A Escada de Jacó

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A ESCADA DE JACÓ

“E viu em sonhos uma escada posta sobre a terra, cujo cimo tocava os céus e os anjos de
Deus subindo e descendo por ela.” Gênesis 12.

O jovem Jacó, também chamado Israel,


Em meio ao deserto, deitou-se e dormiu.
Logo pôs-se a sonhar e no sonho ele viu,
Estranha escada cujo cimo tocava o céu.

E nesse sonho, tão estranho quanto real,


Eis uma multidão de anjos indo e vindo,
Pelos degraus, ora descendo ou subindo,
Tal como formigas em seu labor normal.

Jacó acordou com sua mente perturbada,


Sem saber o que pensar da estranha visão
Daqueles seres em tão laboriosa escalada.

O que ela dizia é que o mundo é edifício


Que Deus faz como se fosse um maçom :
Com anjos e homens pedreiros do ofício.

A Escada de Jacó

A Escada de Jacó é um interessante simbolismo utilizado pela Maçonaria como representação


da sua própria estrutura filosófica. Esse termo designa o próprio catecismo maçônico, tomado em
toda sua integralidade, desde os graus simbólicos, até a passagem pelos capítulos de
aperfeiçoamento e os chamados graus filosóficos e administrativos. Percorrer todos os graus das
diferentes Lojas, em qualquer rito maçônico, significa subir a Escada de Jacó. .

No Induismo já se falava numa Escada de Brahma, que todos os iniciados nos mistérios
daquela religião deviam subir. Os hindus acreditavam que o mundo era composto por sete
estratos, cada um atingível por um escada, ou nível de sabedoria iniciática. O primeiro estrato era
a terra, e a consciência humana, o mais ínfimo deles. O segundo era o mundo dos espíritos, ou
da reencarnação. O terceiro era o céu. O quarto era um estado intermediário onde as almas
ficavam, assim que desencarnassem. O quinto era o mundo da regeneração, onde as almas eram
preparadas para reencarnar novamente. O sexto era o Palácio do Grande Rei, onde habitava
Brahma, o Grande Princípio Criador dos céus e da terra. O sétimo era o mundo de Brahma, onde
habitava Brahman, a Essência, o Incriado, a Verdade em Si Mesma, o En Shoph dos cabalistas, o
próprio Deus em sua essência, o Pai da Luz.

Destarte, subir a Escada de Brhama era uma jornada em busca da luz, na qual o espírito ia se
depurando até se livrar de todo resquício de matéria em sua essência. Quando isso acontecia, ele
se tornava pura luz, em condição de reintegrar-se ao Princípio Único, de onde um dia saiu nessa
condição. Por isso toda a jornada de mente psicose que o espirito deveria suportar, em

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sucessivas reencarnações, para atingir esse status.


Essa crença também tinha um interessante paralelo na religião egípcia, embora a aplicação
do processo fosse diferente. Os egípcios acreditavam que essa jornada, que os hindus cumpriam
reencarnando, era realizada em duas etapas. Uma em vida, pela prática da Maat, ou seja, o viver
de forma virtuosa, obedecendo os preceitos dos deuses e vivendo segundo a ética e a moral
recomendada. Quando isso acontecia, o indivíduo, depois de ter a sua alma pesada na balança
de Anúbis, com o contrapeso da pena de Maat, percorria o longo caminho pela Tuat, a terra dos
mortos, enfrentando uma série de perigos, para chegar, enfim, ao território luminoso de Rá, o sol
radiante, no qual ele se tornava um astro brilhante. Nessa jornada, se ele tivesse adquirido mérito
no cumprimento da Maat, ele seria guiado por Osiris e completava, sem problemas essa jornada.

Essa ideia foi adaptada por várias tradições iniciáticas. Os seguidores do mitraísmo também
tinham uma Escada de Mitra, do mesmo modo que os Rosa-Cruzes têm a sua escada
rosacruciana. A teologia católica também dela se utiliza para representar as sete virtudes
teologais, que são representadas, em alguns cultos, como sendo uma escada de sete degraus,
que devem ser subidos pelo praticante.

Na maçonaria o simbolismo da Escada de Jacó é foi uma inspiração dos maçons jacobitas ao
criarem o Rito Escocês Antigo e Aceito. É próprio da maçonaria escocesa e designa os trinta e
três graus do catecismo maçônico previsto no desenvolvimento daquele rito.

É interessante lembrar que a visão que o patriarca Jacó teve em Betel foi escolhida para
simbolizar a cadeia iniciática maçônica porque ela mostra bem o sentido ascendente que o
espírito humano deve seguir quando se procura, realmente, uma forma de aprimoramento. É uma
escalada em todas as direções, do Ocidente para Oriente, do Setentrião ao Meio Dia. No sentido
dos dois eixos traçados pelo esquadro (vertical e horizontal, que significam justiça e perfeição) e
na forma traçada pelo compasso (a circunferência, cujo limite está em parte alguma e cujo centro
está em toda parte), representação do universo.

Isso porque, no tempo e no espaço, o espírito maçônico precisa ser incansável no combate aos
vícios, á injustiça, á tirania e a corrupção dos costumes. A escada que Jacó viu em sonhos tinha
os pés fincados na terra, mas seu cimo tocava os céus. Por ela, os anjos de Deus subiam e
desciam da terra para o céu e do céu para a terra, respectivamente. Essa alegoria demonstra
bem o tipo de comportamento que o maçom deve adotar. Discípulo da razão, não pode ele
desprezar o reino sutil do espírito. Se seus pés devem permanecer fincados na terra, mas seu
espírito, que é luz, precisa dirigir-se constantemente a Deus.

A Escada de Jacó simboliza, portanto, essa ascensão vertical do espírito humano na sua procura
por Deus, e a constante necessidade de descer á terra para cumprir as finalidades da própria
vida, trazendo para ela as virtudes conquistadas nessa escalada. Nesse sentido temos aí uma
representação da ligação possível entre o sagrado e o profano, entre o céu e a terra, numa
interação que complementa as duas estruturas cósmicas e reabilita a idéia da unidade primordial
do universo. Exatamente como faziam os egípcios na aplicação do conceito da Maat. Maat levava
para o ceú os influxos da boa ação humana sobre a terra e trazia do céu as benesses dos deuses
em troca dessas boas ações.

Na tradição da Cabala, a Escada de Jacó é um simbolismo de grande significado para os


judeus. Pela aplicação da técnica na gematria (associação do significado das letras com o seu
valor numeral) a palavra Escada equivale ao número 130. Esse número também corresponde ás
palavras Sinai e ao nome Abraão. Com isso os cabalistas efetuam a ligação simbólica de três
nomes sagrados para eles: Abraão, o pai da sua nação, o Monte Sinai, onde o Senhor apareceu
a Moisés e a visão de Jacó em Betel. Assim, a visão da Escada de Jacó passa a ser a própria
experiência de Israel em busca da sua sacralidade como nação. Essa visão, profundamente
mística e de profundo significado, na maçonaria ganhou um sentido ético e moral, porquanto ela é

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ritualizada como uma escada dupla na qual, de um lado, á medida em que o Irmão vai subindo os
seus degraus, ele vai crescendo em virtude, (levantando templos á virtude), do outro, á medida
em que ele vai descendo os seus degraus, vai enterrando os seus vícios (cavando masmorras ao
vício). Por isso ela é representada como um triângulo equilátero onde os lados são os
degraus(um que sobe, outro que desce) e o chão a sua base. Esse é o sentido do ensinamento
maçônico. O Irmão que souber apreciar esse simbolismo, de certo aproveitará bem o seu
aprendizado.

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