A Igreja Cristã - Análise Do Surgimento

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A Igreja Cristã

Para falarmos um pouco mais sobre o surgimento da igreja Cristã primeiramente


precisamos voltar ao início de tudo, onde iniciaremos nosso assunto contextualizando
sobre a “primeira igreja” registrada na humanidade, passagem esta referida no livro de
Genesis 1:27,28 “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-
vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus
e sobre todo animal que rasteja pela terra” (ARA).

O homem foi pastoreado no jardim do Éden pelo próprio Deus, o Ser supremo
de toda a criação. Deus passeava pelo jardim e falava com o homem, ensinava e
exortava à cerca do que era lícito fazer e do que não era. O homem quebra a aliança de
fidelidade para com Deus através da desobediência e é expulso da primeira igreja, que
estava localizada no jardim do Éden. A primeira igreja tinha Deus como Pastor, e mesmo
assim todos os membros falharam.

Deus então vê a necessidade de restaurar a aliança com o homem através de


uma nova estratégia, recuperando a obediência perdida no jardim. Podemos observar
esse acontecimento em Genesis 6;18 e 22, quando Noé relata esse feito: “Contigo,
porém, estabelecerei a minha aliança; entrarás na arca, tu e teus filhos, e tua mulher, e
as mulheres de teus filhos. Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara”
(ARA). E ali após o dilúvio, surge a primeira congregação estabelecida por Deus ao
homem, ou seja, Noé e sua família, como é apresentado em Genesis 9:9 “Eis que
estabeleço a minha aliança convosco, e com vossa descendência...” (ARA). No entanto
a humanidade tende a ir contra o propósito Divino, e então o homem se desvia dos
caminhos estabelecidos por Deus e volta a se corromper.

Então o Senhor procura por um homem em quem possa confiar. Uma pessoa
integra, que estará disposto a manifestar sua fé e fidelidade, alguém que Deus possa
chama-lo de amigo, surge então a figura de Abraão em Genesis 22:16-18 “e disse o
Senhor: Jurei, por mim mesmo, diz o Senhor, porquanto fizeste isso e não me negaste
o teu único filho, que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua
descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua
descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, nela serão benditas todas as nações
da terra, porquanto obedeceste à mina voz” (ARA).

Logo após a descendência de Abraão começar a multiplicar sobre a terra, surge


novamente a necessidade de um pastor, um líder que possa orientar o povo a se voltar
para Deus. Então o Senhor designa Moisés para guiar o povo.
Moisés era um estadista, estava comissionado a dar direção ao povo hebreu.
Estava instruindo o homem a disciplinar sua conduta perante Deus e ao seu próximo.
Seu método de conduzir o povo era através de orientações normativas (Leis), revelando
ao povo a manifestação de um Deus zeloso, como é apresentado no livro de Êxodo
19:5,6 “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha
aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda
a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras
que falarás aos filhos de Israel” (ARA). Em Êxodo capítulo 20 temos a apresentação dos
10 mandamentos, manual prático para estabelecer a ética no meio dos homens e
também a reverência e devoção perante Deus.

No tabernáculo era realizado o culto ao Deus único, como é apresentado no livro


dos Levíticos. O Sacerdote tinha a incumbência de realizar intermediações entre Deus
e os homens, era uma espécie de pastor (líder espiritual), afim de que o homem fosse
redimido por seus pecados e estivessem em plena comunhão para se apresentar
perante Deus. Podemos observar a revelação do Deus zeloso sendo manifestada ao
homem no livro de Deuteronômio capítulo 6. E no decorrer da história percebemos que
mesmo em meio a essas diretrizes o homem se distancia de Deus. E não resta outra
alternativa a não ser a de o próprio Deus encarnado se manifestar.

Phillip Yancey certa vez contou a história de “um homem que criava vários
peixinhos em um aquário, e toda vez que ele ia alimentar os peixinhos eles se
escondiam. E o homem insistia constantemente em tentar conquistar a confiança dos
peixinhos, porém, cada vez que ele se aproximava do aquário os peixinhos fugiam de
sua presença. Ele indignado e sem entender o motivo reclamou para o seu amigo
dizendo: Esses peixes são estúpidos, todos os dias aproximo deles oferecendo alimento
e mostrando ser uma pessoa do bem, e mesmo assim eles têm medo de mim.

E então seu amigo lhe disse: é porque você é muito grande para se apresentar
perante eles, por isso eles tem medo de sua presença. Para que isso não ocorresse
mais, você deveria se tornar um peixe e entrar no meio deles. Assim você conseguiria
confiança e eles te enxergaria como um deles”. Moral da história, foi o que Deus fez
quando permitiu que seu filho fizesse presente no meio dos homens. O pastor Billy
Graham certa vez disse: “o maior acontecimento da história não foi o homem subir e
pisar na lua, e sim Deus descer e pisar na terra”. Referência em João 1:14.

Daí então temos o líder perfeito, o pastor ideal, o sacerdote supremo. Aquele
que veio com a missão de reaproximar o homem à Deus e perdoar todo pecado
cometido pela humanidade.
O intermediador sem mácula que andou entre os homens, vivenciou o dilema do
ser humano, partilhou dos problemas sociais e espirituais que envolvia toda uma
geração.

Pregou ao homem demonstrando o significado de redenção e a aplicabilidade


da renúncia, como alcançar o amor e o favor de Deus, e o porquê devemos exaltá-lo
sobre todas as coisas, como descreveu o discípulo em seu evangelho João 1:14 “E o
Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, vimos a sua glória,
glória como do unigênito do Pai” (ARA).

Não sendo o bastante a natureza humana ser corrompida pelo pecado, também
rejeita o filho de Deus e os seus ensinamentos. O homem manifesta sua essência
rebelde, acariciada por vaidades e desejos vãs. O homem distorce o conceito de servir
a Deus e ao invés de oferecer o culto racional e verdadeiro se perde em meio a
religiosidade. Passa ser juiz de valores e preceitos humanos, e mais uma vez não
enxerga o principal objetivo sobre as admoestações que foram apresentados a ele
através de Jesus Cristo o Salvador, segundo é apresentado por João 1:17,18 “Porque
a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus
Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do pai, é quem
o revelou” (ARA).

Mais uma vez o homem se afasta de Deus mediante a falta de entendimento da


Sua palavra, e por não saber discernir as revelações manifestas aos antigos profetas
acerca do Messias. Devido a interpretação errônea das Escrituras e os corações
endurecidos, não conseguem enxergar a manifestação palpável de um Deus pessoal, e
tornam-se cada vez mais errôneos dos caminhos do Senhor.

Após a morte de Jesus Cristo, os discípulos (alguns denominados Apóstolos),


são incumbidos de levarem a mensagem da Salvação (boas novas) ao mundo. Levar a
palavra de paz, vida eterna, esperança e fé aos corações daqueles que não o
conheceram. Surge então os primeiros missionários (fundadores da igreja pós vinda do
Messias) conhecida como igreja primitiva, seguindo os preceitos ordenados por jesus
Cristo como é descrito no evangelho de Mateus 28:19,20 “Ide, portanto, fazei discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome do pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século” (ARA).

Dentre os principais líderes da igreja primitiva, destaca-se Pedro. Homem


simples que procurou seguir com zelo os passos do maior mestre de todos os tempos.
Pedro, assim como os demais Apóstolos como é mencionado no livro de Atos 1:13,
reuniram-se em Jerusalém durante a festa de Pentecostes para evangelizarem todas
as pessoas que se aglomeravam no local por conta do período festivo. E como vimos,
a manifestação celestial aconteceu como é mencionado em Atos dos Apóstolos no
capítulo 2. Surge então a manifestação pública da primeira igreja Cristã no mundo.

Logo mais adiante podemos ver o discurso de Pedro na passagem do livro de


Atos no capítulo 2:14-36. E dessa mensagem proferida aproximadamente três mil almas
se renderam ao Senhor Jesus. Fruto de uma ação do Espírito Santo que havia se
manifestado naquele lugar, e desde então passou a nutrir a igreja de maneira que
concedeu, no nome de Jesus, ousadia com autoridade para que todos pudessem
evangelizar a toda a criatura, e ganhar almas para o reino de Deus.

A igreja compreende a sua tarefa no mundo, a motivação, o meio, a prioridade,


o alvo, o alcance e o significado desta missão. Em referência a própria missão de Deus
para e em prol do mundo. A reflexão da igreja sobre sua tarefa no mundo, a missiologia,
nunca se completa. Da mesma forma que a sua missão para e pelo mundo só se
completa no retorno de Cristo. A reflexão teológica contextual sempre permanece
essencial para o engajamento eficaz da igreja na missão de Deus.

Porém existia um fator interessante dentre os que proclamavam estas boas


novas, alguns deles insistiam em manter certos costumes e tradições das quais
pertenciam a antiga aliança. Era uma igreja voltada a vários ritos e crendices que
remetiam a cultura antiga dos antepassados judaicos. Pois de fato, em meio a certeza
de uma vida nova em Cristo, muitos ainda eram submissos as velhas práticas das quais
não se adaptavam ao evangelho genuíno baseado na graça divina. Fator este que
encontramos quando lemos a carta direcionada aos Hebreus.

Temos que levar em consideração que o povo judeu sempre foi muito
tradicionalista durante toda sua história, e por esse motivo, talvez se achava necessário
levar parte dessa bagagem cultural para indexar o novo processo de evangelização. Os
então conhecidos como Cristão Ebionitas firmavam suas doutrinas baseadas ainda no
modelo da aliança apresentada por Moisés. E práticas como, guardar o sábado, não se
sentar à mesa com estrangeiros, e etc, ainda perduravam. Portanto, servia de barreiras
a propagação do evangelho (foco missionário, algo que sempre foi um dos principais
fundamentos da mensagem de Cristo), uma vez que encontrava resistência a povos e
nações que tinham hábitos diferentes dos judeus.

Mas para isso, Deus se manifesta novamente e usa uma nova ferramenta,
aquele que serviria para promulgar as boas novas para os estrangeiros (conhecido
como povos gentios).
Um homem nascido ao norte de Jerusalém, descendente da tribo de Benjamim
(linhagem do rei Saul), chamado Saulo. Homem íntegro e reto perante a lei, denominado
Fariseu por excelência. Educado aos pés de Gamaliel, um grande doutor da lei na
época. Saulo, renomado fariseu, homem este, que recebe uma revelação divina, é
chamado à sua missão de evangelismo, e se torna porta voz de Deus para as nações.

É interessante frisar que Saulo veio de uma tribo (Benjamim) que teve o primeiro
rei em Israel (Saul). Foi o rei que perseguiu e no final perdeu seu trono para casa de
Davi (Judá). Ao passo que a tribo de Judá tinha se tornado referência no reinado através
de Davi. E longos séculos depois vemos um descendente da tribo que perseguia, sendo
um grande influenciador na missão evangelizadora, promovendo o Rei dos Reis da tribo
que havia sido perseguida pelos seus antepassados.

Então Saulo (como é conhecido no latim), ou Paulo (como é traduzido no grego)


esteve em missão pregando e anunciando o evangelho da salvação em Jesus Cristo a
vários povos, tribos, línguas e nações. Em sua missão viajou diversas vezes aos países
da Europa, Ásia Ocidental e Oriente Médio.

Em muitas ocasiões das quais testemunhou o evangelho, foi apedrejado e dado


como morto. Recebeu açoites, foi preso, porém acabou convertendo o carcereiro.
Discutiu com autoridades filosóficas da época. Se apresentou perante reis e
imperadores romanos. Passou por naufrágios, mas mesmo diante de todas essas
circunstâncias, jamais deixou de proclamar o genuíno evangelho que fala do amor de
Deus.

Durante os momentos de plena rejeição ao Cristianismo, o Apóstolo Paulo


cumpriu o seu chamado de viver a “loucura da pregação”. Fez vários discípulos por onde
passou e deixou seu legado através de seus escritos (cartas). De maneira a exortar as
igrejas que ajudou a edificar, através dos ensinamentos retamente proferidos em suas
epístolas com base em sua experiência evangelizadora e intimidade com Deus.

Paulo em meio as suas admoestações orientaram as igrejas recém fundadas em


Corinto, região da Galácia, Filipos, Macedônia, Tessalônica, Colosso, Roma, dentre
outras a seguirem de maneira idônea os preceitos prescritos em seus manuscritos. E é
a base pela qual também hoje é utilizado em nossas igrejas como fundamentos (pilares)
solidificados do Cristianismo. Manual prático extraído de quem vivenciou a palavra.

Mesmo em meio as adversidades entre tradições culturais distintas e tempos


divergentes, a principal essência do Cristianismo permanece inabalável. Os conceitos
podem se opor, mas os princípios ainda são os mesmo há mais de dois mil anos.
O propósito divino sobreviveu por diversas gerações até nos alcançar. A igreja
permanece viva. Ainda que existem barreiras para se opor a ela, mesmo assim o “pilar”
central tem permanecido firme. De modo que tem sustentado, e vai continuar
sustentando Sua palavra até consumar os dias. Entretanto, em tempos atuais, além das
restrições que a igreja vem sofrendo por conta de países extremistas, cujo objetivo é a
não aceitação do evangelho, as igrejas Cristãs têm sofrido por conta das más
interpretações das Escrituras e usos e costumes que, por diversas vezes, tiram o foco
da Cruz, redenção em Cristo, salvação pela graça. E tentam harmonizar a fé ao
sincretismo religioso, doutrinas de seitas e religiões pagãs.

Alguns líderes religiosos têm desvirtuado significativamente o puro e precioso


evangelho de Cristo, corrompendo-se para se autopromoverem. E isso tem sido muito
triste para nossos dias. Surgindo uma batalha espiritual interna dentro de nossas igrejas.
A Bíblia relata no evangelho de Lucas 17:1,2 “Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável
que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor fora que se lhe
pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer
tropeçar a um destes pequeninos” (ARA).

Muitas de nossas igrejas têm se tornado um palco para espetáculo de


“entretenimento Cristão”, e em alguns casos, infelizmente o secularismo tem invadido o
ambiente sagrado incrementando costumes antibíblicos que vem contradizendo toda
uma geração. Não podemos permitir esse tipo de atitude em nosso meio. A igreja somos
nós (eu e você). Somos templos do Espírito Santo, e, portanto, não podemos permitir
sermos corrompidos pelas astúcias do príncipe deste século.

Nesses últimos dias parte de nosso confronto espiritual está baseado em


influências externas ao nosso meio social. Afetando de maneira direta e indiretamente
à liturgia sagrada. O que de certa forma acaba desconcertando os princípios éticos e
probo de nossa moralidade Cristã. E em certos casos podem até abalar nossa fé.

Ao contrário do que vimos na época das igrejas Ebionitas (primeiros cristãos que
tentavam trazer os costumes judaico de volta para as igrejas. Culturas, tradições,
doutrinas, liturgias judaizantes), nos tempos atuais a pseudo igreja Cristã se aproxima
dos moldes mundanos. Tenta ajustar a igreja ao plano terreno e distância do modelo
celestial. É preciso lembrar que nosso foco é o céu.

Temos que vigiar constantemente, pois nossa luta para manter a igreja de Jesus
Cristo viva, é se opor as ideologias do maligno, e não se aliar a elas. Mateus 5:13-16.

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