Eutanásia Como Dilema Na Ética Médica
Eutanásia Como Dilema Na Ética Médica
Eutanásia Como Dilema Na Ética Médica
DELEGAÇÃO DE NACALA
Alima Jaime
Alique Estéfane
Pedro texeira
Delegação de Nacala
Índice
Introdução................................................................................................................................2
EUTANÁSIA COMO DILEMA NA ÉTICA MÉDICA........................................................................3
ARGUMENTOS A FAVOR DE FORNECIMENTO DE SERVIÇOS DE EUTANÁSIA............................3
ARGUMENTOS CONTRA O FORNECIMENTO DE SERVIÇOS DE EUTANÁSIA..............................4
RISCOS......................................................................................................................................5
EUTANÁSIA NO CONTEXTO LEGAL EM MOÇAMBIQUE............................................................6
O QUE FAZER QUANDO UM PACIENTE PEDE APOIO PARA MORRER.......................................6
Conclusão.................................................................................................................................9
Bibliografia.............................................................................................................................10
Introdução
Introduzindo esta materia intendemos que A eutanásia é um tema controverso e que
suscita muitos debates tanto no seio da comunidade médica, como nas organizações
civis e nos sistemas legais. Há dois extremos de pensamentos, os defensores da
eutanásia, que sustentam os seus argumentos na base de que a dignidade humana
consiste no direito de poder eleger livremente o momento da morte e os críticos que se
sustentam sobre a base de que a eutanásia é um assassinato ou assistência ao suicídio
(actos considerados ilegais e imorais). Em certos países como Holanda, a eutanásia é
permitida ao abrigo da lei em determinadas situações seguindo critérios. Em outros,
como nos estados de Oregon e Washington (nos Estados Unidos) o médico também,
seguindo certos critérios, pode fornecer ao paciente terminal os meios de terminar a sua
própria vida mas não pode administrar. Em muitos outros países é reconhecido o direito
do paciente de rejeitar os tratamentos ou procedimentos clínicos extraordinários,
podendo desta forma optar por uma morte tranquila, pacífica e digna.
EUTANÁSIA COMO DILEMA NA ÉTICA MÉDICA
Beneficência: o critério de tratamento deve ser orientado pelo benefício que traz para o
paciente, e esse benefício deve ser medido pelo critério do paciente e não do funcionário
de saúde. Em outras palavras “Beneficência” não é medida pelo clínico mas sim pelo
paciente.
Compaixão: sofrimento não se refere apenas à dor física; tem outros fardos físicos,
existenciais, sociais e psicológicos, como a perca de independência, perca de sentido de
si próprio, perca de capacidade funcional que o paciente pode achar que prejudica a sua
dignidade. Nem sempre é possível aliviar esse sofrimento, e assim a eutanásia pode ser
a resposta mais compassiva/humana a esse sofrimento interminável.
Justiça: o princípio de justiça exige que todos os pacientes têm direito a serem tratados
duma maneira equilibrada. Pacientes competentes, com doença terminal têm o direito
legal de recusar o tratamento que iria prolongar a sua vida, e assim podem diminuir o
tempo de sofrimento. Mas, dependendo da doença a morte (mesmo duma doença
terminal) pode ser mais ou menos rápida. Partindo desse princípio será injusto que
pacientes com doenças terminais que matam mais rapidamente tenham o direito a
sofrimento menos prolongado que pacientes que sofrem de doenças terminais (e
igualmente dolorosos) que matam mais devagar.
O argumento de inevitabilidade. quando um paciente sofrendo duma doença terminal
decide que quer morrer, ele vai procurar uma maneira de se suicidar. Mas é provável
que os métodos de suicídio que o paciente tem acesso resultem numa morte mais
demorada e mais dolorosa que os métodos que o clínico tem acesso.
O desejo para a morte em pessoas saudáveis tal como pessoas sofrendo duma doença
terminal é frequentemente associado com a depressão (uma condição psiquiátrica
tratável com medicamentos e/ou psicoterapia), o estado emocionalmente vulnerável, ou
emocionalmente magoado. Normalmente esse desejo para morrer passa quando a
depressão for tratada ou quando o estado emocional passar.
Imagem social do clínico: a partir do momento em que o clínico começa a ser visto
como facilitador da morte, um papel contrário ao habitual de um indivíduo que salva
vidas, vai haver uma degradação da imagem social do clínico que afectará a
credibilidade e legitimidade das suas decisões. A relação clínico-paciente será afectada
pela consciência do paciente de que deposita a sua vida nas mãos de um indivíduo que
pode pôr fim a sua vida. O acto médico está baseado numa relação de confiança na qual
o paciente deposita no clínico a confiança para os cuidados da sua saúde. Portanto é
difícil conceber uma relação clínico- paciente que esteja mediada por um pacto de uma
morte intencionada.
Possibilidade dum prognóstico inesperado. Por outro lado a medicina não é uma
ciência exacta. Todos sabemos de situações em que o curso de uma doença teve
viragens absolutamente inesperados e surpreendentes: pensemos num caso em que o
clínico chega à conclusão de que o doente é irrecuperável, de que a sua doença é
absolutamente irreversível, e que o tempo de vida que resta ao paciente é mesmo curto;
mas apesar desses vaticínios, o quadro da doença muda completamente: o doente
adquire vitalidade e a vida prolonga-se por um período mais longo do que aquilo que
era previsto pela medicina. O prognóstico e o decurso de uma doença podem ser
imprevisíveis, portanto, o clínico não pode tomar decisões que implicam o fim da vida
de um paciente sobre o qual não pode ter a absoluta certeza do sentido em que vai
evoluir a sua doença.
RISCOS DE EUTANÁSIA
Do ponto de vista legal, é difícil conceber uma lei que regula a eutanásia e que ao
mesmo tempo evita os abusos que possam resultar da sua prática estendida, mesmo que
esta seja limitada aos casos dos pacientes que solicitam consciente e insistentemente que
seja posta fim a sua vida e os sofrimentos associados. Na realidade é difícil evitar o
perigo que representa o trânsito de uma morte solicitada a uma morte não solicitada: o
trânsito da eutanásia aplicada aos pacientes que a solicitam a uma eutanásia que pode
ser imposta aos doentes inconscientes. Nos países africanos com grandes epidemias de
SIDA, pobreza, malnutrição etc., doenças que exigem elevados custos para o seu
cuidado, a legalização da eutanásia poderia criar nestes países um contexto em que a
eutanásia seja aplicada coactivamente aos doentes terminais e sem grandes
possibilidades de recuperação.
O que devemos fazer quando um paciente diz que quer morrer ou que quer
apoio para morrer?
Esses pedidos nunca devem ser ignoradas, desprezadas, tratados duma
maneira leve levemente ou criticados. Em virtualmente todos os casos, a
decisão do paciente de querer morrer foi uma decisão pesada. Sempre deve
ser tratada com respeito, compaixão seriedade e paciência. O Clínico deve
conversar com o paciente para investigar os motivos desse desejo para
morrer.
A conversa com o paciente deve ter os seguintes objectivos:
Confirmar se é isso mesmo que o paciente quer, isto é, quer mesmo
morrer, ou se na realidade quer continuar a viver mas está a ser
pressionado pelos familiares ou pelo sentimento de não querer ser um
peso para a sua família. Há um risco de o doente, perante o
sofrimento que causa aos familiares que tomam conta dele, mesmo
não querendo morrer se sinta obrigado a solicitar uma eutanásia sem
esgotar todas as possibilidades de vida.
Investigar a razão pelo desejo para morrer. O desejo de morrer pode
ser uma indicação de outras necessidades com outras soluções. Por
exemplo:
Depressão que pode ser tratada com medicamentos ou
aconselhamento psicossocial;
Dores que podem ser controladas com melhores cuidados paliativos
(analgésicos e ansiolíticos);
Sofrimento emocional ou espiritual que pode ser abordado com
membros da família com aconselhamento psicossocial ou religioso,
fortalecimento de redes sociais (por exemplo pondo em contacto com
grupos de auto-ajuda ou grupos religiosos, ou simplesmente com
tratamento mais humano pelos funcionários de saúde que cuidam do
paciente;
Vulnerabilidade emocional transitória que passa com o tempo. Por
exemplo, pacientes que querem morrer nos dias em que se sentem
pior e não quando se sentem melhor.
Um sentimento de perca de dignidade por ter ficado incapacitado e
dependente (às vezes para as actividades mais básicas como banhar-
se, usar a casa de banho, etc), que podem ser tratadas com maior
atenção ou orientação de familiares ou outros cuidadores.
Também nessa conversa devem discutir com o paciente as várias
alternativas (tratamentos etc.) à morte acima listadas.
A conversa deve ser repetida várias vezes para explorar as questões
acima listadas e para confirmar se esse desejo para morrer persiste.
Devem procurar saber se o paciente está recebendo os cuidados
necessários e suficientes para o seu caso.
Devem tomar medidas conforme as constatações da conversa listadas
no item 2 e a revisão do processo clínico para confirmar se está a
receber os tratamentos que precisa.
Se for possível referir o paciente a um nível de atenção superior.
Devem repetir a conversa (marcando uma consulta) para ver se o
desejo persiste depois de as medidas serem tomadas.
Se o pedido persiste, confirma-se:
O paciente é competente para tomar a decisão;
O paciente está a sofrer duma doença terminal, sem possibilidade de
recuperação ou tratamento eficaz;
O paciente está a sofrer de dores crónicas e insuportáveis; o Se este
for o caso devem consultar um colega (idealmente de nível superior).