Homens Imaturos: Crianças" (Is 3.12)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

115

16
Homens imaturos

Mais de vinte anos se passaram desde que escrevi o último capítulo


deste livro. De lá para cá, o mundo mudou radicalmente, sendo que
grande parte dessas mudanças se deu na esfera da tecnologia - que
aumentou - da geografia física do planeta, das fronteiras nacionais e da
cultura de cada país.
A praga de nossos dias já não é mais o pai ausente, e sim, o descaso
do pai em relação ao lar. A diferença é que, embora presente em casa,
falta a este um interesse genuíno pelos membros da família. Um estudo
realizado pela Universidade de Columbia mostrou que os filhos criados
apenas pela mãe achavam-se em melhores condições do que aqueles que
tiveram um pai indiferente em casa. O descaso paterno em relação à
família é a praga de nossos dias.
Hoje, mais do que nunca, certas questões culturais têm sido
consideradas responsáveis pelos estupros, divórcios, drogas,
enfermidades e outros males. Muitos dizem que a causa desses
infortúnios é o colapso da família. E o que mina a estrutura familiar é a
indiferença do pai.
Os sociólogos afirmam que a indiferença paterna é fruto da
imaturidade dos homens. Trata-se de um problema de proporções
epidêmicas, presente em todas as partes do mundo. Milhões de cr ianças
que estão crescendo sem o cuidado dos pais se tornarão um problema no
futuro, como profetizou Isaías: "Os opressores do meu povo [serão]
crianças" (Is 3.12).
Só somos jovens uma vez na vida, mas podemos passar a vida inteira
nos comportando de modo imaturo.
O Senhor aprova quem tem o coração como o de uma criança, mas
condena atitudes infantis e imaturas.
116

O propósito dos cinco dons de ministério dados à igreja é prover as


condições para que os homens possam amadurecer, isto é, chegar à
medida da estatura da plenitude de Cristo.
Desde que lancei a primeira edição de Homem ao Máximo, tenho
literalmente viajado por todo o mundo, levando a mensagem de que
"hombridade consiste em ser semelhante a Cristo". Certa vez, um
membro da Câmara dos Lordes, na Inglaterra, exclamou durante um de
nossos encontros:
"É a maior verdade que já ouvi em toda minha vida!"
Sempre que falo sobre essa questão da infantilidade, digo que, quando
o homem se comporta como criança, ele força a esposa a agir como se
fosse mãe dele. Um problema ainda mais grave é que nenhum homem faz
amor com a própria mãe. Quem ouve essa afirmativa quase sempre solta
alguma exclamação.
O fato, no entanto, é verdadeiro. Quando a infantilidade do homem
começa a criar problemas no relacionamento íntimo dele com a esposa,
normalmente ele se põe a culpar a mulher, acusando -a de frigidez, ou
dizendo que ela não o compreende. Porém, a verdade é que ela o entende
bem demais.
Hoje, uma das evidências mais típicas dessa postura infantil no
homem é a compulsão pela pornografia. Esta, como qualquer outra forma
de perversão, promete beneficiar e dar prazer, mas ao final apenas engana
e escraviza. Promete intimidade, mas a intimidade que oferece se limita a
quem faz uso dela.
A pornografia, flagelo da sociedade moderna no mundo inteiro, é
idolatria. Através dela, o homem cria imagens na mente, que o levam a se
masturbar. O hábito da masturbação é, na verdade, um ato de adoração,
em que o homem adora o ídolo, isto é, a imagem criada na mente.
Os "altos" da mente são semelhantes aos altares idólatras que a nação
de Israel edificou a fim de tomar o lugar da adoração ao Deus Jeová. O
que temos de fazer é derrubar "toda altivez que se levante contra o
conhecimento de Deus " (2 Co 10.5), usando as armas espirituais de nos sa
milícia.
O homem infantil é, na verdade, imaturo.
A maturidade não vem à medida que envelhecemos, mas sim, quando
passamos a aceitar a responsabilidade por nossos atos.
O primeiro Adão, no jardim do Éden, negou-se a aceitar a culpa pelo
que fizera. Já o último Adão, o Senhor Jesus Cristo, tomou sobre si a
responsabilidade pelos erros de toda a humanidade.
Essa é a característica diferenciadora dos homens. Num extremo,
temos aqueles que não conseguem assumir sequer a responsabilidade
pelos próprios atos. No outro, estão os que se responsabilizam não só
pelo que fazem, mas também por suas famílias e pelo mundo, a favor de
117

quem Cristo morreu. Os primeiros são imaturos e infantis. Os demais são


amadurecidos; homens de aliança que se espelham em Cristo.
Todo homem pode escolher se vai ser um mero indivíduo do sexo
masculino, um homem ou um varão de aliança.
Jesus indagou: "A que, pois, compararei os homens da presente
geração, e a que são eles semelhantes? " (Lc 7.31.)
Em seguida, respondeu à própria pergunta, dizendo: "São como um
grupo de crianças que reclamam com seus amigos: Vocês não gostam
quando tocamos música alegre, e também não gostam quando tocamos
música de enterro'. Pois João Batista costumava ficar sem comer e nunca
tomou, em toda a sua vida, nem uma gota de bebida forte, e vocês
disseram: 'Esse deve estar louco!' Porém Eu como e bebo vinho; então
vocês dizem: 'Que comilão é Jesus! E Ele bebe vinho também! E anda
corn a pior espécie de amigos!' Porém Eu sei que vocês sempre
pretendem justificar suas contradições " (Lc 7.32-35 - A Bíblia Viva).
Um ditado mais atual diz o seguinte: "Se minha maneira de jogar é
diferente da sua, então você vai pegar sua bola e voltar pra casa!"
E vemos homens adultos dizerem às esposas: "Ou faz as coisas do meu
jeito, ou rua!" Que criancice!
Durante uma reunião, em que se discutia um acordo de paz para o
conflito étnico na Sérvia, um ditador se levantou e deixou a mesa. Ao
sair, comunicou com a atitude e as palavras, o seguinte:
"Como não querem jogar pelas minhas regras, então, estou fora."
Esse homem, supostamente maduro e culto, agiu como uma criança,
permitindo que o massacre na Sérvia continuasse.
Certos indivíduos religiosos estão tão enfiados nas tradições dos
homens e na autoridade eclesiástica, que se negam a ouvir o que Jesus diz
a respeito deles. Agem como crianças ao afirmarem: "Se não concordam
com minhas regras, não têm comunhão comigo".
Jesus falou aos religiosos de sua época que a razão de eles rejeitarem
a ele e ao seu antecessor, João Batista, estava no f ato de estes não terem
acatado as regras e normas daqueles. Na verdade, os "religiosos" estavam
agindo como crianças. Em sua mesquinhez, batiam o pé para que os
outros vivessem segundo a sua mentalidade, que era, aliás, uma
racionalização para os seus erros.
O homem que segue uma mentalidade alheia, como forma de
racionalizar os próprios erros, está, na verdade, acolhendo os seus
fracassos.
Ser capaz de superar os erros é um indicativo de maturidade; mas
viver no erro, ou conviver com ele, é uma estupidez e uma criancice.
Temos de crescer!
Há um provérbio que diz "para aprender, é preciso estar disposto a ser
ensinado". Seja no mercado de trabalho ou no ministério, a demanda não
118

é por indivíduos disponíveis, mas sim, por aqueles que são ensináveis.
Aliás, se alguém não é humilde para aprender, nem está disposto a isso,
não me admira que esteja disponível. Não é fácil ensinar um homem que
pensa já dominar o assunto. Ninguém quer conviver com alguém que
prefere ser ignorante a demonstrar a humildade necessária para aprender.
Os "religiosos" estão mais preocupados com seu status pessoal nas
organizações burocráticas de que são parte, do que com a posição que
ocupam no reino de Deus.
Hoje, com a Internet, o envolvimento de homens imaturos com a
pornografia tem se agravado ainda mais. O conteúdo erótico veiculado na
rede é hoje tão comum, que já está se tornando um estilo de vida. Os
valores da geração passada foram derrubados por uma mentalidade e uma
conduta típicas de uma cultura que trata a perversão e a pornogr afia como
aceitáveis. Cinqüenta e sete por cento dos jovens norte -americanos não
vêem mal nenhum no homo- e no bissexualismo.
Tolerância é a nova palavra usada para exprimir um estilo de vida
politicamente correto. Os universitários são forçados a aceitar práticas e
atitudes intoleráveis à luz da Bíblia. Quando não o fazem - posicionando-
se ao lado do que a Palavra diz - são isolados pelos outros e tachados de
fanáticos ou de coisa pior.
No livro How God Saved the World (Como Deus salvou o mundo), o
Pastor Jim Garlow, ao falar sobre a perseguição que a igreja sofreu na
segunda metade do segundo século, afirma: "Por que os imperadores
estavam tão determinados a matar os cristãos? A razão é que estes, além
de se negarem a declarar que César era Deus, não adora vam os deuses do
povo romano e eram vistos como um grupo intolerante em relação às
demais religiões".
Não obstante a perseguição, o cristianismo se expandiu. Tertuliano,
um dos líderes da igreja primitiva, escreveu: "Prossigam! Torturem-nos!
Esmaguem-nos! Quanto mais somos ceifados por vós, tanto mais
crescemos em número. O sangue dos cristãos é semente". A perseguição
não foi capaz de conter a fé cristã. Pelo contrário, o cristianismo
floresceu em meio a ela.
Tertuliano, um homem franco e contundente, usou sua argúcia e
maneira enérgica de falar para conclamar os cristãos a abandonarem a
inércia e a frouxidão moral e assumirem uma fé radical e abnegada.
Viveu o cristianismo de modo muito sincero e resoluto. Via -se
incomodado pela apatia dos cristãos de Cartago, cidade de cerca de
setecentos e cinqüenta mil habitantes. Em uma seção de sua obra, o
teólogo desafia os cristãos a não apenas serem firmes e diligentes em sua
conduta, mas também a nunca fugirem da perseguição. Em parte, uma das
razões que atraiu Tertuliano ao cristianismo foi a coragem dos mártires.
Foi o primeiro a declarar que "o sangue dos mártires é a semente da
119

igreja". Com isso, estava dizendo que o testemunho daqueles que


morreram pela fé levava outros a abraçá-la.
Atualmente, muitos jovens estão estudando a vida dos mártires,
crendo que um dia poderão ser um deles. Enquanto isso, os membros
"mais antigos", "mais amadurecidos" e "sisudos" da igreja estão
assentados nos bancos, apáticos. Muitos da velha-guarda atual "toleram"
atitudes banidas durante a própria juventude.
Provérbios 14.14 afirma que "o infiel de coração dos seus próprios
caminhos se farta". Como esses indivíduos religiosos participam das
reuniões da igreja sem o entusiasmo que resulta de amar a Cristo, o
Ungido de Deus, este permite que eles encontrem alegria e satisfação fora
da casa do Senhor.
Os cidadãos de hoje, imersos num sistema cultural que tem trocado o
caráter pelo que é material, estão semeando vento e vão colher
tempestade. Ao votarem para os mais elevados cargos administrativos,
escolhem candidatos que não têm compromisso com a honestidade nem
com os valores morais e éticos; homens pobres de caráter. O mundo está
sendo preparado para aceitar o anticristo, e essa realidade é geral.
Se em algum momento houve a necessidade de os homens se
agarrarem ao que a Palavra de Deus diz e se posicionarem ao lado de
Cristo, esse momento é agora!
O exemplo dos três rapazes hebreus nos ensina que nosso
compromisso com Deus sobressai, quando nos levantamos em meio a uma
multidão que se prostrou ao mundo.
A hora da decisão se aproxima!
Você vai se prostrar?
Ou tomará uma posição de peito aberto ao lado de Cristo?

Você também pode gostar