Lucas Modena Pagliarini
Lucas Modena Pagliarini
Lucas Modena Pagliarini
ENGENHARIA MECÂNICA
LUCAS MODENA PAGLIARINI
Varginha
2020
LUCAS MODENA PAGLIARINI
Varginha
2020
LUCAS MODENA PAGLIARINI
Aprovado em / /
___________________________________________________________________________
Prof. Me. Jonathan Oliveira Nery
___________________________________________________________________________
Prof.
___________________________________________________________________________
Prof.
OBS.:
Dedico este trabalho a todos aqueles que
gostam da área da manutenção e que apreciam
a investigação a fundo da real situação dos
equipamentos mecânicos. Dedico também a
todos aqueles que contribuíram para que eu
pudesse realizar a pesquisa com êxito.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho tem como objetivo apresentar, analisar e avaliar o resultado das análises
das condições dos óleos hidráulicos submetidos a contaminantes provenientes de seu
deterioramento, bem como a condição de seus componentes móveis a fim de preservar a vida
útil, a confiabilidade do equipamento e monitorar tendência de deterioramento dos óleos
hidráulicos das escavadeiras. O estudo analítico do óleo contribui para preservação de tais
componentes, saber como está quimicamente dá a oportunidade de fazer uma manutenção
corretiva planejada na substituição do mesmo, caso o óleo apresente condições que o faça
perder suas características. Foram escolhidas duas escavadeiras hidráulicas da mesma marca e
mesmo modelo, sendo elas da marca Hyundai e modelo R210LC-7, de propriedade da empresa
Pavican Pavimentação e Terraplenagem. As amostras de óleo usado foram retiradas dos
reservatórios hidráulicos das escavadeiras em campo por um técnico em manutenção, para a
amostra de óleo novo foi retirada diretamente do tambor da Lubrax. Em parceria com a
Proluminas Lubrificantes, foi possível realizar as análises das amostras coletadas das
escavadeiras. Os objetivos foram alcançados, pode-se observar a tendência de deterioramento,
bem como a quantidade absoluta de partículas no óleo, fazendo um estudo sobre a manutenção
preventiva aplicada nos equipamentos com a manutenção preditiva da análise de óleo.
This work aims to present, analyze and evaluate the results of the analysis of the
conditions of hydraulic oils subjected to contaminants from their deterioration, as well as the
condition of their mobile components in order to preserve the useful life, the reliability of the
equipment and monitor the trend deterioration of hydraulic excavator oils. The analytical study
of the oil contributes to the preservation of such components, knowing how it is chemically
giving the opportunity to carry out a planned corrective maintenance in its replacement, in case
the oil presents conditions that make it lose its characteristics. Two hydraulic excavators of the
same brand and model were chosen, being the Hyundai brand and model R210LC-7, owned by
the company Pavican Paveamento e Terraplenagem. The used oil samples were taken from the
hydraulic reservoirs of the excavators in the field by a maintenance technician, for the new oil
sample was taken directly from the Lubrax drum. In partnership with Proluminas Lubrificantes,
it was possible to carry out the analysis of the samples collected from the excavators. The
objectives were achieved, it is possible to observe the tendency of deterioration, as well as the
absolute number of particles in the oil, making a study on the preventive maintenance applied
to the equipment with the predictive maintenance of the oil analysis.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 16
2.1 Manutenção preventiva e preditiva ............................................................................... 16
2.2 Características das escavadeiras em estudo ................................................................. 17
2.3 Componentes hidráulicos ............................................................................................... 19
2.3.1 Bomba hidráulica ............................................................................................................ 19
2.3.2 Filtro hidráulico e acumuladores .................................................................................... 20
2.3.3 Cilindros hidráulicos ...................................................................................................... 20
2.3.4 Reservatório .................................................................................................................... 21
2.4 Atuação do óleo hidráulico ............................................................................................. 22
2.5 Especificação do óleo ....................................................................................................... 23
2.6 Aditivos do óleo lubrificante ........................................................................................... 23
2.6.1 Detergentes ..................................................................................................................... 24
2.6.2 Dispersantes .................................................................................................................... 24
2.6.3 Antioxidantes ................................................................................................................. 25
2.6.4 Passivadores de metal ..................................................................................................... 25
2.6.5 Agentes antidesgaste....................................................................................................... 25
2.6.6 Propriedades de extrema pressão (EP) ........................................................................... 26
2.6.7 Antiespumantes .............................................................................................................. 26
2.7 Análise de óleo.................................................................................................................. 26
2.7.1 Determinação de acidez total .......................................................................................... 26
2.7.1.1 Preparação química ..................................................................................................... 27
2.7.1.2 Preparação da amostra ................................................................................................. 28
2.7.1.3 Procedimentos ............................................................................................................. 28
2.7.1.4 Cálculo de resultados ................................................................................................... 29
2.7.2 Determinação de metais de desgaste .............................................................................. 30
2.8 Contaminantes no sistema hidráulico ............................................................................ 31
2.8.1 Contaminação por água .................................................................................................. 31
2.8.2 Contaminação por partículas sólidas .............................................................................. 32
2.8.3 Índice de acidez total (TAN) .......................................................................................... 34
2.9 Interpretação de análise do óleo usado .......................................................................... 35
2.9.1 Limites de desgaste ......................................................................................................... 35
2.9.2 Limites de água ............................................................................................................... 35
2.9.3 Limites de TAN .............................................................................................................. 36
2.10 Rerefino do óleo ............................................................................................................. 36
3 METODOLOGIA............................................................................................................... 39
3.1 Escolha do equipamento ................................................................................................. 39
3.2 Retirada das amostras ..................................................................................................... 39
3.3 Análise do óleo ................................................................................................................. 40
3.4 Variantes da pesquisa...................................................................................................... 41
4 RESULTADOS E DESCUSSÃO ...................................................................................... 42
4.1 Resultados do percentual de água .................................................................................. 42
4.2 Resultados da quantidade de partículas metálicas ....................................................... 43
4.2.1 Partículas sólidas presentes na R210LC-7 ( I )............................................................... 44
4.2.2 Partículas sólidas presentes na R210LC-7 ( II ) ............................................................. 47
4.3 Resultados do índice de acidez total TAN ..................................................................... 49
4.4 Importância da análise de óleo e da realização da manutenção preventiva .............. 50
4.5 Discussão sobre os resultados obtidos............................................................................ 51
5 CONCLUSÃO..................................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 53
APÊNDICE A ........................................................................................................................ 57
APÊNDICE B......................................................................................................................... 59
14
1 INTRODUÇÃO
aditivos originais que vão perdendo suas propriedades, além de aparecer porcentagens de água
caso contenha algum agente que permita a sua formação ou introdução dentro do sistema.
Através de métodos contidos em normas NBR e ASTM é possível a determinação de
partículas contaminantes presentes em amostras de óleo, bem como sua acidez e índice
percentual de água que ocasiona sérios danos no óleo e também em componentes mecânicos
dos sistemas hidráulicos.
Com o avanço tecnológico empregado em diversas áreas da engenharia, muitos
equipamentos utilizados na área da terraplenagem necessitam do óleo para movimentos
essenciais na hora de desbastar, cortar e desaterrar os terrenos. Essas máquinas dispõem de
cilindros hidráulicos, mangueiras, bomba hidráulica e reservatório que são primordiais para seu
funcionamento e são partes que estão sujeitas a defeitos seja por falha mecânica, falha por
lubrificação e vazamentos em geral.
O estudo analítico do óleo contribui para preservação de tais componentes, saber a real
condição dá a oportunidade de realizar uma manutenção corretiva planejada, caso o óleo
apresente condições que o faça perder suas características antes do prazo sugerido pelo
fabricante, evitando assim despesas futuras desnecessárias na substituição de componentes
hidráulicos desgastados pelo fluxo de óleo contaminado.
Quando se faz a substituição do óleo, pode-se dispor de serviços de rerrefino, onde na
região já existe empresa especializada em tal serviço recolhe e trabalha no processo de
purificação, assim pode-se assegurar do destino correto do óleo, pois o mesmo poderá ser
reutilizado para outros fins ao invés de ser simplesmente descartado na natureza.
Os equipamentos em pesquisa, duas escavadeiras hidráulicas, já apresentam grande
tempo de uso, são máquinas fabricadas no ano de 2008 e 2012, e são do mesmo modelo. O
período de trabalho é de 8 horas diárias de segunda à sexta feira, eventualmente aos sábados.
Seu sistema hidráulico fica ativo todo o período de funcionamento.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Sistema: ISO VG 46
290
ISO VG 68
Fonte: Adaptado de (HYUNDAI, 2011 p. 2-26).
A escavadeira hidráulica é uma máquina que tem a finalidade de retirar a terra de aterros,
construções ou mineração utilizando sua força hidráulica onde o óleo presente em seu sistema
é bombeado para diferentes pistões o que aumenta a força da máquina e é constituída por
chassis, esteira, lança e a caçamba (INDÚSTRIA HOJE, 2016).
A escavadeira em estudo é de fabricação da Hyundai Heavy Industries modelo R210LC-
7 que contém as características representadas no parágrafo anterior.
O equipamento apresenta um sistema avançado CAPO (Otimização de Potência
Assistida por Computador) que monitora suas funções, como força do motor, da bomba auxiliar
e é o mesmo que monitora também a temperatura do óleo do sistema hidráulico (HYUNDAI
HEAVY INDUSTRIES CO. LTD, 2020).
Seu sistema hidráulico apresenta as principais características representadas no Quadro
01.
Segundo a Hyundai (2020) a escavadeira R210LC-7 é equipada com uma bomba dupla
de pistão com fluxo variável e de acordo com Hidrautec (2016) ela funciona com pistões que
se alternam durante o trabalho, fazendo movimentos lineares que ocorrem devido à ação da
pressão que atua a todo instante no pistão fazendo com que ele seja empurrado para fora do
cilindro que ocorre devido ao ângulo formado pelo platô pressurizando o fluído.
Na Figura 02 está representada a bomba hidráulica desmontada empregada na
escavadeira R210LC-7.
2.3.4 Reservatório
O reservatório é formado por quatro paredes, nível de óleo, tampa para respiradouro e
enchimento e tampa para limpeza da placa defletora (chicana). Quando o óleo hidráulico retorna
ao reservatório, a placa defletora o impede de ir à linha de sucção criando uma zona de repouso
onde as impurezas maiores precipitam, por isso a importância de se coletar a amostra de óleo
imediatamente após o uso, o ar sobe à superfície e cria condições para que o calor seja dissipado
nas paredes do reservatório (PARKER, 2019).
A Figura 04 demonstra a estrutura geral de um reservatório hidráulico.
22
A Lubrax disponibiliza todos os graus ISO do seu óleo Hydra XP e o óleo estudado
apresenta o grau ISO 68.
em dois grupos: os que modificam certas características físicas, como espuma, fluidez e
viscosidade; e os que tem efeito na natureza química, como os detergentes e os antioxidantes
(CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
O óleo em estudo (HYDRA XP 68) apresenta em sua formulação os óleos básicos
parafínicos e sua aditivação é especial e proporciona elevada estabilidade à oxidação, proteção
antidesgaste e resistência à formação de espuma no sistema (LUBRAX, 2011).
2.6.1 Detergentes
2.6.2 Dispersantes
2.6.3 Antioxidantes
Os passivadores são agentes que atuam similarmente aos antioxidantes, formando uma
película protetora sobre as superfícies metálicas e aumentando significativamente a eficácia
desses aditivos (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
2.6.7 Antiespumantes
A ABNT diz que produtos de petróleo podem conter partículas ácidas e básicas sendo
provenientes de aditivos ou de contaminantes formados durante o serviço e a quantidade dessas
27
partículas podem ser determinada através da titulação ácida ou básica. A quantidade é expressa
como “número de acidez” ou “número de basicilidade” que é uma medida da concentração
dessas substâncias.
Para a execução do método a amostra é diluída em uma mistura de tolueno, álcool
isopropílico e uma pequena quantidade de água, a solução então é titulada em temperatura
ambiente com uma solução-padrão alcóolica básica ou ácida até o ponto final indicado pela
mudança de cor da solução p-naftolbenzeína que é adicionada, ficando na coloração alaranjada
no meio ácido e castanho-esverdeado no meio básico (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2009).
Os reagentes utilizados devem ser de grau P.A (pura para análise). Os demais graus
podem ser utilizados desde que não alterem a precisão do ensaio.
Segundo a NBR 14248 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2009) a água destilada utilizada deve conter as características representadas na Tabela 02 a
seguir.
A água tipo I deve ser preparada por destilação e em seguida pela filtração com resina
de troca iônica. A do tipo II deve-se aplicar a destilação e o destilado apresentar condutividade
menor que 1 µS/cm a 25°C. A do tipo III deve ser empregado a destilação, osmose reversa,
deionização, troca iônica, ou uma combinação dos processos, e a filtragem utilizando um filtro
de 0,45 µm (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).
28
O álcool isopropílico deve conter uma porcentagem máxima de 0,9% de água, o ácido
clorídrico concentrado deve conter uma concentração densidade aproximada de 1,19.
Para fazer a solução alcoólica de hidróxido de potássio (KOH) deve adicionar 6
gramas do próprio produto em 1 litro de álcool isopropílico anidro em um Erlenmeyer e em
seguida fazer a ebulição de 10 a 15 minutos suavemente e agitando a solução. Em seguida
adicionar 2 g de hidróxido de bário fervendo por mais 10 a 15 minutos deixando esfriar e
repousar por bastante tempo e filtrar o liquido sobrenadante com um funil de vidro para evitar
o contato com o gás carbônico durante o processo e um solvente de titulação misturando
tolueno, água e álcool isopropílico anidro na proporção de 100:1:99 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).
2.7.1.3 Procedimentos
a solução de KOH 0,1 mol/L, fazendo adições de 0,1 ml e anotar o volume de solução necessária
parta atingir o ponto de viragem.
Onde:
A é o volume de solução de KOH gasto com a titulação da mostra (ml)
B é o volume de solução de KOH gasto com a titulação do branco (ml)
C1 é a concentração da solução-padrão de KOH (mol/L)
m é a amostra da amostra (g)
Carreteiro e Belmiro (2006) listam vários agentes contaminantes que podem estar
presentes no sistema hidráulico, sendo eles os solventes de limpeza, água, sujeira, areia e poeira,
graxa dos mancais da bomba, partículas metálicas do desgaste, partículas de ferrugem, lama
dentre outros.
A maioria de inserções de contaminantes no sistema entram através de tampas antigas
do respiro do reservatório e também nas vedações dos cilindros. Essas partículas causam
interferência no resfriamento do fluído pois formam sedimentos que impedem uma
transferência de calor eficaz do óleo com as paredes do reservatório (PARKER, 2019).
A água é um contaminante universal, ela pode estar nos estados dissolvido e livre, a
água livre é aquela que está acima do ponto de saturação de um fluído específico, no óleo
hidráulico esse ponto típico é de 300 ppm (3%). A presença de água pode causar problemas
como corrosão de superfícies metálicas, desgaste abrasivo acelerado, fadiga de rolamentos,
falha no aditivo anti-desgaste, variação da viscosidade e aumento da condução elétrica. A falha
dos aditivos anti-desgaste podem formar ácidos (CLARILUB, 2013).
A condução elétrica se torna um problema quando as propriedades de isolação de um
fluído é enfraquecida, conforme a temperatura aumenta, o fluído hidráulico tem a capacidade
de reter mais água presente em sua estrutura. O óleo está sujeito à contato com vapor de água
enquanto são armazenados e manuseados em barris e tanques onde a água pode assentar no
topo interno dos containers de armazenamento durante a fase de mudança de temperatura e
também quando ocorre o enchimento dos mesmos. A infiltração da água em sistemas pode
ocorrer através das vedações ineficientes e na abertura do reservatório, o que pode causar
problema de corrosão (PARKER, 2019).
A Figura 08 mostra o que a ação da água pode ocasionar de dano em uma bomba.
32
Visualmente pode-se observar uma mudança na coloração do óleo, bem como sua
turbidez representada na Figura 09.
Para Parker (2019) esse tipo de contaminação se dá pela ação de partículas maiores
que 5μm que causam falhas catastróficas no sistema hidráulico e podem ser divididas em dois
grupos, sendo eles:
a) Partículas duras: sílica, carbono, metal;
b) Partículas maleáveis: borracha, fibras, microrganismos.
33
Cidade (2016) menciona alguns metais com a relação dos componentes mecânicos
oriundos de tais metais conforme o Quadro 03 a seguir.
Quando peças móveis desgastam devido ao tempo de uso ou entram em contato com
agentes contaminantes, partículas metálicas se desprendem dos componentes e são acumuladas
nos óleos. Se a concentração de algum metal de desgaste sofre um aumento súbito, é possível
que algum componente mecânico esteja sofrendo desgaste excessivo e de acordo com o tipo de
metal encontrado pode-se determinar, em alguns casos, qual a sua origem e tomar providências
para evitar prejuízos ao sistema mecânico (ZMOZINZKI, 2010).
Contaminação por partículas sólidas não são visíveis sem a ajuda de equipamentos
específicos, visto que o limite da visibilidade humana é de aproximadamente 40 μm e a maioria
das partículas que causam danos aos sistemas hidráulicos são de tamanho inferiores. O fluído
hidráulico deve criar um filme lubrificante que mantenha as peças de precisão separadas durante
seu movimento mantendo um filme fino suficiente para preencher a folga existente entre as
peças resultando um baixo índice de desgaste (PARKER, 2019).
Estas partículas podem causar danos nos sistemas hidráulicos como o bloqueio dos
orifícios, desgaste dos componentes, formação de ferrugem proveniente de oxidação, formação
de componentes químicos, deficiência dos aditivos e a formação de agentes biológico
(PARKER, 2019).
A Portaria nº 129 da ANP especifica o índice de acidez total sendo: “é uma medida
da quantidade de substâncias ácidas presentes no óleo e indica a eficiência do processo de
neutralização dos resíduos ácidos resultantes do tratamento do óleo”.
O aumento do TAN pode ocorrer devido a reação do óleo com o oxigênio do ar em
temperaturas elevadas, que aceleram essa reação e tornam o óleo com uma viscosidade mais
elevada (HERNANDES, 2019).
35
Quando o índice de alcalinidade total vai a zero, significa que o aditivo detergente
alcalino foi consumido, ou seja, toda a reserva alcalina do óleo acabou, por isso o valor do
índice de acidez total TAN somente aumentará (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
Para Purilub (2020), a substituição do óleo vai depender do valor do TAN e do
emprego que o lubrificante se dará. Não é recomendado a adição de cargas antioxidantes no
óleo, pois qualquer alteração da sua fórmula só deve ser feita pelo fabricante original. Os
valores aceitáveis do TAN são:
a) Para lubrificantes usados em turbinas hidráulicas ou vapor: 0,5 mgKOH/g;
b) Óleos lubrificantes de sistemas circulatórios de troca de calor: 2,0 mgKOH/g;
c) Óleos lubrificantes hidráulicos: 2,0 mgKOH/g.
lubrificante usado será destinado exclusivamente para fabricação de produtos pelos geradores
industriais. Os óleos básicos rerrefinados são constituídos igual aos óleos básicos de primeiro
refino podendo também ser constituído a partir de uma mistura entre os dois tipos de óleos
básicos. Sua comercialização é feita em distribuidoras para suprir a demanda de uso em motores
automotivos, lubrificação de máquinas fluídos hidráulicos e lubrificação em geral
(CLARILUB, 2013).
O relatório emitido pelo Sohn (2018), tomando como base relatórios emitidos pela ANP
diz que no Brasil existem 5.570 municípios, mas somente 4.186 deles (75%) apresentam coleta
de lubrificantes usados, abrangendo 93% do mercado consumidor. Grande parte dos óleos
lubrificantes usados sofrem destinos ilícitos, apesar do governo e instituições privadas
interessadas estabelecerem normas para um sistema de gestão ambientalmente adequado. Uma
das razões para esse ato ilícito é o elevado grau que ela atinge possuindo um mercado
clandestino estabelecido que tem um potencial econômico alto que são adquiridos por
consumidores que sabem da ilegalidade do produto.
A destinação ilícita dos OLUC (óleo lubrificante usado ou contaminado) ocorre em
grande volume no Brasil e, desse volume, quase todos são destinados à queima ilegal, o que
causa prejuízos na natureza e servindo como substituto de combustíveis industriais e navais
(SOHN, 2018).
Os Gráficos 01 e 02 representam o volume de OLUC coletado no Brasil e a eficiência
bruta do rerrefino respectivamente. Os dados foram colhidos no período de 10 anos, entre 2008
e 2017.
3 METODOLOGIA
para não dar alteração de água, no ato da coleta e causar contaminações cruzadas, o que afetaria
a análise dos resultados pretendidos. Os recipientes foram inseridos no meio dos reservatórios
e foi retirada uma quantidade de aproximadamente 300 ml de cada escavadeira.
Na Figura 11 está representado a parte superior do reservatório de onde foi retirado os
óleos.
Fonte: O autor.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o envio de todos os relatórios das análises de óleo realizadas, foi possível a
observação da tendência de deterioramento do óleo hidráulico, o estudo do aumento das
partículas metálicas, de água e de acidez presentes em cada coleta feita. Com os resultados
pode-se observar a saúde dos equipamentos e dos fluídos presentes em cada uma.
Faz-se necessário tal estudo para avaliar se os intervalos de troca de óleo realizadas de
acordo com o número de horas de operação, definidas pelo fabricante, são eficientes, nas
escavadeiras hidráulicas o óleo hidráulico é valioso, tendo um papel primordial no
funcionamento de todo o conjunto hidráulico de movimentação e operação da máquina. Ter
cuidado na sua manipulação, análise química, contaminação externa e interna e na substituição
no prazo assegura-se um perfeito funcionamento e desempenho mecânico exercido na hora de
escavar terrenos e realizar outras operações de levantamento de cargas, deslocamento de
manilhas de esgoto e enchimento de caminhões basculantes.
Nos resultados obtidos pode-se observar um aumento considerável de partículas sólidas
e metálicas, água e acidez comparando as duas coletas realizadas em cada máquina e a coleta
do óleo novo, destacando elementos como o alumínio, zinco, enxofre, cálcio e magnésio.
Os valores absolutos dos compostos contaminantes e o percentual de tendência de
deterioramento entre as análises estão presentes no apêndice A, Tabelas 06 e 07.
A água presente causa danos nos componentes hidráulicos, como a corrosão, alteração
de viscosidade e reduzindo a película lubrificante, causando consequências severas além de
prejuízos com substituição de componentes oxidados pela situação. Mais importante que a
observação visual, é a determinação do percentual de água presente no óleo.
Considerando que o reservatório das escavadeiras contém uma capacidade total de 180
litros ou 180.000 mililitros e os valores absolutos de água encontrados, pode-se criar a Tabela
04 convertendo o percentual de água obtido por quantidade em mililitros presentes.
43
Partículas sólidas estão presentes em óleos que foram utilizados por um longo período,
estas partículas são provenientes de peças metálicas, oxidação acentuada, contaminantes
externos como a poeira. O solo também apresenta minerais e devido aos locais em que as
máquinas trabalham estarem dispostas de partículas aerossóis de sujeira, podem facilmente
adentrar no interior do sistema hidráulico das mesmas, danificando peças e facilitando o
desprendimento de partículas metálicas que ficam submersas no óleo, causando condições
desfavoráveis à pureza do óleo.
Assim como foi descrito no item 2.9.1 do trabalho, não existe um limite de partículas
sólidas que demonstre quando um óleo perdeu suas características fundamentais, o que se pode
fazer são gráficos de tendência que indicam o quão sujo o óleo se encontra.
Através dos resultados obtidos nos relatórios técnicos disponibilizados pela Proluminas,
foi possível traçar gráficos em valores absolutos e de tendências que demonstram o caminho
que a contaminação está se direcionando, fazendo com que tome providências a respeito de sua
possível substituição.
44
500
400 370
316 295 300
300
205 222
200
133
80
100 41 32
30 18 32
0
Mg (ppm) P (ppm) Ca (ppm) S (ppm) Zn (ppm)
Fonte: O autor.
Assim como o zinco e enxofre, o cálcio e magnésio são aditivos encontrados nos óleos,
porém o seu aumento de partículas acentuado também indica problemas, segundo Zmozinski
(2010), estes aumentos súbitos de valores estão ligados, possivelmente, de algum componente
mecânico esteja sofrendo algum desgaste excessivo.
O Gráfico 04 mostra a quantidade de partículas sólidas provenientes de desgaste, que
são metais que não são aditivos, ou seja, que houve um aumento proveniente do desprendimento
dos elementos das peças contidas no sistema hidráulico.
206
200
150 138
100 87 87
73
50
50
16 16
0 0 0 0 0 2 0
0
Si (ppm) Fe (ppm) Cr (ppm) Al (ppm) Mn (ppm)
Fonte: O autor
Estes metais são um real problema no sistema hidráulico, a presença deles indica um
desgaste acentuado principalmente de peças que contêm ferro, cromo e alumínio. O alumínio e
o ferro indicam, um possível desgaste dos pistões dos cilindros, nos cilindros, na bomba
hidráulica, impurezas encontradas no óleo, e no caso do ferro em específico, como o óleo
apresenta oxidação, pode ter desprendido as partículas das superfícies das peças que são
fabricadas com este material. O cromo também indica desgaste em peças que são revestidas
com este material, como os êmbolos dos pistões.
O silício apresentou um aumento de 50 ppm na segunda coleta e, segundo Zmozinski
(2010), o surgimento do silício no lubrificante pode indicar contaminação pelo ar, o que sugere
que a máquina está com algum tipo de vazamento em suas vedações.
Comparando o silício com o alumínio, é mais um forte indicativo de problemas com
vazamento, visto que, para Mmtec (2020), “quando há excesso de silício e alumínio, está
46
indicando que há uma contaminação externa por poeira”. O silício é encontrado em materiais
como a areia que pode estar presente nos materiais de escavação que a escavadeira retira do
solo, o que faz de a afirmação ser verdadeira perante os gráficos obtidos.
O Gráfico 05 representa a tendência de deterioramento do óleo, medida em percentual,
com base nos valores obtidos nos Gráficos 03 e 04. l
3550%
3500%
3000%
2500%
2000%
1500%
1056%
1000%
343%
500% 169%
54% 78% 150%
49% 2% 11%
0%
Si (ppm) Fe (ppm) Cr (ppm) Al (ppm) Mg (ppm) P (ppm) Ca (ppm) Mn (ppm) S (ppm) Zn (ppm)
Fonte: O autor.
Como pode ser observado, o alumínio, manganês, cálcio, enxofre e zinco, apresentaram
um aumento superior a 100%, são substâncias que devem ser monitoradas de perto, pois sua
tendência de deterioração apresentou valores elevados, principalmente o alumínio e o zinco
que, segundo o gráfico, ficaram com valores extrapolados em relação as demais substâncias. O
gráfico de tendência foi gerado conforme demonstra a equação 02.
𝐴−𝐵
%𝑑 = [ ] 𝑥100 (2)
𝐵
47
Onde:
%d: Percentual de deterioramento [%]
A: Valor obtido na coleta 1 [ppm]
B: Valor obtido na coleta 2 [ppm]
Os estudos dos resultados foram feitos da mesma forma para as duas escavadeiras, como
ambas são da mesma marca e modelo, pode-se interpretar os gráficos da mesma forma, porém
mudando a maneira de solucionar os problemas em determinados casos de valores que saiam
da média entre ambas.
Comparando os resultados de valores absolutos obtidos nas amostras da escavadeira
número I com a de número II, não ouve aumentos significativos nos dados, conforme é
demonstrado no Gráfico 06, pode-se observar que ambas apresentam praticamente quase a
mesma quantidade de substâncias estudadas.
500
400 340
316 311 320
300
213 222
200
119
100 60 41 35
30 18 4
0
Mg (ppm) P (ppm) Ca (ppm) S (ppm) Zn (ppm)
Fonte: O autor.
Com relação aos metais de desgaste, também houve certa estabilidade de valores se
comparado as amostras das escavadeiras I e II, exceto pelo elemento ferro, que apresentou um
valor bem inferior se comparado com a escavadeira I, sendo obtido na primeira amostra 138
ppm contra 71 ppm da escavadeira I, uma diferença de 67 ppm, ou seja, 51,45 % de partículas
48
por milhão a menos e, um valor de 75 ppm contra 206 ppm da escavadeira I, uma diferença de
131 ppm, ou seja, 63,6 % de partículas por milhão a menos na segunda amostra. Estes dados
estão representados no Gráfico 07.
200
150
94
100 80
71 75 74 74
50
0 0 0 0 0 7 0 0 0
0
Si (ppm) Fe (ppm) Cr (ppm) Al (ppm) Mn (ppm)
Fonte: O autor.
Pode-se dizer então, que a escavadeira I apresenta maior desgaste em peças que contêm
ferro na sua composição, o que também pode ser comparado com o desprendimento das
partículas ferrosas provenientes da escavadeira I ser maior do que a escavadeira II.
O manganês não apareceu nestes resultados em nenhuma amostra coletada, então a
escavadeira não sofre problemas perante a este elemento. O silício também apareceu na coleta
da segunda amostra, o que sugere que esta escavadeira também sofre de problema de algum
tipo de vazamento, pois conforme foi falado no sub tópico 4.3.1, o silício indica contaminação
pelo ar externo e poeira.
O gráfico 08 representa a tendência de deterioramento do óleo, medida em percentual,
com base nos valores obtidos nos Gráficos 06 e 07.
49
1000% 871%
800%
600%
297%
400%
79% 164%
200% 20%
0%
Si (ppm) Fe (ppm) Cr (ppm) Al (ppm) Mg (ppm) P (ppm) Ca (ppm) Mn (ppm) S (ppm) Zn (ppm)
-200%
Fonte: O autor.
Embora o óleo apresente um índice de acidez crescente entre as amostras, ainda está
dentro do tolerado segundo Purilub (2020), onde ele informa que o índice tolerável para os
50
óleos hidráulicos é de 2,0 mgKOH/g. Mas como está crescente o valor é necessários cuidados,
pois a acidez leva à corrosão facilmente, o que piora a saúde da máquina e do lubrificante em
uso.
Com os resultados obtidos, o óleo apresenta certo teor de deterioramento, por metais de
desgaste, contaminantes, água e acidez. Com isso, baseado nas análises das condições dos óleos
em estudo, é possível recomendar a substituição dos óleos em estudo, pois como os
equipamentos já estão com mais de 10.000 horas de uso, já apresentam desgaste e os óleos já
estão com 3.652 horas de uso na escavadeira I e 1.889 horas na escavadeira II e apresentaram
mudanças acentuadas a respeito de seu deterioramento. O apêndice B, gráfico 09 apresenta um
gráfico comparativo dos resultados dos agentes contaminantes encontrados nos relatórios das
duas escavadeiras, fazendo uma dinâmica visual para compreender melhor os índices de
desgaste.
A manutenção preventiva é importante para prevenir problemas que ocasionalmente
causam paradas nos equipamentos ou a redução do desempenho dos mesmos. A substituição
do lubrificante em períodos corretos evita a realização da manutenção corretiva não planejada,
que é realizada quando o equipamento para por falta de lubrificação ou lubrificação deficiente,
que causa atritos excessivos entre os componentes ou até mesmo a quebra de algum deles, o
que gasta horas de mão de obra, substituição de peças, gastos com equipamento inoperante,
além de transtornos causados por prazo de entrega do serviço.
O uso constante das escavadeiras, gera desgaste natural de componentes que podem
apresentar defeitos no futuro, por isso a análise de óleo deve ser realizada, sem ela não seria
possível observar os gráficos apresentados neste trabalho, que estão demonstrando com clareza
qual a direção que o desgaste do óleo e das peças estão tomando.
A substituição do lubrificante hidráulico se realizada de acordo com o recomendado
pelo fabricante, pode melhorar os resultados das análises de óleo, a quantidade de partículas
suspensas no óleo bem como a sua acidez e porcentagem de água sofreria mudanças positivas
em relação às quantidades e acarretaria uma melhor preservação do equipamento.
51
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Portaria ANP nº 129,
Brasil: ANP, 30.7.1999 - dou 2.8.1999 - republicada dou 30.9.1999.
BARONI, T. Análise de óleo: como detectar agentes contaminantes. ALS, 2019. Disponível
em: <https://alsglobal.blog/analise-de-oleo-como-detectar-contaminantes/>. Acesso em: 15
fev. 2020.
ECycle. Descarte incorreto de óleo lubrificante pode gerar danos irreversíveis à saúde e
ao meio ambiente. 2020. Disponível em:
<https://www.ecycle.com.br/component/content/article/6-atitude/1669-descarte-incorreto-de-
oleo-lubrificante-pode-gerar-danos-irreversiveis-a-saude-e-ao-meio-ambiente.html>. Acesso
em: 15 fev. 2020.
ENGEOIL. Como Interpretar os Laudos de Análise de Óleo, 2019. Disponível em: <
https://manutencao.engeoil.com.br/portal/pt/kb/articles/como-interpretar-
laudos#Reviso_do_Relatrio>. Acesso em: 15 set. 2020.
HERNANDES, P. Ensaios de análise de óleo: conheça os tipos. ALS, 2019. Disponível em:
<https://alsglobal.blog/ensaios-de-analise-de-oleo/>. Acesso em: 26 mai. 2020.
INDÚSTRIA HOJE. O que é uma escavadeira hidráulica? 2016. Disponível em: <
https://industriahoje.com.br/o-que-e-uma-escavadeira-hidraulica>. Acesso em: 27 mai. 2020.
MMTEC. O que devo fazer após receber o relatório da análise de óleo?, 2020. Disponível
em: <https://www.mmtec.com.br/relatorio-da-analise-de-oleo/>. Acesso em 27 out. 2020.
PURILUB. O que representam tbn e tan para óleos lubrificantes, 2020. Disponível em: <
https://www.purilub.com.br/blog/o-que-representam-tbn-e-tan-para-oleos-lubrificantes-parte-
2/62>. Acesso em: 15 set. 2020.
APÊNCIDE A
APÊNCIDE B
703
665
597
586
370
340
320
316
311
300
295
222
213
206
205
138
133
119
94
87
87
80
80
75
74
74
73
71
60
50
41
35
32
32
30
18
16
16
7
4
2
0
0
0
0
0
SI (PPM) FE (PPM) CR (PPM) AL (PPM) MG (PPM) P (PPM) CA (PPM) MN (PPM) S (PPM) ZN (PPM)
Fonte: O autor.