336 Manuseio Da Via Aérea Obstruída
336 Manuseio Da Via Aérea Obstruída
336 Manuseio Da Via Aérea Obstruída
Dr Bisanth Batuwitage
Consultant Anaesthetist, Queen Alexandra Hospital, Portsmouth, UK
Editado por:
Dr Nicola Whittle
Escrever a [email protected] 16 de agosto de 2016
Tradução autorizada: Giselle Sachet Ghisi, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
Brasil
QUESTÕES
Antes de continuar, tente responder as questões abaixo. As respostas podem ser encontradas no final do artigo,
juntamente com sua explicação. Por favor, responda Verdadeiro ou Falso:
1. Uma mulher de 69 anos vai a emergência com uma história de 3 dias de estridor com piora progressiva
Uma lesão móvel obstruindo 70% da glote é visualizada com endoscopia nasal com fibra óptica.
a. O manejo medico inicial com oxigênio umidificado, adrenalina nebulizada e esteroides intravenosos deveria
ser considerada.
b. A transferência da paciente para o centro cirúrgico não requer especialista ou equipamento
c. O ideal é induzi-la na sala de anestesia
d. Provavelmente será fácil ventilá-la com mascara
e. É aconselhável que se examine o pescoço e identifique a membrana cricóide utilizando
Pontos chave
• É importante identificar a natureza, nível e velocidade do INTRODUÇÃO
inicio de uma obstrução de via aérea quando se está
planejando a estratégia de manejo. A obstrução da via aérea mais extrema é uma emergência
• Nasoendoscopia por fibra óptica, Tomografia em anestesia que requer intervenção imediata. Nos
Computadorizada e Ressonância Magnética podem ser suportes de vida avançados, refere-se em geral a perda da
consideradas quando há tempo hábil para investigar a perviedade da via aérea em pacientes desacordados ou por
extensão da lesão obstrutiva.
presença de corpo estranho em choques. Nestes casos,
• O manejo da via aérea obstruida requer uma abordagem
multidisciplinar, com um anestesiologista experiente e
manobras que abram a via aérea ou empuxo abdominal
participação cirúrgica desde o inicio para retirar a obstrução podem salvar a vida de alguém
• Uma questão chave a ser considerada é a garantia da via antes que o caso acabe em hipóxia e parada cardíaca. No
aérea enquanto o paciente está acordado. contexto desde artigo, nós iremos discutir no manejo de
• Anestesiologistas deveriam estar familiarizados com vias aéreas obstruídas relacionadas a patologias da cabeça
pacientes nos quais não é possível ventilar ou intubar. e pescoço.
• A valorização de fatores humanos é fundamental para o
sucesso do manejo de uma via aérea difícil. A obstrução da via aérea pode-se apresentar de forma
aguda ou crônica, depende do local, nível estreitamento e
AVALIAÇÃO DO PACIENTE
Sinais e sintomas
Uma história completa deve ser colhida se a situação permitir. Pode haver uma história prévia de problemas das vias
aéreas e/ou histórico de irradiação em cabeça ou pescoço. Prontuários de anestesiologia e alertas de via aérea difícil
devem ser revisados.
Os sinais e sintomas geralmente refletem o local, extensão e velocidade do estreitamento (Figura 2). Em uma obstrução
aguda, por exemplo, devido a um trauma, epiglotite ou angina de Ludwig (celulite do assoalho da cavidade oral e de
tecidos submandibulares), estridor e dispneia são comumente encontrados. O estridor é um som áspero, muito alto,
criada pela passagem turbulenta do ar através da via aérea parcialmente obstruída. Significa que há uma redução de
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pelo menos 50% do diâmetro da via aérea. Quando na fase inspiratória, o estridor aponta para uma obstrução supra
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glótica ou glótica; quando bifásico inspiratório-expiratório-inspiratório implica em comprometimento subglótico . Estridor
expiratório ou gasping classicamente sugerem obstrução traqueal ou traqueobrônquica. Estertor é um tempo para
descrever roncos pesados na respiração e é geralmente gerado por obstrução nasofaríngea, na qual o borbulhamento
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por sugerir origem orofaríngea . Outros sintomas pertinentes de obstrução de via aérea incluem rouquidão, mudança na
voz, uma preferência por não se deitar, dispneia noturna, ortopneia, fadiga progressiva, disfagia e sialorréia.
A obstrução crônica pode apresentar-se de forma insidiosa, uma vez que o paciente vai condicionando-se ao
estreitamento progressivo da via aérea. A ventilação alveolar adequada pode ser atingida no repouso através de um
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orifício tão pequeno quanto 3 milímetros uma vez que os músculos da respiração estejam treinados . Um paciente que
pareça assintomático nesta situação é falsamente tranquilizador. Estridor e deterioração súbita podem apenas aparecer
quando a obstrução torna-se critica. Tumores de crescimento lento na faringe, base da língua, cordas vocais e aqueles
que causam obstrução por compressão externa como de tireoide e de mediastino e algumas doenças neuromusculares
podem apresentar-se desta forma.
Além dos sintomas acima listados, pacientes com obstrução mediastinal podem referir dor torácica ou completude
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gástrica, suor, sintomas de obstrução da veia cava superior, tosse postural e síncope . Podem, ainda, ser
assintomáticos e o tumor um achado incidental em um exame de imagem.
Exame
Deve-se observar a postura adotada pelo paciente. Eles podem estar dispneicos, utilizando musculatura acessória e
necessitando de oxigênio suplementar. A avaliação da via aérea deve envolver abertura da boca, dentição, protrusão da
língua, classificação de Mallampati, subluxação de queixo e movimentos do pescoço. O pescoço também deve ser
Investigações
Figura 4. Imagem de TC ide lesão suplaglótica (fleche preta) em um home de 82 anos, demonstrando o nível e a extensão da
obstrução da via aérea
Para aqueles que requerem intervenção de urgência, o cirurgião chefe deve ser alertado e deve-se deixar preparado
uma equipe especializada e equipamento. Devem ser feitos planos para garantir a via aérea no centro cirúrgico
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juntamente com o restante do time . Transferência inter ou intra hospitalar com o paciente sem via aérea estável deve
ser realizado com pessoal especializado em via aérea. O equipamento deve estar imediatamente disponível para o
manejo da via aérea. Em casso extremos, como obstrução aérea central, pode ser necessário transferir o paciente para
Cuidadosa consideração a cerca dos riscos e benefícios relativos à estratégia de manutenção de via aérea proposta,
preparação do equipamento e plano de contingencia é a chave para o sucesso no manejo antecipado de vias aéreas
difíceis. Deixar claro qual será o papel dos membros da equipe, bem como instruir o time corretamente e a apreciação
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dos fatores humanos são vitais . O líder deve ser facilmente identificável (em geral o anestesista mais experiente
presente) e deve garantir uma comunicação clara e um trabalho de equipe bem estruturado uma vez que a situação
clinica pode mudar subitamente.
ESTRATÉGIAS DE MANEJO
Em uma situação de emergência a natureza da obstrução pode ser desconhecida e a localização, expertise e
equipamento não serem suficientes. Otimizar a oxigenação é fundamental em todas as situações que envolvam a via
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aerea . O manejo médico imediato deve incluir alto fluxo de oxigênio umidificado e considerar corticoide endovenoso.
Nebulizar com adrenalina e Hélio (mistura de 79% hélio/ 21% oxigênio) também pode ser indicada, embora o último
diminua a quantidade de oxigênio que pode ser dada. Quando se torna necessário assegurar a via aérea, a assistência
de um anestesiologista especializado em técnicas de manutenção de via aérea avançada deve ser prontamente
buscada. Os guidelines da Sociedade da Via Aerea Dificil (Difficult Airway Society, DAS) para o manejo de uma
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intubação difícil, não antecipada, devem ser seguidos . Anestesiologistas devem estar familiarizados e com prática
regular no manejo de pacientes nos quais não é possível intubar ou ventilar, incluindo o acesso pelo pescoço.
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O website da Aintree Difficult Airway Management (ADAM) website é útil para a decisão. Ele identifica 10 dispositivos
que podem facilitar o manejo da via aérea difícil, da tradicional laringoscopia direta até a videolaringoscopia,
laringoscopia com fibra óptica rígida e flexível, e cricotireoidostomia por punção ou cirúrgica. Um cenário de via aérea
difícil pode ser selecionado em um menu e a lista de problemas é completa. O site então gera uma matriz de manejo, a
qual gradua a utilidade dos dispositivos, conforme recomendado por um júri de experts, de 1 (minimamente perigoso) a
5 (extremamente perigoso). Com isto, pode-se formar um plano de contingência de acordo com os problemas
observados e os passos para a intubação, com o dispositivo. O site pode ser acessado gratuitamente ou com cobrança
para médicos, os quais podem solicitar um login em http://adam.liv.ac.uk/adam8/login.aspx (Figura 5 e 6).
Existem quatro opções principais a considerar quanto se planeja a estratégia de via aérea (Figura 7):
1) Indução inalatória
2) Indução endovenosa
3) Intubação acordado com fibra óptica
4) Traqueostomia acordado
NAP-4 identificou que o local da obstrução em particular tem grande influência na eficiência e aplicabilidade de uma
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técnica. . Consideraremos estas 4 técnicas.
Dependendo da experiência do operador, disponibilidade do equipamento, local e extensão da obstrução. AFOI pode
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ser utilizado com sucesso . Seu uso deve ser considerado com cuidado após discussão com a equipe cirúrgica e
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nasendoscopia. Pode não ser a melhor opção e existe a chance de causar obstrução complete da via área , por
exemplo, em tumores da glote nos quais o calibre da via aérea pode ser drasticamente diminuído. Também se
recomenda investigar distorções anatômicas, o risco de sangramento a cooperação do paciente e o risco de
comprometimento da via aérea devido over sedação ou topicalização anestésica. AFOI em pacientes com obstrução da
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via aérea, portanto, segue controversa . Na verdade, O NAP 4 relatou falha em 14 dos 23 casos .
A decisão de realizar uma traqueostomia cirúrgica acordado, sob anestesia local, depende da urgência, experiência,
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localização e habilidade em efetuar os planos de contingência . Pode ser indicada quando a estridor severo, uma hemi
laringe fixa, tumores avançados, distorções anatômicas grotescas, laringe não visualizada na nasoendoscopia, ou
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quando devido a intervenção cirúrgica haverá diminuição importante do calibre da via aérea no pós-operatório .
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Diversos casos relatados no NAP 4 foram criticados por falharem na traqueostomia antes a indução . Estra técnica pode
ser bastante desafiadora, dependendo da patologia e da habilidade do paciente de tolerar a posição supina. Um estudo
recente descreve o desfecho de 68 pacientes nos quais foi necessário traqueostomia de emergência devido a obstrução
Quando não há necessidade de traqueostomia, cricotireoidostomia guiada por agulha eletiva pode ser considerada uma
opção, permitindo a cânula ser colocado no local antes da indução, Pode ser utilizada para ventilação por jato, caso
haja falha no posicionamento do tudo endotraqueal e conversão pela técnica de Seldinger (por exemplo, utilizando o kit
Melker de cricotireoidostomia) para uma cricotireoidostomia aberta se necessário. É importante notar o diâmetro da
cânula quando não se está utilizando equipamento padronizado para garantir adequação com a técnica de Seldinger
(em CICO, NAP 4 alerta para uma taxa alta de falha na cricotireoidosmia e o novo guideline da DAS recomenda
abordagem cirúrgica pela face anterior do pescoço).
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Figura 7.Uma ajuda cognitiva para o planejamento da estratégia em uma via aérea obstruída.
De forma grosseira, os dispositivos de intubação endotraqueal podem ser divididos em 4 categorias principais. Cada
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dispositivo possui vantagens e desvantagens e não existe um que seja ideal para todos os cenários . A escolha dá-se
pelo local e natureza da obstrução, disponibilidade do dispositivo e preferência e experiência do operador.
Laringocopia Direta
Laringoscopia direta com lamina de Macintosh é uma técnica bem estabelecida que permite ao operador a ampla
visualização da laringe e estruturas adjacentes. Um Bougie gentilmente inserido pode ser útil. Laringoscopia com lamina
reta retro molar pode ser escolhida para elevar diretamente a epiglote. NAP 4 recomenda evitar múltiplas tentativas em
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pacientes com patologias na cabeça ou pescoço, já que pode se complicar com a obstrução completa. Patologias
supra glóticas podem dificultar o acesso a valécula e com isto a laringoscopia.
Videolaringoscopia indireta
Há uma gama de videolaringoscópios disponíveis atualmente e sua comparação ainda está em andamento. Eles podem
ser divididos em canalizados (como o Airtraq) e não canalizados (como o Storz C-MAC, GlideScope). A imagem é
CONSIDERAÇÕES DA EXTUBAÇÃO
NAP 4 identifica extubação e recuperação imediata como o período de risco para o paciente com patologia na via área
ou pescoço. Nesses casos, é importante entender que a obstrução pode não ser efetivamente aliviada pela cirurgia
devido à doença residual, hematoma ou edema. Risco de sangramento segue sendo uma possibilidade e demanda alto
indicie de suspeição no pós-operatório. O relatório recomenda que a equipe continue imediatamente disponível até da
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extubação até que o paciente esteja efetivamente mantendo sua própria via aérea . Kits de extubação em etapas
podem ser considerados em alguns pacientes. Eles contêm um fio guia que pode ser colocado através do tubo
endotraqueal antes da extubação e um cateter que pode ser passado através do fio guia caso haja comprometimento
da via aérea. Seu uso deve ser discutido com a equipe cirúrgica, uma vez que envolve a instrumentação da via aérea e
pode leva a romper homeostase do local da cirurgia.
SUMÁRIO
O manejo da via aérea obstruída requer cuidadosa avaliação, planejamento e execução para aumentar o sucesso. O
envolvimento do time multidisciplinar desde o cedo é recomendado. O relatório do NAP 4 tem importante impacto na
abordagem para manutenção da via aérea segura em alguns casos (Figura 8). Em particular, ele identifica potenciais
falhas e a necessidade de se estar atento ao plano de contingência com abordagem multidisciplinar.
1. Uma mulher de 69 anos vai a emergência com uma história de 3 dias de estridor com piora progressiva
Uma lesão móvel obstruindo 70% da glote é visualizada com endoscopia nasal com fibra óptica.
a. Verdadeiro. O manejo medico imediato evolve melhora da oxigenação da ventilação espontânea dos
pacientes. Nebulização com adrenalina pode melhorar o fluxo de ar por causar bronco dilatação e
esteroides EV podem diminuir o edema.
b. Falso. A transferência para o centro cirúrgico precisa ser feita com staff experiente e tenha habilidade no
manejo de vias aéreas difíceis, além de equipamento apropriado, caso a situação do paciente se deteriore
durante a transferência.
c. Falso. A indução de pacientes com comprometimento da via ‘aérea deve, idealmente, ser realizada no
centro cirúrgico, com todos os membros da equipe cirúrgica presentes para caso o paciente piore e
necessite de acesso pelo pescoço. Isto foi enfatizado pelo NAP 4.
d. Falso. Em pacientes com piora do estridor e da lesão glótica, a ventilação com mascara pode ser difícil
uma vez que a anestesia geral leva a uma perda do tônus e pode resultar em obstrução complete da via
aérea
e. Verdadeiro. Pode ser útil caso seja necessário acesso anterior pelo pescoço na emergência
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