Reformador 1997 09
Reformador 1997 09
Reformador 1997 09
Propriedade e orientao da
FEDERAO BRASILEIRA
DIREO E REDAO
ESPRITA
Editorial - Defesa do Patrimnio Doutrinrio Uma Era Nova - Juvanir Borges de Souza Gratido - Hernani T. SantAnna Dvidas - Richard Simonetti Acusaes contra Paulo - Jos Jorge Exercitando o Evangelho - No Julgar - Inaldo Lacerda Lima FEB/CFN - Reunio em Braslia em novembro de 1997 A FEB e o Esperanto - H 90 Anos... O Universo constitudo de Vida - Ney da Silva Pinheiro Esflorando o Evangelho - Inconstantes - Emmanuel COSME MARIO - Sesquicentenrio de Nascimento - Affonso Soares Os Recursos Humanos e as Atividades da Casa Esprita - Xerxes Pessoa de Luna Atividades Administrativas do Centro Esprita Revogao da Obrigatoriedade do Desmembramento das Entidades Filantrpicas de Cunho Religioso - Gerson Simes Monteiro FEB - Conselho Federativo Nacional - Comisses Regionais Reunio Ordinria da Comisso Regional Norte Curso de Preparao de Evangelizadores da Infncia e da Juventude A farsa dos julgamentos de Jesus - Washington Luiz Nogueira Fernandes 70 Anos da Mediunidade de Chico Xavier SEARA ESPRITA - FATOS EM NOTCIA
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NOTA: Ilustrou a capa de REFORMADOR, de fevereiro do corrente ano, o livro Os Caminhos do Amor, de autoria de Dalva Silva Souza, que sugere o modo de agir para tornar mais presente e efetivo na vida humana o sentimento construtivo do amor, incluindo a a importante atuao da Mulher, j agora em 2 edio, e com nova capa, esse mesmo livro que ilustra neste ms a nossa revista.
Editorial
Defesa do Patrimnio Doutrinrio
A proteo dos direitos autorais vem da Idade Moderna. Consagrou-se em 1710 com a
criao do copyright, ou direito de reproduo, lei da rainha Ana, da Gr-Bretanha, base do amparo das atividades intelectuais dos autores nos pases anglo-americanos. Na Frana, os direitos de autor foram protegidos antes da Revoluo Francesa. Depois, alastrou-se a proteo do autor pelos pases da Europa e da Amrica, concebendose esse direito como a mais sagrada de todas as propriedades. Concomitantemente, no campo internacional, esses direitos foram objeto de tutela especial, consubstanciada na Conveno de Berna, assinada em 1886. Depois desse importante convnio multilateral, outros foram assinados, sempre objetivando a defesa da propriedade intelectual. O Brasil aderiu bem cedo Conveno de Berna, assim como a outros convnios internacionais. O grande marco legislativo sobre os direitos autorais surge, entre ns, com o Cdigo Civil Brasileiro (1916), que trata da propriedade literria, cientfica e artstica, nos seus artigos 649 a 673. Essa pequena digresso mostra que as leis humanas buscam, h quase trs sculos, proteger os direitos de autor contra mltiplos abusos. Desses direitos decorrem muitas conseqncias de suma importncia, no somente para os autores, seus herdeiros e sucessores, mas, de forma geral, para as sociedades humanas, para as geraes que se sucedem. As obras literrias, cientficas, filosficas, religiosas, artsticas, culturais, precisam ser preservadas, no somente pelo seu valor econmico, mas, sobretudo, por representar parcelas do patrimnio tico, moral e intelectual de toda a Humanidade. A Doutrina Esprita no pode prescindir da defesa de seus princpios, inscritos nas obras da Codificao. Seus desdobramentos em inmeras outras obras complementares e subsidirias tambm no podem ser usados e utilizados sem o respeito que se deve ao autor ou titular dos direitos protegidos pela legislao, sob pena de se estabelecer o caos, em proveito de eventuais aproveitadores. Por isso que o Movimento Esprita, em defesa desse patrimnio doutrinrio, precisa estar atento contra as tentativas daqueles que, por inobservncia de princpios ticos, por indiferena aos procedimentos honrados e dignos, ou por mera ignorncia atingem aquele patrimnio comum s geraes que se sucedem. Sem esse cuidado especial, essa defesa permanente da tica, que as leis das naes e os tratados internacionais procuram preservar, o patrimnio doutrinrio esprita estar ameaado pelas contrafaes e deturpaes de toda ordem, como j tem ocorrido com as prprias obras de Allan Kardec. -//-
O Consolador inaugura uma era nova para a Humanidade. Em seu mago esto os sinais evidentes de um novo tempo, um avano considervel do conhecimento humano, reunindo e reafirmando verdades antigas, ao lado de revelaes novas advindas do Mundo Espiritual Superior. A nova era no caracterizada simplesmente pela crena na existncia dos Espritos. A comprovao da realidade do mundo invisvel, reafirmada de forma irretorquvel pelo Espiritismo, nos tempos atuais, j fora constatada tambm pelo homem antigo que viveu no seio de velhas civilizaes, muitas das quais desaparecidas. Diversos cultos religiosos tm sua origem na manifestao dos seres espirituais. A fora extraordinria da Doutrina dos Espritos assenta-se no s nas verdades novas decorrentes dos conhecimentos desvendados, mas igualmente na insupervel moral evanglica da mensagem do Cristo. Essas duas colunas de sustentao esto em perfeita sintonia. Da no compreendermos a razo que leva alguns espiritistas descuidados a enveredarem pela negao do que h de mais essencial na Doutrina Esprita, justamente seu carter religioso, claramente deduzido de toda a Codificao, a partir da primeira questo inserta no seu livro bsico. Allan Kardec, o mais autntico intrprete da doutrina por ele sistematizada, esforou-se enormemente para que no pairasse dvida sobre sua ndole, seu carter, sua unidade. Ao mesmo tempo que deixou patente que o Espiritismo no participava da natureza dos diversos cultos religiosos existentes - as religies organizadas em instituies humanas, com seus dogmas, crenas, teologia, sacerdcio e prticas exteriores - esclareceu que, nesse sentido, a Doutrina no era uma religio. Mas, como religio, dentro da pobreza da linguagem dos homens, tambm, no seu conceito mais amplo, o sublime sentimento da busca de Deus e a aspirao permanente da perfeio, tal como transparece na Doutrina de Jesus revivida nos Evangelhos, na interpretao dos Espritos Superiores, no h como separar o que se acha intimamente vinculado. O Espiritismo sem dvida, a Religio, em sentido filosfico. Conhecimento da realidade espiritual e aquisio e prtica das virtudes evanglicas, eis a sntese religiosa do Espiritismo, para a qual contribuem, como sua sustentao, a verdadeira Cincia e as dedues filosficas fundadas nas verdades reveladas. Quando os Espritos instrutores assentaram a Nova Revelao nos princpios morais ensinados pelo Cristo lanaram, ipso facto, as bases religiosas da novel doutrina, como conseqncias morais irrecusveis de uma cincia espiritual e de uma filosofia novas. Portanto, Espiritismo despojado de seu carter religioso perde sua ndole, sua razo de ser, sua utilidade maior, sua riqueza de doutrina consoladora que tem por finalidade a redeno humana, aproximando o homem de seu criador. As verdades fundamentais da verdadeira Religio, no das religies em seus aspectos formais e acepo comum, esto contidas nos ensinos de Jesus, revividos pelo Espiritismo. A observncia dos preceitos evanglicos, na interpretao nova, para os espritas sinceros, a vivncia da Religio. H uma unidade doutrinria no trip em que se assenta a Nova Revelao. Essa unidade ficar fatalmente comprometida se suprimida qualquer de suas partes componentes, uma vez que a Cincia e a Filosofia Espritas so os fundamentos das conseqncias morais,
coincidentes com a mensagem de Jesus. A homogeneidade dos trs aspectos responde pela unidade final. O Consolador prometido e enviado, encerrando a mensagem crstica, interpretando-a em seu sentido essencialmente espiritual, traz aos homens a seiva divina da verdadeira Religio, na qual as verdades parciais ensinadas pelas religies so separadas das supersties, do dogmatismo pernicioso, do exclusivismo sem nexo e das criaes puramente humanas. Com que objetivo se apresenta o Espiritismo no mundo, identificado como o Consolador prometido? Seria simplesmente o de revelar aos homens o mundo invisvel? Ou de tornar patente a possibilidade de comunicao entre mortos e vivos? Ou ainda o de trazer o conhecimento de leis naturais estabelecidas por Deus, diante das quais o homem pode perceber sua verdadeira natureza? Sem dvida que ele responde afirmativamente a todas essas indagaes, mas vai muito alm delas, propondo-se a indicar Humanidade o caminho de sua redeno, roteiro que passa pelo Cristo de Deus e sua doutrina de amor. Vamos colocar uma vez mais diante dos espiritistas que enveredaram pelas trilhas de qualquer das modalidades do espiritismo independente, ou seja do cientificismo, do espiritismo sem Jesus, dos pretensos revisores da Doutrina e de quantos mais que, de boa ou de m-f, deixam de atentar na abrangncia e na unidade da Codificao, a pgina seguinte, inserida em O Livro dos Mdiuns, Captulo XXIX, n 350, de autoria de Allan Kardec: Se o Espiritismo, conforme foi anunciado tem que determinar a transformao da Humanidade, claro que esse efeito ele s poder produzir melhorando as massas, o que se verificar gradualmente, pouco a pouco, em conseqncia do aperfeioamento dos indivduos. Que importa crer na existncia dos Espritos, se essa crena no faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser esprita, se continua avarento; ao orgulhoso, se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas manifestaes dos Espritos e a Humanidade ficar estacionria. Tais, porm, no so os desgnios de Deus. Para o objetivo providencial, portanto, que devem tender todas as Sociedades espritas srias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos. Ento, haver unio entre elas, simpatia, fraternidade, em vez de vo e pueril antagonismo, nascido do amor-prprio, mais de palavras do que de fatos; ento, elas sero fortes e poderosas, porque assentaro em inabalvel alicerce: o bem para todos; - ento, sero respeitadas e imporo silncio zombaria tola, porque falaro em nome da moral evanglica, que todos respeitam. Essa a estrada pela qual temos procurado com esforo fazer que o Espiritismo enverede. A bandeira que desfraldamos bem alto a do Espiritismo cristo e humanitrio, em torno da qual j temos a ventura de ver, em todas as partes do globo, congregados tantos homens, por compreenderem que a que est a ncora de salvao, a salvaguarda da ordem pblica, o sinal de uma era nova para a Humanidade. (O primeiro destaque nosso; o segundo do original.) Como se observa, o pensamento do Codificador est claro e expresso no sentido de que: - o Espiritismo se prope a transformar a Humanidade, gradual e paulatinamente, atravs da reeducao dos indivduos; - a simples crena na existncia dos Espritos e na sua comunicao com os homens no torna melhor aquele que a aceita e pratica o intercmbio; - os desgnios da Providncia Divina so a simpatia, os sentimentos fraternos entre indivduos e instituies, entre si, visando ao bem de todos; - a moral evanglica o ponto comum que todos respeitam;
- essa (a moral evanglica) a estrada que ele, Codificador, tem procurado indicar ao Espiritismo; - a bandeira desfraldada por ele, Codificador, a do Espiritismo cristo e humanitrio; - o Espiritismo cristo e humanitrio a ncora e o sinal de uma era nova para a Humanidade. No poderia ser mais justa e convincente a palavra do Codificador. No somente reconhece a necessidade de ligar os conhecimentos da Nova Revelao, por ele recebida, moral evanglica, vale dizer mensagem de Jesus, mas tambm proclama que essa a estrada para a redeno da Humanidade. Ao lado de sua opinio serena e sincera, produto de trabalho srio e inspirado, como o intermedirio entre o Plano Espiritual Superior e os homens, coloca todo seu empenho para que os seguidores da novel doutrina no se confudam, no se dispersem, antes se mantenham unidos sob a bandeira do Espiritismo Cristo. Convida todas as Sociedades espritas a colaborar nessa grande obra: Que de um extremo ao outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mos e eis que tero colhido o mal em inextricveis malhas. O Movimento Esprita desenvolvido nas terras do Cruzeiro do Sul soube ser fiel ao pensamento do grande missionrio lions, cultivando o Espiritismo Cristo desde a fundao das primeiras sociedades espritas na segunda metade do sculo passado. Nos primrdios desse Movimento no faltaram sensibilidade e boa vontade aos discpulos de Allan Kardec no Brasil, os quais, fiis inspirao superior, souberam repelir o cientificismo exclusivista e deformante da Doutrina Codificada. Unio entre os adeptos e segurana nos rumos traados foram os sinais pelos quais os desbravadores da primeira hora mostraram a perfeita consonncia das diretrizes do Movimento brasileiro com o pensamento do Codificador. Esses caractersticos subsistem, para gudio de todos ns e respondem pela pujana de nosso Movimento, respeitado em todo o mundo esprita. (Transcrito de REFORMADOR, de abril de 1989.) -//-
Gratido
Hernani T. SantAnna
Muitos existem entre ns que no cuidam de considerar que o nosso Pai Divino no nos
ensina, ajuda e protege apenas atravs dos seus ulicos sublimes ou dos Espritos desencarnados que velam dedicadamente por ns, no silncio das grandes afeies. Esquecem, por isso, de valorizar e agradecer os benefcios que recebem dos seus companheiros de jornada humana, portadores, muitas vezes, de auxlios divinos, providenciais e salvadores. Mas seria imperdovel desapreo no honrarmos nossos pais terrenos, os amigos dedicados a quem devemos devotamento e carinho, os braos que nos ampararam, os mestres que nos atenderam e os irmos que dividiram conosco o afeto e o po. Quando passo em revista as lembranas dos meus setenta anos, comovo-me ao recordar a infinidade de auxlios que recebi de muita gente que passou na minha vida e me beneficiou de alguma forma, com carinho ou rispidez, com amizade ou sem ela. De muitos no posso ter memria, mas de outros no me esqueo. Pessoas humildes me tocaram o corao, gente poderosa foi gentil comigo. Sou grato a cada uma delas, pelo bem que me fizeram. Mas h algumas a quem reservo lugares de honra na galeria dos meus afetos mais profundos. claro que nessa galeria esto familiares queridos e pessoas amigas de mais ntimo convvio. Mas no a elas que desejo reportar-me nestas notas, e sim a algumas personalidades que foram fundamentais na minha atual jornada humana. DIAMANTINO S uma delas. Fundador e presidente do Centro Esprita Amaral Ornellas, discpulo fervoroso de Manuel Quinto e cultor abnegado do Evangelho, foi um pioneiro da educao esprita da infncia e da juventude. Verdadeiro padro de dignidade moral, chefe de famlia exemplar e servidor dedicado dos ideais cristos, foi ele quem instalou em sua instituio o primeiro ncleo carioca de moos espritas. Deu-me nova famlia e enrijou-me o carter. O doutor ANTNIO WANTUIL DE FREITAS foi o grande presidente que me abriu as portas da venervel Federao Esprita Brasileira e as de sua prpria residncia familiar. Recebia-me afetuosamente em seu escritrio-biblioteca, para memorveis conversas de instruo e amizade, que se estendiam por longas horas, noite a dentro. Publicou em REFORMADOR os meus primeiros trabalhos e editou o meu primeiro livro. FRANCISCO CNDIDO XAVIER foi para mim um refgio de carinho e benquerena, um porto seguro, bssola e reconforto, amigo, mestre e irmo. Deu-me a alegria de fruir de sua preciosa intimidade. Psicografou para mim sublimes mensagens de Ornellas e Emmanuel. Preparou, sem que eu soubesse, os originais e o prefcio do meu primeiro livro. Marcou-me para sempre. FRANCISCO THIESEN, o inesquecvel presidente da Federao Esprita Brasileira, foi uma luz solar na minha vida. Reencontr-lo neste mundo foi reviver com ele, em nvel mais alto e produtivo, antigos laos da mais pura afeio. Nossa convivncia foi sempre estimulante e prazerosa, na dignidade dos mais altanados sentimentos. Ele me levou de volta FEB, fez de mim seu conselheiro e confidente, conduziu-me ao Conselho Superior e ao Grupo Ismael, relevou-me as deficincias, prestigiou-me a colaborao, publicou meus trabalhos e editou o mais importante dos meus livros. Estivemos em contato at poucas horas antes do seu regresso ao mundo espiritual, e a saudade dele, desde ento, jamais me abandonou. O doutor GILSON DE MENDONA HENRIQUES, emrito fundador do Centro Esprita Fraternidade Allan Kardec e lder inconteste de vrias geraes de espiritistas do centro-oeste brasileiro, zelou por mim com os desvelos de um pai. Conduziu-me com segurana pelos caminhos
da atuao profissional e da prtica do Mediunismo responsvel. Integrou-me nos crculos ntimos da sua famlia admirvel e projetou-me nos amplos horizontes da sua profcua atividade social. Foime orientador esclarecido, guia condescendente, sereno e confivel. Alado aos seus ombros de gigante, vi mais alto e mais longe. Numerosos amigos providenciais foram esteios luminosos em minha humana peregrinao. No posso nome-los todos, mas justo que destaque os mdicos apostolares Srgio Thiesen, Joo de Aguiar Pupo Neto e Jos Geraldo Loures Pereira, que evitaram que a minha permanncia neste mundo se encurtasse; o meu tio Guilherme, que me assumiu n ausncia do meu falecido pai e foi o arrimo que me garantiu sobrevivncia e instruo; os meus companheiros de juventude esprita, Amrico e Clia Luz, Arnaldo e Lenice Campos, Alberto Gama, Agadyr Torres, Clia Carvalho, Heitor e Luza Cardoso; o dileto e saudoso Jomar Ferreira da Silva; o presidente Juvanir Borges de Souza, o cientista Humberto Rangel e o inesquecvel Armando Sander. Nem posso omitir aqui a pessoa a quem devo mais que a todas, minha NILDA, que, alm de esposa, foi sempre minha filha, minha me, enfermeira e irm, amiga e companheira, aluna e mestra, meu sal e minha luz. Todas as pessoas tm, certamente, muito o que agradecer a muita gente. Reconheo, porm, que recebi demais, sem tanto merecer, da Providncia Divina. Sou, por isso, imensamente grato, como devem ser todos aqueles que sabem perceber a manifestao divina no corao e nos braos humanos de quem ampara e serve, semeando amor nos caminhos do mundo. -//-
DVIDAS
Richard Simonetti
- Se o passista no est bem joga coisa ruim sobre quem recebe o passe? - Explicando que nossos males e dificuldades representam o pagamento de dvidas, o princpio da reencarnao no faz a gente desistir de lutar para melhorar de vida? - Se a Doutrina Esprita do sculo passado, como podem os espritas dizer que os discpulos de Jesus aceitavam a reencarnao? - Encontrarei meus familiares quando morrer? - Japons pode reencarnar como negro africano? - O Mundo vai acabar em 2000? - H um horrio certo para nos comunicarmos com nosso anjo de guarda? - Que orao devo usar para fazer as pazes com meu namorado? - Por que os espritas evocam os Espritos, contrariando a proibio de Moiss? - Como podemos encontrar nossa alma gmea? - O demnio se manifesta no Centro Esprita? - As pessoas ms reencarnam como animais? Selecionei estas perguntas dentre centenas, formuladas pelo pblico, no Centro Esprita, em reunies onde se oferece essa possibilidade. Diga-se de passagem que esse pinga-fogo muito oportuno. Desde que tenhamos algum em condies de responder, os resultados so excelentes. H maior interesse e as pessoas podem desfazer suas dvidas. mais produtivo que as palestras, onde nem sempre o expositor aborda o que realmente interessa aos ouvintes. Mas o que ressalta na amostragem apresentada a pouca familiaridade com a Doutrina Esprita por parte daqueles que comparecem s reunies pblicas. Trata-se de algo perfeitamente compreensvel. A grande maioria composta de adeptos de outras religies que procuram cura para seus males e soluo para seus problemas, encaminhados por amigo ou familiar. Comportam-se exatamente como quem vai a um hospital. Esto ali para tratamento, sem inteno de estabelecer vnculos. Alguns acabam por interessar-se, tornam-se assduos, estudam a Doutrina e se integram no Centro. Muitos seguem seu caminho, atendendo a dois fatores: Sararam. Afastam-se porque no precisam mais de tratamento. No sararam. Afastam-se porque desejam encontrar um Centro mais forte ou algo semelhante. Seguem tambm porque no foram suficientemente motivados. No lhes passaram uma mensagem atraente, esclarecedora, com contedo capaz de despertar e sustentar o desejo de aprender. H carncia de expositores espritas eficientes, mesmo porque no temos especialistas que vivam desse trabalho. O expositor esprita aquele cidado de boa vontade que faz malabarismos para participar do Centro e ao mesmo tempo atender seus compromissos familiares e profissionais. E h um problema adicional, que envolve companheiros mais bem dotados intelectualmente, com uma atividade profissional que lhes exigiu o desenvolvimento de valores culturais. No raro encasquetam de estudar nas reunies pblicas livros da Codificao ou complementares que devem ser reservados a grupos de estudo metodizado. H expositores que abordam as novidades no setor literrio sobre esoterismo, psicologia, terapias alternativas, auto-ajuda, anjo e quejando... tudo muito interessante, mas no tem nada a ver com uma reunio pblica de Espiritismo, onde as pessoas devem receber noes elementares da Doutrina. Nelas, freqentadas por nefitos, gente que est chegando, que no sabe nada de Espiritismo, o ideal seria comentar O Livro dos Espritos e O Evangelho segundo o Espiritismo.
Ningum aprende a ler sem conhecer o elementar - as letras do alfabeto. O Livro dos Espritos o b--b do Espiritismo. Eu no diria a primeira leitura, porque poucas pessoas tm familiaridade com os livros. Quem no est habituado a compuls-los ter dificuldades. Mas, da mesma forma que a professora no entrega o manual de alfabetizao criana iletrada ler, mas trata de us-lo para ensinar seus pupilos, o expositor tem nessa sntese filosfica da Doutrina todo um precioso roteiro para seus comentrios. Isso no implica, obviamente, no recomendar a leitura de O Livro dos Espritos ou outra obra bsica aos iniciantes. Mas preciso cuidado. Segundo pesquisas, apenas 10% da populao brasileira l um livro anualmente. Quem pouco l ter dificuldade com os livros de Kardec. No so compndios impenetrveis aos no iniciados, mas foram escritos no sculo passado, em linguagem que dificilmente motivar quem no est habituado a excursionar pelo mundo encantado dos livros. Prefervel oferecer, num primeiro momento, obras mais simples, que envolvam histrias, romances, mensagens, que facilitam a ateno. A literatura fabulosa de Chico Xavier prdiga em livros dessa natureza. Quanto a O Evangelho segundo o Espiritismo, aquela indispensvel base moral, o remdio de que mais carecem as pessoas, j que seus males so decorrentes do comportamento irregular, distanciado das normas do bem viver explicitadas em suas pginas. Muitos vem nessa obra bsica uma espcie de amuleto que deve estar sempre mo nos momentos difceis, para leituras mgicas capazes de atrair a proteo divina e resolver os problemas. As pessoas no entenderam ainda que sua magia est no roteiro que nos oferece, consagrando a moral de Jesus como o mais legtimo recurso de renovao e de soluo de nossos problemas. O comentrio das lies de Jesus, luz de O Evangelho segundo o Espiritismo, em reunies pblicas, produz palestras consoladoras e atraentes, que motivam o ouvinte e o ajudam a superar suas dvidas. Um recado final para os companheiros que fazem uso da palavra nas reunies pblicas: As pessoas que comparecem em busca de cura para seus males no tm cabea para fixar a ateno por muito tempo, em face de seus problemas e perturbaes. As palestras, por isso, enfocando O Livro dos Espritos e O Evangelho segundo o Espiritismo, devem ser breves, no mximo 25 minutos, num somatrio de 50 para toda a reunio, enxertando-se histrias e fatos do dia-a-dia, que prendem a ateno e permitem ao ouvinte entender os conceitos doutrinrios e aplic-los prpria vida. Se desenvolvermos nosso trabalho com a eficincia de quem se prepara convenientemente, ento nossos ouvintes, que num primeiro momento procuraram um hospital no Centro Esprita, descobriro, encantados, que ele uma abenoada escola de espiritualidade.
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EXERCITANDO O EVANGELHO
NO JULGAR
Inaldo Lacerda Lima No julgueis, a fim de no serdes julgados; porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; com a medida com que medirdes sereis medido. Jesus. (MATEUS, 7:1-2.)
Julgarmo-nos uns aos outros tem-se constitudo um forte hbito atravs dos tempos. Tal hbito encontra-se registrado na histria da Humanidade, no seio de todos os povos e na utilizao de todos os idiomas. Ressalta-se, ainda, na obra de todos os poetas antigos e modernos, desde Homero a Shakespeare, e sobreleva-se nos autores contemporneos. A ao de julgar conseqncia natural da ao de raciocinar. E decorre de dois fatores: discordar e refletir. Por isso que os seres irracionais no julgam, pois lhes falta a razo: desenvolvem apenas o instinto, que no lhes permite pensar. verdade que o instinto, por evoluo, se transformar futuramente em inteligncia, pois constitui a base ou fundamento dela, depois da grande e sublime metamorfose ou nascimento espiritual. Antes desse nascimento, dever o ser passar por estado de depurao, em que precisar perder a lembrana instintiva de suas relaes com a matria, em que o irracional aprendia a distinguir determinadas coisas, como o melhor meio para a sua sobrevivncia, a melhor gua para beber, o alimento que melhor lhe conviesse, etc. E isso j se nos afigura uma forma incipiente de juzo, em determinadas espcies animais. A ao de julgar , portanto, inerente ao ser j a partir do instante em que se fez Esprito dotado da razo e com a faculdade de conhecer e de compreender o meio que o cerca, o que o torna inteligente e capaz de pensar. Julgar , pois, uma ao natural, normal e imprescindvel no Esprito, encarnado ou desencarnado, do que podemos concluir que o Cristo no nos nega o direito de julgar e sim nos adverte contra o julgamento imprprio ou irresponsvel, a censura injusta ou leviana a respeito dos outros. O Esprito dotado de cinco faculdades essenciais e fundamentais sua condio de ser ou ente criado imagem e semelhana de Deus. So elas: 1. Inteligncia - condio de entender, conhecer e compreender o ambiente que o cerca ou meio em que vive e onde precisa desenvolver-se; tal faculdade lhe oferece ainda a percepo relativamente fcil das coisas. 2. Razo - condio que lhe outorga o poder de aprofundar-se no conhecimento das coisas, compreender determinados fatos, discernir, perquirir e, com a utilizao da inteligncia, criar e inventar. 3. Juzo - faculdade intelectual de manter-se cuidadosamente dentro de determinados limites de sua prpria capacidade de auto-avaliao ou critrio a respeito do que lhe for dado examinar. 4. Livre-arbtrio - poder de se autodeterminar. 5. Conscincia - sentimento do que se passa no indivduo, em seu ntimo e em sua natureza; testemunha e ao mesmo tempo juiz incorruptvel e severssimo da prpria alma, que aprova as boas atitudes e rejeita as ms. Na ocasio em que Jesus se expressou sobre a ao de julgar, o homem israelita ignorava essas coisas do ponto de vista filosfico. Era dotado de todas essas faculdades mas
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as desconhecia como potncias da alma que se interagiam na disciplinao do ser como criatura de Deus. O homem hebreu era capaz de perceber o erro que outro praticasse, mas no conseguia dimension-lo em si mesmo. Da a advertncia do Mestre dos mestres: Vs o argueiro no olho de teu irmo e no percebes a trave no teu olho!" E era verdade. Vejamos o caso da mulher adltera (Joo, 8:1-11). Ela no adulterou sozinha; nem mesmo se sabe se no foi induzida ao adultrio com o propsito de conduzirem o Cristo a contradies e perda. Mas, o que nos impede supor que todos os perseguidores da infeliz mulher fossem tambm adlteros e no sabiam, uns por hipocrisia, outros por ignorncia mesmo? Em nossos dias, porm, em sociedade, j a ningum dado o alibi da ignorncia, tendo em vista o adultrio haver tomado a caracterstica simplria e cnica de moda, de luxo e fatuidade viciosa. Por outro lado, o desquite e o divrcio so, muitas vezes, pretextos para a troca de parceiros no processo conjulgal, onde a prole instruda a tudo aceitar como fato normal. Ser que no estamos exagerando ou julgando mal o nosso prximo e a sociedade? No! Pois que esses fatos esto documentados nas colunas sociais. Na poca do Cristo, entre os homens imperava a maledicncia. Julgava-se at sob o testemunho de Deus: Disse Jesus, parabolicamente (Lucas, 18:9-14), que dois homens subiram ao templo para orar, um era fariseu, o outro, publicano. E o fariseu orava assim: meu Deus, graas te dou porque no sou como os demais homens, roubadores, injustos e adlteros; nem mesmo como esse publicano... (que lhe estava ao lado). Nem Deus era poupado na hipocrisia dos homens, pois se um fariseu assim agia, imaginemos a totalidade!... Deixemos o homem de ontem e voltemos as nossas atenes para o de nossos dias, em que a Humanidade parece agir como se de Deus houvesse esquecido inteiramente ou Ele houvesse deixado de existir. Jura-se inocncia, em nome de Deus, at nos tribunais, mesmo diante dos libelos acusatrios mais evidentes... Calunia-se o prprio Criador para justificar as mais torpes aes de corrupo... Mata-se todos os dias... Finalmente, nenhum dos mandamentos da lei exarada no Sinai cumprido. E os chamados pecados de que a histria das religies trata quando fala de Sodoma e Gomorra so atos pueris, tolos, infantis diante do que hoje se pratica, abertamente, nos mais diversos recantos deste pobre planeta. Repetimos: no julgamento inserto na advertncia do Mestre incomparvel. So fatos que esto vista nos jornais, nas capas das revistas, na televiso e no rdio. So atos de devassido, de depravao, de hediondez, de dios... E que, no entanto, a sociedade contempornea pratica e aceita como normais, corretos e naturais. No instante em que laboramos na composio deste trabalho, a esposa nos chama a ateno para notcia tristssima de mais um crime que foge a tudo o que se possa colocar na condio de hediondez. Noticia a televiso que cinco jovens - um de 16, outro de 18 e trs de 19 anos incendeiam um homem que, em Braslia, nossa Capital Federal, encontrava-se deitado num ponto de nibus. Era um lder indgena que possivelmente se perdera de seus companheiros e, ali acossado pelo sono, buscara repouso. Mas, qual no foi nossa surpresa, quando, no dia seguinte, j presos, procuravam justificar-se que no sabiam que era um ndio patax. Julgaram tratar-se de um mendigo!... Veja, leitor e irmo esprita, que no exageramos nos conceitos acima, pois, no caso em foco, no temos bandidos ou assassinos vulgares mas cinco jovens filhos das melhores famlias da sociedade brasiliense. Por qu? Que que est faltando ao homem planetrio?... Apenas uma coisa: esprito de religiosidade calcado na Luz do Evangelho do Cristo. No estamos querendo dizer com os nossos argumentos que a advertncia do Cristo, quanto ao de julgar, esteja superada. Muito ao contrrio. Acresce, hoje,
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responsabilidade do julgador o dever de discernir bastante, mormente no que tange necessidade de considerar melhor o valor da famlia, quer como centro de formao moral, quer com clula-base da sociedade. Vejamos como sobre a ao de julgar o Mestre se pronuncia: No julgueis segundo a aparncia, mas julgai segundo a reta justia (Joo, 7:24). E mais adiante, ainda no livro de Joo (12:47). E se algum ouvir as minhas palavras, e no crer, eu no o julgo; porque eu vim, no para julgar o mundo, mas para o salvar. Mais adiante, ele explica o porqu: quem rejeitar a sua palavra, j tem quem o julgue: sua prpria conscincia. Ora, que somos ns? que so os Espritos, que ajudam o mundo dos encarnados com as suas mensagens? Somos uns e outros porventura juizes? Que diz a Espiritualidade Superior a nosso respeito e do papel que nos cumpre desempenhar, desde que dele estejamos compenetrados? No somos juizes. No nos compete lavrar sentenas contra quem quer que seja. Mas no estamos impedidos de ajuizar, tendo em vista a excelncia de nosso papel, quer de arautos na pregao, quer de exemplificadores na conduta crist. Nisto convm que sejamos discpulos autnticos do Senhor. Em cada um de ns, nesta exercitao do Evangelho, deve haver uma profunda interao que compreenda razo, inteligncia, juzo, conscincia e livre-arbtrio, enquanto espiritistas. Temos o dever de tomar conhecimento das dores do mundo, mas atentos a uma postura de orao e f, exemplificando fraternidade e disciplina, numa atitude indemovvel de Amor. Ao mesmo tempo, porm, que nos contristamos com todos os fatos desairosos vistos acima, fazemos uma certa empatia com aqueles que se candidataram e se candidatam, ainda, ao infortnio espiritual e, quem sabe (?), ao expurgo deste planeta para mundos em condio evolutiva condizente com o empedernimento em que se encontram. No nos assiste, efetivamente, o direito de julgar quanto ao destino desses irmos. Percebemos a hediondez dos fatos, a iniqidade dos atos, a impiedade dos sentimentos. Mas nada sabemos a respeito das razes ntimas que os impulsionaram a delinqir e a se perderem nos desvos das paixes e do erro. Somente Deus nos conhece, assim como conhece-se a si mesmo aquele que no se permitiu o entorpecimento da prpria conscincia... A apatia para com os outros deve ser a conduta mental de um bom juiz e de todo aquele que se v na contingncia de assumir o compromisso de julgar. O Evangelho sugere perdo, complacncia, misericrdia. No obstante, perdo, complacncia, misericrdia, enquanto atitudes, compreendem a existncia de um erro ou falta j julgado, seno aceito como tal pela prpria conscincia do culpado. O que ainda nos desafia o raciocnio o entendimento, na ao de julgar, da advertncia do Cristo: No julgueis. Vejamos, ento, o pensamento dos prprios Espritos que se tm manifestado ao mundo na obra do Consolador. Vejamos o raciocnio de Allan Kardec, no captulo X, item 13 de O Evangelho segundo o Espiritismo: No possvel que Jesus haja proibido se profligue o mal, uma vez que ele prprio nos deu o exemplo, tendo-o feito, at em termos enrgicos. O que quis significar que a autoridade para censurar est na razo direta da autoridade moral daquele que censura. Tornar-se algum culpado daquilo que condena noutrem abdicar dessa autoridade, privar-se do direito de represso. (Grifamos.) Um Esprito superior, no item 17 desse mesmo captulo nos sugere: (...) No julgueis com severidade seno as vossas prprias aes (...).
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E ensina-nos o Esprito So Lus a uma indagao do Codificador, no item 20, com bastante propriedade: (...) A ningum defeso ver o mal, quando ele existe. (...) Aquele que note os defeitos do prximo o faa em seu proveito pessoal, isto , para se exercitar em evitar o que reprova nos outros. Na obra Os Quatro Evangelhos (1 Tomo, 8 edio FEB, pg. 472-473), o autor espiritual afirma que Jesus exortava seus discpulos a no julgarem levianamente e, mais adiante, ao explicar a questo da trave e do argueiro no olho, registra essas palavras a que igualmente destacamos, dada a sua importncia: Depois ento, quando fordes perfeitos, podereis censurar (julgar). Podereis, mas no o fareis, porque a perfeio das vossas almas vos ter aproximado daquele que, perfeio completa, disse: Atire a primeira pedra o que dentre vs estiver sem pecado (...). A questo mais sria do que a princpio se possa imaginar. No uma ndole m que conduz as almas ao erro, ao crime, iniqidade, mas a imperfeio delas, a sua inferioridade moral. No caso, por exemplo, do expurgo dos maus (obstinados) para mundos inferiores, o que ocorre no uma condenao absoluta de Deus aos que no conseguiram aperfeioar-se e se mantm enceguecidos na senda do mal, uma questo de justia. O Pai no considera justo que aqueles que atingiram um certo nvel de perfeio fiquem sujeitos a uma espcie de estagnao planetria porque determinado contingente de Espritos, por rebeldia, pouco caso fazem dos ensinos expressos na Lei e ratificados no Evangelho. Sofrero as conseqncias de sua obstinao. Quem os condena, Deus? No! Para Deus no esto condenados mas reprovados. A conscincia deles, sim, essa os condena. sua funo. O mais severo dos tribunais! Como interpretamos acima a conscincia? Que a respeito dela dizem os filsofos e os pensadores? Repetem uns que o juiz secreto da alma, que aprova as aes boas e rejeita as ms; confirmam outros que o juiz incorruptvel e severssimo do Esprito. Retirar a trave do olho deve ser realmente expurgar a alma de todos os vcios e tornar puro o corao. Realizando este engenhoso salto da treva para a luz, apercebe-se o ser de que o erro, a maldade de seu irmo no trajeto evolucionista afigura-se-lhe simples argueiro no olho. E em tudo isso comprova-se a sabedoria do Mestre divino, ainda hoje incompreendido, e a grandeza do seu Evangelho, aguardando aplicao para que o reino de Deus se manifeste neste planeta. Nosso planeta se aproxima do terceiro milnio da Era Crist. Os que nele permanecerem sero comparados s virgens prudentes de que trata a parbola do Senhor no captulo 25 do Evangelho segundo Mateus. E estaro em condio, finalmente, de compreender que Deus no pode contradizer-se ao mesmo tempo que nos ensina a perdoar, condenando irremissivelmente aqueles de seus filhos que, por imperfeio, se utilizam mal do livre-arbtrio. Sero expurgados da Terra, sim, j o dissemos, mas para, arrependidos, recuperarem-se e, purificados, prosseguirem no roteiro de sua evoluo. -//-
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A FEB e o Esperanto
H 90 ANOS...
Um importante acontecimento fixa o ano de 1907 como um marco na histria do movimento do Esperanto no Brasil. Na verdade, so trs iniciativas que, em conjunto, assinalam o incio do trabalho organizado dos esperantistas em nossa terra, estabelecendo diretrizes e rgos centralizadores para as atividades que, at ento, embora fecundas, realizavam-se de maneira dispersa. O leitor que desejar informar-se sobre os esforos dos pioneiros esperantistas brasileiros at o ano de 1906 deve consultar a obra Esperanto Modelo, editada pela FEB em 1938 (reedies em 1987 e 1991), em que o autor, Ismael Gomes Braga, insere uma importante pea escrita por outro pioneiro esperantista do Brasil - A. Caetano Coutinho - , intitulada Notas sobre o Esperanto no Brasil at 1906. A quase totalidade dos vultos ali mencionados por Caetano Coutinho, como trabalhadores da primeira hora, toma parte ativa nos significativos eventos de 1907, todos conscientes da necessidade de congregar os inmeros feixes dispersos pelo Pas em torno de um centro que melhor direcionasse suas respectivas aes e principalmente, mantivesse a marcha do esperantismo no Brasil nos caminhos seguros da orientao do Dr. Zamenhof. Convm recordar, para melhor avaliarmos as iniciativas do movimento brasileiro em 1907, que ento se esboava uma tremenda crise nos crculos esperantistas da Europa, mais precisamente na Frana, j com preocupantes reflexos sobre os demais ncleos existentes, inclusive o brasileiro. Essa crise, causada pela vaidade de alguns adeptos, ansiosos por imerecido destaque, provocou um cisma nas hostes esperantistas e foi marcada por prfidas manobras e tentativas de desfigurar o Esperanto e desacreditar o seu criador. Como toda crise, foi benfica para o movimento, pelas lies que ensejou e que mais fortificaram os adeptos, principalmente pelas atitudes nobilssimas do Dr. Zamenhof que, desse modo, educava as futuras geraes a respeito da tica superior que sempre deve nortear os trabalhos dos esperantistas. Assim que os brasileiros, tendo testa vultos da envergadura de Everardo Backheuser, Nuno Baena, Medeiros e Albuquerque, A. Caetano Coutinho, Daltro Santos, entre tantos, decidem organizar-se e fundam, em abril, o primeiro rgo esperantista do Brasil - a Brazila Revuo Esperantista (Revista Esperantista Brasileira). Em julho, realiza-se o 1 Congresso Brasileiro de Esperanto, cuja sesso inaugural foi presidida pelo Ministro do Interior, Dr. Tavares Lira. E nesse congresso que se decide a fundao da Brazila Ligo Esperantista Brasileira). Em 1908, a revista se torna o rgo especial da Liga, tomando o nome Brazila Esperantisto que conserva at hoje. Em 1949, a Brazila Ligo Esperantista tambm tem o seu nome alterado para Brazila Esperanto-Ligo (Liga Brasileira de Esperanto). De l para c, tais iniciativas cresceram em extenso e qualidade, sempre dando bons frutos, pois as adversidades que se tm levantado em seu caminho, naturais em toda atividade idealstica, no passaram de crises superficiais que jamais atingiram a essncia do iderio superior do Esperanto, antes contribuindo para o amadurecimento dos adeptos e das organizaes. Os Congressos Brasileiros de Esperanto so sempre uma festa de congraamento e fortalecimento do ideal; o Brazila Esperantisto destaca-se no cenrio cultural do movimento como um peridico de alto nvel, no contedo quanto na forma; e a Liga Brasileira de Esperanto efetivamente congrega e lidera a generosa famlia esperantista brasileira, contando para isso com um pugilo de obreiros conscientes, atualizados, idealistas, os quais tm feito daquela respeitvel Instituio um modelo de operosidade e de modernidade na conduo dos destinos do Esperanto no Brasil. Que todos os esperantistas do Brasil nos unamos em torno desse tronco venerando que completa seu 90 ano de frutuosa existncia! (A.S.) -//-
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No h necessidade de dotar-nos de cultura cientfico-filosfica para alcanar, em suas linhas gerais, apesar do crcere da palavra, a abrangncia conceptual dessa teoria, esposada por pensadores, os mais eminentes, e, antes, pelas vozes mais nobres da Revelao, nestes finais dos tempos. Como veremos, ao correr deste trabalho, esta Tese de inestimvel valor terico para a Doutrina Esprita, o que vale dizer para o futuro da Cincia e, conseqentemente, da Filosofia. Tentaremos destacar pronunciamentos colhidos em abalizadas fontes, tanto de ordem espiritual quanto de ordem cientfico-filosfica leiga, que consideram de alguma forma esta revolucionria teoria, ainda em gestao, presente a discreta e cautelosa inclinao, nesse sentido, das vozes mais lcidas da Comunidade Cientfica, tal a convergncia e coerncia lgica dos fatos, que nos levam concluso positiva a favor desse pensamento de vanguarda, em que pese sua feio inabitual, apesar de certa resistncia da estratificada e especiosa ortodoxia cientfica, que tenta resistir aos impulsos irrecorrveis da Lei de Evoluo. Compreendemos que a Cincia tem de proceder judiciosamente; no compreendemos, porm, o dogmatismo irracional, intransigente, asfixiante, que se nega ao menos a examinar os fatos, num "flagrante delito de ignorncia", usando uma expresso de Allan Kardec. A Tese em apreo, que define a matria, chamada inorgnica, como dotada de certa condio de vida, da mais alta importncia doutrinria, reiteramos, no s como concepo do Universo, da Vida e de suas manifestaes, como tambm demonstrao lgica do imanente processo da Onipresena Divina, a Conscincia Universal, fonte inesgotvel e singular da Vida Infinita, manifestando-se em todos os nveis da sua Criao, santurio augusto do seu divino mistrio, desde o insondvel mundo subatmico, com seu movimento incessante, at o incomensurvel universo macrocsmico, sustentado e impulsionado por um pensamento diretivo. Donde proceder a afirmao de James Jeans, Raimundo Farias Brito, William Thonson (Lord Kelvin) e Henry Poincar, no sculo passado, e Jean Marie Pierre Guitton, Paul Davies, Arthur Stanley Eddington, Jean E. Charon, Michael Talbot, Fritjof Capra, Jorge Andra dos Santos, Hernani Guimares Andrade e outros, neste sculo, sem esquecer os pensadores orientais, de que o Universo um vasto pensamento de vida e no uma mquina, como pretende a Teoria Mecanicista. Empenhada em conquistar terreno no rumo da soluo de importantes problemas, que lhe asoberbam as preocupaes e de notvel significao para a Humanidade, que caminha a largos passos na direo da Era do Esprito, "poca que sobrevir fatalmente e no tardar muito" , como acentua o cientista patrcio Hernani Guimares Andrade, em sintonia com Andr Luiz, quando este afirma que "aproxima-se o homem terreno da Era do Esprito, sob a luz da Religio Csmica do Amor e da Sabedoria" - a Fsica Moderna oferece Tese em exame inestimveis subsdios, que vm contribuindo para a valorizao do pensamento espiritualista, a despeito da idiossincrasia das ingurgitantes correntes materialistas do pensamento cientfico contemporneo, e, tambm, de escolas e correntes outras de estreito, ingnuo e alienante pensamento religioso. "Quem nunca saiu da horizontalidade da anlise, processo linear de captao da realidade", conseqentemente, "no pode imaginar o que seja a verticalidade da intuio racional" para adentrar problema como este, certo que a realidade transcende o pensamento. oportuno lembrar, a propsito, a declarao de Albert Einstein, o gnio que mudou os rumos cientficos do sculo XX, quando afirma que "a intuio a fonte das grandes descobertas", e que "as leis fundamentais do Universo no podem ser conhecidas por anlise lgica, mas somente por intuio". Esta a razo, o fundamento de sua histrica afirmao: - "Eu penso 99 vezes e no descubro a Verdade; paro de pensar, mergulho em profundo silncio, e eis que a Verdade se me revela."
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Vem a propsito, por adequado momento, lembrar aquela inquestionvel advertncia e ensinamento: "Para compreender a essncia das coisas deveis abrir as portas da alma e estabelecer, pelas vias do Esprito, esta interior comunicao entre esprito e esprito. Deveis sentir a unidade da vida que irmana todos os seres, do mineral ao homem, com trocas e interdependncias impostas por uma lei comum. Deveis sentir este liame de amor com todas as outras formas de vida, porque tudo, desde o fenmeno qumico ao fenmeno social, no mais do que vida, regida por um Princpio Espiritual". (Grifo nosso.) Este o caminho para entendermos os mecanismos do Universo e da Vida. Retomando nossas observaes, em torno do problema, que nos preocupa aqui, que no pode ser enfocado s pelos caminhos da anlise, pois esta j deu o mximo que poderia dar, lembremos que Andr Luiz taxativo ao afirmar, sem figura de retrica, que "tudo esprito no santurio da Natureza" , e, conseqentemente, tudo vida, do mineral ao arcanjo, e alm, pelos caminhos do infinito, nesta cosmoviso da estrutura do Universo. Emmanuel, endossando-lhe a assertiva, peremptrio ao afirmar: "Da Glria Divina s balizas subatmicas, o Universo pode ser definido como sendo uma cadeia de vidas, que se entrosam na Grande Vida." A obra "A Grande Sntese" categrica nesse sentido: "(...) toda a matria, mesmo aquela considerada bruta e inerte, viva e sente, e pode plasmar-se e obedece, quando atingida por um comando forte." Will Durant, um dos vultos mais brilhantes da inteligncia americana, escreve: "(...) dentro da matria aparentemente inerte existe um princpio de vida, um poder que compele evoluo." Telhard de Chardin peremptrio: "Em cada partcula, cada tomo, cada molcula, cada clula de matria, vivem escondidas e atuam, incgnitas, a oniscincia do eterno e a onipotncia do infinito." Caminham, assim, os fatos e os testemunhos, convergindo para a grande realidade, o postulado da Vida Integral em todos os nveis da Natureza; tese levantada, de certo modo, por "O Livro dos Espritos", quando, para no avanar, de forma extempornea, ergue apenas a ponta do vu, discretamente, e registra na resposta questo 540: "(...) tudo se encadeia na Natureza, desde o tomo primitivo at o arcanjo, que tambm comeou por ser tomo. Admirvel lei de harmonia, que o vosso acanhado esprito ainda no pode apreender em seu conjunto. " (Grifo nosso.) Allan Kardec, em "A Gnese"(cap.VI, item 18), afirma: "As molculas do mineral tm uma certa soma dessa vida, do mesmo modo que a semente do embrio (...)." Verificamos, outrossim, margem dessas consideraes, que, cada vez mais, diluem-se as bases desse materialismo irracional e inconseqente, "necrfila e suicida, que rejeita a prpria imortalidade" e que na ironia de Einstein "morreu de asfixia por falta de matria", como escreve o erudito e brilhante Jos Herculano Pires. Estudos procedidos pela Fsica Terica, de 1905 a esta parte, esto sendo levados pelos fatos a abrir caminho, na direo do esclarecimento cientfico gradual, deste e de outros problemas, na tentativa de uma viso unitria, abrangente, holstica da vida universal. As conquistas da Cincia, em que pesem os labores desses operrios do pensamento - preciso que se observe, como sublinhamos acima e aqui repisamos - s sero liberadas pelos Altos Planos Espirituais, que, em nome de Deus, presidem os destinos da Civilizao na razo direta do desenvolvimento moral e espiritual do homem, pois como observa Sua Voz: "Qual o cientista que, para compreender um fenmeno, jamais pensou em procurar atingir sua purificao moral?" E sublinha: "Purificai-vos moralmente, afinai a sensibilidade do instrumento, que sois vs mesmos e, s ento, podereis ver." Esta advertncia antecipada, desde o sculo passado, por "O Livro dos Espritos", em resposta questo 18, onde se l: "O vu se levanta a seus olhos, medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, so-lhe precisas faculdades que ainda no
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possui." de Andr Luiz esta concluso: "(...) se a indagao cientfica estivesse acompanhada de seguros valores do sentimento, do carter, da conscincia, outras seriam as realizaes em vista da luz de espiritualidade acesa para o caminho (...)," Vivemos uma poca surpreendente da Histria, quando os prprios cientistas soviticos esto aplicando os princpios da Teoria da Relatividade na pesquisa dos fatos psquicos. Seja visto o que diz Viktor Adamenko, uma das maiores autoridades soviticas em pesquisa psquicas, apesar do rgido "establishment" sovitico de ento: "Ns estamos iniciando uma revoluo cientfica por demais grande, por demais ameaadora para os velhos princpios estabelecidos da fsica e para os modos como a fsica tem sido entendida e ensinada." Hernani Guimares Andrade afirma: "As fronteiras entre o vivo e o inanimado praticamente caram com as experincias de Fraenkel-Conrat e Robbley Willians quando estes sintetizaram o vrus mosaico do tabaco. Atualmente, comearam a sofrer abalos os basties que garantiam a separao entre o psquico e o fsico. Os fatos da psicocinesia acertaram-lhe certeiro golpe". (Grifo nosso) O pensamento esprita ir se impondo progressiva e seguramente, pois ter suas revelaes confirmadas pelos fatos, que a Cincia ter de endossar, mais cedo ou mais tarde, ainda que com outra linguagem, pois, como diz Herculano Pires: "Hoje a Fsica atmica e nuclear est fazendo justia a Kardec, em suas descobertas mais recentes. (...). O Espiritismo resgata os seus direitos na cultura do sculo."18 "No importa - diz Andr Luiz - que os aspectos da verdade recebam vrios nomes, conforme a ndole dos estudiosos. Vale a sinceridade com que nos devotamos ao bem. O laborioso esforo da Cincia to sagrado quanto o herosmo da f."19 (Grifo nosso.) O Espiritismo, hermenutica viva da Verdade, se "interessa por todas as questes da metafsica e da ordem social", como diz o Codificador, e, por isso mesmo, no pode ficar, e no est, margem dos acontecimentos do sculo, instrumento da Providncia Divina na construo do porvir e na reconstruo das idias do passado em novas bases, num processo gradual e equilibrado, com clareza, lgica e rigor. Andr Luiz, versando o palpitante problema, numa linguagem brilhante e erudita, adequada ao nosso tempo, sem perder o sabor da simplicidade da terminologia esprita, aponta-nos para uma nova Era no entendimento dos magnos problemas da Cincia e da Religio, para melhor entendimento da vida, bem como descerra Filosofia um panorama eloqente de grandeza, principalmente quando visto sob o enfoque das lentes poderosas da Doutrina Esprita.
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1"Emmanuel", cap. 33, pgs. 170-171, 17 ed., FEB,RJ. 2"Deus e a Cincia", p. 5, Ed. Nova Fronteira S.A., RJ; "Ponte de Mutao", cap. 3, p.81, Ed.Cultrix, SP. 3 "Novos Rumos Experimentao Espirtica", p.156, Liv. Batura, SP. 4 "Nos Domnios da Mediunidade", 24 ed., p. 13, FEB, RJ. 5 "A Grande Sntese", Pietro Ubaldi, pgs. 49 e 113, Ed. LAKE, SP. 6 "Einstein, o Enigma da Matemtica", pgs. 55 e 239, Ed. Alvorada, SP. 7 "A Grande Sntese", pg. 24, Ed. LAKE, SP. 8 "Nos Domnios da Mediunidade", 24 ed., pg. 169, FEB,RJ. 9 "Pensamento e vida", pg. 21, 9 ed., FEB,RJ. 10 "A Grande Sntese", pg. 54, Ed. Instituto Pietro Ubaldi, RJ. 11 "Filosofia da Vida", Will Durant, pgs. 52 e 53, Ed.Cia. Editora Nacional, SP. 12"Deus e a Cincia", Jean Guitton, pg. 126, ed. Nova Fronteira S.A.,RJ. 13 "Concepo Existencial de Deus", J. Herculano Pires, pgs. 34 e 36, Ed. Paidia Ltda., SP. 14 "A Grande Sntese", pgs. 24 e 26, Ed.LAKE, SP. 15 "Missionrios da Luz", 27 ed., pg. 100, FEB, RJ. 16 "Novas descobertas Parapsicolgicas: A Experincia Sovitica", pgs. 15 e 23, Ed. Civilizao Brasileira S.A. RJ. 17 "A Matria Psi", Prefcio da Editora, p. s/n, 1 ed., Casa Editora O CLARIM, Mato - SP., 1972. 18 "Cincia Esprita", J. Herculano Pires, pg.126, Ed. Paidia Ltda., SP. 19 "Nos Domnios da Mediunidade", 24 ed., pgs. 274-275, FEB, RJ. -//-
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COSME MARIO
SESQUICENTENRIO DE NASCIMENTO
AFFONSO SOARES
(...) Em vs no se refletem os mritos de que eles gozem, seno na medida dos esforos que empregais por seguir os bons exemplos que vos deram. Somente nestas condies lhes grata e at mesmo til a lembrana que deles guardais. O Livro dos Espritos - Questo n 206.
Ao relembrarmos o vulto de Cosme Mario, pioneiro do espiritismo na Argentina, por ocasio do sesquicentenrio de seu nascimento, temos em vista no somente homenagear um membro ilustre da crescente famlia esprita planetria, irmo de grandes mritos e, por isso, missionrio, mas tambm, e principalmente, evocar seus fecundos exemplos, visando a que as novas geraes possam enfrentar os desafios suscitados pela consolidao do Ideal com o auxlio do critrio inconfundvel daquele que justamente considerado o Kardec argentino, o mesmo critrio que iluminou as atitudes do Codificador e de seus fiis continuadores nas diversas partes do mundo em que o Espiritismo tem lanado razes vigorosas. Assim justificamos a citao que encima este modesto artigo. Cosme Mario reencarnou em Buenos Aires aos 27 de setembro de 1847, meses antes de iniciar-se em Hydesville, EUA, com a intermediao das irms Fox, aquela invaso organizada de seres de outra esfera a que se refere o insigne esprita escocs, Arthur Conan Doyle, em sua excelente Histria do Espiritismo. A, como em tudo, se revelaram a Sabedoria e a Providncia divinas, cuidando para que ao imenso exrcito de operrios, encarnados e desencarnados, construtores da Nova Era, no faltasse a influncia encorajadora e organizadora de experientes condutores, entre os quais se alinhou a figura do grande lder argentino. No fugindo regra, pela qual sempre se evidencia a presena de um missionrio entre os homens, desde a infncia se revelam as aspiraes superiores de Cosme Mario sob a forte vocao para o secerdcio, qual, porm, daria outra direo com o ingressar na carreira jurdica, formao que lhe seria de imensa utilidade para sustentar com xito os terrveis embates inerentes implantao dos ideais espritas na sociedade argentina. Ainda antes de se tornar esprita, Cosme Mario j recolhia o reconhecimento de seus conterrneos pelas virtudes da abnegao e do devotamento no socorro s vtimas da epidemia de febre amarela que assolou Buenos Aires em 1871. Integrando a Comisso Popular de Auxlio, em cujas hericas atividades tambm contraiu a doena, Mario recebeu homenagens do povo e uma medalha da Municipalidade de Buenos Aires. O mesmo reconhecimento lhe foi tributado pela Repblica do Chile quando, por ocasio de uma epidemia de varola, Mario organiza um Comit de Ajuda atravs do qual angaria cerca de 500 mil pesos para as vtimas. Corre o ano de 1874, sob todos os aspectos decisivo na existncia de Cosme Mario. quando o destino leva-o a transferir-se para a cidade de Dolores, onde contrai npcias com Mercedes Milani, da localidade de Chascomus, e se entrega, de corpo e alma, a servios de grande alcance social. Conhecendo-lhe os sentimentos altrusticos, a sociedade de Dolores confia-lhe graves tarefas. Integra a Comisso da Casa de Justia e Crceres, imprimindo diretrizes genuinamente crist na recuperao dos presos, preside a Comisso do Hospital de Dolores e nomeado membro do Conselho Escolar, em tudo deixando o inconfundvel selo da superioridade de seu carter missionrio.
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Soa ento para Mario a convocao aos servios do Consolador, pelos quais influir mais profundamente na renovao de toda uma coletividade nacional. Ingressa num seleto crculo de estudiosos, dirigido pelo Engenheiro Rafael Hernandez, de quem ouve as primeiras noes da Doutrina. Logo se identifica com o grandioso ideal e, em sesses regulares na residncia de Pedro Bourel, presencia os irrefutveis e consoladores fenmenos espritas, sob condies rigorosas de experimentao, e, semelhana do Codificador, neles entrev o germe de profundas revelaes morais na marcha da Humanidade. Durante cinco anos, em Dolores, sorve, na fonte sagrada da comunho com os Espritos e nos estudos daquele seleto grupo, as bases que o sustentariam, at o fim da vida, na vigorosa atividade de divulgao dos ideais do Consolador. Regressando a Buenos Aires, agora com a alma impregnada da iniciao em Dolores, Mario, sempre fiel ao idealismo humanitrio de seu carter, funda instituies que tinham por princpio e fim a proteo e a educao do povo, tais como a Biblioteca Popular Municipal, a Escola de Desenho, a Sociedade Protetora dos Animais, o Colgio de Procuradores. Em 1879, ingressa na Sociedade Esprita Constancia, que ento contava apenas dois anos de existncia. Por sua estatura moral, elegem-no Vice-Presidente e, em 1883, guindado presidncia, que exerceria at o fim de sua existncia, em 1927. Um ano antes, em 1882, assume a direo da revista Constancia, rgo oficial da Sociedade, de ambas fazendo um luminoso foco de irradiao do Espiritismo, tanto na Argentina como nos pases vizinhos. Suas atividades estimulam a formao de novas sociedades espritas. Possuidor da vocao jornalstica desde a mocidade, tanto que em 1869 fora um dos fundadores do famoso jornal portenho, La Prensa, tendo sido at mesmo um dos seus diretores, Mario, atravs das colunas de Constancia, defende a causa contra renhidos ataques organizados principalmente nos redutos do dogmatismo cientfico e religioso da poca, seja sustentando o fundamento das revelaes, seja defendendo os mdiuns contra as arremetidas dos aborrecidos da luz. As foras da treva, entrevendo que a ao de Mario, como poderoso arete, abalaria suas cidadelas obscurantistas, chegam a impulsionar uma pobre fantica religiosa, levando-a a atentar, com arma de fogo, contra a vida do grande missionrio. Mario escapa ileso e, sem se intimidar, prossegue em sua luta. Sempre pelas pginas de Constancia, desperta o corao dos adeptos para o carter essencialmente, cristo da Nova Revelao, promovendo uma vigorosa campanha em favor da infncia desvalida, convocando os espritas a que ajudem as autoridades no combate epidemia de clera que assola o pas em 1886, empenhando-se na criao de escolas de enfermeiros leigos, de artes e ofcios, de creches, de instituies para a proteo das mulheres decadas ou egressas dos crceres. Em 1900, alinha-se entre os doze fundadores da Confederao Espiritista Argentina, convencido que estava da necessidade de unio entre os espritas argentinos, unio que seria o exemplo concreto de que os idias de fraternidade do Espiritismo Cristo no eram palavras ocas no seio da j numerosa coletividade esprita da Nao. Foi ele o primeiro presidente da C.E.A., mas deve ser lembrado aqui o verdadeiro pai dessa Sociedade, Antnio Ugarte, que Mario considerou um dos velhos e valorosos campees do Espiritismo na Argentina. No obstante possuir gigantesca estatura intelectual, esta todavia jamais superou o trao humanitrio de seu carter eminentemente cristo iluminado pela Caridade em sua mais legtima expresso. Em 1910, Mario realiza um sonho carinhosamente acalentado, ao lanar a pedra fundamental do Asilo Primer Centenario de La Independencia Argentina, cujo edifcio foi erguido em 1925 graas oferta de donativos e a subscries pblicas e em cujo prtico inscreveu o aforismo que lhe era particularmente caro ao corao: Onde o amor impera, as leis se tornam suprfluas. Essa obra, infelizmente, teve as portas fechadas poucos anos aps
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a desencarnao de Mario, por falta de fervor mstico coletivo indispensvel para interpretar o significado primordial dessa classe de realizaes, dentro da linha kardequiana e crist que Mario to profundamente sentiu e realizou sem negligenciar esforos e sem evitar perigos, como afirma Jos S. Fernndez em artigo no nmero especial de Constancia (outubro/1947), inteiramente dedicado ao primeiro centenrio de nascimento de Cosme Mario. Esse mesmo articulista, de quem temos colhido subsdios para esta singela homenagem, relembra que, nesse sentido, Mario foi menos afortunado que seu irmo missionrio Bezerra de Menezes, cujas realizaes no campo da beneficncia se multiplicaram sob a influncia do Espiritismo evanglico que sustenta as organizaes espritas no Brasil. E acrescenta: "devemos meditar profundamente sobre este aspecto da obra de Mario que, sem dvida alguma, foi o que lhe granjeou o maior respeito de profanos e inimigos nas horas difceis em que o Espiritismo deveu a se fervor e denodada ao o reconhecimento pblico como ideologia nobre e altrustica, fator de progresso e manifestao de cultura. A cultura esprita teve em Cosme Mario uma de suas mais robustas colunas. Na defesa da Doutrina, sustentou fecundas polmicas com mdicos, psiquiatras, eclesisticos e peridicos catlicos, trabalhos que a Sociedade Constancia enfeixou em volume editado no ano de 1934. A divulgao esprita teve nele um insupervel e infatigvel conferencista. Mas o carro-chefe de to abundante semeadura foi sua produo literria, toda inspirada na ideologia esprita, da qual citamos as seguintes obras: Provas concludentes da existncia da alma, O Espiritismo e a Cincia, O Espiritismo ao alcance de todos, Histria do Espiritismo na Argentina, Autobiografia de um medocre e As primeiras andorinhas. Tambm se dedicou traduo, vertendo, do ingls, o livro Cartas de Jlia, do grande mdium e publicista William T. Stead, e, do francs, Catecismo de Moral e Religio, de Bonnefont. Uma pea de sua autoria, O Ideal no Real, foi representada no Teatro Vitria. Cosme Mario desencarnou em 18 de agosto de 1927, legando famlia esprita mundial exemplos fecundos, reveladores de uma incondicional fidelidade aos ideais do Espiritismo Cristo, to bem definidos na divisa Fora da Caridade no h salvao. Por ocasio das comemoraes do 1 Centenrio de seu nascimento, exatamente no dia 27 de setembro de 1947, realizou-se uma sesso medinica, de carter privado, na sede da Constancia, sob a presidncia de Francisco Durand. Ali, atravs das faculdades do mdium Bartolom Rodrguez, manifestou-se o Esprito de Cosme Mario em comovida alocuo com que principalmente testemunhava a alegria de ainda e sempre servir causa do Espiritismo, agora na liberdade do Esprito que cumpriu integralmente o seu dever para com Deus e a Humanidade. No dia seguinte, no Salo Lassalle, um ato pblico homenageou a memria do grande lder argentino. A revista Constancia dedicou-lhe integralmente o seu nmero 2736 (1 a 15 de outubro de 1947), publicando, entre outras tocantes matrias, as manifestaes de espritas de diversos pases das Amricas a respeito da personalidade do homenageado, inclusive de saudosos obreiros do Movimento Esprita do Brasil, como, entre tantos, Aurino Barbosa Souto, Ismael Gomes Braga, Deolindo Amorim e Arnaldo So Thiago. Reformador no somente se associou s comemoraes do centenrio de nascimento de Cosme Mario, dedicando-lhe artigos em 1946 (agosto) e 1947 (novembro), como tambm tem mantido viva a memria de sua figura e de suas realizaes no Movimento Argentino, como o atestam as matrias sobre o cinqentenrio da Confederao Espiritista Argentina (nmero de maio de 1950), a biografia de Cosme Mario (nmero de setembro de 1967) e o centenrio da Sociedade Constancia (nmero de setembro de 1977). Finalizaremos estas despretenciosas palavras citando um significativo trecho do folheto Conceito Esprita do Socialismo, que Mario concebeu como rplica aos sermes que, a
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respeito de Socialismo, Famlia e Propriedade, foram proferidos na Catedral Metropolitana de Buenos Aires por Monsenhor DAndrea: O Espiritismo a nica Doutrina cientfica e filosfica que pode construir a felicidade real dos homens, j que revela a causa das desigualdades sociais, fundamenta seu altrusmo no amor Humanidade e explica, com Jesus, este amor, demonstrando os vnculos espirituais que unem todos os homens; porque todos so filhos de um mesmo Pai. Os espritas temos um aforismo que simboliza fielmente os ideais que perseguimos. Dizemos : Onde o amor impera, as leis se tornam suprfluas. E este o ideal que nos guia: Fazer com que o amor una todos os homens, todos os povos, num lao indissolvel; que o sentimento de solidariedade se estenda pelo mundo, como se estende o da solidariedade dos interesses materiais; que se pratique, finalmente, o pensamento que se encerra nestas simples palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros, porque nisto consiste a Lei e os Profetas. -//-
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O Centro Esprita, na qualidade de clula de disseminao do Espiritismo, tem papel de extrema relevncia na tarefa de transformao da Humanidade, do atual estgio em que se encontra, para o da regenerao que j se comea a intuir. No mbito de sua competncia, notria a contribuio da Doutrina Esprita ordem e justia social, uma vez que suas Instituies vm desenvolvendo, de forma cada vez mais crescente, uma srie de atividades destinadas a esclarecer, orientar, assistir, socorrer e promover material e espiritualmente a criatura humana neste tempo de transio, por vezes to conturbado. A seriedade dos seus ensinamentos, associada forma responsvel de trabalho de suas Instituies, tem concorrido para que muitas pessoas aflitas, amarguradas, desesperanadas, envoltas em crises existenciais e emocionais, alm daquelas sedentas de entendimento e compreenso da vida, busquem sua assistncia e servios. E para que estes anseios de consolao e iluminao de conscincia sejam plenamente alcanados na Casa Esprita, faz-se imprescindvel a colaborao de pessoas de boa vontade, dispostas a trabalhar em prol da sua prpria paz e felicidade e da dos seus semelhantes de forma consciente, desinteressada e comprometida com os propsitos do Espiritismo, mesmo que possuidoras de um relativo preparo para a tarefa que se disponham a desenvolver. Neste sentido, urge que os diregentes espritas, cada vez mais busquem e preparem adequadamente seus colaboradores, pois a complexidade das situaes que esto a afligir as criaturas e a crescente presena nas Casas Espritas de um pblico no s carente de assistncia e socorro mas tambm profundamente desejoso do entendimento das verdades reveladas pelo Espiritismo esto a exigir uma ampliao de seu quadro de servidores, bem como o aprimoramento da qualidade dos servios prestados. No que se refere ampliao do nmero de trabalhadores, estes poderiam ser buscados entre os participantes do Estudo Sistematizado da Doutrina Esprita (ESDE), os integrantes das juventudes Espritas, os associados e os freqentadores, principalmente os mais assduos e ligados h mais tempo Casa. Para tal, programas poderiam ser desenvolvidos, objetivando incentivar este pblico-alvo a exercitar seu aprimoramento ntimo pela vivncia dos ensinamentos do Cristo nos trabalhos desenvolvidos pela Instituio em prol dos seus semelhantes, no campo da assistncia e promoo social, do estudo, da divulgao doutrinria, da orientao e da assistncia espiritual. Quanto seleo dos recursos humanos, cuidados muito especiais devem ser tomados, pois em hiptese alguma os princpios e propsitos do Espiritismo devero ser desnaturados por colaboradores que, desconhecendo-os ou resistindo aceit-los, mesmo que movidos por boa vontade, tentem introduzir no trabalho esprita procedimentos e mtodos que conflitem com as orientaes e ensinamentos do Espiritismo. A preparao dos trabalhadores outro aspecto da administrao do Centro Esprita que no pode ser subestimado, pois a sua no relevncia na dinmica administrativa tem possibilidado o surgimento de situaes muito delicadas, no s para a manuteno das atividades, mas, principalmente, para a preservao da estabilidade e natureza de algumas Instituies, pois o despreparo de uns tem, freqentemente, motivado, em nosso meio, casos de abuso do direito de liberdade, negaes e dissenses. Para que o Centro Esprita cumpra fielmente com suas finalidades de Escola de formao espiritual e moral, de Hospital de almas enfermas, de Oficina de Trabalho a servio do Amor e da Paz e de Templo de irradiao da Luz Divina, imprescindvel que seus
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dirigentes e trabalhadores nunca descurem de sua preprao e aprimoramento, condies essenciais ao bom desempenho de suas tarefas. Neste sentido, poderiam definir algumas medidas, como: a) Participao regular nos ciclos de estudo do ESDE, mantido pela Instituio. Caso no os possua e na impossibilidade de implant-los, poderia ser estipulado um dia e horrio durante a semana onde todos se reuniriam para um estudo mais regular da Doutrina Esprita. b) Criao de uma reunio mensal de trabalhadores com vistas manuteno tanto doutrinria, como administrativa, dos trabalhos desenvolvidos pela Casa. c) Estabelecimento de diretrizes e normas para nortearem as aticidades da Casa. O trabalho de elaborao deste documento deve contar com a contribuio de todos, prevalecendo, no entanto, aquelas contribuies que no conflitarem com os propsitos espritas. Neste sentido, o opsculo Orientao ao Centro Esprita (CFN/FEB), editado pela FEB, apresenta-se como valiosa contribuio, em face da sua objetividade, abrangncia e fidelidade doutrinria. d) Participao mais constante nos cursos, treinamentos, reciclagens e encontros para troca de experincias, promovidos pela entidade federativa estadual. e) Preparao, na medida do possvel, de substitutos para as diversas atividades, a fim de que eventuais impedimentos ou rotatividade de trabalhadores no venham a prejudicar ou mesmo paralisar os servios que esto sendo prestados. f) Distribuio, junto aos trabalhadores, de cpias de artigos ou documentos de cunho doutrinrio ou da administrao do Centro Esprita que apresentem novos subsdios para a dinmica dos trabalhos ou mesmo que reforcem os procedimentos j existentes na Casa. No estgio em que se encontra hoje a difuso e prtica do Espiritismo no h mais espao para improvisaes e perda de tempo, pois muitos so os necessitados que buscam os seus benefcios e grandes so suas expectativas, uma vez que na maioria dos casos acompanham-nos a decepo experimentada em outros segmentos da sociedade, encarregados de presta-lhes orientao, assistncia e socorro. A fase de transio que estamos vivenciando na Humanidade requer organizao e preparo quando do cumprimento de nossas obrigaes na seara esprita. Cada vez mais a boa vontade deve unir-se a uma consciente capacitao para o trabalho, principalmente para aquele que o Espiritismo se prope a realizar, pois toda a prtica esprita, alm de ter caracterstica prpria, requer contato constante com a criatura humana, seja ela encarnada ou desencarnada, o que a diferencia daquelas de carter burocrtico, mecnico ou tecnocrtico existentes no dia-a-dia profissional das pessoas. Convm no entanto salientar que, quando falamos da necessidade de o Centro Esprita melhor capacitar seus colaboradores para o desempenho de suas atividades, no estamos propondo nem uma elitizao de grupos de trabalho, nem to pouco a profissionalizao dos trabalhadores da Casa Esprita, o que, com toda certeza, conflitaria com as caractersticas de simplicidade e humildade que devem reger as atividades espritas, alm, obviamente, de inibir um contingente de colaboradores que se sentiriam inferiorizados por no se enquadrarem nos requisitos exigidos para se incorporar dinmica de trabalho da Casa. No queremos com isso dizer que a experincia profissional inerente tarefa que se venha a desempenhar, quando devidamente adequada s orientaes espritas, seja desprezvel; na realidade o que se pretende que a Instiuio Esprita, cada vez mais, melhore seu nvel de desempenho no trabalho encessante do Cristo de conduzir a criatura humana sua reforma moral com vistas construo de uma nova Humanidade, mais feliz, fraterna e pacfica. Desta forma, nunca ser demais incluir, nas prioridades administrativas e funcionais do Centro Esprita, programas e procedimentos voltados para a Formao de Recursos Humanos, o que, com certeza, garantir a continuidade, qualidade e excelncia dos trabalhos propostos e realizados pela Instituio luz do Espiritismo.
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Atividades Administrativas do Centro Esprita a) - Manter organizao prpria, segundo as normas legais vigentes, compatvel com a maior ou menor complexidade de cada Centro e estruturada de modo a atender s finalidades do Movimento Esprita; b) - estabelecer metas para o Centro Esprita em suas diversas reas de atividades, planejando periodicamente suas tarefas e avaliando seus resultados; c) - facilitar a efetiva participao dos freqentadores nas atividades do Centro Esprita; d) - estimular o processo de trabalho em equipe; e) - dotar o Centro Esprita de locais e ambientes adequados, de modo a atender, em primeiro lugar, s atividades prioritrias; f) - zelar para que as atividades exercidas em funo do Movimento Esprita sejam gratuitas, vedada qualquer espcie de remunerao; g) - no envolver o Centro Esprita em quaisquer atividades incompatveis com a Doutrina Esprita; h) - aceitar somente os auxlios, doaes, contribuies e subvenes, bem como firmar convnios, de qualquer natureza e procedncia, desvinculados de quaisquer compromissos que desfigurem o carter esprita da Instituio ou que impeam o normal desenvolvimento de suas atividades, em prejuzo das finalidades doutrinrias, preservando, assim, a total independncia administrativa da Entidade. (Transcrito de A Adequao do Centro Esprita para o melhor atendimento de suas finalidades, in Orientao ao Centro Esprita, 4 ed. FEB, 1996.)
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Nufel, sustentando a tese da inconstitucionalidade da exigncia adotada naquele Manual de Requerimento; a segunda foi enviada ao Dr. Geraldo Quinto, Advogado-Geral da Unio, em 27 de novembro de 1996, pleiteando a ingerncia junto ao Ministrio da Justia, no sentido de que procedesse alterao do Manual, no item que exigia modificao dos estatutos das entidades Religiosas/Assistenciais e sua dissociao. Diante dessa solicitao, o Dr. Geraldo Quinto, Advogado-Geral da Unio, enviou ao Ministro da Justia o Aviso n 1220/AGU/96, de 27-12-1996, acolhendo a petio da USEERJ. Em razo desse Aviso, a Secretaria de Justia, do Ministrio da Justia, enviou correspondncia USEERJ, datada de 6-1-1997, esclarecendo que as anlises dos pedidos de Ttulos de Utilidade Pblica Federal no mais se baseiam nas instrues contidas no referido manual de requerimento, com base na Portaria n 131, de 6-3-1996, assinada pelo Exmo. Sr. Ministro da Justia, Nelson A. Jobim. Importante ressaltar que essa portaria adota, em relao s Entidades j desmembradas, o tempo de seu efetivo funcionamento, valendo, para tanto, a data constante no Registro original do Estatuto no Cartrio competente. Dessa forma, corrigiu a indevida exigncia relativa obrigatoriedade de trs anos de funcionamento, para a nova Entidade, fruto do desmembramento, para obter o Ttulo de Utilidade Pblica Federal. Finalmente, ressaltamos a fora inequvoca das atividades unificacionistas do Movimento Esprita pelo empenho e pela ao decisiva de todos os seus rgos, que possibilitaram, no s s Instituies Espritas, mas s de outras denominaes religiosas, gozarem plenamente dos direitos assegurados pela Constituio de nosso Pas. Rio de Janeiro, 10 de julho de 1997. GERSON SIMES MONTEIRO Presidente da USEERJ
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Federao Esprita de Rondnia - Maria Dulcinea Capelossa (FERO, Vice-Presidente); e Roraima Wagner do Carmo Costa (FER, Presidente). Aprovada a ata da Reunio de 1996, o Coordenador submeteu considerao das Federativas o documento Diretrizes de Funcionamento da rea de Assistncia e Promoo Social Esprita, que foi aprovado por unanimidade. Os componentes dessa rea retiraram-se para outra sala, onde discutiram o texto do documento e outros assuntos correlatos. Tambm foi apresentado o documento sobre a organizao e implementao da rea de Assistncia Espiritual e Atividade Medinica, cujas Diretrizes de Funcionamento ficaram como subsdio para a prxima reunio, quando a rea dever ser implantada. Em prosseguimento aos assuntos da Pauta, os Representantes das Federativas fizeram a avaliao do trabalho desenvolvido com base no assunto central da reunio anterior: Reunio de Assistncia Espiritual no Centro Esprita - Informaes e Experincias. Em seqncia, passou-se ao assunto principal da Reunio: O Trabalho de Unificao - conscientizao e prtica. As Federativas Estaduais apresentaram documento escritos ou relatos verbais sobre as atividades desenvolvidas em seus Estados, com o objetivo de organizar e consolidar o trabalho de Unificao junto s Casas Espritas. O Coordenador, Nestor Joo Masotti, tratou com as Federativas sobre a atualizao do Cadastro de Entidades Espritas e deu notcia sobre a prxima reunio do Conselho Esprita Internacional, em Paris (Frana), de 2 a 5 de outrubro prximo, e sobre o 2 Congresso Esprita Mundial, a realizar-se em Lisboa (Portugal), de 30 de setembro a 3 de outrubro de 1998, com o tema O Espiritismo ante o Terceiro Milnio. A prxima reunio ser em Manaus (AM), de 5 a 7 de junho de 1998, com o assunto: Avaliao e dinamizao do Trabalho de Unificao - conscientizao e prtica. SESSO DE ENCERRAMENTO A sesso plenria de encerramento da Reunio Ordinria da Comisso Regional Norte ocorreu na manh de domingo. Nestor comentou os trabalhos da Reunio Geral e os coordenadores da reas especficas relataram as atividades dos seus grupos, a seguir sintetizadas: a) rea do Servio de Assistncia e Promoo Social Esprita, coordenada por Jos Carlos da Silva Silveira: Presentes 5 Federativas e 14 participantes, foram tratados os assuntos relativos preparao de um Cadastro de Entidades e Atividades do SAPSE e a elaborao de um Manual de Apoio ao Dirigente Esprita com vistas ao Servio de Assistncia e Promoo Social Esprita. A FEB apresentou um esboo do texto do Manual para estudo. Esses assuntos tero prosseguimento na prxima reunio. b) rea de Infncia e Juventude, coordenada por Mrcia Borges: O grupo contou com 25 participantes, que relataram as atividades e experincias na Evangelizao Infanto-Juvenil. Foi apresentado e comentado o Projeto 20 anos, de forma a esclarecer sobre seus objetivos, sua justificativa, e a importncia da divulgao nas Casas Espritas da comemorao dos 20 anos da Campanha Permanente de Evangelizao Infanto-Juvenil, com entrega de cartazes e folhetos. Noticiou-se a realizao do III Encontro Nacional de Diretores de DIJs, em Braslia (24 a 26-10-97). Discutido o tema Formao do Evangelizador nos aspectos doutrinrios, afetivos, morais e sociais, vrios pontos foram ressaltados, com vistas s carncias e experincias da rea nas Federativas e Casas Espritas. O assunto da prxima reunio ser A Importncia do Estudo da Doutrina Esprita para o Evangelizador, com abordagem dos aspectos de pureza doutrinria bibliografia recomendada e metodologia de estudo. Observou-se, de modo geral, um grande avano e um visvel crescimento do trabalhador de Evangelizao Esprita Infanto-Juvenil nos Estados da Regio Norte.
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c) rea do Estudo Sistematizado da Doutrina Esprita, coordenada por Maria Tlia Bertoni: Integrado por 17 membros, o grupo relatou as experincias do ESDE em cada Estado e discutiu o assunto da pauta - Critrios de Avaliao da Tarefa do ESDE, chegando concluso da necessidade de um melhor preparo do monitor para seu desempenho. Aps a anlise dos Instrumentos de Avaliao, concluiu-se tambm que, embora adaptados s realidades das Federativas, devem ser mantidos os mesmos critrios estabelecidos. Com dados fornecidos pelas Federativas, foi elaborada uma planilha demonstrativa da ocupao do ESDE na Regio Norte, que totalizou 50% das Casas Espritas com ESDE. Tema para a prxima reunio: Anlise dos Cursos para a Capacitao do Monitor efetuados no mbito da Regio. d) rea de Comunicao Social Esprita, coordenada por Marilucia Monteiro da Rosa, da Unio Esprita Paraense: Os 14 integrantes do grupo relataram as atividades de suas Federativas e fizeram proveitosa troca de experincias, havendo destaque para a Campanha de Divulgao do Espiritismo, com apresentao do material de divulgao elaborado pelas setores de Comunicao Social Esprita de cada Entidade. No item da pauta acerca da realizao de minicursos sobre Radiofonia e Jornalismo, contou-se com a colaborao do radialista Jos Ney, da Radio-difusora do Amap, e do jornalista Renivaldo Costa, da Rede Marco Zero, os quais trouxeram esclarecimentos tcnicos relevantes nas reas de comunicao pelo rdio e pelo jornal impresso, respectivamente. Tratou-se do Encontro Interestadual de Comunicao Social Esprita, com sugesto para que seja realizado em abril de 1998, em local a ser escolhido pelas Federativas Estaduais, com o tema: Organizao e Estrutura da rea de Comunicao Social Esprita nas Federativas e nos Centros Espritas. Para a prxima reunio foi escolhido o tema Experincia, por escrito, em forma de projeto, de curso para a formao de orador/palestrante esprita, promovido pela Federativa, enfocando os aspectos da Comunicao Social Esprita. Ser tambm feita a avaliao e acompanhamento do Projeto SACIAR - Servio Alternativo de Comunicao, Integrao e Acompanhamento Regional, apresentado na Reunio de 1996, e que dever ser implementado atravs da Federao Esprita Amazonense. Nas consideraes finais e palavras de despedida dos Representantes das Federativas e do Coordenador dos trabalhos, houve manifestao unnime de louvor e agradecimento pela harmoniosa e fraterna recepo, como anfitri, da Federao Esprita do Amap, atravs de seus dirigentes e colaboradores. A prece final foi proferida por Dori Vnia da Costa Cunha, do Amazonas, cuja Federativa sediar a reunio de 1998. -//-
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Uma Anlise Jurdica
Na histria da Humanidade, nunca houve tanta repercusso e fama para o veredicto e condenao de uma pessoa, como ocorre com os processos de julgamento e a sentena decretada contra Jesus de Nazareth, h dois mil anos, que determinaram a sua crucificao. Apesar de ser o Evangelho a base tica da Doutrina Esprita, mais interessando seus princpios morais, no seria descabido tentar comentar certos aspectos da vida de Jesus, no caso, seus julgamentos e condenao visando a aperfeioar a compreenso histria de um homem que mudou a histria do mundo. Para isso, escolhemos analisar juridicamente os vrios julgamentos pelos quais Ele passou, com todas as implicaes histrico-literrias, considerando principalmente dois grandes tribunais: perante o sindrio, o tribunal religioso dos judeus, e perante o pretrio, no julgamento civil dos romanos. Para isso, optamos pela metodologia de circunscrever a nossa anlise unicamente a esses fatos, recortando-os e retirando-os da histria, como quando com um microscpio investigamos um material especfico, estudando-o em si mesmo, para depois recoloc-lo no contexto, tentando, com isso, extrair dele o maior nmero possvel de informaes para o seu melhor entendimento. Por isso, no consideraremos, por exemplo, julgamentos posteriores como os de Estvo, Paulo, Pedro, etc., e tambm no nos ocuparemos de fatos paralelos importantes, mas que fogem dos limites do presente como, por exemplo, a negao de Pedro, o suicdio de Judas, o sonho da esposa de Herodes, a execuo da sentena (crucificao), etc. Esclarecemos, desde logo, que a inteno apenas fazer uma anlise jurdica de importantes fatos para a histria da Humanidade, de modo algum objetivando encontrar culpados e inocentes nestes julgamentos, merecendo todos, cristos, romanos, e judeus, o nosso maior respeito e venerao, no se podendo admitir que eventuais erros de algumas individualidades fossem transmitidos s geraes, ou que pudessem ensejar animosidades, o que seria, acima de tudo, a falta de amor a Deus.
Sobre as fontes disponveis Para este artigo nos valeremos das nicas fontes disponveis a respeito, quais sejam, os relatos dos quatro evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e Joo), que - necessrio reconhecer representam um valioso acervo de informaes, para fatos passados to distantes no tempo. No entanto, estamos conscientes dos limites que possuem para um trabalho como este a que nos propomos, porque os evangelistas no escreveram tratados de histria, muito menos seus livros tm o valor de peas jurdicas para instruir processos. Sabemos que seus escritos tiveram em mente o aspecto religioso, de f, enfatizando a mensagem do Mestre, que o mais importante, sem a preocupao de estabelecer preciosismos histricos ou processuais. Por exemplo, claro que nunca poderamos encontrar nos evangelistas todas as perguntas feitas a Jesus, nos interrogatrios a que Ele foi submetido, nos dois tribunais, ou precisamente quais foram, de que natureza, a seqncia precisa dos atos processuais, etc. Afinal, eles no eram escrives para registrar processualmente as audincias. Admitem-se, sim, as fontes como verdadeiras, mas, naturalmente, subordinadas aos limites individuais de seus autores, como quatro pessoas que
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relatam o mesmo fato, conforme sua formao (por exemplo, Lucas era mdico e Mateus publicano), sua capacidade individual, admitindo-se os evangelistas como inspirados mas no infalveis como sustentado, teologicamente, por algumas doutrinas religiosas. No nos esqueamos, tambm, de que, na poca, no havia gravadores, que habilitassem os evangelistas a reproduzir exatamente o que era dito, as palavras corretas, de modo que um vocbulo hoje para ns tem um grau de importncia e preciso que antes no possua, considerando, alm disso, que as fontes foram constitudas e chegaram at ns atravs principalmente da chamada tradio oral. Assim, o fato de existirem informaes que no estejam em todos os evangelistas nada representa, e no invalida essas fontes, pois pode ocorrer que um possua mais informaes do que outro, acerca de um fato, ou seja mais detalhista, ou tenha querido destacar um aspecto, alm do que, cada um teve em vista um pblico especfico. Isto vale tambm para o caso de informaes aparentemente contrrias. Por essa razo, no seria correto dizer que as narraes dos evangelistas so quatro verses para a mesma histria, mas sim, todas so fontes valiosas para reconstitu-la e compreend-la. Tambm, sabemos que os escritos antigos, principalmente os religiosos, eram envolvidos por uma grande parcela de simbologia, cabalista e secreta, que podem escapar ao nosso entendimento mais imediato, afastando, ento, em ns, a pretenso de ter a capacidade de tudo abarcar ou de sermos donos da verdade... Mas o estudo exclusivo dessas fontes, os evangelistas, ter futuramente sua particular e merecida abordagem. Os chamados Evangelhos sinticos Por Evangelhos sinticos se conhecem os relatos de Mateus, Marcos e Lucas, que apresentam uma forma sinttica e um tipo padronizado para descrever a vida de Jesus. Joo no se enquadra nesta classificao, tendo em vista a descrio diferenciada que faz da passagem de Jesus, em estilo mais teolgico, buscando o sentido profundo de Sua existncia e de Sua mensagem. Apesar dos sinticos muito se assemelharem, comentaremos um a um, comparativamente, identificando detalhes diferentes, os quais so muito importantes para um estudo como este. A fim de facilitar o desenvolvimento do texto, utilizamos o mtodo comparativo. Para tanto, consultamos vrias tradues da Bblia, catlicas e protestantes e, devido ao elevado nmero de divergncias, socorremo-nos, tambm, dos textos evanglicos no idioma original, qual seja, o grego, com exceo do de Mateus, escrito em hebraico, mas depois tambm vertido ao grego; alm disso, buscamos ainda a Vulgata, verso ao latim da Bblia e que , para a Igreja Catlica, a verso oficial, traduo essa realizada por S. Jernimo (c.347 -c. 419), com base em textos massorticos, isto , da tradio judaica. O PLANEJAMENTO DA PRISO DE JESUS MATEUS: Cap. 26:3-5 - Ento os sumos sacerdotes e os ancios do povo (1) congregaram-se no ptio (2) do Sumo Sacerdote (3) que se chamava Caifs (4), e decidiram juntos que prenderiam a Jesus por um ardil (5) e o matariam (6). Diziam, contudo: No durante a festa (7), para no haver tumulto no meio do povo (8). (1) - Em algumas tradues aparecem tambm escribas e magistrados do povo; curiosamente, nem na Vulgata, nem no original grego, aparecem estas citaes; (2) - Em algumas tradues aparecem trio, sala, palcio. A Vulgata cita in atrium principis sacerdotum (no trio do principal sacerdote, o sumo sacerdote). A palavra grega original
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aulen. (gr. aul), que pode significar morada, residncia e tambm ptio. Pelo carter reservado do encontro, o mais certo admitir que tenha sido na intimidade da residncia e no em lugar descoberto, como sugerem as tradues ptio ou trio. (3) - Sumo sacerdote (sumo sacerdote, gr. arksiereus, os -; lat. principis sacerdotum-principal sacerdote) era o chefe da hierarquia judaica, smbolo das aspiraes do povo; Aaro, irmo de Moiss, foi escolhido para ser o primeiro (Ex., caps. 28 e 29); inicialmente, o sumo sacerdcio se transmitia em linha direta pelos primognitos; com a dominao romana, a partir da stima dcada a. C., o sumo sacerdote, designado vitaliciamente, passou a ser destituvel ao bel-prazer dos governadores romanos, que imaginaram com isso ter um meio de controlar os judeus. Esta situao gerou uma inevitvel aproximao dos que ocupavam a cpula judaica com os dominadores romanos, para os quais eram os porta-vozes, no se descartando a troca de favores, detalhe esse que parece desempenhar um grande papel na condenao de Jesus, conforme veremos frente. Por outro lado, como conseqncia, ao mesmo tempo criou um distanciamento da liderana judaica em relao ao povo, tendo em vista aqueles passarem a desfrutar de vrias benesses, sendo poucos os que podiam pagar os custos do ofcio, que ficava reservado aos ricos e aristocracia. Aos olhos do povo, apesar do prestgio de liderana, eram considerados colaboradores dos romanos; atualmente, existem muitas controvrsias sobre a real competncia que tinha esta funo. Um detalhe que pode ser aqui destacado que, por exemplo, o sumo sacerdote Caifs foi mantido no cargo por Pilatos at este sair da governadoria da Judia, o que sinal insofismvel de que mantinham boas relaes e muito sugestivo para a compreenso da trama contra Jesus. (4) - Caifs foi sumo sacerdote judeu designado em 18 d.C., por Valrio Grcio, predecessor de Pilatos; em 36 d.C., foi destitudo. (5) - Em algumas tradues, aparecem em dolo, com astcia, em engano, traioeiramente, segredo. Percebe-se que em algumas verses traduz-se o motivo da priso, enquanto noutras considera-se o modo e a forma pela qual ela foi feita; na Vulgata aparece ut Iesum dolo tenerent (e pegarem Jesus com dolo; lat. dolus, i - dolo, astcia; teneo, es, ter, pegar); no original grego aparece Iesoun dlo kratsosin (dominarem Jesus com astcia, com estratagema; gr. dlos, ou, astcia; krato, krtos, agarrar, dominar). Portanto, a melhor traduo, conforme texto original, a forma pela qual foi feita a priso, e no o seu motivo. (6) - Ora, isto demonstra que Jesus estava condenado antes do julgamento perante o sindrio, o qual serviria apenas para dar aparncias de legalidade pena de morte j decretada... (7) - A festa referida era a pscoa (heb.pessach; gr. paskha) judaica, celebrando o xodo, isto , a sada dos judeus do Egito, no sc. XIII a.C. (8) - Indicao de que a deciso tomada se restringia s lideranas. MARCOS: Cap. 14:1-2 - A pscoa e os zimos seriam dois dias depois, e os sumos sacerdotes e os escribas (9) procuravam prend-lo por meio de um ardil (10) para mat-lo (11). Pois diziam: No durante a festa (12), para no haver um tumulto do povo (13). (9) - No original grego, os escribas agora so mesmo citados: Gramateus (gr.gramateus, is-escriba). (10) - No original grego deste evangelista e na Vulgata, a palavra que aparece tambm dolo; v.nota (5) (11) - Outra citao que confirma a prvia condenao. (12) - A festa a pscoa judaica,conforme citao expressa no incio. v.tb nota (7) (13) - Outra citao que confirma que a deciso se restringia s lideranas.
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LUCAS: Cap. 22: 1-2 - Aproximava-se a festa dos zimos (14), chamada pscoa. E os sumos sacerdotes e os escribas (15) procuravam (16) de que modo elimin-lo (17), pois temiam o povo (18). (14) - zimos so os pes feitos sem fermento, levedura, sendo s estes pes que poderiam ser ingeridos quando da pscoa judaica, e na semana seguinte. (15) - No original grego, tambm aparecem os escribas. (16) - Em Lucas, no apontada uma reunio onde decidiram prender e condenar Jesus. Aqui a deciso j estava tomada, e eles apenas procuravam justificativas para apresentar ao povo, pois o temiam, o que enfatiza decisivamente a idia de que eles no encontravam apoio da maioria; (17) - Em Lucas, tambm no se afirma at aqui qual o fundamento para condenar Jesus, apesar da deciso j estar definida; (18) - mais uma citao que confirma que o movimento contra Jesus se restringia aos lderes. JOO: Cap. 11: 46-57 - Mas alguns deles (judeus) foram ter com os fariseus, e disseram-lhes o que Jesus tinha feito (19). Depois os principais dos sacerdotes e fariseus (20) formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muito sinais (21). Se o deixarmos assim, todos crero nele, e viro os romanos, e tirar-nos-o o nosso lugar e a nao (22). E Caifs, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vs nada sabeis. Nem considerais que nos convm que um homem morra pelo povo, e que no perea toda a nao (23). Ora ele no disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou (24) que Jesus devia morrer pela nao. E no somente pela nao mas tambm para reunir em um corpo os filhos de Deus, que andavam dispersos (25). Desde aquele dia, pois consultavam-se para o matarem. Jesus, pois, j no andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali andava com seus discpulos (26). E estava prxima a pscoa dos judeus, e muitos daquela regio subiram a Jerusalm antes da pscoa para se purificarem. Buscavam pois a Jesus, e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? No vir festa? Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se algum soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o prenderem (27). (19) - Jesus tirara Lzaro do estado de morte aparente, o que foi tomado como ressurreio. (20) - Neste evangelista aparecem tambm os fariseus tomando parte no planejamento da priso de Jesus. (21) - Em algumas tradues, encontramos maravilhas, milagres. Na Vulgata, encontramos hic homo multa signa facit (este homem faz muitos sinais); no original grego aparece a palavra snmeia (gr. snmeion, snemeia), que pode ser traduzida tambm como prodgios, que parece ser o sentido mais acertado. (22) e (23) - Aqui aparece um dos fundamentos dos lderes judeus para a priso de Jesus, que seria o temor de que Ele, que rompia com os rituais e a parte formal da Lei Mosaica, dos quais os fariseus eram os expoentes, pudesse cativar o povo, causando uma mudana na estrutura religiosa vigente. Isto significaria um enfraquecimento poltico em relao aos romanos, os quais estavam sob dominao mas, de qualquer forma, mantinham um elo de dependncia para se manterem, principalmente os da cpula judaica; v. nota (3)
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(24) - Aqui aparece outro fundamento, bem enfatizado por Caifs, para a priso e morte de Jesus, que seria a salvaguarda ideolgica da nao judaica, que estava dispersa, e precisava de um bom motivo para reunir-se em torno de uma justificativa, motivando sentimentos nacionalistas. (25) - No original grego aparece profteysen (profetizou, gr. profeteyo-) na Vulgata aparece prophetavit (lat.prophetiz, as, are; - profetizou, predisse); em hebraico, nabi. Aqui no podemos deixar de comentar um detalhe histrico-espiritual muitssimo importante. Na Doutrina Esprita, em O Livro dos Espritos, quest. 868 a 872, em O Livro dos Mdiuns, cap. XVI, n 190, cap. XXVI, n 289, em A Gnese, os Milagres e as Predies segundo o Espiritismo, cap. XVI e XVII, Allan Kardec estudou o tema do conhecimento do futuro, das profecias e das premonies, em que os Espritos explicaram que so modalidades de faculdades medinicas, onde profecia seria o conhecimento do futuro de fatos gerais, de maior relevo, enquanto premonies seriam referentes a fatos de menor expresso, de valor mais pessoal. No Antigo Testamento, que tem 47 livros, em que 18 so de profetas, muito comum aparecer a expresso profetizar, significando aquele que prev acontecimentos futuros e fala em nome de Deus. Porm, neste trecho do Evangelho, fica mais do que evidente que Caifs, profetizando, no falava em nome de Deus, mas em nome de si mesmo, ou, melhor dizendo, em nome de seus interesses e, como era o sumo sacerdote, sua palavra tinha autoridade de profecia e o peso da infalibilidade. Este tambm um detalhe que demonstra o relativismo das Escrituras, competindo ao leitor atento discernir as verdadeiras profecias dos desejos e opinies pessoais, separando o joio do trigo. (26) - Este retiro de Jesus a Efraim tambm uma informao nova, no trazida pelos sinticos. (27) - Este tambm um fato que no se encontra nos outros evangelistas, mas no os contradiz, apenas informando mais um detalhe para a priso de Jesus. COMENTRIOS Atravs das citaes vistas, extramos quatro detalhes importantes, dos quais os trs primeiros encontram-se nos sinticos: a) - a deciso de matar Jesus partiu de alguns lderes da comunidade judaica, reunidos em intimidade; b) - esta deciso no encontrava nenhum respaldo do povo, da a opo de no prend-lo no dia de festa para no criar tumulto; se a deciso tivesse apoio popular, ou pelo menos da maioria, no haveria motivo para tal precauo; c) - Jesus foi condenado pelos judeus antes de ser julgado; d) - o ltimo detalhe, somente encontrado em Joo, que traz valiosas informaes sobre a trama para a priso de Jesus, que a motivao inicial dos judeus para prender Jesus que desencadeou o processo que culminou na Sua crucificao, foi baseada em fundamentos de ordem poltica e no religiosa, no caso, a ameaa de ruptura com as tradies judaicas, no na parte moral, que Ele no contrariava, mas a cumpria, mas na parte formal e ritualstica. Naturalmente, isto levaria a um enfraquecimento poltico perante os romanos, em prejuzo principalmente das lideranas. Tambm havia a convenincia de encontrar um bode expiatrio, apresentado como um inimigo do judasmo, que afinal no o era, mas motivando sentimentos nacionalistas, reagindo assim contra a disperso religiosa ento predominante, em face das sucessivas escravides. Estes detalhes tm muito peso se considerarmos que o Evangelho segundo Joo foi o ltimo a ser escrito ( c. de 110 d. C.), pressupondo-se que o autor estivesse mais amadurecido para considerar os fatos e tivesse obtido mais informaes para escrever, ao contrrio dos autores sinticos, que escreveram ente 70 a 85 d. C.
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A TRAIO DE JUDAS E A PRISO DE JESUS MATEUS: Cap. 26:14-16; 47-56 - Ento um dos doze, chamado Judas Iscariotes (28), foi ter com os prncipes dos sacerdotes. E disse: Que me quereis dar e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata (29), e desde ento, buscava oportunidade para o entregar. E, estando Ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande multido com espadas e varapaus (30), enviada pelos prncipes dos sacerdotes e ancios do povo. E o que o traa tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar (31) esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te sado Rabi. E beijou-o. Ento disse Jesus multido: Sastes, como para um salteador, com espadas e varapaus para me prender? Todos os dias me assentava junto de vs (32), ensinando no templo, e no me prendestes. (28) - Iscariot, em hebraico, quer dizer homem de Cariot, uma aldeia de Jud, qual ele pertencia. (29) - O preo da traio significa, naturalmente, a preferncia das coisas materiais em detrimento das espirituais, demonstrando que qualquer pessoa, em qualquer tempo, pode ainda estar fazendo ou pagando este preo... (30) - A descrio de que havia uma multido com espadas e varapaus para prender um homem pode demonstrar um temor dos judeus de que aquela ao no fosse bem recebida pelo povo e ensejasse reaes, o que realmente aconteceu com Pedro (Jo, 18:10), que tomou da espada para ferir. No deve ser desconsiderado tambm o sentido espiritual, sugerindo paixo e precipitao, acompanhada da violncia, para agir, e o retribuir o mal com o bem, conforme esclareceu Jesus em seguida. Nesta descrio, o evangelista enfatiza que a multido que estava presente havia sido mandada pelos lderes judeus, no significando que isto, necessariamente, queira dizer que estes lderes no estavam presentes, como descrito por outros evangelistas. (31) - Ser um beijo o sinal da traio um detalhe que no pode passar despercebido, e que naturalmente serve para dar ensinamentos espirituais. Nesta passagem o valor simblico est bem caracterizado porque, como se observa em seguida, Jesus no precisaria de sinais para ser identificado, pois Ele mesmo disse que estava todos os dias com eles no templo; o prprio Herodes j tinha ouvido falar dEle (Lc, 23:8). Alm do que, por muitos outros sinais se poderia identificar uma pessoa, ou mesmo s apontando, sem necessidade de aproximao. Pertinente considerar que em todos os povos o beijo tem sido a expresso do afeto, de venerao pessoal ou de fervor religioso, com exceo do beijo servil, em que o escravo beijava a manga ou a tnica de seu amo. E assim sendo, essa passagem encerra uma profunda lio, que enfatiza e multiplica o peso da traio, atravs de uma ao que traduziria afeio, mas que, em verdade, encerra a hipocrisia, de quem no assume os prprios atos, e quer manter as aparncias. (32) - Informao preciosa sobre a vida de Jesus, a de que Ele diariamente trabalhava, ensinando, promovendo a iluminao das conscincias... MARCOS: Cap. 13:10 -11 - E Judas Iscariotes (33) um dos doze, foi ter com os principais dos sacerdotes para Lho entregar. E eles, ouvindo-o, folgaram e prometeram dar-lhe dinheiro (34); e buscava como entregaria em ocasio oportuna.
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Cap. 14:43-49 - E logo, falando Ele ainda, veio Judas, que era um dos doze, da parte dos principais dos sacerdotes, e dos escribas e dos ancios, e com ele uma grande multido com espadas, e varapaus (35). Ora, o que o traa, tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar (36), esse; prendei-o, e levai-o com segurana. E, logo que chegou, aproximou-se Dele, e disse-lhe: Rabi, Rabi. E beijou-O. E respondendo Jesus, disse-lhes: Sastes com espadas e varapaus a prender-me, como a um salteador? Todos os dias estava convosco ensinando no templo (37), e no me prendestes; mas isto para que as Escrituras se cumpram. (33) - v. nota (28). (34) - v. nota (29). (35) - v. nota (30). (36) - v. nota (31). (37) - v. nota (32). LUCAS: Cap. 22:3-6; 47-53 - Entrou, porm, Satans em Judas (38), que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era o nmero dos doze. E foi, e falou com os principais dos sacerdotes, e com os capites (39), de como lhe entregaria. Os quais se alegraram, e convieram em lhe dar dinheiro. E ele concordou: e buscava oportunidade para Lho entregar sem alvoroo. E, estando Ele ainda a falar, surgiu uma multido; e um dos doze, que chamava Judas, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar (40). E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo tras o Filho do homem (41)?... E disse Jesus aos principais dos sacerdotes, e capites do templo, e ancios, que tinham ido contra Ele: Sastes, como a um salteador, com espadas e varapaus? (42) Tenho estado todos os dias convosco no templo, e no estendestes as mos contra mim, mas esta a vossa hora e o poder das trevas. (38) - Este um aspecto novo trazido por Lucas, apesar de ter sido noticiado antes por Joo, por ocasio da ltima ceia (Jo, 13:2). Na Vulgata aparece Intravit autem Satanaz in Iudam (mas entrou Satans em Judas); no original grego aparece tambm satanas (satans, gr.satan;); em hebraico, satan. Em todos os idiomas, a palavra significava adversrio, inimigo. A Doutrina Esprita esclarece que no existem seres votados eternamente para o mal, no tendo a palavra o sentido que tem em outras religies, devendo-se entend-la como sinnimo de espritos inferiores. Em Lucas, possvel que ele se refira influncia negativa em geral, no caso, a Judas, por trair Jesus, e que no poderia proceder de uma inspirao superior. A observao vale porque Lucas foi companheiro de Paulo, que tinha noes mais claras sobre a mediunidade e as influncias espirituais, conforme se observa em suas epstolas. Esta referncia no se encontra nos outros evangelistas. (39) - Em algumas tradues aparecem principais sacerdotes e magistrados, pois na Vulgata aparece principibus sacerdotun et magistratibus (principais sacerdotes e magistrados; lat. principes, ibis - o que ocupa o primeiro lugar; sacerdos, otis - sacerdote; magistratus, us, - magistrado); mas, no original grego, aparece arksiereysin kai strategois (magistrados e chefes do exrcito; gr. arkson, ontos - magistrados, stratega, as - chefe de um exrcito); o que quer dizer que Judas estava acompanhado de uma fora armada pressupondo-se, ento, que a expectativa era de haver reaes.
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(40) - v. nota (31) (41) - v. A expresso Filho do homem serve para designar o Messias, conforme vemos, no Antigo Testamento, na citao do profeta e sbio Daniel (7:13), judeu exilado para a Babilnia, em 587 a.C., na corte do rei Nabucodonosor. (42) - v. nota (30).
JOO: Cap. 18, 2-8: E Judas, que traa (43), tambm conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com os seus discpulos. Tendo pois Judas recebido a coorte (44) e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, archotes (45) e armas. Sabendo pois Jesus todas essas coisas que sobre Ele haviam de vir, adiantou-se (46) e disse-lhes: A quem buscais? Responderam-Lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traa, estava tambm com eles. Quando pois lhes disse, recuaram, e caram por terra. Tornou-lhes pois a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno. E Jesus respondeu: J vos disse que sou eu: se pois me buscais a mim, deixai ir estes. (47) Cap. 18:12 - A coorte (48), o tribuno e os guardas dos judeus prenderam a Jesus e o ataram (49). (43) - Joo omite os detalhes da traio, quando Judas procura os judeus. (44) - A citao de uma coorte, que significa uma unidade ttica de base da legio romana, com 600 homens representando 10% da legio , naturalmente, um nmero bem expressivo para prender um homem. Mas esta citao implicaria a necessidade de reconhecer que os romanos participaram da priso de Jesus e que, portanto, os lderes judeus teriam tido um encontro com os romanos para pedir auxlio de fora policial para a esta priso, encontro esse no descrito pelos evangelistas. Na Vulgata, aparece a palavra cohortem (lat. cohors, tis - coorte); mas no original grego aparece speiron (speira, as-armadura de mo), que no possui o sentido de coorte, mas de arma; em grego, coorte seria Lxos, ou, subst. masc., ou tgma, atos - subst. neutro; em certos dicionrios de grego h meno de que speira, no Novo Testamento, teria um sentido prprio, o que parece ser justificativa adaptada a uma teoria de interpretao para estes fatos. De qualquer forma, optamos por admitir que a palavra correta no indicou a presena de romanos nesta priso e, mesmo que no futuro fosse demonstrado o contrrio, isto , que os romanos tambm participaram deste ato, em verdade isto em nada alteraria a seqncia do acontecimento, ou o sentido da histria, servindo apenas como mais um indcio de que houve um acordo secreto entre romanos e lderes judeus para priso e morte de Jesus. (45) - v. nota (30). Porm, Joo apresenta tambm lanternas e archotes, o que indica que o fato tenha se passado noite, detalhe que no contradiz os sinticos. (46) - O nico evangelista que atribui a Jesus a iniciativa para ser identificado, sem mencionar o beijo de Judas, parecendo que Joo quer preserv-lo, pois ele tambm no anotou o preo da traio, como j vimos. (47) - Outra demonstrao da grandeza de Jesus porque muito comum entregar os companheiros, quando as pessoas estejam em situao difcil ou para serem incriminadas. (48) - v. nota (44) (49) - Detalhe que informa como Jesus foi tratado...
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COMENTRIOS De trechos vistos, extramos trs detalhes importantes sobre a traio e priso de Jesus; a) Judas procurou a cpula judaica para informar onde estava Jesus; b) a priso realizou-se noite; c) para cumprir o mandato de priso os lderes judeus, que estiveram tambm presentes, contaram com a participao de fora policial, que O manteve atado, como se fora um criminoso comum.
O JULGAMENTO DE JESUS PELOS JUDEUS PERANTE O SINDRIO (50), DIANTE DE CAIFS, E ANS MATEUS: Cap. 26:57-67 - E, os que prenderam a Jesus, o conduziram casa do sumo sacerdote Caifs, onde os escribas e os ancios estavam reunidos. E Pedro o seguiu de longe at ao ptio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim (51). Ora os prncipes dos sacerdotes, e os ancios, e todo o conselho, buscavam falso testemunho (52) contra Jesus, para poderem dar-Lhe a morte. E no o achavam, apesar de se apresentarem muitas falsas testemunhas (53); mas por fim chegaram duas (54). E disseram: Este disse: Eu posso derribar o templo de Deus, e reedific-lo em trs dias (55). E, levantando-se o sumo sacerdote disse-Lhe: No respondes coisa alguma ao que estes depem, contra Ti? E Jesus, porm, guardava silncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-Lhe: Conjuro-Te pelo Deus vivo que nos digas se Tu s o Cristo, o Filho de Deus (56). Tu o dissestes; digo-vos, porm, que vereis em breve o Filho do homem assentado direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do cu. Ento o sumo sacerdote rasgou os seus vestidos (57), dizendo: Blasfemou (58); para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfmia (59). Que vos parece? E eles responderam: ru de morte (60). Ento cuspiramlhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam (61). (50) - Sindrio, Sanedrim, era o Conselho nacional, ou local, entre os judeus, dotados de autoridade para julgar questes religiosas ou civis. O Sindrio nacional, ou Grande Conselho dos judeus, se achava em Jerusalm, comumente no Templo mas, s vezes, tambm na casa do sumo sacerdote que, em geral, o presidia. Compunha-se de 72 membros, representando os sacerdotes, escribas e ancios. Os 24 sacerdotes representavam as 24 classes sacerdotais. A assemblia se dispunha em semicrculo, com o presidente ao centro, e todos voltados ao santurio como a lembrar que a justia devia ser observada. Os romanos reconheciam os decretos do Sindrio, mas a pena de morte, no tempo de Jesus, estava reservada autoridade romana (Jo, 18:31), apesar de, posteriormente, o prprio Sindrio ter executado penas capitais; alguns estudiosos acreditam que sua constituio tenha se dado com base no Conselho dos Setenta de Moiss (Num., 2:16). Sobre a dvida de ter ou no ocorrido um julgamento de Jesus perante os judeus, v. COMENTRIOS, logo abaixo. (51) - Pedro seria ento uma testemunha ocular deste julgamento. O detalhe importante, principalmente com relao ao evangelista Marcos, que teve apoio na autoridade de Pedro para escrever o seu relato do Evangelho. (52) e (53) - Naturalmente, a busca de testemunho falso, isto , de informaes inverdicas, teria como conseqncia eivar de ilegalidade a fase instrutria e, por conseguinte, o prprio julgamento; falsas testemunhas so pessoas que dizem assumir uma condio que em verdade no tm, o que difere ligeiramente do falso testemunho precedente, onde a falsidade
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no est na pessoa mas no fato. De qualquer maneira, estes detalhes serviriam para anular o julgamento pela falsidade testemunhal, com a agravante de, em se tratando de um tribunal judeu, seria uma transgresso ao preceito do Declogo, que probe o falso testemunho (Ex., 20:16). Em funo do desenrolar do julgamento, porm, constata-se que isto tambm no tinha nenhum peso ou relevncia para a condenao no tribunal religioso, que em verdade j estava decidida. (54) - A referncia a duas testemunhas provavelmente est relacionada exigncia da Lei Judaica, que determina que, para a condenao capital de algum, tem que haver o depoimento de pelo menos duas testemunhas (Deuteronmio, 17:6,19:15). (55) - Em verdade, tal acusao no pode ser considerada um falso testemunho, isto , uma afirmao falsa, haja vista Jesus ter realmente pronunciado essas palavras (Jo, 2:19). (56) - Na Vulgata aparece Christus filius Dei (Cristo filho de Deus); no original grego aparece Crists ho yis tou Teou (Cristo o filho de Deus). A palavra Cristo, que significa "ungido", a traduo grega da palavra hebraica mashiah, que se refere ao rei que havia de vir. Portanto, Cristo quer dizer o Messias, conforme encontramos em Joo, 1:41. (57) - A citao de rasgar as vestes uma norma da lei judia que, ao ouvir profanado o nome do Senhor, "a corte e as testemunhas", devem rasgar suas vestes; na descrio dos evangelistas, o sumo sacerdote que o fez, no significando com isso, necessariamente, que "s ele" o tenha feito; isto para rebater uma das observaes feita por alguns estudiosos preciosistas, que tentam negar o julgamento de Jesus perante o Sindrio... (58), (59) e (60) - Aqui estaria a fundamentao da condenao de Jesus no tribunal religioso, que seria sua "confisso e blasfmia" de ter-se admitido o Messias. Na Vulgata, blasphemavit (blasfemou; lat. blasphemare), no grego eblasfmesen (blasfemou; gr blasfemo). Em verdade, na descrio de Mateus, no consta que Jesus tenha falado que Ele era o Messias, mas disse que o sumo sacerdote que estava dizendo aquilo. Aqui importante esclarecer que a Lei Judaica distinguia entre "Blasfemar o nome" de Deus e apenas blasfemar, sem dizer o nome, ou s amaldioar, estando previstas diferentes penalidades para estes atos. Admitindo-se que Jesus se tenha reconhecido o Mashiah, conforme est somente na descrio de marcos (14:62), evidente que admitir-se o Messias no blasfemar o "nome de Deus", que pressupe uma frase direta, objetiva, "contra o nome de". Assim, o fundamento da deciso, neste tribunal religioso judaico, foi ilegal, porque a resposta de Jesus no foi blasfematria. Com relao natureza da pena sentenciada (pena de morte), interessante observar que, apesar de ela ter sido abolida pelo preceito do Declogo (Ex., 20:5), passou a ser permitida em alguns casos, pelas "Leis complementares" (Civis) posteriores, as quais, portanto, contrariavam a Lei Geral (Divina). Assim, no xodo (22:18 e ss), ela era prescrita para os que usavam de encantamentos, que sacrificavam outros deuses etc. e, com relao blasfmia, para merecer a pena de morte, necessrio que o acusado blasfemasse o "nome de Deus", que, como vimos diferente de s "blasfemar sem dizer o nome, ou s amaldioar", que eram punveis com pedradas!!!... (Levtico, 24:15-17). Da, provavelmente, porque o sumo sacerdote enfatizou, no interrogatrio, a referncia a Deus, tentando induzir uma resposta blasfematria ao "nome de Deus", o que, em momento algum, Jesus o fez... (61) - Este tratamento recebido por Jesus foi criminoso, sem o menor fundamento, porque Ele era apenas um suspeito, nem sequer tinha sido definitivamente julgado, concluindo-se, pois, que houve excesso de poderes.
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MARCOS: Cap. 14:53-65 - E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais dos sacerdotes, e os ancios e os escribas. E Pedro o seguiu de longe at dentro do ptio do sumo sacerdote, e estava assentado com os servidores, aquentando-se ao lume (62). E os principais dos sacerdotes e todo o conclio buscavam algum testemunho contra Jesus, para o matar, e no o achavam. Porque muitos testificavam falsamente (63) contra Ele, mas os testemunhos no eram conformes. E, levantando-se alguns, testificavam falsamente contra Ele, dizendo: Ns ouvimos-Lhe dizer: Eu derribarei este templo, construdo por mos de homens, e em trs dias edificarei outro, no feito por mos de homens (64). E nem assim o seu testemunho era conforme. E, levantando-se o sumo sacerdote no sindrio, perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes? Que testificavam contra Ti? Mas Ele calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote tornou a perguntar, e disse-Lhe: s Tu o Cristo, Filho de Deus Bendito? E Jesus disse-lhe: Eu o sou (65), e vereis o Filho do Homem assentado direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do cu (66). E o sumo sacerdote, rasgando os seus vestidos, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas? Vs ouvistes a blasfmia (67): que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte (68). Alguns comearam a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a esbofete-lo e a dizer: Faz uma profecia! E os servidores pegaram-no a tapas. (69) (62) - Na Vulgata, ad ignem (junto ao fogo; lat. ignis, is -acus. ignem); no original grego, aparece prs t fs, (ao lado da luz; gr. fots, luz); esta citao indica que o julgamento tambm tenha ocorrido noite, fato que no contradiz os outros evangelistas; no se desconsidera tambm o sentido espiritual da "invigilncia", que tem este detalhe, representando a falta de discernimento para identificar as coisas, pela falta da "luz". (63) - v. notas (52) e (53). (64) - v. nota (55). (65) - Neste relato, pois, Jesus admite-se o Messias, pois bem sabia que o era, apesar de estar provado que Ele no alardeava esta condio. (66) - A referncia ao Filho do homem, que vinha sobre as nuvens, a expresso exata utilizada pelo j citado profeta Daniel (7:13) sobre o Messias, mas aqui tambm Jesus no afirmou que era Ele mesmo. (67) e (68) - v. notas (58), (59) e (60). (69) - v. nota (61). LUCAS: Cap. 22:66-71 - E logo que foi dia (70) ajuntaram-se os ancios do povo, e os principais dos sacerdotes e os escribas, e o conduziram ao seu conclio. E Lhe perguntaram: s tu o Cristo (71)? dize-no-lo. Ele replicou: Se vo-lo disser, no o crereis. E tambm, se vos perguntar, no me respondereis, nem me soltareis. Desde agora o Filho do homem (72) se assentar direita do poder de Deus. E disseram todos: Logo, s Tu o Filho de Deus? E Ele lhes disse: Vs dizeis que eu sou (73). Ento disseram: De que mais testemunho necessitamos? pois ns mesmos o ouvimos da sua boca (74)... (70) - A citao da palavra dia poderia dar a idia de ser pela manh, o que contraria a concluso que tiramos em Marcos (v. nota 58), de que o julgamento tenha sido noite. Porm, pode-se argumentar que, no original grego, a palavra que aparece mra (gr. dia), que tem o sentido tambm de durao de tempo, de um dia, possibilitando entender que o julgamento poderia ter sido noite, depois de "um dia"; alm do que, de qualquer forma, implicaria
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concluir que Jesus teria passado pelo menos mais uma noite preso, ou at mais um dia, sob custdia dos judeus, fato que no contradiz, em ltima anlise, os outros evangelistas. Esta priso seria ilegal porque no se encontram, nas leis mosaicas, fundamentos para prender um homem pelo tipo de crime que Lhe imputavam. (71) - v. nota (56). (72) - v. nota (66). (73) e (74) - v. notas (58), (59) e (60).
JOO: Cap. 18:12-28 - E conduziram-No primeiramente a Ans (75), por ser sogro de Caifs, que era o sumo sacerdote daquele ano (76). Ora, Caifs era que tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse pelo povo (77). ...E o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discpulos e da sua doutrina (78). Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto. Para que me perguntas a mim? pergunta aos que ouviram o que que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito. ...Ans mandou-O manietado (79), ao sumo sacerdote Caifs... Depois levaram Jesus da casa de Caifs para audincia (no pretrio) (80). (75) - Este um detalhe novo, no mencionado pelos outros evangelistas, de que Jesus foi submetido a uma audincia ou prvio interrogatrio perante Ans. (76) - Apesar de Joo o intitular o sumo sacerdote, em verdade ele no o era pois este ofcio ele exerceu de 6 a 15 d.C.; provavelmente, ele ainda assim era chamado por costume, como comum acontecer com as pessoas que continuam a ser chamadas pelo ttulo que j tiveram, sabendo-se tambm que ele exerceu muita influncia sobre o seu genro Caifs. (77) e (78) - Parece que Jesus, nesta audincia, tratado com parcimnia, sem idias preconcebidas, pois Ans fez um interrogatrio doutrinrio, no havendo meno de falsidade de testemunhos ou testemunhas; no mesmo sentido, a informao anterior, enfatizada por Joo, de que Caifs era quem tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse pelo povo, parecendo querer o evangelista, com este detalhe, amenizar a situao para Ans. (79) - v. nota (75). Mais um detalhe que informa o quanto as criaturas estavam distantes de compreender a dimenso de Jesus. (80) - A descrio sugere que Jesus no tenha sido incriminado por Ans, que remeteu-O a seu genro. Alm do que, se Jesus foi levado para a audincia no pretrio, demonstra que o sindrio no podia executar a sentena capital, necessitando de um outro julgamento perante as autoridades romanas. Isto se demonstra, em Joo, 18:31, onde os judeus disseram a Pilatos que no lhes era lcito matar pessoa alguma. Questo ainda discutida pelos estudiosos se das decises do sindrio caberia recurso para as autoridades romanas... COMENTRIOS Importante comentar que so muitos os que rejeitam a idia de que tenha havido um julgamento de Jesus perante os judeus, sustentando, por exemplo, que Sua presena no Sindrio foi apenas um inqurito preliminar, numa reunio de cunho administrativo, haja vista o grande nmero de irregularidades e ilegalidades para que tivesse sido um julgamento, conforme estabelece a Mishn (comentrios rabnicos da Tor), citando, por exemplo: no se
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permitia ao Sindrio julgar ilcitos penais noite, tendo eles que comear e acabar de dia; nenhuma pessoa podia ser julgada por uma acusao em dias festivos; para julgar ilcitos penais, o Sindrio, nacional ou local, no poderia reunir-se fora do Templo, quanto mais numa residncia particular (Deuter. 17:8-10); nenhuma pessoa podia ser considerada culpada por sua prpria confisso. Porm, pela descrio dos evangelistas, dificilmente pode-se deixar de reconhecer que houve realmente um julgamento, e a dificuldade est em pretender que as narraes dos evangelistas tivessem a obrigao de atender todas as dvidas histricas ou formalidades processuais, o que no o caso, como foi comentado no incio. Alm do que, julgamento ilegal bem diferente de julgamento inexistente. Como bvio, o fato de existirem dvidas no motivo para rejeitar as fontes disponveis. Ento, dos trechos vistos, extramos seis importantes detalhes: a) Jesus foi efetivamente submetido a um julgamento pelos judeus, perante o Sindrio, diante de Caifs, que o condenou oficialmente (j estava previamente condenado), sendo tambm interrogado previamente por Ans, perante quem no h meno de Ele ter sido incriminado; b) Ele foi acusado de admitir-se O Messias; c) o julgamento no Sindrio foi noite; d) Jesus foi preso ilegalmente pelos judeus pois, pela Lei Judaica, no havia fundamento para isso; e) apresentaram-se falsas testemunhas (mais de duas) e falsos testemunhos de acusao no julgamento, o que seria uma violao ao oitavo preceito do Declogo, tornando ilegal o julgamento; f) a sentena condenatria foi ilegal porque, em momento algum, Jesus blasfemou o "nome de Deus", e, portanto, no havia fundamento para pena de morte que, apesar de abolida pelo Declogo (Lei Divina), era permitida pela Lei Complementar (Lei Civil); g) houve ilegalidade e excesso de poderes dos judeus quando agrediram fisicamente a Jesus, pois estas atitudes no eram permitidas pela Lei Judaica, que, se proibia falso testemunho, o que no dizer das agresses fsicas gratuitas para algum que, no mximo, era apenas um suspeito, que ainda seria submetido ao julgamento definitivo. -//-
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VITRIA DA CONQUISTA (BA): 44 SEMANA ESPRITA A Unio Esprita de Vitria da Conquista realizar sua 44 Semana Esprita, no perodo de 7 a 14 de setembro corrente, com a abordagem do tema "Evoluo e Espiritualidade", dividido em dezoito subtemas, atravs de conferncias, cursos, pains e seminrios. Sero expositores: Divaldo Pereira Franco (BA), Jos Alberto Medrado (BA), Ary Teixeira Quadros (BA), Anete Guimares (RJ), Eduardo Guimares (RJ), Ana e Geraldo Guimares (RJ), Alberto Ribeiro de Almeida (PA), Jacob Melo (RN) e Adenaur Marco Ferraz de Novaes (BA). -//R. G. SUL: I FRUM "O ESPIRITISMO E A COMUNICAO" Realizou a Federao Esprita do Rio Grande do Sul o I Frum "O Espiritismo e a Comunicao" em 16 de agosto passado, na Assemblia Legislativa do Rio Grande do Sul, com a abordagem dos temas: "O Espiritismo e a Comunicao Social", "O papel dos comunicadores na divulgao do Espiritismo", "Orientao Estratgica para a apresentao de Pesquisa", "Planejamento e Campanha de Divulgao da Doutrina", "Relato de um 'case' - Elaborao de um programa de rdio" e "Divulgao do Espiritismo no Mundo". Foram expositores: Altivo Ferreira (SP), Amir Domingues (RS), Gerson Simes Monteiro (RJ), Gil de Kurts (RS), Jason de Camargo (RS), Jorge Alberto Mendes (RS), Kado Bottega (RS) e Nestor Joo Masotti (DF). -//PARAN: SIMPSIO DE ESPIRITISMO A Federao Esprita do Paran promoveu, de 8 a 10 de agosto, o III Simpsio Paranaense de Espiritismo, dedicado aos 140 anos de "O Livro dos Espritos" e aos 95 anos de sua fundao. O Simpsio ocorreu no Colgio Lins de Vasconcellos, sendo abordado o tema central - "O Livro dos Espritos: h 140 anos iluminando coraes e mentes" - em uma srie de conferncias espritas pelos expositores Divaldo Pereira Franco, Ney Lobo e Jos Raul Teixeira. -//URUGUAI: FEDERAO ESPRITA DIVULGA O ESPIRITISMO A Federao Esprita do Uruguai, membro do Conselho Esprita Internacional, vem intensificando o estudo e a difuso da Doutrina Esprita em todo o territrio nacional, o que tem garantido ao Movimento de Unificao do Espiritismo um aumento crescente do intercmbio entre as Instituies Espritas. Sua nova Diretoria tem na Presidncia o confrade Julio C. Cecchi. -//-
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