Afasia - Distúrbios Neurológicos - Manuais MSD Edição para Profissionais

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04/08/2021 Afasia - Distúrbios neurológicos - Manuais MSD edição para profissionais

Apresentado
SOBRE A MSD CARREIRAS NA MSD INVESTIGAÇÃO NO MUNDO TODO
a você pela

Afasia
Por Juebin Huang
, MD, PhD, Department of Neurology, University of Mississippi Medical Center

Última modificação do conteúdo jul 2020

Afasia é uma disfunção de linguagem que pode envolver deficiência na compreensão ou expressão de palavras ou equivalentes
não verbais de palavras. Resulta de disfunção dos centros de linguagem no córtex cerebral e núcleos da base, ou das vias de
substância branca que os conectam. O diagnóstico é clínico, incluindo geralmente testes neuropsicológicos, com imagem do
encéfalo (TC, RM) para identificar a causa. O prognóstico depende da natureza e extensão da lesão e da idade do paciente. Não há
tratamento específico, mas a fonoaudiologia pode promover a recuperação.

Em pessoas destras e em cerca de dois terços das pessoas canhotas, a função da linguagem reside no hemisfério esquerdo. No outro terço das
pessoas canhotas, grande parte da função da linguagem reside no hemisfério direito. Áreas corticais responsáveis pela função da linguagem
incluem
Porção posterossuperior do lobo temporal (que contém a área de Wernicke)

Porção inferior adjacente do lobo parietal

Porção inferoposterior do lobo frontal logo anterior ao córtex motor (área de Broca)

Conexões subcorticais entre essas regiões


A lesão em qualquer parte dessa área aproximadamente triangular (p. ex., por infarto, tumor, trauma, ou degeneração) interfere em alguns
aspectos da linguagem.
A prosódia (qualidade de ritmo e ênfase que acrescenta significado à fala) costuma ser influenciada por ambos os hemisférios, mas, às vezes, é
afetada por disfunção isolada do hemisfério não dominante.
A afasia é diferente dos distúrbios de desenvolvimento da linguagem e da disfunção das vias motoras e músculos que produzem a fala (disartria).

Etiologia
Afasia geralmente resulta de distúrbios que não causam danos progressivos (p. ex., acidente vascular encefálico , traumatismo craniano , encefalite
); nesses casos, a afasia não se agrava. Ela às vezes resulta de um distúrbio progressiva (p. ex., tumor cerebral que se alarga, demência ); nesses
casos, a afasia piora progressivamente.

Tipos
A afasia é amplamente dividida em afasia de recepção e afasia de expressão.
Afasia de recepção (sensorial, fluente ou de Wernicke): os pacientes são incapazes de compreender palavras ou de reconhecer símbolos
auditivos, visuais ou táteis. É causada por um distúrbio na parte posterior do giro temporal superior do hemisfério dominante para
linguagem. Com frequência, a alexia (perda da capacidade de ler palavras) também está presente.

Afasia de expressão (motora, não fluente ou de Broca): a capacidade de produzir palavras é prejudicada, mas a compreensão e
capacidade de formar um conceito são relativamente preservadas. Esse tipo de afasia resulta de um distúrbio na parte dominante frontal
esquerda ou área frontoparietal, incluindo a área de Broca. Frequentemente causa agrafia (perda da capacidade de escrever) e prejudica a
leitura oral.
Há outros tipos de afasia (ver tabela Tipos de afasia ) que podem se sobrepor consideravelmente. Nenhum sistema de classificação de afasias é
ideal. Descrever os tipos de deficits é normalmente a forma mais precisa de descrever uma afasia particular.

Tipos de afasia
Causas
Tipo Localização da lesão causal* Padrão de fala
comuns
Lesão (geralmente pequena) em Infarto
Anomia (incapacidade de nomear objetos) na linguagem oral (levando à fala
qualquer local nas áreas de Hemorragia
Anômico vazia, circunlocutória, parafásica†) e na linguagem escrita, fala fluente, boa
linguagem do hemisfério Trauma
audição e compreensão escrita, repetição normal
esquerdo Tumor
Broca (não Infarto Anomia na linguagem oral e escrita, fala não fluente (produção lenta e com
Grande lesão na área frontal ou
fluente, Hemorragia esforço, frases curtas, comprometimento da prosódia e redução do uso de
frontoparietal esquerda, incluindo
expressiva, Trauma preposições e conjunções), boa compreensão, comprometimento da repetição,
a área de Broca
motora) Tumor comprometimento da escrita (agrafia não fluente)
Lesão subcortical no hemisfério Anomia (com parafasias proeminentes†), fala fluente sob outros aspectos, boa
Infarto
esquerdo, geralmente sob o giro compreensão, comprometimento de repetição (com parafasias frequentes), boa
Condução Hemorragia
temporal superior sob o lobo Causas compreensão de leitura
Tipo Localização da lesão causal* Tumor Padrão de fala
parietal inferior comuns Escrita não afetada

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/distúrbios-neurológicos/função-e-disfunção-dos-lobos-cerebrais/afasia 1/3
04/08/2021 Afasia - Distúrbios neurológicos - Manuais MSD edição para profissionais
*A lesão causal é no hemisfério
Grande dominante da linguagem
lesão na área Infarto (geralmente esquerdo).
Anomia grave em linguagem oral e escrita, fala não fluente (em geral, com
†Fala parafásica
frontotemporoparietal
(parafasia) é o uso de
esquerda,
palavras ou
Hemorragia
palavras erradas ou mal pronunciadas em combinações sem sentido.
Global liberação esparsa), má compreensão, comprometimento da repetição, alexia,
incluindo as áreas de Broca e de Trauma
agrafia
Wernicke Tumor
Infarto
Lesão na área frontal esquerda, Encefalite
Transcortical Semelhante à afasia de Broca, exceto pela repetição normal
excluindo as áreas de Broca e Hemorragia
motora Articulação geralmente não afetada
Wernicke Trauma
Tumor
Infarto
Lesão na área temporoparietal, Encefalite
Transcortical
excluindo as áreas de Broca e de Hemorragia Semelhante à afasia de Wernicke, exceto pela repetição normal
sensorial
Wernicke Trauma
Tumor
Wernicke Anomia em linguagem oral e escrita, fala fluente (com parafasias†, uma
Grande lesão na área
(fluente, Infarto variedade de formas gramaticais, mas, em geral, com pouco significado), má
temporoparietal esquerda,
receptiva, Tumor compreensão auditiva e escrita, comprometimento de repetição, erros na leitura
incluindo a área de Wernicke
sensorial) (alexia), agrafia fluente.
*A lesão causal é no hemisfério dominante da linguagem (geralmente esquerdo).
†Fala parafásica (parafasia) é o uso de palavras ou palavras erradas ou mal pronunciadas em combinações sem sentido.

Sinais e sintomas
Anomia (incapacidade de nomear objetos) geralmente ocorre em todas as formas da afasia.

Afasia de Wernicke
Pacientes com afasia de Wernicke pronunciam fluentemente as palavras, incluindo fonemas sem sentido, mas não sabem seu significado ou suas
relações. O resultado é um amontoado de palavras ou uma "confusão de palavras". Os pacientes geralmente não estão cientes de que sua fala é
incompreensível para outros.
A compreensão auditiva e escrita é comprometida. Pacientes cometem erros de leitura (alexia). A escrita é fluente, mas contém muitos erros e
tende a não ter palavras substantivas (agrafia fluente).
Uma redução no campo visual direito acompanha comumente a afasia de Wernicke, pois a via visual está próxima da área afetada.

Afasia de Broca
Pacientes com afasia de Broca podem compreender e conceituar relativamente bem, mas sua capacidade de formar palavras é prejudicada. Em
geral, a deficiência afeta a produção da fala e a escrita (agrafia não fluente, disgrafia), frustrando bastante as tentativas de comunicação por parte
do paciente. Mas a comunicação falada e escrita faz sentido para o paciente.
A afasia de Broca pode incluir prosódia e repetição prejudicadas, além de anomia. A escrita é prejudicada.

Diagnóstico
Diferenciação de outros problemas de comunicação

Testes neurológicos à beira do leito

Testes neuropsicológicos

Exames de imagem do cérebro


A interação verbal normalmente pode identificar afasias flagrantes. Entretanto, o médico deve tentar diferenciar afasias de problemas de
comunicação que se originam de disartria grave ou da audição, visão (p. ex., ao avaliar a leitura) ou capacidade motora de escrever prejudicadas.
Inicialmente, a afasia de Wernicke pode ser confundida com delirium . No entanto, a afasia de Wernicke é uma perturbação pura da linguagem sem
outras características de delirium (p. ex., nível flutuante de consciência, alucinações, falta de atenção).
Testes no leito para identificar deficits específicos devem incluir a avaliação do seguinte:
Fala espontânea: A fala espontânea é avaliada por fluência, número de palavras faladas, capacidade de iniciar a fala, presença de erros
espontâneos, pausas para encontrar palavras, hesitações e prosódia.

Nomeação: solicita-se ao paciente que nomeie objetos. Os que têm dificuldade de nomear geralmente utilizam circunlocuções (p. ex., “o que
você utiliza para ver o horário?” no lugar de “relógio”).

Repetição: os pacientes são solicitados a repetir frases gramaticalmente complexas (p. ex., “sem se, e ou mas”).

Compreensão: os pacientes são solicitados a apontar objetos nomeados pelo médico, executar comandos com uma etapa e múltiplas
etapas e responder a perguntas simples e complexas “sim ou não”.

Leitura e escrita: os pacientes são solicitados a escrever espontaneamente e ler em voz alta. É avaliada a compreensão de leitura,
soletração e escrita em resposta a ditados.
Testes neuropsicológicos formais realizados por um neuropsicólogo ou fonoaudiólogo podem detectar níveis de disfunção mais sutis, auxiliar no
plano de tratamento e avaliar o potencial de recuperação. Vários testes formais para diagnóstico de afasia (p. ex., Boston Diagnostic Aphasia
Examination, Western Aphasia Battery, Boston Naming Test, Token Test, Action Naming Test) estão disponíveis.
Imagens cerebrais (p. ex., TC ou RM, com ou sem protocolos angiográficos) são necessárias para caracterizar a lesão (p. ex., infarto, hemorragia,
tumor). Quando indicados, são realizados testes adicionais para determinar a etiologia da lesão (p. ex., avaliação de acidente vascular encefálico ) .

Prognóstico
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A recuperação é influenciada pelo seguinte:


Causa

Tamanho e localização das lesões

Extensão do comprometimento da linguagem

Resposta à terapia

Em menor grau, idade, escolaridade e saúde geral do paciente


Crianças com < 8 anos de idade costumam recuperar a função linguística depois de lesões graves em qualquer hemisfério. Após essa idade, grande
MANUAL MSD
parte recupera-se nos primeiros 3 meses, mas a recuperação continua em grau variável até 1 ano.
Versão para Profissionais de Saúde
Tratamento
Tratamento da causa

Fonoaudiologia

Instrumentos amplificadores de comunicação


O tratamento de certas lesões pode ser muito eficaz (p. ex., corticoides se uma lesão de massa causa edema vasogênico). A eficácia do tratamento
da própria afasia é duvidosa, mas a maioria dos médicos acredita que o tratamento por fonoaudiólogos qualificados ajuda e que há mais melhora
em pacientes tratados do distúrbio logo após o início.
Os pacientes que não conseguem recuperar as habilidades básicas de linguagem e os seus cuidadores algumas vezes são capazes de interpretar
mensagens com instrumentos amplificadores de comunicação (p. ex., um livro ou quadro que contenha quadros ou símbolos das necessidades
diárias, instrumentos computadorizados).

Pontos-chave

A função da linguagem reside no hemisfério esquerdo em pessoas destras e em dois terços das pessoas canhotas.

Descrever uma afasia específica definindo os tipos de deficits porque os tipos de afasia se sobrepõem e nenhum sistema de
classificação é ideal.

Avaliar a capacidade do paciente de nomear, repetir, compreender, ler e escrever à beira do leito, fazer imagens do cérebro e
considerar testes neuropsicológicos.

Tratar a causa, quando possível, e recomendar terapia da fala.

© 2019 Merck Sharp & Dohme Corp., subsidiária da Merck & Co., Inc., Kenilworth, NJ, EUA)

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