Avaliação Psicológica
Avaliação Psicológica
Avaliação Psicológica
CARACTERIZAÇÃO
“Conjunto de atividades de exploração, medida e análise de comportamentos ou
fenómenos psicológicos de um indivíduo, ou grupo específico de pessoas, que se
configura num processo de indagação e tomada de decisão. Estas atividades são
realizadas com vários propósitos e em diversos contextos.”
Características
Processo cientificamente sustentado e integrador
Ancora-se em várias técnicas inter-relacionadas
Exige técnicas de qualidade para assegurar qualidade da avaliação
Processo planeado, intencional e rigoroso
Implica perspetiva holística do indivíduo
Cattell
Construiu a primeira bateria de testes psicológicos
Apelou ao rigor e à objetividade na medição psicológica
Centrou-se na avaliação de processos psicológicos básicos (e.g., atenção,
memória, perceção)
Valorizava e procurou também avaliar a introspeção
Binet
Introduziu o termo “diagnóstico psicológico”
Centrou-se na medição da inteligência
Defendeu a objetividade, a isenção de juízos de valor por parte do avaliador e a
heterogeneidade de provas para avaliar processos mentais complexos
Freud
Centrou-se em técnicas de associação
Defendeu a necessidade de um diagnóstico do inconsciente
Introduziu os fundamentos do modelo dinâmico
Suscitou a criação e utilização de técnicas projetivas
Entre Guerras:
-Crescimento psicométrico
-Técnicas projetivas
-Avaliação psicológica clínica
Atualmente...
• Confiança renovada na utilização de testes
• Formação especializada e procedimentos estandardizados
• Articulação com investigação e intervenção psicológica
• Recurso às TIC
QUEM FAZ A AVALIAÇÃO PSICOLÓGOCA?
Processo exclusivo de psicólogos
Requer formação especializada e planeamento
Depende do:
Contexto
Propósito
Constructo(s)
Adequação de técnicas à idade
Condições técnicas e logísticas
Análise, sistematização e interpretação
Tomada de decisão
Requer:
Formação especializada
Rigor na avaliação psicológica
Decisões ponderadas e sustentadas
Respeito por idiossincrasias
8/03
Entrevistar não deve ser conversar, ainda que pareça ser, ainda que os melhores
entrevistadores sejam exatamente os que não deixam transparecer na postura, na voz, na
forma e no conteúdo do que vai sendo dito que o que se está a fazer é trabalho. Um
trabalho difícil que requer competências técnicas e também, e sobretudo no nosso caso,
competências teóricas. (Leal, 2008)
É um encontro falado entre pessoas, que inclui interações verbais e não-verbais; não é
um encontro entre pessoas iguais, uma vez que existe uma diferenciação de papéis entre
os participantes – o entrevistador assume a responsabilidade de conduzir e definir os
objetivos da entrevista (Pope, 1979)
A entrevista psicológica:
Diferente de conversa
Psicólogo como investigador na prática
Especificidades em função do cliente (e.g., idade, habilitações, cultura)
Base da relação terapêutica
Antecede outras técnicas
É a técnica mais utilizada, mas a menos investigada
Estruturação e Condução - Elementos diferenciadores de conversa
Estruturação:
Roteiro de tópicos a abordar
Questões e conteúdo planeados previamente
Centra-se em obter informação necessária ao trabalho
Condução:
Explicação e esclarecimento inicial
Atender à comunicação verbal e não-verbal do cliente
Facilitar discurso (humhum)
Oportunidade final para o cliente acrescentar algo mais
Agradecimento final
Psicólogo:
Responsável por iniciar, explorar e terminar entrevista
Deve criar condições favoráveis à partilha por parte do cliente
Cliente:
Deve comunicar as suas necessidades e dúvidas
Deve assumir compromisso e papel ativo em decisões
Registos / Anotações
Sob consentimento do cliente
Durante e/ou após a entrevista
Guardados em local seguro
Escrever o que o cliente possa ler
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Classificações:
Estruturação:
Estruturada:
Sequencia pré-determinada de questões
Questões habitualmente fechadas
Pretendem-se sobretudo respostas breves
(útil nas primeiras experiências; maior precisão para diagnóstico)
Podem escapar necessidades do cliente
Semiestruturada:
Sequencia pré-determinada de questões, mas com flexibilidade
Questões habitualmente abertas
Pode abordar tópicos emergentes e considerados relevantes
(Maior precisão para diagnóstico; melhor rapport – o rapport é a relação entre o cliente
e o psicólogo; o cliente entende que o psicólogo não está ali para o julgar; há
entendimento e confiança mútua)
Atenção ao cliente pode ser reduzida; podem escapar necessidades do cliente
Se estivermos muito focados na nossa performance e não naquilo que o cliente nos está
a dizer, pode escapar-nos aspetos importantes
Temos de conseguir sair do próprio guião e acrescentar questões que não estavam
previstas caso necessário.
Não estruturada:
Sem guião nem sequencia pré-determinada de questões
Questões surgem, mas enquadradas no objetivo da entrevista
Questões habitualmente abertas
(Maior atenção ao cliente; melhor identificação de necessidades do cliente)
Pouco útil em primeiras experiências; menor precisão para diagnóstico.
Habitualmente usada por alguém com anos de experiência.
Consoante o modelo que estão a seguir em termos de intervenção e avaliação
psicológica
Finalidade:
Podemos ter entrevistas com finalidade de investigação ou com finalidade de interveção
Investigação:
Pretende recolher informação / dados
Contacto fugaz com o cliente
Conclusões não terão impacto no cliente
Intervenção:
Pretende recolher informação sobre o cliente
Permite efetuar formulação de caso (sermos capazes de sistematizar a
informação que obtivemos na avaliação psicológica; a formulação de caso é a
explicação do perfil psicológico daquele individuo) e diagnóstico.
Conclusões terão impacto no cliente
Apoia planeamento da intervenção psicológica
Exemplo: anamnese (história de saúde, familiar, educacional, profissional
(tarefas a nível mais profissional), ocupacional (ideia de ocupação nos tempos livres;
tarefas desenvolvidas por gosto)).
Construir um guião da entrevista com base nos elementos referidos a cima da anamnese.
Referencial teórico:
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Há boas práticas em entrevista psicológica?
Práticas facilitadoras
Frases de enquadramento não tendenciosas
Questões livres de juízos de valor
Colocar uma questão de cada vez
Tom de voz controlado
Expressões faciais controladas
Permitir a consulta de registos ao cliente, se assim o desejar
Validar inferências/interpretações com o cliente
Gerir tempo de entrevista e controlar conteúdo
Centrar-se no cliente, sem autorrevelações
Encorajar precisão nas respostas
Estabelecer contacto ocular
Práticas perigosas
Tom emocional descontrolado
Expressões faciais descontroladas
Duplas questões (teve alteração de peso ou de sono?)
Utilizar palavras extremas (nunca, sempre)
Colocar questões na negativa (Não anda a beber muito, pois não?)
Perder registos e/ou negar acesso ao cliente, se assim o desejar
Efeito de Halo
Efetuar inferências sem validar com o cliente
Efetuar autorrevelações
Não explorar respostas vagas
Não manter contacto ocular
O QUE É A OBSERVAÇÃO?
Intencional
Complementa outras técnicas – multimétodo
Precisão
Observação Quantitativa
Foca-se em dados mensuráveis
É sistemática / replicável
Implica definir:
Observação Qualitativa
Descrição aprofundada do indivíduo-em-contexto
Oferece narrativa de incidentes críticos
Ocorre em contexto natural
É ocasional /não-replicável
Unidade de análise – contínuo comportamental
Realiza-se em tempo real e num período amplo de tempo
Valoriza interações - Relações funcionais e contingências
Implica definir:
Cuidados
Clarificar a finalidade da observação
Torná-la o menos intrusiva possível
Salvaguardar consistência e rigor
Garantir preparação prévia dos observadores
Gerir expectativas quanto ao cliente (ver o que se quer)
Gravar
Técnicas de Registo – Observação Quantitativa
Exemplos:
Morde-se
Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências
Esperneia no chão
Poderia utilizar-se a técnica de registo de duração
Grita
Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências (indicativo de
irritabilidade ou chamada de atenção) ou de duração (indicativo de sofrimento),
consoante o propósito da avaliação psicológica e a problemática em causa
Desinfeta as mãos
Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências (indicativo de
cumprimento de normas de higiene) ou de duração (indicativo de sofrimento),
consoante o propósito da avaliação psicológica e a problemática em causa
Rói as unhas
Poderia utilizar-se a técnica de registo de frequências ou de duração,
consoante o propósito da avaliação psicológica e a problemática em causa
Abana a perna
Poderia utilizar-se a técnica de registo de duração (poderá ser indicativo
de inquietação, impaciência, ansiedade, desconforto)
Medidas de autorrelato
Procuram aceder a conteúdos mentais e processos cognitivos
Focam-se em atributos, características subjetivas e dimensões internas
Destinam-se a avaliar constructos ou variáveis latentes
Unidimensionais
Multidimensionais
Porquê medir constructos?
Permite comparar resultados com critérios/normas
Útil em screening
Sustenta/informa diagnósticos
Permite monitorizar evolução do cliente
Mudança intraindividual
Response to Intervention (RTI)
Tipos de questionário:
Teste
Escala
Inventário
Respostas:
Abertas
Fechadas
Dicotómicas
Policotómicas
Ipsativas
Administração ocorre em contexto formal
Cuidados a ter:
o Condições físicas (luz, mobiliário)
o Condições situacionais e pessoais
o Disponibilidade do psicólogo
o Instruções compreensíveis
o Procedimentos estandardizados
Como escolher?
Propriedades psicométricas
Sensibilidade – diferenciação
Validade – constructo, relação com outras variáveis
Fidelidade – consistência interna, teste-reteste
Postulados
O uso de questionários deve ser guiado por um modelo teórico
Os questionários devem ser facilitadores da avaliação psicológica
Os questionários devem ser administrados sob propósito de poder ser benéficos
ao cliente
Os questionários podem permitir identificar forças/fraquezas do cliente e
oportunidades de progresso
Os psicólogos devem estar familiarizados com várias técnicas de avaliação
psicológica e, sempre que apropriado, considerar uma abordagem multi-método
na utilização de questionários
A utilização de questionários requer conhecimento sólido sobre avaliação
psicológica, qualificação dos profissionais para o seu uso e conhecimento sobre
como interpretar pontuações
A utilização de questionários com recurso às TIC deve ser feito com consciência
das vantagens e desvantagens associadas
Checklist
Que medidas existem para avaliar o constructo? Que vantagens e desvantagens?
Que resultados fornece o questionário? Podem ser úteis à avaliação psicológica e
ao cliente?
O questionário permite fornecer feedback, informação e/ou perspetivas
alternativas ao cliente?
Há outras técnicas de avaliação psicológica que possam acrescentar informação
e complementar os resultados do questionário?
Como pode o psicólogo facilitar a compreensão dos resultados por parte do
cliente?
O cliente espera obter outro tipo de informações?
A informação obtida permitiu alcançar informação suficiente para compreender
o problema / responder ao pedido?
A partir dos resultados obtidos, é possível traçar objetivos de intervenção
psicológica?
Como interpretar?
Critérios externos
Identifica-se critério externo
Metas curriculares, valor crítico para psicopatologia
Contrasta-se o resultado bruto com o critério externo
Pontuação possível
Atribui-se sentido psicológico aos valores obtidos
Exemplo: Pontuações maiores significam maior autoestima?
Pode contrastar-se com pontuação mínima e máxima possível
Pode contrastar-se com ponto médio possível
ponto M = pontuaçãomax + pontuaçãomin
2
Cliente tem 13; pontuação média 15; min5 max25
Técnicas projetivas
Hábitos emocionais
Afetos
Crenças
Pensamento
Personalidade
Cognições
PREMISSAS
Classificações:
Temáticas ----- Cliente narra história a partir de estímulos visuais com elementos
humanos e não-humanos
(tenho um conjunto de imagens concretas e o cliente tem de contar a história através
daquelas imagens)
Associativas ----- Cliente completa, oralmente ou por escrito, palavras / frases / contos
(apresentar uma historia e pedir para continuar a história por exemplo)
1. 1ª Consulta
o O motivo/problema da consulta e sua operacionalização
o O que motivou o cliente a pedir ajuda?– tema ao qual se dedica a maior parte
do tempo durante este 1º ato clínico.
o Escuta ativa – construção de hipóteses clínicas.
o Outros motivos secundários no decurso do acompanhamento?
o Entrevista clínica :
Modelo teórico de referência do psicólogo
Objetivo da entrevista
Contexto da entrevista - com quem?
Pedido - feito por quem?
o Observação
Exige treino
O quê e com que finalidade?
Parecer 16/CEOPP/2015
1. Um processo de avaliação psicológica obedece a procedimentos específicos que
implicam (1) a competência para escolher os instrumentos apropriados ao
objetivo da avaliação, (2) o conhecimento e a experiência ao nível da aplicação e
da cotação dos instrumentos selecionados e (3) a competência para interpretar e
integrar os resultados de uma forma útil e compreensiva.
Dilemas – avaliar ou não depois da 1ª consulta?
Avaliar porquê?
Avaliar para quê?
Avaliar com que benefícios no aqui e agora?
Motivo da avaliação
Recomendações de intervenção.
5. Diagnóstico
6. Plano terapêutico
REDAÇÃO DE UM RAP
Princípio da legibilidade
Responder às necessidades de informação dos destinatários
Incluir apenas informação relevante para o caso
Ter em conta o nível de formação dos destinatários
Excluir uso de linguagem complexa
Caso se justifique explicitar os conceitos usados em geral
A entrevista de restituição de informação antecede o envio do RAP
escrito
O tipo de relatório depende do destinatário
Princípio da utilidade
Interpretar objetivamente os comportamentos observados, os resultados
nos testes e informações recolhidas
Facilitar a intervenção
Apresentar soluções
Princípio da credibilidade
Redigido com rigor, clarificando os objetivos subjacentes ao pedido
Deve dar resposta ao pedido (questões explicitas e implícitas)
Escolha fundamentada dos instrumentos
As recomendações devem ser justificadas
Deve apresentar informações credíveis e persuasivas
Princípio da especificidade
Deve responder às questões especificas inicialmente identificadas
Deve fornecer uma descrição singular do sujeito avaliado
Deve permitir formular conclusões e formulações detalhadas
03/05
Principais secções/estrutura:
1. Elementos de identificação
Data da avaliação (em que dia realizamos a avaliação)
Data do relatório (finalizado e enviado)
Nome do psicólogo
Nome; Idade; data de nascimento; estado civil; habilitações literárias; profissão (se
justificado)
o Testes e Resultados:
Usar testes inapropriados ou com normas de cotação
datadas;
Os testes não foram devidamente descritos;
Extrapolar os resultados (significado da pontuação para lá
do seu significado);
Cotar mal os instrumentos;
Não aplicar o teste na totalidade por falta de atenção/
revisão final do protocolo/teste aplicado;
Orientar o RAP para os testes e não para o sujeito avaliado;
Não tomar notas durante a entrevista;
Não usar a grelha de observação;
Apresentar os resultados sem colocar o que significam;
RAP com contradições;
Focar apenas as pontuações mais baixas.
o Conclusões e Recomendações:
Pouco valor ou utilidade para a intervenção;
Apresentar conclusões inconsistentes;
Apresentar recomendações irrealistas para o sujeito
avaliado;
Apresentar apenas uma sugestão para lidar com as
dificuldades do sujeito avaliado.
Relutância em facultar informações negativas.
Não apresentar exemplos de comportamentos observados
que ilustrem as inferências contidas na formulação;
As conclusões não são congruentes com os resultados;
o Antes de concluir a versão final do RAP:
Não se proceder à sessão de restituição da informação (a
quem solicitou o pedido).
Aula 24/05
Uso de testes psicológicos em Portugal
O ensino universitário da psicologia surge tardiamente em Portugal. A
graduação em psicologia pelas Universidades Públicas em Portugal iniciou-se
apenas em 1975/76, após a revolução democrática de 25 de abril de 1974. Assim
se explica algum atraso na consolidação da psicologia como área de pesquisa, de
formação e de exercício profissional, como reflexos em várias das suas
especificações e campos de especialidade, incluindo a área da avaliação
psicológica.
O desenvolvimento da psicometria e da formação dos psicólogos na avaliação
psicológica foi ocorrendo, assim, ao longo das duas últimas décadas em
Portugal, muito em função das necessidades da prática profissional como foi
sendo demostrado em sucessivas auscultações dos psicólogos portugueses.
Caso 1
Pergunta 1.
Neste caso, em relação ao António, utilizaria um teste para a avaliação das suas
dificuldades da aprendizagem e um teste de psicodiagnóstico de Rochard para
aceder a características mais internas da personalidade e perceber melhor a sua
esquizofrenia paranoide.
Pergunta 2.
Caso 2.
Pergunta 1.
Entrevista psicológica à mãe, à criança e à professora. Aplicar o desenho na
família (fundamental para perceber se estas dificuldade escolares são uma
consequência do disfuncionamento familiar).
Pergunta 2.