Avaliação Psicológica

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 39

Avaliação psicológica – resumos

O que é a avaliação psicológica?

CARACTERIZAÇÃO
“Conjunto de atividades de exploração, medida e análise de comportamentos ou
fenómenos psicológicos de um indivíduo, ou grupo específico de pessoas, que se
configura num processo de indagação e tomada de decisão. Estas atividades são
realizadas com vários propósitos e em diversos contextos.”

Processo técnico-científico de recolha e interpretação de dados


 Foca-se em processos e/ou problemas psicológicos
 Identifica fatores protetores e fatores de risco
 Recolhe informações da pessoa e do seu contexto
 Ajuda a testar hipóteses explicativas do comportamento humano

Avaliação psicológica permite


 Descrever um processo psicológico
 Efetuar diagnósticos
 Prever outras características e antecipar consequências
 Monitorizar um processo psicológico ao longo do tempo
 Informar a investigação e/ou a intervenção psicológica
 Testar o impacto de intervenções psicológicas

Os Principais Propósitos são:


 Diagnóstico e prognóstico
 Orientação
 Seleção
 Mudança de comportamento
Recorre a várias fontes (e.g., cliente, figuras significativas)
Recorre a várias técnicas (e.g., questionários, entrevista)
Aplica-se em vários contextos (e.g., escolas, hospitais)
Serve a investigação e a intervenção psicológica

Características
 Processo cientificamente sustentado e integrador
 Ancora-se em várias técnicas inter-relacionadas
 Exige técnicas de qualidade para assegurar qualidade da avaliação
 Processo planeado, intencional e rigoroso
 Implica perspetiva holística do indivíduo

Como começa a avaliação psicológica?

Pais” da avaliação psicológica


Galton
 Procurou compreender diferenças individuais
 Foi pioneiro na criação de laboratórios e na possibilidade de medir constructos
psicológicos
 Defendeu a recolha sistemática de dados e tratamento estatístico

Cattell
 Construiu a primeira bateria de testes psicológicos
 Apelou ao rigor e à objetividade na medição psicológica
 Centrou-se na avaliação de processos psicológicos básicos (e.g., atenção,
memória, perceção)
 Valorizava e procurou também avaliar a introspeção

Binet
 Introduziu o termo “diagnóstico psicológico”
 Centrou-se na medição da inteligência
 Defendeu a objetividade, a isenção de juízos de valor por parte do avaliador e a
heterogeneidade de provas para avaliar processos mentais complexos
Freud
 Centrou-se em técnicas de associação
 Defendeu a necessidade de um diagnóstico do inconsciente
 Introduziu os fundamentos do modelo dinâmico
 Suscitou a criação e utilização de técnicas projetivas

Até 1ª Guerra Mundial:


-Bases da Psicometria
-Avaliação psicológica educacional
-Estatística e testes

Entre Guerras:
-Crescimento psicométrico
-Técnicas projetivas
-Avaliação psicológica clínica

Na e após 2ª Guerra Mundial:


-Avaliação da personalidade
-Recomendações para uso devido de técnicas
-Foco na reabilitação

Atualmente...
• Confiança renovada na utilização de testes
• Formação especializada e procedimentos estandardizados
• Articulação com investigação e intervenção psicológica
• Recurso às TIC
QUEM FAZ A AVALIAÇÃO PSICOLÓGOCA?
 Processo exclusivo de psicólogos
 Requer formação especializada e planeamento
Depende do:
 Contexto
 Propósito
 Constructo(s)
 Adequação de técnicas à idade
 Condições técnicas e logísticas
 Análise, sistematização e interpretação
 Tomada de decisão

Requer:
 Formação especializada
 Rigor na avaliação psicológica
 Decisões ponderadas e sustentadas
 Respeito por idiossincrasias

• Avaliação psicológica como elemento distintivo de psicólogos comparativamente a


outras profissões
• É indicativa da autonomia técnico-científica de psicólogos
• Requer formação específica, treino e atualização constante
• Recorre a técnicas baseadas na teoria e investigação

Um processo de avaliação psicológica obedece a procedimentos específicos que


implicam (1) a competência para escolher os instrumentos apropriados ao objetivo da
avaliação, (2) o conhecimento e a experiência ao nível da aplicação e da cotação dos
instrumentos selecionados e (3) a competência para interpretar e integrar os resultados
de uma forma útil e compreensiva.
Principais etapas da avaliação psicológica (Siqueira & Oliveira, 2011)
1. Solicitação ou pedido
2. Identificação do alvo (indivíduo, grupo, organização)
3. Identificação das expectativas e necessidades
4. Identificação do problema ou processo psicológico
5. Definição do objetivo da avaliação psicológica
6. Planeamento de técnicas de avaliação psicológica e intervenientes
7. Implementação do plano
8. Recolha, análise e interpretação dos dados obtidos
9. Sistematização/integração da informação
10. Elaboração de documento conclusivo (relatório, atestado, parecer)
11. Escolha das vias de comunicação dos resultados
12. Comunicação dos resultados e delimitação de vias de ação

8/03

O que caracteriza a entrevista psicológica?


 A entrevista não é uma conversa, é uma análise do cliente (no entanto o
psicólogo deve deixar o cliente o mais à-vontade possível)
 Requer competências teóricas e técnicas
 Inclui as interações verbais e não verbais (temos de saber controlar o
nosso lado não verbal e saber analisar o não verbal do cliente)
 O foco é no cliente
 O entrevistador assume o comando e define os objetivos

Entrevistar não deve ser conversar, ainda que pareça ser, ainda que os melhores
entrevistadores sejam exatamente os que não deixam transparecer na postura, na voz, na
forma e no conteúdo do que vai sendo dito que o que se está a fazer é trabalho. Um
trabalho difícil que requer competências técnicas e também, e sobretudo no nosso caso,
competências teóricas. (Leal, 2008)

É um encontro falado entre pessoas, que inclui interações verbais e não-verbais; não é
um encontro entre pessoas iguais, uma vez que existe uma diferenciação de papéis entre
os participantes – o entrevistador assume a responsabilidade de conduzir e definir os
objetivos da entrevista (Pope, 1979)

É a conversação como troca social universal, mas revestida de formalidade, de objetivo


específico e sustentada por papéis sociais assimétricos, pois o entrevistador pergunta e o
entrevistado responde. (Lins & Borsa, 2017)

Em alguns saberes (...) como é o caso da psicologia, a importância primordial da


entrevista reside, no entanto, muito para lá da recolha de informação. De facto, em
Psicologia, a entrevista é, também, um método de avaliação e diagnóstico e o momento
do estabelecimento de uma relação, eventualmente em direção a abordagens
psicoterapêuticas. (Leal, 2008)

CARACTERISTICAS DA ENTREVISTA PSICOLOGICA


 Relação entre pessoas (relação terapêutica que começa a ser criada desde a
primeira sessão)
 Via de comunicação bidirecional
 Com objetivos definidos
 Papéis diferentes

A entrevista psicológica:
 Diferente de conversa
 Psicólogo como investigador na prática
 Especificidades em função do cliente (e.g., idade, habilitações, cultura)
 Base da relação terapêutica
 Antecede outras técnicas
 É a técnica mais utilizada, mas a menos investigada
Estruturação e Condução - Elementos diferenciadores de conversa
Estruturação:
Roteiro de tópicos a abordar
Questões e conteúdo planeados previamente
Centra-se em obter informação necessária ao trabalho

Condução:
Explicação e esclarecimento inicial
Atender à comunicação verbal e não-verbal do cliente
Facilitar discurso (humhum)
Oportunidade final para o cliente acrescentar algo mais
Agradecimento final

Principais fases da entrevista


Preparação ---- O que sugere a literatura? O que avaliar? Quando fará sentido finalizar?
Iniciação ---- Como funciona? Que cuidados éticos? Que papéis? Outras figuras?
Decurso ---- Que expectativas? Como é o discurso livre do cliente? Qual o problema?
Finalização ---- O cliente está em condições de sair? O que se define para o futuro?

Há papéis distintos – relação assimétrica

Psicólogo:
 Responsável por iniciar, explorar e terminar entrevista
 Deve criar condições favoráveis à partilha por parte do cliente

Cliente:
 Deve comunicar as suas necessidades e dúvidas
 Deve assumir compromisso e papel ativo em decisões
Registos / Anotações
Sob consentimento do cliente
Durante e/ou após a entrevista
Guardados em local seguro
Escrever o que o cliente possa ler

11/03

Que tipos de entrevista psicológica existem?

 Classificações:
 Estruturação:
Estruturada:
Sequencia pré-determinada de questões
Questões habitualmente fechadas
Pretendem-se sobretudo respostas breves
(útil nas primeiras experiências; maior precisão para diagnóstico)
Podem escapar necessidades do cliente

Semiestruturada:
Sequencia pré-determinada de questões, mas com flexibilidade
Questões habitualmente abertas
Pode abordar tópicos emergentes e considerados relevantes
(Maior precisão para diagnóstico; melhor rapport – o rapport é a relação entre o cliente
e o psicólogo; o cliente entende que o psicólogo não está ali para o julgar; há
entendimento e confiança mútua)
Atenção ao cliente pode ser reduzida; podem escapar necessidades do cliente
Se estivermos muito focados na nossa performance e não naquilo que o cliente nos está
a dizer, pode escapar-nos aspetos importantes
Temos de conseguir sair do próprio guião e acrescentar questões que não estavam
previstas caso necessário.
Não estruturada:
Sem guião nem sequencia pré-determinada de questões
Questões surgem, mas enquadradas no objetivo da entrevista
Questões habitualmente abertas
(Maior atenção ao cliente; melhor identificação de necessidades do cliente)
Pouco útil em primeiras experiências; menor precisão para diagnóstico.
Habitualmente usada por alguém com anos de experiência.
Consoante o modelo que estão a seguir em termos de intervenção e avaliação
psicológica

Entrevista como processo longitudinal e dinâmico:


Podem combinar-se maiores e menores graus de estruturação
Maior estruturação inicial com redução durante a entrevista
Adequação simultânea ao estilo pessoal do psicólogo e do cliente

 Finalidade:
Podemos ter entrevistas com finalidade de investigação ou com finalidade de interveção

Investigação:
Pretende recolher informação / dados
Contacto fugaz com o cliente
Conclusões não terão impacto no cliente

Intervenção:
Pretende recolher informação sobre o cliente
Permite efetuar formulação de caso (sermos capazes de sistematizar a
informação que obtivemos na avaliação psicológica; a formulação de caso é a
explicação do perfil psicológico daquele individuo) e diagnóstico.
Conclusões terão impacto no cliente
Apoia planeamento da intervenção psicológica
Exemplo: anamnese (história de saúde, familiar, educacional, profissional
(tarefas a nível mais profissional), ocupacional (ideia de ocupação nos tempos livres;
tarefas desenvolvidas por gosto)).
Construir um guião da entrevista com base nos elementos referidos a cima da anamnese.

 Referencial teórico:

Psicanalítica (conflitos (conflitos internos; tenção interna) e funcionamento psíquico) –


é uma entrevista que se foca muito nos significados, em palavras que o cliente utiliza e
sobretudo aquelas que repete, pois são importantes para registarmos, temos de estar
atentos também a aspetos inconscientes, a projeção que temos para com o outro…

Fenomenológica (expressão de emoções e valores) – tem a ver com a forma como


vivenciamos os fenómenos, que sentidos atribuímos aqueles fenómenos, prende-se á
forma de estar do próprio ser humano, diferenças individuais de cada ser humano, a
forma como encara as situações…

Cognitivo-comportamental (operacionalização do problema) – o foco é em concretizar


o problema, não tende a entrar tanto na logica do inconsciente, foca-se mais em qual é o
problema, quando surgiu aquele problema, o que desencadeou aquele problema…

15/03
Há boas práticas em entrevista psicológica?

Práticas facilitadoras
 Frases de enquadramento não tendenciosas
 Questões livres de juízos de valor
 Colocar uma questão de cada vez
 Tom de voz controlado
 Expressões faciais controladas
 Permitir a consulta de registos ao cliente, se assim o desejar
 Validar inferências/interpretações com o cliente
 Gerir tempo de entrevista e controlar conteúdo
 Centrar-se no cliente, sem autorrevelações
 Encorajar precisão nas respostas
 Estabelecer contacto ocular

Escutar ativamente; Mensagens consistentes; Expressões concreta; Explorar


necessidades do cliente; Autorregulação; Demonstrar empatia

Práticas perigosas
 Tom emocional descontrolado
 Expressões faciais descontroladas
 Duplas questões (teve alteração de peso ou de sono?)
 Utilizar palavras extremas (nunca, sempre)
 Colocar questões na negativa (Não anda a beber muito, pois não?)
 Perder registos e/ou negar acesso ao cliente, se assim o desejar
 Efeito de Halo
 Efetuar inferências sem validar com o cliente
 Efetuar autorrevelações
 Não explorar respostas vagas
 Não manter contacto ocular

Objetivos contraditórios; Mensagens inconsistentes; Expressões vagas; Ignorar


necessidades do cliente; Conselhos prematuros; Julgar o cliente

O QUE É A OBSERVAÇÃO?

 Intencional
 Complementa outras técnicas – multimétodo
 Precisão

-O que se diz vs. O que se faz


-Supera dificuldades de comunicação
-Favorece atenção a detalhes
Favorece linha de base:
 Ponto de partida
 Projeção no futuro
 Monitorização da intervenção – evolução e resultado
 Indicador de (in)eficácia da intervenção

A metodologia da observação pode ser:


-Quantitativa
-Qualitativa

Observação Quantitativa
 Foca-se em dados mensuráveis
 É sistemática / replicável

Implica definir:

Unidade de análise ---------- O quê?


 Comportamentos específicos (e.g., “virar-se para trás” em vez de
“apresenta comportamentos perturbadores” – início e fim)
 Produtos não reativos (e.g., diário) ou reativos (e.g., desenho pedido)

Local ----------- Onde?


 Contexto natural
 Maior validade ecológica
 Comportamento espontâneo
 Contexto artificial ou laboratorial
 Maior controlo de estímulos
 Comportamento controlado/desejável
Técnica de registo ----------- Como?
 Melhor preparação - mais fácil recolha e interpretação de dados
 Registos de frequência, por intervalo de tempo, de duração
 Checklists

Observador ----------- Quem?


 Pelo menos, dois observadores/juízes
 Treino prévio na técnica de registo/cotação
 Acordo inter-observadores
 Percentagem de acordo ou kappa de Cohen – dados nominais
 Correlações intraclasse – dados ordinais ou intervalares

Observação Qualitativa
 Descrição aprofundada do indivíduo-em-contexto
 Oferece narrativa de incidentes críticos
 Ocorre em contexto natural
 É ocasional /não-replicável
 Unidade de análise – contínuo comportamental
 Realiza-se em tempo real e num período amplo de tempo
 Valoriza interações - Relações funcionais e contingências

Implica definir:

Local ----------- Em que contexto natural?


 Pertinência
 Manifestação do problema
 Contraste entre onde ocorre e não ocorre o problema
 Acessibilidade
Técnica de registo --------- Como?
 Livre, no momento
 Registos contínuo e narrativo
 Auxiliares
 Fotografias
 Registos audiovisuais
 Diário de terreno
o Sequência de acontecimentos, espaço, expressão
emocional...

Grau de participação ----------- Envolvo-me?


 Reatividade do cliente à presença do psicólogo
 Sem interferência na situação – observador periférico
 Interferência intencional na situação – observador ativo

Estruturação ----------- Que tipos?


 Ocasional – não planeada, não estruturada
 Sistematizada – planeada, semi-estruturada
 Mista – inicialmente descritiva e cada vez mais focada

Cuidados
 Clarificar a finalidade da observação
 Torná-la o menos intrusiva possível
 Salvaguardar consistência e rigor
 Garantir preparação prévia dos observadores
 Gerir expectativas quanto ao cliente (ver o que se quer)
 Gravar
Técnicas de Registo – Observação Quantitativa

O uso da observação quantitativa requer que se esclareça qual o propósito da


avaliação psicológica em que se insere – Serve o diagnóstico? Serve a construção da
linha de base para depois monitorizar como evolui o comportamento no decorrer da
intervenção? Serve a investigação?

Opções quanto ao tipo de observação e às técnicas de registo a utilizar podem


sustentar-se em informação previamente obtida sobre o cliente (e.g.,
duração/manifestação do problema, anamnese).

Ao preparar as técnicas de registo de suporte à observação quantitativa, é


necessário:
 Salvaguardar cuidado no modo como, por escrito, se formula a
designação do comportamento a observar (e.g., a formulação “realiza a
tarefa” é diferente da formulação “inicia a tarefa assim que esta lhe é
instruída”);
 Evitar designações vagas, subjetivas, ambíguas e pouco operacionais do
que será observado (e.g., evitar expressões como “apresenta mau
comportamento”, “reagiu de forma injusta”);
 Antecipar a viabilidade do registo e a potencial ocorrência do
comportamento-alvo no contexto no qual se realizará a observação;
 Delimitar o tempo de observação;
 Ensaiar o uso da técnica de registo quando se prevê que dois psicólogos
estejam envolvidos na observação e quando se antecipa a utilização da
técnica em duas ou três situações de observação.

Exemplos:

 Inicia a tarefa quando esta lhe é instruída


Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências
 Prevalece envolvido na tarefa até que seja instruído a pará-la
Poderia utilizar-se a técnica de registo de duração

 Levanta-se sem pedir permissão ao docente


Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências

 Inicia conversação com o colega do lado


Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências

 Prevalece a falar com o colega do lado enquanto o docente aborda conteúdos


Poderia utilizar-se a técnica de registo de duração

 Faz perguntas ao professor


Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências

 Morde-se
Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências

 Esperneia no chão
Poderia utilizar-se a técnica de registo de duração

 Desvia o olhar quando falam consigo


Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências

 Diz “bom-dia” quando entra na sala


Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências

 Grita
Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências (indicativo de
irritabilidade ou chamada de atenção) ou de duração (indicativo de sofrimento),
consoante o propósito da avaliação psicológica e a problemática em causa
 Desinfeta as mãos
Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências (indicativo de
cumprimento de normas de higiene) ou de duração (indicativo de sofrimento),
consoante o propósito da avaliação psicológica e a problemática em causa

 Rói as unhas
Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências ou de duração,
consoante o propósito da avaliação psicológica e a problemática em causa

 Abana a perna
Poderia utilizar-se a técnica de registo de duração (poderá ser indicativo
de inquietação, impaciência, ansiedade, desconforto)

 Alinha as canetas pousadas na mesa


Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências

 Enquanto realiza uma apresentação oral, mexe na caneta


Poderia utilizar-se a técnica de registo de duração (poderá ser indicativo
de ansiedade)

O QUE SÃO QUESTIONÁRIOS?

 Medidas de autorrelato
 Procuram aceder a conteúdos mentais e processos cognitivos
 Focam-se em atributos, características subjetivas e dimensões internas
 Destinam-se a avaliar constructos ou variáveis latentes
 Unidimensionais
 Multidimensionais
Porquê medir constructos?
 Permite comparar resultados com critérios/normas
 Útil em screening
 Sustenta/informa diagnósticos
 Permite monitorizar evolução do cliente
 Mudança intraindividual
 Response to Intervention (RTI)

Tipos de questionário:
 Teste
 Escala
 Inventário

Itens constituem indicadores do constructo:


 Perguntas ou afirmações
 Representativos do constructo
 Localizados no tempo – retrospetivos, concorrentes, futuros

Características dos itens:


 Breves e autoexplicativos
 Ajustados à faixa etária e ao background cultural
 Precisos e claros
 Imparciais

Respostas:
 Abertas
 Fechadas
 Dicotómicas
 Policotómicas
 Ipsativas
Administração ocorre em contexto formal
Cuidados a ter:
o Condições físicas (luz, mobiliário)
o Condições situacionais e pessoais
o Disponibilidade do psicólogo
o Instruções compreensíveis
o Procedimentos estandardizados

A resposta a questionários requer do cliente:


 Introspeção, autoanálise, autorreflexão
 Atenção
 Compreensão da linguagem escrita
 Compromisso e colaboração (atender a desejabilidade social, aquiescência, erros
escalares, missing

Como escolher?

Que constructo se pretende medir?

Que medidas de autorrelato já existem?

São originalmente portuguesas?

Sim Não, mas estão validadas

Com que faixa etária?

Há evidência de qualidade psicométrica?

Que pontuações são obtidas e qual a chave de cotação?


Qual a pontuação mínima e máxima possível?

Como se interpretam as pontuações?

Normas, critérios, pontos médios?

Propriedades psicométricas
 Sensibilidade – diferenciação
 Validade – constructo, relação com outras variáveis
 Fidelidade – consistência interna, teste-reteste

 Descrição de medidas em artigos ou capítulos de livro


 Manuais das medidas
 Estudos de adaptação e validação de medidas

Postulados
 O uso de questionários deve ser guiado por um modelo teórico
 Os questionários devem ser facilitadores da avaliação psicológica
 Os questionários devem ser administrados sob propósito de poder ser benéficos
ao cliente
 Os questionários podem permitir identificar forças/fraquezas do cliente e
oportunidades de progresso
 Os psicólogos devem estar familiarizados com várias técnicas de avaliação
psicológica e, sempre que apropriado, considerar uma abordagem multi-método
na utilização de questionários
 A utilização de questionários requer conhecimento sólido sobre avaliação
psicológica, qualificação dos profissionais para o seu uso e conhecimento sobre
como interpretar pontuações
 A utilização de questionários com recurso às TIC deve ser feito com consciência
das vantagens e desvantagens associadas

Checklist
 Que medidas existem para avaliar o constructo? Que vantagens e desvantagens?
 Que resultados fornece o questionário? Podem ser úteis à avaliação psicológica e
ao cliente?
 O questionário permite fornecer feedback, informação e/ou perspetivas
alternativas ao cliente?
 Há outras técnicas de avaliação psicológica que possam acrescentar informação
e complementar os resultados do questionário?
 Como pode o psicólogo facilitar a compreensão dos resultados por parte do
cliente?
 O cliente espera obter outro tipo de informações?
 A informação obtida permitiu alcançar informação suficiente para compreender
o problema / responder ao pedido?
 A partir dos resultados obtidos, é possível traçar objetivos de intervenção
psicológica?

Como interpretar?

 Identificar chave de cotação


 Que dimensões avalia o questionário? Como se distribuem os itens por
dimensões?
 Obtêm-se resultados brutos
 Normas?
 Critérios externos?
 Pontuação possível?
Normas
 De resultados brutos a resultados padronizados
 Existem dados normativos
 Comparação com resultados habitualmente obtidos pelos pares
 Idade, género, ano de escolaridade
 Constituem parâmetro de apreciação dos resultados (não de
determinação)
 Reconhecer que normas são reportadas no tempo

Critérios externos
 Identifica-se critério externo
 Metas curriculares, valor crítico para psicopatologia
 Contrasta-se o resultado bruto com o critério externo

Pontuação possível
 Atribui-se sentido psicológico aos valores obtidos
 Exemplo: Pontuações maiores significam maior autoestima?
 Pode contrastar-se com pontuação mínima e máxima possível
 Pode contrastar-se com ponto médio possível
 ponto M = pontuaçãomax + pontuaçãomin
2
 Cliente tem 13; pontuação média 15; min5 max25

Técnicas projetivas

O QUE SÃO TECNICAS PROJETIVAS?

Revelam aspetos inconscientes


Acedem ao mundo interno do indivíduo
Amplificam atributos internos

 Hábitos emocionais
 Afetos
 Crenças
 Pensamento
 Personalidade
 Cognições

 Procuram aceder ao mundo interior do individuo, às vivencias do individuo


 Utilizamos as técnicas projetivas para avaliar as crenças, a personalidade, etc
 As técnicas projetivas valorizam muito os aspetos individuais
 Valorizam desejos imorais e atemporais (descobrir um padrão que justifique os
comportamentos daquela pessoa, com as técnicas projetivas muitas vezes
descobrimos situações de traumas passados que nos acompanham durante toda a
vida)
 Incidem na resposta a estímulos
Verbais (típico da hipnose), escritos (inclusive com as imagens, são os
que aparece a palavra escrita ou desenhos), manipulativos (é esperado que a
pessoa mexa, manipule um determinado estímulo).
 Suscitam operações internas
Associação (associar uma imagem a algo), interpretação (interpretação de
alguma imagem), manipulação (perceber a operação de manipulação) e seleção
 As técnicas projetivas permitem-nos ir mais alem de uma explicação que faz
sentido para aquela pessoa

PREMISSAS

1. Permitem explorar a estrutura interna idiossincrática (diferenças individuais,


o funcionamento psicológico de cada um)
2. Diferentes técnicas permitem diferentes níveis de profundidade (quanto mais
queremos aprofundar o inconsciente mais treino precisamos)
3. O inobservável interno relaciona-se com o comportamento observável (como
é que os processos mentais justificam o nosso comportamento)
4. Há interações precoces internalizadas que influenciam o presente (aquilo que
experienciamos precocemente influenciam os nossos comportamentos
futuros e exagerados)
5. Como o foco incide nos processos inconscientes, há menor probabilidade de
o indivíduo falsificar / manipular respostas
6. Os resultados derivados são qualitativos e globais
7. É necessária formação especializada – intensa e extensa

 Alvo de críticas, mas ainda utilizadas


 Uso preferencial em modelos psicodinâmicos, gestálticos, narrativos e
fenomenológico
 Projeção de processos internos (projeto num estímulo, numa experiência
qualquer)
 Mecanismos de defesa patológicos (estão sempre associados a
experiências precoces)
 Distorção percetiva (perceção que temos de alguma coisa) (ex:
perturbações alimentares que levam a pessoa a ter uma perceção errada
de si)

 Também utilizados em grupos e situações específicas


 Crianças
 Idosos
 Abuso
 Trauma
 Memória
Que exemplos de técnicas projetivas?

Classificações:

Estruturais ----- Cliente estrutura resposta a partir de estímulos visuais não-estruturados


(tem um conjunto de estímulos abstratos e tem de lhes dar um sentido)

Temáticas ----- Cliente narra história a partir de estímulos visuais com elementos
humanos e não-humanos
(tenho um conjunto de imagens concretas e o cliente tem de contar a história através
daquelas imagens)

Expressivas ----- Cliente expressa-se no desenho de figura(s)

Construtivas ----- Cliente organiza estímulos concretos / peças


(ordenar alguns cartões, a forma como se ordena)

Associativas ----- Cliente completa, oralmente ou por escrito, palavras / frases / contos
(apresentar uma historia e pedir para continuar a história por exemplo)

Teste de Psicodiagnóstico de Rorschach


 Procura aceder a características internas estáveis da personalidade (avaliação da
personalidade do individuo)
 10 estímulos visuais – cinco a cores; cinco a preto e branco
 Pede-se para verbalizar o que vê e em que parte da imagem vê
 Cliente pode considerar forma, movimento, cor, textura, etc

Teste de Aperceção Temática de Murray


 Pede-se para contar uma história com início-meio-fim e com pensamentos ou
sentimentos das personagens
 Procura identificar sentimentos / conflitos / defesas / motivações projetadas no
herói ou nas personagens
 30 estímulos visuais a preto e branco, que variam no grau de ambiguidade – uso
de 20 por cliente (idade, género)

Desenho da Figura Humana de Machover


 Procura avaliar a forma como o cliente se percebe a si próprio e acha que outros
o percebem
 Valoriza o funcionamento mental e emocional, o desenvolvimento percetivo e
cognitivo, as competências expressivas e simbólicas
 Elementos a considerar: conteúdo, tamanho, localização, pressão do traço,
fundo, verbalização

Desenho da Família de Corman


 Imagina uma família e desenha-a
 Procura avaliar o autoconceito e a personalidade
 Elementos a considerar: posição da folha, ordem do desenho, tempo investido no
desenho de cada figura, expressões nãoverbais ao desenhar, verbalização

Completar contos – Fábulas de Duss


 Procura identificar conflitos internos e crises situacionais
 Forma verbal (10 estímulos) e forma pictórica (12 estímulos)
 Cada estímulo é uma fábula iniciada pelo psicólogo (mediante instruções
estandardizadas) e terminada pelo cliente
 Elementos a considerar: tempo de resposta, tom de voz
BERTA MAIA
29/04
ETAPAS DO MÉTODO CLÍNICO

1. 1ª Consulta
o O motivo/problema da consulta e sua operacionalização
o O que motivou o cliente a pedir ajuda?– tema ao qual se dedica a maior parte
do tempo durante este 1º ato clínico.
o Escuta ativa – construção de hipóteses clínicas.
o Outros motivos secundários no decurso do acompanhamento?
o Entrevista clínica :
Modelo teórico de referência do psicólogo
Objetivo da entrevista
Contexto da entrevista - com quem?
Pedido - feito por quem?
o Observação
Exige treino
O quê e com que finalidade?

2. Planeamento e realização da avaliação

o A avaliação é fundamental para o processo compreensivo do cliente.


o As avaliações, a par da observações, são fundamentais para uma boa e
adequada leitura das causas dos sintomas e/ou queixas, e para a elaboração
do plano terapêutico e intervenção.

Parecer 16/CEOPP/2015
1. Um processo de avaliação psicológica obedece a procedimentos específicos que
implicam (1) a competência para escolher os instrumentos apropriados ao
objetivo da avaliação, (2) o conhecimento e a experiência ao nível da aplicação e
da cotação dos instrumentos selecionados e (3) a competência para interpretar e
integrar os resultados de uma forma útil e compreensiva.
 Dilemas – avaliar ou não depois da 1ª consulta?
Avaliar porquê?
Avaliar para quê?
Avaliar com que benefícios no aqui e agora?

3. Organização e elaboração do reportório

O ato do psicólogo consiste na atividade de avaliação psicológica que abrange


diferentes áreas e que inclui os procedimentos de construção e aplicação de protocolo de
avaliação, a elaboração de relatórios de avaliação e a comunicação dos respetivos
resultados, assim como de diagnóstico, análise, prescrição e intervenção psicológica,
incluindo atividades de promoção e prevenção.

O REPORTÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA (RAP) É:


 Ferramenta de trabalho essencial entre profissionais
 Ferramenta de comunicação entre psicólogo e cliente
 Procura identificar e responder ao pedido
 Apresenta os principais resultados, interpretações (formulação) e
recomendações. (considerando os resultados, o que é que eu vou recomendar)
(temos de ter noção do que recomendamos porque tem de ser algo realista,
aplicável aquela pessoa)
 Quem o pede? (o próprio?; os pais?; os médicos?; os advogados?; os juízos?; os
professores?; outros profissionais?)

Documentos escritos objetivos, rigorosos e inteligíveis para o destinatário;

Do RAP devem fazer parte a identificação dos instrumentos utilizados, os resultados


objetivos (factual!) e a respetiva interpretação (deve identificar as situações ou
contextos que possam reduzir a objetividade), bem como o prognóstico e um conjunto
de sugestões no sentido da promoção do bem-estar do sujeito avaliado.

A linguagem deve ser cuidada, rigorosa e objetiva, de forma a evitar interpretações


erradas.

Devem incluir os elementos de identificação, o nome do psicólogo, o número da cédula


e é aconselhável o uso de vinheta.

Identificação do cliente (nome, data de nascimento e data em que foi realizada a


avaliação)

Motivo da avaliação

Conclusão (leitura clínica do processo de avaliação (resultados obtidos +observação)

Recomendações de intervenção.

PRINCIPAIS SECÇÕES/ESTRUTURA - RAP:


1. Elementos de identificação (do cliente)
2. Pedido inicial/motivo da consulta de avaliação (expresso de forma clara qual é o
motivo desta avaliação)
3. História relevante e informação contextual (referir se a pessoa já foi identificada
no passado com alguma perturbação mental ou com alguma ordem judicial)
4. Teste ou instrumentos administrados
5. Observações do comportamento
6. Resultados (teste e outros instrumentos)
7. Formulação, resumo e conclusões
8. Recomendações

4. Devolução dos resultados


o Na devolução dos resultados o psicólogo tem que dar resposta ao motivo do
pedido.
o Momento igualmente fundamental para sedimentar a relação com o cliente.
o A devolução dos resultados pode ser sensível, por isso importa prestar todo o
apoio, empatia e segurança ao cliente.

5. Diagnóstico
6. Plano terapêutico
REDAÇÃO DE UM RAP

 Que conselhos pratico?


 Processo de avaliação e materiais?
 Registos, notas VS memória?
 Observar comportamentos e integrá-los na leitura clínica?
 Integrar pontos fortes e fracos?

PRINCIPIOS DE ORIENTAÇÃO NA REDAÇÃO DE UM RAP

 Princípio da legibilidade
 Responder às necessidades de informação dos destinatários
 Incluir apenas informação relevante para o caso
 Ter em conta o nível de formação dos destinatários
 Excluir uso de linguagem complexa
 Caso se justifique explicitar os conceitos usados em geral
 A entrevista de restituição de informação antecede o envio do RAP
escrito
 O tipo de relatório depende do destinatário

 Princípio da utilidade
 Interpretar objetivamente os comportamentos observados, os resultados
nos testes e informações recolhidas
 Facilitar a intervenção
 Apresentar soluções

 Princípio da credibilidade
 Redigido com rigor, clarificando os objetivos subjacentes ao pedido
 Deve dar resposta ao pedido (questões explicitas e implícitas)
 Escolha fundamentada dos instrumentos
 As recomendações devem ser justificadas
 Deve apresentar informações credíveis e persuasivas

 Princípio da especificidade
 Deve responder às questões especificas inicialmente identificadas
 Deve fornecer uma descrição singular do sujeito avaliado
 Deve permitir formular conclusões e formulações detalhadas

03/05

Rap é um documento curto e conciso

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Principais secções/estrutura:

1. Elementos de identificação
 Data da avaliação (em que dia realizamos a avaliação)
 Data do relatório (finalizado e enviado)
 Nome do psicólogo

Nome; Idade; data de nascimento; estado civil; habilitações literárias; profissão (se
justificado)

2. Pedido inicial/motivo da consulta de avaliação


Motivo do pedido; quem faz o pedido: qual a relação que existe entre o sujeito
avaliado e quem faz o pedido; queixas ou problemas identificados por quem faz
o pedido; natureza e origem do problema; a que questões importa responder. (1 a
2 parágrafos)
3. História relevante e informação contextual
Existe relatórios anteriores (médicos, psicológicos, outros exames ou relatos?);
problemas com a justiça?; atualmente está a ser acompanhado(a)? porquê e por
quem? Toma medicação? Qual? – história clínica.
Se relevantes para a interpretação e formulação devem constar:
Dados da história desenvolvimental, educacional, médica, psicológica,
familiar e social, e profissional.
4. Teste ou instrumento administrados
Que testes ou instrumentos usamos e porquê? Se aplicamos aqui algum tipo de
entrevista clinica e com que objetivos; números de sessões; calendarização por
sessão (tabela); 1ªsessão: 27/04/2021 – entrevista clinica e MMSE; 2ª sessão: …;
O elenco dos testes deve conter as designações oficiais e seus autores (validação
original e portuguesa)
5. Observações do comportamento
Identificar tudo que nos pareça relevantes em termos comportamentais: aparecia
(se aparenta ser mais velha ou mais nova do que aquilo que é); atitude em
relação à avaliação; nível de consciência (a pessoa esta vigil, está atenta, está
sonolenta?); nível de atividade (se está mais agitada, mais parada, se está
inquieta); funcionamento sensorial e motor: se a pessoa a pessoa apresenta
dificuldades sensoriais a nível da visão, audição, em termos motores (se treme) –
se é algo que vem do fator idade ou não (dependendo destas especificidades
podemos ter de alterar os teste de forma a serem mais adaptados as estas
condições); impulsividade; mais importantes: pensamento e discurso: qualidade
das respostas, responde aquilo que está a ser perguntado ou não…; humor;
atitude em relação à avaliação ou seja, se está integrada, qual a atitude auto
dirigida (expressões que manifesta; comentários, rubor (corar); etc)); nível de
atenção (se se distrai com facilidade ou não); distratibilidade.
Criar grelha de observação comportamental:
Compreende as questões?
Segue as instruções?
Responde antes do tempo?
Etc.
6. Resultados (testes e outros instrumentos)
Como apresentar a informação? (apresentar resultados domínio a domínio, ou
seja se o instrumento nos fala em domínios temos de usar o temo domínio, se
nos fala em dimensão temos de usar o temo dimensão, etc) – tudo de o global
para o especifico; tabela – teste e domínio – resultado – interpretação; medidas
estandardizadas para dados informais; existem duas ou mais fontes em que a
informação é convergente?; há dados inconsistentes? Como os explicamos?; é
necessário recorrer a outras fontes?; é necessário recorrer a testes adicionais?
7. Formulação, resumo e conclusões
Formulação de caso através da interligação dos dados avaliados e conclusões -
Leitura integrativa deste caso considerando os dados avaliados.
8. Recomendações (o que é que nós propomos)
Que orientações concertas, passiveis de aplicação prática, considerando as
conclusões tecidas?; devem considerar os recursos do sujeito avaliado, da sua
rede, acessibilidade; devem ser realistas, concretas e exequíveis; recomendações:
ex: intervenção; hospitalização/institucionalização; avaliação adicional.

No final temos de colocar:


 Nome do psicólogo
 Nº cédula profissional
 Vinheta
 Nota: disponível para prestar informações/esclarecimentos complementares, se
necessário

Devolução dos resultados


 Na devolução dos resultados o psicólogo tem que dar resposta ao motivo
do pedido.
 Momento igualmente fundamental para sedimentar a relação com o
cliente.
 A devolução dos resultados pode ser sensível, por isso importa prestar todo
o apoio, empatia e segurança ao cliente.

Conselhos práticos para a redação de um RAP


 Processo de avaliação e materiais?
 Registos, notas Vs memória?
 Observar comportamentos e integrá-los na leitura clínica?
 Integrar pontos fortes e fracos?
 Princípios de orientação na redação de um rap
o Princípio da legibilidade
 Responder às necessidades de informação dos destinatários
 Incluir apenas informação relevante para o caso
 Ter em conta o nível de formação dos destinatários
 Excluir uso de linguagem complexa
 Caso se justifique, explicitar os conceitos usados
 Em geral, a entrevista de restituição de informação antecede
o envio do rap escrito
 Garantir que responde às necessidades
 O tipo de relatório depende do destinatário
o Princípio da utilidade
 Interpretar objetivamente os comportamentos observados,
os resultados nos testes e informações recolhidas
 Facilitar a intervenção
 Apresentar soluções
o Princípio da credibilidade
 Redigido com rigor, clarificando os objetivos subjacentes
ao pedido
 Deve dar resposta ao pedido (questões explícitas e
implícitas)
 Escolha fundamentada dos instrumentos
 As recomendações devem ser justificadas
 Deve apresentar informações credíveis e persuasivas
o Princípio da especificidade
 Deve responder às questões específicas inicialmente
identificadas
 Deve fornecer uma descrição singular do sujeito avaliado
 Deve permitir formular conclusões e formulações
detalhadas
 Tópicos da Observação Comportamental
o Aparência; autocuidado; modo como se apresenta à avaliação
o Nível de cooperação durante o processo
o Facilidade em estabelecer e manter uma boa relação com o
examinador
o Grau de alerta/vigília
o Défices ou limitações sensoriais ou motores
o Pensamento e discurso – Estilo da linguagem, aptidões linguísticas,
qualidade da comunicação
o Maneirismos, tiques
o Grau de impulsividade; reflexivo
o Nível de atenção durante o processo
o Distratibilidade
o Atitude apresentada em relação ao processo de avaliação (e.g.,
resposta a situações de fracasso/êxito; modo como reage aos
encorajamentos do examinador)
o Atitude apresentada em relação a si próprio (expressões faciais;
comentários auto-depreciativos, rubor facial, embaraço, frustração)
o Nível de atividade
o Estado de humor/emocionalidade;
o Estratégias de resolução de problemas
 Estes indicadores ajudam a corroborar ou afirmar os
resultados dos testes?
 Que aspetos integraríamos numa grelha de observação comportamental?
o Exemplos:
 Compreende as questões e orientações colocadas pelo
examinador?
 Segue as instruções?
 Responde antes do tempo?
 Interrompe o examinador?
 Revela desatenção?
 Revela persistência nas tarefas mais complexas?
 Necessita de reforço para se manter focado nas tarefas?
 Mantém adequado contacto ocular?
 Consegue estabelecer uma boa relação com o examinador?
 Manifesta interesse nas tarefas de teste?
 Revela agitação motora?
 Queixa-se de cansaço?
 O comportamento que apresenta é ajustado à sua idade e
fase do desenvolvimento?
 Discute aspetos pouco relevantes ou sem grande relação
com as tarefas de teste?
 Pede para repetirmos as instruções ao longo do processo de
avaliação?
 Mostrou-se impaciente?
 Que considerações práticas devemos ter com conta na preparação e
redação do rap?
o O processo de avaliação deve ser cuidadosamente preparado; o
examinador deve dominar os materiais que vai aplicar;
o Tomar notas na entrevista;
o Registar aspetos importantes das observações;
o Valorizar aspetos da observação comportamental aquando da
análise funcional – aspetos positivos e menos positivos/
problemáticos;
o Verificar os resultados dos testes e garantir que as cotações estão
corretas;
o A formulação deve ser teoricamente consistente;
o As recomendações devem ser fundamentadas e baseadas na
evidência;
o A existirem dúvidas procurar supervisão de colegas mais
experientes;
o Identificar as limitações na fiabilidade dos resultados;
o Ter a clara noção de que o resultado do RAP, de forma isolada, não
define o sujeito avaliado;
o Ter a clara noção de que o RAP pode ser um elemento de
influência, facilitando a mudança de atitudes e convicções dos
leitores relativamente ao sujeito avaliado;
o Obter feedback específico dos RAP, analisando e discutindo a sua
utilidade com os destinatários;
o Acompanhar as novas investigações/publicações.
 Para que o RAP apresente uma boa organização e estruturação, importa
que:
o O texto esteja bem organizado e seja claro;
o As ideias devem ser refletivas de forma lógica e sequencial;
o O texto deve ser um todo coerente, apresentando unidade;
o Devem ser utilizadas palavras de transição para fortalecer ligações
temporais (e.g., então, neste caso, depois de, enquanto) ligações de
causalidade (e.g., por isso, logo, consequentemente); ligações de
contraste/ comparação (e.g., contudo, todavia, mas, embora,
inversamente, etc.), ligações complementares (e.g., além disso,
adicionalmente, do mesmo modo, analogamente)
 A escrita do RAP deve então ser concisa, articulada e legível:
o Optar por frases curtas
o Reduzir a extensão dos parágrafos (não devem exceder ¼ da página
segundo a APA, 2001)
o Evitar erros gramaticais
o Optar por palavras familiares para o leitor, reduzindo o uso de
termos técnicos e ao ter que os usar explicitá-los.
o Antecipar eventuais questões ou dúvidas que os destinatários do
RAP possam identificar
o Devemos usar expressões gramaticalmente corretas e próprios da
linguagem profissional
 Erros mais comuns do RAP
o Privacidade/ Confidencialidade:
o Não obter o consentimento escrito para a avaliação psicológica; para
o envio do RAP a outras partes interessadas e no caso de menores
aos pais/encarregados de educação.
o Pedido Inicial:
 O pedido de avaliação não é explicitamente identificado;
 O RAP que não responde às questões colocadas no âmbito
do pedido.
o Conteúdo:
 Descrições gerais versus individualizadas;
 Informação centrada apenas nas limitações/problemas,
descurando pontos fortes/potencialidades;
 Informação subjetiva;
 Informação irrelevante, redundante;
 Informação muito técnica sem explicar conceitos (e.g.
mecanismo de defesa)
 Interpretação irresponsável ou especulativa;
 RAP não integrador;
 Trocar nomes/datas e outros dados;
 Não identificar outras fontes usadas para a recolha de
informação;
 Os acrónimos não se encontram devidamente definidos.
o Estrutura:
 RAP muito curto/incompleto (não identificando aspetos
essenciais) ou RAP muito extenso/pormenorizado (os
principais resultados ficam perdidos na extensão do RAP)
 RAP que negligencia outros dados, que não apenas os dos
testes;
 Omitir dados da ‘observação comportamental que possam
ter impacto nos testes’ e ‘recomendações’.

o Testes e Resultados:
 Usar testes inapropriados ou com normas de cotação
datadas;
 Os testes não foram devidamente descritos;
 Extrapolar os resultados (significado da pontuação para lá
do seu significado);
 Cotar mal os instrumentos;
 Não aplicar o teste na totalidade por falta de atenção/
revisão final do protocolo/teste aplicado;
 Orientar o RAP para os testes e não para o sujeito avaliado;
 Não tomar notas durante a entrevista;
 Não usar a grelha de observação;
 Apresentar os resultados sem colocar o que significam;
 RAP com contradições;
 Focar apenas as pontuações mais baixas.
o Conclusões e Recomendações:
 Pouco valor ou utilidade para a intervenção;
 Apresentar conclusões inconsistentes;
 Apresentar recomendações irrealistas para o sujeito
avaliado;
 Apresentar apenas uma sugestão para lidar com as
dificuldades do sujeito avaliado.
 Relutância em facultar informações negativas.
 Não apresentar exemplos de comportamentos observados
que ilustrem as inferências contidas na formulação;
 As conclusões não são congruentes com os resultados;
o Antes de concluir a versão final do RAP:
 Não se proceder à sessão de restituição da informação (a
quem solicitou o pedido).
Aula 24/05
Uso de testes psicológicos em Portugal
O ensino universitário da psicologia surge tardiamente em Portugal. A
graduação em psicologia pelas Universidades Públicas em Portugal iniciou-se
apenas em 1975/76, após a revolução democrática de 25 de abril de 1974. Assim
se explica algum atraso na consolidação da psicologia como área de pesquisa, de
formação e de exercício profissional, como reflexos em várias das suas
especificações e campos de especialidade, incluindo a área da avaliação
psicológica.
O desenvolvimento da psicometria e da formação dos psicólogos na avaliação
psicológica foi ocorrendo, assim, ao longo das duas últimas décadas em
Portugal, muito em função das necessidades da prática profissional como foi
sendo demostrado em sucessivas auscultações dos psicólogos portugueses.

Testes disponíveis em Portugal


Existem mais provas validadas na área da inteligência que na área da
personalidade, ou que estão melhor servidos por tais provas os psicólogos
escolares que os psicólogos clínicos ou da saúde. Importa destacar que
estas lacunas também não são compensadas por formas alternativas de
avaliação psicológica (e.g., entrevistas, observação naturalista), dada a
escassez de grelhas de entrevista ou de observação de condutas que
suportem tecnicamente estas vias mais informais de avaliação
psicológica.
Aula 31/05
Exercício caso pratico aula

Caso 1
Pergunta 1.
Neste caso, em relação ao António, utilizaria um teste para a avaliação das suas
dificuldades da aprendizagem e um teste de psicodiagnóstico de Rochard para
aceder a características mais internas da personalidade e perceber melhor a sua
esquizofrenia paranoide.

Pergunta 2.

Esclarecer os limites na confidencialidade uma vez que ele está preso.

Caso 2.
Pergunta 1.
Entrevista psicológica à mãe, à criança e à professora. Aplicar o desenho na
família (fundamental para perceber se estas dificuldade escolares são uma
consequência do disfuncionamento familiar).

Pergunta 2.

Você também pode gostar