Absenteismono Trabalho
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ABSENTEÍSMO NO TRABALHO
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ABSENTEÍSMO NO TRABALHO
O absenteísmo laboral pode ser definido como falta de assiduidade ao trabalho ou a outros
compromissos sociais, e de acordo com autores como Cucolo e Perruca (2008) ou Fernandes
et al. (2011) apresenta a seguinte tipologia:
- Absenteísmo voluntário (quando as ausências ao trabalho são por razões particulares do
proprio trabalhador);
- Absenteísmo por doença (que inclui todas as ausências por doença ou para procedimentos
médicos, excluindo-se os acidentes ou outros problemas de saúde de origem profissional);
absenteísmo por doença ou acidente profissional (aqueles que são causados pelo próprio
trabalho ou no trabalho);
- Absenteísmo legal (faltas justificadas pela legislação como o nojo, parto, assistencia a
familiares, doação de sangue ou serviço militar, entre outras);
- Absenteísmo compulsório (faltas ao trabalho devido à suspensão imposta pela entidade
patronal, prisão, ou outro impedimento que não permita ao trabalhador chegar ao local de
trabalho).
No entanto, e tendo em conta a diversidade de motivos para haver ausências no posto de
trabalho, utilizamos neste estudo o conceito de absenteísmo no trabalho proposto por
Gaidzinski (1998, apud Porto e Paula, 2010) como sendo apenas as ausências não previstas ao
trabalho.
Conforme é mencionado por autores como Porto e Paula (2010) ou Fernandes et al.,
(2011), este absenteísmo no trabalho afeta as empresas (que são as organizações laborais
públicas ou privadas que trabalham para atingir determinado fim), provoca custos diretos e
indiretos elevados, e é considerado como um fenómeno de etiologia multifatorial,
relativamente ao qual não parece existir uma relação precisa de causa e efeito, mas sim um
conjunto de variáveis que podem levar ao mesmo.
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No entanto concordamos com Umann et al. (2011), quando mencionam que este tipo de
absenteísmo é um importante indicador de avaliação da saúde dos trabalhadores, das
condições em que o trabalho é realizado, da politica de recursos humanos da empresa e do
serviço de saúde ocupacional destas organizações.
A este respeito, Fernandes et al. (2011) sugerem que o absenteísmo de curta duração está
mais associado a causas de origem organizacional, como a cultura da empresa que permite
faltas ou à insatisfação dos trabalhadores com o seu trabalho, enquanto que o absentismo de
longa duração tem uma maior relação com as condições de saúde e com problemas familiares.
Assim, de certo modo, e segundo Sancinetti et al. (2011) sugerem, podemos entender o
absenteísmo laboral como um reflexo do fracasso da socialização por parte dos trabalhadores
enquanto membros destas empresas, ou como um mecanismo de defesa face às pressões
exercidas agrupando-se as suas causas de acordo com os seguintes fatores:
- Fatores do trabalho, sociais, culturais, de personalidade e doença;
- Fatores geográficos, organizacionais e individuais;
- Fatores físicos, psíquicos e sociais;
- Doenças, causas ocupacionais e sociais;
- Fatores ambientais, organizacionais, características individuais e de personalidade.
Autores como Murcho e Jesus (2007) sintetizam estes fatores em fatores organizacionais,
individuais e de ambiente de trabalho, enquanto que outros como Silva e Marziale (2006)
relacionam-nos com aspetos do próprio trabalho, socioculturais, de personalidade ou com
doenças.
Destes três últimos tipos de fatores, a literatura consultada menciona que os fatores
individuais têm sido os menos estudados, embora não sejam os menos importantes, até
mesmo pela vantagem competitiva que o elemento humano traz para as organizações, os quais
incluem as características sociodemográficas, os fatores de mal-estar (pessoal e profissional)
relacionados com este tipo de absenteísmo e os problemas de saúde relacionados com o
stresse (Murcho e Jesus, 2006; 2007; 2008).
Até mesmo porque, como é sugerido por Murcho, Jesus e Pacheco (2008), sabemos que o
trabalho comporta um conjunto de valores que lhe são intrínsecos, sendo uma atividade
indispensável para o desenvolvimento individual e colectivo das pessoas, assim como um dos
principais meios para a aquisição de identidade, de estatuto e uma das fontes de satisfação das
necessidades humanas, pode também estar na origem de algumas doenças, nomeadamente
quando contém fatores de risco para a saúde o trabalhador não dispõe de instrumental
suficiente para se proteger dos mesmos.
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Deste modo autores como Jesus e Bittencourt (2008), Jesus, Rezende e Leal (2009), Jesus
(2010) ou Jesus et al. (2011), sugerem que o trabalho pode ser uma fonte de bem-estar mas
também de mal-estar, podendo este mal-estar ocupacional ser entendido como um sinônimo
de stresse profissional ou de burnout, como uma causa destes dois problemas ou como uma
consequência dos mesmos, e está associado aos efeitos adversos das condições profissionais,
manifestando-se de diversas formas como seja a insatisfação profissional, o esgotamento, a
ansiedade, o stresse, a neurose e a depressão, o desinvestimento, a desresponsabilização, o
desejo de abandonar a profissão e o próprio absenteísmo laboral.
As manifestações desse mal-estar podem ser agrupadas, de acordo com Jesus e Bittencourt
(2008), Murcho, Jesus e Pacheco (2008) ou Jesus (2010) nos seguintes tipos de sintomas:
- Sintomas físicos;
- Sintomas cognitivos;
- Sintomas emocionais;
- Sintomas comportamentais.
Tendo em conta todos os aspetos decorrentes do absenteísmo laboral, não somente aqueles
que estão relacionados com as suas causas como também com os seus efeitos, pensamos ser
importante o aprofundamento do seu estudo, principalmente no sentido da sua prevenção, o
que passa, entre outras propostas de investigação científica, pela criação de instrumentos que
possibilitem a avaliação das várias variáveis que estão associadas a este tipo absenteísmo,
como é sugerido por autores como Porto e Paula (2010), no caso dos fatores de mal-estar
relacionados com o absenteísmo laboral.
Até mesmo porque estes tipos de fatores integram o conjunto de fatores individuais
relacionados com este tipo de absenteísmo, os quais como referiram anteriormente (Murcho e
Jesus, 2006; 2007) têm sido dos menos investigados, embora não sejam os menos relevantes.
Neste sentido, elaboramos este artigo com finalidade de apresentar uma súmula do trabalho
desenvolvido por estes autores (Murcho e Jesus, 2006; 2008), com o objectivo de construir e
validar uma escala tipo Likert, que designamos como Escala de Fatores de Absenteísmo
Laboral (EFAL) para avaliar os fatores de mal-estar relacionados com o absenteísmo laboral,
considerando que na revisão da literatura efetuada não encontramos instrumentos adequados
para avaliar esta variável, apresentando nas secções seguintes uma descrição dos processos
relativos à sua construção e validação, as instruções para a sua aplicação, determinação dos
escores e interpretação dos mesmos, bem como as instruções para o seu preenchimento e a
respectiva escala de respostas.
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Por outro lado, e uma vez que este instrumento foi validado numa população de
enfermeiros e em Portugal, consideramos também que no futuro será importante a realização
de estudos que permitam analisar os resultados do mesmo com outros grupos profissionais,
bem como em outros países, em particular no Brasil.
A correlação, dada pelo r de Pearson (r) dos fatores entre si variou de r = 0,47 (entre a
EFAL1 e a EFAL3) a r = 0,71 (entre a EFAL1 e a EFAL2) e destes com a escala total
(EFAL), de r = 0,71 (com a EFAL4) a r = 0,89 (com a EFAL2) sendo todas estas correlações
muito significativas (vide quadro 1).
Quadro 1
Matriz de correlações entre a escala completa (EFAL) e os seus fatores
Escala completa e fatores 1 2 3 4 5
1 - Escala de Fatores de Absenteísmo
- 0,88*** 0,89*** 0,85*** 0,71***
Laboral
2 - Fatores interpessoais e do ambiente de
- 0,71*** 0,67*** 0,47***
trabalho
3 - Fatores psicossomáticos e de condições
- 0,69*** 0,54***
de trabalho
4 - Fatores administrativo-laborais - 0,48***
5 - Fatores de gestão do tempo e da carreira -
***p <0,001
Quadro 2
Quadro síntese da análise factorial da Escala de Fatores de Absenteísmo Laboral
Índices de
Fatores/ Denominações Definições Itens precisão ()
1. Fatores interpessoais e do São os FMERAL que derivam da relação com 9, 13, 15, 0,88
ambiente de trabalho outras pessoas e do próprio ambiente de trabalho. 16, 19 e 20
2. Fatores psicossomáticos e São os FMERAL que estão associados a aspectos 4,6,10,14 e 0,84
de condições de trabalho psicoemocionais e físicos e com as condições 21
ocupacionais.
3. Fatores administrativo- São os FMERAL que estão associados ao próprio 1, 3, 5 e 7 0,86
laborais trabalho e à relação que o trabalhador estabelece
com ele e com a organização onde trabalha.
4. Fatores de gestão do São os FMERAL que estão associados à gestão do 8, 12, 17 e 0,78
tempo e da carreira tempo e à evolução profissional na carreira de 18
pertença.
Legenda: FMERAL – Fatores de mal-estar relacionados com o absenteísmo laboral; - de Cronbach.
A aplicação da EFAL poderá ser feita de forma individual ou coletiva. Deve-se cuidar para
que os respondentes tenham entendido as instruções e o modo de assinalar suas respostas. É
necessário assegurar também que o ambiente da sua aplicação seja tranquilo e confortável,
não havendo limite de tempo para o seu preenchimento.
Esta escala é composta por quatro fatores. Assim sendo, o cálculo dos escores médios
deverá ser feito para cada um dos fatores (fatores interpessoais e do ambiente de trabalho,
psicossomáticos e de condições de trabalho, administrativo-laborais, e de gestão do
tempo e da carreira).
Deste modo, o cálculo do escore médio da EFAL será obtido somando-se os valores
assinalados pelo respondente em cada um dos itens que integra cada fator e dividindo-se o
valor desta soma pelo número de itens do fator, sendo que para o primeiro fator (EFAL1) a
soma obtida será divida por seis, para o segundo fator (EFAL2) divida por cinco, e para o
terceiro (EFAL3) e quarto fator (EFAL4) será divida por quatro. Referirmos ainda a este
respeito que o resultado deverá estar entre 1 e 6.
Na interpretação dos resultados obtidos pela aplicação desta escala, devemos ter em conta
que quanto maior o escore fatorial médio, maior a perceção dos respondentes relativa aos
fatores de mal-estar relacionado com o absenteísmo laboral que os afetam.
Assim sendo, as médias fatoriais entre 1 e 2 revelam um baixo nível de mal-estar
relacionado com o absenteísmo laboral, médias entre 3 e 4, um nível médio de mal-estar
relacionado com este tipo de absenteísmo, e médias entre 4 e 6, um elevado nível deste mal-
estar.
Finalmente recomendamos que sejam garantidas as propriedades psicométricas da EFAL
pelos seus aplicadores, designadamente o número de fatores, itens, escala de resposta e
instruções que foram submetidas a processo de validação.
O absenteísmo laboral é um fenômeno que pode ser definido como as ausências não
previstas ao trabalho, e pode ser causado por variados fatores. Nesse sentido, procuramos
saber quais as suas causas mais frequentes, a partir da escala abaixo apresentada.
Assim, pede-se ao sujeito para indicar os fatores que pensa que habitualmente levam a que
falte ou possa vir a faltar ao trabalho, assinalando com um “X” no número da escala (pontuada
de 1 = “pouco” a 6 = “muito”) de acordo com o grau de importância que lhe atribui.
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REFERÊNCIAS
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N.; OLIVEIRA, V. B. (Org.). Psicologia da saúde: teoria e pesquisa. São Bernardo do
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UMANN, J. et al. Absenteísmo na equipe de enfermagem no contexto hospitalar. Ciência,
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