Lucas Modena Pagliarini

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS

ENGENHARIA MECÂNICA
LUCAS MODENA PAGLIARINI

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DO SISTEMA HIDRÁULICO


DE ESCAVADEIRAS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE ÓLEO

Varginha
2020
LUCAS MODENA PAGLIARINI

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DO SISTEMA HIDRÁULICO


DE ESCAVADEIRAS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE ÓLEO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de


Engenharia Mecânica do Centro Universitário do Sul de
Minas como pré-requisito para obtenção do grau de
bacharel, sob orientação do Prof. Me. Jonathan Oliveira
Nery e coorientação do Prof. Esp. Antônio Vital Lara
Júnior.

Varginha
2020
LUCAS MODENA PAGLIARINI

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DO SISTEMA HIDRÁULICO


DE ESCAVADEIRAS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE ÓLEO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de


Engenharia Mecânica do Centro Universitário do Sul de
Minas como pré-requisito para obtenção do grau de
bacharel pela Banca Examinadora composta pelos
membros:

Aprovado em / /

___________________________________________________________________________
Prof. Me. Jonathan Oliveira Nery

___________________________________________________________________________
Prof.

___________________________________________________________________________
Prof.

OBS.:
Dedico este trabalho a todos aqueles que
gostam da área da manutenção e que apreciam
a investigação a fundo da real situação dos
equipamentos mecânicos. Dedico também a
todos aqueles que contribuíram para que eu
pudesse realizar a pesquisa com êxito.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela saúde me fornecida para


realização do trabalho, agradeço a minha
família pela dádiva da vida, minha namorada
Rafaela pelo amor incondicional, aos
colaboradores deste trabalho, Sr. Roberto
Donizete diretor da Pavican pela
disponibilidade das escavadeiras, Valdecir
Firmino pela coleta das amostras e disposição,
a técnica em química da Proluminas Lívia pela
análise dos óleos e apoio técnico, aos meus
orientadores professores Jonathan e Antônio
pelo compartilhamento de conhecimentos.
“A ciência humana de maneira nenhuma nega a
existência de Deus. Quando considero quantas
e quão maravilhosas coisas o homem
compreende, pesquisa e consegue realizar,
então reconheço claramente que o espírito
humano é obra de Deus, e a mais notável.”
Galileu Galilei
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar, analisar e avaliar o resultado das análises
das condições dos óleos hidráulicos submetidos a contaminantes provenientes de seu
deterioramento, bem como a condição de seus componentes móveis a fim de preservar a vida
útil, a confiabilidade do equipamento e monitorar tendência de deterioramento dos óleos
hidráulicos das escavadeiras. O estudo analítico do óleo contribui para preservação de tais
componentes, saber como está quimicamente dá a oportunidade de fazer uma manutenção
corretiva planejada na substituição do mesmo, caso o óleo apresente condições que o faça
perder suas características. Foram escolhidas duas escavadeiras hidráulicas da mesma marca e
mesmo modelo, sendo elas da marca Hyundai e modelo R210LC-7, de propriedade da empresa
Pavican Pavimentação e Terraplenagem. As amostras de óleo usado foram retiradas dos
reservatórios hidráulicos das escavadeiras em campo por um técnico em manutenção, para a
amostra de óleo novo foi retirada diretamente do tambor da Lubrax. Em parceria com a
Proluminas Lubrificantes, foi possível realizar as análises das amostras coletadas das
escavadeiras. Os objetivos foram alcançados, pode-se observar a tendência de deterioramento,
bem como a quantidade absoluta de partículas no óleo, fazendo um estudo sobre a manutenção
preventiva aplicada nos equipamentos com a manutenção preditiva da análise de óleo.

Palavras chave: Análise de óleo. Escavadeira hidráulica. Óleo hidráulico. Manutenção.


ABSTRACT

This work aims to present, analyze and evaluate the results of the analysis of the
conditions of hydraulic oils subjected to contaminants from their deterioration, as well as the
condition of their mobile components in order to preserve the useful life, the reliability of the
equipment and monitor the trend deterioration of hydraulic excavator oils. The analytical study
of the oil contributes to the preservation of such components, knowing how it is chemically
giving the opportunity to carry out a planned corrective maintenance in its replacement, in case
the oil presents conditions that make it lose its characteristics. Two hydraulic excavators of the
same brand and model were chosen, being the Hyundai brand and model R210LC-7, owned by
the company Pavican Paveamento e Terraplenagem. The used oil samples were taken from the
hydraulic reservoirs of the excavators in the field by a maintenance technician, for the new oil
sample was taken directly from the Lubrax drum. In partnership with Proluminas Lubrificantes,
it was possible to carry out the analysis of the samples collected from the excavators. The
objectives were achieved, it is possible to observe the tendency of deterioration, as well as the
absolute number of particles in the oil, making a study on the preventive maintenance applied
to the equipment with the predictive maintenance of the oil analysis.

Keywords: Oil analysis. Hydraulic excavator. Hydraulic oil. Maintenance.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Escavadeira hidráulica de esteira ......................................................................... 18


Figura 02 - Bomba hidráulica desmontada ............................................................................. 19
Figura 03 - Componentes do cilindro hidráulico .................................................................... 21
Figura 04 - Componentes do reservatório hidráulico .............................................................. 22
Figura 05 - Especificações técnicas dos óleos ......................................................................... 23
Figura 06 - Titulação química ................................................................................................. 29
Figura 07 - Representação esquemática da atuação da radiação no método EDXRF ............. 30
Figura 08 - Desgaste de bomba devido ação da água .............................................................. 32
Figura 09 - Efeitos visuais da água no óleo ............................................................................. 32
Figura 10 - Partículas sólidas presentes em uma análise de óleo ............................................ 34
Figura 11 - Reservatório hidráulico sem a tampa superior ...................................................... 40
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Volume de OLUC coletado no Brasil entre 2008 e 2017................................... 37


Gráfico 02 – Eficiência bruta do rerrefino entre 2008 e 2017 ................................................. 38
Gráfico 03 – Comparativo de partículas sólidas em relação aos aditivos do óleo da R210LC-7
( I ) ........................................................................................................................................... 44
Gráfico 04 – Representação da quantidade de partículas de desgaste da R210LC-7 ( I ) ....... 45
Gráfico 05 – Representação da tendência de deterioramento da R210LC-7 ( I ) .................... 46
Gráfico 06 – Comparativo de partículas sólidas em relação aos aditivos do óleo da R210LC-7
( II ) .......................................................................................................................................... 47
Gráfico 07 – Representação da quantidade de partículas de desgaste da R210LC-7 ( II ) ..... 48
Gráfico 08 – Representação da tendência de deterioramento da R210LC-7 ( II ) .................. 49
Gráfico 09 – Comparativo de resultados das escavadeiras...................................................... 59
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Especificações de óleos recomendadas pelo fabricante ....................................... 17


Tabela 02 - Especificações da água ......................................................................................... 27
Tabela 03 - Quantidade de horas de uso do óleo em cada coleta ............................................ 39
Tabela 04 - Quantidade em mililitros de água presente nas amostras ..................................... 43
Tabela 05 - Índice de acidez total nas amostras de óleos das escavadeiras............................. 49
Tabela 06 - Resumo dos resultados das análises de óleo ........................................................ 57
Tabela 07 - Resumo do percentual de tendência de deterioramento entre as análises ............ 58
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 16
2.1 Manutenção preventiva e preditiva ............................................................................... 16
2.2 Características das escavadeiras em estudo ................................................................. 17
2.3 Componentes hidráulicos ............................................................................................... 19
2.3.1 Bomba hidráulica ............................................................................................................ 19
2.3.2 Filtro hidráulico e acumuladores .................................................................................... 20
2.3.3 Cilindros hidráulicos ...................................................................................................... 20
2.3.4 Reservatório .................................................................................................................... 21
2.4 Atuação do óleo hidráulico ............................................................................................. 22
2.5 Especificação do óleo ....................................................................................................... 23
2.6 Aditivos do óleo lubrificante ........................................................................................... 23
2.6.1 Detergentes ..................................................................................................................... 24
2.6.2 Dispersantes .................................................................................................................... 24
2.6.3 Antioxidantes ................................................................................................................. 25
2.6.4 Passivadores de metal ..................................................................................................... 25
2.6.5 Agentes antidesgaste....................................................................................................... 25
2.6.6 Propriedades de extrema pressão (EP) ........................................................................... 26
2.6.7 Antiespumantes .............................................................................................................. 26
2.7 Análise de óleo.................................................................................................................. 26
2.7.1 Determinação de acidez total .......................................................................................... 26
2.7.1.1 Preparação química ..................................................................................................... 27
2.7.1.2 Preparação da amostra ................................................................................................. 28
2.7.1.3 Procedimentos ............................................................................................................. 28
2.7.1.4 Cálculo de resultados ................................................................................................... 29
2.7.2 Determinação de metais de desgaste .............................................................................. 30
2.8 Contaminantes no sistema hidráulico ............................................................................ 31
2.8.1 Contaminação por água .................................................................................................. 31
2.8.2 Contaminação por partículas sólidas .............................................................................. 32
2.8.3 Índice de acidez total (TAN) .......................................................................................... 34
2.9 Interpretação de análise do óleo usado .......................................................................... 35
2.9.1 Limites de desgaste ......................................................................................................... 35
2.9.2 Limites de água ............................................................................................................... 35
2.9.3 Limites de TAN .............................................................................................................. 36
2.10 Rerefino do óleo ............................................................................................................. 36
3 METODOLOGIA............................................................................................................... 39
3.1 Escolha do equipamento ................................................................................................. 39
3.2 Retirada das amostras ..................................................................................................... 39
3.3 Análise do óleo ................................................................................................................. 40
3.4 Variantes da pesquisa...................................................................................................... 41
4 RESULTADOS E DESCUSSÃO ...................................................................................... 42
4.1 Resultados do percentual de água .................................................................................. 42
4.2 Resultados da quantidade de partículas metálicas ....................................................... 43
4.2.1 Partículas sólidas presentes na R210LC-7 ( I )............................................................... 44
4.2.2 Partículas sólidas presentes na R210LC-7 ( II ) ............................................................. 47
4.3 Resultados do índice de acidez total TAN ..................................................................... 49
4.4 Importância da análise de óleo e da realização da manutenção preventiva .............. 50
4.5 Discussão sobre os resultados obtidos............................................................................ 51
5 CONCLUSÃO..................................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 53
APÊNDICE A ........................................................................................................................ 57
APÊNDICE B......................................................................................................................... 59
14

1 INTRODUÇÃO

Os equipamentos mecânicos fundamentais para o serviço diário em um ambiente de


terraplenagem estão sujeitos a falhas diversas, até mesmo os equipamentos mais novos e
modernos. Uma dessas falhas pode ocorrer devido à situação presencial do óleo empregado em
tais sistemas se o mesmo apresentar características que comprometam sua utilidade dentro dos
componentes.
Todo o propósito do monitoramento da condição da máquina, como a análise do óleo, é
para permitir que se preveja o futuro. Produzir dados que apontam para os problemas existentes
e a gravidade destes problemas (MECÂNICA INDUSTRIAL, 2020).
A importância de prever o futuro da falha dá a oportunidade para agir antes, fazer uma
manutenção corretiva planejada no equipamento antes de sua parada funcional, tais medidas
são importantes para preservar a vida útil do equipamento. Fazer um descarte de óleo ainda
com suas características preservadas pode gerar um impacto ambiental se não rerrefinado, além
de gerar elevados custos na sua troca.
Uma manutenção preventiva feita corretamente é uma solução para evitar tal problema.
Se o equipamento é novo, sem desgaste de peças móveis, deve-se seguir estritamente o prazo
de troca recomendado pelo fabricante. A manutenção preditiva pode ser aplicada tanto nos
equipamentos mais antigos, quanto nos novos onde é conveniente fazer as análises para
monitorar as condições do óleo e observar a tendência de desgaste que o óleo vai ter.
O trabalho tem como objetivo apresentar o resultado das análises das condições dos
óleos hidráulicos submetidos a contaminantes provenientes de seu deterioramento, bem como
a condição de seus componentes móveis a fim de preservar a vida útil e a confiabilidade do
equipamento e monitorar tendência de deterioramento dos óleos hidráulicos das escavadeiras.
A análise de óleo pode auxiliar no acompanhamento da vida útil do equipamento,
garantir a eficiência do óleo nas escavadeiras que são submetidas a condições extremas,
podendo ser trocado antes do determinado pela preditiva, e também o inverso, utilizar o óleo
por um número de horas maior que o definido pela preditiva, tendo em vista o monitoramento
da condição do óleo.
A partir das análises laboratoriais de óleo realizadas (metais de desgaste, contaminantes,
água e aditivos) será possível identificar na prática e de forma aprofundada se os equipamentos
em questão apresentam, preliminarmente, algum tipo de desgaste em seu sistema hidráulico.
Como os óleos são usados, ou seja, já passaram por um bom tempo de uso nos
equipamentos, poderá aparecer metais de desgaste nas análises, bem como a alteração de seus
15

aditivos originais que vão perdendo suas propriedades, além de aparecer porcentagens de água
caso contenha algum agente que permita a sua formação ou introdução dentro do sistema.
Através de métodos contidos em normas NBR e ASTM é possível a determinação de
partículas contaminantes presentes em amostras de óleo, bem como sua acidez e índice
percentual de água que ocasiona sérios danos no óleo e também em componentes mecânicos
dos sistemas hidráulicos.
Com o avanço tecnológico empregado em diversas áreas da engenharia, muitos
equipamentos utilizados na área da terraplenagem necessitam do óleo para movimentos
essenciais na hora de desbastar, cortar e desaterrar os terrenos. Essas máquinas dispõem de
cilindros hidráulicos, mangueiras, bomba hidráulica e reservatório que são primordiais para seu
funcionamento e são partes que estão sujeitas a defeitos seja por falha mecânica, falha por
lubrificação e vazamentos em geral.
O estudo analítico do óleo contribui para preservação de tais componentes, saber a real
condição dá a oportunidade de realizar uma manutenção corretiva planejada, caso o óleo
apresente condições que o faça perder suas características antes do prazo sugerido pelo
fabricante, evitando assim despesas futuras desnecessárias na substituição de componentes
hidráulicos desgastados pelo fluxo de óleo contaminado.
Quando se faz a substituição do óleo, pode-se dispor de serviços de rerrefino, onde na
região já existe empresa especializada em tal serviço recolhe e trabalha no processo de
purificação, assim pode-se assegurar do destino correto do óleo, pois o mesmo poderá ser
reutilizado para outros fins ao invés de ser simplesmente descartado na natureza.
Os equipamentos em pesquisa, duas escavadeiras hidráulicas, já apresentam grande
tempo de uso, são máquinas fabricadas no ano de 2008 e 2012, e são do mesmo modelo. O
período de trabalho é de 8 horas diárias de segunda à sexta feira, eventualmente aos sábados.
Seu sistema hidráulico fica ativo todo o período de funcionamento.
16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para a elaboração do referencial teórico foi consultado artigos de doutorados, mestrados,


normas regulamentadoras, sites de internet, folhetos técnicos, livros e o manual de operação e
manutenção da escavadeira em estudo, descrevendo os passos fundamentais para a elaboração
concreta do trabalho, bem como um entendimento sólido do assunto abordado.

2.1 Manutenção preventiva e preditiva

Segundo Kardec e Nascif (2009, p.42) “manutenção preventiva é a atuação realizada de


forma a reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano previamente
elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo.”
A adoção da manutenção preventiva se dá quando maior for a simplicidade na reposição
de peças, se os custos atrelados às falhas forem elevados e se as implicações das falhas afetarem
a segurança pessoal e operacional do equipamento (KARDEC; NASCIF, 2009).
O projeto de instalação da filtragem, se realizado corretamente, terá grande importância
no planejamento de uma manutenção preventiva (PARKER, 2017).
A respeito da manutenção preditiva, Kardec e Nascif (2009, p. 44) dizem que: “é a
atuação realizada com base na modificação de parâmetros de condição ou desempenho cujo
acompanhamento obedece a uma sistemática.”
O monitoramento da condição de peças ou de óleo, implica em ação de correção, o que
gera manutenção corretiva planejada, quando estiverem fora dos parâmetros. Quanto maior for
a tecnologia aplicada e o conhecimento, é possível permitir uma avaliação mais confiável das
instalações e sistemas operacionais em funcionamento. O objetivo é prevenir possíveis falhas
futuras nos equipamentos fazendo acompanhamento de parâmetros, o que permite
funcionamento contínuo do equipamento (KARDEC; NASCIF, 2009).
Na manutenção preditiva, são estudadas as propriedades físicas e químicas do óleo e
também é monitorado o desgaste do sistema hidráulico através dos teores de metais no óleo.
Dessa maneira, é possível prevenir componentes de falhas, controlar a qualidade geral do
sistema e identificar possíveis adulterações específicas, podendo determinar um tempo
apropriado para sua substituição (POCFILTROS, 2020).
Segundo as especificações recomendadas no manual de operação e manutenção
(HYUNDAI, 2011), os óleos recomendados para o sistema hidráulico estão representados na
Tabela 01 a seguir.
17

Tabela 01 - Especificações de óleos recomendadas pelo fabricante.


Tipo de Capacidade Temperatura Ambiente (°C)
Fluído (litros)
-20 -10 0 10 20 30 40
Óleo Tanque:
Hidráulico 180 ISO VG 32

Sistema: ISO VG 46
290
ISO VG 68
Fonte: Adaptado de (HYUNDAI, 2011 p. 2-26).

O manual técnico de operação Hyunday (2011), recomenda ainda que a substituição do


óleo hidráulico ocorra em um intervalo de 2.000 horas de serviço onde deve ser trocado todo o
fluído e a checagem do filtro de sucção contido no reservatório.

2.2 Características das escavadeiras em estudo

A escavadeira hidráulica é uma máquina que tem a finalidade de retirar a terra de aterros,
construções ou mineração utilizando sua força hidráulica onde o óleo presente em seu sistema
é bombeado para diferentes pistões o que aumenta a força da máquina e é constituída por
chassis, esteira, lança e a caçamba (INDÚSTRIA HOJE, 2016).
A escavadeira em estudo é de fabricação da Hyundai Heavy Industries modelo R210LC-
7 que contém as características representadas no parágrafo anterior.
O equipamento apresenta um sistema avançado CAPO (Otimização de Potência
Assistida por Computador) que monitora suas funções, como força do motor, da bomba auxiliar
e é o mesmo que monitora também a temperatura do óleo do sistema hidráulico (HYUNDAI
HEAVY INDUSTRIES CO. LTD, 2020).
Seu sistema hidráulico apresenta as principais características representadas no Quadro
01.

Quadro 01 – Características da bomba principal


Tipo Duas bombas de pistão com fluxo variável
Vazão máxima 2 x 220 Li / min
Fonte: Adaptado de (HYUNDAI HEAVY INDUSTRIES CO. LTD, 2020).
18

No Quadro 02 estão representadas as características dos cilindros presentes na


escavadeira hidráulica.

Quadro 02 – Características dos cilindros


Cilindros hidráulicos
Cilindros Diâmetro (mm) Haste (mm) Curso (mm)
Lança 2 120 85 1290
Braço 2 120 85 1290
Caçamba 1 125 85 1055
Fonte: Adaptado de (HYUNDAI HEAVY INDUSTRIES CO. LTD, 2020).

Na Figura 01 está representado as posições que se encontram o braço, lança e a caçamba


na estrutura da escavadeira hidráulica.

Figura 01 - Escavadeira hidráulica de esteira

Fonte: Adaptado de (BMC HYUNDAI, 2020).

As escavadeiras hidráulicas estão inseridas no segmento de pavimentação e


terraplenagem, também chamado de linha amarela, onde também pertence a pá carregadeira de
esteira e as de pneus, retroescavadeira, trator de esteiras, motoniveladora, rolo compactador e
mini carregadeira (MP TERRAPLENAGEM, 2018).
19

2.3 Componentes hidráulicos

As escavadeiras hidráulicas possuem componentes hidráulicos, tais como: a bomba


hidráulica, os tubos com as conexões e acessórios como filtro, os cilindros, o reservatório e os
acumuladores.

2.3.1 Bomba hidráulica

Segundo a Hyundai (2020) a escavadeira R210LC-7 é equipada com uma bomba dupla
de pistão com fluxo variável e de acordo com Hidrautec (2016) ela funciona com pistões que
se alternam durante o trabalho, fazendo movimentos lineares que ocorrem devido à ação da
pressão que atua a todo instante no pistão fazendo com que ele seja empurrado para fora do
cilindro que ocorre devido ao ângulo formado pelo platô pressurizando o fluído.
Na Figura 02 está representada a bomba hidráulica desmontada empregada na
escavadeira R210LC-7.

Figura 02 - Bomba hidráulica desmontada.

Fonte: (PDC, 2020).

A bomba de pistão variável permite garantir um alto desempenho na atuação do


bombeamento que é projetado de acordo com sua aplicação operando em condições de
aplicações mais severas (UNITEC, 2020).
20

2.3.2 Filtro hidráulico e acumuladores

O filtro hidráulico remove a principal parte da sujeira e contaminantes do óleo hidráulico


(CARREREITO; BELMIRO, 2006).
Para Grupo Hidrau Torque (2017) os filtros hidráulicos são divididos em modelos de
acordo com a sua função desempenhada no sistema hidráulico, sendo elas:
a) Filtro de sucção, localizado na parte anterior à conexão da entrada da bomba principal;
b) Filtro de pressão, eles filtram o óleo que estão sob pressão intermitente e antes que seja
utilizado no sistema;
c) Filtro de retorno, eles retiram a contaminação gerada pelos componentes do equipamento e
por contaminantes externos e na maioria dos equipamentos ele é o último componente que
o fluído passa antes de entrar no reservatório;
d) Filtro off-line, funciona em um circuito independente do sistema hidráulico principal,
funcionam em ciclo contínuo e o seu fluído é bombeado para fora do reservatório através
desse filtro e retorna para ele posteriormente.
Os acumuladores são utilizados como um reservatório de pressão, estão localizados no
sistema depois da bomba hidráulica e antes do motor hidráulico (CARREREITO; BELMIRO,
2006).

2.3.3 Cilindros hidráulicos

O equipamento é constituído por dois cilindros no braço, dois na lança e um na caçamba,


como mencionado no subtópico 2.2 onde estão suas características gerais.
O cilindro hidráulico funciona transformando a pressão em força e seu movimento é
determinado conforme a quantidade de óleo que entra e que sai sobre ele. Ele é formado por
uma haste, vedações, êmbolo, anéis raspadores, flange dianteiro, conexões e camisa conforme
a Figura 03 (GLOBAL, 2020).
21

Figura 03 - Componentes do cilindro hidráulico

Fonte: Adaptado de (INDÚSTRIA HOJE, 2016).

O trabalho é gerado no cilindro devido à ação do êmbolo móvel que é conectado na


haste, o fundo do cilindro é fechado em uma extremidade e na outra é aberto onde introduz o
êmbolo e onde sai a haste permitindo a pressão hidráulica atuar e produzindo movimento linear
(INDÚSTRIA HOJE, 2016).

2.3.4 Reservatório

O reservatório é formado por quatro paredes, nível de óleo, tampa para respiradouro e
enchimento e tampa para limpeza da placa defletora (chicana). Quando o óleo hidráulico retorna
ao reservatório, a placa defletora o impede de ir à linha de sucção criando uma zona de repouso
onde as impurezas maiores precipitam, por isso a importância de se coletar a amostra de óleo
imediatamente após o uso, o ar sobe à superfície e cria condições para que o calor seja dissipado
nas paredes do reservatório (PARKER, 2019).
A Figura 04 demonstra a estrutura geral de um reservatório hidráulico.
22

Figura 04 - Componentes do reservatório hidráulico

Fonte: (PARKER, 2019).

O reservatório deve ter sua capacidade projetada conforme a necessidade do uso, um


indicativo comum é de que ele deve ter a capacidade superior ou igual à 3 vezes o volume da
vazão da bomba que está no sistema (OTTO, 2011).

2.4 Atuação do óleo hidráulico

Fundamental par o correto funcionamento do sistema hidráulico, o óleo tem as seguintes


características (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006):
a) Atuação como elemento de transmissão de força;
b) Protege o desgaste de partes que se atritam;
c) Atuação como selo à entrada de ar no sistema.
No sistema o óleo hidráulico é submetido a agitações na bomba hidráulica e nas
tubulações, por isso a viscosidade é uma característica mais crítica que o óleo deve apresentar,
sua viscosidade deve ter índice alto pois o sistema trabalha em uma larga faixa de temperatura
além de apresentar excelente resistência à oxidação, boa propriedade antiferrugem, boa
demulsibilidade, resistência boa à formação de espuma e características de aeração
(CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
Nas escavadeiras, o óleo tem a função de lubrificar as bombas de engrenagens ou de
pistões, cilindros e dissipar o calor dos sistemas, trabalhando assim a movimentação das
máquinas. Sua viscosidade permite uma boa vedação resistindo as pressões da bomba e das
válvulas, evitando danos ambientais em proveniente de vazamentos (SUPERTRATOR, 2020).
23

2.5 Especificação do óleo

O óleo em estudo é fabricado pela Petrobras Lubrax e armazenado em tambor de 200


litros. Sua especificação é HYDRA XP-68, que é utilizado em equipamentos que operem em
condições severas de pressão e temperatura.
Conforme a Figura 05 abaixo retirado do folheto técnico Lubrax, são apresentadas as
características disponibilizadas na sua ficha técnica.

Figura 05 - Especificações técnicas dos óleos.

Fonte: (LUBRAX, 2011).

A Lubrax disponibiliza todos os graus ISO do seu óleo Hydra XP e o óleo estudado
apresenta o grau ISO 68.

2.6 Aditivos do óleo lubrificante

O ambiente de trabalho impacta diretamente na estabilidade de um lubrificante, os


fatores de temperatura, oxidantes, água, ácidos corrosivos e contaminação de combustível
limitam sua vida útil. Os aditivos melhoram as propriedades de um lubrificante quando
escolhidos corretamente. Eles são compostos químicos que são adicionados em óleos básicos
que os dão propriedades melhoradas ou retiram propriedades indesejáveis (CARRETEIRO;
BELMIRO, 2006).
Para Cidade (2016), o uso de aditivos foi impulsionado pelas especificações técnicas em
equipamentos e máquinas automotivos para prolongar a vida útil e diminuir o consumo do
lubrificante.
Os aditivos mais comuns encontrados em óleos lubrificantes são os detergentes,
dispersantes, antioxidantes, passivadores de metais, agentes antidesgaste, agentes de extrema
pressão, abaixadores de ponto de fluidez, dentre outros. Esses mesmos podem ser classificados
24

em dois grupos: os que modificam certas características físicas, como espuma, fluidez e
viscosidade; e os que tem efeito na natureza química, como os detergentes e os antioxidantes
(CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
O óleo em estudo (HYDRA XP 68) apresenta em sua formulação os óleos básicos
parafínicos e sua aditivação é especial e proporciona elevada estabilidade à oxidação, proteção
antidesgaste e resistência à formação de espuma no sistema (LUBRAX, 2011).

2.6.1 Detergentes

Para Carreteiro e Belmiro (2006), detergentes são compostos que solubilizam


compostos na base fluída em um agrupamento polar que é atraído nas partículas contaminantes
do lubrificante.
Partindo da ideia de Carreteiro e Belmiro, Cidade (2016) diz que os detergentes são
compostos que mantêm limpa a parte interna do sistema e neutralizam os ácidos que podem se
formar. Tais aditivos contém compostos metálicos como cálcio, magnésio e bário que atuam
como inibidores de oxidação, neutralizadores de sujeiras e podem ainda proporcionar maior
desempenho do sistema.
Na classe de detergentes ainda têm os alcalinos que são detergentes que possuem grande
potencial de neutralização dos ácidos que são formados no próprio processo de uso do
lubrificante e são formados de compostos de bário ou cálcio (CARRETEIRO; BELMIRO,
2006).

2.6.2 Dispersantes

Os dispersantes atuam evitando que componentes oxidantes presentes no óleo se


depositem nas superfícies metálicas, também atuam como detergente que remove os depósitos
(contaminantes), como reagente químico que impede a formação de material insolúvel no óleo
e neutralizam produtos de oxidação ácida (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
Para Cidade (2016) e Possamai (2011) os dispersantes têm atuação também na
combustão de combustíveis fósseis em motores de combustão interna, o que acaba gerando
também compostos oxidantes insolúveis e o dispersante auxilia na remoção e podendo ser
retirado com facilidade na hora da troca do óleo e do filtro.
25

2.6.3 Antioxidantes

A oxidação do óleo pode interferir na viscosidade. Produtos formados da reação do óleo


com o oxigênio do ar podem fazer uma oxidação prematura do lubrificante e formar produtos
corrosivos. Os antioxidantes presentes nos lubrificantes retardam esta oxidação, fazendo com
que o mesmo não venha a ocorrer e também impedem a formação de ácidos e borras,
prolongando a vida útil do sistema (CIDADE, 2016).
Carreteiro e Belmiro (2006) têm uma abordagem mais química em relação aos
antioxidantes, dizendo que existem duas formas de atuação dos antioxidantes, são elas:
a) Os antioxidantes primários, que eliminam os radicais orgânicos.
b) Os antioxidantes secundários que decompõem os peróxidos formados.

2.6.4 Passivadores de metal

Os passivadores são agentes que atuam similarmente aos antioxidantes, formando uma
película protetora sobre as superfícies metálicas e aumentando significativamente a eficácia
desses aditivos (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).

2.6.5 Agentes antidesgaste

Os agentes antidesgaste são formulados para evitar o desgaste pelo atrito de


componentes metálicos de máquinas, fazendo um filme protetor entre as superfícies. Esse tipo
de aditivo forma um filme monomolecular fortemente aderido ao metal evitando o contato
direto entre partes em movimento (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
Abordando a ideia de Carreteiro e Belmiro (2006), Cidade (2016) diz que:
“Nanopartículas inorgânicas têm sido utilizadas como aditivo, pois reduzem o atrito e o
desgaste, devido a algumas de suas propriedades especiais, como: baixo ponto de fusão, baixa
densidade e elevada área superficial”, e Cidade ainda apresenta que as nanopartículas possuem
problema no seu uso como a insolubilidade e a dificuldade de uma dispersão estável que limita
a aplicação em óleos base e a utilização de compostos orgânicos.
Possamai (2011) interliga os agentes antidesgaste com propriedades semelhantes à dos
agentes EP, que será demonstrado no subtópico seguinte, mas com uma película polidora feita
por uma reação química polidora e podendo ocorrer em temperaturas mais baixas.
26

2.6.6 Propriedades de extrema pressão (EP)

Esses aditivos formam uma película protetora em sistemas submetidos a pressões


elevadas como em engrenagens automotivas e industriais e também em graxas (CIDADE,
2016).
Possamai (2011) aborda mais a fundo e diz que os agentes EP agem para evitar que
essas pressões acabem rompendo a película protetora formada pelo lubrificante e reagem com
os metais formando um composto químico que diminui esse atrito.

2.6.7 Antiespumantes

Os aditivos antiespumantes fazem com que a espuma formada no óleo, devido às


agitações e contaminantes se desfaça mais rapidamente, evitando com que o óleo se mantenha
instável e a espuma entre no sistema (POSSAMAI, 2011).
Cidade (2016) ainda diz que estes tipos de aditivos são usados em óleos com alta
viscosidade e alto teor de sólidos, atuando por coalescência com pequenas bolhas em grandes
bolhas que flutuam até a superfície de forma mais rápida.

2.7 Análise de óleo

Para saber as características reais químicas do óleo existem normas regulamentadoras


para padronizar os métodos utilizados, neste tópico será abordado as normas ABNT NBR 14248
para determinação de acidez e basicidade, método EDXRF (espectrometria de fluorescência de
raios-x por energia dispersiva) que aborda métodos para determinação de fósforo, enxofre,
cálcio e zinco que são metais de desgastes presentes em óleos usados.
Sobre a análise de óleo pode-se afirmar que:
A análise de óleo não pode corrigir uma máquina com falha. Isso é o que os mecânicos
fazem. Ela pode fornecer alertas para pré-falha, tanto cautelares quanto críticos. Se a
raiz de uma causa é detectada, como o óleo errado, óleo sujo ou óleo úmido, estas
condições podem ser corrigidas rapidamente. (MECÂNICA INDUSTRIAL, 2020).

2.7.1 Determinação de acidez total

A ABNT diz que produtos de petróleo podem conter partículas ácidas e básicas sendo
provenientes de aditivos ou de contaminantes formados durante o serviço e a quantidade dessas
27

partículas podem ser determinada através da titulação ácida ou básica. A quantidade é expressa
como “número de acidez” ou “número de basicilidade” que é uma medida da concentração
dessas substâncias.
Para a execução do método a amostra é diluída em uma mistura de tolueno, álcool
isopropílico e uma pequena quantidade de água, a solução então é titulada em temperatura
ambiente com uma solução-padrão alcóolica básica ou ácida até o ponto final indicado pela
mudança de cor da solução p-naftolbenzeína que é adicionada, ficando na coloração alaranjada
no meio ácido e castanho-esverdeado no meio básico (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2009).

2.7.1.1 Preparação química

Os reagentes utilizados devem ser de grau P.A (pura para análise). Os demais graus
podem ser utilizados desde que não alterem a precisão do ensaio.
Segundo a NBR 14248 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2009) a água destilada utilizada deve conter as características representadas na Tabela 02 a
seguir.

Tabela 02 - Especificações da água


Características Tipo I Tipo II Tipo III
Condutividade elétrica, máx, µS/cm a 25ºC 0,0555 1,0 0,25
Resistividade elétrica, mín, MΩ.cm a 25°C 18 1,0 4,0
Carbono orgânico total, máx, µg/L 50 50 200
Sódio, máx, µg/L 1 5 10
Cloretos, máx, µg/L 1 5 10
Sílica, máx, µg/L 3 3 500
Fonte: Adaptado de (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).

A água tipo I deve ser preparada por destilação e em seguida pela filtração com resina
de troca iônica. A do tipo II deve-se aplicar a destilação e o destilado apresentar condutividade
menor que 1 µS/cm a 25°C. A do tipo III deve ser empregado a destilação, osmose reversa,
deionização, troca iônica, ou uma combinação dos processos, e a filtragem utilizando um filtro
de 0,45 µm (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).
28

O álcool isopropílico deve conter uma porcentagem máxima de 0,9% de água, o ácido
clorídrico concentrado deve conter uma concentração densidade aproximada de 1,19.
Para fazer a solução alcoólica de hidróxido de potássio (KOH) deve adicionar 6
gramas do próprio produto em 1 litro de álcool isopropílico anidro em um Erlenmeyer e em
seguida fazer a ebulição de 10 a 15 minutos suavemente e agitando a solução. Em seguida
adicionar 2 g de hidróxido de bário fervendo por mais 10 a 15 minutos deixando esfriar e
repousar por bastante tempo e filtrar o liquido sobrenadante com um funil de vidro para evitar
o contato com o gás carbônico durante o processo e um solvente de titulação misturando
tolueno, água e álcool isopropílico anidro na proporção de 100:1:99 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).

2.7.1.2 Preparação da amostra

A norma NBR 14248 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2009) ainda informa sobre o preparativo das amostras para a realização do teste, descrevendo
que é necessário aquecer o óleo entre 60°C e 65°C no recipiente original e agitar até que o
sedimento esteja disperso no óleo, em seguida transfere-se os traços de sedimento para outro
frasco utilizando porções da amostra e agitando vigorosamente. Logo após passa-se toda a
amostra em uma peneira de 150 µm para eliminar as partículas maiores de sedimento.

2.7.1.3 Procedimentos

Nos procedimentos de análise, adiciona-se 100 ml do solvente de titulação e 0,5 ml


de solução indicadora e sem fechar o Erlenmeyer, agita-se até o ponto de completar a dissolução
da amostra. Realiza-se a titulação em temperatura abaixo de 30°C e adiciona-se aos poucos a
solução de KOH 0,1 mol/L agitando vigorosamente até o próximo o ponto final chamado ponto
de viragem. Quando a solução mudar de cor do alaranjado para o verde, diminui-se a adição da
solução titulante para cair gota a gota pela bureta e continua-se até que a coloração persista por
mais de 15 segundos atingindo o ponto final da titulação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2009).
Para finalizar o procedimento a norma NBR 14248 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2009) diz que é preciso realizar uma titulação em branco, juntando
0,5 ml de solução indicadora p-naftalbenzeína com 100 ml de solvente de titulação e titular com
29

a solução de KOH 0,1 mol/L, fazendo adições de 0,1 ml e anotar o volume de solução necessária
parta atingir o ponto de viragem.

2.7.1.4 Cálculo de resultados

Para calcular o índice de acidez total (TAN), a NBR 14248 ((ASSOCIAÇÃO


BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009) traz a equação 01 abaixo que representa o
resultado obtido nos procedimentos descritos acima.

(A−B)C1 x 56,1 mgKOH


TAN = [ ] (1)
m g

Onde:
A é o volume de solução de KOH gasto com a titulação da mostra (ml)
B é o volume de solução de KOH gasto com a titulação do branco (ml)
C1 é a concentração da solução-padrão de KOH (mol/L)
m é a amostra da amostra (g)

A Figura 06 representa o princípio fundamental do processo de titulação química.

Figura 06 - Titulação química

Fonte: (MANUAL DA QUÍMICA, 2020).

A técnica de titulação é mais utilizada quando se quer determinar a concentração de


alguma solução em estudo por meio da reação de soluções até obter o ponto de viragem, o qual
é obtido ao fim da reação química do processo (MANUAL DA QUÍMICA, 2020).
30

2.7.2 Determinação de metais de desgaste

Para a determinação dos metais de desgaste é utilizado o método EDXRF, onde um


aparelho faz toda a leitura de partículas presentes na amostra.
A técnica é feita através de uma análise nuclear, instrumental, multielementar e
simultânea que se baseia em medição da intensidade de raio-x característicos que são emitidos
pelas partículas constituintes da amostra a partir de uma excitação por meio de feixe de raio-x.
Energia dispersiva é uma técnica de detecção desses raio-x emitidos e é efetuado por um
detector de Silício gerando um espectro de intensidade em função da energia liberada
(SANTOS et al, 2013).
Para MORAES (2009), o método divide-se em três partes, sendo eles:
a) Excitação dos elementos que contituem as amostras;
b) Dispersão dos raios-x característicos emitidos;
c) Detecção e medida desses raios-x.
A Figura 07 abaixo ilustra como que uma máquina de técnica EDXRF funciona.

Figura 07 - Representação esquemática da atuação da radiação no método EDXRF

Fonte: Adaptado de (UNICOMP, 2018).

Nos espectômetros EDXRF, o raio-x proveniente de um tubo é fonte que irradia


diretamente em uma amostra e a fluorescência é medida com um detector de energia dispersiva
que é capaz de medir diferentes energias de radiação característica que é proveniente da amostra
separando a radiação dos elementos contidos no teste (UNICOMP, 2018).
31

2.8 Contaminantes no sistema hidráulico

Carreteiro e Belmiro (2006) listam vários agentes contaminantes que podem estar
presentes no sistema hidráulico, sendo eles os solventes de limpeza, água, sujeira, areia e poeira,
graxa dos mancais da bomba, partículas metálicas do desgaste, partículas de ferrugem, lama
dentre outros.
A maioria de inserções de contaminantes no sistema entram através de tampas antigas
do respiro do reservatório e também nas vedações dos cilindros. Essas partículas causam
interferência no resfriamento do fluído pois formam sedimentos que impedem uma
transferência de calor eficaz do óleo com as paredes do reservatório (PARKER, 2019).

2.8.1 Contaminação por água

A água é um contaminante universal, ela pode estar nos estados dissolvido e livre, a
água livre é aquela que está acima do ponto de saturação de um fluído específico, no óleo
hidráulico esse ponto típico é de 300 ppm (3%). A presença de água pode causar problemas
como corrosão de superfícies metálicas, desgaste abrasivo acelerado, fadiga de rolamentos,
falha no aditivo anti-desgaste, variação da viscosidade e aumento da condução elétrica. A falha
dos aditivos anti-desgaste podem formar ácidos (CLARILUB, 2013).
A condução elétrica se torna um problema quando as propriedades de isolação de um
fluído é enfraquecida, conforme a temperatura aumenta, o fluído hidráulico tem a capacidade
de reter mais água presente em sua estrutura. O óleo está sujeito à contato com vapor de água
enquanto são armazenados e manuseados em barris e tanques onde a água pode assentar no
topo interno dos containers de armazenamento durante a fase de mudança de temperatura e
também quando ocorre o enchimento dos mesmos. A infiltração da água em sistemas pode
ocorrer através das vedações ineficientes e na abertura do reservatório, o que pode causar
problema de corrosão (PARKER, 2019).
A Figura 08 mostra o que a ação da água pode ocasionar de dano em uma bomba.
32

Figura 08 - Desgaste de bomba devido ação da água

Fonte: (CLARILUB, 2013).

Visualmente pode-se observar uma mudança na coloração do óleo, bem como sua
turbidez representada na Figura 09.

Figura 09 - Efeitos visuais da água no óleo

Fonte: (PARKER, 2019).

As diferentes fases presentes nos lubrificantes, observadas visualmente, é um


indicativo da presença de água. A presença de várias fases bem separadas, pode ser um
indicativo da ineficácia do óleo (FILTROVALI, 2019).

2.8.2 Contaminação por partículas sólidas

Para Parker (2019) esse tipo de contaminação se dá pela ação de partículas maiores
que 5μm que causam falhas catastróficas no sistema hidráulico e podem ser divididas em dois
grupos, sendo eles:
a) Partículas duras: sílica, carbono, metal;
b) Partículas maleáveis: borracha, fibras, microrganismos.
33

Cidade (2016) menciona alguns metais com a relação dos componentes mecânicos
oriundos de tais metais conforme o Quadro 03 a seguir.

Quadro 03 - Metais de desgaste presentes em óleo lubrificante e respectiva origem ao desgaste.


Metal Origem
Alumínio Pistões, rolamentos, bombas, rotores, tuchos de bombas

Chumbo Desgaste dos pontos de apoio e mancais

Buchas, rolamentos, discos de transmissão, aditivos, arruelas de


Cobre encosto, mancais, desgaste de guias de válvula, anéis de pistão,
pontos de apoio

Cromo Anéis, rolamentos, cubos de freio, cilindros e partes de sistemas


hidráulicos

Cilindros, engrenagens, anéis, eixo, virabrequim, rolamentos, bomba


Ferro de óleo, compressor de ar, eixo de comando de válvulas, guias e
sedes, águas, impurezas

Níquel Desgaste de pontos de apoio, válvulas, engrenagens (revestida com


esse metal)

Zinco Desgaste de sistemas galvanizados


Fonte: Adaptado de (CIDADE, 2016).

A Figura 10 abaixo demonstra partículas sólidas colhidas em uma análise.


34

Figura 10 - Partículas sólidas presentes em uma análise de óleo

Fonte: (BARONI, 2018)

Quando peças móveis desgastam devido ao tempo de uso ou entram em contato com
agentes contaminantes, partículas metálicas se desprendem dos componentes e são acumuladas
nos óleos. Se a concentração de algum metal de desgaste sofre um aumento súbito, é possível
que algum componente mecânico esteja sofrendo desgaste excessivo e de acordo com o tipo de
metal encontrado pode-se determinar, em alguns casos, qual a sua origem e tomar providências
para evitar prejuízos ao sistema mecânico (ZMOZINZKI, 2010).
Contaminação por partículas sólidas não são visíveis sem a ajuda de equipamentos
específicos, visto que o limite da visibilidade humana é de aproximadamente 40 μm e a maioria
das partículas que causam danos aos sistemas hidráulicos são de tamanho inferiores. O fluído
hidráulico deve criar um filme lubrificante que mantenha as peças de precisão separadas durante
seu movimento mantendo um filme fino suficiente para preencher a folga existente entre as
peças resultando um baixo índice de desgaste (PARKER, 2019).
Estas partículas podem causar danos nos sistemas hidráulicos como o bloqueio dos
orifícios, desgaste dos componentes, formação de ferrugem proveniente de oxidação, formação
de componentes químicos, deficiência dos aditivos e a formação de agentes biológico
(PARKER, 2019).

2.8.3 Índice de acidez total (TAN)

A Portaria nº 129 da ANP especifica o índice de acidez total sendo: “é uma medida
da quantidade de substâncias ácidas presentes no óleo e indica a eficiência do processo de
neutralização dos resíduos ácidos resultantes do tratamento do óleo”.
O aumento do TAN pode ocorrer devido a reação do óleo com o oxigênio do ar em
temperaturas elevadas, que aceleram essa reação e tornam o óleo com uma viscosidade mais
elevada (HERNANDES, 2019).
35

2.9 Interpretação de análise do óleo usado

Para compreender gráficos de tendências de deterioração, é importante se atentar a


alguns pontos importantes levantados em uma análise de óleo laboratorial.

2.9.1 Limites de desgaste

Segundo Engeoil (2019), para compreender o limite de desgaste é importante observar


o histórico de tendência das máquinas, duas máquinas idênticas podem ter resultados de
desgastes diferentes, o que está ligado a variações de cargas de trabalho, práticas de manutenção
e no ciclo de trabalho sofrido por elas. A curva de tendência é importante para a determinação
da saúde da máquina e não somente confiar nas recomendações do fabricante. É primordial a
avaliação do tempo de execução de serviço da máquina, se está sendo colocado maiores cargas
na mesma e se algo mudou nas condições de operação.
O fabricante do óleo BR Distribuidora S/A (2020), menciona que os dados da
quantidade de impurezas que podem estar no óleo sem que o mesmo perca as características
não tem um valor fixo, os mesmos valores são gerados por tendência, de acordo com cada
aplicação.
Para Carreteiro e Belmiro (2006), a presença de sedimentos maiores que 0,05 % em
volume, podem indicar:
a) Oxidação acentuada;
b) Presença de partículas metálicas.

2.9.2 Limites de água

A presença de água no óleo é sempre indesejável, o limite máximo em porcentagem


de água é de 0,2%, quando se tem valores maiores, deve-se realizar a secagem do óleo sempre
que possível ou sua substituição. A origem da água pode indicar o ponto de contaminação
(CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
Hidromatic (2019), diz sobre a água em limite de massa, falando que a presença de
água em óleo hidráulico não deve ser superior a 1g por litro de óleo, ou 1.000 ppm, que são
valores aceitáveis da quantidade de água presente nas amostras.
36

2.9.3 Limites de TAN

Quando o índice de alcalinidade total vai a zero, significa que o aditivo detergente
alcalino foi consumido, ou seja, toda a reserva alcalina do óleo acabou, por isso o valor do
índice de acidez total TAN somente aumentará (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006).
Para Purilub (2020), a substituição do óleo vai depender do valor do TAN e do
emprego que o lubrificante se dará. Não é recomendado a adição de cargas antioxidantes no
óleo, pois qualquer alteração da sua fórmula só deve ser feita pelo fabricante original. Os
valores aceitáveis do TAN são:
a) Para lubrificantes usados em turbinas hidráulicas ou vapor: 0,5 mgKOH/g;
b) Óleos lubrificantes de sistemas circulatórios de troca de calor: 2,0 mgKOH/g;
c) Óleos lubrificantes hidráulicos: 2,0 mgKOH/g.

2.10 Rerrefino do óleo

Óleo lubrificante usado é considerado perigoso na natureza devido o mesmo conter


metais pesados como chumbo, zinco, cobre, cromo, níquel e cádmio. O óleo ainda contém
hidrocarbonetos que podem ser recuperados ganhando economicamente pois o óleo-base que é
retirado deste rejeito poderá receber novos aditivos e retornar ao sistema levando também à
uma menor demanda ao petróleo para fabricação de novos óleos. A reutilização do óleo
hidráulico consiste na remoção de partículas sólidas por filtração, remoção da água e a adição
de novos aditivos. O rerrefino é um processo cujo objetivo é a produção de óleo básico
aplicando tecnologias que têm como etapas principais o pré-tratamento, limpeza, fracionamento
do óleo usado e tratamento final (CANCHUMANI, 2013).
Segundo ECycle (2020) os contaminantes presentes em óleo usado podem incluir
complicações na saúde como intoxicações (agudas e crônicas), câncer e problemas respiratórios
em pessoas que entram em contato direto com o resíduo. Quando o resíduo é dispensado
diretamente na natureza pode entrar em contato com lençóis freáticos, no esgoto gerando
problemas nas estações de tratamento e quando queimados de forma ilegal, causam forte
concentração de poluentes no ar produzindo partículas que aderem á pele e podem chegar ao
sistema respiratório.
O rerrefino pode ser aplicado quando o volume de óleo usado justifique sua coleta,
estocagem e destinação ao rerrefino. Grandes distâncias e baixo valor do óleo usado
inviabilizam a coleta em vista o alto custo empregado ao transporte. O processamento do óleo
37

lubrificante usado será destinado exclusivamente para fabricação de produtos pelos geradores
industriais. Os óleos básicos rerrefinados são constituídos igual aos óleos básicos de primeiro
refino podendo também ser constituído a partir de uma mistura entre os dois tipos de óleos
básicos. Sua comercialização é feita em distribuidoras para suprir a demanda de uso em motores
automotivos, lubrificação de máquinas fluídos hidráulicos e lubrificação em geral
(CLARILUB, 2013).
O relatório emitido pelo Sohn (2018), tomando como base relatórios emitidos pela ANP
diz que no Brasil existem 5.570 municípios, mas somente 4.186 deles (75%) apresentam coleta
de lubrificantes usados, abrangendo 93% do mercado consumidor. Grande parte dos óleos
lubrificantes usados sofrem destinos ilícitos, apesar do governo e instituições privadas
interessadas estabelecerem normas para um sistema de gestão ambientalmente adequado. Uma
das razões para esse ato ilícito é o elevado grau que ela atinge possuindo um mercado
clandestino estabelecido que tem um potencial econômico alto que são adquiridos por
consumidores que sabem da ilegalidade do produto.
A destinação ilícita dos OLUC (óleo lubrificante usado ou contaminado) ocorre em
grande volume no Brasil e, desse volume, quase todos são destinados à queima ilegal, o que
causa prejuízos na natureza e servindo como substituto de combustíveis industriais e navais
(SOHN, 2018).
Os Gráficos 01 e 02 representam o volume de OLUC coletado no Brasil e a eficiência
bruta do rerrefino respectivamente. Os dados foram colhidos no período de 10 anos, entre 2008
e 2017.

Gráfico 01 - Volume de OLUC coletado no Brasil entre 2008 e 2017.

Volume de OLUC coletado no Brasil (m³)


500000 473567
449179 445812 431206
450000 422825
405110 416608
400000 381024
358853 350923
350000
300000
250000
200000
150000
100000
50000
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Adaptado de (SOHN, 2018).
38

É representado o volume de óleo bruto coletado e incluindo o volume médio de 7% de


contaminação por água.

Gráfico 02 - Eficiência bruta do rerrefino entre 2008 e 2017.

Eficiência bruta do rerrefino


100,00%
90,00%
80,00%
70,00% 63,66%
58,00% 57,08% 59,37%
60,00% 56,95% 57,12% 59,08% 58,00% 55,45%
53,14%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: Adaptado de (SOHN,2018).

Eficiência medida estimada a partir dos volumes de óleos básicos rerrefinados


comercializados em relação aos volumes de OLUC consumidos e descontando o teor de água.
39

3 METODOLOGIA

Este trabalho apresenta uma metodologia desenvolvida para conduzir os resultados


obtidos baseado em etapas construtivas de maneira objetiva e clara.

3.1 Escolha do equipamento

A escolha do equipamento foi baseada na importância da utilização do óleo hidráulico.


Foram escolhidas duas escavadeiras hidráulicas da mesma marca e mesmo modelo, sendo elas
da marca Hyundai e modelo R210LC-7, a mais antiga fabricada no ano de 2008 e a segunda no
ano de 2012. Estes equipamentos são de propriedade da empresa Pavican Pavimentação e
Terraplenagem localizada na cidade de Varginha-MG. Foi feito um acordo com um dos
proprietários, Roberto Donizeti Candido e o mesmo autorizou a retirada das amostras de seus
equipamentos.

3.2 Retirada das amostras

As amostras de óleo usado foram retiradas dos reservatórios hidráulicos das


escavadeiras em campo por um técnico em manutenção que realiza vistorias nos equipamentos.
Para a amostra de óleo novo foi retirada, diretamente do tambor da Lubrax que se
encontra no depósito de lubrificantes do almoxarifado da empresa Pavican, também, uma
quantidade aproximada de 300 ml.
O período de uso de cada óleo está representado na Tabela 03 a seguir.

Tabela 03 - Quantidade de horas de uso do óleo em cada coleta.


Coletas R210LC-7 ( I ) R210LC-7 ( II )
(horas) (horas)
Coleta 1 2.574 1.620
Coleta 2 3.652 3.889
Fonte: O autor.

Para o procedimento foram retiradas as amostras iminentemente após as operações das


mesmas, onde o óleo apresentava-se em turbilhamento, descartando a possibilidade de as
impurezas serem decantadas pelo descanso além de utilizar recipientes completamente secos
40

para não dar alteração de água, no ato da coleta e causar contaminações cruzadas, o que afetaria
a análise dos resultados pretendidos. Os recipientes foram inseridos no meio dos reservatórios
e foi retirada uma quantidade de aproximadamente 300 ml de cada escavadeira.
Na Figura 11 está representado a parte superior do reservatório de onde foi retirado os
óleos.

Figura 11 - Reservatório hidráulico sem a tampa superior

Fonte: O autor.

No apêndice A, a Tabela 06 está informado os horímetros marcados em cada máquina


no ato das coletas. As trocas de óleo das escavadeiras foram feitas com os horímetros
representados abaixo.
a) R210LC-7 ( I ): 10.731 horas;
b) R210LC-7 ( II ): 10.610 horas.

3.3 Análise do óleo

Em parceria com a Proluminas Lubrificantes, empresa responsável pelo rerrefino de


óleos lubrificantes localizada na cidade de Varginha, foi possível realizar as análises das
amostras coletadas das escavadeiras. A técnica em química poderá determinar os metais de
desgastes que são silício, ferro, cromo, alumínio, magnésio, fósforo, cálcio, manganês, enxofre
e zinco, a acidez total medida em mgKOH/g e o percentual de água com base nas seguintes
normas:
41

a) ABNT NBR 14248 Produtos de petróleo - Determinação do número de acidez e de


basicidade - Método do indicador;
b) ASTM D6481 Standard Test Method for Determination of Phosphorus, Sulfur, Calcium,
and Zinc in Lubrication Oils by Energy Dispersive X-ray Fluorescence Spectroscopy;
c) ASTM D6304 - 16e1 Método de ensaio padrão para Determinação de água em produtos
petrolíferos, óleos lubrificantes e aditivos por titulação coulométrica de Karl Fischer.

3.4 Variantes da pesquisa

As variantes relacionadas ao trabalho dependem de fatores ligados ao equipamento e a


atual situação adversa encontrada no país.
Em relação ao equipamento, depende de suas horas de funcionamento que pode oscilar
de acordo com sua disponibilidade de serviço.
42

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o envio de todos os relatórios das análises de óleo realizadas, foi possível a
observação da tendência de deterioramento do óleo hidráulico, o estudo do aumento das
partículas metálicas, de água e de acidez presentes em cada coleta feita. Com os resultados
pode-se observar a saúde dos equipamentos e dos fluídos presentes em cada uma.
Faz-se necessário tal estudo para avaliar se os intervalos de troca de óleo realizadas de
acordo com o número de horas de operação, definidas pelo fabricante, são eficientes, nas
escavadeiras hidráulicas o óleo hidráulico é valioso, tendo um papel primordial no
funcionamento de todo o conjunto hidráulico de movimentação e operação da máquina. Ter
cuidado na sua manipulação, análise química, contaminação externa e interna e na substituição
no prazo assegura-se um perfeito funcionamento e desempenho mecânico exercido na hora de
escavar terrenos e realizar outras operações de levantamento de cargas, deslocamento de
manilhas de esgoto e enchimento de caminhões basculantes.
Nos resultados obtidos pode-se observar um aumento considerável de partículas sólidas
e metálicas, água e acidez comparando as duas coletas realizadas em cada máquina e a coleta
do óleo novo, destacando elementos como o alumínio, zinco, enxofre, cálcio e magnésio.
Os valores absolutos dos compostos contaminantes e o percentual de tendência de
deterioramento entre as análises estão presentes no apêndice A, Tabelas 06 e 07.

4.1 Resultados do percentual de água

A água presente causa danos nos componentes hidráulicos, como a corrosão, alteração
de viscosidade e reduzindo a película lubrificante, causando consequências severas além de
prejuízos com substituição de componentes oxidados pela situação. Mais importante que a
observação visual, é a determinação do percentual de água presente no óleo.
Considerando que o reservatório das escavadeiras contém uma capacidade total de 180
litros ou 180.000 mililitros e os valores absolutos de água encontrados, pode-se criar a Tabela
04 convertendo o percentual de água obtido por quantidade em mililitros presentes.
43

Tabela 04 - Quantidade em mililitros de água presente nas amostras.


Coletas R210LC-7 ( I ) R210LC-7 ( I ) R210LC-7 ( II ) R210LC-7 ( II )
(%) (ml) (%) (ml)
Coleta 1 0,6 108 0,22 396
Coleta 2 0,11 198 0,34 612
Fonte: O autor.

Como mencionado no subtópico 2.9.2 neste trabalho, as amostras de água da


escavadeira R210LC-7 II está acima do limite do valor de referência. A escavadeira R210LC-
7 I apresenta menor quantidade de água em suas coletas, mas não é indispensável o
acompanhamento e resguardo no seu uso, pois como no trabalho só foram retiradas duas
amostras de óleo de cada escavadeira, deve-se continuar monitorando a tendência da elevação
da porcentagem de água do óleo em estudo.

4.2 Resultados da quantidade de partículas metálicas

Partículas sólidas estão presentes em óleos que foram utilizados por um longo período,
estas partículas são provenientes de peças metálicas, oxidação acentuada, contaminantes
externos como a poeira. O solo também apresenta minerais e devido aos locais em que as
máquinas trabalham estarem dispostas de partículas aerossóis de sujeira, podem facilmente
adentrar no interior do sistema hidráulico das mesmas, danificando peças e facilitando o
desprendimento de partículas metálicas que ficam submersas no óleo, causando condições
desfavoráveis à pureza do óleo.
Assim como foi descrito no item 2.9.1 do trabalho, não existe um limite de partículas
sólidas que demonstre quando um óleo perdeu suas características fundamentais, o que se pode
fazer são gráficos de tendência que indicam o quão sujo o óleo se encontra.
Através dos resultados obtidos nos relatórios técnicos disponibilizados pela Proluminas,
foi possível traçar gráficos em valores absolutos e de tendências que demonstram o caminho
que a contaminação está se direcionando, fazendo com que tome providências a respeito de sua
possível substituição.
44

4.2.1 Partículas sólidas presentes na R210LC-7 ( I )

O Gráfico 03 a seguir demonstra em valores absolutos a quantidade de partículas sólidas


submersas nas coletas de óleos I e II apresentadas em ppm (partículas por milhão), comparando
com as substâncias presentes na coleta do óleo novo.

Gráfico 03 - Comparativo de partículas sólidas em relação aos aditivos do óleo da R210LC-7 ( I ).

Relação aditivo x desgaste


700 665
597
600

500

400 370
316 295 300
300
205 222
200
133
80
100 41 32
30 18 32
0
Mg (ppm) P (ppm) Ca (ppm) S (ppm) Zn (ppm)

ÓLEO NOVO COLETA R210LC-7 ( I ) COLETA 1 R210LC-7 ( I ) COLETA 2

Fonte: O autor.

Tomando como base o resultado descrito no gráfico, pode-se observar o aumento


considerável das substâncias enxofre (S), zinco (Zn), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), o fósforo se
manteve constantes perante as duas coletas de óleos hidráulicos usados comparado com o valor
presente no óleo novo.
Em relação ao zinco, que é um aditivo inibidor de corrosão e o mesmo tendo apresentado
aumento e baseando no referencial teórico subtópico 2.8.2, indica um possível desgaste de
materiais galvanizados que veio a desprender o componente no óleo. Em relação ao enxofre,
ele é adicionado no lubrificante como aditivo antioxidante, motivo pelo qual ele está presente
na amostra de óleo novo, assim como o zinco, porém o seu aumento é um problema, pois se o
óleo apresentar oxidação, ele entrará em contato com o oxigênio formará oxido de enxofre,
como na amostra está presente também um teor de água, ele combinará com ela formando
H2SO4, que é altamente corrosivo. O que se pode fazer é ter uma reserva alcalina adequada no
óleo, que neutralizará a acidez proveniente do enxofre.
45

Assim como o zinco e enxofre, o cálcio e magnésio são aditivos encontrados nos óleos,
porém o seu aumento de partículas acentuado também indica problemas, segundo Zmozinski
(2010), estes aumentos súbitos de valores estão ligados, possivelmente, de algum componente
mecânico esteja sofrendo algum desgaste excessivo.
O Gráfico 04 mostra a quantidade de partículas sólidas provenientes de desgaste, que
são metais que não são aditivos, ou seja, que houve um aumento proveniente do desprendimento
dos elementos das peças contidas no sistema hidráulico.

Gráfico 04 – Representação da quantidade de partículas de desgaste da R210LC-7 ( I ).

Relação de metais de desgaste


250

206
200

150 138

100 87 87
73
50
50
16 16
0 0 0 0 0 2 0
0
Si (ppm) Fe (ppm) Cr (ppm) Al (ppm) Mn (ppm)

ÓLEO NOVO COLETA R210LC-7 ( I ) COLETA 1 R210LC-7 ( I ) COLETA 2

Fonte: O autor

Estes metais são um real problema no sistema hidráulico, a presença deles indica um
desgaste acentuado principalmente de peças que contêm ferro, cromo e alumínio. O alumínio e
o ferro indicam, um possível desgaste dos pistões dos cilindros, nos cilindros, na bomba
hidráulica, impurezas encontradas no óleo, e no caso do ferro em específico, como o óleo
apresenta oxidação, pode ter desprendido as partículas das superfícies das peças que são
fabricadas com este material. O cromo também indica desgaste em peças que são revestidas
com este material, como os êmbolos dos pistões.
O silício apresentou um aumento de 50 ppm na segunda coleta e, segundo Zmozinski
(2010), o surgimento do silício no lubrificante pode indicar contaminação pelo ar, o que sugere
que a máquina está com algum tipo de vazamento em suas vedações.
Comparando o silício com o alumínio, é mais um forte indicativo de problemas com
vazamento, visto que, para Mmtec (2020), “quando há excesso de silício e alumínio, está
46

indicando que há uma contaminação externa por poeira”. O silício é encontrado em materiais
como a areia que pode estar presente nos materiais de escavação que a escavadeira retira do
solo, o que faz de a afirmação ser verdadeira perante os gráficos obtidos.
O Gráfico 05 representa a tendência de deterioramento do óleo, medida em percentual,
com base nos valores obtidos nos Gráficos 03 e 04. l

Gráfico 05 – Representação da tendência de deterioramento da R210LC-7 ( I ).

Tendência de deterioramento R210LC-7 ( I )


4000%

3550%
3500%

3000%

2500%

2000%

1500%
1056%
1000%

343%
500% 169%
54% 78% 150%
49% 2% 11%
0%
Si (ppm) Fe (ppm) Cr (ppm) Al (ppm) Mg (ppm) P (ppm) Ca (ppm) Mn (ppm) S (ppm) Zn (ppm)

R210LC-7 ( I ) COLETA 1 R210LC-7 ( I ) COLETA 2

Fonte: O autor.

Como pode ser observado, o alumínio, manganês, cálcio, enxofre e zinco, apresentaram
um aumento superior a 100%, são substâncias que devem ser monitoradas de perto, pois sua
tendência de deterioração apresentou valores elevados, principalmente o alumínio e o zinco
que, segundo o gráfico, ficaram com valores extrapolados em relação as demais substâncias. O
gráfico de tendência foi gerado conforme demonstra a equação 02.

𝐴−𝐵
%𝑑 = [ ] 𝑥100 (2)
𝐵
47

Onde:
%d: Percentual de deterioramento [%]
A: Valor obtido na coleta 1 [ppm]
B: Valor obtido na coleta 2 [ppm]

4.2.2 Partículas sólidas presentes na R210LC-7 ( II )

Os estudos dos resultados foram feitos da mesma forma para as duas escavadeiras, como
ambas são da mesma marca e modelo, pode-se interpretar os gráficos da mesma forma, porém
mudando a maneira de solucionar os problemas em determinados casos de valores que saiam
da média entre ambas.
Comparando os resultados de valores absolutos obtidos nas amostras da escavadeira
número I com a de número II, não ouve aumentos significativos nos dados, conforme é
demonstrado no Gráfico 06, pode-se observar que ambas apresentam praticamente quase a
mesma quantidade de substâncias estudadas.

Gráfico 06 - Comparativo de partículas sólidas em relação aos aditivos do óleo da R210LC-7 ( II ).

Relação aditivo x desgaste


800
703
700
586
600

500

400 340
316 311 320
300
213 222
200
119
100 60 41 35
30 18 4
0
Mg (ppm) P (ppm) Ca (ppm) S (ppm) Zn (ppm)

ÓLEO NOVO COLETA R210LC-7 ( II ) COLETA 1 R210LC-7 ( II ) COLETA 2

Fonte: O autor.

Com relação aos metais de desgaste, também houve certa estabilidade de valores se
comparado as amostras das escavadeiras I e II, exceto pelo elemento ferro, que apresentou um
valor bem inferior se comparado com a escavadeira I, sendo obtido na primeira amostra 138
ppm contra 71 ppm da escavadeira I, uma diferença de 67 ppm, ou seja, 51,45 % de partículas
48

por milhão a menos e, um valor de 75 ppm contra 206 ppm da escavadeira I, uma diferença de
131 ppm, ou seja, 63,6 % de partículas por milhão a menos na segunda amostra. Estes dados
estão representados no Gráfico 07.

Gráfico 07 – Representação da quantidade de partículas de desgaste da R210LC-7 ( II ).

Relação de metais de desgaste


250

200

150

94
100 80
71 75 74 74

50

0 0 0 0 0 7 0 0 0
0
Si (ppm) Fe (ppm) Cr (ppm) Al (ppm) Mn (ppm)

ÓLEO NOVO COLETA R210LC-7 ( II ) COLETA 1 R210LC-7 ( II ) COLETA 2

Fonte: O autor.

Pode-se dizer então, que a escavadeira I apresenta maior desgaste em peças que contêm
ferro na sua composição, o que também pode ser comparado com o desprendimento das
partículas ferrosas provenientes da escavadeira I ser maior do que a escavadeira II.
O manganês não apareceu nestes resultados em nenhuma amostra coletada, então a
escavadeira não sofre problemas perante a este elemento. O silício também apareceu na coleta
da segunda amostra, o que sugere que esta escavadeira também sofre de problema de algum
tipo de vazamento, pois conforme foi falado no sub tópico 4.3.1, o silício indica contaminação
pelo ar externo e poeira.
O gráfico 08 representa a tendência de deterioramento do óleo, medida em percentual,
com base nos valores obtidos nos Gráficos 06 e 07.
49

Gráfico 08 – Representação da tendência de deterioramento da R210LC-7 ( II ).

Tendência de deterioramento R210LC-7 ( II )


1600%
1400%
1400%
1243%
1200%

1000% 871%

800%

600%
297%
400%
79% 164%
200% 20%

0%
Si (ppm) Fe (ppm) Cr (ppm) Al (ppm) Mg (ppm) P (ppm) Ca (ppm) Mn (ppm) S (ppm) Zn (ppm)
-200%

R210LC-7 ( II ) COLETA 1 R210LC-7 ( II ) COLETA 2

Fonte: O autor.

O gráfico de tendência da escavadeira II também apresenta picos acentuados dos


elementos alumínio, zinco e o cálcio, este último não apresentou resultado tão elevado se
comparado com a escavadeira I e igualmente a ela, o acompanhamento destes elementos faz-se
necessário para averiguar a origem da contaminação.

4.3 Resultados do índice de acidez total TAN

A acidez de um óleo foi obtida através do método de titulação coulométrica de Karl


Fischer, descrita no sub tópico 2.7.1, onde pode-se comparar os resultados obtidos entre as
escavadeiras I e II, os resultados estão representados na Tabela 05.

Tabela 05 - Índice de acidez total nas amostras de óleos das escavadeiras.


Coletas Óleo novo R210LC-7 ( I ) R210LC-7 ( II )
(mgKOH/g) (mgKOH/g) (mgKOH/g)
Coleta 1 0,489 0,473 0,454
Coleta 2 - 0,600 0,508
Fonte: O autor.

Embora o óleo apresente um índice de acidez crescente entre as amostras, ainda está
dentro do tolerado segundo Purilub (2020), onde ele informa que o índice tolerável para os
50

óleos hidráulicos é de 2,0 mgKOH/g. Mas como está crescente o valor é necessários cuidados,
pois a acidez leva à corrosão facilmente, o que piora a saúde da máquina e do lubrificante em
uso.

4.4 Importância da análise de óleo e da realização da manutenção preventiva

Com os resultados obtidos, o óleo apresenta certo teor de deterioramento, por metais de
desgaste, contaminantes, água e acidez. Com isso, baseado nas análises das condições dos óleos
em estudo, é possível recomendar a substituição dos óleos em estudo, pois como os
equipamentos já estão com mais de 10.000 horas de uso, já apresentam desgaste e os óleos já
estão com 3.652 horas de uso na escavadeira I e 1.889 horas na escavadeira II e apresentaram
mudanças acentuadas a respeito de seu deterioramento. O apêndice B, gráfico 09 apresenta um
gráfico comparativo dos resultados dos agentes contaminantes encontrados nos relatórios das
duas escavadeiras, fazendo uma dinâmica visual para compreender melhor os índices de
desgaste.
A manutenção preventiva é importante para prevenir problemas que ocasionalmente
causam paradas nos equipamentos ou a redução do desempenho dos mesmos. A substituição
do lubrificante em períodos corretos evita a realização da manutenção corretiva não planejada,
que é realizada quando o equipamento para por falta de lubrificação ou lubrificação deficiente,
que causa atritos excessivos entre os componentes ou até mesmo a quebra de algum deles, o
que gasta horas de mão de obra, substituição de peças, gastos com equipamento inoperante,
além de transtornos causados por prazo de entrega do serviço.
O uso constante das escavadeiras, gera desgaste natural de componentes que podem
apresentar defeitos no futuro, por isso a análise de óleo deve ser realizada, sem ela não seria
possível observar os gráficos apresentados neste trabalho, que estão demonstrando com clareza
qual a direção que o desgaste do óleo e das peças estão tomando.
A substituição do lubrificante hidráulico se realizada de acordo com o recomendado
pelo fabricante, pode melhorar os resultados das análises de óleo, a quantidade de partículas
suspensas no óleo bem como a sua acidez e porcentagem de água sofreria mudanças positivas
em relação às quantidades e acarretaria uma melhor preservação do equipamento.
51

4.5 Discussão sobre os resultados obtidos

Conforme demonstrado nos resultados, as escavadeiras sofrem de um aumento


significativo de enxofre, o que eleva consideravelmente a acidez do óleo, aumentando a
corrosão. A corrosão desprende gradativamente as partículas metálicas das peças, o que
aumenta suas quantidades nos relatórios técnicos de análise de óleo.
Em relação à água, ambas escavadeiras apresentam porcentagens nas amostras, o que
também é um motivo de preocupação perante à corrosão, pois ela reage com o enxofre e é mais
um agravante para a corrosão, e esta aumenta o índice de acidez total do óleo.
Os metais de desgaste, embora alguns não apresentassem valores elevados, devem ser
acompanhados de perto para averiguar a origem do aparecimento das partículas, o que faz da
análise de óleo ser um fator fundamental no acompanhamento da integridade física e química
da máquina, fazendo dela um aliado eficiente no monitoramento da condição do equipamento
e do óleo. Permitindo assim uma manutenção baseada na condição, o que aumenta a
confiabilidade, disponibilidade e vida útil do equipamento. Reduzindo assim, os custos de
manutenção e relacionados as paradas não planejadas de equipamentos.
Para as tendências de deterioramento, na escavadeira I, apresenta dois picos de valores,
sendo eles o de alumínio e de zinco, na escavadeira II três picos, sendo os de alumínio, cálcio
e zinco, valores estes que devem ser acompanhados mais criteriosamente pois o seu aumento
indica que estes metais estão mais propícios a sofrerem desgastes mais precocemente que está
acontecendo algum tipo de contaminação externa, no caso do surgimento do cálcio.
A correta troca de óleo, nos períodos estipulados pelos fabricantes dos equipamentos,
resguarda uma preservação da vida útil do equipamento e evita prejuízos financeiros futuros na
substituição de peças de grandes valores. Além da preservação do equipamento, quando se
realiza a troca do lubrificante nos períodos corretos, assegura-se também o bom funcionamento
do lubrificante, que irá desempenhar suas funções primordiais de transmissão de força, proteção
de partes que se atritam, selo de entrada de ar e a limpeza dos componentes. O óleo também
carrega partículas que ficam nas superfícies das peças metálicas, características estas que não
serão desempenhadas com eficiência se o óleo apresentar níveis de desgastes como os
mencionados nos resultados deste trabalho.
O tipo do óleo lubrificante utilizado também deve ser observado, quando se vai trocar
de marca de fabricante do óleo, deve sempre observar a equivalência entre ambos, pois quando
se utiliza óleos que não são compatíveis, mesmo que eles estejam novos, podem desencadear
problemas graves.
52

5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou um estudo de como uma análise


de óleo pode melhorar o acompanhamento da preservação do equipamento. Somente a cor do
lubrificante não é indicativo de contaminação, o que faz da análise de óleo ser primordial para
investigar a real condição do lubrificante. Além disso, também permitiu uma pesquisa sobre os
principais contaminantes que pode se ter em um óleo hidráulico. Na mecânica é importante
acompanhar as manutenções e as condições reais dos equipamentos, dando ênfase nas máquinas
de terraplenagem, que realizam serviços pesados de desaterro, levantamento de cargas, limpeza
de terrenos e loteamentos, pois elas trabalham em condições severas e muita das vezes estão
propícias a sofrerem além da contaminação interna, a contaminação externa com a poeira,
minerais, água e o próprio ar que pode estar entrando dentro de seus sistemas.
A análise de óleo é tão valiosa quanto os outros tipos de monitoramento de condição,
sendo uma ferramenta para a manutenção preditiva, o que por muitas vezes não é realizado
pelas empresas, colocando em risco a eficiência do fluído e o desempenho das máquinas, o que
pode acarretar perdas financeiras e produtivas. Os metais de desgaste, se com novas análises de
óleo continuarem aumentando mesmo com a substituição do fluído, deve-se analisar as peças
que se atritam, averiguando se elas apresentam desgastes que comprometam o funcionamento
de ambas, fazendo com que a vida útil do lubrificante permaneça inalterada até sua substituição.
Os contaminantes externos, com ênfase no silício que apareceu bastante elevado nas
segundas coletas de cada escavadeira, mostrou que elas podem estar sofrendo de vazamentos
ou de um problema de isolamento do meio com o reservatório, o que é um indicativo para a
realização de reparos dos vedantes, tais como retentores, anéis oring, mangueiras, conexões e
tampa do reservatório para garantir uma perfeita vedação de todo o sistema e fazer com que o
óleo fique o mais limpo possível.
Os objetivos foram alcançados, pode-se observar a tendência de deterioramento, bem
como a quantidade absoluta de partículas no óleo, fazendo um estudo sobre a manutenção
preventiva aplicada nos equipamentos com a manutenção preditiva da análise de óleo,
demonstrando as condições reais químicas do óleo, o que foi possível concluir que é necessário
a substituição do óleo baseado nos resultados encontrados.
53

REFERÊNCIAS

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57

APÊNCIDE A

Tabela 06 - Resumo dos resultados das análises de oléo.


RESULTADOS DAS ANÁLISES DE ÓLEO

ÓLEO NOVO R210LC-7 ( I ) R210LC-7 ( II )


DESCRIÇÃO
COLETA COLETA 1 COLETA 2 COLETA 1 COLETA 2
Horímetro - 13305 14383 10230 12499
Água (%) 0,06 0,06 0,11 0,22 0,34
TAN (mgKOH/g) 0,489 0,473 0,6 0,454 0,508
Si (ppm) 0 0 50 0 80
Fe (ppm) 0 138 206 71 75
Cr (ppm) 0 87 87 74 74
Al (ppm) 0 2 73 7 94
Mg (ppm) 30 133 205 119 213
P (ppm) 316 295 300 311 320
Ca (ppm) 18 32 80 4 60
Mn (ppm) 0 16 16 0 0
S (ppm) 222 597 665 586 703
Zn (ppm) 41 32 370 35 340
Fonte: O autor.
58

Tabela 07 - Resumo do percentual de tendência de deterioramento entre as análises


PERCENTUAL DE TENDÊNCIA DE DETERIORAMENTO ENTRE AS ANÁLISES

R210LC-7 ( I ) R210LC-7 ( I ) R210LC-7 ( II ) R210LC-7 ( II )

DESCRIÇÃO COLETA 1 COLETA 2 COLETA 1 COLETA 2


% ÓLEO NOVO P/ % PRIMEIRA COLETA P/ % ÓLEO NOVO P/ % PRIMEIRA COLETA P/
PRIMEIRA COLETA SEGUNDA COLETA PRIMEIRA COLETA SEGUNDA COLETA

Água (%) 0% 83% 267% 55%


TAN (mgKOH/g) -3% 27% -7% 12%
Si (ppm) 0% 0% 0% 0%
Fe (ppm) 0% 49% 0% 6%
Cr (ppm) 0% 0% 0% 0%
Al (ppm) 0% 3550% 0% 1243%
Mg (ppm) 343% 54% 297% 79%
P (ppm) -7% 2% -2% 3%
Ca (ppm) 78% 150% 0% 1400%
Mn (ppm) 0% 0% 0% 0%
S (ppm) 169% 11% 164% 20%
Zn (ppm) -22% 1056% -15% 871%
Fonte: O autor.
59

APÊNCIDE B

Gráfico 09 - Comparativo de resultados entre as escavadeiras.

COMPARATIVO DE RESULTADOS ENTRE AS ESCAVADEIRAS


ÓLEO NOVO COLETA R210LC-7 ( I ) COLETA 1 R210LC-7 ( I ) COLETA 2 R210LC-7 ( II ) COLETA 1 R210LC-7 ( II ) COLETA 2

703
665
597

586

370

340
320
316

311
300
295

222
213
206

205
138

133

119
94
87
87
80

80
75

74
74

73
71

60
50

41

35
32

32
30

18

16
16
7

4
2

0
0
0

0
0
SI (PPM) FE (PPM) CR (PPM) AL (PPM) MG (PPM) P (PPM) CA (PPM) MN (PPM) S (PPM) ZN (PPM)

Fonte: O autor.

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