LV o Caminho Sinodal Artefinal 06-06-2022 (12676) .PDF.1
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e o retorno à
Igreja Primitiva
O Caminho Sinodal
e o retorno à
Igreja Primitiva
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 9
1. Carta..........................................................................................................................9
2. Saudação inicial .....................................................................................................10
CONCLUSÃO.................................................................................................. 57
1. Autoridade de Pedro..............................................................................................57
2. Pedro e Paulo..........................................................................................................58
3. Desejo pessoal........................................................................................................59
4. Saudação final.........................................................................................................59
POST SCRIPTUM............................................................................................ 61
1. Multiplicação dos pães e dos peixes e partilha...................................................61
2. Expulsão dos demônios e curas...........................................................................64
3. O fato da ressurreição............................................................................................67
4. O fim da teologia?..................................................................................................68
5. Últimos tempos......................................................................................................68
6. Papa Francisco........................................................................................................69
7. Datação....................................................................................................................69
8. Autoria.....................................................................................................................69
BIBLIOGRAFIA............................................................................................... 71
1. Carta
Irmãos e irmãs em Cristo, escrevo essa “carta”1 por ocasião da
XIX Semana Teológica da Faculdade Católica de Fortaleza, ocorrida
entre 20 e 22 de outubro de 2021, na qual se refletiu sobre O Ca-
minho Sinodal e o Retorno à Igreja Primitiva, entre outros assuntos
abordados.
Durante o encontro muitas idéias foram lançadas em terreno fér-
til, e, talvez, em outros não tão férteis assim, sobre como seria esse re-
torno à Igreja Primitiva e o que fazer enquanto caminho sinodal (cf.
Mc 4,1-9.10-12.13-20; Mt 13,1-9.10-15.18-23; Lc 8,4-8.9-10.11-15).
Apresento, aqui, minhas reflexões em tempo recorde2 acerca do
evento e os assuntos nele abordados. Que o bom Deus nos abençoe,
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Que Maria Santís-
sima nos acompanhe nesse caminho, como Jesus acompanhou dois
dos seus discípulos (cf. Lc 24,13-35). Ela que é Filha, Esposa e Mãe
de Jesus, da Igreja e de todos nós (cf. Ap 12,1-6). Ele, que é Deus e
Filho de Deus (cf. Jo 20,31; Mc 1,1).
Esse pequeno livro não tem pretensões de ser um artigo científi-
co, mas uma simples carta, como aquelas escritas por Pedro, Paulo,
pp. 550.962.
Vinte dias.
2
2. Saudação inicial
Fernando, “Servo de Cristo Jesus, chamado para ser presbítero,
escolhido para anunciar o Evangelho de Deus7, a vós todos, amados
de Deus e chamados à santidade, graça e paz a vós da parte de Deus,
nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (cf. Ef 1,2; Rm 1,1.7; 1Pd 1,2).
Cf. Rm 1,1.7.
3
Cf. Tg 1,1.
5
10
A IGREJA PRIMITIVA,
MARIA E OS APÓSTOLOS
1
Cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo, Paulinas, 2012.
pp. 394-396; Dillon, R. J. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testa-
mento e artigos sistemáticos. Atos dos apóstolos, São Paulo, Paulus, 2018. pp.
317-322.
“Mãe de Deus” θεοτόκος, ου, s. f. (Pereira, I., S.J., Dicionário Grego ‒ Portu-
2
332.
11
Entre outros.
4
pp. 322-325.
“Retirou-se e foi enforcar-se” (cf. Mt 27,3-10; At 1,18-19; 26,15; Dt 27,25).
6
outros em Gn 12,1-3; 25,19-34; 32,23-33; 1Sm 3,1-21; 16,1-13; Jz 13. Cf. We-
nham, G. WBC 2, Genesis 16‒50, Dalas, Word Incorporated, 1994. pp. 170-
181; Klein, R. W. WBC 10, 1Samuel, Nashville, Word Incorporated, 1983. pp.
157-162.
12
Agora não mais os onze, mas doze, escolhido, o último, por sorte.
8
13
9
E mais do que doutor, “pós-doutor”, pela PUC-Rio.
10
Que tal não esquecermos a cruz nas nossas pregações e na nossa vida?
11
Cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo, Paulinas, 2012. p.
938.
12
Pedro em Roma, cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo,
Paulinas, 2012. pp. 394-396, citanto I Clemente 5.
13
Onde “Jesus liga sua missão e a missão da Igreja à queda de Satanás” (Brown,
14
15
Tiago, filho de Zebedeu, João, seu irmão, Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, o
publicano, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o zelota e Judas Iscariotes (cf.
Mt 10,2-4). Mateus altera a ordem dos quatro primeiros apóstolos do evange-
lho de Marcos: Pedro, Tiago, João, André (cf. Mc 3,16-18). Em Marcos, Jesus
impõe a Simão o nome de Pedro e a Tiago e João o nome de Boanerges (cf. vv.
16-17). Mateus antecipa Tomé a Mateus e a Tiago, filho de Alfeu. Em Marcos,
a ordem é: Mateus, Tomé, Tiago (cf. Mc 3,18). Lucas segue a ordem de Mateus
para os seis primeiros apóstolos (Simão Pedro, André, Tiago e João), segue a
ordem de Marcos para os cinco seguintes (Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé,
Tiago, o filho de Alfeu), antecipa Simão, o zelota, a Tadeu, (presente em Mar-
cos), não cita Tadeu, mas, Judas, filho de Tiago e, por fim, Judas Iscariotes, o
traidor (cf. Lc 6,14-16). Judas, o traidor, é sempre o último em Mt, Mc e Lc.
Cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo, Paulinas, 2012.
18
pp. 282-283; Hagner, D. A. WBC 33b, Matthew 14‒28, Nashville, Word Incor-
porated, 1995. pp. 461-475. Certamente Jesus poderia ter nascido antes e ter
escolhido Paulo como chefe do grupo dos apóstolos e da Igrela. Afinal, Paulo
era culto, educado aos pés de Gamaliel (cf. At 22,3), cidadão romano (cf. 22,22-
29), conhecedor do grego (cf. 17,16-22a.22b-34), do hebraico (cf. 22,2), do ara-
maico (os judeus falavam aramaico; cf. 17,17a; 22) e do latim (cidadão romano;
cf. 23,23‒25,12). Mas, Deus não quis: “Quando chegou a plenitude do tempo
ὅτε δὲ ἦλθεν τὸ πλήρωμα τοῦ χρόνου Deus enviou o seu Filho ἐξαπέστειλεν ὁ
θεὸς τὸν υἱὸν αὐτοῦ, nascido de mulher γενόμενον ἐκ γυναικός, nascido sob a
Lei γενόμενον ὑπὸ νόμον, para resgatar os que estavam sob a Lei ἵνα τοὺς ὑπὸ
νόμον ἐξαγοράσῃ, a fim de que recebêcemos a adoção filial ἵνα τὴν υἱοθεσίαν
16
17
18
24
Ibidem.
25
Ibidem.
26
Ibidem.
Ibidem.
27
19
28
Cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo, Paulinas, 2012.
pp. 369-370; Karris, R. J. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testa-
mento e artigos sistemáticos. O evangelho segundo Lucas, São Paulo, Paulus,
2018. pp. 305-308. Sem falar na participação das mulheres ao longo da vida
pública de Jesus: “Joana, mulher de Cuza, o procurador de Herodes, Susana e
várias outras, que o serviam com seus bens” (cf. Lc 8,1-3).
Cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo, Paulinas, 2012.
29
20
pp. 397-400; Dillon, R. J. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testa-
mento e artigos sistemáticos. Atos dos apóstolos, São Paulo, Paulus, 2018. pp.
325-337.
21
A IGREJA PRIMITIVA,
JESUS E OS APÓSTOLOS
1. Os apóstolos e a Igreja
É por meio de sua palavra (e a dos apóstolos) que muitos se con-
vertem (cf. cf. At 2,37-41), que são operados prodígios e sinais (cf.
v. 43), que alguns são curados (“Pedro e João curam um aleijado
sentado à porta do templo”: cf. 3,1-10).
Os apóstolos fazem e realizam o que Jesus fez e realizou. Favor
não esquecer as curas e as expulsões dos demônios operados por Je-
sus nos Evangelhos: expulsão do demônio em Cafarnaum, Jesus de-
monstrando sua autoridade (cf. Mc 1,21-281), Maria Madalena, da
qual haviam saído sete demônios Μαρία ἡ καλουμένη Μαγδαληνή,
ἀφ᾽ ἧς δαιμόνια ἑπτὰ ἐξεληλύθει2 (cf. Lc 8,1-3; cf. Mc 1,21-28; 5,1-
20; 9,14-29; Lc 4,31-37; Mt 8,28-34; 9,32-34; Lc 8,22-25; Mt 17,14-
21; Lc 9,37-42; At 3,1-10).
23
2. A autoridade de Jesus
A autoridade de Jesus no Evangelho de Marcos (e nos sinóticos)
se manifesta no ensino, na pregação, na cura e na expulsão dos de-
mônios: cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31), diversas curas em
Cafarnaum (1,32-34), cura de um leproso (1,40-45), cura de um pa-
ralítico e perdão dos pecados (2,1-12)3.
Jesus ensina, cura e expulsa os demônios. Cura e expulsa pela
palavra e pela ação (cf. o significado da palavra dabar em hebraico;
cf. Gn 1,1-3)4.
3
Cf. Neirynck, F. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e
artigos sistemáticos. O problema sinótico, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 49-63;
Harrington, D. J., S.J., Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testa-
mento e artigos sistemáticos. O evangelho segundo Marcos, São Paulo, Pau-
lus, 2018. pp. 65-129; Stock, K., S.I., Marco. Commento contestuale al secondo
vangelo, Roma, Edizioni ADP, 2003. p. 17-28; cf. Mt 8,2-4.14-15.16; 9,1-8; Lc
4,38-39.40-41; 5,12-16.17-26. Quanto às instruções sobre a lepra no AT e no
livro do Levítico, cf. Hartley, J. E. WBC 4, Leviticus, Thomas Nelson, 1992.
pp. 170-201. Jesus ensina e expulsa um espírito impuro em uma sinagoga em
Cafarnaum no dia de sábado (cf. Mc 1,21-28; Lc 4,31-37), cura de um homem
com a mão atrofiada (Mc 3,1-6; cf. Mt 12,9-14; Lc 6,6-11), Jesus dá autoridade
aos discípulos para expulsar os demônios e curar os doentes (cf. Mc 3,15; 6,13),
o endemoninhado geraseno (Mc 5,1-20; cf. Mt 8,28-34; Lc 8,26-39), cura da
hemorroíssa e ressurreição da filha de Jairo (Mc 5,21-43; cf. Mt 9,18-26; Lc
8,40-56), diversas curas na região de Genesaré (Mc 6,53-56; cf. Mt 14,34-36),
expulsão do demônio da filha de uma siro-fenícia (Mc 7,24-30; cf. Mt 15,21-
28), cura de um surdo-gago (cf. Mc 7,31-37), cura de um cego em Betsaida (cf.
Mc 8,22-26), o endemoninhado de Mc 9,14-29 (cf. Mt 17,14-21; Lc 9,37-42),
cura de um cego à saída de Jericó (Mc 10,46-52; cf. Mt 20,29-34; Lc 18,35-43).
Cf. GLAT II, dbr Bergman, J., Brescia, Paideia, 2002. pp. 96-106; GLAT II,
4
dbr Lutzmann, H., Brescia, Paideia, 2002. pp. 106-109; GLAT II, dbr Schmidt,
W.H., Brescia, Paideia, 2002. pp. 109-144.
24
25
8
Cf. Beasley-Murray, G. R. WBC 36, John, Thomas Nelson Inc., 1999. pp. 364-
391; Guelich, R. A. WBC 34a, Mark 1‒8,26, Colombia, Word Incorporated,
1989. pp. 130-141.141-151.
9
Se confundirmos “cura” com “expulsão”, essa afirmação suscita, a nível exe-
gético e hermenêutico, alguns questionamentos e perguntas que devem ser
respondidos.
10
Cf. o verbo βάλλω com o prefixo ἐκ, significando “movimento de dentro para
fora, com violência”. O mesmo ocorre nos outros evangelhos sinóticos. Cf. Mt
9,33: καὶ ἐκβληθέντος τοῦ δαιμονίου ἐλάλησεν ὁ κωφός. καὶ ἐθαύμασαν οἱ
ὄχλοι λέγοντες, Οὐδέποτε ἐφάνη οὕτως ἐν τῷ Ἰσραήλ (verbo ἐκβάλλω).
11
Cf. o pequeno exorcismo do papa Leão XIII; De Exorcismis et Supplicationibus
Quibusdam, Congregatio de cultu divino et disciplina sacramentorum, Città
26
del Vaticano, Libreria Editrice Vaticana, 2004; cf. também, Niehr, H., Il con-
testo religioso dell’Israele antico, Paideia, 2012. p. 144. Cf. o que disse o papa
Francisco sobre o demônio na paróquia romana de são Crispim de Viterbo,
no dia 03 de março de 2019: “Nosso maior inimigo, o diabo, pai da mentira”;
cf. João Paulo II: “Lutar contra o demônio” (visita à Puglia, 24 de maio de
1987), João XXIII: “Não podemos negar a existência do maligno” (conclusão
do ano centenário das aparições de Lourdes), o papa Paulo VI: “Ação diabó-
lica” (audiência de 15 de novembro de 1972) e o papa Bento XVI: “O mal, o
demônio” (viagem ao Líbano, 2012)”; fonte, Vatican News (20 de março de
2019) https://www.vaticannews.va/pt.html.
12
Mais adiante veremos que são sete os passos (n. 144 ao n. 151).
13
Esse ambiente hostil e de violência não existe nas curas; cf. Guelich, R. A.
WBC 34a, Mark 1‒8,26, Colombia, Word Incorporated, 1989. pp. 271-.289.
27
fim, saem14 e entram nos porcos (cf. Mc 5,13: “ambiente impuro” καὶ
ἐξελθόντα τὰ πνεύματα τὰ ἀκάθαρτα).
Algumas vezes o espírito é mudo, atira o possuído no chão. Ele
espuma, range os dentes e fica rígido. O espírito agita o “menino”15,
que cai por terra, rola espumando e o atira ao fogo. Jesus ordena que
saia, e o espírito, gritando e agitando-o violentamente, sai (cf. Mc
9,14-29; Mt 17,14-21; Lc 9,37-42).
No Evangelho de Marcos, somente o demônio conhece Jesus,
embora imperfeitamente (cf. Mc 1,24; 5,6; Lc 4,34; 8,28; Mt 8,29) e
diz quem Ele é16. Nas curas, esse fato não ocorre (cf. Mc 1,29-31.40-
45; 2,1-12; 3,1-6; 5,21-43; 6,53-56; 7,24-30.31-37; 8,22-26; 10,46-52;
cf. At 3,1-10). “O primeiro dos vinte e um milagres lucanos, sinais
de poder, é um exorcismo”17 (cf. Lc 4,31-38). No evangelho de Lucas,
“Jesus lutará contra muitos demônios”18.
Uma última observação, em Marcos 1,34, Jesus ἐθεράπευσεν
πολλοὺς κακῶς ἔχοντας ποικίλαις νόσοις καὶ δαιμόνια πολλὰ
ἐξέβαλεν Jesus “Curou muitos doentes de diversas enfermidades
e expulsou muitos demônios” (cf. Mc 6,13; Mt 8,16). A partícula
(conjunção) καὶ, no grego, em Mc 1,34, é aditiva em um período
14
São muitos (cf. Mc 5,13).
15
Cf. Mc 9,17.24, o “filho”, τοῦ παιδίου.
16
“O conhecimento que os demônios têm de Jesus, apesar de conter um título
verdadeiro não capta o mistério de sua pessoa (o qual, conforme veremos, im-
plica sofrimento e morte)” (cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento,
São Paulo, Paulinas, 2012. p. 209.
17
Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo, Paulinas, 2012. p.
342.
18
Ibidem.
28
19
Cf. Mc 6,13; Mt 8,16; cf. Balz, H. ‒ Schneider, G. Dizionario Esegetico del Nuo-
vo Testamento. Introduzione allo studio della Bibbia 15, Paideia, 2004. pp.
1846-1850; Zerwick, M. ‒ Grosvenor, B. A Gramatical Analysis of the Greek
New Testament, Gregorian University Press, 1993. pp. xv-xvi.
20
“Curar e expulsar os demônios, “curar + expulsar os demônios”.
21
Uma ao lado da outra.
22
Quando do envio dos doze; cf. o discurso missionário (Mt 10,1-17; Lc 9,1-6; Mc
6,7-13); cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento, São Paulo, Paulinas,
2012. pp. 274-275.
29
5. Sinais e prodígios
No livro dos Atos dos Apóstolos, Pedro e João comparecem
diante do sinédrio, são julgados e respondem com intrepidez (cf.
At 4,1-22; v. 13), como Jesus também foi, respondeu ao sumo sa-
cerdote e levou uma bofetada de um dos guardas presentes (cf.
30
23
“Servo, assistente”; cf. Dillon, R. J. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo.
Novo Testamento e artigos sistemáticos. Atos dos apóstolos, São Paulo, Pau-
lus, 2018. pp. 337-342; Beasley-Murray, G. R. WBC 36, John, Thomas Nelson
Inc., 1999. pp. 308-364.
24
Cf. Dillon, R. J. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e
artigos sistemáticos. Atos dos apóstolos, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 337-342.
Cf. GLAT V, mlʼkh Fabry, H.-J., Brescia, Paideia, 2005. pp. 51-66.70-71; GLAT
25
V, mlʼkh Freedman, D.N. ‒ Willoughby, B.E., Brescia, Paideia, 2005. pp. 66-
70; GLAT VIII, śṭn Nielsen, K., Brescia, Paideia, 2008. pp. 705-712; GLNT
III, ἐκκεντέω Schlier, H., Brescia, Paideia, 2000. p. 322; GLNT II, Σατανᾶ,
διάβολος Foerster, W., Brescia, Paideia, 1966. pp. 921-926.1397-1429; GLNT II,
Σατανᾶ, διάβολος von Rad, G. ‒ Foerster, W., Brescia, Paideia, 1966. pp. 926-
934 (cf. Jz 6,11-24; 13,1-25; 1Rs 19,5.7; 1Cr 21,18; Tb 5,4.10.13.17; 6,2.4-5.7.11-
13.14.16.20; 8,2-3; 9,1.5; 11,2-4.7-8; 12,1-21; Is 6,1-10; Dn 8,15-27; 9,20-27; 10,9-
19; Mc 13,27; 16,1-8; Mt 1,18-25; 4,6.11; 24,31; 26,53; 28,1-8; Lc 1,5-25.26-38;
2,1-20; 4,10; 24,1-8; Jo 1,51; 20,11-18; At 5,17-21; 12,1-19; Ap 1,1.20; 2,1‒3,22;
5,11-12; 7,1-8.11-12; 8,4-5.6-13; 9,1‒12,17; 14,6-20; 15,1‒20,6; 21,9‒22,21; 1Ts
31
4,16; Hb 1,1‒2,18).
Os apóstolos o encontram (cf. At 8,14-18). Quanto ao “chorar copiosamente”,
26
32
e religiosa da época do profeta Elias, cf. DeVries, S. J., WBC 12/1, 1 Kings,
XXI-XXIX, Waco, Words Book, 1985; 2R 2,11. Quanto ao arrebatamento de
Elias, cf. Joüon, P. ‒ Muraoka, Gramática del Hebreo Bíblico. Instrumentos
para el estudio della Biblia XVIII, Verbo Divino, 2007. pp. 160-161; 2Rs 2,14-
15, cf. Ska, J. L. I nostri padri ci hanno raccontato. Introduzione all’analisi dei
racconti dell’Antico Testamento, Bologna, EDB, 2012. p. 65. Quanto a Elias e
Eliseu, cf. GLAT IV, krml Mulder, M. J., Brescia, Paideia, 2004. p. 559; Efrat, S.
B., El arte de la narrativa nella biblia, Madrid, Ediciones Cristiandad, 2003. p.
65; Fokkelman, J.P., Come leggere un racconto biblico, Bologna, EDB 43, 2003.
p. 96; Ska, J. L. Le passage de la mer, Roma, Gregorian & Biblical Press, 1997.
p. 95; Idem, Spechi, lampade e finestre. Introduzione all’ermeneutica biblica,
Bologna, EDB, 2014. pp. 67-68; Blenkinsopp, J. Sapiente, sacerdote profeta,
Paideia, 2005. p. 193; Sweeney, M.A. I & II Kings. A Commentary, Old Testa-
ment Library, 2007. p. 233; Howard JR. An Introduction to the Old Testament
Historical Books, Moody Publishers, 2007. p. 196; cf. Wenham, G. WBC 1,
Genesis 1‒15, Dalas, Word Incorporated, 1987. pp. 119-134; Hobbs, T. R. WBC
13, 2 Kings, Waco, Word Incorporated, 1985. pp. 13-28; Walsh, J. T. ‒ Begg, C.
T. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Antigo Testamento. 1 e 2 Reis, São
Paulo, Paulus, 2018. p. 347-394; Di Lella, A. A. Novo Comentário Bíblico São
Jerônimo. Antigo Testamento. Eclesiástico (Sirácida), São Paulo, Paulus, 2018.
p. 1002; Alter, R. L’arte della narrativa biblica, Editrice Queriniana, 2014. pp.
187-226. “Narrativa di invenzione”, Idem, pp. 37-64.
33
7. História e mito
O que é o “histórico” e o que é o “mito”?28.
Certamente Gênesis 1-11 não pode e não deve ser considera-
do “histórico” como entendemos história, hoje. Mesmo porque o
conceito de história para o homem bíblico pós-exílico (narrador ou
redator final, segundo a metodologia utilizada), que nos oferece e
entrega o texto do livro do Gênesis e que vive em um contexto his-
tórico e literário bem diferente do nosso, não é o mesmo conceito
de história como entendemos, hoje, e não será o mesmo conceito,
amanhã. Cada texto analizado dentro do seu contexto29.
Posso, então, afirmar que, a partir do contexto histórico e literá-
rio, em que o texto (manuscrito ou papiro) foi escrito, e chegou até
nós (processo de transmissão do texto), o arrebatamento de Enoc e
Elias não existiu (e o nosso não haverá; cf. 1Ts 4,17), é tudo ficção
bíblica?30.
28
Cf. Aristotele, περὶ ποιητικῆς, trad. española, Poética de Aristóteles, tr. García
Yebra, V., Gredos, 2018; GLAT IV, mṭr Zobel, H.-J., Brescia, Paideia, 2004. p.
1129; Cross, F.M. Canaanite Myth and Hebrew Epic, Cambridge ‒ Massachu-
setts ‒ London, Harvard University Press, 1973. p. 192; Mckenzie, J.L., “The
Hebrew Attitude towards Mythological Polytheism”, CBQ 14 (1952). pp. 323-
335; Worden, T. “The Literary Influence of the Ugaritic Fertility Myth on
the Old Testament”, An Introduction to the Biblia Hebraica, tr. E.F. Rhodes,
Grands Rapids, 1995. pp. 273-297; Mcleish, K. Aristotle. Aristotle’s Poetics,
New York, Routledge, 1998. p. 15.
Regra básica da exegese contemporânea. Quanto a Gn 1‒11, cf. Wenham, G.
29
WBC 1, Genesis 1‒15, Dalas, Word Incorporated, 1987. pp. 119-134. p. 283.
30
Ou depende da metodologia exegética aplicada ao se analisar um texto bíbli-
co, metodologia essa sincrônica e/ou diacrônica?
34
2010. pp. 50-53; Dias da Silva, C. M., com a colaboração de especialistas, Me-
todologia de exegese bíblica, São Paulo, Paulinas, 2000. pp. 80-81; Artola, A.
M. ‒ Sánchez Caro, J. M. Bibbia e parola di Dio, capitolo XIII, MBE, Bres-
cia, Paideia, 2000. pp. 309-348; Aletti, J.-N. – Gilbert, M. – Ska, J. L. – de
Vulpillières, S., Vocabulário ponderado da exegese bíblica, São Paulo, Edições
Loyola, 2011. pp. 43.79; Corsani, B. Come interpretare un texto biblico, Serie
biblica 90, Torino, Claudiana, 2014. p. 7.
32
Cf. Os trabalhos de M. Noth, H. Ewald, D. N. Freedeman, J. Wellhausen, W.
M. L. de Wette, H. Hupfeld, E. Reuss, K. Graf, A. Kuenen e Marie-Joseph La-
grange. A encíclica Providentissimus Deus do Papa Leão XIII, Herman Gunkel
(1862-1932), Karl Ludwig Schmidt (1891-1956), Martin Dibelius (1883-1947),
35
9. Paulo
Nesse contexto de metodologia e ciência exegética sincrônica e/
ou diacrônica, de revelação, o que dizer do texto de Paulo em 1Ts
4,17 “Seremos arrebatados ἁρπαγησόμεθα com eles nas nuvens”?
Existe “arrebatamento”?
lo, Edições Paulina, 1998. pp. 15-49; Constituição Dogmática Dei Verbum,
Compêndio do Vaticano II. Constituições e Decretos, 31ª. edição, Introdução
e Índice analítico, Kloppenburg, B., O.F.M., pp. 119-139; Ispirazione e veritá
della sacra scrittura. La parola che viene da Dio e parla di Dio per salvare il
mondo, PCB, Città del Vaticano, Libreria Editrice Vaticana, 2014. pp. 15-24;
Constituição Dogmática Dei Verbum, Compêndio do Vaticano II. Consti-
tuições e Decretos, 31ª. edição, Introdução e Índice analítico, Kloppenburg,
B., O.F.M., pp. 128-131; Collins, R. F. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo.
Novo Testamento e artigos sistemáticos. Inspiração, São Paulo, Paulus, 2018.
pp. 885-905; A interpretação da Bíblia na Igreja, PCB 134, São Paulo, Edições
Paulinas, 1998. pp. 46-86.139-162.
36
34
Cf. Dillon, R. J. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento
e artigos sistemáticos. Atos dos apóstolos, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 351-
353.382-392; Fitzmyer, J. A. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Tes-
tamento e artigos sistemáticos. A carta aos Gálatas, São Paulo, Paulus, 2018.
pp. 426-427.
Apesar de Paulo ser o “apóstolo dos gentios”.
35
36
Cf. Dillon, R. J. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e
artigos sistemáticos. Atos dos apóstolos, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 357-358.
37
O louvor e a oração
Nesse contexto histórico do livro dos Atos dos Apóstolos, o louvor
e a oração na Igreja primitiva constituía uma das suas característi-
cas essenciais. A Igreja suplica a Deus pela libertação dos apóstolos,
orando (cf. At 12,5), e os apóstolos são libertos (cf. 12,6-11)39.
dois (vv. 1-3), o encontro com o mago Elimas (vv. 4-12), a chegada a Antioquia
da Pisídia (13-16a), a pregação de Paulo diante dos judeus (vv. 16b-43) e dos
gentios (vv. 44-52).
38
Paulo e Barnabé, perseguidos, evangelizam regiões inteiras: Icônio, Listra,
Derbe, Pisídia, Panfília, Perge, Atalia e Antioquia (cf. At 13,50‒14,28). No ca-
minho, curam um paralítico (cf. vv. 8-10), o mesmo milagre que Pedro e João
haviam realizado (cf. 3,1-10). Em Antioquia e Jerusalém surgem controvérsias
sobre o comportamento de Paulo e Barnabé (cf. 15,1-7a). Pedro e Tiago dis-
cursam, escrevem uma carta apostólica e a delegação retorna à Antioquia (cf.
15,7b-12.13-21.22-29.30-35). Dá-se o primeiro concílio na Igreja de Jerusalém,
onde Tiago, “irmão” (parente) de Jesus, é a autoridade máxima (cf. Gl 2,1-10).
É ele quem decide (cf. At 15,13-21; 12,17; quanto ao discurso da autoridade
na Bíblia cf. 2Rs 2,9-25). Enquanto isso, em Jerusalém, Tiago apóstolo, o ir-
mão de João, já tinha sido martirizado, no começo dos anos 40, por ordem de
Herodes Antipas (cf. At 12,2). Depois, Paulo parte em missão pela Licaônia,
Ásia menor, Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas (no areópago). Funda a Igreja
de Corinto, retorna à Antioquia, funda a Igreja de Éfeso (cf. At 15,36‒19,20).
Passa por prisões, dificuldades com os judeus (cf. 17,1-9.10-15), fracassos (cf.
17,16-22a.22b-34) e libertações maravilhosas (cf. Paulo e Silas louvando a
Deus e sendo libertados do cárcere em At 16,25-40).
39
Cf. Dillon, R. J. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e
38
artigos sistemáticos. Atos dos apóstolos, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 358-360.
40
Libertou os apóstolos (cf. At 12,5.6-11; juntamente com o Anjo: cf. vv. 5.7-11).
39
A IGREJA PRIMITIVA
E PAULO
Testamento, São Paulo, Paulinas, 2012. pp. 550.962. Quanto a Paulo, Barna-
bé, Silas, Timóteo, Sópatro, filho de Pirro, de Beréia, Aristarco e Segundo, de
Tessalônica, Gaio, de Doberes, Tíquico e Trófimo, da Ásia (cf. 15,36-40; 15,41;
15,16-40; 20,4; os últimos seis, companheiros de viagem de Paulo). Além des-
tes, Lucas, o médico (cf. o verbo “procuramos”, no plural, em At 16,10). Paulo
em Éfeso com Apolo (cf. 18,24), o fim das missões e a prisão em Jerusalém (At
19,21‒28,28), os projetos que mudam (19,21-22), o motim dos ourives em Éfeso
(19,23-40), a saída de Éfeso (20,1-6), a chegada a Trôade (20,7-12), Mileto (20,13-
16), a mensagem aos anciãos de Éfeso (20,17-38), a subida e chegada em Jerusa-
lém (21,1-26). A prisão e o discurso de Paulo (21,27‒22,21). Paulo, cidadão roma-
no, diante do sinédrio, é perseguido pelos judeus e enviado ao tribuno Cláudio
Lísias. Depois a transfência para Cesaréia, o encontro com Félix, o discurso
diante dele. Prisão e apelo a César, o rei Agripa, as justificativas de Paulo (cf. At
25,13-22), a reação violenta dos fariseus e dos saduceus (cf. 23,22-35; 24,1‒26,32).
Partida para Roma, a tempestade e o naufrágio, Malta, chegada a Roma (cf.
27,1‒28,16). Encontro com os judeus em Roma e o rompimento (cf. 27,23-27). Os
gentios (cf. 27,28), o epílogo, o fim de Paulo e das missões (cf. vv. 30-31).
2
Aceitando Paulo como autor de todas estas cartas. Cf. Fitzmyer, J. A. Novo
Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e artigos sistemáticos.
41
A Carta aos Romanos, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 515-591; Idem, A carta
a Filêmon, pp. 593-596; Idem, A Carta aos Gálatas, pp. 421-440; Murphy, J.
‒ O’Cornnor Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e ar-
tigos sistemáticos. Primeira carta aos Coríntios, São Paulo, Paulus, 2018. pp.
453-486; Idem, Segunda carta aos Coríntios, pp. 487-513; Kobelski, P. J. Novo
Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e artigos sistemáticos.
Carta aos Efésios, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 617-631; Byrne, B. Novo Co-
mentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e artigos sistemáticos. Carta
aos Filipenses, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 441-542; Horgan, M. P. Novo Co-
mentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e artigos sistemáticos. Carta
aos Colossenses, São Paulo, Paulus, 2018. p. 605-616; Collins, R. F. Novo Co-
mentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e artigos sistemáticos. A pri-
meira carta aos Tessalonicenses, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 407-420; Gibi-
lin, C. H. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e artigos
sistemáticos. A segunda carta aos Tessalonicenses, São Paulo, Paulus, 2018.
pp. 597-604; Wild, R. A. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Tes-
tamento e artigos sistemáticos. As cartas pastorais, São Paulo, Paulus, 2018.
pp. 633-654; Metzger, B. M. Il texto del Nuovo Testamento. Introduzione allo
studio della Bibbia, Brescia, Paideia, 1996. p. 196.
“Da tribo de Benjamim” (cf. Fl 3,4-6). “Eu sou judeu. Nasci em Tarso, da Ci-
3
lícia, mas criei-me nesta cidade, educado aos pés de Gamaliel na observância
exata da Lei de nossos pais, cheio de zelo por Deus” (cf. At 22,3); “São hebreus?
Também eu. São descendentes de Abraão? Também eu. São ministros de Cris-
to? Como insensato, digo: muito mais eu” (cf. 2Cor 11,22-23).
42
4
Portanto, Jesus quis fundar a Igreja e Paulo funda diversas igrejas. O que
dizer, então, do livro do Apocalipse, quando fala das igrejas Ἰωάννης ταῖς
ἑπτὰ ἐκκλησίαις ταῖς ἐν τῇ Ἀσίᾳ (cf. Ap 1,4‒3,22)? Cf. Dunn, J. D. G., La
teologia dell’apostolo Paulo, São Paulo, Paulus, 2003. pp. 75.147.534.536-
537.539.544.548.570.
5
Cf. Vouga, F. Novo Testamento, escritura e teologia. A primeira epístola aos
Coríntios, in Marguerat, D. (Org.), 2. ed., São Paulo, Loyola, 2012. pp. 233-257.
6
No sentido de “fechado”, apriori conteudísticos de interpretação teológica,
impondo esses apriori e não aceitando outras reflexões, outros pontos de vis-
43
Coríntios, in Marguerat, D. (Org.), 2. ed., São Paulo, Loyola, 2012. pp. 233-257.
44
por que não fazer o mesmo e seguir o exemplo de Paulo e o que ele
ordena (cf. 1Cor 12,1‒14,40)?
45
10
“Retroceder”?
Cf. Vouga, F. Novo Testamento, escritura e teologia. A primeira epístola aos
11
Coríntios, in Marguerat, D. (Org.), 2. ed., São Paulo, Loyola, 2012. pp. 233-
257. Quanto aos carismas em 1Cor 12‒14 cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo
Testamento, São Paulo, Paulinas, 2012. pp. 701-704.
12
Cf. Vouga, F. Novo Testamento, escritura e teologia. A primeira epístola aos
Coríntios, in Marguerat, D. (Org.), 2. ed., São Paulo, Loyola, 2012. pp. 233-257.
46
5. O discernimento espiritual
É necessário discernir o que fazer e o que não fazer. E não,
simplesmente, dizer que devemos retornar ao que fazia a Igreja nos
seus inícios: é preciso discernir e o discernimento é dom do Espíri-
to Santo (cf. 1Cor 12,10). Deixar-se guiar pelo Espírito (até mesmo
nas tentações e nas provas dessa vida; cf. Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc
4,1-13)13.
Que tal empreendermos o caminho sinodal a partir do discerni-
mento espiritual proposto por santo Inácio de Loyola nos seus exer-
cícios espirituais, nesse momento preciso da história da Igreja, antes
de decidirmos o que devemos e o que não devemos fazer? Por que
não fazermos, como Igreja, um retiro inaciano de trinta dias antes
de iniciarmos o caminho? Santo Inácio é o grande mestre do discer-
nimento dos espíritos. Por que não seguí-lo?
13
Ibdem.
47
14
Cf. Clifford, R. J. ‒ Murphy, R. E., O. Carm. Novo Comentário Bíblico São
Jerônimo. Antigo Testamento. Gênesis, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 59-127;
Idem, Êxodo, pp. 129-159. Quanto à Moisés e à jurisdição mosaica, cf. Crüse-
mann, F. La Torà, São Paulo, Editora Vozes, 2012. pp. 131-136; “Moses and the
Ten Words”, Christensen, D. L. WBC 6b, Deuteronomy 21,10‒34,12, Thomas
Nelson Inc., 2002. pp. 63-157; “The Exclusion of Moses and Aaron (20,1-13)”,
Budd, P. J., WBC 5, Numbers, Thomas Nelson Inc., 1984. pp. 215-220; “The
Call of the Deliverer, his Commission, and his Obedience (3,1‒7,7)”, Durham,
J. I., WBC 3, Exodus, Thomas Nelson Inc., 1987. pp. 27-88; “The Exodus into
the Promised Land under Moses (1,1‒3,22)”, Christensen, D. L., WBC 6a,
Deuteronomy 1,1‒21,9, Thomas Nelson Inc., 2001. pp. 3-62; “Mosaic tradi-
tions”, Childs, B. S. Biblical Theology of the Old and New Testaments. Theo-
logical Reflection on the Chritian Bible, Fortpress Press, 2011. pp. 130-142;
Anderson, A. A. WBC 11, 2Samuel, Dallas, Thomas Nelson Inc., 1989. pp.
170-177; O’Connor, M. Juízes, Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Anti-
go Testamento. Eclesiástico (Sirácida), São Paulo, Paulus, 2018. pp. 295-318;
“Ruth meets Boaz, Naomi’s relative, on the harvest field (2,1-23)” (Bush, F.
48
Sara, a mulher de Tobias (Tb 9‒10), Judite (Jt), Ester (Est), Susa-
na (Dn 13), a mãe dos sete irmãos mártires, ela também mártir (2Mc
7), a mulher virtuosa (Prov 31,10-31), a noiva‒esposa do livro do
Cântico dos Cânticos šyr hššyrym (cântico esponsal), Maria, a mãe
de Jesus (cf. Mt 1,16.20-25; 2; Lc 1,26-38.39-56; 2; Jo 2,1-12; 19,25-
27; Gl 4,4-6), a sogra de Pedro (Mc 1,29-31), a hemorroíssa e a filha
de Jairo (Mc 5,21-43), a mulher de Pilatos (Mt 27,19), Maria Mada-
lena, Maria, mãe de Tiago e Salomé (Mc 16,1), a viúva de Naim (Lc
7,11-17), a pecadora de Lc 7,36-50, a samaritana (Jo 4) e a adúltera
(Jo 7,53‒8,11)15.
Sem falar em Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes (cf.
Lc 8,3), Susana (cf. Lc 8,3), Marta e Maria, irmãs de Lázaro (cf. Jo
11; Lc 10,38-42), as “filhas de Jerusalém” (cf. Lc 23,28), as mulheres
em oração, com Maria e os apóstolos (At 1,14), Lídia (At 16,14-15),
Priscila (At 18,2), Maria e Júnia (Rm 16,6), Trifena, Trifosa e Pérside
(Rm 16,12), a mãe de Rufo (Rm 16,13), Júlia e a irmã de Nereu (Rm
16,15), as santas mulheres (1Pd 3,5) e muitas outras, ao longo da his-
tória, mulheres santas e mártires, Ágata, Inês, Perpétua e Felicidade,
Maria Gorete e Teresa Benedita da Cruz16.
WBC 9, Ruth/Esther, Thomas Nelson Inc., 1996. pp. 98-143); “Esther begins
her appeal: she invites the king and Haman to a banquet (5,1-8)” (Idem, pp.
401-408).
15
Cf. Aletti, J.-N. – Gilbert, M. – Ska, J. L. – de Vulpillières, S., Vocabulário
ponderado da exegese bíblica, São Paulo, Edições Loyola, 2011. pp. 43.79; Cor-
sani, B. Come interpretare un texto biblico, Serie biblica 90, Torino, Claudiana,
2014. pp. 18.27.
16
Cf. Liturgia delle ore, volume III, tempo ordinario, settimane I-XVII, ufficio
delle letture, città del Vaticano, Libreria Editrice Vaticana, 2009. pp. 1280-
1282.1226-1230.1325-1327.1462-1464.
49
7. Mistério da unidade
Mulher, imagem e semelhança de Deus, como o homem, tirada
do lado do homem (“lado, metade”; cf. Gn 1,27; 2,21-22: ṣlʻ “Lado,
metade”)17, metade do homem. Nasce do lado do homem, como a
Igreja nasce do lado de Cristo, na cruz (cf. Jo 19,31-37). Nova Eva,
novo Adão (cf. Rm 5,12-20; 1Cor 15,22).
Uma metade mais uma metade formando uma unidade. Somos
um com as mulheres (ao menos nas cartas de Paulo e no livro do
Gênesis; cf. Gn 1,27; 2,21-24; Ef 5,21-33, no contexto da moral do-
méstica; cf. Cl 3,18-2418; cf. Mt 19,1-9; Mc 10,1-12; Lc 9,51), para o
bem da Igreja, para a edificação da Igreja e na Igreja (Cristo, cabeça
da Igreja, a Igreja o corpo de Cristo, mistério da unidade19; cf. Ef
5,32 “É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e a
Igreja” τὸ μυστήριον τοῦτο μέγα ἐστίν· ἐγὼ δὲ λέγω εἰς Χριστὸν καὶ
εἰς τὴν ἐκκλησίαν). Somos “um” no corpo de Cristo.
Mulher, figura da Igreja (cf. Ef 5,25; Ap 12), nova Eva, nova hu-
manidade remida do pecado (cf. Jo 19,25-27; cf. Rm 5). Maria, nova
Eva, Cristo, o novo Adão (cf. Gn 3,15; Rm 5; “Em virtude da graça
da divina maternidade e da missão pela qual ela está unida com seu
filho redentor, e em virtude de suas singulares graças e funções, a
bem-aventurada virgem está, também, intimamente relacionada
PCB, Che cosa è l’uomo?. Un itinerario di antropologia biblica, Città del Vati-
17
50
20
Constituição Dogmática Lumen Gentium, Compêndio do Vaticano II. Cons-
tituições e Decretos, 31ª. edição, Introdução e Índice analítico, Kloppenburg,
B., O.F.M., pp. 109-110.
51
EXPERIÊNCIA PASTORAL
E PESSOAL
53
54
3. Hierarquia
Sem negar a hierarquia: “Tu és Pedro” (cf. Mt 16,18).
55
1. Autoridade de Pedro
Não esqueçamos, irmãos e irmãs, que, quando Paulo fala aos
epíscopos, aos presbíteros, aos diáconos, na constituição da Igreja e
na imposição das mãos, fala daqueles que estavam à frente na vida
da Igreja (cf. 1Tm 3,1-13; 5,17-25; Tt 1,5.6-9; 2Tm 2,24; 2,6 “Paulo
impõe as mãos sobre Timóteo”; 1Ts 5,12; cf. 1Pd 5,1-4; At 11,30)1.
E quando Jesus fala a Simão, filho de Jonas, Pedro, pedra, kefas,
fala sobre quem a “minha Igreja” μου τὴν ἐκκλησίαν (palavras do
próprio Cristo em Mt 16,18) será edificada e as portas do inferno
ᾅδου hades não prevalecerão, fala daquele que foi escolhido para
estar à frente da “sua Igreja” μου τὴν ἐκκλησίαν (cf. Mt 16,18). Ou
o ᾅδου hades não existe mais, nem o primado de Pedro na Igreja?2
Pedro, a quem foi dado “as chaves do reino dos céus, o que ligares
na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desliga-
do nos céus” δώσω σοι τὰς κλεῖδας τῆς βασιλείας τῶν οὐρανῶν, καὶ
ὃ ἐὰν δήσῃς ἐπὶ τῆς γῆς ἔσται δεδεμένον ἐν τοῖς οὐρανοῖς, καὶ ὃ ἐὰν
λύσῃς ἐπὶ τῆς γῆς ἔσται λελυμένον ἐν τοῖς οὐρανοῖς (cf. Mt 16,19)3.
1
Cf. Wild, R. A. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo. Novo Testamento e
artigos sistemáticos. As cartas pastorais, São Paulo, Paulus, 2018. pp. 633-654.
2
Quanto ao Hades se veja sheol (cf. Nm 16,33). Cf. Hagner, D. A. WBC 33b,
Matthew 14‒28, Nashville, Word Incorporated, 1995. pp. 461-475.
3
Ibdem.
57
2. Pedro e Paulo
Igreja querida, criada e pretendida por Jesus Cristo. Pedro, mar-
tirizado em Roma entre 64/68, durante a perseguição empreendida
por Nero. Juntamente com Paulo, um dos “mais justos pilares da
Igreja, perseguidos até a morte”4.
É o que eu acredito.
Com Pedro, Paulo, os apóstolos, as santas mulheres, corramos,
também nós, ao martírio! “Amém, vem Senhor Jesus maran atha!
A graça do Senhor Jesus esteja com todos vós! Ἀμήν, ἔρχου κύριε
58
3. Desejo pessoal
É o que eu espero.
4. Saudação final
“Saudai-vos mutuamente com o ósculo santo. Saúdam-vos todos
os santos. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comu-
nhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (cf. 2Cor 13,12-13).
Cf. Aune, D. E. WBC 52c, Revelation 17‒22, Thomas Nelson Inc., 1998. pp.
5
1195-1241.
Μαρανα θα (cf. 1Cor 16,22). Cf. Brown, R. E. Introdução ao Novo Testamento,
6
59
Fidelidade ao texto, por favor! Para uma boa exegese do texto o cientista bíbli-
1
co deve dizer o que o texto diz e não dizer o que o texto não diz. Cuidado com
a argumentação ex silentio. Cf. A interpretação da Bíblia na Igreja, PCB 134,
São Paulo, Edições Paulinas, 1998. p. 81.
A partilha vem depois da multiplicação dos pães e dos peixes.
2
61
348.
Cf. At 5,12. Certamente At 2,42-47 é um “sumário narrativo”, mas o fato de ser
4
62
63
64
65
66
3. O fato da ressurreição
Uma última observação11: Jesus ressuscitou? Se não ressuscitou,
como dizem certos “teólogos”, nossa fé é vã ματαία ἡ πίστις ὑμῶν
(cf. 1Cor 15,3-8.17, “Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que
eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados, segundo as
escrituras, foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as es-
crituras. Apareceu a Cefas, e depois, aos doze. Em seguida, apareceu
a mais de quinhentos irmãos de uma vez, a maioria dos quais ainda
vive, enquanto alguns já adormeceram. Posteriormente, apareceu a
Tiago, e, depois a todos os apóstolos. Em último lugar, apareceu,
também, a mim, como a um abortivo”; cf. Mc 16,1-8; Mt 28,1-8; Lc
24,1-11; Jo 20,1-10). As escrituras se enganam?
Se Jesus não ressuscitou, corremos o risco de esvaziar comple-
tamente nossa fé católica e o conteúdo teológico das Escrituras,
transformando a ciência teológico-bíblica em antropologia, a esca-
tologia celeste em escatologia terrestre e as verdades da fé em meras
10
Que saia depois de um comando de Jesus.
Observação já feita anteriormente (cf. o ponto 4. A ressurreição dos mortos,
11
67
4. O fim da teologia?
Se pensarmos “teologia” (θεὸς + λόγος) como discurso sobre
Deus (“acerca de Deus”), esse discurso está desaparecendo, dando
origem a um neologismo neoliberal e cultural, a um ecumenismo
sincrético pós-cristão, com uma “capa” e/ou “superfície” de discurso
teológico. É o que desejamos? “Mas, o Filho do homem quando vol-
tar, encontrará a fé sobre a terra πλὴν ὁ υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου ἐλθὼν
ἆρα εὑρήσει τὴν πίστιν ἐπὶ τῆς γῆς” (cf. Lc 18,1-8)?
Estamos substituindo a fé cristã bíblica e monoteísta por um
acervo monolátrico de crenças, politeísmos, idolatrias, panteísmos
ideológicos sub-espirituais, sob o pretexto de um “falso ecumenis-
mo”. O que prevalece, hoje, em algumas esferas do pensamento ca-
tólico é o ὁ ψυχικὸς e não o ὁ πνευματικὸς (cf. 1Cor 2,14-15: “o
homem psíquico, natural e o homem espiritual, espirituado”, se-
gundo a argumentação de Paulo; cf. 3,1, “carnais” σαρκίνοις; 15,44,
“corpo psíquico/natural σῶμα ψυχικόν e corpo espiritual σῶμα
πνευματικόν”).
É o fim do monoteísmo e da teologia. Mas, ainda há tempo, es-
cutemos o primeiro dos mandamentos: “Ouve, ó Israel, o Senhor
nosso Deus é um Ἄκουε, Ἰσραήλ, κύριος ὁ θεὸς ἡμῶν κύριος εἷς
ἐστιν šmʻ yśrʼl yhwh ʼlhynw yhwh ʼḥdh (cf. Mc 12,29).
5. Últimos tempos
Escutemos, ainda há tempo.
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6. Papa Francisco
“Nós vos louvamos, Pai, com todas as vossas criaturas, que saí-
ram da vossa mão poderosa. São vossas e estão repletas da vossa
presença e da vossa ternura. Louvado sejais”12.
7. Datação
Fortaleza, 15 de novembro de 2021, memória de santo Alberto
Magno, bispo e doutor da Igreja13.
12
Papa Francisco, Carta encíclica Laudato sì. Sobre o cuidado da casa comum,
doc. 201, São Paulo, Paulinas, 2015. p. 195.
13
“Anzitutto l’eucaristia è utile per la remissione dei peccati per chi è spiritual-
mente morto, utilissima poi all’aumento della grazia per chi è spiritualmente
vivo. Il salvatore delle nostre anime ci istruisce su ciò che è utile per riceve-
re la sua santificazione”, dal “Comento sul vangelo di Luca”, di sant’Alberto
Magno, vescovo, Liturgia delle ore, volume IV, tempo ordinario, settimane
XVIII-XXXIV, ufficio delle letture, pp. 1480-1483, sobre a Eucaristia.
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8. Autoria
Padre Fernando César Chaves Reis, mestre em ciências bíblicas
pelo Instituto Pontifício Bíblico de Roma, doutor em teologia bí-
blica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, pós-doutor
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio),
curso de arqueologia bíblica na Turquia, Grécia e Israel pelo Pontifí-
cio Instituto Bíblica e pela Pontifícia Universidade Gregoriana.
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