Ciência Aplicada Na Educação Básica
Ciência Aplicada Na Educação Básica
Ciência Aplicada Na Educação Básica
Diretor Executivo
Prof. Frederico de Mello Brandão Tavares
Coordenador Editorial
Daniel Ribeiro Pires
Assessor da Editora
Alvimar Ambrósio
Diretoria
André Luís Carvalho (Coord. de Comunicação Institucional)
Marcos Eduardo Carvalho Gonçalves Knupp (PROEX)
Paulo de Tarso A. Castro (Presidente do Conselho Editorial)
Sérgio Francisco de Aquino (PROPP)
Tânia Rossi Garbin (PROGRAD)
Conselho Editorial
Profa. Dra. Débora Cristina Lopez
Profa. Dra. Elisângela Martins Leal
Prof. Dr. José Luiz Vila Real Gonçalves
Prof. Dr. José Rubens Lima Jardilino
Profa. Dra. Lisandra Brandino de Oliveira
Prof. Dr. Paulo de Tarso Amorim Castro
Derli Barbosa dos Santos
Leandro Márcio Moreira
1a edição
Ouro Preto
2018
© EDUFOP
Coordenação Editorial
Daniel Ribeiro Pires
Capa
Arte: Alvimar Ambrósio
Fotos: Abelha: Fig. 16, pág. 70; Besouro: Fig.07, pág. 36; Planta de Açaí: Fig.
09, pág. 46: Rato Listrado: Fig. 06, pág. 35; Tucano: Reprodução - JPeralta
(Pantanal - wordpress.com).
Diagramação
Pollyanna Assis
Revisão
Ciro Mendes, Lívia Moreira, Rosângela Zanetti e Thiago Vieira
Ficha Catalográfica
(Elaborado por: Elton Ferreira de Mattos - CRB6-2824, SISBIN/UFOP)
ISBN 978-85-288-0368-6
Esta obra foi selecionada pelo Conselho Editorial da Editora UFOP, a partir do Edital nº 002/2017,
após avaliação por pareceristas ad hoc.
Todos os direitos reservados à Editora UFOP. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida,
arquivada ou transmitida por qualquer meio ou forma sem prévia permissão por escrito da Editora.
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EDITORA UFOP
Campus Morro do Cruzeiro
Centro de Comunicação, 2º andar
Ouro Preto / MG, 35400-000
www.editora.ufop.br / [email protected]
(31) 3559-1463
SUMÁRIO
09 PREFÁCIO
11 APRESENTAÇÃO
13 A ESTRUTURA DO LIVRO
CAPÍTULO 1
19 ABELHAS E MORANGOS: UMA RELAÇÃO BIOLÓGICA PERFEITA - E POR
QUE NÃO DELICIOSA?
24 1.1 Vamos aprofundar nossos conhecimentos e refletir sobre
o assunto?
25 1.2 Exercícios e atividades multidisciplinares
27 1.3 Conversando sobre o assunto
CAPÍTULO 2
33 SEMENTE QUE IMITA FEZES. COMO ASSIM?
38 2.1 Vamos aprofundar nossos conhecimentos e refletir sobre
o assunto?
39 2.2 Exercícios e atividades multidisciplinares
40 2.3 Conversando sobre o assunto
CAPÍTULO 3
45 O TUCANO E A PALMA. POR QUE UM É TÃO IMPORTANTE PARA
O OUTRO?
52 3.1 Vamos aprofundar nossos conhecimentos e refletir sobre
o assunto?
53 3.2 Exercícios e atividades multidisciplinares
53 3.3 Conversando sobre o assunto
CAPÍTULO 4
59 AS BACTÉRIAS E A NOSSA PELE
64 4.1 Vamos aprofundar nossos conhecimentos e refletir sobre
o assunto?
64 4.2 Exercícios e atividades multidisciplinares
65 4.3 Conversando sobre o assunto
CAPÍTULO 5
69 AGROTÓXICOS: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?
76 5.1 Vamos aprofundar nossos conhecimentos e refletir sobre
o assunto?
77 5.2 Exercícios e atividades multidisciplinares
78 5.3 Conversando sobre o assunto
81 REFERÊNCIAS
83 SOBRE OS AUTORES
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
19 Figura 1 – Morangos in natura
22 Figura 2 – Gráficos relativos à eficiência da polinização
por abelhas
23 Figura 3 – Abelha sugando néctar da flor
24 Figura 4 – Esquema da flor da morangueira e formação do fruto
34 Figura 5 – Plantas da família Restionaceae
35 Figura 6 – Rato listrado da espécie Rhabdomys pumilio
36 Figura 7 – Escaravelho, besouro popularmente conhecido como
“rola-bosta”
37 Figura 8 – Sementes de Ceratocarium argenteum e fezes de antílope
46 Figura 9 – Euterpe edulis, espécie de planta que produz açaí
47 Figura 10 – Tucano
48 Figura 11 – Açaí, fruta muito consumida no Brasil
52 Figura 12 – Desmatamento, uma das principais causas de perda de
biodiversidade no Brasil
60 Figura 13 – Pele de pessoa com vitiligo
62 Figura 14 – Rede de interação entre bactérias em comunidades
encontradas em pele sem vitiligo (a) e com vitiligo (b)
63 Figura 15 – Cultura de bactérias em placa de Petri
70 Figura 16 – Abelha da espécie Bombus terrestris em flor de planta
silvestre
71 Figura 17 – Detalhe da corbícula da abelha
72 Figura 18 – Windsor Great Park, Reino Unido (local de coleta
das abelhas estudadas)
9
des descobertas retratadas em artigos científicos de alto grau de qualida-
de. Sua compreensão e olhar frente a este novo conhecimento, enquanto
professor da rede básica de ensino, o motivou a desenvolver textos de
divulgação científica para que outros professores pudessem também ter
esta oportunidade, mantendo, para isso, a qualidade na transposição
científica, e sempre fazendo uso de uma linguagem de fácil assimilação.
Pode até parecer prepotência, mas tenho certeza de que qualquer
professor que venha a fazer uma leitura desta obra, utilizará parte dos
conhecimentos aqui compartilhados em suas aulas de Ciências, tornan-
do-as diferenciadas. Com isso, esperamos que esse professor consiga
despertar em seus alunos o motivador à curiosidade, principal carac-
terística para o desenvolvimento da Ciência, mas que hoje vem sendo
substituído pela rotina de execução.
Boa leitura. Espero que apreciem.
10
APRESENTAÇÃO
Amigo professor,
Estamos vivenciando um momento de intensas mudanças sociais,
proporcionadas principalmente pelo avanço científico e tecnológico. To-
dos os dias inúmeras descobertas são anunciadas e muitas delas estão
diretamente relacionadas com o nosso cotidiano. Sabendo disso, temos
a necessidade de tornar os nossos alunos cidadãos conhecedores das in-
formações e capacitados para, além de buscar novos conhecimentos, ter
um posicionamento crítico sobre estes. Entretanto, fazer com que nos-
sos alunos pensem cientificamente, buscando informações, propondo
hipóteses, argumentando sobre determinados temas, investigando con-
ceitos, tem se tornado algo cada vez mais difícil. Isto ocorre porque nós,
professores, constantemente nos encontramos sobrecarregados com as
atribuições docentes. Desse modo, falta-nos tempo e disponibilidade
para buscar informações científicas recentes e propor alternativas para o
ensino de ciências que levem os alunos a pensar para além das fronteiras
dos livros didáticos.
Seguimos constantemente um planejamento e o conteúdo proposto
para ser trabalhado com o uso de um livro didático, pautado em um sis-
tematizado conteúdo programático. Este, devido ao excesso de informa-
ções a serem discutidas em um curto espaço de tempo, é preparado para
transmitir conceitos e definições bem estabelecidos, quase sempre fazen-
do uso dos mesmos exemplos e contextualizações. Com isso, o discente
pouco se propõe a buscar novas informações, não consegue relacionar
os conceitos aprendidos com as vivências em sociedade e se volta sem-
pre a uma mesma pergunta, que muitas vezes nem nós mesmos sabemos
como responder: “Para que serve este conhecimento em minha vida”?
Diante dessa adversidade, surgiu a ideia da produção deste livro.
Nele, existe a proposta de um ensino de ciências diferenciado, que vai
ao encontro das necessidades que nós, professores, temos no dia a dia
11
de nossa prática profissional. Com ele, temos o objetivo de possibilitar
que haja transposição didática e socialização do conhecimento científico
aplicado, podendo ser utilizado como material paradidático, de modo a
auxiliar no desenvolvimento do pensamento científico de nossos alunos.
Contrapondo-se a uma repetição de conceitos, que muitas vezes não
fazem sentido para os alunos, cada capítulo deste livro propõe a inter-
pretação de um texto, que nada mais é do que o resumo de uma nova
e importante descoberta científica, publicada em uma das mais con-
ceituadas revistas científicas do mundo. A cada leitura, o despertar da
curiosidade discente e a vontade em compreender melhor o assunto que
está sendo tratado estimula a busca por novas informações. Para isso, o
aluno conta com as atividades multidisciplinares, disponibilizadas após
cada texto, que o ajuda a refletir sobre o tema abordado num contexto e
perspectiva mais amplos. Desse modo, o estudante se envolve com os re-
sultados de pesquisas recentes, atualizando informações fundamentais,
e ainda passa a perceber que os conceitos trabalhados no livro didático
fazem sentido e são úteis para inúmeros avanços sociais. Assim, ao bus-
car informações, pesquisar, investigar e interpretar diferentes textos e re-
lacionar conceitos com a vida em sociedade, o aluno passa a desenvolver
o pensamento científico crítico. Esse é o “pensar ciência” que esperamos
ansiosamente propiciar a nossos alunos.
É importante destacar que este livro não deve ser o único material
de trabalho, mas sim uma ferramenta adicional ao processo de ensino e
aprendizagem. Ele agrega valor às aulas de ciências ao possibilitar uma
forma diferenciada de ensino, mas precisa ser complementado com ou-
tras ferramentas de trabalho. Assistir a vídeos, ler notícias de jornais,
resolver atividades (problemas), investigar informações são alguns dos
recursos que precisamos utilizar para fazer dos nossos alunos jovens
pesquisadores. Por isso, as atividades do livro contam também com essas
diferentes ferramentas de ensino.
12
A ESTRUTURA DO LIVRO
Klatt, B. K.; Holzschuh, A.; Westphal, C.; Clough, Y.; Smit, I.; Pawelzik,
E.; Tscharntke, T. 2014. Bee pollination improves crop quality, shelf
life and commercial value. Proceedings of the Royal Society B 281:
20132440. http://dx.doi.org/10.1098/rspb.2013.2440
13
complexo e de difícil compreensão, o texto apresenta uma pesquisa feita
com organismos contemporâneos, mostrando que a evolução continua
acontecendo e sofre grande influência humana. No texto, fala-se sobre a
evolução de aspectos fenotípicos em palmas encontradas na Mata Atlân-
tica, aqui no Brasil.
Galetti, M.; Guevara, R.; Côrtes, M. C.; Fadini, R.; Von Matter, S.; Leite,
A. B.; Labecca, F.; Ribeiro, T.; Carvalho, C. S.; Collevatti, R. G.; Pires, M.
M.; Guimarães Júnior, P. R.; Brancalion, P. H.; Ribeiro, M. C.; Jordano, P.
2013. Functional extinction of birds drives rapid evolutionary chan-
ges in seed size. Science. DOI: 10.1126/science.1233774
Ganju, P.; Nagpal, S.; Mohammed, M. H.; Nishal Kumar, P.; Pandey, R.;
Natarajan, V. T.; Mande, S. S.; Gokhale, R. S. 2016. Microbial commu-
nity profiling shows dysbiosis in the lesional skin of Vitiligo subjects.
Nature. DOI: 10.1038/srep18761
14
Ao final de cada um dos capítulos há ainda um mapa conceitual
hierárquico contendo os principais conceitos que podem ser trabalhados
após a leitura de cada texto. Talvez não seja possível e nem mesmo ne-
cessário estudar todos os conceitos apresentados. Entretanto, os mapas
possibilitam identificar com maior facilidade qual o texto ideal para se
compreender um determinado tema científico.
Os exercícios presentes em cada capítulo foram elaborados pensan-
do: na necessidade de ampliação do diálogo entre os alunos sobre assun-
tos pertinentes para a sociedade; na possibilidade de interação dos temas
com outras disciplinas; e na obtenção de conhecimentos que vão além
da memorização de conceitos. Você vai perceber a variedade de temas
que podem ser abordados após cada leitura, bem como de conceitos que
podem ser trabalhados e compreendidos juntamente com os textos.
Aproveite cada momento do livro, desde os parágrafos dos textos
até aos exercícios considerados mais fáceis, aproxime-se de seu aluno,
converse com ele e o estimule a desenvolver o pensamento científico.
Bom trabalho!
15
CAPÍTULO 1
ABELHAS E MORANGOS:
UMA RELAÇÃO BIOLÓGICA PERFEITA —
E POR QUE NÃO DELICIOSA?
19
A partir destas informações, uma pergunta que deveríamos fazer a
cada vez que consumimos esse fruto é: seria possível a produção orgânica
de morangos mais resistentes às condições ambientais e capazes de perma-
necer por mais tempo lindos para o consumo? Para a ciência, isso não só
é possível, como já foi feito. Vamos entender como isso acontece? Aperte
os cintos e nos acompanhe nesta aventura pelo conhecimento científico.
Cientistas da Alemanha e da Suécia descobriram que morangos pro-
duzidos a partir da polinização feita por abelhas (entomofilia) são mais
valiosos que os que se desenvolvem por meio de autopolinização ou por
anemofilia (polinização feita pelo vento). Nos estudos realizados por es-
ses pesquisadores, ficou comprovado que os morangos fertilizados por
abelhas têm maior qualidade, durabilidade, além de terem tons mais aver-
melhados, o que os torna mais viçosos. E o que poderia justificar isso?
A ideia dos pesquisadores era a de ampliar os conhecimentos da
sociedade sobre a importância e os benefícios da polinização feita por
animais, mais especificamente por abelhas, demonstrando como são
perfeitos os sistemas biológicos sem intervenção humana. Em outras pa-
lavras, os objetivos da pesquisa centravam no reforço da importância dos
serviços ambientais prestados pelas abelhas; na ampliação da compre-
ensão da relevância econômico-social das abelhas; e na implementação
de políticas sustentáveis de produção e consumo. Para isso, analisaram
experimentalmente os impactos desse tipo de fertilização na quantidade
de colheita e na qualidade, vida útil e valor de mercado do produto.
Metodologicamente, os pesquisadores selecionaram nove importan-
tes variedades comerciais de morango, identificadas como D, Sy, F, L,
E, Sa, H, K e Y, em referência, respectivamente, aos cultivares Darse-
lect, Symphony, Florence, Lambada, Elsanta, Salsa, Honeoye, Korona e
Yamaska. Todas essas variedades foram cultivadas em um campo experi-
mental, e para fazer com que os diferentes tipos de polinização investi-
gados acontecessem, diferentes tratamentos foram empregados.
Num primeiro momento, os pesquisadores colocaram sacos envol-
vendo as flores em algumas das plantas de cada um dos cultivares, o
que impedia a passagem de abelhas e de grãos de pólen levados pelo
20
vento. Caso viessem a ser polinizadas, mesmo assim, isso só poderia
ser explicado por um fenômeno de autopolinização. Em outras plantas,
foram colocadas gazes com porosidade de aproximadamente 0,25 mm,
objetivando que grãos de pólen pudessem permear estas aberturas sem,
no entanto, terem sido carregados por abelhas. Isso implica em dizer que
caso a polinização ocorresse, teria sido mediada pelo vento. Finalmente,
outro conjunto de plantas ficou sem nenhuma proteção, permitindo as-
sim que a polinização pudesse ser intermediada por abelhas.
Após a polinização e o desenvolvimento dos frutos, por um período
fixado, 50 morangos de cada tratamento e de cada cultivar foram coleta-
dos para serem analisados observando as seguintes características:
21
• Sucesso da polinização: para cada tratamento e variedade de mo-
rango foi analisada a proporção de aquênios fertilizados. Aquênios
são os frutos secos presentes no fruto. Quanto mais aquênios fertiliza-
dos, maior o sucesso da polinização e melhor a qualidade dos frutos.
23
Figura 4 – Esquema da flor da morangueira e formação do fruto
Legenda: Observe que o passeio da abelha pela flor possibilita a distribuição dos grãos de
pólen pelos pistilos, nos quais se encontra o estigma. Por meio deste, o grão de pólen entra
no pistilo e chega ao ovário, onde fecunda o óvulo. A partir daí, os aquênios se desenvolvem.
Fonte: Os autores.
24
Aquênios
Frutos e pseudofrutos
Polinização e tipos de polinização
Peso, massa e volume
Serviços ambientais
Hormônios vegetais
Infrutescência e inflorescência
Estrutura da flor
25
a) o peso total de 50 morangos, em kg, produzidos por entomofilia;
b) o peso total de 50 morangos, em kg, produzidos por autopolini-
zação.
a) Que características são essas e por que elas são consideradas me-
lhores?
b) O que, especificamente, possibilita o aumento da qualidade dos
morangos?
26
7. É possível que alguma informação importante sobre as variedades
de morango tenha sido ocultada nos gráficos apresentados como resulta-
do da pesquisa? Em caso afirmativo, dê um exemplo.
27
raná, aponta a pesquisa. O restante foi produzido em Minas Gerais e
São Paulo. (...) O superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo
Paz, explica que a ingestão contínua de alimentos com altos índices
de agrotóxicos pode causar várias doenças, como depressão, má for-
mação congênita, alguns tipos de câncer e problemas de imunidade
e infertilidade”.
Fonte: <http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2013/11/morango-lidera-lista-de-produtos-
com-alto-indice-de-agrotoxicos-no-parana.html>
28
— município produtor de morango no estado de São Paulo — mos-
tra que a jataí se adapta bem às condições das culturas e aumenta
significativamente a quantidade de frutos adequados à comerciali-
zação. (...) ‘As flores visitadas por essa abelha originam morangos
bem formados’, diz Braga. Na presença da jataí, o número de frutos
deformados cai de 85 para 5%. Vale ainda ressaltar que esse inseto
se adapta bem à temperatura e à umidade características das estufas,
assim como à quantidade limitada de alimento. ‘Seu tamanho po-
pulacional e alcance de voo são compatíveis com áreas fechadas de
pequeno porte’, lembra a pesquisadora. ‘Porém, é preciso integrar o
manejo das abelhas nas estufas ao controle de pragas com substân-
cias químicas’. A utilização da jataí em culturas de morango é um
exemplo de que a presença de polinizadores naturais pode ser es-
sencial para que se alcance o potencial máximo de produtividade”.
Fonte:<http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/15/n/abelhas_melhoram_qualidade_
de_morangos>
29
Mapa 1 – Mapa hierárquico de conceitos ligados ao tema focal “reino das plantas”
possíveis de serem estudados com a leitura do texto 1
Fonte: Os autores.
30
CAPÍTULO 2
SEMENTE QUE IMITA FEZES.
COMO ASSIM?
Umas são leves a ponto de serem levadas pelo vento. Outras são gru-
dentas e se prendem aos pelos dos animais, sendo dispersadas ao longe.
Há também as revestidas de substâncias saborosas, que são ingeridas e
dispensadas, via fezes, em outros locais.
Ao longo de centenas de milhares de anos, as plantas, por meio da
evolução, foram criando adaptações na estrutura e composição de suas
sementes, para garantir a dispersão das diferentes espécies pelo ambien-
te, tornando-se, desta forma, mais eficientes em manter seu ciclo repro-
dutivo. Cada uma, com seu recurso específico, coevoluiu com outras
espécies em decorrência das características do ambiente em que vivem.
E em meio a este diversificado poder adaptativo, uma planta evoluiu
de forma diferente, engraçada e superinteressante: suas sementes imitam
fezes de animais para serem dispersadas. Mas como sementes que tem
forma e cheiro de fezes são transportadas para outros locais?
Ao realizar uma série de experimentos, um grupo de cientistas sul
-africanos descobriu essa semente, que imita as fezes de alguns animais
que vivem na região do Cabo Ocidental, na África do Sul, onde a planta
também é encontrada. Além da forma, ela tem um odor semelhante ao
das fezes. A curiosidade dos pesquisadores estava então em descobrir
como ocorria a dispersão de sementes desta espécie, a Ceratocaryum ar-
genteum, pertencente à família Restionaceae.
As plantas dessa família são comuns no hemisfério Sul, com maior
abundância e diversidade na África do Sul e na Austrália. Elas são geral-
mente polinizadas por anemofilia — polinização realizada pelo vento —
e produzem, quase sempre, sementes pequenas, com tegumento preto e
liso, contendo elaiossomo — uma camada de tecido gorduroso atrativa
para as formigas, que fazem a dispersão das sementes enterrando-as.
33
Figura 5 – Plantas da família Restionaceae
34
No entanto, a planta C. argenteum é endêmica da região do Cabo
Ocidental, na África do Sul, sendo encontrada comumente na Reser-
va Natural de De Hoop, e, nessa área, o pequeno mamífero roedor
dominante é o Rhabdomys pumilio (conhecido como rato listrado), e
não os predadores mais comuns de sementes da família Restionaceae
(citados acima).
35
tras hipóteses. Surgiu então a pergunta: seriam as sementes de C. argen-
teum, por terem um forte cheiro de fezes, capazes de atrair organismos
que se alimentam de fezes de mamíferos?
Para responder a essa pergunta, Jeremy Midgley e seus companhei-
ros colocaram sementes de C. argenteum em diferentes locais na reserva
natural de De Hoop. Em cada local onde as sementes foram deixadas, os
pesquisadores colocaram câmeras com sensor de movimento.
Após a colocação das sementes no campo experimental, foi obser-
vado que, em mais de 20 ocasiões, o besouro Epirinus flagellatus (escara-
velho) foi atraído pelas sementes de C. argenteum. Os besouros rolaram
as sementes e as enterraram, numa ação semelhante à que eles executam
com as fezes de animais. No Brasil, esses besouros são conhecidos como
“rola-bosta” e estão diretamente relacionados com ciclagem de nutrientes.
Como se não bastasse essa fantástica descoberta, os cientistas resolve-
ram pesquisar se o cheiro da semente imitava o cheiro das fezes dos ma-
míferos predominantes naquela área, os antílopes. Comprovado! Ao com-
pararem os compostos voláteis das fezes desses animais com os compostos
voláteis das sementes da planta em estudo, os pesquisadores verificaram
que as sementes têm um odor parecido com o das fezes desses animais.
36
E uma vez que o cheiro era muito parecido com o de fezes de antí-
lopes, seriam os formatos semelhantes? Adivinha! A forma da semente é
muito parecida com o formato das fezes. Desse modo, as sementes con-
seguem atrair os escaravelhos (besouros) para que eles transportem e
enterrem as sementes, simulando o ato de enterrar as fezes dos antílopes.
Aí você deve estar se perguntando: e o que o escaravelho ganha com isso?
Quando estes insetos enterram fezes, o fazem com o propósito de
se alimentar desses restos alimentares ou, como observado com maior
frequência, de depositar seus ovos para que as larvas oriundas se ali-
mentem desse substrato. Porém, ao enterrarem as sementes, acabam
descobrindo que o tegumento é muito rígido e abandonam as sementes
já enterradas. Ou seja, os escaravelhos são enganados por essas plantas,
por meio um mecanismo de mimetismo sensacional.
37
2.1 Vamos aprofundar nossos conhecimentos e refletir
sobre o assunto?
2. Assista aos vídeos encontrados nos links abaixo para que você
possa compreender melhor as informações presentes no texto. Leia com
atenção a descrição de cada vídeo:
a) <http://www.nature.com/article-assets/npg/nplants/2015/
nplants2015141/extref/nplants2015141-s4.mp4>
Neste vídeo você vai observar o Rhabdomys pumilio (rato listrado)
e o escaravelho (rola-bosta) levando a semente de Ceratocaryum
argenteum.
b) <http://www.nature.com/article-assets/npg/nplants/2015/
nplants2015141/extref/nplants2015141-s3.mp4>
Neste vídeo você vai observar o Epirinus flagellatus (escaravelho)
carregando a semente de Ceratocaryum argenteum e a enterrando,
como mencionado no texto. Observe com atenção o mecanismo de
38
transporte desse besouro e entenda por que ele é conhecido popu-
larmente como “rola-bosta”.
39
b) Observe que as sementes frescas da planta têm uma volatilidade
superior à das fezes dos antílopes. Após a semente ficar um tempo
livre no ambiente, a liberação de compostos voláteis passa a dei-
xa-las com perfil muito parecido com o das fezes. Proponha uma
explicação para isso, pensando na necessidade da dispersão da se-
mente para a manutenção da espécie.
c) Com base no gráfico, por que as sementes de outras espécies da
família Restionaceae não podem ser consideradas parecidas com as
fezes dos antílopes da região?
40
Em pequenos grupos, converse com seus colegas sobre possíveis
soluções para os impactos ambientais causados pela ação humana, numa
perspectiva local e global. Anote as informações em seu caderno. Poste-
riormente, socialize com os outros grupos as propostas feitas e discuta
com os colegas e com o professor se é ou não possível fazer algo para
solucionar alguns dos problemas ambientais.
Mapa 2 – Mapa hierárquico dos conceitos ligados ao tema focal “evolução biológica”
que podem ser estudados após a leitura do texto 2
Fonte: Os autores.
41
CAPÍTULO 3
O TUCANO E A PALMA. POR QUE UM
É TÃO IMPORTANTE PARA O OUTRO?
45
Figura 9 – Euterpe edulis, espécie de planta
que produz açaí
46
Para plantas de grande porte, produzir sementes grandes é impor-
tante, pois estas possuem maior reserva de nutrientes, maior possibili-
dade de germinação e possibilitam, consequentemente, o surgimento de
mudas maiores. Entretanto, as sementes maiores são dispersas exclusi-
vamente por frugívoros que conseguem ingerir esse tipo de semente —
quase sempre aves de grande porte. Esses tipos de frugívoros são amea-
çados pela caça e também pelo desmatamento, já que possuem um nicho
ecológico que necessita de grandes áreas florestais. As aves menores, por
sua vez, embora resistam a maiores perturbações, não conseguem fazer a
dispersão de grandes sementes, tampouco abranger grandes territórios.
Por conta da extinção ou da redução populacional de grandes aves,
ocorre a perda funcional desses organismos. Uma das funções que deixa
de ser exercida é justamente a dispersão de sementes de tamanhos maio-
res. Isto faz com que os traços de frutos e sementes de plantas de grande
porte sofram mudanças evolutivas rápidas.
Figura 10 – Tucano
47
áreas nas quais houve e não houve redução na quantidade de dispersores
de grandes sementes. Os estudos ocorreram nos dois principais tipos
fisionômicos da mata atlântica: floresta semidecidual e floresta tropical.
Vários fatores podem afetar o tamanho das sementes, tais como
clima, fertilidade do solo, cobertura florestal, entre outros, por isso os
pesquisadores tiveram o cuidado de avaliar cada um deles. No entanto,
nenhum destes fatores teve tanta influência no tamanho das sementes
como as diferenças na fauna. Este último aspecto foi avaliado observan-
do-se que algumas áreas apresentavam extinção ou redução na quantida-
de de grandes aves. Estas áreas foram chamadas de defaunadas — pala-
vra que indica remoção ou destruição de uma população animal.
48
12 mm, são os dispersores mais comuns em áreas defaunadas — nestas
florestas, os frugívoros com pequena abertura de bico são maioria.
Com a comparação das sementes, Galetti e seus colaboradores ob-
servaram que 33% dos frutos encontrados em áreas não defaunadas eram
pequenos e a maioria dos frutos tinha tamanho grande, com 12 mm ou
mais de diâmetro, sendo estes consumíveis por grandes aves. Em con-
trapartida, 98% dos frutos observados nas áreas defaunadas tinham di-
âmetro menor que 12 mm e eram consumíveis por aves com pequena
abertura de bico.
Este resultado indica uma tendência de sementes menores em áreas
com redução da fauna. Por isso, sugere-se que o tamanho da semente está
potencialmente relacionado com o processo de seleção de frutos. Isso
mostra que a variação local no tamanho das sementes não está relaciona-
da com qualquer um dos preditores abióticos citados anteriormente ou
com variáveis na paisagem, mas está consistentemente relacionado com
o estado de defaunação de cada local.
Para que você entenda melhor a relação da defaunação de grandes
aves com a diferença no tamanho das sementes, observe o seguinte: se-
mentes dispersas com a polpa ou que caem sob as plantas pais tem menos
chances de germinar e apresentam alta taxa de mortalidade. Aquelas dis-
persas pelas aves, quer seja por regurgitação ou por defecação, sobretudo
em regiões afastadas das plantas pais, apresentam maiores chances de
sobrevivência. Entretanto, diferentes tipos de aves dispersam sementes
de tamanhos diferentes. As sementes dispersas por tordos apresentam
tamanhos iguais ou menores que 12 mm de diâmetro. As aves com maior
abertura de bico, principalmente os tucanos, dispersam uma maior quan-
tidade de sementes de tamanhos variados, incluindo as com diâmetros
superiores a 12 mm. Sendo assim, em áreas defaunadas, há uma tendên-
cia de a dispersão ser feita por aves pequenas e, por isso, as sementes me-
nores são maioria entre as que germinam e originam novas plantas. Estas
sementes possuem embriões com informações genéticas que levam ao
surgimento de plantas menores, que também produzirão sementes me-
nores. Essas foram as primeiras conclusões dos pesquisadores.
49
Com o objetivo de confirmar esses primeiros resultados, os cientistas
realizaram outros experimentos. Eles avaliaram também a probabilidade
de dispersão de sementes para cada ave em função do tamanho da semen-
te, anotando o diâmetro de sementes dispersas com sucesso (regurgitadas
ou defecadas) e de sementes não dispersas (frutas contendo somente as
marcas de bico) em quatro áreas intocadas e em três locais defaunados.
Neste experimento, observou-se que a probabilidade de dispersão de
sementes com mais de 12 mm de diâmetro era próxima de zero em áreas
defaunadas. Já nas áreas não defaunadas, 32% das sementes que foram
dispersas com sucesso apresentaram tamanho maior que 12 mm. Com
esses novos estudos, observou-se que as áreas defaunadas perderam esta
gama de variação fenotípica no tamanho da semente, sugerindo seleção
direcional para sementes de tamanho reduzido na espécie E. edulis.
Com os experimentos, chegou-se à conclusão de que, em áreas de-
faunadas, os principais dispersores de sementes são aves com pequena
abertura de bico, principalmente os tordos, que são mais resistentes ao
desmatamento. No entanto, estas aves só fazem a dispersão de sementes
menores e, por isso, nessas áreas há uma frequência maior de sementes
com diâmetro menor que 12 mm.
Para concluir os estudos, os cientistas investigaram, por meio de um
modelo evolutivo simples, o potencial da seleção feita pelos frugívoros
para causar as diferenças no tamanho das sementes em áreas defaunadas
e não defaunadas. Após as simulações, foi possível observar que, num
período menor que 75 anos, após um evento grave de redução da fauna
devido a caça ou desmatamento, já é possível haver alteração no tamanho
das sementes de E. edulis.
A extensa conversão de áreas de floresta em áreas agrícolas e a caça
descontrolada levaram a uma redução significativa de grandes aves frugí-
voras, como o tucano. Nas áreas em que essas aves despareceram, há um
sucesso maior na dispersão de sementes pequenas, pois são dispersas por
aves menores. Com isso, as sementes das palmas em áreas defaunadas
apresentam um diâmetro menor.
50
Em geral, os resultados obtidos levam à conclusão de que a defau-
nação pode ter provocado uma mudança evolutiva rápida de uma carac-
terística fenotípica da planta, resultando em uma redução consistente no
tamanho de sementes na Mata Atlântica, isto é, as sementes são menores
em áreas nas quais os grandes dispersores estão funcionalmente extintos.
Mas como isso pode prejudicar as palmeiras?
Com a redução do tamanho da semente, há uma menor reserva de
nutrientes para o embrião que vai germinar e, com isso, as novas mudas
têm um tamanho significativamente menor e são mais vulneráveis à des-
secação, o que resulta em uma maior mortalidade das sementes em con-
dições climáticas mais secas, finalizando com uma redução no tamanho
populacional dessas plantas.
Como a regeneração em áreas defaunadas depende de sementes pe-
quenas, uma ampliação e intensificação dos períodos de seca seria extre-
mamente prejudicial para o estabelecimento de plântulas desta espécie
de palma, que já está ameaçada de extinção. E o pior, pelas alterações
climáticas em curso na América do Sul, infelizmente já é previsto que a
tendência do clima é se tornar justamente mais seco. Assim, esta espécie
poderá até ser extinta.
Portanto, podemos concluir que a interferência humana excessiva
em áreas de ambiente natural pode levar à extinção de diversas espécies
animais e vegetais importantes para o equilíbrio ecológico, resultando
em uma cadeia de efeitos ecológicos e evolutivos que poderão alterar sig-
nificativamente a evolução natural de algumas espécies, interferindo na
história de vida de vários seres vivos, inclusive na dos humanos.
51
Figura 12 – Desmatamento, umas das principais causas
de perda de biodiversidade no Brasil
Seleção natural
Floresta semidecidual e floresta tropical
Extinção
Interações ecológicas
Espécies endêmicas
Adaptação biológica
Biomas mundiais e brasileiros
Classificação das plantas
52
3.2 Exercícios e atividades multidisciplinares
53
sultados da sua pesquisa para os seus colegas e verificar se eles têm a
mesma opinião que a sua.
54
vegetais se tornaram intragáveis para traças e pulgões, ambos utili-
zados nos testes científicos.”
Fonte: <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/10/cientistas-afirmam-que-insetos-aju-
dam-acelerar-evolucao-de-plantas.html>
Fonte: Os autores.
55
CAPÍTULO 4
AS BACTÉRIAS E A NOSSA PELE
59
da exploração dos perfis de comunidades microbianas de pele com e sem
lesão, em indivíduos que apresentam a doença.
A identificação das diferentes comunidades de bactérias foi possível
graças à análise de material genético desses organismos. Para isso, foram
identificadas as bactérias encontradas na pele normal (mais escura) e na
pele com vitiligo (mais clara) de vários indivíduos e foram verificadas
as possíveis diferenças entre as comunidades bacterianas das partes do
corpo com e sem vitiligo.
60
pele, constituindo 45% da comunidade microbiana. Entre as bacté-
rias observadas, mais de um terço pertence aos seguintes gêneros:
Corynebacterium, Staphylococcus, Propionibacterium, Micrococcus,
Kocuria, Acinetobacter, Streptococcus e Paracoccus.
• Composição comunitária nos dois tipos de pele: de acordo com a
pesquisa, há uma maior riqueza de espécies em amostras de pele sem
lesão, em comparação com as contrapartes lesionadas por vitiligo,
ou seja, nas peles em que não há lesão, é possível obter um grande
número de espécies diferentes de bactérias, e nas lesões por vitiligo,
o número de espécies de bactérias encontradas é menor.
• Microbiota específica de cada tipo de pele: no total, 39 táxons (21
gêneros, 9 famílias, 5 ordens e 4 classes) apresentaram uma diferença
significativa, em termos de abundância, entre os dois tipos de pele.
Destaca-se neste resultado o fato de o Corynebacterium (gênero en-
contrado em maior abundância nos dois tipos de pele) estar presente
em maior quantidade na pele sem lesão. Corynebacteriaceae (família)
também é encontrada em maior abundância em amostras não lesio-
nais. Enquanto isso, Flavobacteriales (ordem), Gammaproteobacte-
ria e Flavobacteria (classes) tiveram abundância significativamente
maior em amostras de pele com vitiligo. A tabela a seguir apresenta
a porcentagem relativa de alguns grupos taxonômicos em pele com
e sem lesão por vitiligo:
61
• Relação e associação entre as bactérias na comunidade: os resul-
tados da pesquisa mostraram que há maior diversidade de interações
entre os vários membros da comunidade na pele não lesionada. Este
resultado indica que há uma mudança drástica na dinâmica da co-
munidade quando se compara a pele lesionada e a não lesionada por
vitiligo. A imagem a seguir mostra a rede de interações entre bacté-
rias dos dois tipos de pele. É possível observar que há uma maior
interação entre organismos na pele sem lesão.
62
culação por parte dos cientistas, sugerindo que a doença poderia estar
relacionada a alguma alteração nas comunidades microbianas da pele.
63
possibilita o início de um estudo que pode levar a novos diagnósticos e
tratamentos para o vitiligo.
Microbiota
Taxonomia
Táxons (níveis taxonômicos)
Reino monera (bactérias)
Tecidos dos animais (epiderme e derme)
Pele humana (pigmentos da pele)
Sistema imune
Vitiligo
Níveis de organização dos seres vivos
64
b) O sintoma mais evidente desta doença é a perda de pigmentação
da pele devido à morte de melanócitos. Isso faz com que a pele fique
clara, sem cor. Quais as possíveis consequências dessa perda de pig-
mentos para o organismo? De que formas esses problemas podem
ser amenizados?
c) Ainda não existe uma informação definitiva sobre o que causa o
vitiligo. O texto lido cita que uma das causas pode ser a alteração na
microbiota da pele ou no funcionamento do sistema imunológico
da pessoa. Procure mais informações sobre o assunto e cite outras
possíveis causas do vitiligo. Analise as causas encontradas e respon-
da: na sua opinião, qual é a causa mais provável para esta doença?
Por que?
65
a) Com base nas informações presentes no texto e na notícia acima,
explique por que o tratamento com medicamentos para artrite reu-
matoide teve resultados positivos na cura do vitiligo.
b) A notícia afirma que o vitiligo é causado por alterações no siste-
ma imune. Com base em todas as leituras feitas, é possível afirmar
definitivamente que esta é a causa da doença? Justifique.
c) Forme grupos e converse com seus colegas sobre as possíveis
causas do vitiligo e, para cada causa, proponha um tipo de trata-
mento. Anote essas informações em seu caderno e compartilhe com
os colegas de sala.
Mapa 4 – Mapa hierárquico com conceitos ligados ao tema focal “corpo humano”
que podem ser estudados e compreendidos após a leitura do texto 4
Fonte: Os autores.
66
CAPÍTULO 5
AGROTÓXICOS:
PROBLEMA OU SOLUÇÃO?
69
que é utilizado para proteger a plantação dos insetos nocivos, não estaria
também prejudicando o plantio, eliminando os insetos polinizadores.
Embora possa parecer uma novidade, várias pesquisas avaliando o
impacto de diferentes tipos de agrotóxicos sobre comunidades de abelhas
já foram realizadas. Entretanto, a maioria delas investiga os impactos so-
bre a colmeia como um todo e em espécies específicas, sobretudo em Bom-
bus terrestris e Bombus impatiens, abelhas comuns na Europa e na América
do Norte, respectivamente. Essas abelhas são mais facilmente manuseadas
em laboratório e por isso são amplamente utilizadas em pesquisas.
Entretanto, ao pesquisar somente essas espécies, há uma limita-
ção em saber quais impactos os agrotóxicos podem causar em outras
abelhas, que participam da polinização de plantas silvestres. Veja que
o impacto, caso exista, pode ir além das abelhas. Ao causar danos em
abelhas-rainhas o agrotóxico pode impedir a reprodução na colmeia e a
redução de abelhas impacta diretamente a fecundação em plantas silves-
tres, prejudicando todo o ambiente.
70
Figura 17 – Detalhe da corbícula da abelha
71
cação (já deveriam ter um ninho para postura de ovos) e, por isso, não
seriam bem aproveitadas na pesquisa.
A região de Windsor Great Park, onde foram coletadas as abelhas, é
cercada por áreas agrícolas e urbanas, onde as rainhas podem também ter
entrado em contato com pesticidas utilizados em jardins ou culturas. Por
esse motivo, os pesquisadores não puderam controlar a exposição das
rainhas coletadas a outros pesticidas e nem teriam como saber o quanto
esses pesticidas anteriores poderiam influenciar os resultados. Para di-
minuir qualquer influência, as rainhas foram distribuídas aleatoriamente
nos grupos de tratamento, que são aqueles que, durante a pesquisa, não
recebem nenhum tipo de inseticida, para efeitos de comparação com os
outros que foram contaminados.
72
pesquisadores possam verificar se o causador de qualquer alteração ob-
servada nas rainhas é realmente o agrotóxico testado.
As rainhas foram então distribuídas em caixas de criação e mantidas
numa sala escura a uma temperatura constante de 28 °C e umidade de
50%. Para cada caixa, foi disponibilizado um xarope com açúcar como
alimento e grãos de pólen, imitando o ambiente natural das abelhas.
As caixas de criação receberam diferentes doses do inseticida Tia-
metoxam™, conforme a tabela a seguir:
73
nidificação). Após o período de quatro semanas, todas as abelhas foram
congeladas e foi iniciado o processo de análise.
As principais observações feitas e comparadas foram em relação à
alimentação, à sobrevivência até o final da experiência de quatro sema-
nas, à iniciação da produção de cera, à iniciação da postura de ovos e
ao comprimento médio dos oócitos (células reprodutoras). No final do
período de tratamento, com a exclusão de abelhas infectadas e a perda
de abelhas que escaparam, restaram 230 abelhas das diferentes espécies
para serem avaliadas. Os principais resultados obtidos são os seguintes:
74
quatro semanas. Foi a espécie mais rápida. B. pratorum teve a taxa
de iniciação de colônia mais baixa.
75
nhas selvagens. Esse impacto pode, indiretamente, interferir na dinâmica
da população de abelhas e no funcionamento da colmeia, uma vez que
pode haver problemas reprodutivos. Portanto, o inseticida Tiametoxam™
pode, além de eliminar pragas de plantações, prejudicar abelhas selvagens,
que são fundamentais para a polinização de diversas espécies de plantas.
Com base nos resultados, os autores afirmam que é urgentemente
necessário obter mais informações sobre os resíduos e a persistência dos
pesticidas nas culturas, nas plantas silvestres e nos ninhos de abelhas
selvagens, a fim de avaliar os riscos de exposição aos agrotóxicos e de-
senvolver formas de prevenir a redução das espécies devido ao contato
com agroquímicos.
Como seres racionais que somos, e usando esse raciocínio para enten-
der que somos completamente dependentes de outras espécies para nossa
sobrevivência, devemos buscar maneiras de continuar cultivando nossos
alimentos, mas sem destruir toda a fauna e flora ao redor das plantações.
Agrotóxicos neonicotinoides
Interações ecológicas (sociedade)
Classificação biológica (artrópodes)
Abelhas (função da rainha, do zangão e das operárias)
Reprodução das abelhas
Polinização (tipos de polinização)
Estações do ano (no Brasil e na Europa)
Verminoses
76
5.2 Exercícios e atividades multidisciplinares
77
a elaboração do quadro, informe como cada característica estudada pode
interferir na sobrevivência da espécie (caso a característica tenha sofrido
alterações em relação ao grupo controle).
78
De acordo com o professor Gonçalves, as abelhas são eliminadas por
várias causas, entre elas, os pesticidas neonicotinoides. Os agrotóxi-
cos ‘agem no sistema nervoso das abelhas, principalmente no cére-
bro, fazendo com que elas tenham um problema de comunicação e
se desorientem, esquecendo o local das colmeias’. O resultado desse
efeito é que os insetos acabam desaparecendo e morrendo.
(...)
Segundo Breno Freitas, professor da Universidade Federal do Ce-
ará, com o efeito dos neonicotinoides, as abelhas podem passar a
não reconhecer mais a rainha e matá-la. ‘As larvas alimentadas com
produtos contaminados podem chegar a causar uma série de mor-
talidades e até o nascimento de abelhas com deficiência’, comenta
Breno Freitas.
Fonte: <http://www.agronatur.com.br/noticias/agrotoxicos_ameacam_abelhas_de_extincao>
79
Mapa 5 – Mapa hierárquico dos conceitos ligados ao tema focal “meio ambiente”
possíveis de serem estudados a partir da leitura do texto
Fonte: Os autores.
80
REFERÊNCIAS
GALETTI, M.; GUEVARA, R.; CÔRTES, M. C.; FADINI, R.; VON MAT-
TER, S.; LEITE, A. B.; LABECCA, F.; RIBEIRO, T.; CARVALHO, C. S.;
COLLEVATTI, R. G.; PIRES, M. M.; GUIMARÃES JÚNIOR, P. R.; BRAN-
CALION, P. H.; RIBEIRO, M. C.; JORDANO, P. Functional extinction of
birds drives rapid evolutionary changes in seed size. Science, Rio Claro,
v. 340, n. 6136, p. 1086-1090, Maio, 2013. Disponível em: <http://scien-
ce.sciencemag.org/content/340/6136/1086>. Acesso em: 06 de fevereiro
de 2017.
81
BARON G.L.; RAINE N.E.; BROWN M.J.F. General and species-specific
impacts of a neonicotinoid insecticide on the ovary development and
feeding of wild bumblebee queens. Proceedings of The Royal Society B,
Londres, v. 284, n. 1854, p. 1-8, Maio, 2017. Disponível em: < http://
rspb.royalsocietypublishing.org/content/284/1854/20170123>. Acesso
em: 23 de maio de 2017.
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SOBRE OS AUTORES
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“Este livro foi desenvolvido com as fontes Berkeley Oldstyle
e Pill Gothic, conforme Projeto Gráfico aprovado pela
Diretoria da Editora UFOP em 2014.”