Promontoria Monografica HISTORIA DO ALGA
Promontoria Monografica HISTORIA DO ALGA
Promontoria Monografica HISTORIA DO ALGA
Coordenação de
ALEXANDRA RODRIGUES GONÇALVES
A. PAULO DIAS OLIVEIRA
CRISTINA FÉ SANTOS
DO TURISMO
NO ALGARVE
Promontoria Monográica HISTÓRIA DO ALGARVE 02
DO TURISMO NO ALGARVE
EDITOR:
Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção (CEPAC)
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Universidade do Algarve
Editor:
Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção (CEPAC)
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Universidade do Algarve
Comissão Coordenadora:
Alexandra Rodrigues Gonçalves
A. Paulo Dias Oliveira
Crisina Fé Santos
Apresentação:
Alexandra Rodrigues Gonçalves
Tiragem:
500
Capa:
Lúcia Costa
Depósito Legal:
ISBN:
978-989-8472-76-2
Faro, 2015
Impressão:
Gráica Comercial Arnaldo Matos Pereira, Lda
Zona Industrial de Loulé, Lote 18
Apartado 247 - 8100-911 Loulé
www.graicacomercial.com
Agradecimentos:
Muitos foram os que tornaram possível a realização/concreização deste projecto. A alguns deles, que não
vêm referidos no corpo da obra, é necessário deixar aqui o nosso agradecimento; estão neste caso Lúcia
Costa ([email protected]), a designer que concebeu e deu rosto a esta publicação e Marta Arez
([email protected]), que colaborou na tradução destes textos. Um especial agradecimento, ainda,
ao Emanuel Sancho, diretor do Museu do Trajo de São Brás de Alportel.
Nota: O uso do Acordo Ortográico de 1990 foi opção de cada autor.
Com o apoio de:
7 Apresentação
9 Resumos
27 Introdução
História do Turismo
A insitucionalização do Turismo
105 Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve
Artur Barracosa Mendonça
Infra-estruturas e Turismo
As vias de comunicação terrestres no Algarve e a sua evolução nos úlimos
229 170 anos
Aurélio Nuno Cabrita
2
htp://sulinformaçao.pt/201509/ha-100-anos-o-congresso-regional-algarvio-fez-a-primeira-radiograia-da-região
3
Maria João Raminhos Duarte, “O I Congresso Regional Algarvio na Praia da Rocha”, comunicação apresentada no âmbito das comemorações do
Centenário.
RESUMOS
Abstracts
11
Cultura e turismo
Cultura e turismo
Culture and Tourism
VITOR NETO
ALEXANDRA GONÇALVES
História do Turismo
A insitucionalização do Turismo
Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve
The Tourism insituionalizaion
Contribuions for the Algarve’s Tourism origins study
LUÍS GUERREIRO
MIGUEL GODINHO
CRISTINA FÉ SANTOS
ALBERTO STRAZZERA
PATRÍCIA BATISTA
Infra-estruturas e Turismo
Não podemos deixar de estar em sintonia com William Makepeace Thackeray (1811-1863)
quando confessa que “as obras saíricas são as que aportam uma luz que seria inúil buscar
nos livros de história”1. Mais acrescentaríamos, que as obras de sáira e comédia provam que
aquilo que é o seu objeto, por analogia com As Nuvens de Aristófanes e a doutrina socráica,
se encontra suicientemente enraizado na mentalidade de uma determinada época. Se esse
não fosse o caso, quem poderia achar risível a comédia de Aristófanes se não ivesse um
conhecimento, nem que fosse supericial, da doutrina socráica?
Nessa ordem de ideias, parece-nos que o Livro VII de A Vida e Opiniões de Tristram Shandy
de Laurence Sterne2 pode ser um marco da implementação do conceito do Grand Tour3,
expressão que está na origem da palavra Turismo, como é do conhecimento geral. Nesta obra,
publicada em 26 de Janeiro de 1765, o autor elabora um motejo da viagem turísica. Iniciado
desde a travessia de Dover para Calais, referindo-se à própria cidade de Calais e às três estradas
que demandam Paris, aglomerado que ocupará grande parte do excurso. De Paris temos noícia
do cheiro nauseabundo e das suas novecentas ruas enumeradas bairro a bairro4, concluindo,
que se o viajante as conhecer todas terá conhecido a cidade5.
No entanto, é em Uma viagem senimental que Sterne deine as razões e os ipos de
viajantes. As jusiicações são as que se seguem: enfermidade do corpo, imbecilidade do espírito
ou necessidade inevitável. Ainda para o irlandês, “as primeiras duas incluem todos aqueles que
viajam por terra ou por mar, animados por orgulho, curiosidade, vaidade ou contrariedade,
subdivididos e combinados in ininitum. A terceira classe inclui o exército inteiro de márires
peregrinos; mas especialmente aqueles viajantes que se lançam a caminho com o beneício do
clero, seja como delinquentes viajando sob a alçada de tutores recomendados pelo magistrado
– ou como jovens idalgos deportados pela crueldade de pais e guardiões, viajando sob a tutela
de precetores recomendados por Oxford, Aberdeen e Glasgow”6. A isto se juntam as espécies
de viandantes: o viajante simples (emigrante), ocioso, curioso, meniroso, orgulhoso, vaidoso,
1
Citado por Cadernos de Literatura Brasileira, nº 10 (Ariano Suassuna), Insituto Moreira Salles, Novembro de 2000, p. 47, col. 2. A propósito desse
assunto veja-se, do mesmo modo, o nosso O pendor éico do humor de Rafael Bordalo Pinheiro, Congresso Internacional Rafael Bordalo Pinheiro
no seu tempo, Novembro de 2009 (no prelo).
2
Laurence Sterne, A vida e opiniões de Tristram Shandy, 2 Partes, tradução, prefácio e notas de Manuel Portela, Lisboa, Anígona, 1997-1998. O
Livro VII encontra-se na Parte Segunda, pp. 177-253. A fazer fé no prefaciador da obra, o próprio Sterne nos declara, em carta datada de Novembro
de 1764, que “há-de ler-se aí o mais singular Tour através da França que um viajante ou Escritor de viagens alguma vez imaginou, ou levou a cabo,
desde os começos do mundo – é uma Sáira bem humorada contra o viajar (como viajam os peraltas)”, Laurence Sterne, Uma viagem senimental,
tradução, prefácio e notas de Manuel Portela, Lisboa, Anígona, 1999, p. 10.
3
O Grand Tour era visto como a úlima etapa da educação do jovem adulto e, por esse moivo, era uma aividade, fundamentalmente, com
propósitos culturais.
4
Laurence Sterne, A vida e opiniões de Tristram Shandy, pp. 206-207.
5
Para ceriicar o calibre da comédia vejam-se, em paricular, os casos de Fontainbleau e Auxerre, Laurence Sterne, Idem, Ibidem, pp. 219-224,
Lyon, pp. 225 e ss. ou, ainda, Avignon, onde não existe qualquer referência ao Palácio dos Papas, pp. 246-247.
6
Laurence Sterne, Uma viagem senimental, p. 33. Segundo o tradutor “a grande voga de textos sobre viagens, sejam de caráter prescriivo ou
descriivo, é o pano de fundo narraivo sobre o qual a igura desta obra se constrói”, Idem, Ibidem, p. 13.
28 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
esplenéico, delinquente e criminoso, infeliz e inocente e, por úlimo, aquele de que trata a
obra, o viajante senimental7.
Se não atendermos aos casos especíicos de homiziados, delinquentes ou outros acidentes
semelhantes (de notar que Sterne já inclui nos viajantes os emigrantes), desta breve exposição
duas noções podem ser inferidas. A inicial tem a ver com as viagens por moivos de saúde.
Turismo de Saúde é o nome que hoje lhe damos, a mudança de ares era recomendada pelos
ísicos como forma de tratamento e, dentro desta, as Caldas e a Praia eram, provavelmente, os
locais mais demandados. A seguinte, que na nossa opinião é a verdadeira origem do Turismo,
prendia-se com moivos culturais. Turismo Cultural é a designação moderna, nesta o jovem
letrado vai completar a sua formação no estrangeiro, no caso dos ingleses incluía uma viagem
por França, Itália e Grécia como roteiro principal. Este suplemento não era, propriamente,
novidade, pois, provavelmente, desde tempos remotos a educação do aristocrata assim o
requeria8. No entanto, como temos tentado provar, ela só começa a tornar-se um hábito na
segunda metade do século XVIII9.
Contudo, a verdadeira popularização do Turismo só se vai dar, como alguns dos estudos
irão enfaizar, entre os inais do Século XIX e início do Século XX e será por esse moivo que o I
Congresso Regional Algarvio vai dar ao Turismo um papel de claro destaque, tal como se pode
perceber pelas temáicas presentes: “portos e rios – irrigação – arborização de serras e dunas
– estradas – uilização dos caminhos-de-ferro sob o ponto de vista do turismo e expansão das
indústrias e culturas algarvias – climatologia – turismo e sanatórios – indústrias (sob o ponto
de vista moderno) a criar e desenvolver no Algarve – o folk-lore algarvio: lendas, costumes e
tradições – museu regional do Algarve (história e pré-história) – problema do crédito – estudo
das culturas a desenvolver e adotar no Algarve”10. Não era outro o propósito da Casa do Algarve:
“promover a valorização e propaganda das belezas naturais e condições climatéricas da referida
Província, que fazem com que ela seja uma excelente estação de turismo”11.
Para terminar ouçamos a proposta de Mateus Moreno no que se refere ao que ele apelida
de “indústria do turismo”. O escritor farense começa logo por diagnosicar as necessidades
primárias: bons hotéis, estradas e meios de transporte. De seguida, evoca os locais que seriam
passíveis de receber visitantes, em primeiro lugar, a Praia da Rocha, símbolo das praias algarvias.
Sobre a Praia da Rocha, que foi o local escolhido para a Reunião regional, não podemos
deixar de dar o testemunho, evocado pelo oficial de artilharia, de Raul Brandão em Os
Pescadores: “detenho-me um instante na cenográica Praia da Rocha, extasiado nos dois
grandes penedos destacados e num io de areia doirada ao pé da água azul – tudo pintado
por Manini agora mesmo. A um lado a ponta do Altar entra decidida pelas águas; do outro,
o esfumado Lagos mal se entrevê ao longe… Duas impressões se ixam no meu espírito para
sempre: a noite extraordinária, a luz maravilhosa. A luz sustenta. Basta esta luz para se ser
feliz. É ela que encanta o Algarve. É ela que produz os igos orjais, os coitos, os bracejotes,
7
Idem, Ibidem, pp. 34-35.
8
Veja-se, apenas como exemplo paricular, as viagens de Platão à Ásia Menor, ao Egito e Itália, onde contatou, entre outras coisas, com as
doutrinas de Euclides em Mégara ou com as conceções pitagóricas na Sicília. Já agora que vem a propósito, Uma viagem senimental teria uma
parte complementar que trataria da estadia de Sterne em Itália, contudo, a morte gorou-lhe os planos.
9
Tenha-se em atenção as obras que o prefaciador de Uma viagem senimental enumera: Joseph Addison, Remarks on Several Parts of Italy (1705);
Piganiol de la Force, Nouvelle Descripion de la France (1724); Edwrad Wright, Some observaions made in travelling trough France, Italy, etc.
(1730); Thomas Nugent,The Grand Tour (1756, 2ª edição); Dean Tucker, Instrucions for Travellers (1757); Tobias Smollet, Travels trough France
and Italy (1766), que é diretamente parodiada na obra; Samuel Sharp, Leters from Italy (1766); a isto ainda se poderia juntar, pois Sterne uiliza-a
nas suas obras, A Liste générale des postes de France, que a parir de 1708 é publicada anualmente, cf. Laurence Sterne, Uma viagem senimental,
pp. 11-12.
10
Alma Nova, nº 8, Maio de 1915, p.1, col. 1, sublinhados meus. A Alma Nova tem sido considerada o órgão oicial do I Congresso Regional Algarvio,
como já deixei bem patente na conferência sobre Mateus Moreno, Diretor da Alma Nova e secretário do Concílio, no X Curso Livre de História do
Algarve em 23 de Julho de 2013.
11
Joaquim António Nunes, Regionalismo, Cultura e Turismo: Síntese Histórica da Casa do Algarve, Lisboa, Casa do Algarve, 1989, p. 21.
29
todos eles amarelos, a estalar de sumo, e desilando um líquido perfumado, e o igo preto
de enxaire que se mete na boca e sabe a mel e a luz perfeita. É ela a criadora destas agonias
doiradas que vão esmorecendo e passando por todos os tons até morrer a muito custo. E as
noites mágicas e caladas, as noites sem lua, muito mais claras que as noites do norte, em que
se disingue a brancura voluptuosa das casas e se vêem as estrelas enormes reluzindo através
das amendoeiras”12.
Seguidamente, as Caldas de Monchique, sendo esta de “águas verdadeiramente
milagrosas”, além disso, “um dos reiros mais belos, de paisagens mais paradisíacas e mais
arrebatadores panoramas, que existe no país”13, embora votada a uma incúria que, de certa
forma, era vista como um travão ao fomento do turismo.
Por outro lado, Mateus Moreno não deixa de prestar atenção ao turismo cultural, ou
seja, à visita a monumentos, obras de arte e síios de signiicado histórico. Por esse moivo,
não posso deixar de constatar que Moreno já entrevia a possibilidade de exploração turísica
do património, algo que, ainda hoje, nos esforçamos por divulgar e para o qual os nossos
operadores turísicos ainda não olham de forma séria e proissional. Por úlimo, mas não menos
importante, o clima, que Geraldino Brites considera “uma estação de inverno por excelência
(sem deixar de sê-lo também de verão) atribuindo-lhe «uma uniformidade térmica superior a
Málaga e à Riviera francesa»”14.
Está, então, na altura de entrar no conteúdo destes Fragmentos para a História do Turismo
no Algarve. Este opúsculo dividir-se-á em três segmentos, um primeiro, que invesigará as
relações entre o Património/Cultura e o Turismo, consisindo naquilo a que Vítor Neto vai
chamar, de forma perinente e acuilante, de Turismo Sustentável, o único que, ainda na sua
perspeiva, pode ser inteiramente viável; um seguinte, que se irá debruçar sobre os primórdios
do Turismo no Algarve nas suas variadas manifestações, desde a promoção da Região até à
consituição dos primeiros Operadores Turísicos e estâncias balneares; e um derradeiro, que
analisará a questão das acessibilidades no desenvolvimento do Turismo, sem esquecer o papel
fundamental que a inauguração do Aeroporto, em 1965 (faz, portanto, meio século), teve em
todo este processo. Como remate desta alínea inal, um texto onde se invesiga a resiliência da
economia regional face ao desenvolvimento do Turismo.
Mas comecemos pelo princípio, que é um modo de começar tão bom como qualquer
outro. O texto inaugural de Vítor Neto parte do exame dos conceitos de Turismo, Património
e Cultura para exarar uma deinição de Turismo Sustentável que tem a Cultura no seu ponto
axial, dando, desse modo, o mote para a restante invesigação deste apartado inicial. No
entanto, devemos ter em conta que, na mesma ordem de ideias, não se devem descurar as
idiossincrasias regionais nem a diversiicação da oferta turísica.
As duas matérias seguintes tratam de assunto idênico, os espaços museológicos, só
que em perspeivas niidamente diversas. No que se refere ao arigo de Alexandra Rodrigues
Gonçalves, pode-se atestar que pretende responder a uma questão crucial: estarão os museus
e os seus proissionais a ir ao encontro das expectaivas e das necessidades destes visitantes,
os Turistas? Com esse propósito a autora deine um conjunto de caraterísicas e estratégias que
visam dotar os museus de lexibilidade estrutural (quase diríamos mental) para empreender
as tarefas de educar, entreter, emocionar e experimentar, sendo que, cada vez mais, o seu
objeivo deva ser conseguir aingir o máximo de público possível.
No que concerne ao texto seguinte de José Gameiro e Ana Ramos, depois de uma
contextualização sempre necessária, aricula o espaço museológico como salvaguarda de uma
12
Raul Brandão, Os Pescadores, Aveiro, Estante Editora, 2010, pp. 202-203.
13
Mateus Moreno, Os quatro pontos cardiais do regionalismo algarvio, separata do nº 1 do “Boleim da Casa do Algarve” e da “Página do Algarve”
do Diário da Manhã, Lisboa, 1934, p. 21.
14
Idem, Ibidem, p. 22.
30 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
relação idenitária em permanente diálogo com aqueles que o visitam, desiderato que decorre
de estratégias autónomas delineadas com rigor.
O arigo seguinte de João Pedro Bernardes e António Fausino de Carvalho seria a parte
inicial de um percurso que se estenderia dos primórdios do Reino do Algarve até à Modernidade,
com uma incursão na literatura picaresca. No entanto, por razões variadas, apenas viu a luz do dia
“Património Arqueológico e Turismo na Região Algarvia”. No que respeita ao texto em questão,
os autores anunciam que não pretendem um levantamento sistemáico dos síios pré-históricos
e romanos do Algarve, apenas uma amostra representaiva e relevante desse Património,
tarefa que levam a cabo de forma rigorosa. Completa-se a invesigação com um excurso sobre
castelos, fortalezas, igrejas e conventos, encarados do ponto de vista arqueológico, e uma breve
referência ao património industrial, que serve de remate a esta divisão inaugural.
O segundo tema, como já icou referido, debruça-se sobre a História do Turismo no Algarve.
Neste segmento delineou-se um objeivo claro que foi encarar o assunto em estudo de forma
cronológica. Importa, desde já, destacar que existem temas que são transversais a todo este
segmento e, quiçá, a toda a publicação: estão neste caso, obviamente, o Congresso Regional
Algarvio, mas, também, a Sociedade de Propaganda de Portugal, o Congresso de Turismo
(1911), a Revista de Turismo, os periódicos algarvios, e mesmo nacionais, da época, etc., para
não enunciar tudo o que se encontra presente nos arigos, tarefa que empreenderemos de
seguida.
O primeiro estudo, de Artur Barracosa Mendonça, põe em relevo o papel dos algarvios na
tarefa de difusão das primeiras “imagens” do Reino do Algarve até à consituição da Sociedade
de Propaganda de Portugal (1906), importante instrumento de divulgação do País como
desino turísico. De seguida, trata da fundação da Reparição de Turismo (1911) e prolonga-
se até à realização do Congresso Regional Algarvio (1915), não deixando de destacar alguns
apontamentos pertencentes à década de 20 do Século indo.
O texto seguinte de Luís Guerreiro aborda a iniciaiva primordial de divulgação do Algarve
no exterior, a visita dos jornalistas ingleses em 1913, no seguimento do Congresso do Turismo
realizado um par de anos antes. Desse modo, expõem-se as circunstâncias que rodearam a
visita dos súbditos de sua majestade britânica ao Algarve e os preparaivos que envolveram
enidades oiciais e oiciosas. De todo o referido pode-se concluir que a visita teve um papel
decisivo na difusão e propaganda das belezas naturais do Algarve e foi um primeiro passo na
direção da internacionalização do Turismo na região.
A peça seguinte da autoria de Miguel Godinho aborda um instrumento fundamental da
publicidade do Turismo no País: a Revista de Turismo. Sem queremos ser prolixos, não podemos
deixar de referir o papel fundamental que as Revistas, em geral, iveram no panorama letrado
nacional, europeu e mundial nas úlimas décadas do Século XIX e grande parte do Século XX15.
É, precisamente, nesse contexto, que o autor explana, de modo rigoroso, uma apresentação
do periódico. Ali se reunia uma maioria de colaboradores afetos à Sociedade de Propaganda de
Portugal que deiniam como objeivo o pagamento de uma obrigação ao País, a sua elevação
a uma posição há muito perdida. Nesse senido, o Turismo era entendido não apenas como
uma forma de estabilidade das contas públicas, mas, mais ainda, como crescimento individual
e coleivo. De modo idênico, convém acrescentar a atenção paricular que a Revista dedica
ao Algarve, não só na invesigação e divulgação das suas caracterísicas naturais e medicinais,
como, também, na visita empreendida pelos responsáveis da publicação à região algarvia
(1921). Nesse apartado devemos salientar a importância que iveram as questões do Turismo
e da Indústria, sendo que, como nos alerta o autor, esta possa ser vista como uma espécie
15
Para avaliar essa questão consulte-se Luís Crespo de Andrade, “Introdução. Quatro notas breves”, VVAA, Revistas, Ideias e Doutrinas. Leituras do
Pensamento Contemporâneo, Lisboa, Livros Horizonte, 2003, pp. 11-18.
31
facto, a invesigação de Aurélio Nuno Cabrita aborda, de forma abrangente, todos os meios de
comunicação da região com o restante território português. O autor descreve as diiculdades
que havia em viajar para o sul antes da inauguração do caminho-de-ferro. Usa, como exemplo,
as vias rodoviárias, de que nos fornece um mapa, que eram escassas e em mau estado de
conservação, sendo que a forma mais escorreita de empreender a viagem era por via maríima.
Em seguida, fornece-nos os dados necessários para entendermos a expansão da linha férrea
neste caninho ocidental, incluindo a demora que houve na chegada do comboio a Lagos
(1922), que, diga-se de passagem, só inha chegado à outra ponta do Algarve em 1906. Termina
com uma breve exposição onde procede ao levantamento, nos dias de hoje, de todas as
acessibilidades que conta a região algarvia, não se esquecendo de lembrar o que ainda estará
por executar.
A contribuição seguinte de José Gonçalo Duarte refere-se à construção da estrada de
Monchique ao alto da Fóia, datada de 1945 (comemoram-se sete dezenas de anos), obra
que possibilitou a uilização de uma via turísica com elevado valor ao nível da leitura da
paisagem. Nessa conjunção, o autor vai-nos descrever as vicissitudes inerentes à construção
desse caminho, no qual teve um papel de relevo uma igura notável natural do Algarve, Duarte
Pacheco.
O deiniivo tributo para esta trilogia, da autoria de António Correia Mendes, prende-
se com a construção do Aeroporto de Faro, em 11 de Julho de 1965, e a importante função
que teve no desenvolvimento do Turismo na região, facto que pode ser constatado através da
avaliação dos passageiros transportados: de pouco mais de 1 milhão em 1981 para pouco mais
de 5 milhões em 2006, uma quintuplicação do valor inicial num espaço de 25 anos.
A derradeira invesigação de João Romão, João Guerreiro e Paulo Rodrigues é de natureza
fundamental nesta publicação, pois chama-nos a atenção para os efeitos que pode ter o
Turismo numa dada região, isto é, sofrer o que os peritos designam de “doença holandesa”, uma
especialização em demasia do sector turísico com consequentes manifestações no declínio da
indústria e da agricultura. Quadro que em relação ao Algarve descreve de forma perinente o
que se passa nas úlimas décadas, o que demonstra que a capacidade da região em voltar ao
equilíbrio do seu próprio sistema tem sido insuiciente.
Não podemos concluir a exposição, ainda que breve, dos trabalhos desta publicação sem
fazer um voto para que, de futuro, se mulipliquem os estudos sobre o fenómeno do Turismo
no Algarve e que esta obra tenha a uilidade, se outra lhe não poder ser assacada, de poder
potenciar essas invesigações, que, quem sabe, talvez se possam juntar um dia, fragmento a
fragmento, numa História do Turismo no Algarve.
Para terminar, embora não da forma mais ortodoxa, vindo a propósito do ítulo da obra,
gostaria de mencionar dois excertos de Augusto Monterroso, initulados “Fragmentos (1)”
e “Fragmentos (2)”, que rezam desta maneira: “um fragmento é às vezes mais pensamento
que todo um livro moderno. No seu afã de sinteizar, a Aniguidade chegou a culivar muito
o fragmento. O autor anigo que melhores fragmentos escreveu, fosse por disciplina ou
porque assim o decidiu, foi Heraclito. Consta que todas as noites, antes de se deitar, escrevia o
correspondente a essa noite. Alguns eram tão pequenos que se perderam (…) os fragmentos,
como já dissemos noutro lado, foram culivados em todas as épocas; mas foi na Aniguidade
que mais loresceram. Seja em que época for, os melhores fragmentos surgiram, na Europa,
na arquitetura e na escultura; no que se refere às nossas anigas culturas autóctones, na
cerâmica”16.
16
Augusto Monterroso, O Resto é Silêncio, Tradução Pedro Pyrrait, Lisboa, Oicina do Livro, 2007, p. 148.
Património/ Cultura e Turismo
Cultura e Turismo
Vitor Neto
O PAPEL DO TURISMO
Importa antes de mais ter presente que o Turismo
é hoje uma aividade económica relevante em todo o
mundo, envolvendo interesses poderosos em todos
os coninentes – alojamento, imobiliária, operadores,
transporte aéreo, indústrias de lazer, invesimento
inanceiro, plataformas informáicas, etc..
Neste quadro, a primeira questão que se coloca é
a forma como cada país pretende posicionar-se perante
as perspeivas de evolução do Turismo. O que passa por
saber o que representa para cada país a Economia do
Turismo: se é uma aividade especulaiva e oportunista,
tendente a obter resultados imediatos, mesmo à custa
da destruição de recursos, ou se, pelo contrário, é uma
36 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
CULTURA E TURISMO
Antes de mais, em qualquer país, a começar por
Portugal, mas também em qualquer Região – por
exemplo o Algarve - quando se pensa em Turismo, tem
de se ter plena consciência da sua dimensão, desde
logo de território, mas também de recursos e das
potencialidades de oferta. Porque existe concorrência.
Não basta ser «muito bom» num ou noutro aspeto para
vencer.
A capacidade de atração de um desino turísico
não é a simples resultante da soma aritméica de
«produtos» isolados - mesmo que cada um seja muito
bom - mas é, antes de tudo, a perceção global, a ideia,
que os potenciais visitantes já têm sobre o desino, seja
ele uma grande capital mundial ou um lugar de férias e
lazer. O Turismo hoje, com a informação que existe, é
cada vez mais conirmação do que descoberta.
E é aqui que entra a relação Cultura/Património
e Turismo. Sendo certo que há abordagens diferentes
sobre a relação entre Cultura e Turismo, umas sérias,
outras instrumentais.
Os riscos de abordagens erradas desta relação
estão aí todos os dias à nossa frente. São vários e
partem quase todos de atores turísicos que seguem
tendências nascidas no século XIX, quando o Turismo
começou a ganhar importância como aividade
económica, e tendem a formatar e construir «produtos»
que se consideram bons para vender. Às brochuras das
agências, que são o símbolo máximo dessa tendência,
juntou-se agora a internet. Os agentes tradicionais e
alguns novos pensam que, no fundo, o que interessa
é ter um menu de «produtos» capaz de preencher um
VITOR NETO CULTURA E TURISMO 37
ALGARVE
O Algarve tem, em primeiro lugar, de se airmar
pela sua imagem global – que é uma síntese quase
imperceível e perfeita que resulta de vários fatores:
1. o seu território e a sua localização geográica
atlânico/mediterrânea; 2. uma conjugação única de
caracterísicas ambientais – Mar, Sol, Clima, Luz, Cor,
Ar, Amenidade, Sabores, Odores; 3. uma natureza e
paisagem diversiicada entre interior e litoral, entre
barlavento, centro e sotavento, mares, rios e rias; 4. uma
História milenar, um cruzamento de civilizações, de raças
e povos que resisiram e lutaram em terra e no mar, que
geraram cultura, tradições e hábitos, boa disposição e
afeividade sóbria.
É aqui que se enquadram a nossa Cultura e o
nosso Património Cultural – os nossos monumentos, os
nossos museus, as nossas Igrejas, castelos e fortalezas,
38 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
INTRODUÇÃO
A discussão sobre os museus e o turismo parte
da noção que existem novos paradigmas emergentes
na sociedade, aos quais o museu não poderá icar
indiferente, sobretudo, como forma de potenciar a
sua atracção junto do público turista, mas também
pretende airmar-se como equipamento ao dispor de
uma sociedade de informação e de lazer. Consciente
dos desaios desta relação procura-se demonstrar
que existem beneícios claros resultantes de uma
aproximação entre estas áreas.
As abordagens próximas do território e dos seus
recursos tendem a consituir-se como um esímulo
à diversidade cultural. Por sua vez, a proximidade
espacial entre vários recursos turísicos, culturais
e patrimoniais podem potenciar a consituição de
clusters nas áreas do turismo e do lazer, airmando-se
como ofertas diferenciadoras dos desinos turísicos.
Estas aglomerações de recursos também são boas
oportunidades para a construção de economias nas
operações destes espaços e equipamentos, que por sua
vez, trazem ganhos de atracividade para o turismo.
Aalst e Boogaarts (2002) discutem como os clusters
baseados nos museus se consituem como estratégias
de sucesso e como quase todas as grandes cidades
apostaram nos museus como forma de regeneração
dos seus centros urbanos e de revitalização das suas
economias. Estes autores introduzem a noção de
“entertainment hub” e defendem que a concentração
ísica dos museus e de outros equipamentos e atracções
possuem vantagens: parilha de infra-estruturas;
transportes públicos; acessibilidades; e maior
42 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
CONCLUSÃO
Esta análise empírica reveste-se de um âmbito geral
sobre a temáica. Os resultados e a relexão desenvolvida
apontarão algumas propostas de valorização e
estreitamento da relação que se estabelece entre os
museus e o turismo em Portugal1.
As sociedades – tal como todos nós – têm
necessidades diversas e a receita de equilíbrio entre
as dimensões dos museus, do território e do turismo,
podem não ter uma resposta comum. Os museus ainda
que parilhem de uma imagem de marca comum –
insituições de presígio e grande valor simbólico -,
variam em diferentes aspectos, tais como o tamanho,
a natureza das suas colecções, o ediício onde estão
localizados, em recursos humanos e técnicos, o ipo
de gestão e, principalmente, em orçamento, e as suas
colecções baseiam-se em regra na cultura material das
suas comunidades, pelo que, diicilmente qualquer
teoria de markeing pode ser transversalmente aplicada,
na medida em que o museu se insere numa comunidade
e num território único, com os quais tem que dialogar
para construir os seus signiicados, pois só assim se
poderá consituir como um museu de referência e uma
atracção turísica.
Os museus enfrentam assim vários desaios, que
estão associados à adopção de uma gestão estratégica
mais orientada para o mercado, para o visitante e para
as suas necessidades, para manter a sua viabilidade
inanceira, e em simultâneo cumprir com a sua função
social, de insituições públicas. Porém, veriica-se
que existe um conhecimento muito incipiente do uso
potencial dos museus pelo turismo, e vice-versa.
Ao turismo exige-se a cooperação e um
planeamento da uilização e da valorização dos recursos
de forma integrada de um território. Do museu espera-
se que, como qualquer insituição ou empresa, que seja
dinâmico e se adapte e antecipe as novas exigências. À
ALEXANDRA GONÇALVES A EXPERIÊNCIA TURÍSTICA E OS MUSEUS A SUL 59
BIBLIOGRAFIA
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Despacho Normaivo nº3/2006 do Ministério da Cultura, Regime de credenciação à Rede Portuguesa
de Museus, (e o respecivo formulário de credenciação), Diário da República – Iª Série-B.
Notas:
1
Também se desenvolveu um “Quesionário ao Visitante” para o qual foi solicitado o apoio a várias enidades e associações na aplicação, no
entanto, não se conseguiu concreizar nenhum apoio para além do esforço individual de cada museu. O inquérito decorreu em quatro idiomas para
além do Português (Inglês, Castelhano, Alemão e Francês), em 21 dos 32 museus, e estabeleceu-se como período de aplicação os meses de Julho a
Setembro de 2008. Os resultados da invesigação de campo demonstraram-se saisfatórios e serão apresentados oportunamente.
2
A bibliograia apresentada não se esgota nas referências bibliográicas deste documento, mas alarga-se a outros documentos que serviram
de base à conceptualização teórica da invesigação subjacente a este arigo. Outros documentos e referências foram incluídos e discuidos na
dissertação.
Porimão - O desaio museológico entre
turismo e património
José Gameiro I Ana Ramos
1
Denominação encontrada em alguma literatura da época reportando-se aos
primeiros visitantes. Este termo surgiu em França, no decurso dos vários incrementos
introduzidos pelo general De Gaulle relaivamente à democraização do fenómeno
turísico.
68 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
outras.
Neste contexto surgiu também uma nova forma de
turismo popular nacional, o excursionismo, muito ligado
à época das amendoeiras em lor, cuja imagem aliás foi
escolhida para o primeiro grande cartaz turísico do
Algarve.
A criação da Empresa de Viação do Algarve (EVA)
em 1933, possibilitou no ano seguinte, o início da
organização de excursões e iniciaivas em grupo, para
visitar o Algarve na época das amendoeiras loridas.
Sagres foi, neste contexto, alvo do turismo de
propaganda como ponto de parida histórico e mitológico
para a expansão maríima portuguesa, juntando-se
assim aos desinos “Praia da Rocha” e “Monchique”, que
consituiriam o “O brinquinho do Algarve”.
No entanto, apesar dos esforços do Estado Novo
para controlar o fenómeno turísico, promovendo uma
políica regionalista promotora do “rusicismo”, era
mesmo para as praias que se dirigiam os turistas.
A Praia da Rocha vai crescendo em fama e as
condições de acolhimento vão conhecendo melhorias.
A ligação a Porimão torna-se mais efeiva pois,
para além das famosas viagens de carrinha que
izeram a maravilha de muitos turistas e locais até aos
anos oitenta, a parir de 1936 surgem as carreiras de
autocarros.
Dá-se o alcatroamento da avenida principal, a
iluminação da mesma e a melhoria das instalações aí
existentes.
Figura 7 Folheto 1934
72 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
Ariculação e envolvimento;
2- Salvaguarda e conservação;
Valorização da qualidade de vida;
Comunicação e reciprocidade;
Singularidade e representaividade;
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Património Arqueológico e
Turismo na Região Algarvia
João Pedro Bernardes I António Fausino Carvalho
1. INTRODUÇÃO
Apesar do potencial histórico arqueológico do
Algarve, desde os primórdios da ocupação humana
do território, com o Paleolíico, até aos alvores da
nacionalidade, com a remodelação dos castelos e
síios islâmicos logo após o processo da Reconquista,
a promoção turísica do Algarve não tem ido em
devida conta estes recursos essenciais à diversiicação e
qualiicação do turismo regional. Este trabalho procura
chamar a atenção para aqueles recursos e respeivo
potencial, elencando e caracterizando de forma
muito sumária alguma da oferta turísica existente
em termos de Património Arqueológico. Não fazemos
um levantamento exausivo, mas tão só uma seleção
alargada de síios ou conjuntos de síios, que nos parece
ilustraiva da realidade geral (para a localização dos síios
Figura 1 Localização dos síios e conjuntos arqueológicos algarvios referidos em texto: 1- Alcouim; 2- Menires do Lavajo (Alcouim); 3-
Moninho das Laranjeiras (Alcouim); 4- Castelo de Castro Marim; 5- Santa Rita (Cacela); 6- Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcouim);
7- Tavira; 8- Quinta do Marim (Olhão); 9- Milreu (Faro); 10- Quinta do Lago (Loulé); 11- Cerro da Vila (Loulé); 12- Salir (Loulé); 13-
Paderne (Albufeira); 14- Alcalar (Porimão); 15- Monte Molião (Lagos); 16- menires de Vila do Bispo.
84 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
Figura 2 À esquerda: imagem de um dos menires fraturados e tombados que compõem o presumível cromeleque do Monte dos
Amantes, notando-se junto ao canto superior direito da fotograia, uma das placas sinalizadoras. À direita: levantamento da arte
insculturada no Menir 3 do conjunto do Lavajo (Cardoso et al. 2003, ig. 8, adaptada), onde se podem observar temas conhecidos em
monumentos similares do megaliismo alentejano, denunciando portanto inluências culturais dessa região.
Figura 3 À esquerda: imagem de conjunto do túmulo megalíico de Santa Rita, com o corredor de acesso à câmara funerária em
primeiro plano. À direita: imagem do “átrio” exterior do monumento funerário n.º 7 do complexo arqueológico de Alcalar. Note-se
as diferentes técnicas construivas empregues em ambas as necrópoles e, mais expressivamente, o efeito cromáico produzido pelo
recurso a elementos construivos a parir das geologias locais.
88 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
Figura 6 A Ria Formosa vista a parir da fortaleza de Cacela, uma das muitas foriicações do litoral algarvio que asseguravam o
controlo da costa e a segurança das populações.
3. CONCLUSÕES
Como se foi constatando ao longo das páginas
precedentes, o património arqueológico algarvio é
muito rico, diversiicado e encontra-se disperso por
praicamente toda a região, o que, apesar de parecer
uma contrariedade do ponto de vista logísico e das
acessibilidades, pode na realidade ser uma mais-valia.
Mais importante ainda é veriicar-se que este património
98 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
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Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicenina:
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Roteiro do Monte dos Amantes (Vila do Bispo):
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História do Turismo
A insitucionalização do Turismo
Contributos para o estudo dos primórdios
do Turismo no Algarve
Artur Barracosa Mendonça
1
W. Hunziker e K. Krapf em 1942, defendem que o turismo é o conjunto das relações
e fenómenos originados pela deslocação e permanência de pessoas fora do seu local
habitual de residência, desde que tais deslocações e permanências não sejam uilizadas
para o exercício de uma acividade lucraiva principal, permanente ou temporária
e ariculando três eixos fundamentais: a deslocação; a permanência e a moivação
com que é feita. Mais tarde, em 1963, a Organização das Nações Unidas (O.N.U.), na
conferência de Roma, sobre turismo e viagens internacionais acrescentava a noção
temporal (viagens superiores a 24 horas) e amplia a noção da mobilidade populacional
(alargando para o âmbito dos negócios, missões, reuniões, visitas a familiares, etc.),
mantendo a diferença entre turista e excursionista. Esta noção foi revista em 1993,
pela Organização Mundial do Turismo.
2
Licínio Cunha, “Desenvolvimento do Turismo em Portugal: os primórdios”, Fluxos &
Riscos, Nº1, Lisboa, 2010, p. 128.
106 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
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Portuguezes, Porto, Administração Geral, [1883?] - 1886; Jornal de Viagens, Porto, 1896.
6
Citando, só a ítulo de exemplo, autores estrangeiros sobre a paisagem, os
monumentos e as tradições portuguesas podemos apontar: William Beckford, Hubner,
Rackzinsky, Lichnowsky, Albrecht Haupt, Madame Ratazzi, entre muitos outros que
tecem encómios, uns mais entusiásicos que outros, sobre o clima, o sol, a paisagem,
os monumentos, que seriam merecedores de melhor divulgação e conhecimento
junto dos seus patriotas. Autores menos conhecidos relatam também as suas viagens,
passeios, estadias em Portugal como: Henry John George Herbert Carnavon, Portugal
and Galicia, John Murray, London, 1836 [assinala passagens por várias povoações
algarvias, com descrições detalhadas das localidades e ideniica algumas pessoas,
p. 50-103]; W. H. Harrison, The Tourist in Portugal, Robert Jennings London, 1839;
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p. 259-265]; Richard Stephen Charnock, Bradshaw’s Illustrated handbook to Spain and
Portugal: a complete guide for travellers in the peninsula, W. J. Adams, London, 1894
]
[com apontamentos breves sobre o Algarve p. 186-187 ; Karl Baedeker, Spain and
Portugal. Handbook for travellers, Karl Baedeker Publisher, Leipsic, 1898 [as páginas
com referências e informações sobre Portugal encontram-se nas p. 509-587, mas as
referências ao Algarve são muito escassas p. 548-549]; Benito Perez Galdos, La Casa
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[embora publique memórias da passagem por Portugal em 1885]; Gilbert Watson,
Sunshine and seniment in Portugal, Edward Arnold, London, 1904 [esta obra merece
paricular destaque pelo detalhe das descrições e vivência no Algarve, em especial
Faro, mas também a região serrana de Loulé, com referências a Salir, Alte, Benaim,
que são muito pouco vulgares no início do século XX]; Agnes M. Goodwall, Peeps
at Many Lands. Portugal, Adam and Charles Black, London, 1909; Lisbon & Cintra:
with some account of other ciies and historical sites in Portugal, Chato & Windus,
London, 1907; Marin Hume, Through Portugal, E. Grant Richard, London, 1907 (com
ilustrações); W. H. Koebel, Portugal. Its Land and People, Archibald Constable and
Cº, London, 1909; Mark Sale, A Paradise in Portugal, The Baker & Taylor Company,
New York, 1911; Aubrey Fitz Gerald Bell, In Portugal, John Lane, London/New York,
1912 [com várias páginas a descrever o Algarve, p. 54-62]; B. Granville Baker, A Winter
Holiday in Portugal, Stanley Paul and Cº, 1912; Ruth Kedzie Wood, The Tourists Spain
and Portugal, Dodd, Mead And Cº, New York, 1913 [com descrições do Algarve:
Porimão, Monchique e Faro, p. 283-287. Esta obra tem a paricularidade de ser de
uma das pessoas que acompanhou a visita dos jornalistas ingleses em 1913.]; Aubrey
Fitz Gerald Bell, Portugal of the Portuguese, Charles Scribners Sons, New York, 1915;
Marcel Monmarché et Émile Bertaux, Espagne et Portugal, Librairie Hachete, Paris,
1916 [com breves anotações sobre o Algarve entre as p. 494-496]; F. y H. Giner de los
Rios, Portugal. Impresiones para server de guia al viajero, Imprenta Popular, Madrid,
1920; Ernest Peixoto, Through Spain and Portugal, Charles Scribners Sons, New York,
1922. Ainda há relaivamente pouco tempo António Ventura, Viajantes Estrangeiros no
Algarve, Lex, [Lisboa], 2005, onde faz uma pequena antologia dos textos de alguns dos
viajantes mais ilustres, icando ausentes os que acima se indicaram. Provavelmente,
com este levantamento, mais autores seriam recordados.
108 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
14
José de Ataíde, Serviços da Reparição de Turismo. Setembro de 1911-Junho de 1912.
Relatório, Typ. Bayard, Lisboa, 1912, p. 5- 7.
15
A propósito de exposição feita no Chiado pelo fotógrafo Rompana, de um conjunto
de fotograias sobre a Serra da Estrela, que obteve algum sucesso junto da opinião
pública da época. Cf. Augusto de Castro, Fantoches e Manequins, Editores Santos &
Vieira, Lisboa, 1917, p. 75-76.
16
Ana Cardoso de Matos, Maria Ana Bernardo e Maria Luísa Santos, “A Sociedade de
Propaganda de Portugal e o Congresso do Turismo de 1911”, Atas do Congresso da I
República e do Republicanismo, 2011 [consultado online aqui:
http://www.centenariorepublica.parlamento.pt/CongressoCvsPapers/Ana%20
CardosoMatos_MariaAnaBernardo_MariaLuisaSantos_Paper.pdf em 01-08-2014], p. 394-395.
ARTUR BARRACOSA MENDONÇA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO TURISMO Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve 111
2 - A SOCIEDADE DE PROPAGANDA DE
PORTUGAL E O ALGARVE
A Sociedade de Propaganda de Portugal foi criada
por alguns apaixonados pelas viagens, consituída por
personalidades dos mais variados quadrantes políicos.
Foi oicialmente criada em 28 de Fevereiro de 1906.
Considerada insituição de Uilidade Pública em 3 de Março
de 1920, por decreto nº 6440. A sua sede funcionou no
Largo do Chiado, nº12. Esta sociedade inha por principal
objecivo promover o turismo, desenvolvendo esforços
junto das enidades públicas e privadas com a inalidade
de divulgar Portugal junto dos estrangeiros. Desde o início
que se consituem várias comissões e delegações que
promovem as belezas naturais, curiosidades arísicas,
17
Correia dos Santos, O Turismo no Algarve. Como os estrangeiros sabem valorizar as
suas riquezas, Casa do Algarve, Lisboa, 1931, p. 5.
18
Idem, ibidem, p. 9. Figura 1 Emblema da Sociedade Propaganda de
19
Licínio Cunha, Economia e Políica do Turismo, Verbo, Lisboa, 2006, p. 78-81. Portugal
112 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
20
Ana Cardoso de Matos, Maria Ana Bernardo e Maria Luísa Santos, Idem, p. 395-396;
Cf., também, Ana Cardoso de Matos e Maria Luísa Santos, “Os Guias de Turismo da
cidade de Évora no contexto do turismo contemporâneo (dos inais do século XIX às
primeiras décadas do século XX)”, A Cidade de Évora, II série, nº 5, 2001, p. 384-388
[consultado online aqui:
htp://www.bdalentejo.net/BDAObra/obras/633/BlocosPDF/bloco01-c_389.pdf. (01-
08-2014)].
ARTUR BARRACOSA MENDONÇA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO TURISMO Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve 113
25
Filipa Ribeiro da Silva e Paula Crisina Costa, “Silva, Agosinho Lúcio e”, Dicionário
Biográico Parlamentar 1834-1910, vol. III (N-Z), Coord. Maria Filomena Mónica,
Col. Parlamento, Imprensa de Ciências Sociais/Assembleia da República, Lisboa,
2006, p. 643-645. Sobre Agosinho Lúcio e Silva, ver ainda Luís Vidigal, “Mil Cidadãos
Meridionais”, Anais do Município de Faro, nº XVIII, Faro, 1988, p. 115.
116 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
26
“Necrologia - Jaime de Pádua Franco”, O Algarve, Faro, 24-04-1938, Ano 31, nº 1569,
p. 3, col. 3 a 5.
ARTUR BARRACOSA MENDONÇA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO TURISMO Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve 117
27
Sobre Lorjó Tavares e o Brasil consultar o arigo de Fernanda Suely Muller, “Lorjó
Tavares, esse ilustre desconhecido de «Brasil-Portugal». 1899-1914”, Todas as Letras,
vol. XIII, nº 2, 2011, p. 44-54 [consultado aqui: htp://editorarevistas.mackenzie.br/
index.php/tl/aricle/viewFile/4006/3197 (08-08-2014)].
28
João Bentes Castel – Branco, “Termas e Praias”, Boleim da Sociedade de Propaganda
de Portugal, Lisboa, Nº2, Agosto de 1907, p. 8-10.
ARTUR BARRACOSA MENDONÇA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO TURISMO Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve 119
34
Ana Prata, “Porimão, une ville portuaire : la dynamique d’une industrie de la mer.
Étude d’un hinterland portuaire”, Cahiers de la Méditerranée, nº 80, 2010, 139-155.
35
Anónimo, [João Bentes Castel-Branco???], “Praias e Termas de Portugal”, idem.
122 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
36
Pedro Alexandre Guerreiro Marins, Contributos para uma História do Ir à Praia em
Portugal [Dissertação de Mestrado], FCSH-UNL, 2011 [consultado online htp://run.
unl.pt/handle/10362/7093 (09-08-2014)].
37
“Indústria do Estrangeiro – João Bentes Castel-Branco”, Boleim da Sociedade de
Propaganda de Portugal, Lisboa, Janeiro de 1910, nº 1, Ano IV, p. 1-7.
38
“Praia da Rocha”, Boleim da Sociedade de Propaganda de Portugal, Lisboa, Março
de 1912, nº 3, Ano VI, p. 21. No entanto não conseguimos localizar esta obra em
nenhuma das principais bibliotecas consultando os catálogos disponíveis online, mas
a obra existe.
39
Nessa reunião, realizada a 5 de Junho de 1912, esiveram presentes além de Estêvão
de Vasconcelos, Manuel Roldan, Alberto da Silveira, Gonçalo Reparaz, Coelho de
Carvalho, Vasconcelos Correia, Jaime de Pádua Franco e António Caetano Celorico Gil.
Cf. “Pró-turismo: melhoramentos do Algarve”, Boleim da Sociedade de Propaganda
de Portugal, Lisboa, Junho de 1912, nº 6, Ano VI, p. 54-55.
ARTUR BARRACOSA MENDONÇA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO TURISMO Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve 123
45
O decreto que criou a Reparição do Turismo foi de 16 de Maio de 1911 e a
consituição da nova reparição do Ministério do Fomento foi publicada em Diário do
Governo, nº 188, 14-08-1911, p. 3435.
126 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
4 – A ESTRUTURAÇÃO DA S. P. P. NO ALGARVE
a) As delegações
Uma das preocupações desde cedo demonstrada
pela Sociedade de Propaganda de Portugal era levar à
criação de delegações por todo o País, procurando criar
uma rede de ligações com os municípios portugueses.
Assim, no Algarve organizam-se várias delegações.
Foram consituídas as delegações da Sociedade de
Propaganda de Portugal, em Porimão, em Novembro
de 1912 e a sede nesta localidade situava-se na sede
do Grémio Familiar, em Porimão e as reuniões dos
corpos gerentes realizar-se-iam no ediício dos Paços
do Concelho46. A delegação de Porimão conseguiu em
1914 estabelecer um acordo com António do Carmo
Provisório para obter descontos para os sócios que
frequentassem as sessões de cinema que estavam
muito em voga na época47. Em 26 de Outubro de 1913,
na sala da Câmara Municipal de Silves, procedeu-
se à inauguração e instalação da referida sociedade
naquela cidade algarvia. Também na capital algarvia foi
criada uma delegação da Sociedade de Propaganda de
Portugal, inaugurada no dia 8 de Novembro de 191348.
Organiza-se depois uma delegação em Monchique, a 19
de Abril de 1914 e em Lagoa, a 5 de Novembro de 1914.
Mesmo durante a Grande Guerra, a Sociedade de
Propaganda de Portugal coninuou a envidar esforços
para se consituírem novas delegações na província. Foi
então enviado um oício, em 20 de Setembro de 1915,
dirigido a Francisco Mendes Sanches, para se consituir
uma delegação em Vila Real de Santo António49.
A delegação de Albufeira foi consituída em 23
de Agosto de 191750. A reorganização da delegação
46
“Associações: De Propaganda”, Republica, Lisboa, 09-11-1912, Ano II, nº 656, p. 2,
col. 5. A direcção da delegação em Porimão era consituída por António Teixeira Biker,
presidente; Francisco de Bívar Weinholtz e Pedroso de Lima, secretário; Francisco
Mendes, tesoureiro.
47
“Propaganda de Portugal em Porimão”, Alma Algarvia, Silves/Porimão, 18-04-
1914, Ano IV, nº 155 (2ª série), p. 2, col. 4.
48
“Delegação em Silves e de Faro”, Boleim da Sociedade de Propaganda de Portugal,
Lisboa, nº 9 a 11, Ano VII, Setembro a Novembro de 1913, p. 85-86. Por seu lado, a
direcção da delegação de Silves icou consituída da seguinte forma: Dr. João Rosado
Garcia; Dr. Francisco Vieira, Henrique Marins, Dr. Victorino Mealha, Jorge Carlos
Freire, José António Duarte e Pedro Paulo Mascarenhas Júdice. Na cidade de Faro a
direcção foi formada da seguinte forma: Constanino Canavarro, Artur Aguedo, Jusino
Bívar, Álvaro Júdice, Pedro Monteiro de Barros, Alexandre Origão de Carvalho e Dr.
João Pedro de Sousa.
49
“Relatório dos trabalhos efectuados da comissão das delegações da Sociedade de
Propaganda de Portugal”, Boleim da Sociedade de Propaganda de Portugal, Lisboa,
Novembro/Dezembro de 1916, Ano Ano 10, nº 6, p. 105.
50
“Noícias Várias”, O Algarve, Faro, 02-09-1917, Ano 10, nº 493, p. 3, col. 1. Os
elementos desta delegação eram: Dr. José Frederico Cortes Menezes, José Crisóstomo
Pereira Paiva Júnior, Francisco Alexandre da Piedade, Ventura de Sousa Mateus e
ARTUR BARRACOSA MENDONÇA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO TURISMO Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve 127
b) Os postos meteorológicos
Os postos meteorológicos foram criados
inicialmente na Praia da Rocha, em 1912, por iniciaiva
de Jaime de Pádua Franco54. Este posto foi depois
renovado em 1914, aquando da visita do então Ministro
do Fomento, João Maria de Almeida Lima, em 18 de
Novembro de 1914 e era liderado pelo capitão do porto
de Porimão, Pedroso de Lima55.
61
A Comissão Execuiva era presidida por Tomás Cabreira, secretariado por Jaime de
Pádua Franco que contava com mais personalidades como: Fernando da Silva David,
Jacinto Parreira, Marins Moreno. Além disso, contava com A. Aboim Inglês, Agosinho
Lúcio da Silva, Alberto Carrasco da Guerra, Alberto Macieira, Aníbal Lúcio de Azevedo,
António Júdice Magalhães Barros, João Viegas Paula Nogueira, João Vasconcelos, José
Francisco da Silva e José Parreira.
62
Maria da Graça Marques, “O Primeiro Congresso Regional Algarvio”, Inuaf Studia,
Sep. Insituto Universitário Afonso III, nº 1, Loulé, 2000, p. 173-174. A comissão
organizadora era consituída por cerca de 200 personalidades.
63
As secções eram: Secção I – Agricultura algarvia: arborização de serras e dunas;
irrigação; posto agrário do Algarve; crédito agrícola; ensino agrícola, móvel e ixo;
escolas femininas e agrícolas; uilização dos salgados.
Secção II – Indústria algarvia: indústria de conservas e outras indústrias; crédito
industrial; ensino industrial; parques; e viveiros piscícolas.
Secção III – Meios de transporte: estradas; pontes; vias férreas; tarifas económicas e
de exportação; portos e barras.
Secção IV – Comércio Algarvio: crédito comercial; tratados comerciais; alfândegas;
produtos algarvios.
Secção V – Turismo: hotéis; estações termais e maríimas; zonas de turismo;
regulamentação do jogo; taxa de turismo; desportos.
Secção VI – Clima algarvio: climatologia; sanatórios; estações de repouso; postos
meteorológicos.
Secção VII: Arte e História do Algarve: museus; monumentos históricos; arte algarvia;
bibliotecas; lendas e tradições; canções regionais.
64
“O Congresso Algarvio”, A Vanguarda, Lisboa, 07-09-1915, Ano IV, nº 937, p. 1, col.
5 e 6, p. 2, col. 1.
65
Maria João Raminhos Duarte, “O I Congresso Regional Algarvio Praia da Rocha
-1915”, José Mendes Cabeçadas Júnior e a Primeira República no Algarve, [Catálogo
da Exposição], Câmara Municipal de Loulé, Loulé, 2010, p. 212-220. Ainda sobre o
Congresso Regional Algarvio de 1915 devem consultar-se os seguintes trabalhos:
Maria João Raminhos Duarte, “O I Congresso Regional Algarvio, Praia da Rocha, 1915”,
12º Congresso do Algarve, Racal Clube de Silves, Tavira, 2004, p. 28-30; Maria da
Graça Marques, “O Primeiro Congresso Regional Algarvio”, Inuaf Studia, Sep. Insituto
Universitário Afonso III, nº 1, Loulé, 2000, p. 159-207. Pode ler-se também de António
Paulo Oliveira,”Mateus Moreno (1892-1970) e o regionalismo algarvio” [Conferência],
X Curso Livre de História do Algarve, Universidade do Algarve, Faro, 2013.
130 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
Figura 4 As belezas naturais, condições climatéricas, sol e luz sem comparação eram razões apontadas para tornar o Algarve uma
região de turismo.
PRÓ – ALGARVE
Por esta altura havia um senimento generalizado
de abandono e alheamento do governo central para com
o Algarve, realidade que caracterizou muitos séculos da
monarquia e agora com a República, não obstante a sua
curta duração, as coisas pareciam estar na mesma. O
Algarve era praicamente ignorado por Lisboa, situação
que se alterou um pouco com a chegada do comboio
nos inais do séc. XIX. O Algarve era uma espécie de
ilha de diícil acesso, devido a uma barreira natural
a norte de complicada transposição, senão mesmo
perigosa em termos de segurança e de péssimas vias
de comunicação. O resto era mar e rio, fronteiras por
onde se processava, em grande medida, a circulação de
pessoas e mercadorias.
As nossas praias, apesar das suas belezas naturais,
não inham expressão nacional, a tal ponto que Ramalho
Origão no seu livro Praias de Portugal não se refere a
nenhuma praia algarvia, apesar de desde os inais do séc.
XIX serem frequentadas por alentejanos e espanhóis,
sobretudo as praias de Monte Gordo e Praia da Rocha.
A imprensa republicana teve um papel preponderante
na criação de uma consciência regional, com vista a
alterar este estado de coisas. Não era possível manter
este ostracismo relaivamente ao Algarve, tendo em
consideração a “magníica produividade do seu solo
pela extrema amenidade das suas condições climatéricas
e pela sua inegável acividade comercial, mas ainda e
muito principalmente, pela sua situação geográica, de
incontestável e primacial importância estratégica”.4
OS JORNALISTAS INGLESES
A propaganda era considerada uma questão
fundamental para que os estrangeiros nos visitassem.
Nesse senido, a Sociedade Propaganda de Portugal
desenvolveu, desde a sua criação, uma notável
acividade quer no plano interno quer externo. Publicou
e distribuiu folhetos, inanciou publicidade, aixou
cartazes em vários países, editou o “Guia Sociedade
Propaganda de Portugal”, fomentou a visita e o estudo
do nosso País por jornalistas e escritores estrangeiros. A
mais signiicaiva foi a visita de um grupo de jornalistas
ingleses que se deslocaram desde Leixões até ao
Algarve e que teve como efeito fazer-se, pela Europa
e pela América, grande publicidade do nosso País e a
publicação de um guia initulado Progressive Portugal
de Hethel Hargrove.11
9
O Algarve – 25/02/1912 – “Viajantes Ilustres – No expresso de hontem chegaram
a esta cidade e tencionam percorrer os melhores pontos de província o Sr. Harding,
ministro da Inglaterra em Lisboa, seu secretário e o Sr. Coks, cônsul da mesma nação
na capital e esposa. Estão hospedados no Hotel Magdalena”.
10
Jaime Pádua Franco (1868 – 1938) – Natural de Porimão. Sócio fundador da
Sociedade Propaganda de Portugal. Foi o criador e inspector de diversos “bureaux”
daquele organismo em Paris e noutras cidades europeias. Realizou várias conferências
sobre Turismo no País e no estrangeiro. Colaborou em vários jornais e revistas de
especialidade. Foi um grande defensor do Turismo no Algarve.
11
Cunha, Licínio, Desenvolvimento do Turismo em Portugal: os Primórdios. Texto
desinado ao Catálogo das Comemorações do 1º Centenário da Proclamação da
República. 2011.
LUÍS GUERREIRO A PRIMEIRA ACÇÃO DE PROPAGANDA EXTERNA DO ALGARVE A visita das jornalistas ingleses em 1913 143
12
A Comissão de Faro era composta por Samuel Sequerra, Teodoro d’ Almeida Coelho,
Vidal Belmarço e António Galvão.
144 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
13
O Sul – 23/02/1913.
14
O Ocidente – 28/02/1913.
15
O Algarve – 02/03/1913.
LUÍS GUERREIRO A PRIMEIRA ACÇÃO DE PROPAGANDA EXTERNA DO ALGARVE A visita das jornalistas ingleses em 1913 145
CONCLUSÕES
O Algarve durante anos e anos esteve esquecido
e abandonado à sua sorte, por razões históricas e
geográicas, não obstante as suas riquezas naturais,
o labor e a pujança das suas acividades comerciais e
industriais. A sua ligação ferroviária ao resto do País,
embora tardia, veio dar um novo alento e uma nova
esperança, no senido de ser dada uma atenção especial
que até aqui lhe inha sido negada. Com a implantação
da República, uma nova época, mais promissora, se
perspecivou para a região. A realização do IV Congresso
1
in O Algarve – 02/03/1913
LUÍS GUERREIRO A PRIMEIRA ACÇÃO DE PROPAGANDA EXTERNA DO ALGARVE A visita das jornalistas ingleses em 1913 149
BIBLIOGRAFIA
Publicações periódicas
Algarve (O), 1911, 1912, 1913.
Capital (A), 1913.
Heraldo (O), 1913.
Ilustração Portuguesa (A), 1911, 12, 13.
Ocidente (O), 1912, 1913.
PORTUGAL ILUSTRADO – GRANDE ÁLBUM DE TURISMO - EDIÇÃO DA REVISTA “Terras de Portugal”,
n.º 1, 1927.
Sul (O), 1912, 1913
Livros
BRITO, Sérgio Palma, Notas sobre a evolução do VIAJAR E A FORMAÇÃO DO TURISMO, 2 volumes,
Lisboa, Medialivros, 2003.
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA, Lisboa – Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia
Limitada.
GUIA DO VIAJANTE EM PORTUGAL E SUAS COLÓNIAS EM ÁFRICA, Lisboa, Empresa Nacional de
Navegação, 1907.
LEAL, Carlos de Sousa, Algarve, Lisboa, Livraria Proissional, 1917.
MESQUITA, José Carlos Vilhena, A VIAGEM – Uma outra forma de Turismo na perspeciva do
conhecimento histórico, Faro, Universidade do Algarve, 1986.
90 Anos de Turismo em Portugal – Conhecer o Passado, Invesir no Futuro, Lisboa, 2001.
PINA, Paulo, Portugal, o Turismo no século XX, Lisboa, Lucidus, 1988.
Viajar, Viajantes e Turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República, Lisboa, Turismo de
Portugal, 2010.
LUÍS GUERREIRO A PRIMEIRA ACÇÃO DE PROPAGANDA EXTERNA DO ALGARVE A visita das jornalistas ingleses em 1913 151
ANEXO
PROJETO DE LEI APRESENTADO POR TOMÁS CABREIRA NO SENADO EM 15.12.1912
Arigo 1.º - São criadas, no coninente da República, três estações de turismo: a primeira compreende
Cascais, Estoril e Sintra, a segunda a praia da Rocha de Porimão e Monchique e a terceira a Figueira da Foz
e o Buçaco, nas quais são permiidos, durante todo o ano, os jogos de bacarat, banca francesa e cavalinhos.
Arigo 2.º - O governo concederá, mediante concurso anunciado com 60 dias de antecedência, o
exclusivo, simultâneo ou separado, destes jogos nas três estações de turismo, por 10 anos, fazendo-se o
concurso sobre as seguintes bases:
1.ª - O concessionário construirá, à sua custa em cada estação de turismo, um casino
compreendendo salas de música, dança, leitura, conversação, teatro, terraços e jardins, com todas
as dependências exigidas pelo conforto moderno.
2.ª - As salas de jogo de bacarat e banca francesa estarão isoladas do resto do ediício, só entrando
nelas as pessoas munidas de carta pessoal, que não poderá ser concedida a menores de 21 anos.
3.ª - O concessionário entregará ao Estado, para ser reparida com o município onde funcionar a estação
de turismo, uma terça parte da percentagem que cobrar nas bancas de bacarat e banca francesa.
4.ª - O concessionário manterá, enquanto o casino esiver aberto, uma orquestra que dará, pelo
menos, um concerto diário.
5.ª - No concurso podem ser exigidas ao concessionário quaisquer construções que o respeivo
caderno de encargos indicar.
6.ª - Os concessionários terão prontos a funcionar, segundo os projetos aprovados pelo governo, todos
os ediícios, terraços e jardins no prazo máximo de três anos, a parir da data da aprovação dos projetos.
7.ª - O indivíduo que quiser concorrer ao concurso de cada estação de Turismo deposita, na Caixa
Geral de Depósitos, a quania de 50 contos em dinheiro ou em ítulos da dívida pública portuguesa,
pelo seu valor no mercado.
8.ª - Adjudicada a concessão, o concessionário elevará, até 15 dias depois da assinatura do
contrato, o seu depósito a 100 contos de reis, do qual receberá o respeivo juro.
9.ª - Quando a estação esiver a funcionar poderá o concessionário levantar o depósito, icando
todos os ediícios e construções da estação como garania do cumprimento de contrato.
10.ª - Se o concessionário quiser consituir uma sociedade anónima para a exploração da estação
de Turismo, os seus estatutos serão aprovados pelo governo e a sociedade será, para os efeitos
legais, portuguesa e icará sujeita à jurisdição dos tribunais portugueses.
11.ª - O concessionário pode requerer a expropriação, por uilidade pública, de todos os terrenos
necessários para a construção de casinos, teatros, jardins e parques, pagando os preços respeivos.
12.ª - A base de licitação para cada concurso será a quania anual que, além do terço da
percentagem indicada na condição 3.ª, o concessionário entregará no im de cada ano ao governo,
reservando-se este o direito de não aceitar a quania oferecida e mandando abrir novo concurso.
13.ª - O concessionário terá preferência quando, expirado o caso do exclusivo, abrir-se novo concurso.
Arigo 4.º - A receita proveniente do jogo, será reparida em partes iguais pelo governo, que só
poderá aplicá-la em obras de uilidade social, e pelo município da estação de turismo, que a empregará
em melhoramentos locais.
Arigo 5.º - O governo fará os regulamentos necessários para a execução da presente lei.
Arigo 6.º - Fica revogada toda a legislação em contrário.
Sala de Sessões do Senado em 15 de dezembro de 1912. Thomaz Cabreira.
O Algarve e o turismo da região na
«Revista de Turismo» (1916-1924)
Miguel Godinho
INTRODUÇÃO
O Turismo, como o concebemos actualmente,
encontra a sua origem na época românica. A
própria palavra deriva do termo inglês «tour», cujos
signiicados assentam, por um lado, na viagem que o
jovem gentleman devia fazer pela Europa Ocidental a
im de legiimar a sua condição social ou, por outro,
nas “estadas esivais de puro deleite ou mesmo com
ins terapêuicos”1. Neste contexto e decorrente do
desenvolvimento dos conhecimentos cieníicos que
iveram lugar um pouco por toda a Europa ao longo do
séc. XIX, em Portugal, e a par do turismo de campo, “das
propriedades rurais, frequentado pelas elites urbanas
que “possuíam, por herança, herdades”2 para onde se
deslocavam principalmente no início da época esival,
começam a surgir também várias estâncias termais/
terapêuicas (na sequência, aliás, de uma práica
proveniente de séculos anteriores), hotéis e espaços de
lazer associados, quase sempre em locais junto ao mar,
tomando parido das águas oceânicas que se sabia serem
possuidoras de virtudes sadias, num movimento a que
Alain Corbin designou de “invenção da praia”3. É nesta
altura que se começa a formar, imidamente, o Algarve
da forma que ele viria a ser mais tarde precisamente
reconhecido – a praia de Portugal, região turísica por
1
MATOS, Ana e SANTOS, Maria, Os guias de turismo e a emergência do turismo
contemporâneo em Portugal (dos inais do século XIX às primeiras décadas do século
XX), Scripta Nova, Revista electrónica de geograia y ciencias sociales. Universidade de
Barcelona, Barcelona, 15 de junio de 2004, vol. VIII, núm. 167, p.2.
2
HENRIQUES, Eduardo e LOUSADA, Maria, Férias em Portugal no primeiro quartel
do século XX. A arte de ser turista in QUEIROZ, Maria Inês (coord.) (2010) – Viajar:
viajantes e turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República, Comissão
Nacional para as Comemorações do Centenário da República, Lisboa, p.106.
3
Idem, ibidem.
154 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
CONTEXTUALIZAÇÃO,
ANTECEDENTES, INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO TURISMO EM PORTUGAL
O desenvolvimento do Turismo está profundamente
ligado à evolução dos transportes e, no nosso país,
encontra na base da sua insitucionalização a criação da
Sociedade Propaganda de Portugal (SPP), organização
de iniciaiva popular, de carácter independente,
desassociada de qualquer estrutura políica ou religiosa.
Formada em 28 de Fevereiro de 1906 e parindo da ideia
de Leonildo de Mendonça e Costa, fundador e director
da Gazeta dos Caminhos de Ferro, esta insituição inha
comos objecivos, “promover, pela sua acção própria, pela
intervenção junto dos poderes públicos e administrações
locais (…) e pelas relações internacionais que possam
estabelecer, o desenvolvimento intelectual, moral e
material do país e, principalmente, esforçar-se por que
ele seja visitado e amado por nacionais e estrangeiros”4.
Pretendia, portanto, “promover e divulgar Portugal como
desino de turismo”5, obrigando-se para isso à “publicação
de um Boleim, depliants, guias de viagem, etc”, tendo
o seu raio de acção abrangido a “modernização da
hotelaria, (…) o favorecimento das ligações ferroviárias
com o resto da europa (…) e a qualidade das estradas”,
para além da criação de “delegações nas principais
cidades portuguesas e mesmo no estrangeiro”6.
O Congresso de Turismo de 1911 (IV), decorrido
após a implantação da república e organizado em grande
parte por membros destacados da SPP, foi fundamental
no que concerne à decisão – daí decorrente – de criação
de um organismo oicial para esta área, para lá das
resoluções que apontavam no senido do absoluto e
necessário desenvolvimento das vias de comunicação e
4
MATOS, Ana e SANTOS, Maria, Op. cit., p.5.
5
MATOS, Ana, BERNARDO, Maria e SANTOS, Maria (2011) – A Sociedade de Propaganda
de Portugal in Actas do I Congresso Internacional I República e Republicanismo, Lisboa,
p.394.
6
Idem, ibidem.
MIGUEL GODINHO O ALGARVE E O TURISMO DA REGIÃO NA «REVISTA DE TURISMO» (1916-1924) 155
17
Revista de Turismo, nº 107, Maio de 1921, p.135.
18
Idem, ibidem.
19
Idem, ibidem, p.135.
MIGUEL GODINHO O ALGARVE E O TURISMO DA REGIÃO NA «REVISTA DE TURISMO» (1916-1924) 159
25
Idem.
26
Idem, nº14, Janeiro de 1917, p.108.
27
Idem, nº4, Agosto de 1916, p.29.
MIGUEL GODINHO O ALGARVE E O TURISMO DA REGIÃO NA «REVISTA DE TURISMO» (1916-1924) 161
28
Idem, nº16, Fevereiro de 1917, p.126-7.
29
Idem, nº105, Março de 1921, p.136.
30
Idem, ibidem.
162 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
32
Idem, ibidem, p.156.
33
Idem, nº108, Junho de 1921, p.189.
164 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
34
Idem, nº109, Julho de 1921, p.15.
35
Idem, ibidem, p.15.
MIGUEL GODINHO O ALGARVE E O TURISMO DA REGIÃO NA «REVISTA DE TURISMO» (1916-1924) 165
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fica claro depois da análise aqui efectuada que
esta Revista não sugere ainda a visão formatada que
viria a consituir a região idealizada pelo Estado Novo
mas aponta já caminhos nessa direcção. Elementos
como as noras mouriscas, ou as casas pontuadas pelas
chaminés rendilhadas de «esilo árabe» (estava-se
a atravessar o período áureo da sua ediicação), ou o
Algarve do corridinho, não são ainda referidos não só
porque esse imaginário estava ainda a ser compilado
e «construído» mas também porque os redactores
derivavam e faziam questão de permanecer associados
a um estrato social que privilegiava o luxo, a tendência
modernista da sociedade, de cariz europeísta,
internacional, que viajava em 1ª classe, e frequentava
40
Idem, nº 38, janeiro de 1918, p.110.
170 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
BIBLIOGRAFIA resumida
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disponível em:
htp://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/FichasHistoricas/RevistadeTurismo.pdf
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167.
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QUEIROZ, Maria Inês (coord. ed.) (2010) – Viajar : viajantes e turistas à descoberta de Portugal no
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História do Algarve (CePHa) / Faculdade de Ciências Humanas e Sociais / Universidade do Algarve, Faro,
pp.47-64.
PROENÇA, Raul (1924) – Guia de Portugal. I. Generalidades. Lisboa e arredores, Lisboa. Fundação
Calouste Gulbenkian (Facsimile).
Webgraia
htp://www.aguas.ics.ul.pt/ (11/06/2014) - Projecto “Das termas aos “spas”: reconigurações
de uma práica terapêuica” - Centro de Estudos de Antropologia Social e Insituto de Ciências Sociais
(Universidade de Lisboa).
Contributo para o estudo do
Turismo de Saúde no Algarve
Crisina Fé Santos
2
Excerto de um arigo de Alexandra Campos, publicado no jornal Público a 3.04.2014,
aquando da apresentação de um estudo encomendado pela Associação Empresarial
(AEP) – Câmara de Comércio e Indústria e pelo Health Cluster Portugal (HCP). in.
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/turismo-de-saude-e-bemestar-pode-
render-mais-de-400-milhoes-de-euros-por-ano-1630767
CRISTINA FÉ SANTOS CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DO TURISMO DE SAÚDE NO ALGARVE 175
De referir como curiosidade que Ramalho Origão, no seu livro As Praias de Portugal:
Guia do banhista e do viajante, publicado em 1876, não faz referência às praias algarvias.
12
No número 2 da Revista de Turismo, publicada a 20 de Julho de 1916, encontramos um
arigo sobre o Algarve, da autoria de Marques Pereira, que nos exorta a ir a Monchique,
“a Sintra do Sul, afamada pelas suas termas, perdida na montanha entre arvoredo, alegre
pela sinfonia dos riachos. Ali, garanto-vos que icareis com uma impressão agradável”.
13
Consultar htp://www.aguas.ics.ul.pt/faro.html Este site tem o seguinte aviso: “A
informação disponibilizada neste site tem como data de referência o ano 2002 e pode
encontrar-se desactualizada”, no entanto, ainda que possa estar desactualizado dá
uma perspeciva dos vários locais onde foi ideniicada a existência de águas termais
na região algarvia.
14
O Correio do Sul publica a 28 de Agosto de 1921: “S. Braz d’Alportel encheu-se
este ano de forasteiros. Este clima bendito onde se refugiam os desgraçados que
a tuberculose chupa e amarelece e para retomarem o vigor anigo e a bela cor das
faces; estes campos verdes de hortas e pomares tranquilos, silenciosos, d’um ar de
encantamento e sonho que nos torna bons, tem chamado este verão grande parte
dos frequentadores das praias e tem-se enchido d’um bulício elegante de termas, de
renome. Como se operou este milagre? Não sabemos. O que é certo é que desde
há anos, S. Braz se encontrava abandonado pelos veraneantes inquietos sempre em
demanda de novos horizontes e sensações. Voltou porém ao esplendor. S. Braz tornou
a coroar-se de Rainha da Beira-Serra e a sorrir, com enlevo, na brancura da sua cal, por
entre a folhagem verde”.
15
A 8 de Setembro de 1918 os Caminhos de Ferro do Estado inauguram um sanatório para
tratar os seus funcionários, que se localiza no síio das Almargens, São Brás de Alportel.
16
Em 1944 é aí inaugurada a Pousada de São Brás, muito procurada, não só por
portugueses, vindos de outras regiões do país, mas também por estrangeiros,
exisindo nos Livros de Hóspedes várias referências à estadia de turistas de diversos
CRISTINA FÉ SANTOS CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DO TURISMO DE SAÚDE NO ALGARVE 179
países. Sobre este tema consultar o livro A Pousada de São Brás: 1944-2014.
17
Ver em: htps://archive.org/stream/climateofportuga00dalgrich#page/n10/mode/1up
18
Daniel Gelanio Dalgado publicou diversos livros. Podem ser consultadas algumas
das suas obras neste link:htp://onlinebooks.library.upenn.edu/webbin/book/
lookupname?key=Dalgado%2C%20Daniel%20Gelanio
19
Referenciado no texto pelo autor como: On Epidemics. B. VI., Sect. 5, §1
180 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
22
Tomás Cabreira retoma este assunto no seu livro Algarve Económico, tema que
desenvolvemos mais à frente.
Figura 7 Capa da tese apresentada por Raul Lino no
23
Tomás António da Guarda Cabreira nasceu, em Tavira, em 1865 e faleceu em 1918. Congresso Regional Algarvio, 2015
Viveu o período conturbado de crise políica e económica que ocorreu na úlima
década do século XIX e a mudança de regime políico da monarquia consitucional
para a república na viragem da primeira década do século XX. Engenheiro de formação,
destacou-se na vida pública sobretudo como economista e políico através de uma
ampla e diversiicada obra escrita sobre temas económicos e inanceiros, publicada
essencialmente nos úlimos seis anos da sua vida, e através de uma curta intervenção
políica como deputado e senador a parir de 1911 e sobretudo como ministro das
Finanças em 1914. In “Tomás Cabreira: um economista políico num país de “inanças
avariadas”, de Ana Bela Nunes, publicado no nº. 29 da Revista Notas Económicas, Junho
de 2009. htp://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/657/1/WP33.net.pdf
182 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
24
Apresenta, na sequência do texto, uma imensa lista de enfermidades que beneiciam
deste clima: “as crianças débeis, raquíicas ou linfáicas, ilhas de pais velhos, siilíicos,
alcoolizados ou tuberculosos; os adultos, esgotados pelo trabalho, os siilizados e
alcoolizados; os convalescentes de doenças agudas, escarlaina, sarampo e ifóide ou
que precisam fugir dum restabelecimento funcional lento; as crianças portadoras de
adenopaias; os indivíduos em que eternizam reliquat bronco-pulmonares, pleuréicos
ou pneumónicos; os deformados de esqueleto; os tuberculosos ósseos e ariculares;
os diabéicos, gotosos e obesos; os cardiopatas valvulares ou arteriais, sem assistolia;
os brighicos; os neurasténicos deprimidos, as uterinas linfáicas e neuro artríicas e
os tuberculosos renais”.
25
A zona alta do leste é sugerida: “para a tuberculose crónica ulcerosa; para os
bacilares, cuja doença tende espontaneamente para a cura; para os tuberculosos,
que precisam interromper periodicamente o seu tratamento pela alitude e para os
que precisam dum tratamento pela alitude e para os que precisam dum tratamento
ferruginoso, pela facilidade de se obterem águas férreas naturais, que brotam nesta
zona. Durante o Verão, esta zona pode ser aproveitada como estação de repouso”.
CRISTINA FÉ SANTOS CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DO TURISMO DE SAÚDE NO ALGARVE 183
26
Remata estas orientações com a informação de que “O Algarve pode, portanto,
estabelecer, segundo as indicações das suas zonas climáicas, sanatórios para
tuberculosos, sanatórios para doenças crónicas e estações de repouso, devendo a
zona dos sanatórios para tuberculosos ser estabelecida na região mais adequada para
esse im, mas afastada das povoações. A disciplina higiénica desses estabelecimentos
deve ser extremamente rigorosa, não se permiindo infracções às regras estabelecidas,
para que as povoações próximas não sejam prejudicadas com a proximidade dessas
insituições”, mais tarde também Estanco Louro, na sua obra O Livro de Alportel,
quando se refere à existência do Sanatório Carlos Vasconcelos Porto, localizado em
São Brás de Alportel, salvaguarda a devida distância que estas insituições deveriam
ter relaivamente à população que aí habita: Pode-se assim ler, na página 469,“proibir
terminantemente que os imigrantes atacados de doenças pulmonares e que vão
para lá em busca do alívio ou cura dos seus males, possam viver à vontade, entre
a população. Construir, ao mesmo tempo, um ou mais sanatórios (nos arredores da
Fonte-férrea). Evita-se assim o contágio da população; atrai-se a colónia de repouso e
tem-se uma boa fonte de receita, a par do beneício prestado aos doentes”.
184 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
uma população muito iletrada, como mostra o quadro seguinte que dá, segundo três
recenseamentos diferentes, o total dos analfabetos e dos que sabem ler na província:
A proporção dos que sabiam ler para os analfabetos foi passando de 18,4 % para 19,9
e inalmente para 21,7 %, acusando um progresso real, no número dos que sabem ler,
que ainda assim é extremamente baixo, o que demonstra uma grande falta de escolas
em toda a província.”
30
Cf. htp://www.citador.pt/frases/aprendemos-com-a-experiencia-que-os-homens-
nunca-george-bernard-shaw-6679
186 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
BIBLIOGRAFIA
Publicações periódicas
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Restante Bibliograia
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Papelaria e Tipograia A Tentadora, Lisboa.
CABREIRA, Tomás (1918), Algarve Económico, Lisboa.
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Algarvio, Papelaria e Tipograia A Tentadora, Lisboa.
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construído no Sul do Paiz”, tese apresentada no Congresso Regional Algarvio, s.l.
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estudo dos Primórdios do Turismo no Algarve, Promontoria Monográica, n.º 2, Centro de Estudos em
Património, Paisagem e Construção da Universidade do Algarve, Faro.
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http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/RevistadeTurismo/1916/N13/N13_master/
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htp://onlinebooks.library.upenn.edu/webbin/book/lookupname?key=Dalgado%2C%20Daniel%20
Gelanio
htp://www.publico.pt/sociedade/noicia/turismo-de-saude-e-bemestar-pode-render-mais-de-400-
milhoes-de-euros-por-ano-1630767
htp://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/657/1/WP33.net.pdf
htp://www.turismodeportugal.pt
h t t p : / / w w w. t u r i s m o d e p o r t u g a l . p t / P O R T U G U % C 3 % 8 A S / T U R I S M O D E P O R T U G A L /
NEWSLETTER/2015/Documents/RelatGT-InterministerialTurismoSaude-2015.pdf
O Património Histórico-Arísico das Caldas
de Monchique na valorização do desino
turísico algarvio 1
1. INTRODUÇÃO1
O Algarve é a região portuguesa com maior
aluência turísica, em grande medida pela combinação
entre o agradável clima e as belas praias de arribas, que
se tornaram o bilhete postal deste território. Porém,
existe um outro Algarve, na zona interior, com diferentes
recursos turísicos que podem ser alternaivos ou
complementares, podendo atuar no combate ao maior
desaio desta província: a sazonalidade no Turismo.
As Caldas de Monchique são uma estância termal
no interior algarvio, cujo património arquitetónico
e arísico – o objeto de estudo do nosso trabalho de
mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro
- poderá contribuir para atenuar os efeitos da
sazonalidade e da interioridade.
Concluído o trabalho teórico, propomos uma
estratégia integrada de gestão deste património, assente
na sua preservação, sistemaização e dinamização, de
acordo com pressupostos de organizações internacionais
e nacionais ligadas ao tema.
O presente arigo é, pois, um exercício de relexão
acerca das consequências do trabalho académico e
da relação entre Turismo e Cultura, e o papel desta
no combate aos efeitos socioeconómicos adversos
da sazonalidade na região, resultantes da grande
dependência dos produtos de Sol & Mar e Golfe.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
O Algarve corresponde à região meridional
de Portugal, banhada a Sul e a Oeste pelo Oceano
1
A invesigação para o presente arigo foi realizada entre Dezembro de 2014 e Janeiro
de 2015.
188 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
2.1. Monchique
Ao contrário da maioria dos dezasseis concelhos
que consituem o Algarve, Monchique encontra-se no
interior da região, portanto sem ligação direta à imagem
turísica por excelência da província portuguesa, o
litoral, de que dista cerca de 25 Km.
O território da Serra de Monchique é montanhoso,
aingindo na Fóia os 902m de alitude, com uma visão
privilegiada sobre todo o Algarve. E também aqui, a
adaptação às condições naturais resultou em soluções
arquitectónicas peculiares, como as chaminés-de-saia,
as habitações serranas com cobertura de uma só água,
ou o famoso portal manuelino (variante portuguesa do
tardo-góico) da Igreja Matriz, que retrata na pedra a
vegetação exuberante do concelho de Monchique.
Igualmente, a gastronomia monchiquense inspira-
se nos produtos alimentares da serra, como a carne de
ANA LOURENÇO PINTO O PATRIMÓNIO HISTÓRICO-ARTÍSTICO DAS CALDAS DE MONCHIQUE NA VALORIZAÇÃO DO DESTINO TURÍSTICO ALGARVIO 189
4. DIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIA
A estratégia de dinamização do património
histórico-arísico das Caldas de Monchique decorrente
do trabalho de mestrado baseia-se nos princípios
emanados de organismos internacionais e portugueses,
no que respeita à gestão do património cultural e ao
turismo.
Três documentos redigidos pelo Internaional
Council of Monuments and Sites (ICOMOS) exprimem
fundamentos para o trabalho de valorização daquele
desino turísico algarvio. Por um lado, a Carta para a
Interpretação de Síios de Património Cultural preconiza
a documentação do signiicado destes síios “through
accepted scieniic and scholarly methods”7, bem como
o respeito pela sua autenicidade.
Já a Carta Internacional do Turismo Cultural8
veicula a necessidade de envolver as comunidades
locais e os visitantes, com claros beneícios para ambas
as partes a parir do diálogo, ao mesmo tempo que
5
Serrão, Vítor (2001), A Cripto-História de Arte. Análise de Obras de Arte Inexistentes,
Livros Horizonte, Lisboa.
6
Cf. ICOMOS (2008), Québec Declaraion on the Preservaions of the Spirit of Place.
7
ICOMOS (2008), Charter for the Interpretaion and Presentaion of Cultural Heritage
Sites, Objeivos. Figura 7 Um dos painéis de azulejos barrocos,
8
Cf. ICOMOS (1999), Internaional Cultural Tourism Charter: Managing Tourism at proveniente do exinto balneário, demolido na
Places of Heritage Signiicance. década de 1940.
192 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
11
htp://www.cultalg.pt.
194 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
BIBLIOGRAFIA
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Direção Regional de Cultura do Algarve, htp://www.cultalg.pt.
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Caldas de Monchique na Cenograia da Paisagem Termal, dissertação de mestrado em Arte, Património e
Teoria do Restauro, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa.
SERRÃO, Vítor (2001), A Cripto-História de Arte. Análise de Obras de Arte Inexistentes, Livros
Horizonte, Lisboa.
Turismo de Portugal (2013), Plano Estratégico Nacional de Turismo. Revisões e Objecivos 2013-2015,
htp://www.turismodeportugal.pt.
Os primeiros Operadores Turísicos no Algarve
Alberto Strazzera
1
Pacotes combinados de alojamento, hotel, transporte aeroporto/hotel e hotel/
aeroporto e por vezes, refeições.
198 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
2
Rep é a abreviatura para representaive, que no sector do turismo são os representantes
do operador turísico no desino turísico, assumindo o acompanhamento de toda a
organização da viagem durante a permanência do turista no desino.
ALBERTO STRAZZERA OS PRIMEIROS OPERADORES TURÍSTICOS NO ALGARVE 211
Figura 1 Transfer de saída do aeroporto organizado por Harry Chandler em 1967 para um grupo de jornalistas britânicos
Fonte: CARTER (1985)
212 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
BIBLIOGRAFIA:
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HAYWOOD, K.M. (1992), “Revisiing resort cycle”, Annals of Tourism Research
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LAWS, E. (1997), Managing Packaged Tourism, London: Internaional Thomson Business Press.
O turismo balnear em Albufeira:
Uma história recente
Patrícia Baista
INTRODUÇÃO
Falar de Algarve e, em paricular, de Albufeira é hoje
sinónimo de praia e de férias, no entanto nem sempre
foi assim! Até meados do século XIX os banhos de mar
desinavam-se, exclusivamente, a ins terapêuicos
prescritos pelos médicos. O próprio conceito de viagem
e de turista era bastante diferente do atual. Viajar
sempre fora apanágio dos mais abastados, sobretudo
nos séculos XVIII e XIX onde se culivava o gosto pelas
viagens como parte integral da formação do indivíduo,
bem ao gosto românico da época.
O turista, tal como hoje é entendido, começa a
ganhar expressão a parir dos anos 30 do século XX,
com a crescente introdução de férias pagas, na Europa.
O que em Portugal só viria a acontecer décadas mais
tarde.
De forma gradual a “ida a banhos” desliga-se da
sua função meramente medicinal e começa a fazer
parte do calendário social da elite endinheirada, à
semelhança do que se veriica um pouco por toda a
Europa e, sobretudo, devido à inluência da família real
portuguesa, que cedo elege a praia de Cascais como
estância balnear, dada a proximidade com a capital e
com Sintra, vila onde os monarcas passavam a estação
quente. Os banhos de mar, para além das questões
higienistas, tornam-se igualmente momentos de fruição
e lazer, complementados por uma intensa aividade
social e cultural.
AO SUL
A ausência de referências a Sul de Setúbal no guia
de Ramalho Origão é um indicador das diminutas
acessibilidades ao Algarve. Diversos relatos ilustram
a diícil e morosa jornada que os viajantes, vindos do
norte do Reino, enfrentavam para chegar à província.
Leopold Alfred Gabriel Germond de Lavigne, alto
funcionário francês do Ministério da Guerra, aquando
da sua passagem pela província, no úlimo quartel do
século XIX, refere: “Não existe, presentemente, uma
estrada acessível para aceder ao centro de Portugal ao
oeste da interessante província do Algarve. Os cumes
que separam estas duas regiões não são acessíveis
a não ser de mula, e os caminhos nem sempre são
praicáveis (...) prossegue a sua descrição dizendo: “Está
a ser construído um caminho-de-ferro para prolongar a
actual linha que liga Lisboa a Beja e a Casevel; enquanto
isso não acontece, apanhamos um carro público de Beja
a Mértola (...) descemos ao longo do curso do Guadiana,
entalado entre as margens portuguesa e espanhola, até
à embocadura. Na embocadura, em Vila Real de Santo
António, encontramos outros carros, ainda piores, que
atravessam todo o reino de este a oeste, por Tavira, Faro,
capital da província, Albufeira, Porimão e Lagos.”11
Não só é diícil chegar ao Algarve, como também o é a
circulação interna, como se veriica pela descrição. Uma
viagem de Faro a Boliqueime podia então demorar três
horas12.
Recorde-se que o comboio só chegará a Faro,
praicamente, na úlima década do século XIX, no ano
de 1889 e a sua extensão a Lagos seria uma realidade
só em 192213. Não obstante, no Guia de Portugal, Raúl
11
António VENTURA, O Algarve visto pelos estrangeiros: séculos XII a XIX, Lex, Lisboa,
2005, p. 257 e segs.
12
Idem, ibidem.
13
Sobre as vias de comunicação vide: Luís Filipe Rosa SANTOS, “As Vias de
Comunicação”, in: O Algarve da Aniguidade aos nossos dias, Coord. Maria da Graça
PATRÍCIA BATISTA O TURISMO BALNEAR EM ALBUFEIRA: Uma história recente 217
Municipal de Turismo.
Idem, ibidem.
24
220 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
A PROPAGANDA
A propaganda turísica da praia e da vila de
Albufeira era uma realidade pelo menos desde 1918,
data do “Primeiro Número Especial de Propaganda –
Praia de Albufeira – Algarve”. Nos anos 50 exisia já
PATRÍCIA BATISTA O TURISMO BALNEAR EM ALBUFEIRA: Uma história recente 221
QUE ALOJAMENTO?
Em 1955 é apresentado o anteprojeto do hotel que
se previa, já na altura, vir a contribuir, signiicaivamente,
para o desenvolvimento turísico de Albufeira. Enaltecia-
se a iniciaiva do senhor Joaquim Vinhas Cabrita em
querer construir este hotel sobre o túnel sobranceiro ao
mar. Empreendimento turísico que obteve um parecer
favorável, para construção, do arquiteto urbanista
Miguel Jacobety. No ano seguinte é publicado, no Diário
do Governo n.º 213, de 8 de Setembro, o despacho
que declarou o Hotel Sol e Mar de uilidade turísica. A
necessidade de construção de um hotel moderno que
respondesse ao desígnio turísico “de grande projecção”
que se previa para Albufeira era premente25.
Por outro lado a instalação da FNAT (Fundação
Nacional para Alegria no Trabalho), insituição pioneira
num novo conceito de férias e lazer, numa aniga fábrica
25
Folha de Domingo, n.º 2311, 23 de Agosto de 1959.
222 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
“THE SIXTIES”
A aividade turísica crescia em Albufeira, que
outrora fora descrita como pequena vila piscatória de
casario branco que descia até ao mar, o que fazia com
que fossem várias as propostas de melhoramentos
discuidas e votadas em reuniões de câmara,
relaivamente à urbanização de locais junto à praia de
Figura 4 Aspeto da construção do Hotel Sol e Mar. 26
Joaquim Antero Romero MAGALHÃES, in: Brochura da Comissão Municipal de
Anos 60, séc. XX. Coleção de Fotograias do Arquivo Toponímia de Albufeira – Rua Joaquim Magalhães, Câmara Municipal de Albufeira,
Histórico de Albufeira. Albufeira, 2008, p. 15.
PATRÍCIA BATISTA O TURISMO BALNEAR EM ALBUFEIRA: Uma história recente 223
EM JEITO DE CONCLUSÃO
Sem dúvida que os anos 60 marcaram o início
de uma nova vocação para Albufeira, que passou de
pequena vila piscatória para um desino turísico de
projeção internacional.
Face a esta dinâmica económica veriicaram-
se, também, alterações sociais e demográicas. Ao
longo das décadas seguintes a população de Albufeira
aumentou, face à oferta de emprego que o turismo
criava. No que respeita à comunidade de pescadores,
que complementava o sustento da família com o trabalho
sazonal (de Inverno) nas fábricas da vila, esta começa a
ver no turismo uma nova forma de ganhar a vida. Muitos
dos pescadores e suas mulheres eram os banheiros
que asseguravam o funcionamento da época balnear,
relegando a pesca a uma aividade de segundo plano.
30
In: Manuel da FONSECA, Crónicas Algarvias, Caminho, 2.ª Edição, Lisboa, 1987.
31
Alexandra Prado COELHO, “Para além do Caldeirão havia um Paraíso”, in: Revista
Pública de 05.07.09, p. 17.
PATRÍCIA BATISTA O TURISMO BALNEAR EM ALBUFEIRA: Uma história recente 225
BIBLIOGRAFIA
Fontes manuscritas
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Turismo.
AHA, Câmara Municipal de Albufeira, Acta de 21 de Abril, de 1937, Comissão Municipal de Turismo.
AHA, Câmara Municipal de Albufeira, Actas da Câmara Municipal, 1959-1962.
AHA, Câmara Municipal de Albufeira, Acta de Reunião de 21 de Setembro de 1962.
Fontes impressas
Folha de Domingo, n.º 2311, 23 de Agosto de 1959.
Estudos
COELHO, Alexandra Prado, “Para além do Caldeirão havia um Paraíso”, in: Revista Pública de 05.07.09.
FONSECA, Manuel da, Crónicas Algarvias, Caminho, 2.ª Edição, Lisboa, 1987.
GUERREIRO, Aníbal C., História da Camionagem Algarvia (de passageiros): 1925-1975 (da origem à
nacionalização), s.l., s.n., 1983.
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turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República, Centenário da República 1910-2010, Turismo
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MAGALHÃES, Joaquim Antero Romero, in: Brochura da Comissão Municipal de Toponímia de
Albufeira – Rua Joaquim Magalhães, Câmara Municipal de Albufeira, Albufeira, 2008.
MIGUÉIS, José Rodrigues, Escola do Paraíso, Estúdios Cor, Lisboa 1960.
ORTIGÃO, Ramalho, As Praias de Portugal. Guia do banhista e do viajante, Livraria Universal de
Magalhães & Moniz – Editores, Porto, 1876.
QUEIROZ, Eça de, O Crime do Padre Amaro, Edição Livros do Brasil, Lisboa, 2000.
PROENÇA, Raúl, Guia de Portugal II, Estremadura, Alentejo, Algarve - Apresentação de SANT’ANNA
DIONÍSIO, Texto que reproduz na integra a 1.ª edição publicada pela Biblioteca Nacional de Lisboa em
1927, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, s/d.
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Coord. Maria da Graça Maia MARQUES, Edições Colibri, Lisboa, 1999.
VAQUINHAS, Irene (Coord.), História da vida privada em Portugal – A época contemporânea, Dir.
José MATTOSO, Círculo de Leitores| Temas e Debates, Maia, 2011.
VENTURA, António, O Algarve visto pelos estrangeiros: séculos XII a XIX, Lex, Lisboa, 2005.
Infra-estruturas e Turismo
As vias de comunicação terrestres no
Algarve e a sua evolução nos úlimos 170 anos
Aurélio Nuno Cabrita
O CAMINHO DE FERRO
Somente trinta e três anos depois da inauguração
do primeiro troço de caminho de ferro em Portugal,
de Lisboa ao Carregado, a 28 de outubro de 1856, os
silvos da locomoiva se ouviram no Algarve. Na verdade,
embora a decisão de prolongar o caminho de ferro
do Sul até à região ivesse sido tomada nas sessões
parlamentares de 25 e 26 de junho de 1862 e a abertura
à exploração ixada, pouco depois, para 1 janeiro de
1869, a construção de tão desejável melhoramento
dilatar-se-ia no tempo, ao invés de outras regiões do
país.
Recorde-se que a linha ferroviária chegou a Beja,
vinda do Barreiro, em 15 de fevereiro 1864, aingindo
Casével a 20 de dezembro de 1870, que seria término
da linha do Sul durante 18 anos. A Casével passaram a
demandar os algarvios para aí tomarem o comboio para
Lisboa, como o recordaria, em 1909, o monograista
Ataíde Oliveira: “por esta estrada [Messines, S. Marcos,
Santana da Serra] transitamos algumas vezes, saindo de
Ourique a embarcar na estação de caminho de ferro em
Casével, antes d’essa via entrar no Algarve.”10
Se temos consciência que todo o trabalho era
braçal, sem recurso a maquinaria (tão-somente a
pólvora, picaretas, pás, alcofas, etc.), e que era forçoso
escavar outeiros, construir aterros, pontes e outras
9
Luís Filipe Rosa Santos, Os acessos a Faro e aos concelhos limítrofes na segunda
,
metade do século XIX, ed. do autor, Faro, 1995 p.9.
10
Francisco X. D’Athaíde Oliveira, Monograia de S. Bartholomeu de Messines, Livraria
Figueirinhas, Porto, 1909, p.105.
AURÉLIO NUNO CABRITA AS VIAS DE COMUNICAÇÃO TERRESTRES NO ALGARVE E A SUA EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 170 ANOS 233
AS ESTRADAS
João Baista da Silva Lopes referia, em 1841, que
as estradas no Algarve são “menos más na beira mar,
no barrocal porém peiores, e na serra péssimas”22.
As comunicações com o Alentejo eram “quasi
intransitáveis”, sendo a estrada por S. B. de Messines, São
Marcos e Santa Clara/Sabóia a melhor e a mais uilizada
pelos almocreves de Faro e Loulé (embora carecesse de
Real ao Algarve (1897), Câmara Municipal de Lagoa, Lagoa, 1997, p.37.
18
Branco e Negro, N.º 82, 24/10/1897, p.56.
19
Diário de Noícias, N.º 11437, 15/10/1897, p.1.
20
O António Maria, N.º 449, 28/10/1897, p.3.
21
Id., Ibidem.
22
João Baista da Silva Lopes, Corograia ou Memória Económica, Estaísica e
Topográica do Reino do Algarve, 2º volume, Algarve em Foco, Faro, 1988, p. 75.
236 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
27
Id., Ibidem, p.87.
28
Gazeta dos Caminhos de Ferro, N.º 238, 16/11/1897, p.1.
29
Luís Filipe Rosa Santos, Ob. Cit., p.134.
30
Gazeta dos Caminhos de Ferro, N.º 361, 01/01/1903, p.3.
238 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
31
Aurélio Nuno Cabrita, O Comboio no Algarve: Festejos e Inaugurações, Ob. Cit., p.14.
32
O Cruzeiro do Sul, Nº 5, 19/02/1903, p.1.
33
Id., Ibidem.
34
O Cruzeiro do Sul, Nº 21, 11/06/1903.
AURÉLIO NUNO CABRITA AS VIAS DE COMUNICAÇÃO TERRESTRES NO ALGARVE E A SUA EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 170 ANOS 239
39
O Heraldo, N.º 1240, 21/04/1906, p.1.
40
Id., Ibidem.
41
Id., Ibidem.
42
Id., Ibidem.
AURÉLIO NUNO CABRITA AS VIAS DE COMUNICAÇÃO TERRESTRES NO ALGARVE E A SUA EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 170 ANOS 241
AS ACESSIBILIDADES E O CONGRESSO
REGIONAL ALGARVIO EM 1915
Realizado na Praia da Rocha nos primeiros dias de
setembro de 1915, o Congresso Regional Algarvio reuniu
a elite da época, que debateu na sua especialidade o
presente e o futuro da região.43 A imprensa nacional
deu amplo destaque à iniciaiva pioneira no país,
onde as acessibilidades esiveram em evidência, ou
não fossem imprescindíveis para um Algarve que se
queria turísico. Agosinho Lúcio apresentou a tese
“Estradas”, arriscando airmar que o Alentejo e o
Algarve seriam as regiões do país mais parcas em
rodovias. Se o litoral da região era regularmente servido
de meios de comunicação, na serra estes eram “duma
pobreza”44 diícil de explicar. Paralelamente à costa
havia três estradas, todas incompletas: Sagres a Vila
Real de Santo António (faltava o troço Vila do Bispo
a Sagres); S. B. de Messines a Tavira; de Alcouim ao
Ameixial. De penetração norte/Sul: Lagos a Odeceixe,
também incompleta; Porimão a Monchique; Faro a
Barranco do Velho, bifurcando-se aqui para o Ameixial
e para Cachopo. Considerava o congressista não só
indispensável o término das vias inacabadas, como
proceder ao estudo de novos traçados.
Nessa ordem de ideias, o Algarve dispunha de
511 km de estradas construídas/em construção,
aproximadamente 192 km de vias projetadas e 148 km
de estradas não estudadas. O autor reputava desse modo
como urgente a concreização da via de São Marcos a
Monchique, que se prolongaria até Aljezur, considerada
benéica para o turismo e para a agricultura, assim como
a ligação de Aljezur a Vila do Bispo, da mesma forma
concluir a estrada de Aljezur ao Alentejo, permiindo a
ligação com Lisboa. Do lado oriental terminar a ligação do
Ameixial a Alcouim e de Cachopo a Marim Longo, que
concebia úil ao turismo oriundo do leste da Espanha,
que transitaria por Sanlúcar - Alcouim.
43
Aurélio Nuno Cabrita, “Há 100 anos, o Congresso Regional Algarvio fez a primeira
radiograia da região”, htp://www.sulinformacao.pt/2015/09/ha-100-anos-o-
congresso-regional-algarvio-fez-a-primeira-radiograia-da-regiao/, página consultada
em 06/10/2015.
44
Agosinho Lúcio, “Estradas”, Congresso Regional Algarvio 1915, Tipograia
Moralisadora, Lisboa, 1915, p.5.
242 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
45
Id., Ibidem, p.7.
46
O Século, N.º 12121, 05/09/1915, p.2.
47
A. de Vasconcellos Corrêa, “Caminhos de ferro do Algarve”, Congresso Regional
Algarvio, Gazeta dos Caminhos de Ferro, Lisboa, 1915, pp.1-14.
48
Thomaz Cabreira, “Tarifas ferro-viarias”, Congresso Regional Algarvio, José Soares &
Irmão, Lisboa, 1915, pp.1-4.
49
José Ribeiro da Silva e Manuel Ribeiro, Os comboios em Portugal, Terramar, Lisboa,
2009, p. 84.
50
Adelino Mendes, O Algarve e Setúbal, Guimarães & C.ª, Lisboa, 1916, p.1.
AURÉLIO NUNO CABRITA AS VIAS DE COMUNICAÇÃO TERRESTRES NO ALGARVE E A SUA EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 170 ANOS 243
51
O Século, N.º 12121, 05/09/1915, p.2.
52
Aurélio Nuno Cabrita, O Comboio no Algarve: Festejos e Inaugurações, Ob. Cit., p. 17.
53
O Século, N.º 14535, 29/07/1922, p.1.
54
O Século, N.º 14536, 30/07/1922, p.1.
244 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
62
Raul Proença, Guia de Portugal – Estremadura, Alentejo e Algarve, Biblioteca
Nacional de Lisboa, Lisboa, 1927, p.214.
63
José Luís Covita, Memórias de um século de autocarros a sul do Tejo, Scribe, Lisboa,
2012, p.118.
64
Aurélio Nuno Cabrita, “Salazar visitou pela primeira vez o Algarve há 81 anos”, htp://
www.sulinformacao.pt/2012/11/salazar-visitou-algarve81-anos, página consultada
em 06/10/2015.
65
Aurélio Nuno Cabrita, “Visita de Óscar Carmona ao Algarve em fevereiro de 1932:
a viagem entre Lisboa, Ferreira do Alentejo e Faro”, htp://www.sulinformacao.
pt/2012/04/visita-do-pr-oscar-carmona-ao-algarve-em-fevereiro-de1932-a-viagem-
entre-lisboa-ferreira-do-alentejo-e-faro/, página consultada em 06/10/2015.
66
Id., Ibidem.
246 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
74
Aurélio Nuno Cabrita, “O Aeroporto de Faro foi inaugurado há 50 anos – dos
primórdios à concreização”, htp://www.sulinformacao.pt/2015/07/aeroporto-de-
faro-foi-inaugurado-ha50-anos-dos-primordios-a-concreizacao/, página consultada
em 06/10/2015.
75
Arménio Aleluia Marins, “O Algarve está mais perto do país”, Jornal do Algarve, N.º
905, 27/07/1974, pp.1, 6.
248 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Algarve consituiu, até 1889, uma região remota
e estranha para a maioria dos portugueses. A chegada
do comboio veio permiir o acesso fácil a uma região
que, separada do Alentejo pela “intransponível” serra
algarvia, inha no mar e, consequentemente, no barco
o meio de transporte por excelência. Não obstante esta
contrariedade a construção da ferrovia dilatou-se pelo
tempo e o Algarve foi das úlimas regiões do país a ouvir
o silvo da locomoiva, uma obra que demorou mais de
duas décadas a concluir-se até Faro. No caso de Vila Real
de Santo António e Lagos seria necessário esperar mais
alguns anos, dezassete e trinta e três respeivamente.
Em termos de rodovia a situação não seria muito
diferente, iniciada na década de 1870, somente em
1932 o Algarve icou acessível de carro a parir de
Lisboa, pela estrada de Barranco do Velho. No contexto
regional as diíceis acessibilidades à serra prolongaram-
se praicamente aos nossos dias, enquanto no barrocal
e essencialmente no litoral estas foram implementadas
de uma forma mais célere. O desenvolvimento turísico
prognosicado em 1915, com o Congresso Regional
Algarvio, cujas conclusões os sucessivos governos
ignoraram, viria a ser uma realidade essencialmente a
parir da década de 1960, mas, mesmo assim, só em
1974 a região usufruiu de uma ligação rodoviária rápida
com Lisboa, com a conclusão da estrada de S. Marcos a
Ourique.
Convém salientar que o comboio foi o meio de
transporte terrestre por primazia até aos anos de 1980,
quando a rodovia o terá suplantado. Enquanto isso, já o
aeroporto, inaugurado em 1965, airmava o Algarve no
contexto europeu e mundial. Foi ainda de comboio que
se organizaram as primeiras excursões, fosse na própria
região ou a parir de Lisboa. Na década de 1930 surgem
também as excursões em autocarro, via Barranco do
Velho.
Não obstante o desenvolvimento potenciado pelo
turismo vaicinado em 1906, aquando da inauguração
do caminho de ferro em Vila Real de Santo António,
evidenciado no Congresso Regional, como referimos,
ou ainda, em 1922, na conclusão do ramal de Lagos,
AURÉLIO NUNO CABRITA AS VIAS DE COMUNICAÇÃO TERRESTRES NO ALGARVE E A SUA EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 170 ANOS 249
(…)
Lá dormem as nuvens
lá moram os ventos
e poisam estrelas
(…)
(…)
O sol traz com ele
os longes que viu
o mar é tão grande
do alto daquele
mirante algarvio.
(…)
Que lá vê a gente
a nau dos milagres
que é todo o Algarve e a
proa em São Vicente
e a bússola em Sagres
(A Fóia é a gávea.)
BIBLIOGRAFIA:
AAVV, Pousada de São Brás, Casa da Cultura António Bentes, Loulé, 2015.
GASCON, José António Guerreiro, Subsídios para a Monograia de Monchique, Algarve em
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CARRIÇO, Silva, Memória das Coisas, O Monchiqueiro-GDC, Loulé, 2008.
TORGAL, Adosinda Providência e FERREIRA, Madalena Torgal, Algarve todo o mar
(colectânea), Dom Quixote, Lisboa, 2005.
CABRITA, Aurélio Nuno, A crise no Algarve em 1934 e a visita de Oliveira Salazar, www.
sulinformacao.pt, (acedido em 16 de maio de 2015).
O aeroporto de Faro como infraestrutura
principal do desenvolvimento turísico da região
António Correia Mendes
Ano Passageiros
1. INTRODUÇÃO1
Os impactos económicos e sociais que as aividades
de turismo geram nas regiões têm sido, nas úlimas
décadas, amplamente estudados, com diferentes
objeivos e metodologias.
Essas análises podem ser centradas no impacto
de um projeto especíico de invesimento (eventos,
iniciaivas promocionais, novos serviços ou novas
infraestruturas), geralmente a nível local ou regional,
envolvendo insituições públicas ou privadas, e
desinam-se a apoiar o processo de decisão ou de
avaliação dos efeitos associados a essas escolhas
especíicas. Modelos econométricos, como a Análise
de Input-Output e modelos equilíbrio geral computável
(CGE), são amplamente uilizados para esses ins.
Dwyer et al (2004) apresentam uma revisão exausiva
da literatura sobre esta matéria. Os mesmos autores
analisaram igualmente o uso desses modelos com a
inalidade de avaliar os impactos do crescimento do
turismo noutros sectores económicos, designadamente
estudando os níveis regionais de emprego e rendimento
(Dwyer et al, 2003).
Numa perspeiva mais ampla, os impactos do
turismo podem também ser analisados por via dos seus
efeitos sobre o crescimento económico. A possibilidade
de entender o turismo como líder do crescimento
regional tem sido abordada numa ampla ipologia
de estudos, resumidos por Brida & Pulina (2010) e
Shubert & Brida (2011). Existe um consenso geral sobre
1
Este arigo retoma algumas das relexões e conclusões elaboradas em: Romão,
J:; Guerreiro, J.; Rodrigues, P. (2015) “Tourism growth and regional resilience:
the ‘BeachDisease’ and the consequences of the global crisis of 2007” (em
publicação).
266 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
3. METODOLOGIA
A análise realizada recorreu às informações
existentes (1995-2012) sobre o emprego e o valor
acrescentado bruto (VAB) regionais, variáveis que, para
simpliicar a análise, foram sectorialmente agregadas
em quatro sectores económicos:
Sector A correspondente à maioria dos produtos
transacionáveis, incluindo a agricultura, pesca,
indústrias extraivas e transformadoras;
Setor B correspondente à construção;
Setor C representando as aividades relacionadas
ao turismo e lazer, incluindo o alojamento, restauração,
transportes e comércio a retalho;
Setor D inclui os outros serviços não transacionáveis,
designadamente as aividades imobiliárias, tecnologias
de informação e comunicação, design, educação, artes,
cultura ou administração pública.
A análise da evolução do VAB regional permite
airmar que, na estrutura económica do Algarve, os
setores C e D eram já dominantes em 1995. Contudo,
a importância destes dois setores foi aumentando até
2012, a que correspondeu a uma diminuição signiicaiva
da importância do setor de bens transacionáveis (A).
Em termos de emprego, os sectores C e D também são
claramente dominantes, mas sua importância manteve-
se estável durante o período em análise. Na verdade,
admite-se que a construção (setor B) foi o setor que
absorveu os trabalhadores do setor A.
As informações relacionadas com a variação
regional do valor acrescentado bruto (VAB) entre 1995 e
2012, e do emprego entre 1995 e 2011 foram uilizadas
para esimar dois modelos Bayesianos de Auto-regressão
Vetorial (BVAR) a im de ideniicar os impactos cruzados
de cada setor económico nos outros2. Combinando os
resultados obidos em ambos os modelos é possível
ideniicar alguns impactos relevantes. Os dados
disponíveis (série anual desde 1995) impõem alguns
limites para o modelo que se aplicou, pelo que se optou
por reduzir os setores em análise a quatro grandes
áreas de aividade. Para garanir a validade dos modelos
esimados, estes foram sujeitos a vários testes de
diagnósico (de autocorrelação e heterocedasicidade)
para validação dos seus resultados.
2
A metodologia, a explicação do modelo e o desenvolvimento da análise estão
disponíveis em: Romão, J.; Guerreiro, J.; Rodrigues, P. (2015) “Tourism growth and
regional resilience: the ‘BeachDisease’ and the consequences of the global crisis of
2007” (em publicação).
JOÃO ROMÃO I JOÃO GUERREIRO I PAULO M. M. RODRIGUES O TURISMO COMO FATOR DE CRESCIMENTO REGIONAL: a noção de “BeachDisease” 273
4. RESULTADOS
Os resultados relevantes, esimados pelo modelo
BVAR, com base no emprego regional, são signiicaivos.
Considerando igualmente os resultados obidos por Capó
et al (2007b), é plausível esperar um impacto posiivo
do turismo (C) sobre os serviços não transacionáveis (D)
e um impacto posiivo desse setor sobre as aividades
de construção (B). Os resultados da análise realizada
sobre o Algarve conirmam essas expectaivas: é
possível observar que as aividades relacionadas com
o turismo (C) iveram realmente um grande impacto
posiivo sobre o emprego gerado pelas aividades de
construção (B) e, em menor medida, nos serviços não
transacionáveis (D). Além disso, este úlimo sector (D)
parece ter um forte impacto no sector da construção
(B) e também no turismo (C). Finalmente, o sector da
construção (B) tem impactos posiivos relevantes sobre
o turismo (C) e os serviços não transacionáveis (D).
Estes resultados revelam a existência de
mecanismos de reforço mútuo entre os três sectores
(construção, turismo e serviços não transacionáveis),
jusiicando a importância que, em termos de emprego
regional, eles adquiriram ao longo dos úlimos 20 anos,
em paralelo com o crescimento das aividades de
turismo. Os resultados também mostram que o setor
de bens transacionáveis (A) é completamente excluído
deste processo, não recebendo qualquer impacto
posiivo do desenvolvimento dos outros sectores da
economia regional e levando até a uma deterioração
do emprego na agricultura, na pesca e na produção
industrial.
Os resultados do modelo BVAR foram igualmente
trabalhados para o valor acrescentado bruto (VAB) da
região do Algarve. Detetou-se uma estrutura muito
semelhante com os impactos sofridos no emprego. Os
resultados mostram que as aividades relacionadas com
o turismo (sector C) têm um impacto posiivo sobre
o VAB criado pelo serviços não transacionáveis (D),
enquanto que os impactos sobre a construção não são
estaisicamente relevantes. No entanto, é mais uma
vez claro que o setor dos serviços não-transacionáveis
(D) gerou impactos posiivos sobre a construção (B) e
turismo (C), enquanto a construção (B) gerou impactos
posiivos sobre o turismo (C) e nos serviços não
transacionáveis (D).
Assim, é possível concluir que os mecanismos de
reforço mútuo entre a construção, o turismo e os serviços
não transacionáveis, anteriormente ideniicados para
274 PROMONTORIA MONOGRÁFICA HISTÓRIA DO ALGARVE 02
5. CONCLUSÃO
Estes resultados revelam uma distorção importante
da economia regional do Algarve, decorrente da
importância do turismo e dos seus impactos, com
consequências negaivas na estrutura económica,
agravada após o choque externo negaivo (neste caso, a
crise internacional que ocorreu após 2007). Na verdade,
o crescimento conínuo do turismo registrado nas duas
décadas em análise não teve efeitos signiicaivos sobre
a produção de bens transacionáveis na região (incluindo
neste grupo a agricultura, a pesca, o processamento
de alimentos e outras aividades industriais, como a
construção naval) setores que iveram, no passado, uma
signiicaiva expressão na região e que registam, ainda,
um elevado potencial (recursos, conhecimento).
Os referidos resultados sugerem que as
preocupações expressas pelo Capó (2007b) para o
futuro desenvolvimento das regiões espanholas das
Canárias e Baleares (altamente especializada em
aividades de turismo) podem ser ideniicados na
situação atual da região do Algarve. Na verdade, a
concentração dos efeitos posiivos do turismo sobre
o emprego dos serviços não transacionáveis e das
aividades de construção está ligada a um processo
dinâmico de evolução da economia regional em que
estes três setores se foram alimentando uns aos outros
ao longo dos úlimos 20 anos. De uma forma muito
semelhante, estes efeitos são também observados
quando analisamos o VAB regional.
Como resultado, o setor da construção assumiu
uma importância crescente na estrutura de emprego
regional durante estas duas décadas, reconhecendo-se
JOÃO ROMÃO I JOÃO GUERREIRO I PAULO M. M. RODRIGUES O TURISMO COMO FATOR DE CRESCIMENTO REGIONAL: a noção de “BeachDisease” 275
BIBLIOGRAFIA
Agradecimentos:
Este texto beneiciou de inanciamento proporcionado pela Fundação para a Ciência e para a
Tecnologia no âmbito do projeto UID/SOC/04020/2013.
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NOTAS SOBRE OS AUTORES
A few notes about the authors
VÍTOR JOSÉ CABRITA NETO
[email protected]
Passou a infância em S. Bartolomeu de Messines Spent his childhood in São Bartolomeu
e, em 1953, foi para Faro coninuar os estudos liceais. de Messines and, in 1953, coninued
secondary studies in Faro. In 1961 he entered
Em 1961 ingressou no Insituto Superior Técnico, em the Insituto Superior Técnico in Lisbon, having
Lisboa, tendo assisido e paricipado nas manifestações paricipated in student manifestaions at the
estudanis da época. Viveu 11 anos em Itália, onde se ime. He lived for 11 years in Italy, where he
matriculou na Universidade de Génova. Regressou enrolled at the Universidade de Génova. He
returned to Portugal ater the April 25, 1974.
a Portugal após o 25 de Abril de 1974. É desde 1989, Since 1989, he is the Chairman of the Board
presidente do Conselho de Administração do grupo of Directors of the business group “TEÓFILO
empresarial “TEÓFILO FONTAINHAS NETO” (Algarve) FONTAINHAS NETO” (Algarve)-agro-industrial
- sectores agro-industrial, distribuição, imobiliária e sectors, distribuion, real estate and
tourism. In November 1997, he was invited
turismo. Em Novembro de 1997, foi convidado para to Secretary of State for tourism, a post he
Secretário de Estado do Turismo, cargo que ocupou até held unil April 2002, in the thirteenth and
Abril de 2002, nos XIII e XIV Governos Consitucionais. Fourteenth Consituional Governments.
Foi Deputado na IX Legislatura, pelo círculo eleitoral He was a Deputy in the 9th parliamentary
assembly, elected for the circle of Faro. In
de Faro. Foi disinguido, em 2005, pelo Presidente da 2005, he was awarded by the President of
República com a Ordem do Infante D. Henrique, grau the Republic with the order of Infante d.
Grande Oicial. É Presidente da NERA (Associação Henrique, Grand Oicer degree. Nowadays,
Empresarial da Região do Algarve) e da Comissão he is President of NERA (Business Associaion
of the Algarve) and vice-president of the
Organizadora da Bolsa de Turismo de Lisboa e Vice- Industrial Portuguese Associaion. He is the
presidente da Associação Industrial Portuguesa. É ainda Italian Honorary Councillor at Faro.
cônsul honorário de Itália em Faro.
JOSÉ GAMEIRO
[email protected]
Is the Museu de Porimão´s Scieniic Director Cieníico do Museu de Porimão.
Director. Has a Masters Degree in “Gestão Mestre em “Gestão e Administração do Património
e Administração do Património Cultural” by
the Universidade do Algarve and a Degree in Cultural” pela Universidade do Algarve e Licenciado
Artes-Plásicas by the Faculdade de Belas-Artes em Artes-Plásicas pela Faculdade de Belas-Artes, da
- Universidade de Lisboa. Universidade de Lisboa.
Founding member of the Rede Membro fundador da Rede Portuguesa de Museus
Portuguesa de Museus (RPM) and Rede de
Museus do Algarve (RMA) and part of the (RPM) e da Rede de Museus do Algarve (RMA), pertence
ICOM-Portugal Board of Directors. à Direcção do ICOM-Portugal (2014 / 2017)
Member of the Secção de Museus, É membro da Secção dos Museus, da Conservação
da Conservação e Restauro e do Património e Restauro e do Património Imaterial (SMUCRI), do
Imaterial (SMUCRI),of the Conselho Nacional
de Cultura. Conselho Nacional de Cultura
President of the Jury of the Prémio Presidente do Júri do Prémio Museu Europeu do
Museu Europeu do Ano and Museu Conselho Ano e Museu Conselho da Europa (EMYA / EMF).
da Europa (EMYA/EMF). Tem exercido as funções de museólogo, formador
Has been working as museologist,
museology and industrial heritage area teacher, e professor nas áreas da museologia e do património
responsible for the exhibiions coordinaion industrial, sendo responsável pela coordenação e
and organizaion, as well as other projects and programação das exposições, projectos e parcerias do
partnerships of the Museu de Porimão. Museu de Porimão.
ANA RAMOS
[email protected]
Has a Degree in Antropology by the Licenciada em Antropologia pela Faculdade de
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
of the Universidade Nova de Lisboa and
Postgraduated in ‘Heritage and Ideniies’ Lisboa e Pós-Graduada no Mestrado “Patrimónios e
from the Insituto de Ciências do Trabalho e Identidades” no Instituto de Ciências do Trabalho e da
da Empresa (ISCTE). Empresa (ISCTE).
Antropologist in the Museu de Técnica Superior de Antropologia do Museu de
Porimão since 2000, developing invesigaion
works in several local themes, especially on Portimão, desde o ano 2000, onde tem desenvolvido
the coastal and industrial regional aspect, in trabalho de investigação em várias temáticas locais,
ariculaion with the museological area and com incidência especial para a vertente marítima e
the museum´s educaional service. industrial do concelho e em articulação com a área
Member of the Grupo de Trabalho do
Património Cultural Imaterial, of the Rede de museográfica e o serviço educativo do museu.
Museus do Algarve (RMA-PCI). É membro do Grupo de Trabalho do Património
Cultural Imaterial, da Rede de Museus do Algarve
(RMA-PCI).
de invesigação de âmbito nacional e internacional, paricipated and led naional and internaional
versando temas de Arqueologia romana e de valorização research projects on Roman archaeology
and Cultural Heritage enhancement. He has
do Património Cultural. Tem cerca de setenta ítulos around 70 itles published, including books
publicados, entre livros, colaborações em obras and collaboraions in collecive works and
coleivas e revistas cieníicas do país e do estrangeiro. scieniic journals in Portugal and abroad.
LUÍS GUERREIRO
[email protected]
Has a degree in Civil Engineering by Licenciado em Engenharia Civil pelo Insituto
the Insituto Superior Técnico. Works in the Superior Técnico. É quadro superior da Câmara
Câmara Municipal de Loulé as Coordinator
of the Gabinete de Eventos, Comunicação Municipal de Loulé, desempenhando actualmente
e Imagem, and is responsible for the as funções de Coordenador do Gabinete de Eventos,
organizaion of the Carnaval de Loulé. Up Comunicação e Imagem, responsável pela organização
unil the end of 2013 was Chief of the Divisão do Carnaval de Loulé. Até ao inal de 2013 foi Chefe de
de Cultura e Turismo. Board of Directors
Chairman of the Fundação Manuel Viegas Divisão de Cultura e Turismo. Presidente do Conselho de
Guerreiro. President of the General Meeing Administração da Fundação Manuel Viegas Guerreiro.
of the CEUPA- Cooperaiva Proprietária of Presidente da Assembleia Geral da CEUPA – cooperaiva
INUAF- Insituto Universitário D. Afonso III. proprietária do INUAF- Insituto Universitário D. Afonso
Has several professional courses related with
his public acivity. Paricipated in various III. Possui vários Cursos de formação proissional
Meeings and Congresses. Cooperates relacionados com a sua acividade pública. Tem
regularly with local and regional press. Has paricipado em vários Encontros e Congressos. Colabora
several invesigaion works published. Is an regularmente na imprensa local e regional. Tem alguns
algarve related book bibliophile, with one of
the biggest private document collecions. trabalhos de invesigação publicados. É biblióilo acerca
da região do Algarve, possuindo um dos maiores acervos
documentais privados.
CRISTINA FÉ SANTOS
[email protected]
Bachelor´s degree in Occupaional Tem o curso de Terapia Ocupacional, da Escola
Therapy from Escola Superior de Saúde do Superior de Saúde do Alcoitão. Posteriormente,
Alcoitão. Later graduated in Cultural Heritage
and did a Master´s degree in Portuguese Art licenciou-se em Património Cultural e fez o Mestrado
History from the Universidade do Algarve. em História da Arte Portuguesa, pela Universidade
Author of a book about the Sanatorium do Algarve. Foi responsável por uma obra sobre o
of São Brás de Alportel, published by D. Sanatório de São Brás de Alportel, publicada pela D.
285
Quixote. Foi da sua lavra a invesigação e o catálogo Quixote. Was also responsible for there
da Exposição permanente do Laboratório Regional de search and the catalogue of the permanent
exhibiion of the Laboratório Regional
Saúde Pública do Algarve Dra. Laura Ayres, assim como de Saúde Pública Dra. Laura Ayres in the
colaborou na exposição “Espaço-Memória” sobre o Algarve, as well as collaborated on the
Ex-Sanatório Carlos Vasconcelos Porto em São Brás de “Space-Memory” exhibiion, on the former
Alportel, localizada no CMRSul. Integrou a Comissão Sanatorium Carlos Vasconcelos Porto in São
Brás de Alportel and located in CMRSul.
Coordenadora da Promontoria Monográica – História Paricipated in the Coordinator Comission
do Algarve, dedicada à História da Saúde no Algarve, of the magazine Promontoria Monográica
onde também publicou dois arigos. Foi coordenadora e – História do Algarve, dedicated to the
co-autora do livro Pousada de São Brás: 1944-2014. Tem Algarve ´s Health History, with 2 aricles
published. Coordinator and co-author of the
colaborado com diversas insituições em acividades book Pousada de São Brás: 1944-2014. She
ligadas à área do património. Actualmente, trabalha no has collaborated with several insituions in
Hospital de Faro, como técnica superior no Gabinete de heritage related aciviies. Currently works
Recursos Humanos. in Hospital de Faro in the Human Resources
Department.
ALBERTO STRAZZERA
[email protected]
Nascido em 1942, com formação académica em Was born in 1942, with academic
Línguas e Literaturas Modernas, ingressou no mundo training in Literature and Modern Languages.
He entered the world of tourism in 1966,
do turismo em 1966, depois de frequentar o primeiro ater atending the irst course of the Hotel
School of the Algarve. Acquired professional curso da Escola de Hotelaria do Algarve. Adquiriu
experience in diferent 4 and 5 star hotels in experiência proissional em diferentes hotéis de 4 e 5
Portugal, England and France, and lived for
several years in Germany, Italy and Spain. estrelas em Portugal, Inglaterra e França, vivendo ainda
He returned to Portugal to take over the na Alemanha, Itália e Espanha. Regressa a Portugal
direcion of a four star hotel in the Algarve. para assumir a direcção de um hotel de quatro estrelas
In 1980, he changed from Hospitality to no Algarve. Em 1980 troca a hotelaria pelas agências
the Travel Agencies sector as sales director,
acing mainly on contracing with foreign de viagens na função de director comercial, actuando
tour operators. In 1983 he was registered in principalmente na contratação com tour operadores
the Naional Board of Tourism of Portugal as estrangeiros. Registado na Direcção Geral de Turismo
Director of Hotel and as Technical Director of de Portugal como Director de Hotel, em 1983 e como
Travel Agencies since 1988, paricipated in
various courses, seminars and internaional Director Técnico de Agência de Viagens desde 1988,
congresses. He was invited to teach irst at paricipa em vários cursos, seminários e congressos
the Hotel School of the Algarve since 1980 internacionais. Convidado para leccionar primeiro na
and ater on E.S.G.H.T of Algarve’s University Escola de Hotelaria do Algarve desde 1980 e depois na
on a part-ime basis since 1993. From 2000
on he dedicated exclusively to academic E.S.G.H.T da Universidade do Algarve a tempo parcial
teaching, having concluded the Master at the desde 1993, acaba, a parir de 2000, por se dedicar
University of Huelva about “The European exclusivamente ao ensino académico, tendo ainda
Tour Operators. Origins, Development and concluído um Mestrado na Universidade de Málaga
Inluence among Tourist Desinaions.”
sobre “Los Tour Operadores Europeos. Surgimiento,
Desarollo e Inluencia en los Desinos Turísicos”.
Anigo Diretor do Aeroporto de Faro 2002-2015 Former Faro Airport Director 2002-
2015
JOÃO ROMÃO
[email protected]
Professor at Universidade Lusíada Professor Auxiliar da Universidade Lusíada (Lisboa).
(Lisboa). Researcher at CIEO (Universidade Invesigador do CIEO (Universidade do Algarve).
do Algarve). Consultant in Tourism, Regional
Development, Urban Planning and Project Consultor nas áreas do turismo, desenvolvimento
development. PhD in Tourism (Universidade regional, planeamento urbano e desenvolvimento de
do Algarve) and Master in Economics and projetos. Doutor em Turismo (Universidade do Algarve)
Science and Technology Management e Mestre Economia e Gestão da Ciência e Tecnologia
(Universidade de Lisboa). Fellow Researcher
at the Department of Spaial Economy (VU (Universidade de Lisboa). Invesigador visitante no
Amsterdam, Netherlands), the Hokkaido Departamento de Economia Espacial (VU Amsterdam,
University (Japan) and the Yale University Netherlands), na Hokkaido University (Japan) e na Yale
(U.S.A.). University (USA).
JOÃO GUERREIRO
[email protected]
Full Professor at the University of Professor Catedráico da Universidade do Algarve
Algarve. Researcher at CIEO and Scieniic (Faro). Invesigador do CIEO e Assessor Cieniico do
Adviser for the CRIA (Universidade do
Algarve). PhD in Economics and Master CRIA (Universidade do Algarve). Doutor em Ciências
in Rural Planning (CIHEAM, Paris). Former Económicas (Economia Agrária) e Mestre em Ordena-
Rector of the Universidade do Algarve (2006- mento Rural em função do Ambiente (CIHEAM, Paris).
2013). Ex-Reitor da Universidade do Algarve (2006-2013).
PAULO M. M. RODRIGUES
[email protected]
Senior Economist at the Department Economista Sénior do Gabinete de Estudos Econó-
of Economics Studies, Bank of Portugal. Pro- micos do Banco de Portugal. Professor de Econometria
fessor of Econometrics at the Nova School of
Business and Economics (Universidade Nova da Nova School of Business and Economics (Universi-
de Lisboa, Lisboa). Was awarded a Jean Mon- dade Nova de Lisboa, Lisboa). Obteve uma bolsa Jean
net Scholarship from the European Insitute Monnet do Insituto Europeu de Florença. Invesigador
of Florence. Fellow Researcher at the Insi- visitante no Insituto de Estudos Avançados (Vienna,
tute of Advanced Studies (Vienna, Austria),
at the Briish Columbia University (Vancou- Austria), na University of Briish Columbia (Vancouver,
ver, Canada) and at the Navarra University Canada) e na Universidad de Navarra (Espanha).
(Spain).
Com o apoio de: