma horizontal para a
direita, no apoio O as forças apresentam direções e módulos iguais às que agem na barra e sentidos opostos, isto é, uma vertical
para baixo e uma horizontal para a esquerda. Segundo a terceira lei de Newton, as forças do par ação e reação apresentam mesmo
módulo. Dessa forma, os módulos das forças que agem no apoio serão iguais a 15N (horizontal) e 20N (vertical).
MÓDULO 4
INTRODUÇÃO
Nos módulos anteriores, os vínculos (apoios) foram apresentados gradativamente para que alguns conceitos começassem a ser
entendidos. Neste módulo, aprofundaremos esse estudo. Lembre-se sempre de que desenhar o diagrama do corpo livre é uma
etapa primordial na resolução de problemas e, para tanto, é necessário o perfeito conhecimento dos vínculos e das suas reações.
VÍNCULOS
Quando se imagina uma estrutura em equilíbrio estático, deve-se fazer uma associação a vínculos que a mantêm “presa”. De forma
mais técnica, apoios restringem movimentos de um corpo rígido ou de um sistema de corpos rígidos. São seis possibilidades,
portanto. O impedimento de translações nas direções dos eixos cartesianos x, y e z e o impedimento de rotações em torno desses
mesmos eixos. A situação ora exposta é a mais genérica possível e pode ocorrer para corpos com carregamentos tridimensionais.
Uma abordagem mais simples, porém não menos importante e muito frequente na Engenharia, é o carregamento bidimensional.
Dessa forma, faremos a releitura de alguns tópicos já apresentados, mas acrescentando novos conceitos.
RELEMBRANDO
No estudo do equilíbrio estático de uma estrutura com carregamento no plano que vimos no módulo 1, é possível classificar os
apoios em três classes. Antes de continuar o estudo, é importante relembrar que, sendo o carregamento das forças no plano xy, os
momentos gerados por elas serão vetores com a direção do eixo z (perpendicular ao plano xy). A explicação surge da definição de
momento de uma força, que é o produto vetorial entre os vetores posição e força.
RESUMINDO
Em resumo, para o carregamento bidimensional, as forças reativas estarão no plano xy (podendo ser decompostas em suas
projeções Fx e Fy) e os momentos estarão perpendiculares ao plano xy, podendo o vetor estar “entrando” ou “saindo” desse plano.
A partir dos aspectos descritos, faremos uma classificação dos apoios em estruturas bidimensionais e associação das reações
(forças/momentos). A classificação é apenas uma ferramenta didática. O importante é que você reconheça o tipo de vínculo e saiba
substituí-lo pelas restrições que ele promove à estrutura.
Obs.: Você pode encontrar os apoios citados nas obras indicadas no Explore +.
A figura 19 mostra alguns desses vínculos e a reação que determina a restrição, com sua linha de ação. Como regra, o sentido da
força reativa é indefinido. Após o cálculo, valores positivos ratificam a escolha do sentido desenhado no DLC e valores negativos
informam que o sentido arbitrado inicialmente é oposto ao real.
Observando a figura 19, perceba a transição entre a estrutura e o desenho do diagrama do corpo livre. Por exemplo, uma estrutura
que possua um vínculo do tipo balancim, quando seu DCL for desenhado, deverá ser feita a troca por uma força única perpendicular
à superfície. De maneira análoga, o procedimento é repetido para os demais vínculos. Fica explícita a importância de identificar o
vínculo por sua representação geométrica e saber efetuar a troca pela reação correta no desenho do diagrama do corpo livre.
Figura 19 – Apoios de primeiro gênero. Fonte: Autor
Obs.: Você pode encontrar os apoios citados nas obras indicadas no Explore +.
A figura 20 mostra esses vínculos e as reações que impõem à restrição. Da mesma maneira que explicado no item (a), o sentido
das forças reativas é indefinido. Após o cálculo, valores ratificam ou não a escolha do sentido desenhado no DLC. Valores positivos
confirmam a escolha inicial e valores negativos informam que o sentido arbitrado inicialmente é oposto ao real.
TEORIA NA PRÁTICA
As estruturas em equilíbrio estático na Engenharia apresentam-se vinculadas. Considerando um carregamento bidimensional, vimos
as possibilidades de apoios. Um exemplo que reflete uma tendência atual na engenharia civil é o das pontes estaiadas, cuja beleza
é incontestável. Vários são os exemplos pelo mundo. A de Millau, na França, as das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo etc.
Esquematicamente, a figura seguinte representa uma ponte estaiada e seus vários apoios, evidenciando algumas reações nos
vínculos. É possível perceber os três gêneros de apoios. Além disso, os cabos apresentam papel estrutural na fixação dos
tabuleiros das pontes estaiadas.
Na figura, são colocadas de maneira genérica (os sentidos das forças e dos momentos são meramente ilustrativos) as reações que
podem surgir nos diversos apoios, todas em função do grau de liberdade que cada apoio proporciona, ou ainda, das restrições
impostas por eles. Genericamente, após o desenho do DCL, devem ser aplicadas as equações do equilíbrio, ou seja,
∑ FX = 0, ∑ FY = 0, ∑ MZ = 0,
RESOLUÇÃO
Apresentação das reações dos vínculos em uma estrutura real – ponte estaiada.
MÃO NA MASSA
1. SEJA UMA MANIVELA AOB EM FORMA DE L COM PESO DESPREZÍVEL QUE SE ENCONTRA
VINCULADA A UM APOIO DE SEGUNDO GÊNERO EM O. NO PONTO B, É APLICADA UMA FORÇA
VERTICAL F DE 150N DE INTENSIDADE; NO PONTO A, EXISTE UM CABO DE AÇO IDEAL, QUE ATUA
COM FORÇA DE TRAÇÃO IGUAL A 250N, CUJA PROJEÇÃO HORIZONTAL EQUIVALE A 200N.
FONTE: AUTOR
AO SE DESENHAR O DCL DESSA MANIVELA, QUE VETOR REPRESENTA A FORÇA EXERCIDA PELO
APOIO O NA BARRA E A INTENSIDADE DE SUA COMPONENTE VERTICAL?
A) → e 400N
B) ← e 350N
C) ↗ e 300N
D) ↙ e 300N
O CANTO A DO DEGRAU É UM VÍNCULO DE QUE TIPO? QUE REAÇÃO(ÕES) ELE IMPÕE? E QUAL O
MÓDULO DA PROJEÇÃO VERTICAL NO VÍNCULO A?
C) Terceiro gênero /
/ V = 150N
FONTE: AUTOR
B) Uma força comprimindo o cilindro no ponto A e tendo sua linha de ação passando pelo centro O do cilindro, cuja projeção vertical
tem módulo 120N.
C) Uma força comprimindo o cilindro no ponto A e tendo sua linha de ação vertical, cuja projeção vertical tem módulo 300N.
D) Uma força comprimindo o cilindro no ponto A e tendo sua linha de ação horizontal, cuja projeção vertical tem módulo 750N.
A) Ambos são do segundo gênero e, por isso, impedem as translações horizontal e vertical nos dois.
B) Ambos são do primeiro gênero e, por isso, impedem apenas translações na vertical nos dois.
C) O apoio A é do segundo gênero e impede as translações horizontal e vertical, enquanto o apoio B é do primeiro gênero,
impedindo apenas a translação vertical.
D) O apoio B é do segundo gênero e impede as translações horizontal e vertical, enquanto o apoio A é do primeiro gênero,
impedindo apenas a translação vertical.
B) 1 e 0
C) 0 e 1
D) 1 e 2
GABARITO
1. Seja uma manivela AOB em forma de L com peso desprezível que se encontra vinculada a um apoio de segundo gênero
em O. No ponto B, é aplicada uma força vertical F de 150N de intensidade; no ponto A, existe um cabo de aço ideal, que
atua com força de tração igual a 250N, cuja projeção horizontal equivale a 200N.
Fonte: Autor
Ao se desenhar o DCL dessa manivela, que vetor representa a força exercida pelo apoio O na barra e a intensidade de sua
componente vertical?
Desenhando o DCL da manivela já com as forças de tração T e as forças que atuam no apoio projetadas, tem-se que:
Fonte: Autor
T2 = (Tx)2 + (Ty)2 → 2502 = 2002 + (Ty)2 → 62500 – 40000 = (Ty)2 → 22500 = (Ty)2 → Ty = √22500 → Ty = 150N
O apoio é de segundo gênero. A direção da força é a composição das forças Qx e Qy, ou seja, um vetor com o seguinte aspecto: ↗
2. Suponha o cilindro homogêneo mostrado na figura. A situação é de equilíbrio em que o cilindro homogêneo de peso
300N está na iminência de subir o pequeno degrau, existindo atrito entre essas superfícies (cilindro e degrau).
Fonte: Autor
O canto A do degrau é um vínculo de que tipo? Que reação(ões) ele impõe? E qual o módulo da projeção vertical no
vínculo A?
Diagrama do corpo livre e determinação de uma das reações em um apoio. Assista ao vídeo para conferir a solução da questão.
3. A situação apresentada a seguir é a mesma da questão (2), ou seja, um cilindro homogêneo de peso 300N, na iminência
de subir o pequeno degrau de 0,4m, existindo atrito entre essas superfícies.
Fonte: Autor
No desenho do DCL do cilindro, o vínculo representado pelo canto A será substituído por uma força reativa. Sobre essa
força, é verdade que:
Determinação de reação em um apoio e utilização do teorema das forças coplanares em um corpo em equilíbrio.
4. (CESGRANRIO – 2018 – Transpetro – adaptada) Considere o croqui de uma estrutura e os dados a seguir para responder
a questão.
Despreze o peso da estrutura e considere que os círculos representem tubos apoiados na estrutura e sejam considerados
como cargas pontuais de 10kN no eixo, aplicadas sobre sua geratriz inferior que se apoia nas barras da estrutura.
Observando a estrutura, existem dois apoios denominados A e B. A respeito desses apoios, é correto afirmar que:
As figuras geométricas dos apoios A e B são amplamente utilizadas para a representação de apoios de primeiro e segundo
gêneros, respectivamente. Observando o apoio A, a única restrição é a translação vertical. Já o apoio B impede translações
horizontal e vertical.
5. (CESPE – 2016 – POLÍCIA CIENTÍFICA – adaptada) Na formulação do equacionamento do equilíbrio para a solução de
problemas da estática de corpos rígidos, a utilização do diagrama de corpo livre exige a determinação do número de
reações decompostas nos eixos x, y e z, do sistema de coordenadas cartesianas ortogonais, com base nos tipos de apoio
que caracterizam os graus de liberdade. Nesse sentido, o número de reações que os apoios articulado fixo e móvel
apresentam nos eixos x e y são iguais, respectivamente, a:
Considerando um carregamento no plano xy, os apoios articulados fixo e móvel são também denominados, respectivamente, apoios
de segundo e primeiro gêneros. Das definições desses apoios, as restrições que eles impõem são, respectivamente, duas
translações e uma translação. No desenho de seu diagrama de corpo livre, esses apoios devem ser substituídos por suas reações.
Dessa forma, duas e uma reações, como mostra a figura, ou seja, o apoio fixo impede as translações em x e y (duas restrições) e o
apoio móvel apenas a translação em y (uma restrição).
Fonte: Autor
6. Suponha os sistemas 1 e 2, ilustrados pelas figuras a seguir, formados por uma barra e um cabo de aço preso a uma
parede. No sistema 1, não existe atrito entre a barra e o chão (ponto B) enquanto, no segundo, o atrito existe (ponto D).
Considerando os diagramas de corpo livre para os dois sistemas, tem-se que: no caso da estrutura do sistema 1, as forças que
atuam são o peso próprio, a tração do cabo e a força normal (vertical). É fácil perceber que a projeção da tração na direção do eixo
x não tem outra força para garantir que a resultante nessa direção seja nula, isto é, não ocorrerá o equilíbrio nessa direção. Já no
caso da estrutura do sistema 2, a projeção da tração na direção do eixo x tem a força de atrito na base da barra que pode garantir
que a resultante nessa direção seja nula, isto é, o equilíbrio.
GABARITO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) No apoio G, existem duas reações (vertical e horizontal) e o módulo da reação horizontal é 15kN.
B) No apoio G, existem duas reações (vertical e horizontal) e o módulo da reação vertical é 20kN.
D) No apoio G, existe uma reação representada por um momento que equivale a 40.L kN.m.
A) Nas três treliças, podem surgir seis reações nos apoios, independentemente do carregamento.
B) Em todos os seis apoios (dois de cada treliça), sempre surgirão duas reações, independentemente do carregamento.
C) Nas três treliças, podem surgir nove reações nos apoios (três reações de apoio em cada treliça), dependo do carregamento.
D) Nos apoios da direita de cada treliça, podem surgir duas reações, independentemente do carregamento.
GABARITO
A figura representa uma treliça metálica plana submetida a dois carregamentos aplicados sobre o nó B. Os encontros das
barras são rotulados. As barras CH e GD não se interceptam; portanto, o cruzamento dessas duas barras representado no
desenho não constitui um nó. O mesmo pode ser dito em relação aos pares de barras DI-EH e EJ-IF. Com relação à treliça
metálica apresentada, assinale a alternativa correta.
A alternativa "A " está correta.
O apoio em J é do primeiro gênero, permitindo translação na horizontal e rotação. A única restrição é na vertical, o que impõe o
surgimento de reação apenas em y (Jy). O apoio G é do segundo gênero e existem restrições à translação na horizontal e na
vertical, ou seja, forças em x e y (Gx e Gy). Aplicando-se a equação do equilíbrio na horizontal, tem-se que:
∑ FX = 0 → GX -15KN = 0 → GX = 15KN
2. (IF – SP – 2011 – adaptada) Uma treliça é uma estrutura reticulada composta de elementos unidos nas suas
extremidades, de modo a formar uma estrutura rígida. Na figura, existem três treliças distintas apoiadas sobre dois
vínculos. As reações possíveis nesses apoios são:
Os apoios presentes em cada treliça são do segundo e primeiro gêneros. Sendo assim, podem surgir duas forças (vertical e
horizontal) e uma força vertical. No apoio de segundo gênero, eventualmente não há a força horizontal numa situação de
carregamento exclusivamente vertical. Logo, dependendo do carregamento em cada treliça, surgirão 2 + 1 = 3 reações. Para as três
treliças, nove reações.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, foram abordados os principais aspectos do equilíbrio dos corpos rígidos. Inicialmente, identificamos os vínculos que
mantêm a estrutura em equilíbrio. Apresentamos os tipos mais utilizados na Engenharia e suas atuações no equilíbrio da estrutura,
seja restringindo a translação ou a rotação. Nessa fase do estudo, as restrições impostas pelos vínculos foram substituídas por
entes físicos (forças/momentos) e, portanto, uma fase importante do objetivo do tema foi alcançada: o desenho do diagrama do
corpo livre de um corpo rígido em equilíbrio. Em seguida foi observado, qualitativamente, que o equilíbrio de um corpo se refere, ao
mesmo tempo, à não translação e à não rotação. Matematicamente, a resultante das forças e dos momentos devem ser nulos.
Surgem, portanto, as equações do equilíbrio para um corpo bidimensional:
∑ FX = 0, ∑ FY = 0, ∑ MZ = 0
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R. J. Mecânica vetorial para engenheiros – Estática. 2. ed. v. 1. São Paulo: McGraw-Hill, 1976.
FONSECA, A. Curso de Mecânica – Estática. 3. ed. v.1. Rio de Janeiro: LTC, 1976.
MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica para Engenharia – Estática. 7. ed. v.1. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
EXPLORE+
Para complementar o estudo de vínculos e grau de liberdade, leia as páginas de 150 a 166 da obra Curso de Mecânica –
Estática (1976), de Adhemar Fonseca.
Para complementar o estudo de vínculos e reações, leia as páginas de 98 a 117 da obra Mecânica vetorial para engenheiros
– Estática (1976), de Fernand P. Beer e Russel Johnston Jr.
Para complementar o estudo do equilíbrio do corpo rígido, leia o capítulo 3 da obra Mecânica para Engenharia – Estática
(2016), de J. L. Meriam e L. G. Kraige
CONTEUDISTA
Julio Cesar José Rodrigues Junior
CURRÍCULO LATTES