Av. Juscelino Kubitscheck, 146, Jundiaí
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INTRODUÇÃO
O paradigma da sustentabilidade que conglomera questões de sobrevivência do meio
ambiente e o desenvolvimento social, desencadeia um discurso que a priori, é pouco
disseminado no Brasil, contudo nos últimos 30 anos houve uma dilatação da literatura política-
econômica-social empenhadas em expandir o discurso de proteção do meio ambiente para as
gerações futuras, afim de conciliar a necessidade natural e as limitações dos recursos.
Esse amparo esquematiza uma corrente de grande valia para o homem e os recursos
naturais, assim é presumível buscar esforços para refrear a degradação ambiental ainda que haja
reverberação econômica. Nessa conjuntura o ecoturismo ganha-se forma e se desenvolve
historicamente. Na teoria o marco dessa atividade se dá pela sua força motriz de geração de
emprego e renda, transcursado de suas vantagens econômicas e a mutação, portanto, dos
costumes de uso da terra e da estrutura econômica.
No âmbito socioeconômico, a atividade turística se idealizada de forma sustentável,
constitui uma defesa à depreciação do patrimônio ambiental e cultural, bem como sensibiliza a
importância da relação de troca mútua entre a comunidade em geral e a conservação dos
recursos. Todavia para que tal efeito seja vivenciado no futuro, o turismo não pode somente ser
desenvolvido em prol dos aspectos econômicos, e sim do tripé econômico, ecológico e social.
Metaforicamente o turismo em especial se caracteriza pela imagem de uma fábrica sem
chaminé, (Boullón 2002).
No Brasil, os espaços naturais estão situados principalmente nas Unidades de
Conservação, em virtude do despertamento do Governo Brasileiro para questões ambientais
bem como, as infindas possibilidades e renumeração do ecoturismo, salientando para satisfação
da preferência revelada por viagens a zonas naturais com poucas alterações e limpas de
contaminação.
Conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
(2020) o percentual de visitas nas unidades de conservação tem batido suas máximas históricas.
No ano de 2016 houve uma movimentação de 8,2 milhões de turistas nessas unidades, um
aumento de cerca de 430% com relação ao ano de 2006. Este crescimento continuo e acentuado
promovido pelas iniciativas públicas e privadas, desenvolve um dinamismo tanto em centros
de cidades quanto em áreas rurais que incorporam novos métodos de produção e abrandam as
desigualdades regionais e sociais existentes.
No Brasil o turismo mobilizou 492 bilhões em 2019, conforme os dados divulgados pelo
Conselho Mundial de Viagens e Turismo – Wttc, somatório correspondente a cerca de 10% do
Produto Interno Bruto – PIB. Todavia desde o segundo bimestre de 2020, por questões de não
descoberta de defesa da Covid-19, doença oriunda da china que se expandiu exponencialmente
pelo globo, impactou a cadeia produtiva do turismo brasileiro, de acordo com o Portal da
Fundação Getúlio Vargas Projetos o setor sofreu a perda total de 161,3 bilhões, prejudicando
mais de 2 milhões de empregos gerados pelo setor.
Alto Paraíso de Goiás está situado no nordeste goiano, é um dos municípios pertencentes
a zona turística do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, sendo uma das 65 cidades
9º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (10 a 12 de novembro 2020)
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MATERIAL E MÉTODOS
Esta é uma pesquisa bibliográfica, qualitativa para dados bibliográficos, e quantitativos
para a pesquisa de dados secundários documentais. Os resultados são apresentados de maneira
descritiva.
A seleção dos artigos para pesquisa bibliográfica se deu através da mídia eletrônica, no
portal Capes, SciELO, Google Scholar e IBGE. As palavras de busca foram, turismo ecológico,
Chapada do Veadeiros, áreas de proteção ambiental e o nome do município pesquisado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos Socioeconômicos da Localidade de Estudo
Alto Paraíso de Goiás é pertencente a microrregião da Chapada dos Veadeiros,
localizado na região do nordeste goiano. Sua área é limitada pelos municípios de Cavalcante,
Teresina de Goiás, Nova Roma, São João da Aliança, Niquelândia e Colinas do Sul. O
município nasceu do desmembramento de Cavalcante, nesse período sua economia tinha
enfoque na mineração como principal fonte de renda. Em 2017 teve população estimada de
7.517 e densidade demográfica de 2,90 hab./km². (IBGE 2020)
Na tabela 01, observa-se que o município proporciona IDHM de 0,713, valor estimado
alto com base na faixa de desenvolvimento humano, nesse período amostrado o índice geral
cresceu 66,59%, todos os outros IDH obtiveram variação positiva, contudo a dimensão que
mais evoluiu foi o IDH para a educação com 196,67% com relação ao ano de 1991.
Tabela 01. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - Alto Paraíso de Goiás - 1991-2010.
Figura 2: Área atual do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros de acordo com o
Decreto em vigor (Decreto no 86.173/1981), área de ampliação em 2001 (invalidada em 2003)
e limites do Sítio do Patrimônio Natural Mundial – Setor II. Fonte: Banco de Dados
Georreferenciados – ICMBio/MMA.
Tabela 03. Valor adicionado bruto a preços correntes. Alto Paraíso de Goiás -
2011,2014,2017.
Atividade Econômica/ano 2011 2014 2017
O turismo é um constante aprendizado que não se isola da função histórica, logo, essa
vivência é transmitida de diversas maneiras, abrangendo os fatores sociais, culturais,
econômicos entre outros que se interligam entre si, (Panosso Netto 2011). Os dados
apresentados na tabela 03, teoricamente validam o alvo constitucional do Programa de
Regionalização do Turismo, no processo de interiorização da atividade, impulsionados pela
redução da concentração turística nos litorais, de tal modo que, a atividade passe a comtemplar
as diversidades regionais, culturais e naturais, (Beni 2012).
Na tabela 04, apresenta-se o turismo e seus efeitos longitudinal e transversal nas
atividades econômicas de Alto Paraíso de Goiás, nesse entrelaço de influência indireta, destaca-
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se a construção civil com uma evolução de 575% no rendimento médio no período amostrado,
essa decorrência é explanada pelo aprimoramento da infraestrutura nas localidades turísticas e
não turísticas como por exemplo saneamento básico, construção de estradas e instalações para
o pleno desenvolvimento da atividade, ou seja, as visitações geram empregos na área de
construção civil, que posteriormente sustentam os outras atividades.
Tabela 04. Rendimento Médio dos Setores. Alto Paraíso de Goiás. 2011,2014,2017.
Atividade Econômica/ano 2011 2014 2017
Indústria de Transformação 641,71 854,45 1.391,51
Construção Civil 593,02 855,52 3.409,43
Comércio 812,4 985,71 1.259,95
Serviços 812,93 1.127,17 1.389,55
Administração Pública 1.084,50 1.643,70 2.169,35
Agropecuária, Extração Vegetal, Caça e Pesca 977,43 1.248,71 1.711,20
Fonte: Instituto Mauro Borges, 2020.
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Terceiro Setor
(Desligados)
CONCLUSÃO
O desenvolvimento do turismo no PNCV representa uma opção de inserção social aos
municípios limítrofes que por sua vez não são ancorados na marcha do progresso econômico
vivenciados pela concentração industrial nas cidades mais bem estruturadas, o turismo não é
suficiente para garantir a conservação ambiental, portanto para melhor eficiência da
preservação ambiental as regiões carecem de um estado interventor com políticas efetivas para
assegurar e promover o desenvolvimento sustentável.
A análise dos materiais levantados permitiu-se observar as potencialidades da PNCV
com seus atrativos impares de valor cênico, além do panorama marcado pelo peso histórico-
cultural que a região constitui. De maneira que Alto Paraíso de Goiás diante destes princípios
mencionados investiu na estruturação municipal das áreas turísticas e não turísticas, afim de
maximizar os impactos positivos e a qualidade da experiência do turista, e em seguida
minimizar os impactos negativos da visitação.
A complexidade da pesquisa, parte do princípio da materialidade harmônica entre a
relação turismo e desenvolvimento, desse modo observou-se no trabalho a dependência
municipal da atividade turística para o crescimento econômico, embora que a pesquisa
considerou apenas a vertente positiva da mudança geopolítica do município, e a sua
implacabilidade sobre os residentes locais.
O turismo e seu efeito multiplicador em Alto Paraíso de Goiás, fortalecem o
desenvolvimento regional, promovendo geração de emprego e renda, todavia não devem ser
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unicamente os únicos instrumentos de impulso para a economia, assim cabe aos órgãos públicos
e privados repensarem em modelos econômicos alternativos visto o grau de ineficiência do
turismo em meio a cenários adversos ao pleno exercício da atividade.
Nota-se que os mais beneficiados pela ação do município em promover melhores
experiências para os visitantes, são as comunidades locais, que por sua vez com o
aprimoramento das condições básicas da cidade, além do acréscimo ao Estado pela arrecadação
direta e indireta em virtude das inter-relações do turismo, financiam a manutenção do PNCV.
Em acrescimento a pesquisa, seria interessante a realização de uma análise que pudesse
responder as questões contrárias ao turismo na região, que por fim, poderiam enxergar os efeitos
de especulação imobiliária, inflação para assim mensurar a razão custo-oportunidade da atuação
do turismo na economia municipal.
REFERÊNCIAS
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