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Ambiental 2

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DOL- DESENSOLVIMENTO SUSTENTÁVIL E DIREITOS INDIVIDUAIS

UNIDADE I

Atualmente, a humanidade apresenta forte preocupação com as questões


ambientais. No sentido restrito, utilizamos o termo “ambiente” para nos referirmos aos
aspectos da natureza, como a água, as plantas, os “animais”; mas consideramos a
“sociedade” como algo à parte, como se não houvesse um elo entre ambos.
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemente de outras
espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao outro, fazendo com que se
estruture uma pirâmide social o que, em determinados momentos, acarreta
discriminação.
Não existe diferença entre sociedade e ambiente: ser humano e o seu meio
constituem algo mútuo e unitário. A compreensão é aparentemente simples, mas torna-
se complexa ao tentarmos colocá-la em prática.
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar esse
discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensibilização social, não
se restringindo à conscientização. Sensibilizar a população às questões socioambientais
procura estimular seu engajamento e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente
de melhor convívio. 
Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restrita às
relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambiental realizada. Para
melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção do conhecimento e o
desligamento histórico entre sociedade e ambiente são formas de trabalho. Dessa forma,
o trabalho é o produto dos fenômenos e da relação entre sociedade e natureza, que
procura atingir alguma meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia.
Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos com
o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem. Compreender
esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de diversas áreas –
humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz uma forma de construção
de conhecimento – nem sempre convergente –, e essa contradição, ou contraposição de
ideias tem a capacidade de formar novos conhecimentos. É o que se
denomina dialética.

SOCIOAMBIENTAL/AMBIENTAL
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as
relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem como
produto o trabalho.
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um
equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois durante
séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: ora, a
sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre no sentido
inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi fundamental para o
surgimento de determinadas ciências, como a Geografia.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o
conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos para que
ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pensamento, denominada determinista, foi
elaborada por Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideologias de Hitler para o
nazismo, sendo esse um dos primeiros relatos escritos sobre a implementação das
questões sociais sobre o ambiente.

MEIO AMBIENTE

Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais.


Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos a
palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e, devido à interligação
existente, não se deve realizar essa inferência. Por muitos anos, as questões ambientais
foram abordadas nos seus aspectos físicos.
Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e abrangente na
discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo doutrinados) a dividirmos o
conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser usualmente empregado
para o estudo das questões físicas ambientais.

ÁREAS DEGRADADAS

Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é a


degradação ambiental. O termo é empregado principalmente para estudos de solos e
ecossistemas.
As atividades humanas, principalmente de industrialização, agricultura, pecuária,
e mineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do solo, por meio do
lançamento de rejeitos, como elementos químicos tóxicos. Ao dizermos que uma área
é degradada, ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente poluídas
e requerem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento
de solos, afluentes e reflorestamento.
No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são
constantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de
nanopartículas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, a
recuperação de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de
patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma série de
profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores, biólogos e afins.

DESERTIFICAÇÃO
 
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das
Nações Unidas (ONU). 
A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às
mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degradação de tal
forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fazendo surgir
áreas áridas e semiáridas.
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano,
alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países como
os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de adquirir lucros, contestando
a existência de áreas em processo de desertificação em seu território. No entanto,
atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos países com tendências ao
processo de desertificação, que podem ser encontrados nas Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região
Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, que se
encontra em processo avançado. A utilização das técnicas de agricultura por inundação,
associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração devido às condições
climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de sais no solo, tornando-o
improdutivo e causando abandono das áreas. As pesquisas estão concentradas nos
aspectos de impactos socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema.
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores sociais
são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um impacto direto na
produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos moradores. Nesse
processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo a região responsável por
produzir alimentos para outros municípios, estados e afins, o processo ocasionará
desabastecimento e prejudicará milhares de famílias. Fatores como esses ressaltam a
preocupação das entidades governamentais sobre o tema.
EFLUENTES
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são os
efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas atividades
do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água é denominado afluente; e
a “saída”, denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como
gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de grande
discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lançados em aquíferos,
um dos principais problemas é a carga microbiana existente no material, que ocasiona
sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento e manutenção da vida aquática.
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capacidade de
se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres humanos, por
meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e monitoramento
constante, por meio de análises químicas que atendem às legislações ambientais.
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente pela aplicação de
carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização de organismos vivos,
como plantas aquáticas, para realização de tratamentos. O propósito, porém, vai além do
tratamento, e busca a reutilização para fins de serviços gerais ou alguma etapa de
processo produtivo.
No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas
em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscar
soluções.

BIOENERGIA

As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarretaram


mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia tornou-se
crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro. Não somente a falta, mas
também a intenção dos países em melhorar suas condições ambientais proporcionaram o
avanço de pesquisas e implementação de fontes limpas e renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de
impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa.
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível de
impacto: o que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem
particulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os
hidrocarbonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde.
Estudos apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais
sustentáveis, com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma
constante atenção e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de
energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da soja
e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais importantes.
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e eólica
apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, principalmente de
aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses modais energéticos
também é outra problemática. Compreender tais problemas é importante para
entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia sustentável, há alguma forma
de impacto. 

ECONOMIA VERDE

Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram


um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de
trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na
criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é denominado
de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte de
empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra restrita
à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucratividade,
com diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates e participa
da agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente reestruturando suas
linhas produtivas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores públicos têm
uma tendência em incentivar essa transição, principalmente para atingir as metas
propostas em acordos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São
mudanças que devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo
seu bem-estar, sem ocorrência de danos.

PADRÕES DE CONSUMO

Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e


essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer
produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do
ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas. 
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de
recursos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre
padrões de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e
descarta seus bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo
consciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se
aprendeu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma
mudança nessa forma de pensar é complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de
mudança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já que
a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá ocorrer uma
queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendimento para questões
básicas e essenciais de manutenção diária.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser esclarecida,
que é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável – um dia poderá ser
de sol, e o outro é de chuva. Já o clima é uma observação das modificações do
tempo numa faixa mínima de 30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande
modificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar
sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exemplo,
podem apresentar constante aquecimento.
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da
problemática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e
ocasionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse
processo é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temática.
Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aquecimento
natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no contexto
histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de glaciação e
deglaciação.
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasionados
ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os principais
responsáveis por esse processo atualmente.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que


ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da emissão
de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas também é usualmente
empregada nessa temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é
considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnológicas
sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas as classes
sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso dessa temática, devido
à necessidade de melhorar a qualidade de vida da população, em uma tentativa de
diminuir as desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos
investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substituição parcial, ou
total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies devem ser imediatamente
interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar um desequilíbrio no sistema
ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão sendo gradativamente postas em
práticas, principalmente por países europeus; entretanto, muito ainda precisa ser
realizado.

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO

Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados


totalmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, em
que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se trata
de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fomentando
indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com legislações
que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo como punição
de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de ser
erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso de
empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, são situações
encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as áreas protegidas têm
riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e afins, cobiçadas por grandes
empresas devido às diversas aplicações. Uma face esquecida é a riqueza da
biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, em alguns casos, pouco
conhecidas e estudadas.

ECOLOGIA, ECOSSISTEMAS E BIOMAS

A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com
seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o
entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou
genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. 
São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados casos,
anos de pesquisas para obtenção de resultados.
O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com características
(climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem definidas. No
território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga,
Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e abióticos, e se
propõe estudar suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante utilizado e
estudado pelos ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informação também
têm-se apropriado dessa terminologia.
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos
debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, empresas e
instituições universitárias, visando à construção e implementação de parques
tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo das engenharias,
informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.

EQUIDADE SOCIAL

A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua relação
com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.

O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar


erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua aplicação
ampliada: a equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e
afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso,
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da justiça.

SEGURANÇA ALIMENTAR 

Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição


de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanismos
produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas entidades
governamentais, é denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles
voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está
relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como
obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são
relacionadas à segurança alimentar.

RESÍDUOS SÓLIDOS

Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho


efetivo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes
como cidadãos são importantes, pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco
executado na sociedade.

RACISMO ESTRUTURAL
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de
respeito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas.
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determinado grupo
social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século. Essa trajetória
histórica, que põe em prática uma cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma
negativa, sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
HISTÓRICO DOS DEBATES A RESPEITO DE ÉTICA E
RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL E NO MUNDO

Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os


dias.
As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, sendo
eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover ações que
terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmicos e as
universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as Ciências
Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas. 

UMA VISÃO DE ASPECTO MUNDIAL

O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria
exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática.
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de
pensamento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe
operária, e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam
nas mãos dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx
também contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que
se alastravam pela Europa.
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe operária
procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava atrelado,
também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência de mão de obra e
fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. Essas perspectivas levaram
os operários a lutar e a construir sindicatos, reconhecidos pelo parlamento inglês
após várias lutas, que também resultaram no surgimento de movimentos grevistas.
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social foi
peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções de
mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preocupações
com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pautas ambientalistas.
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma
importante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de
armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o
respeito à natureza, homossexualidade, preconceito racial e consumo consciente,
dando margem a outros debates pouco comentados naquele período.

O BRASIL NO CAMINHO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia,


novos debates surgiram.
A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas
anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de expressão e de
imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os problemas sociais,
principalmente relacionados à pobreza, existentes devido à liberdade dos
pesquisadores das ciências humanas definirem seus estudos sem a ocorrência de algum
tipo de retaliação.
A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribuição
e posse de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que se imagina,
esse grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo abastecimento
alimentício nacional. As grandes lavouras, as agroindústrias, têm foco na
manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um dos principais
centros do agronegócio mundial.

MOVIMENTOS MUNDIAIS

Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde


A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências
graves para humanidade. 
O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente. Além da
morte de milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem acesso a alimentos e
suprimentos de necessidades básicas. Fatores como esses impulsionaram o problema da
fome existente em diversos países do mundo, mesmo anteriormente à guerra, e fizeram
com que surgisse uma visão agrícola denominada Revolução Verde. Entre os
períodos de 1960 e 1970, países como Estados Unidos e México procuraram
implementar tecnologias que acelerassem a produção agrícola.
Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas
ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo corriqueiro.
Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem como
avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam protocolos
seguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apresentassem
divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles realizado por
Rachel Carson em 1962, denominado Primavera silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de
pesticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde humana,
foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. Mesmo
sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os impactos
desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, que,
obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o
desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com níveis
mais baixos de impactos ambientais.

CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO

O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O


relatório produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento
rápido da população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as
necessidades. 
Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com chefes
de Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais, denominada
Conferência Mundial do Homem e do Meio Ambiente, popularmente conhecida
como Conferência de Estocolmo.
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível
escassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram debatidas
no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que promovia ações
ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a primeira vez que as
entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, com os aspectos
ambientais. 

A CRIAÇÃO DO PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇAS


CLIMÁTICAS (IPCC) 

As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das instituições


governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do IPCC –
Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a
mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões
econômicas).

PROTOCOLO DE QUIOTO

Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o


Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada apenas
no ano de 2005.
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida
no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de gases do
efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera.
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de
CO2, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de
carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em forma de
certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mercado internacional.

ECO 92 E RIO +20

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente


conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos temas
ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) de todo o
planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir um plano
de ação para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o início da ascensão global das
discussões sobre os problemas ambientais, tendo como foco a busca por alternativas de
solução. Assim como o relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para elaboração do
Protocolo de Quioto.
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a
reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também teve como
foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e buscou formas de
soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a intensificação dos debates
voltados à implementação da economia verde.
CÚPULA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos,


com o objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento sustentável
até o ano de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados ODS (Objetivos para
o Desenvolvimento Sustentável). No encontro, também foram discutidas as ações
propostas durante a Rio +20.

MARCOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

O primeiro registro da institucionalização da educação ambiental no Brasil


ocorreu em 1973, com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA). A
SEMA pode ser considerada o início do processo de conscientização da sociedade
brasileira sobre a necessidade de preservação do meio ambiente para a
manutenção e melhoria da qualidade de vida. 
Com a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) pela Lei
Federal n. 6.938/81, foram explicitados conceitos relacionados à conscientização
ambiental e à promoção da educação ambiental em diferentes níveis de ensino e
setores da sociedade (art. 2°, caput, X). Assim, podemos considerar que a PNMA
foi o primeiro marco da educação ambiental formal no País.
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à
vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: [...]X -
educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do
meio ambiente.

A Constituição do Brasil de 1988 reforça a consolidação da EA no País ao


definir, no artigo 225, o direito de todos ao acesso de um ambiente ecologicamente
equilibrado e, em seu inciso VI, a necessidade de promoção da EA, ao menos no
contexto educacional ou formal:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º Para assegurar a
efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]VI - promover a
educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente.

Note que temos em nossa Constituição Federal, portanto, explicitamente a


definição de que a promoção da educação ambiental deve ser responsabilidade do
poder público. Porém, vale observar que a obrigatoriedade do Estado em
estabelecer as bases da EA no contexto formal não dispensa a participação social
no processo de conservação e proteção ambiental.
A Conferência, Earth Summit, ou Eco-92, possibilitou a adoção do Tratado de
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Já a
Agenda21 reforça a perspectiva de atribuição de poder aos grupos comunitários e,
com o apoio do Ministério da Educação na Rio-92, foi produzida a Carta Brasileira
para Educação Ambiental, que, entre outras coisas, reconhece ser a educação ambiental
um dos instrumentos para viabilizar a sustentabilidade como estratégia de sobrevivência
do planeta e da manutenção da vida humana. Infelizmente, a Carta já admitia a
existência da lentidão de produção de conhecimentos e a falta de comprometimento dos
gestores públicos em relação à fiscalização da legislação de um modelo educacional que
não resolve as reais necessidades do País.

A Agenda 21, definida pela ONU na Eco-92, reafirma, dentre outros princípios básicos,
a reorientação da educação a um desenvolvimento ambientalmente sustentável e o
aprofundamento da conscientização pública. Em consonância com esta, em 2015 criou-
se a Agenda 2030, um plano de reafirmação das metas estabelecidas em 1992 que
também dá continuidade aos esforços das agora 192 nações que fazem parte do tratado. 

Posteriormente, a Lei n. 9.795/1999 instituiu a Política Nacional de


Educação Ambiental no País. Em uma análise inicial, podemos perceber que a
PNEA é resultado de inúmeras ideias debatidas em diversos eventos nacionais e
internacionais a cerca das questões ambientais. Em especial, pode ser percebida
em seu texto a adoção de conceitos apresentados pela Carta de Belgrado. Assim, a
determinação da responsabilidade do poder público se dá de forma concorrente
(nas esferas de poder federal, estadual e municipal), também com o intuito de
incentivar a ampla participação das organizações não governamentais (ONGs) e de
toda a sociedade na elaboração e execução de programas de educação ambiental.
BASE CONCEITUAL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Primeiramente, para definir as bases conceituais da educação ambiental, é necessário
ressaltar que ao longo do aprimoramento dessa ferramenta percebeu-se que o público a ser
considerado, na realidade, é toda a sociedade. Assim, enfatizamos que a EA é considerada
formal quando aplicada em qualquer nível da educação formal (estudantes, professores e
funcionários de escolas, universidades e institutos). Adicionalmente, a educação não formal
engloba campanhas, projetos e outras atividades práticas que envolvem diferentes grupos
populacionais (trabalhadores, gestores públicos e agricultores, por exemplo). Assim, a PNEA
definiu a educação ambiental e destacou a importância do desenvolvimento de práticas
educativas voltadas à sensibilização e à organização da coletividade sobre questões ambientais.
No art. 1º da PNEA, a definição de educação ambiental é apresentada:
Art 1º. Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

No art. 2º, a PNEA complementa que a educação ambiental é “um componente


essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, deforma
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal
e não-formal”.Por fim, a PNEA define como princípios básicos da EA:

Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:


I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque
da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectivada inter, multi e
transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e
globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e
cultural.

Assim, a Lei n. 9.795/1999 instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental


(PNEA), apresentando conceitos e definições. Desta forma, podemos sintetizar que o
público-alvo da EA são tanto os integrantes da educação formal quanto os da não
formal. Ressalta-se que os objetivos de ensino em ambientes formais são construir
conhecimento científico e desenvolver a relação dos alunos coma natureza por meio de
pedagogias de aprendizagem ativa, como trabalho decampo e experiências ao ar livre.

Observe que a informação ambiental deve possuir qualidade e não ser


tendenciosa em sua transmissão; mas é a EA que define como essencial o aumento
da consciência pública ambiental a partir de ensinamentos contínuos de
pensamento crítico, reforçando as habilidades individuais e a análise de fatos
utilizando o raciocínio lógico.
Outra distinção que cabe em uma breve análise é acerca da educação de forma
mais ampla e sua comparação com a EA. É consenso que a educação, além de instruir,
já traz em si o conceito de propiciar o desenvolvimento da capacidade crítica e o senso
de responsabilidade.
De fato, podemos considerar que ambientalismo não é uma opção, mas uma
responsabilidade e um aspecto fundamental para a construção de uma sociedade coesa e
que respeita as leis de proteção do ambiente que ocupa). Isso se refere às
responsabilidades de proteção ambiental, mas também em compreender minimamente
como os ciclos ocorrem: na extração de recursos naturais, na geração de resíduos, na
produção agrária e/ou industrial, entre outros. 
Tendo em vista o desenvolvimento necessário para sociedades mais sustentáveis,
os cidadãos precisam ser apoiados e ensinados a superar quaisquer lacunas ou desafios
importantes para integrar esta sociedade sustentável. Assim, a educação ambiental se
concentra na promoção do conhecimento ambiental e no aprimoramento de atitudes e
valores ecologicamente corretos, bem como na conquista da cidadania e das habilidades
cognitivas de alto nível necessárias para promover um estilo de vida ecologicamente
correto. 
A educação para a cidadania ambiental deve auxiliar os alunos a compreenderem
a complexidade dos sistemas socioecológicos e a identificar as causas estruturais da
degradação ambiental. Com isso em mente, a educação para a cidadania ambiental
amplia a perspectiva do aspecto local para o global e enfatiza as interrelações e
interdependências.
O conhecimento de como mudar democraticamente uma sociedade e os efeitos
da justiça social dessas mudanças local e globalmente não foram, pelo menos no início,
suficientemente enfatizados na educação para a sustentabilidade, posto que suas raízes
estão na educação ambiental e possuem foco mais estreito na proteção ambiental e
conservação de recursos.

A POLÍTICA NACIONAL BRASILEIRA PARA A AEDUCAÇÃO AMBIENTAL

O termo educação ambiental (EA) é muito utilizado, apesar de muitas pessoas


não saberem sua definição. Assim, algumas distorções podem ocorrer, e a prática da EA
pode ser prejudicada.
A educação é um processo contínuo, de elevada relevância e, por isso, se
fazem necessários planejamentos complexos para que possamos obter resultados
satisfatórios, colaborando para as reflexões de ensino e aprendizagem que
ultrapassem as salas de aula. Cada vez mais, precisamos de nos formar como
cidadãos, críticos e responsáveis pela preservação dos recursos naturais.
Educação ambiental não deve ser entendida como um tipo especial de educação,
mas como uma série de etapas contínuas ao longo processo de aprendizagem, em que
coexiste a filosofia da contribuição participativa em que todos (família, escola e
comunidade) devem estar envolvidos. Por esse motivo, a Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA) brasileira visou traçar diretrizes não apenas para a
EA formal, que ocorre nas escolas, mas também para a EA não formal,
englobando a diversidade de atores sociais e a importância de todos construirmos
coletivamente uma preocupação que paute as ações e decisões regionais e
nacionais.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL

Uma questão importante dentro do sistema educacional superior é propiciara


especialização na área de formação e também em áreas científicas semelhante sou
relacionadas. A relevância se dá, justamente, pelas conexões interdisciplinares e pela
transferência teórico-conceitual decorrente de novos resultados científicos. Nesse
contexto, é importante que cada país explicite em sua política de educação ambiental a
importância de toda a sociedade para a conservação ambiental e os possíveis papéis das
mais diversas áreas de formação técnica nessa conservação.
Nas últimas duas décadas, no entanto, inúmeras pessoas ao redor do mundo se
preocuparam (e continuam se preocupando) com as questões interligadas de meio
ambiente e desenvolvimento ambientalmente sustentável. Desta forma, temos nos
tornado cada vez mais conscientes da necessidade de mudanças nas escolhas de hábitos
e nos padrões nacionais e globais de desenvolvimento, consumo e comércio.
Portanto, poderíamos considerar um erro pensar que apenas a educação
ambiental nas escolas seria suficiente para a transição para a sustentabilidade, amenos
que grandes reformas educacionais pudessem ser implementadas e que projetos em
consonância com outros setores da sociedade fossem executados. 
Nesse momento, destacamos que a educação ambiental está prevista na
Constituição Federal, em seu artigo 225º (Inciso VI), que estabelece que é dever do
Estado e de todos de “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino, e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A Política Nacional de
Educação Ambiental, instituída pela Lei n.9.795, em seu artigo 3º, determina que, como
parte de um processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental,
incumbindo:
I - Ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal,
definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a
educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade
na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - Às instituições
educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas
educacionais que desenvolvem; III - Aos órgãos integrantes do Sistema Nacional
de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas
aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV -
Aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na
disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e
incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V- Às empresas, entidades
de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à
capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o
ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo
nomeio ambiente; VI - À sociedade como um todo, manter atenção permanente à
formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e
coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas
ambientais.
Assim, percebemos que a EA é uma questão que precisa ser incentivada e
fomentada simultaneamente pelo Estado e por muitos outros setores da sociedade. Em
seu artigo 4º (Inciso VII), a PNEA valoriza a abordagem articulada das questões
ambientais locais, regionais e nacionais. Enquanto isso, em seu artigo 8º (Incisos IV e
V) há um evidente incentivo à busca de alternativas curriculares e metodológicas na
capacitação da área ambiental e as iniciativas e experiências locais e regionais,
incluindo a produção de material educativo com o contexto social em questão.
Em seu artigo 9º, a PNEA também define que se entende por educação ambiental,
na educação escolar, aquela que é desenvolvida no âmbito dos currículos das
instituições de ensino públicas e privadas, englobando:

I. Educação básica:

a.Educação infantil;
b.Ensino fundamental;
c. Ensino médio.
II.Educação superior;
III.Educação especial;
IV.Educação profissional;
V. Educação de jovens e adultos.

Vale destacar que devido ao próprio dinamismo da sociedade, o despertar para a


questão ambiental no processo educativo deve começar desde a infância.
Ainda que a EA seja prevista em toda a idade escolar e a PNEA tenha sido
instituída em 1999, atualmente, os educadores ainda encontram dificuldades e desafios
para implementar a educação ambiental no cotidiano escolar. Por isso, mantém-se a
discussão sobre a maneira que a temática ambiental vem sendo trabalhada pelos
professores que a desenvolvem nas escolas.
Quando pensamos na educação ambiental, devemos inserir atividades práticas
em todos os níveis da educação formal e informal, de modo que trabalhemos as
aplicações de EA diariamente.

De maneira geral, a escola pode ser um dos locais mais propícios para a
realização de iniciativas de educação ambiental, por propiciar a inovação de costumes
que não se limitam apenas aos conceitos ambientais, podendo ainda englobar questões
culturais e sociais. Acredita-se que, assim, poderíamos alcançar um resultado mais
efetivo e promissor diante das situações vivenciadas no contexto socioambiental, e que
englobam o descarte do lixo de forma incorreta, os impactos ambientais e
biodiversidade e, também, o tipo de interação ecológica que há nas relações humanas
com a natureza.

No artigo 10º da PNEA, se especifica que a educação ambiental deve ser


desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente, em
todos os níveis e modalidades do ensino formal:
§ 1º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina
específica no currículo de ensino; § 2º Nos cursos de pós-graduação,
extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação
ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina
específica; § 3º Nos cursos de formação e especialização técnico-
profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da
ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas .

Nesse sentido, sabendo que a educação ambiental é um processo permanente e


contínuo, não deveríamos limitá-la ao espaço escolar, pois é importante tê-la como
hábito no ensino do educando. Assim, podemos entender que a EA formal continuará a
ser aprimorada com a incorporação de novos significados sociais e científicos em
relação ao meio ambiente e às dinâmicas que possuímos com o local que ocupamos.
Justamente devido a esse dinamismo da sociedade, a questão ambiental no processo
educativo deveria começar na infância, corroborando para a formação de gerações mais
conscientes e preocupadas com pautas ambientais, tais como a proteção da
biodiversidade e o enfrentamento das mudanças climáticas.
Os principais desafios das ações práticas de EA nas escolas estão vinculados a
questões de: espaço da escola, número de estudantes e de professores com disposição
para passar por processos de formação continuada na área em questão, participação e
dedicação da direção da escola, melhor participação do governo estadual, dentre muitos
outros problemas. Com isso, algumas barreiras poderiam surgir, limitando as práticas de
EA e tornando as atividades pontuais.
Em contextos em que a prática de EA ainda não ocorre de forma contínua, uma
alternativa é proceder visitas em centros especializados que possam instruir educandos e
educadores e mostrar um caminho a ser percorrido. Nesse contexto, há no Brasil um
tipo especial de centro de educação ambiental, relacionado com as fazendas e florestas.
A Escola da Floresta é um exemplo desses centros. Nela, há variedade de possibilidades
a serem explorados por pessoas de todas as idades.
Uma das maiores dificuldades para que o currículo escolar possa abranger a EA
de forma habitual e com a profundidade de discussão que se desejaria, pode ser uma
consequência do modelo adotado pelo nosso sistema escolar. As atuais preocupações da
educação se concentram em notas, desempenho, competição, esforço individual,
sucesso pessoal e padrões hierárquicos de relacionamentos pessoais. O ensino de EA
deve ser pensado de forma coletiva, emancipatória, crítica e transversal a muitas
diferentes áreas de aprendizagem.
Mesmo que essa temática tenha se tornado uma realidade no ensino formal em
muitas localidades do Brasil, sabe-se das dificuldades e desafios que a educação
ambiental ainda tem que enfrentar no cotidiano escolar e na heterogeneidade de
oportunidade entre nossas cidades. A temática ambiental dificilmente está presente nos
cursos deformação dos professores, uma vez que os cursos de formação continuada,
geralmente, são destinados aos professores de ensino fundamental e médio, bem como
os materiais produzidos e disponibilizados.

Para que sejam realizados trabalhos de qualidade em EA, se faz necessário


um comprometimento dos sistemas governamentais e das políticas públicas
direcionadas à temática ambiental, proporcionando aos professores uma formação
adequada para o desenvolvimento de projetos, com a qualificação para o trabalho
em consonância à PNEA. Contudo, em alguns casos, tal política não está presente e,
muitas vezes, cabe ao professor buscar uma formação continuada, de maneira
independente, dispondo de seus próprios recursos.
Sendo assim, diante das adversidades e situações locais enfrentadas, as práticas
pedagógicas cotidianas como a aplicação de projetos de educação ambiental,
envolvendo as escolas, os educandos, suas famílias e entorno, poderão figurar como
local de reflexão. Essa reflexão pode ser mais efetiva se focada na construção coletiva
de alternativas e, diante das necessidades observadas em cada realidade, propiciar que
intervenções socioambientais possam ser propostas. A construção fora dos ambientes
escolares, por sua vez, se refere à educação ambiental não formal, que estudaremos no
próximo tópico.
Um exemplo muito comum de prática de educação ambiental no Brasil são
as hortas escolares. Devemos valorizar tais ações e observar que os ensinos vão além
das práticas de EA formal. Em muitos contextos, a horta da escola possibilita uma
interação da comunidade do entorno, fomentando a coletividade das ações realizadas.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO FORMAL

No contexto da educação ambiental não formal, há linhas de ações destinadas ao


planejamento, gestão, monitoramento e avaliação de programas e políticas ambientais
nas três esferas de governo, em sintonia com os setores sociais. Esse sistema fortalece o
diálogo da escola com a comunidade e movimentos sociais.
A PNEA, em seu artigo 13º, definiu a educação ambiental não formal como
sendo as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as
questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio
ambiente. Nesse sentido, o Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal,
incentivará:
I - A difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de
programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao
meio ambiente; II - A ampla participação da escola, da universidade e de organizações
não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à
educação ambiental não-formal; III - A participação de empresas públicas e privadas no
desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a
universidade e as organizações não-governamentais; IV - A sensibilização da sociedade
para a importância das unidades de conservação; V - A sensibilização ambiental das
populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI - A sensibilização
ambiental dos agricultores; VII - O ecoturismo.

Este aspecto não formal da EA é de extrema relevância para que os diferentes


atores da sociedade possam construir inúmeras práticas colaborativas em formato de
projetos e programas, aprimorando as abordagens pautadas em políticas públicas, mas
também com parcerias com setores não-governamentais, como empresas e ONGS.
Conceitos e Objetivos da Educação Ambiental

  A educação ambiental é um campo multidisciplinar que integra diversos ramos


de estudo, como química, física, ciências humanas, ciências médicas, ciências
biológicas, agricultura, saúde pública e engenharia sanitária. Dessa maneira, a EA
coloca em pauta a importância da proteção e conservação do meio ambiente.

O fato de a sociedade ter falhado em aceitar sua responsabilidade socioambiental


resultou no ato de nos colocarmos no centro de nossas relações, afastando-nos do meio
natural do qual fazemos parte e acreditando que devemos dominar nosso ambiente.
Infelizmente, a situação em que nos encontramos atualmente, pautada pelo conceito de
que o ser humano pode controlar o meio ambiente sem respeitar ciclos naturais, está na
raiz de grande parte do que é ensinado nas escolas.
A criação de educandos ambientalmente conscientes em uma sociedade que não
reconhece a gravidade dos problemas ambientais que enfrenta provavelmente não terá
muito impacto sobre esses problemas. Isso porque existe uma desconexão fundamental
entre o que aprendemos na escola e como nos comportamos em nosso meio social, pelo
menos no que diz respeito à educação ambiental. Embora essas variações possuam
difícil medição, essa desconexão é facilmente percebida e precisa ser encarada como
uma necessidade a ser superada. Fazer isso exige resiliência, criatividade, sensibilidade
e esforço de todas as classes sociais e econômicas.
Os componentes principais da educação ambiental são: I) conscientização e
sensibilidade em relação aos desafios ambientais; II) compreensão das dinâmicas
relacionadas ao meio ambiente; III) atitudes de preocupação e motivação para
melhorar ou manter a qualidade ambiental; IV) habilidades para identificar e
ajudara resolver problemas; V) participação em atividades para resoluções
coletivas.
Nesse contexto, a Resolução n. 422/2010 estabeleceu “diretrizes para conteúdos
e procedimentos em ações, projetos, campanhas e programas de informação,
comunicação e educação ambiental no âmbito da educação formal e não-formal,
realizadas por instituições públicas, privadas e da sociedade civil”.
A educação para a cidadania ambiental é definida como o tipo de educação que
cultiva aptidões, valores, atitudes e competências necessárias que um cidadão
deve possuir para ser capaz de agir e participar da sociedade como agente de
mudança em escala local, nacional e global. Essa abordagem é importante para
capacitar os cidadãos a praticarem seus direitos e deveres ambientais, bem como
para identificaras causas estruturais subjacentes aos problemas ambientais,
levando em consideração a justiça inter e intrageracional

Um dos objetivos da EA é que a sociedade compreenda a relação de


interdependência entre os ecossistemas naturais e as interações sociais humanas.
Assim, podemos adquirir conhecimento à medida que desenvolvemos competências
para conservar e preservar o meio ambiente. Diante disso, torna-se imprescindível que
os atuais padrões de conduta individual sejam alterados e modificados para outros mais
coletivos e ambientalmente adequados. Dessa forma, é possível destacar que são
objetivos específicos da educação ambiental:
 Conhecimento a cerca das diferentes questões ambientais:
compreendera multiplicidade de interações ambientais e sociais entre os elementos que
compõem tais sistemas;

 Desenvolvimento da Conscientização ambiental:


Prover ferramentas para que os grupos sociais compreendam diferentes problemas,
sensibilizando-os para que atuem na resolução dessas questões;
 Ampliação das habilidades socio ambientais:
Desenvolver valores sociais para que haja fortalecimento da motivação relacionada à
conservação do meio ambiente, bem como à recuperação de áreas já afetadas por
impactos negativos devido a atividades antrópicas;
 Desenvolvimento de competências:
Incentivar habilidades específicas que possibilitem a operacionalização dos
conhecimentos e das atitudes coletivas desenvolvidas, tornando-as ações ambientais
concretas;
 Participação Social:
Proporcionar oportunidades e o ensejo de que todo cidadão participe de atividades e
projetos na solução de questões ambientais de variada complexidade e em diferentes
contextos.

Ressalta-se que o desenvolvimento da consciência ambiental passa


obrigatoriamente pela análise crítica do meio que ocupamos, das ações que praticamos,
das responsabilidades que temos e quais ações podemos empregar para que tenhamos
participação (prática). A participação social é, portanto, uma peça-chave para não
apenas atuarmos de forma corretiva (em relação aos problemas já existentes) como
também para agirmos de forma preventiva, protegendo os diferentes sistemas
ambientais e prevenindo que novos problemas se tornem inevitáveis e/ou irreversíveis.
Assim, observe que a EA se relaciona ao contínuo processo educativo
formal e não formal, de forma a adquirir conhecimentos teóricos e práticos sobre o
ambiente e em consonância com a adaptação do comportamento social frente às
mudanças ambientais observadas.
Metodologicamente, é fundamental que a análise das interrelações sociais e
ambientais seja bem embasada para que toda a sociedade se torne apta a compreender os
problemas ambientais e as potenciais soluções a serem implementadas.
De certa forma, tanto no campo de atuação formal quanto no não formal, a
sociedade precisa ser participativa, a fim de que a integração seja voltada à
solidariedade com as futuras gerações, como previsto na Constituição Brasileira
em seu artigo 225.

UNIDADE II

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos
processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e
crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e inúmeras
descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a controlar os elementos da
natureza e a aumentar sua capacidade de produção. Muitos desses avanços visaram à
produção e o consumo sem avaliar questões de risco ambiental e social.
O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento pela
demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em um fluxo
enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos estamos sendo alertados
sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo resultantes da economia capitalista.
Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conectadas.
Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de consumo adotados
em escala mundial resultam em perdas progressivas de características geográficas,
regionais e culturais, bem como na contaminação ambiental, que resulta em perda de
diversidade de fauna e flora.
Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambiental.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade socioambiental
está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas que tenham entre
seus principais objetivos a sustentabilidade. Responsabilidade socioambiental
também pode ser compreendida como um conjunto de práticas exercidas por
cidadãos, governos e empresas públicas e privadas que têm por objetivo
providenciarem a inclusão social (responsabilidade social) e o cuidado com o meio
ambiente (responsabilidade ambiental).
Se de um lado temos observado diversas atividades que causam degradação
socioambiental e colocam em risco a qualidade de vida e a sobrevivência das futuras
gerações, do outro há diversas organizações se mobilizando para nos conscientizar da
necessidade de mudança para que o planeta Terra e a humanidade possam coexistir.

O NASCIMENTO DO MUNDO GLOBALIZADO E A QUESTÃO


SOCIOAMBIENTAL

Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças


decorrentes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente desenhados e são
debatidos por diversas organizações e meios de comunicação. Nos dias de hoje,
podemos dizer que a máxima do desenvolvimento industrial é a globalização.
Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado, alguns
momentos históricos foram cruciais. A Revolução Industrial intensificou o uso e a
pressão sobre os recursos naturais renováveis e não renováveis para atender à
intensificação da produção industrial em escala. Com a maior demanda por
trabalhadores nas indústrias e em busca de “uma vida melhor” – aos moldes capitalistas
–, muitas pessoas saíram do campo para morar nas cidades, processo que culminou
na urbanização.
A revolução verde levou ao campo das tecnologias nunca vistas, permitindo
incrementos anuais na produtividade de vegetais e carnes, comercializados para atender
a demanda interna e externa das redes de mercado global.
Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior capacidade
de manutenção e não se esgotam facilmente, são exemplos: água, solo, matéria
orgânica e vento.
Os recursos naturais não renováveis são aqueles que se esgotam quando
usados sem práticas sustentáveis e seu tempo de reposição não é comparado à
cronologia de vida humana, são exemplos: petróleo, carvão mineral, gás natural,
xisto betuminoso e energia nuclear. Com exceção à energia nuclear, todos os
exemplos citados são de origem fóssil.

Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos negativos ao


meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas desmatadas, da
poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de biodiversidade, os produtos
consumidos não são corretamente descartados, há aumento da desigualdade social, entre
outros.
Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecológicas
mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo continuamente
modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de tecnologias que repensem
questões de competitividade e que considerem formas de mitigação do impacto social e
ambiental.
A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm sobre o
ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação, ações de gestão
que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o despertar da
responsabilidade socioambiental devem ser propostas por governos, empresas e
cidadãos.

A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COMO COMPROMISSO DA


MODERNIDADE

Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as questões


ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioambiental. Isso
vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta de que os impactos dos nossos
hábitos de produção e consumo não estão alinhados com o poder de resiliência do
planeta, uma vez que seus recursos são limitados. Por esse motivo, instituições públicas
e privadas, organizações governa- mentais e não governamentais têm se dedicado cada
vez mais a programas de implementação de práticas socioambientais e de
conscientização da população. A ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos,
reduzir o impacto negativo que uma determinada atividade possa causar.
Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam à causa
socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir:
- Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA);
- Agenda ambiental na administração pública;
- Instituto de pesquisas socioambientais (IPESA);
- Instituto socioambiental (ISA);
- Fundo casa socioambiental;
- Verdejar  socioambiental;
- Instituto Ethos.

Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as práticas
de responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os programas devem
fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como um compromisso diário a ser
adotado pela sociedade, de forma a garantir a existência de um mundo melhor para as
futuras gerações.
Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem  ser
adotadas a fim de inserir as práticas de   responsabilidade  socioambiental no dia a dia
pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identificar cidadãos, instituições,
organizações e empresas que investem em políticas e na cultura organizacional
sustentável, posicionando-se  de  forma ética e responsável.

A  RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, GOVERNAMENTAL,


CIDADÃ E EMPRESARIAL
Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas de
responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as cidades e as
empresas.
O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de
conscientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos se
tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade socioambiental, o governo
deve encontrar meios para que as políticas públicas estejam próximas dos cidadãos,
divulgando-as nos meios de comunicação e redes sociais, adequando currículos
escolares e financiando instituições de pesquisa. Além disso, a gestão socioambiental
deve ouvir os cidadãos por meio de seus representantes municipais e estaduais, bem
como a iniciativa privada e as organizações não governamentais.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e suas esferas são
responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas que tenham como objetivo
promover a produção e o consumo sustentáveis. Além disso, também é
responsabilidade do governo promover o crescimento do País adotando práticas de
desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de interesse social devem fazer
uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em estudos de impacto ambiental.

As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas de


responsabilidade socioambiental. Devemos exigir dos governantes, políticas que
fomentem tal temática e dar preferência ao consumo de produtos e serviços de empresas
atuantes na causa socioambiental.
Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela consiste
em atitudes individuais reiteradas para uma maior preservação do ambiente a nossa
volta. Devemos pensar que ela deve ser praticada individual- mente, mas por todos nós,
resultando em uma ação coletiva e de grande poder ambiental.
São exemplos de responsabilidade socioambiental individual:
 Evitar usar sacolas e embalagens plásticas;
 Não desperdiçar alimentos;
 Separar e reciclar o lixo;
 Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha;
 Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional;
 Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia.

As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam conhecer as


características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem processos e/ou serviços
ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua responsabilidade socioambiental e
assumem voluntariamente compromissos  que vão para além dos requisitos reguladores
convencionais, aos quais estão necessariamente vinculadas. Procuram elevar o grau de
exigência das normas relacionadas com a proteção ambiental, com o desenvolvimento
social e com o respeito aos direitos fundamentais, adotando uma cultura organizacional
aberta em que interesses de todas as esferas se conciliam em direção a uma abordagem
global da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável.

Como podemos observar, adotando as práticas de responsabilidade


socioambiental e estratégias de marketing, além dos benefícios sociais e ao meio
ambiente, as empresas também melhoram sua imagem corporativa e aumentam
seus lucros. Ocorre ainda a valorização da marca, maior fidelização dos clientes,
redução dos custos, aprimoramento da comunicação externa e o melhor
desempenho dos empregados.
Empresas podem adotar práticas de responsabilidade socioambiental por
meio da adoção de programas e projetos de inclusão social ou digital, de direitos
das mulheres e inserção no mercado do trabalho de maneira igualitária, por
programas de alfabetização, reciclagem, reflorestamento e recuperação de áreas
degradadas e destinação e/ou liberação correta de resíduos industriais (efluentes
ou gasosos).
ASPECTOS LEGAIS

No que diz  respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-se dizer


que o Brasil possui uma das legislações mais complexas e avançadas do mundo. O
cumprimento das leis socioambientais nacionais é, em sua grande parte, de aspecto
jurídico, mas também podem ser aplicáveis às pessoas físicas.
A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou jurídica, que
apresentar conduta ou atividade que cause dano ao meio ambiente estará passível de
sanções penais administrativas, que serão aplicadas independentemente da
obrigatoriedade de recuperar o dano causado.
O poluidor é a pessoa jurídica ou física responsável, direta ou
indiretamente, pelo dano causado. O sujeito se responsabilizará pelo dano
ambiental real e potencial, que será estipulado por entidades da área. Uma vez que
o meio ambiente é um direito da atualidade e das gerações futuras, os prejuízos e
dimensões do dano são de interesse mundial, o que torna a ação jurídica de
extrema relevância.
Contudo, há grande dificuldade na comprovação da escala do dano
causado, devido à complexidade de mensuração, assim, a responsabilidade deverá
ser objetiva.
O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também pode ser
responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando há omissão de sua
responsabilidade legal.
A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade, dignidade
humana e justiça social, instituiu o “estado social”, que deve orientar as relações sociais
e econômicas. Para que cidadãos, governos e empresas exerçam práticas de
responsabilidade socioambiental, devemos ter em mente que, antes de qualquer coisa,
há necessidade da regulação das políticas e dos direitos sociais, entre eles, educação,
saúde, habitação e assistência social.
Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção de uma
postura ambientalmente correta, a responsabilidade socioambiental associada às
penalidades legais e exercida pelas leis, normas e infrações devem ser conhecidas e
praticadas pela sociedade civil, governos e empresas.
Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que tem
natureza de responsabilidade jurídica caracterizada como encargos sociais que,
quando não cumpridos, resultam em multas e/ou penalidades. Os encargos sociais
têm origem na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Eles são os custos pagos
pelo empregador sobre a folha de pagamento de salário dos colaboradores.

LEIS SOCIOAMBIENTAIS BRASILEIRAS


Algumas das leis ambientais mais importantes no País. Existem também as leis
estudais e municipais, bem como os órgãos que se certificam de que elas estão sendo
cumpridas, como o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e o Ministério
do Meio Ambiente (MMA).

A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os direitos dos
trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro em carteira de trabalho e
rescisão contratual, vale-transporte, descanso semanal remunerado, pagamento de
salário, férias, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS), décimo terceiro salário,
hora extra, adicional noturno, aviso prévio, licença maternidade e paternidade.

A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além das


regulamentadas por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades. Deve
considerar os critérios de promoção dos funcionários, igualdade de gênero e
pessoas com deficiência, acidentes de trabalho, capacitação continuada para o
aprimoramento do nível do conhecimento do colaborador, além da relação ética
entre os colaboradores.

A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ALÉM DAS EXIGÊNCIAS


LEGAIS
Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho socioambiental ou
normas determinadas por lei, ela está exercendo seu papel como pessoa jurídica, ou seja,
a empresa está somente seguindo os aspectos jurídicos inerentes ao seu setor. Ser uma
empresa social e ambientalmente responsável vai além das obrigações legais e
econômicas: significa que ela se posiciona e atua no combate aos problemas,
buscando o desenvolvimento socioambiental sustentável.
A série ISO (International Organization for Standardization – organização
internacional para padronização) estabelece sistemas de gestão na cultura
organizacional de empresas. As séries ISO são compostas por normas que vão além
das exigências legais e algumas podem se tornar tão importantes que passam a ser
exigidas em lei. As normas ISO no Brasil são controladas pela ABNT NBR
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).
A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a empresa
pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais decorrentes de sua
atividade, objetivando tornar-se sustentável no curto e no longo prazo. A norma
estabelece algumas práticas:
 Implementação de um sistema de gestão ambiental;
 Rotulagem ambiental;
 Análise de desempenho ambiental;
 Análise de ciclo de vida;
 Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos;
 Comunicação ambiental;
 Mitigação das mudanças climáticas.

A adoção das normas também pode trazer benefícios, como:

 Redução de custos devido ao uso de matéria-prima, água e


energia de forma consciente;
 Captação de novos clientes, devido à inserção no mercado
ambiental;
 Melhoria dos processos inter e intra setoriais, bem como, da
cultura organizacional;
 Menor risco de falência;
 Abertura a patrocínios e boa visão internacional;
 Possível diversificação setorial;
 Adesão de novos grupos de clientes;
 Maior qualidade e controle dos produtos, serviços e
processos.

A série ISO 9000 fornece meios para implementação e monitoramento contínuo


de técnicas para otimização de processos pela implementação de um sistema de gestão
da qualidade. As normas que compõem a série ISO 9000 estão sempre sendo atualizadas
e são conhecidas e desejadas por empresas do mundo todo. Aderir às normas ISO 9000
traz uma série de benefícios:
 Aumento da produtividade;
 Redução de custos;
 Produtos e serviços de maior qualidade;
 Credibilidade e reconhecimento interno e externo;
 Visão mais ampla do fluxo de trabalho;
 Segurança nos procedimentos internos;
 Colaboradores engajados e integrados.

A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e segurança


ocupacional com foco na melhoria do desempenho das empresas em termos de
saúde e segurança do trabalho. Segundo a própria norma, uma organização é
responsável pela saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores e outros que podem
ser afetados por suas atividades. Esta responsabilidade inclui promover e proteger sua
saúde física e mental.

Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO 45001 em


uma empresa:
 Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho;
 Redução de afastamentos por acidente de trabalho;
 Maior qualidade de vida e melhor relacionamento
empregador x empregado;
 Redução dos prejuízos financeiros devido a processos
trabalhistas.

A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das empresas.


Implementando um sistema de gestão de energética, a empresa tem como benefícios:
 Uso de tecnologias modernas e eficientes;
 Redução dos custos com energia;
 Redução da emissão de gases de efeito estufa e das
mudanças climáticas.
A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento das
atividades de uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são realizadas auditorias
periódicas por uma empresa certificadora, que deve ser credenciada e reconhecida por
órgãos nacionais e internacionais. Organizações que aderem às normas ISO possuem
sistema de manejo integrado e se colocam no mercado como responsáveis
socioambientalmente.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes capitalistas,


passando a depender do consumo cada vez maior de energia e recursos naturais
(recursos renováveis e não renováveis). Atrelado a isto, da década de 1950 em diante, a
preocupação com uma eminente explosão demográfica global resultante do crescimento
dos países pobres causou um interesse global pelos temas populacionais. Iniciaram-se
diversos movimentos para controlar   a fecundidade dos países pobres. Na Conferência
Mundial de População, realizada pela ONU em Bucareste, 1974, de um lado, os países
desenvolvidos articulavam que, para reduzir a pobreza, deveriam haver programas de
estímulo à redução do crescimento da população por meio de redução da taxa de
natalidade, do outro, os países pobres e em desenvolvimento defendiam que políticas de
desenvolvimento eram necessárias.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável
baseia-se na incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços, de medidas
que minimizem os custos ambientais e sociais resultantes da ação humana. Sobre
consumo sustentável, entende-se como o uso de bens e serviços suficientes para
atender às necessidades básicas, proporcionando melhor qualidade de vida,
enquanto reduz o uso de recursos naturais e materiais tóxicos, a geração de
resíduos e a emissão de poluentes.
De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das políticas
de desenvolvimento sustentável seriam os seguintes:
 Retomar o crescimento;
 Alterar a qualidade do desenvolvimento;
 Atender às necessidades essenciais do emprego, educação,
alimentação, saúde, energia, água e saneamento;
 Manter um nível populacional sustentável;
 Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos
recursos;
 Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que
afetem a sociedade. Para atingir tais objetivos de produção e
consumo, a modificação das organizações deveria ser
contínua, contar com o apoio da ciência e manter-se
dinamicamente equilibrada. Práticas produtivas
exploratórias, predatórias e que visassem o lucro deveriam
dar espaço para relações sociais justas e para bem-estar dos
seres vivos.

Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável das nações


parece limitar seu potencial de desenvolvimento. Na realidade, deve-se entender o
desenvolvimento sustentável como um conjunto de práticas que não limite o
desenvolvimento econômico, mas que considere que os recursos naturais são finitos
e devem ser usados sob um viés conservacionista. Assim, se estabelece um paradigma
que consiste em diminuir o consumo e a exploração dos recursos renováveis e não
renováveis pelos países desenvolvidos, garantindo que países industrializados– em
desenvolvimento – possam se modernizar, proporcionando qualidade de vida às suas
populações em sinergia com o meio ambiente.
Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há consenso entre
as atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato, diversas ações foram tomadas e
cada vez fica mais evidente que ainda há muito a ser feito.

Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável

As consequências do desenvolvimento em condições de insustentabilidade


fizeram com que diversos cientistas discutissem a transgressão das fronteiras
planetárias. As fronteiras planetárias se referem ao poder de fornecimento de
recursos e da resiliência do planeta diante dos hábitos e moldes de produção e
consumo. O conceito pode ajudar a sociedade civil e o poder público na definição de
modelos de produção seguros para a humanidade e a vida na Terra. As nove fronteiras
planetárias, são:

[...] mudanças climáticas; mudança na integridade da biosfera (perda de biodiversidade


e extinção de espécies); depleção da camada de ozônio estratosférico; acidificação dos
oceanos; fluxos biogeoquímicos (ciclos de fósforo e nitrogênio); mudança no uso da
terra; uso global de água doce; concentração de aerossóis atmosféricos; e introdução de
poluentes orgânicos, materiais radioativos, nano materiais e micro plásticos. Das nove,
quatro já foram ultrapassadas: mudanças climáticas, perda da integridade da
biosfera, mudança no uso da terra e fluxos bi0geoquímicos.
Sobre o aquecimento global e mudanças climáticas, devemos considerar
duas situações. A primeira trata do efeito estufa natural, que consiste na absorção,
pelos gases do efeito estufa, dos raios infravermelhos emitidos pela superfície
terrestre. Este processo permite que a superfície terrestre se mantenha em
temperaturas ideais para os seres vivos. A segunda situação aborda o efeito estufa
antrópico, no qual o aumento da concentração atmosférica dos gases do efeito
estufa, causados pelo uso excessivo de recursos não renováveis – como os
combustíveis fósseis –, resulta no aumento da temperatura da superfície terrestre,
chamado de aquecimento global.
Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada, eventos extremos
podem começar a acontecer, como: aumento da temperatura dos oceanos, ondas de
calor, alteração dos regimes pluviométricos, desertificação, derretimento das calotas
polares, redução da diversidade de fauna e flora, entre outros.
O termo “pegada de carbono” refere-se ao consumo individual diante das
práticas de responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos de uma pessoa
podem impactar o desenvolvimento sustentável do planeta. A pegada de carbono
pode ser calculada, tornando-se um índice, geralmente, expresso em emissão de dióxido
de carbono – um dos principais gases do efeito estufa causado pelo homem – que
quantifica o efeito da utilização dos recursos sobre a bioesfera. Estes dados individuais
podem ser extrapolados para medir os efeitos da atividade humana, servindo como base
para elaboração de políticas públicas e desenvolvimento de novos produtos.

Sem dúvida, não podemos conceber um mundo sem uso de fontes energéticas.
Porém, existem diversas alternativas sendo disponibilizadas e aprimoradas pela ciência.
Diante desse contexto, abordamos a ideia de energia limpa. Ela vem de fontes de
energia renováveis, quando optamos por  utilizá-las,  estamos   reduzindo  a emissão de
gases do efeito estufa para a  atmosfera. São exemplos de energia limpa aquelas
provenientes de fontes solares, eólicas, geotérmicas, hidráulicas e maremotrizes. 

Empresas que reduzem as emissões de gases do efeito estufa em seus


processos produtivos podem comercializar créditos de carbono. Esse mercado
internacional cresce anualmente. Os créditos baseiam-se na quantidade de gás não
emitido para a atmosfera, sendo que cada crédito se refere a uma tonelada de dióxido de
carbono equivalente (t CO2e). Não somente o dióxido de carbono é contabilizado,
outros gases causadores do aquecimento global também, mas seus valores são
calculados considerando sua equivalência em moléculas de dióxido de carbono.Os
consumidores estão se tornando cada vez mais exigentes e conscientes em relação à
produção e à origem dos alimentos. Nesse sentido, a agricultura intensiva vem
avançando lentamente na busca de tecnologias e processos que minimizem problemas
de poluição e degradação dos recursos naturais e que ofereçam produtos seguros ao
consumidor final. Podemos citar o zoneamento econômico-ecológico, a agricultura de
precisão, a fixação biológica de nitrogênio, as práticas de controle da erosão do solo, os
sistemas de plantio direto e o manejo integrado de pragas. Além disso, a produção
orgânica será decisiva como a agricultura do futuro, assim como os sistemas
agroflorestais, a agricultura sintrópica e o consumo local. Cada vez mais, os
consumidores buscam opções de produtos originários do modelo orgânico de produção.
Tais sistemas resultam em sustentabilidade no curto e no longo prazo, uma vez que são
baseados em práticas de responsabilidade socioambientais com abordagens integradas.
Os processos produtivos nesses sistemas são baseados nos mecanismos e processos
naturais que eliminam o uso dos agrotóxicos e fertilizantes sintéticos.

AS TRÊS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

A responsabilidade socioambiental é alcançada por meio da adoção de práticas


de desenvolvimento sustentável por empresas, por políticas governamentais e pela
atuação do cidadão. Ela se concretiza sob o emprego das três dimensões da
sustentabilidade.
A esfera social, sob uma perspectiva sustentável de produção e consumo, deve
considerar a qualidade de vida dos seres humanos tendo em vista a diversidade cultural,
étnica, religiosa e de gênero, bem como questões regionais da comunidade.
Do ponto de vista econômico, deve-se considerar o papel da sociedade na
rentabilidade e a viabilidade empresarial por meio de ações ganha-ganha, de forma que
haja retorno, na forma de lucro, ao investimento realizado pelo capital privado e
qualidade de vida aos colaboradores.

Na esfera ambiental da sustentabilidade, os processos de produção e


consumo deverão considerar a adoção de práticas ambientalmente corretas.
Termos como ecoeficiência, pegada de carbono, energia limpa e sete R’s
proporcionarão uma cultura organizacional ambiental nas empresas, residências e
espaços públicos, uma vez que conduzem ao desenvolvimento do perfil de
responsabilidade socioambiental.
DEBATES MUNDIAIS

Em 1972, a ONU convoca a Conferência das Nações Unidas para o Meio


Ambiente, em Estocolmo, e a pauta ambiental começa a ser debatida oficialmente,
resultando no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Após alguns
anos depois da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente de 1983, nasce
um grande marco da pauta ambiental elaborado pela Comissão de Brundtland, o
relatório nomeado como Nosso futuro comum.
Após a Conferência, diversos outros eventos discutiram os ideais e os meios de conduzir
o desenvolvimento mundial para os moldes do desenvolvimento sustentável. Em 1988,
uma união entre a ONU Meio Ambiente e a Organização Meteorológica Mundial
(OMM) resultou na criação do Painel Intergovernamental para as Mudanças
Climáticas (IPCC), sendo que os resultados de pesquisas sobre mudanças climáticas
realizadas no mundo todo são reunida se relatórios e planos de ação são publicados
periodicamente. A famosa Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992,
foi um marco de sua década, pois discutiu a importância de se agregar os componentes
sociais, econômicos e ambientais nas buscas pelo desenvolvimento sustentável e
finalizou a Agenda 21. O Protocolo de Kyoto, de 1997, estabeleceu metas obrigatórias
de redução das emissões de gases de efeito estufa nos 37 países signatários. 
Em 2000, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas definiu oito objetivos concretos e
mensuráveis, que foram acompanhados em escala nacional, regional e global.
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram resultado de uma série de
cúpulas multilaterais realizadas na década de 90 sobre as condições do desenvolvimento
humano. A formulação dos ODM contou com especialistas renomados de diversas áreas
que estiveram focados na redução da pobreza extrema observada, principalmente, nos
países pobres e em desenvolvimento. 
Todos os países signatários da época aderiram ao acordo, comprometendo-se em
inserir em suas políticas, ações para alcançar os objetivos. Os oito objetivos do milênio
foram definidos. Eles deveriam ser atingidos até 2015, quando seriam então discutidos
novamente.
Em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada na
África do Sul, discutiu os compromissos e metas da Agenda 21 e analisou suas
conquistas, para então conceber uma Agenda 21 reformulada, com ações concretas e
tangíveis em relação àquelas estabelecidas em 1992.
Em 2015, foi definida uma nova agenda, a Agenda 2030. Ela foi
desenvolvida em um trabalho conjunto entre governos, entidades e sociedade civil.
Entre outros, foram definidos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS’s), que tiveram como base os ODM’s. Os ODS’s são o que se tem de mais
atual com relação às metas em direção a um mundo mais sustentável.

AGENDA 21

A Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92, realizou-se no Rio
de Janeiro, em 1992, e finalizou a Agenda 21. Nela, determinou-se a relevância dos
países em parceria com empresas, organizações governamentais e não
governamentais em se comprometerem com estudos para avaliar e com bater os
problemas socioambientais. Desde a sua finalização, a Agenda 21foi aprimorada e
adaptada a condições mais palpáveis para os níveis de desenvolvimento de cada País. É
importante lembrar que cada País desenvolveu sua Agenda 21, inclusive o Brasil. Ela
discutiu assuntos de extrema relevância socioambiental, como: combate à pobreza,
mudança nos padrões de consumo, cooperação internacional, proteção e promoção da
saúde humana, proteção da atmosfera e de ecossistemas, proteção da biodiversidade,
proteção da infância, desenvolvimento rural, Dia da Mulher, fortalecimento das
populações indígenas, dos trabalhadores, dos agricultores, do comércio e da indústria
etc.
partir da Agenda 21, pôde-se refletir sobre a ação humana segundo os moldes industriais
e capitalistas. De forma sinérgica, buscou-se (e busca-se até os dias atuais) promover a
qualidade de vida e não apenas o crescimento individual estimulado pela produção e
consumo injustificado.

AGENDA 30

Em 2015, durante uma Assembleia Geral da ONU que ocorreu nos Estados
Unidos, elaborou-se um plano guia para a ação da comunidade internacional, que
elencava os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas para
erradicar a pobreza e promover vida digna a todos, considerando os parâmetros
sustentáveis de uso dos recursos naturais. O documento Transformando o mundo: a
Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, que deve ser cumprido até 2030,
traz um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade.

OS 17 ODS’s SÃO:
Os objetivos e metas definidos na reunião devem ser inseridos na realidade de
cada País signatário, considerando suas prioridades internas, mas voltando-se para um
desenvolvimento global. Eles são integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma
equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e
a ambiental.
CONTEXTO ATUAL

Atualmente, a população brasileira é de, aproximadamente, 212 milhões de


pessoas distribuídas ao longo das 27 unidades federativas que compõem nosso País. Um
dos principais indicadores que revela a riqueza de um País é o seu Produto Interno
Bruto (PIB), que calcula o valor de toda a riqueza produzida por um País considerando
o desempenho dos três setores que compõem a economia. Em 2019, o PIB do Brasil foi
de R$ 7,3trilhões e a ordem de participação dos setores neste resultado foi: serviços,
indústria e agropecuária. Com este resultado, o País ficou entre as dez maiores
economias do mundo.
Em contraponto, é o segundo País em área florestal no mundo com,
aproximadamente,12% do território coberto por florestas. Apesar de usarmos mais
fontes de energia não renováveis do que renováveis (56,5%), usamos mais fontes
renováveis do que o resto do mundo. Além disso, há riqueza de fauna e flora, biomas
diversificados e uma imensa diversidade étnico-cultural. 
Uma vez que possui relevância econômica e ambiental e que há contínuo
fortalecimento de um perfil mundial voltado à questão da responsabilidade
socioambiental, o País posiciona-se em um contexto estratégico, no sentido deque as
organizações brasileiras podem se destacar mundialmente de maneira positiva na
geração de ambientes sustentáveis de produção e consumo. 
Nesse sentido, há destaque para organizações alicerçadas em atitudes concretas,
que adotam não somente ideologias, mas que praticam rotineiramente as pautas mais
atuais do desenvolvimento sustentável, como eco eficiência e os7’Rs. Para isso, elas
aprimoram-se e se reposicionam, utilizando a tecnologia, a diversidade e os recursos
sociais e ambientais do nosso País, garantindo credibilidade nacional e internacional.

ECOEFICIÊNCIA

O termo ecoeficiência refere-se ao uso consciente dos recursos naturais nos


processos produtivos e de consumo, de forma que não deixe de atender às
necessidades das pessoas. Produtos ecoeficientes devem focar no uso consciente de
matéria-prima renovável em processos produtivos que minimizem a geração de
resíduos, além disso, devem apresentar elevada produtividade sem deixar de lado a
qualidade. Basicamente, significa produzir mais com menos.
O conceito envolve a sociedade como um todo, uma vez que o governo deve
incentivar esse tipo de produção (fomentando pesquisas, subsidiando e divulgando) e as
empresas devem adaptar seus processos e procedimentos operacionais.
Um sistema pode ser chamado de ecoeficiente se conseguir produzir de acordo com oito
elementos  fundamentais:

 Minimizando o uso de materiais dos bens e serviços


 Minimizando o uso de energia na produção de bens e
serviços;
 Minimizando a dispersão de  tóxicos;
 Fomentando a reciclabilidade dos  materiais;
 Maximizando a utilização sustentável de recursos
renováveis;
 Estendendo a durabilidade dos  produtos;
 Promovendo a educação dos consumidores para um uso
mais racional dos recursos naturais e energéticos.

Algumas perguntas podem ser feitas pelos consumidores para analisar a


ecoeficiência do  produto:
Ele minimiza o uso de fontes energéticas e maximiza a utilização
sustentável de recursos renováveis?
Ele utiliza em sua composição materiais tóxicos?
Ele descarta materiais tóxicos em seu processo produtivo?
Os materiais utilizados são recicláveis ou biodegradáveis?
O produto promove seu uso racional?
A marca adota a ideia de desenvolvimento sustentável?

OS 7 R’s DA SUSTENTABILIDADE

Os 7 R’s são um conjunto de práticas de educação ambiental para garantir a


mudança de hábitos em prol do desenvolvimento sustentável. A questão central é a
de repensar costumes e hábitos, reduzindo o consumo e o desperdício. Os 7 R’s são
verbos que nos passam a sensação de ação.
Repense seus hábitos, consuma o que é realmente necessário. Recuse produtos e
serviços de origem insustentável, conheça a origem da matéria-prima. Reduza o
lixo gerado e, assim, o gasto energético no processo. Repare seus produtos
quebrados em vez de comprar novos. Reintegre, por exemplo, compostando o lixo
orgânico. Recicle o lixo, separe-o e leve para reciclagem. Se não pode
reciclar, reutilize, dando funções novas e sustentáveis aos produtos. O foco está em
pensar que não existe jogar fora!
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA DE
GESTÃO
No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo
direcionamento da economia dos países ou de conjuntos de países. Entretanto, por
muitos anos, o setor empresarial viveu uma realidade própria, em geral, desvinculada
das questões sociais e ecológicas. Os modelos de produção não estavam em sintonia
com as necessidades sociais e ambientais.
No passado, uma das maiores dificuldades para que as empresas adotassem
a gestão ambiental se baseava em uma ideia distorcida de que o investimento em meio
ambiente não atraía lucros, fazendo com que os custos fossem repassados aos
consumidores, resultando no aumento dos preços. 
Em um contexto de intensas discussões sobre moral, ética e justiça, diversos
paradigmas vêm sendo quebrados. Se a situação vem mudando, os resultados positivos
podem ser entendidos, em grande parte, como consequência da intensa atuação
das políticas sociais e ambientais formuladas a partir de dados científicos e apoiadas
pela população.
A aderência aos pressupostos das ações de responsabilidade socioambiental
também resulta da percepção de que, ao investir no compromisso voluntário de um
futuro sustentável, está-se agindo coerentemente com o mercado que migra em direção
ao desenvolvimento sustentável e ao contínuo aumento de sua rentabilidade.
Atualmente, sabe-se que as empresas que adotam práticas de
responsabilidade socioambiental possuem benefícios como: redução dos custos,
valorização da marca, transparência nas atividades, mais fidelização de clientes,
melhor comunicação externa, melhor desempenho dos processos e dos
empregados.
A responsabilidade socioambiental empresarial se refere às ferramentas de gestão
que analisam o cumprimento dos temas e que conduzem a empresa ao
desenvolvimento sustentável. Empresas comprometidas com essa questão atendem
a itens como:
1. Transformação em desempenho positivo das leis,
regulamentos e normas de adesão voluntária às quais está
sujeita;
2. Conhecimento e promoção voluntária e proativa de ações de
desenvolvimento sustentável regional, nacional e
internacional;
3. Possíveis danos ao meio ambiente e os impactos sociais
causados por seus produtos, processos e instalações são
previamente identificados;
4. Conhecimento antecipado de treinamentos e planos de
evacuação em casos de emergência ambiental;
5. Conhecimento dos métodos de resposta em casos de
prevenção ou mitigação dos impactos adversos;
6. Ciência, por parte da população local, do segmento da
empresa e dos impactos, positivos e negativos, decorrentes
da sua atuação na região;
7. Acessibilidade aos produtos e instalações.

PARADIGMA ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL

As instituições públicas zelam pelo que é de interesse coletivo da população


por meio de normas, valores e regras. As instituições particulares possuem caráter
privado uma vez que guardam os interesses individuais.
Apesar das distinções entre instituições públicas e privadas, o meio ambiente,
pelo fornecimento de recursos, e a sociedade, por meio da sua força de trabalho, além de
estarem intimamente relacionados e possuírem caráter público, são as bases para a
existência empresarial.
Assim, pode-se dizer que as empresas se colocam como instituições públicas
com função social, pois lidam subjetiva e materialmente com a sociedade e com o
meio ambiente, que são de extrema importância para a humanidade e pauta
internacional.
Consequentemente, espera-se que as empresas possuam uma postura
compromissada, que deve se espelhar nas questões econômicas, sociais e ambientais.
Desse modo, devem exercer suas atividades com base nas três dimensões da
sustentabilidade para que trabalhem em equilíbrio com as questões econômicas, sociais
e ambientais.
Diversas são as partes interessadas (stakeholders) que afetam e são afetadas,
influenciam e são influenciadas pelas empresas e que, muitas vezes, possuem interesses
conflitantes entre si e em relação à empresa. É importante entender que buscar o melhor
para si não resulta em atingir o melhor para todos, então, as partes interessadas devem
atuar de modo que se equilibrem, considerando os três pilares da sustentabilidade.
Atualmente, sabe-se a importância do desenvolvimento sustentável para garantir
melhor qualidade de vida para a população e um futuro sustentável para as gerações
seguintes. A atuação empresarial, nesse contexto, deve agir ativamente e em articulação
com projetos que evitem a crise social e ética de paradigmas econômicos, sociais e
ambientais.

EMPRESA SUSTENTÁVEL

A responsabilidade social das empresas compreende as expectativas econômicas,


legais, éticas e discricionárias que a sociedade tem em relação às organizações em um
determinado período. Uma empresa responsável socioambientalmente deve ter como
objetivo o desenvolvimento sustentável e, por meio dele, exercer, em suas relações
internas e externas, o cumprimento das questões legais e o posicionamento ético de
modo integrado, considerando todas as expectativas das partes interessadas.

Todavia, no Brasil, a Constituição Federal definiu que as empresas devem


observar os seguintes princípios:
 Soberania nacional;
 Propriedade privada;
 Função social da propriedade;
 Livre concorrência;
 Defesa do consumidor;
 Defesa do meio ambiente;
 Redução das desigualdades regionais e sociais;
 Busca do pleno emprego;
 Tratamento favorecido para empresas de pequeno porte que
tenham sua sede e administração no País.

Desse modo, a Constituição Federal brasileira traz à tona a ideia de


desenvolvimento sustentável, colocando-o como uma das razões para a limitação
da atuação de uma empresa quando ameaça o uso racional dos recursos.
Empresas sustentáveis não esperam que leis ambientais sejam elaboradas pelos
países, e sim pensam globalmente e agem localmente, adotando   as três dimensões da
sustentabilidade em suas atividades. Essas três dimensões abrangem a
sustentabilidade econômica, social e ambiental, mas também abarca questões de:

Sustentabilidade espacial

 Referente a uma configuração rural-urbana equilibrada, que avalia soluções para


os assentamentos humanos;

Sustentabilidade cultural

 Referente ao respeito pela pluralidade apropriada à cultura local;

Sustentabilidade política

 Ressalta a necessidade de processos democráticos consolidados;


Sustentabilidade institucional

 Relacionada à atividade pública e às suas relações com outras instâncias da


sociedade.

MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL

O triple bottom line (resultado triplo) é um modelo de gestão empresarial


criado a partir das dimensões da sustentabilidade, e possui como pressuposto básico que
a responsabilidade social das empresas deve contribuir para a superação das crises
socioambientais.
Esse modelo propõe uma abordagem em que todas as formas de capital sejam
favorecidas ao longo do tempo por meio de uma gestão econômica, social e ambiental
responsável.
No modelo tradicional, as empresas obtêm aumento de valor de mercado com
geração de lucro líquido e consequente aumento da riqueza dos acionistas. Na esfera
econômica do tripé da sustentabilidade, as empresas também obtêm desempenho
financeiro positivo, mas consideram os custos sociais e ambientais envolvidos em seus
processos. Na esfera social, o capital social que estão construindo deve ser considerado
e seu conhecimento vislumbrado como fator de competitividade. Na esfera ambiental, o
diferencial desse modelo está na obtenção de lucro líquido ambiental por meio da
adoção do conceito de capital natural baseado no modo como a empresa lida com a
manutenção dos recursos naturais e os serviços ambientais.
A partir do modelo triple bottom line, desenvolveram-se os 3 Ps – profit,
peoplee planet (lucro, pessoas e planeta), cuja aplicação está restrita às empresas, à
medida que se associa a dimensão econômica ao lucro.
Indicadores, certificações, tecnologias e instrumentos de gestão

A sobrevivência e o sucesso de uma organização estão diretamente relacionados


à sua capacidade de atender às necessidades e expectativas dos proprietários, dos
clientes e da sociedade.
De acordo com a ABNT (2012), uma vez que as decisões e atividades têm
impacto ambiental, ações entre organizações públicas ou privadas e o meio
ambiente devem atuar no sentido de reduzi-los, sendo conveniente que a
organização adote uma abordagem integrada que considere as implicações
econômicas, sociais, na saúde e no meio ambiente de suas decisões e atividades,
direta e indiretamente.

As práticas de responsabilidade socioambiental reestruturam a cultura


organizacional das empresas, influenciando as diversas instâncias da gestão empresarial,
tais como: a gestão financeira, o marketing, a produção, a gestão de pessoas, a logística
e o desenvolvimento de produtos.

Fontes de orientação estratégica

O ciclo PDCA (plan, do, check, act, ou seja, planejar, fazer, verificar e agir)


busca a melhoria contínua dos processos das organizações. Questões sobre como adotar
novos ou como fazer a melhoria de processos já existentes buscando um melhor
desempenho socioambiental podem ser resolvidas a partir dessa técnica.
Esse ciclo garante dois tipos de ações corretivas:

Ação corretiva temporária: busca a resolução do problema já


instaurado;
Ação corretiva permanente: consiste na investigação e eliminação
das causas e, portanto, visa a sustentabilidade do processo.

A ideia do ciclo PDCA é realizar o planejamento, estabelecendo claramente


os objetivos e as metas para que as ações sejam programadas com embasamento.
Além disso, descreve os processos que envolvem o problema para entendê-lo e para
identificar as áreas para melhorias. Para isso, a utilização de fluxogramas e mapas dos
processos é importante. Muitas ferramentas estão disponíveis para coletar e interpretar
dados, como histogramas, gráficos de execução, de dispersão e de controle. 
Compreendido o cenário atual, deve-se implementar o programa estabelecido,
promovendo a organização e o treinamento de funcionários e/ou parceiros. As soluções
decididas devem ser implementadas individualmente. É importante que os responsáveis
se certifiquem de que todas as etapas foram totalmente compreendidas. 
A fase de verificação é caracterizada por uma aprendizagem significativa.
Há a oportunidade de desenvolver planos atualizados, elevando o processo a novos
patamares, em vez de simplesmente consertar o que deu errado na fase anterior.
Se os resultados forem negativos, o trabalho de melhoria deve recomeçar na fase de
planejamento, pois, caso contrário, as soluções testadas passam para a fase de ação. A
verificação deve ser feita continuamente pelo monitoramento e elaboração de relatórios
que evidenciem com clareza os resultados alcançados. 
A atuação deve promover a melhoria contínua. Uma vez que o ciclo atingiu
essa etapa, as soluções são preparadas para implementação final e, possivelmente, para
adoção por outros setores da organização. Nessa etapa, deve-se adotar normas e
certificações para reconhecimento nacional e internacional das melhorias realizadas, e,
para manter a melhoria, é preciso repetir o ciclo continuamente.

A Norma ISO 26000


A obtenção de certificados pelo atendimento de padrões técnicos sobre produtos,
processos produtivos, métodos e ensaios é um grande diferencial para as empresas. Em
alguns casos, a norma que fornece o certificado é tão importante que se torna uma lei.
Criada em 1947 e mais conhecida por sua sigla ISO, a principal organização de
normalização é a International Organization for Standardization.
O objetivo da ISO é desenvolver padrões e atividades para facilitar as
trocas de bens e serviços no mercado internacional e promover a cooperação entre
os países nas esferas científicas, tecnológicas e produtivas.
As normas de gestão da ISO se aplicam a qualquer organização, pois não são
normas de conteúdo, mas de procedimentos que podem se adequar ao segmento da
empresa que a adota. Todas elas adotam o ciclo PDCA para melhoria contínua dos
processos. A certificação requer auditorias periódicas de avaliação. 
A ISO possui normas adotadas mundialmente, entre as mais importantes estão as
séries ISO 9000, de gestão da qualidade, e a ISO 14000, sobre sistemas de gestão
ambiental. 
A norma ISO 26000 foi desenvolvida para organizações que querem adotar
um sistema de gestão focado em responsabilidade social e desenvolvimento
sustentável. Por fazer uso de termos como “pode” ou “convém que” em seu texto,
pode-se dizer que é uma norma-guia não certificável que busca, por meio de suas
diretrizes, mais fazer indicações e recomendações do que exigir ou tornar algo
obrigatório.
A norma ISO 26000 aborda sete temas centrais voltados para a responsabilidade
social das organizações:
 Governança organizacional;
 Direitos humanos;
 Práticas de trabalho;
 Meio ambiente;
 Práticas leais de operação;
 Questões relativas aos consumidores;
 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade.

Essa norma elenca princípios específicos associados ao meio ambiente, que


discutem quatro questões centrais definidas por uma descrição de expectativas
relacionadas ao desenvolvimento sustentável, sendo eles: sendo eles:
Princípio da responsabilidade ambiental
 Além de cumprir leis vigentes, convém que a organização assuma a
responsabilidade pelos impactos ambientais causados por suas atividades ao
meio ambiente em geral; convém que não deixe de atuar em busca de
desempenho positivo, mas que, para isso, reconheça seus limites ecológicos;
Princípio da precaução
 Onde houver ameaças de danos graves ou irreversíveis ao meio ambiente ou à
saúde humana, convém que não se utilize da falta de certeza científica para
postergar o uso de medidas eficazes que impeçam a degradação ambiental ou
danos à saúde humana em função dos custos. Convém que a organização
considere os custos e benefícios de longo prazo e não somente os custos de curto
prazo de uma medida;
Gestão de risco ambiental
 Convém que programas sejam utilizados pelas organizações a partir de uma
perspectiva baseada em riscos e na sustentabilidade, para avaliar, evitar, reduzir
e mitigar riscos e impactos ambientais de suas atividades. Convém que sejam
elaboradas e aplicadas atividades de conscientização, além de procedimentos de
resposta a emergências, bem como meios de divulgar informações sobre
incidentes ambientais e para reduzir e mitigar impactos ambientais na saúde e na
segurança, causados por acidentes;
Poluidor pagador
 De acordo com a extensão do impacto ambiental na sociedade, convém que a
organização arque com os custos da poluição causada por suas atividades e
providencie as ações corretivas, totalmente ou à medida que a poluição se
adeque aos níveis permitidos. O custo da poluição e a quantificação dos
benefícios econômicos e ambientais da prevenção devem ser internalizados
pelas organizações.

Desse modo, as empresas devem considerar o emprego da gestão ambiental


seguindo abordagens estratégicas, como: ciclo de vida de produtos, avaliação de
impacto ambiental, produção mais limpa e ecoeficiência, abordagem por sistemas de
produto-serviço, uso de tecnologias e práticas ambientalmente saudáveis, práticas de
compras sustentáveis (priorizar produtos ou serviços com impactos minimizados e fazer
uso de sistemas de rotulagem confiáveis) e aprendizagem e conscientização.
Se a organização elaborou e mantém um sistema de gestão ambiental seguindo
os requisitos da norma ISO 14001, deve haver grandes chances dos princípios da norma
ISO 26000 terem sido atendidos, principalmente o princípio da gestão do risco
ambiental.
A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a
empresa pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais decorrentes
de sua atividade, objetivando se tornar sustentável no curto e no longo prazo. A
norma ISO 14001 estabelece práticas de responsabilidade ambiental, como:
 Implementação de um sistema de gestão ambiental;
 Rotulagem ambiental;
 Análise de desempenho ambiental;
 Análise de ciclo de vida;
 Integração de aspectos ambientais no projeto e
desenvolvimento de produtos;
 Comunicação ambiental;
 Mitigação das mudanças climáticas.

Indicadores e índices de sustentabilidade


Os indicadores e índices podem ser usados para avaliar o desempenho em
relação aos objetivos do desenvolvimento sustentável e compará-lo entre cidades,
países, blocos econômicos e organizações públicas e privadas; estimam se as
instituições estão crescendo econômica e ambientalmente de acordo com o objetivo
proposto.
Os indicadores são compostos por parâmetros ou valores, analisados em
grupos ou isoladamente a partir de estratégias de gestão definidas
antecipadamente. A partir dos indicadores são avaliadas as condições do sistema de
gestão e se a estratégia adotada previamente está gerando resultados. Desse modo, são
importantes por informarem às partes interessadas sobre o desempenho positivo ou
negativo em uma determinada questão.
Nesse sentido, indicadores que avaliam os resultados das ações de
responsabilidade socioambiental empresarial capturam e antecipam tendências para
informar os tomadores de decisão, assim como orientam o desenvolvimento e o
monitoramento de políticas e estratégias.
Os indicadores do desenvolvimento sustentável (indicadores de
sustentabilidade) informam se o desempenho da empresa está ocorrendo em
harmonia com o meio ambiente e têm papel importante no monitoramento, na
avaliação e na efetivação do desenvolvimento sustentável. Os indicadores de
sustentabilidade analisam se o impacto ambiental gerado por uma empresa
permite que o planeta seja resiliente.
Os indicadores ambientais devem ser:
Comparáveis: devem permitir comparações e mostrar as mudanças
ocorridas;
Equilibrados: devem distinguir o mau e o bom desempenho;
Contínuos: devem ser formulados a partir de critérios similares e
considerar períodos comparáveis;
Temporais: devem ser revistos regularmente para permitir o uso de
medidas atualizadas;
Claros: devem ser de fácil compreensão.

Os indicadores de desenvolvimento sustentável do Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística (IBGE) são exemplos importantes para mostrar o grau
de desenvolvimento sustentável no Brasil. O IBGE analisa indicadores de
sustentabilidade considerando as três dimensões da sustentabilidade, dos quais
destacam-se:
Concentrações de poluentes no ar e em áreas urbanas;
Queimadas e incêndios florestais;
População residente em áreas costeiras;
Acesso a tratamento de esgoto;
Espécies extintas ou em risco;
Crescimento populacional;
Mortalidade infantil;
Consumo de energia per capita.
Para a formulação de indicadores de desenvolvimento sustentável empresarial,
pode-se citar os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis,
criados pelo Instituto Ethos. A ferramenta elabora indicadores a partir de um
questionário e tem como foco avaliar o grau de incorporação da sustentabilidade e da
responsabilidade social aos negócios, auxiliando na definição de estratégias, políticas e
processos. Trata-se de uma ferramenta gratuita de aprendizagem, avaliação e
monitoramento das ações de responsabilidade socioambiental, estruturada em temas e
subtemas com um questionário agrupado em dimensões baseadas na norma ISO 26000.
Os indicadores são diferentes dos índices. Os índices são feitos da junção de um
conjunto de indicadores e são instrumentos de tomada de decisão e previsão, pois
permitem conhecer o endividamento e os riscos associados para os investimento e
funcionam como um retrato das condições da empresa, refletindo sua saúde econômica,
social e ambiental.

Tecnologias resultantes da gestão ambiental

A adoção de práticas de responsabilidade socioambiental nas estratégias de


gestão empresarial tem permitido, se não exigido, o desenvolvimento de tecnologias
inovadoras, tanto na produção de bens quanto na prevenção de impactos negativos ao
meio ambiente. Tais tecnologias estão disponíveis em diversos segmentos empresariais
e, em geral, são resultado de demandas dos clientes. Pode-se afirmar que, na atualidade,
para ser considerado um bom processo ou produto não basta ser eficiente
industrialmente, também há a necessidade de ser eficiente ambientalmente.
Algumas tecnologias com melhor desempenho ambiental já devem estar
presentes no seu dia a dia.
Tecnologias industriais que resultam na redução do consumo de água ou da
queima de biomassa, que reduzam a geração de resíduos ou que aumentem a eficiência
dos processos de tratamento de efluentes, bem como que resultam em produtos com
menor utilização de elementos tóxicos ou de fontes não renováveis têm sido foco dos
setores de pesquisa e desenvolvimento de empresas e de instituições de pesquisa, pois
trazem benefícios econômicos e ambientais.
MARKETING AMBIENTAL

O marketing ambiental ou marketing verde é uma estratégia adotada para


promover a divulgação e aumentar as vendas de produtos e serviços que tenham
bases ambientalmente corretas. Por meio dele é possível vincular uma marca,
produto ou serviço a uma imagem ecologicamente correta.
Os produtos e serviços passíveis do marketing ambiental devem ser resultado de
um impacto ambiental mínimo, tanto ao se considerar os elementos que com põem o
produto quanto os que estão relacionados ao seu processo produtivo. 
Diante da crescente demanda por práticas de sustentabilidade, o marketing
ambiental pode trazer às empresas vantagens competitivas, o recrutamento de
novos clientes e a garantia de sua sobrevivência no mercado. 
Existem quatro pilares elaborados para que as empresas possam aplicar o
marketing ambiental em seus produtos ou serviços de modo sustentável:
1. Ser ecologicamente correto;
2. Ser economicamente viável;
3. Ser socialmente justo;
4. Ser culturalmente aceito.

Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor


Na maioria dos países, a preocupação com o meio ambiente cresceu. Questões
sobre o uso de fontes de energia renováveis, sobre o desmatamento, as mudanças
climáticas e a poluição atmosférica são apontadas como os maiores problemas
ambientais da atualidade.
Em geral, consumidores estão dispostos a comprar mais produtos
ambientalmente corretos e a pagar até 10% a mais para produtos ecológicos, mas muitos
relatam problemas que prejudicam a compra, como a rotulagem confusa ou não
confiável, preço muito discrepante em comparação aos produtos não verdes, falta de
disponibilidade e pouca variedade.
Os consumidores de produtos ambientalmente corretos procuram produtos
que usem menos embalagens plásticas, e sim biodegradáveis ou recicláveis; além
disso, apoiam-se nas informações presentes nas embalagens e em certificações para
decidir sobre qual produto comprar.

Iniciativas de marketing ambiental

É necessário que as empresas realizem a divulgação de ações de marketing


ambiental aos seus clientes somente depois de realmente adotarem uma postura
ambientalmente correta em sua cultura organizacional, por meio de ações de
responsabilidade socioambiental. Para fazer propagandas sobre essa postura
ambientalmente correta, as pequenas e grandes empresas podem:

 Adotar os 3 Rs da sustentabilidade: reduzir, reutilizar e


reciclar;
 Incorporar os 4 Ss: aceitação social, satisfação do
consumidor, segurança e sustentabilidade;
 Usar selos verdes (certificação ambiental) para legitimar o
posicionamento da empresa;
 Participar de programas de promoção dos três pilares da
sustentabilidade;
 Escolher fornecedores e parceiros ecologicamente corretos.

Empresas conhecidas no mundo todo têm adotado iniciativas ambientais e


divulgado suas ações em todos os meios de comunicação disponíveis, sendo exemplos
de destaque:

Microsoft

Já foi eleita a empresa mais sustentável do mundo. Desenvolveu, por exemplo, um
sistema de inteligência artificial para combater o aquecimento global;

Coca-cola

Em 2012, mudou a cor das latas e rótulos para conscientizar a sociedade sobre a
necessidade proteção dos ursos polares, um dos personagens símbolos da marca;

Nike

Criou o Making App para inspirar designers de moda a trabalhar com materiais
ecológicos a partir de seus produtos;

Toyota

Desenvolveu o Prius, o primeiro veículo híbrido do mundo.

COOPERAÇÃO, ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS E PROMOÇÃO DO


DESENVOLVIMENTO

A criação de grupos de trabalho pode auxiliar na construção de uma importante


ferramenta de coordenação e efetivação das práticas de responsabilidade
socioambiental, ao possibilitarem a construção compartilhada de projetos de
cooperação, articulação e promoção do desenvolvimento sustentável, que dão direção
comum e estratégica às questões econômicas, sociais e ambientais. Tais ferramentas são
os meios para superar as hierarquias institucionais e as relações de poder entre setores,
políticas e segmentos sociais.
Dentro dos pressupostos do desenvolvimento sustentável de propor,
estimular, promover e monitorar as ações de responsabilidade socioambiental e a
minimização dos impactos negativos sociais e ambientais, a adoção destas
ferramentas acabará por:
 Estimular discussões sobre responsabilidade socioambiental
nas organizações e divulgar legislações e normas;
 Potencializar o resultado de ações de capacitação;
 Construir e organizar conhecimento e objetivos de
aprendizagem;
 Propiciar o uso racional de matéria-prima, equipamento,
força de trabalho, imóveis, infraestrutura e contratos;
 Aperfeiçoar o uso de recursos orçamentários;
 Aumentar as colaborações entre as instituições de ensino e
pesquisa e as organizações públicas e privadas;
 Realizar o intercâmbio de experiências entre os signatários.

Apesar de ser uma importante estratégia na busca pelo desenvolvimento


sustentável, o diálogo intersetorial não é simples. Ao praticá-lo será preciso lidar com
diferentes pontos de vista e culturas organizacionais para a tomada de decisão e para
encontrar a solução de problemas.
O trabalho cooperado e intersetorial é um instrumento relevante para a
operacionalização do conceito e de ações de responsabilidade socioambiental, com
base nos pressupostos teóricos e metodológicos da promoção da sustentabilidade.
Atualmente, a promoção da cooperação e da articulação intersetorial pode
ser considerada componente central das políticas de responsabilidade
socioambiental. Elas objetivam a mudança de postura e a quebra de paradigmas,
representando uma nova forma de gerenciamento que transcende a fragmentação
das políticas públicas e promove a gestão participativa.

O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental

Podemos estabelecer algumas conexões entre a gestão das cooperativas e as


ações de responsabilidade socioambiental, seguindo o conceito dos três pilares da
sustentabilidade. O (I) contexto econômico permite a dinamização da economia em
micro e macro escala, seja por meio da interação com o mercado, ou pela política
equitativa distribuição de renda baseada na produção do cooperado. O (II) contexto
social das cooperativas propicia a distribuição regional da renda em termos equitativos,
levando em consideração a geração de emprego e desenvolvimento de pequenas
localidades, o que permite a distribuição do capital financeiro regionalmente e
homogeneamente. O (III) contexto ambiental fundamenta-se na ideia de que as bases
cooperativistas estruturam-se considerando o estabelecimento de relações de equilíbrio
com o meio ambiente. O conceito de unidade e trabalho em equipe das cooperativas
permeiam as ideias de parceria, cooperação e colaboração de trabalho.
O cooperativismo está apoiado em cinco valores, sendo eles: equidade,
solidariedade, justiça social, liberdade e democracia. Ao preocupar-se com o bem-
estar social, o cooperativismo contempla ações de gestão voltadas para a
responsabilidade socioambiental. Nesse sentido, responsabilidade socioambiental e
cooperativismo alinham-se, pois ambos são formados por indivíduos que além de
trabalharem seguindo as mesmas pautas econômicas, sociais e ambientais, atuam em
prol de uma sociedade mais justa hoje e no futuro. A atuação responsável
socioambientalmente nas comunidades não é algo novo para as cooperativas, na
realidade, elas foram criadas com o objetivo de resolver reclamações e problemas
comuns de um grupo de pessoas. Assim, sempre estiveram fundamentadas na
comunidade que as criou. Pode-se dizer que a responsabilidade socioambiental compõe
a essência do cooperativismo.
Analisando os princípios cooperativistas, ficam claras as relações entre
cooperativismo e responsabilidade socioambiental:
 Adesão livre: as cooperativas são organizações
voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os
seus serviços e assumir as responsabilidades como
cooperadas, sem discriminações sociais, raciais,
políticas, religiosas ou de gênero;
 Gestão democrática livre: as cooperativas são
organizações democráticas, controladas por seus
cooperados, que participam ativamente na formulação
das suas políticas e nas tomadas de decisões;
 Distribuição dos lucros: os cooperados contribuem
equitativamente e controlam democraticamente o
capital de suas cooperativas;
 Autonomia e independência: as cooperativas são
organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas
pelos cooperados;
 Promoção da educação, formação dos membros e
aprimoramento social: as cooperativas promovem a
educação e a formação de seus cooperados, dos
representantes eleitos, dos gerentes e de seus
funcionários, de forma que estes possam contribuir
eficazmente para o desenvolvimento da cooperativa;
 Promoção do capital social: as cooperativas trabalham
para o desenvolvimento sustentado das suas
comunidades, através de políticas aprovadas pelos
cooperados;
 Cooperação entre as cooperativas: para as
cooperativas prestarem melhores serviços a seus
cooperados e agregarem força ao movimento
cooperativo, devem trabalhar em conjunto comas
estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

A cultura organizacional que adota os sete princípios cooperativistas está focada


no capital social, se diferindo, assim, da cultura organizacional empresarial tradicional,
que é fundamentada na geração de capital financeiro.
O cooperativismo é gerido pela vontade coletiva e concretizado após a
conivência de todos os sócios cooperados. Ainda assim, as cooperativas necessitam de
uma gestão flexível para que possam se adaptar às tendências e exigências do mercado
globalizado, sem deixar de conservar seus valores e princípios como organização social.

Os cooperados possuem responsabilidades perante a sociedade, a comunidade e,


principalmente, os próprios cooperados. Quando adequadamente implementada, a
cooperativa pode melhorar a imagem da organização e consolidar uma identidade
organizacional positiva economicamente, socialmente e ambientalmente. 
Existem diversas organizações cooperativistas que exercem práticas de
responsabilidade socioambiental.

PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO: O PAPEL DA EDUCAÇÃO


AMBIENTAL

A educação ambiental está presente na Constituição Federal, em seu


artigo225, inciso VI, que estabelece que promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente é dever do Estado e de todos.
Sobre educação ambiental entendem-se os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Tal conceito
nos faz refletir sobre o fato de que a educação ambiental não exclui o desenvolvimento,
mas o realiza levando em consideração a capacidade de resiliência do planeta. 
Podemos inferir que a educação ambiental abarca o direito jurídico, pois é
instrumento de efetivação do direito e da necessidade dos seres humanos ao
desenvolvimento ambiental equilibrado, condição indispensável à dignidade de
vida das gerações viventes e das futuras. Somente por intermédio da educação, a
humanidade será capaz de compreender a relevância das questões ambientais e sua
inter-relação com o meio ambiente.
As discussões sobre educação ambiental remetem a um antigo e amplo histórico
nacional e internacional. Durante a Rio-92, um evento realizado no Rio de Janeiro
que foi marco das discussões sobre meio ambiente, foi elaborado o Tratado de
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.
Nele, foram estabelecidos princípios, diretrizes e planos de ação fundamentais para
a promoção da educação para as sociedades sustentáveis. Eles enfatizaram a
importância do pensamento e das atitudes críticas, coletivas e solidárias, da
interdisciplinaridade, da multiplicidade e da valorização da diversidade.
No Quadro 5, vamos conhecer os dezesseis princípios da educação para sociedades
sustentáveis e responsabilidade global.

Existem diversas correntes sobre a concepção de meio ambiente que se


encaixam em diferentes perspectivas teóricas. Porém, é importante que, apesar das
diferenças, se mantenha o foco na problemática do assunto e na busca por soluções
condizentes com a realidade e a aplicabilidade dos grupos sociais. 
Existem quinze correntes de educação ambiental divididas em dois grupos, que
apresentam uma pluralidade de proposições inerentes a cada contexto. Todas possuem
em comum a preocupação com o meio ambiente e o reconhecimento da importância da
educação para promover o equilibro ambiental.

Todas as correntes citadas possuem em comum a preocupação com o meio


ambiente e o reconhecimento da importância da educação para promover o
equilibro ambiental. Independentemente da corrente, a educação ambiental deve
promover um ambiente de transformação individual e coletiva das atuações
humanas que causam a crise socioambiental.
O objetivo é que, por meio da educação ambiental, entenda-se que o
ambiente pode ser utilizado para benefício econômico e social da humanidade,
desde que ela seja capaz de usufruir dos recursos naturais sem causar impactos
negativos significantes.

No Brasil, existe a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) que é


coordenada por um órgão gestor que atua em articulação com o Ministério da
Educação e o Ministério do Meio Ambiente. O PNEA subsidia e qualifica ações
capazes de promover a educação ambiental em todos os níveis e modalidades de
ensino, seja em caráter formal ou não formal. A partir das políticas do PNEA, foi
lançado o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), em 2003. O ProNEA
apresenta diretrizes, princípios, visão, missão, objetivos, público e linhas de ação que
orientam a educação ambiental no Brasil, assegurando, de forma integrada e articulada,
o estímulo aos processos de mobilização, formação, participação e controle social das
políticas públicas ambientais. Como podemos observar, o ProNEA atua em articulação
intersetorial com as demais políticas federais, estaduais e municipais, incluindo
IBAMA, SISNAMA, PNUMA etc.

A missão do ProNEA é:
Promover educação que contribua para um projeto de sociedade que integre os
saberes nas dimensões ambiental, ética, cultural, espiritual, social, política e
econômica, impulsionando a dignidade, o cuidado, o bem viver e a valoração de
toda forma de vida no planeta.

Assim, o ProNEA tem como eixo orientador a perspectiva da sustentabilidade


com base no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global e define como diretrizes do programa:

•Transversalidade, transdisciplinaridade e complexidade;


• Descentralização e articulação espacial e institucional, com base na perspectiva territorial;
•Sustentabilidade socioambiental;
•Democracia, mobilização e participação social;
• Aperfeiçoamento e Fortalecimento dos Sistemas de Educação(formal, não formal e
informal), Meio Ambiente e outros que tenham interface com a educação ambiental;
• Planejamento e atuação integrada entre os diversos atores no território.
UNIDADE III

A ÉTICA NAS RELAÇÕES HUMANAS

Raízes históricas da população brasileira

Somos miscigenados! E esse fato ocorreu em razão da mistura de diversos


grupos humanos que aconteceu no país antes e, principalmente depois da colonização.
São inúmeras as raças que favoreceram a formação do povo brasileiro. Os principais
grupos foram os povos indígenas, africanos, imigrantes europeus e asiáticos.
Povos indígenas:

Antes do descobrimento do Brasil, o território já era habitado por povos nativos, nesse
caso, os índios. Existem diversos grupos indígenas no país, entre os principais estão:
Karajá, Bororo, Kaigang e Yanomani. No passado, a população desses índios era de
quase 2 milhões de pessoas.

Povos africanos:

Grupo humano que sofreu uma migração involuntária, pois foram capturados e trazidos
para o Brasil, especialmente entre os séculos XVI e XIX. Nesse período,
desembarcaram no Brasil milhões de negros africanos, que vieram para o trabalho
escravo. Os escravos trabalharam especialmente no cultivo da cana-de-açúcar e do café.

Imigrantes europeus e asiáticos



Os primeiros europeus a chegarem ao Brasil foram os portugueses. Mais tarde, por volta
do século XIX, o governo brasileiro promoveu a entrada de muitos imigrantes europeus
e também asiáticos. Na primeira metade do século XX, pelo menos quatro milhões de
imigrantes desembarcaram no Brasil. Dentre os principais grupos humanos europeus,
destacam-se: portugueses, espanhóis, italianos e alemães. Em relação aos povos
asiáticos, podemos destacar japoneses, sírios e libaneses.
O Brasil, por ser um país onde a miscigenação é aflorada, carrega consigo
benefícios e malefícios. O benefício da miscigenação ocorrida no Brasil se deve a
diversidade de raças, culturas e etnias, que resultou numa grande riqueza cultural
distribuída de forma diversa pelas regiões do país. Por esse motivo, encontramos
inúmeras manifestações culturais, costumes, pratos típicos, entre outros aspectos, no
entanto, o tipo de colonização e a forma como se deu a miscigenação também traz o
peso da herança cultural muito rica, mas muito marcada por uma série de situações que
ainda prevalecem na população racismo, xenofobia e preconceito.
Diversidade Cultural, Étnica, Religiosa e de Gênero

Nada mais oportuno do que entender cultura e diversidade cultural após termos
debatido muito as demandas do conceito de ética. Assim, vamos iniciar tecendo a
definição de cultura. Lembrando logo de início que cada um tem a sua e a vida segue
rica e bem fecunda porque somos diferentes, mas podemos comunicar nossas diferenças
e construir novas possibilidades de viver.
A cultura é compreendida pela teia de significados, isso porque se as relações se
traçam com interligações de valores e símbolos e tradições, tudo o que dá sentido
dinâmico à cultura vemos com olhos de necessidade de compreensão do que vem a ser a
diversidade cultural. 
Dessa forma, a cultura é única para cada grupo e singular em cada indivíduo. No
mundo existem milhares de trações culturais, símbolos, pensamentos, manifestações e
identidades culturais, tal diversidade enriquece nosso mundo social.
O conceito de identidade ganha destaque com o nascimento do
multiculturalismo, o qual nos mostra a face de que os imigrantes e as diversas minorias
buscam o direito da diferença, o direito de ter uma identidade própria digna de respeito.
Por outro lado, os grupos maioritários colocam em debate tal pretensão, temendo, entre
a expansão de múltiplas identidades que competiriam para enfraquecer e fragmentar a
identidade nacional, a própria sustentação do Estado.

Cultura: conjunto de pensamentos, sentimentos, atitudes, trações, símbolos,


hábitos e valores que pertencem a um grupo. Dão sentido a sua identidade
cultural, sua marca como grupo. 
Diversidade Cultural: é o reconhecimento de diferentes culturas para diferentes
grupos sociais.

O debate sobre a questão da diversidade cultural, que abre para todo um feixe de
outros debates importantíssimos, nos faz pensar que com a educação podemos formar
indivíduos que entendam que ser diferente é poder trazer algo novo na troca cultural. A
fundamentação do respeito da ética está no bojo dessa compreensão. 
Em meio aos pensamentos sobre a diversidade, podemos pensar também a
diversidade étnica, religiosa e de gênero. 
Quanto a diversidade étnica, temos muito a comemorar desde que superamos a
explicação da existência de diferentes culturas pelo conceito de raça, para o conceito de
etnia. Uma vez que se concluiu que falar em raça é apontar diferenças puramente
biológicas, físicas, sem considerar as questões de fundo cultural para a compreensão dos
diferentes povos. Com o conceito de etnia, vemos um alargar dessa possibilidade de
entendimento do outro.
No Brasil, o termo relações étnico-raciais é muito utilizado para debater as
questões de relações raciais e étnicas, que estão muito além da cor da pele e das origens
culturais. Há um misto desses olhares na alocação e interpretação dos lugares sociais
que os indivíduos ocupam na sociedade. Portanto, falar de raça ou de etnia em nossa
cultura vai trazer um apanhado de significações de quem fala, como fala e por que fala,
o chamado “lugar de fala”. É também com estas construções que nascem conceitos e
alocações culturais denominadas de racismo, preconceito e discriminação. Estes podem
ser de raça ou etnia, mas tendem a ser explicados pela questão racial.
Enquanto o preconceito é definido como uma percepção sobre as coisas, muitas
vezes herdada por conta da socialização recebida, a discriminação é a própria prática do
preconceito. Assim, o racismo trata-se de uma construção ideológica de que existem
raças diferentes e que estão submetidas a uma hierarquia de classificação como
inferiores e superiores. Nesse caso, essa teoria sempre acaba por delegar aos negros os
mais baixos graus de status social na sociedade. O racismo é uma teoria perversa, que
separa e agride os indivíduos que pertencem ao grupo discriminado.
A diversidade étnico-racial deve ser pensada por toda a comunidade escolar,
pelos gestores educacionais que são importantes na formação dos indivíduos.
Compreender que negros e brancos têm sua importância e valor cultural é
colaborar para o entendimento da diversidade cultural e étnica. É importante saber que a
cultura afro-brasileira compõe nossa trajetória de formação de nação. Não é possível
falar de diversidade étnica sem considerar que o Brasil, após a abolição, atravessou
grandes lutas pelo reconhecimento desta cultura que inclui as lutas sociais, a
miscigenação, a discriminação, o sincretismo.
Vemos no Brasil, de forma muito clara, a existência de um preconceito racial
contra negros e mulatos. Os mulatos passam por menor discriminação que os negros,
mas também são discriminados e sofrem preconceito. Constantemente presenciamos
discussões que envolvem o preconceito racial e a discriminação étnica dos indivíduos,
com falas como: “você é negro”, “você é indígena”, “por isso não conseguiram obter
êxito em nada…”. Por aí vai.
A discriminação e o preconceito ocorrem também em relação as questões
religiosas, normalmente há uma perseguição e preconceito com as religiões de matrizes
africanas. Incrível que normalmente entendemos que a religião deve trazer coisas boas
aos indivíduos, pois nelas os mesmos depositam sua fé espiritual e dedicam-se
professando. No entanto, por ignorância, ou mesmo maldade, muitos indivíduos
constroem guerras, matam e perseguem religiões diferentes das suas. O etnocentrismo
predomina nesses casos e faz com que a religião de uma pessoa seja considerada a
melhor ou a que tem mais pureza, etc.
Temos lei contra o Racismo. Superação deste fenômeno de pejoração negativa
das diferentes religiões só acontece quando os indivíduos estão disponíveis para
conhecer a diversidade religiosa. Conhecer é importante para melhor conviver. Isto não
significa converter-se.
Quando estudamos um pouco, vemos que o catolicismo tradicional também teve
influência africana no culto de santos de origem africana como: São Benedito, Santo
Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de Noto (Santo Antônio do Categeró ou Santo
Antônio Etíope); no culto de santos também há aqueles que podem ser associados aos
orixás africanos como São Cosme e Damião. O próprio São Jorge (Ogum no Rio de
Janeiro), Santa Bárbara (Iansã), além daqueles oriundos da criação de santos populares
como a Escrava Anastácia.
É comum ver que igrejas pentecostais do Brasil, que são contra as religiões de
origem africana, na realidade têm várias influências destas, como se nota em práticas
como o batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades
espirituais (vistas como maléficas). O Catolicismo nega a existência de orixás e guias, já
as igrejas pentecostais os denominam como demônios.
A ideia de sincretismo religioso, a transculturação das religiões, como ocorre na
umbanda, por exemplo, tem origem nos fatores histórico-culturais da história do Brasil.
Por isso, é preciso compreender que a diversidade religiosa existe e precisa ser
respeitada.
No cenário relativo a compreensão das relações de gênero e sua diversidade
também não encontramos eco no respeito. Pois na atualidade vemos que a conceituação
que acrescenta nessa polêmica é a de que orientação sexual e identidade de gênero são
diferentes e precisam ser compreendidas.
A diferença de gênero informa ao mesmo tempo que produz e é produzida por
esta ideia da diferença que não é universal e sim construída culturalmente. Dessa forma,
são as posições culturais construídas por homens e mulheres, a partir do olhar que eles
têm do compromisso com suas escolhas pautadas na orientação sexual e na diversidade
de gênero, que dão sentido às suas histórias e lugares nessa discussão. É importante
entender como os indivíduos tem se referenciado, a partir desse olhar.
Esses conhecimentos são importantes pois levam ao combate de práticas de
preconceito e discriminação, fundamentados em ideologias homofóbicas e de violências
de gênero.
Ética e Cidadania na Sociedade Tecnológica

As demandas da educação e da sociedade do conhecimento em tempos atuais,


mostra que esta impõe aos indivíduos uma escola que lhes faça sentido, que lhes seja
capaz de resgatar a formação do ser completo. A escola de hoje deve oferecer aos
indivíduos além do ensino básico com cálculos, língua escrita e falada, precisa trazer
também as interfaces com as ferramentas e inovações tecnológicas trazidas pela era da
comunicação e informação.
É importante marcar que o conhecimento e a informação estão no centro do
mundo atual. O perfil de indivíduo que se exige, mediante estas demandas, é de quem
consegue ser flexível, polivalente, empreendedor e altamente adaptável. Alguém que é
criativo, inovador e está sempre sendo desafiado por questões profissionais e pessoais.
Um mundo em que se fala o tempo todo a respeito de busca de soluções viáveis. Os
próprios modelos educacionais voltam-se para esta perspectiva. Isto significa que o
aluno a ser formado tem que ser preparado para enfrentar este aparato de necessidades
impostas pela sociedade do conhecimento e da informação.
Nesta sociedade digital, educar um indivíduo para desenvolver sua cidadania
plena também envolve construir valores de respeito, responsabilidade e participação
colaborativa com a comunidade.

Assistimos a uma era em que a tecnologia está no bojo de todas as coisas que
realizamos no mundo social.
O conceito de inteligência coletiva, constituindo-se em inteligências conectadas,
isto é, o uso colaborativo das várias inteligências mediante processos de comunicação e
tecnologias em rede. Este novo desenho pedagógico de formação dos indivíduos propõe
uma revisão da forma tradicional de ensinar e aprender, a construção de saberes e as
trocas comunicacionais ganham uma dimensão mais personalizada.

Cibercultura: cultura que emerge com o advento das trocas comunicacionais advindas


do computador. Conhecimentos, valores, informações e saberes que se constroem a
partir do mundo virtual. 
Ciberespaço é o virtual, as redes de conexão.
O que precisamos entender é como funcionam, nesse caso, os princípios da ética
e cidadania em um contexto de valorização da comunicação virtual.
Com o exposto acima, focamos em mostrar que aética passa a ser uma questão central
no contexto das trocas e construções virtuais, tanto no âmbito da vida pública como na
vida privada. Nesse sentido, ser ético é pensar no que fazemos, na medida de nossas
ações, considerando quem somos e com quem nos relacionamos. Além da ênfase na
reflexão sobre o outro e o planeta em que habitamos.
Com tantas discussões no terreno da ética, é preciso focar que ser cidadão é estar
situado na ordem social de forma participativa, mas considerando que apesar da
evolução tecnológica é preciso pontuar nossas ações locais e globais, presenciais e
virtuais, de forma eticamente responsável.
A INTOLERÂNCIA, RACISMO E A XENOFOBIA

É muito comum, diante do que vimos até aqui, presenciarmos na sociedade


globalizada e tecnológica, sentimentos de exclusão social, violência e intolerância.
No ano de 2001, realizou-se a Conferência Mundial contra o Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Conexa na cidade de Durban, África do
Sul. Esta conferência foi um culminar das demandas mundiais para o enfrentamento de
um cenário sociopolítico extremamente grave em nível mundial: o combate ao racismo
e intolerância.
Trata-se de compreender que indivíduos, povos e nações estavam cada vez mais
praticando e incentivando realidades de exclusão e segregação social, que em muitos
casos levam ao extermínio.
Mesmo diante de outros instrumentos legais e históricos para esse fim, foi
necessário organizar a Conferência de 2001.
Listamos aqui alguns dos instrumentos que foram implementados sob a égide
das Nações Unidas com intuito de promover a igualdade e combater a intolerância:

• Implementação de um sistema de gestão ambiental;

• Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948);

• Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (1966);

• Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966);

• Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as


Mulheres (1979);

• Convenção sobre os Direitos da Criança (1989).

Apesar do aparato legal acima referido, os dados mundiais seguiram apontando que
seres humanos ainda são vítimas de ideologias e tratamento racista e segregacionista,
principalmente com o surgimento de novas tecnologias e o advento da globalização, que
trouxeram próprios de seus campos. Por isso a urgência de novas medidas e esforços
focados em nível nacional e internacional.

Racismo: significa preconceito e discriminação de indivíduos e grupos fundamentados


em percepções sociais baseadas em diferenças biológicas entre os povos.

Xenofobia: sentimento de desconfiança, antipatia, receio de pessoas que não são


familiares ao meio de quem julga, ou ainda daqueles que não são do país de quem julga.

Intolerância: capacidade mental de não desejar reconhecer e respeitar diferentes


valores, sentimentos, opiniões de grupos e pessoas que não pertencem a quem avalia

Diante de tal conceituação, podemos avaliar o peso negativo destas atitudes e


práticas em nossa sociedade. Daí a necessidade de sabermos que importantes decisões
saíram da Conferência de Durban, que em linhas gerais foram: 
 Problemas enfrentados pelas vítimas de tais flagelos (com
particular destaque para as mulheres, pessoas de origem
africana e asiática, povos indígenas, migrantes, refugiados e
minorias nacionais) e medidas específicas para aliviar o seu
sofrimento;
 Problema da discriminação múltipla;
 Importância da educação e sensibilização pública no
combate ao racismo;
 Problemas particulares colocados pela globalização;
 Aspectos positivos e negativos das novas tecnologias;
 Importância da recolha de dados, da pesquisa e do
desenvolvimento de indicadores no domínio da
discriminação;
 Previsão de medidas destinadas para garantir a igualdade nas
áreas do emprego, da saúde e do ambiente;
 Importância de garantir o acesso das vítimas às vias de
recurso eficazes e de assegurar a sua reparação pelos danos
sofridos;
 Papel dos partidos políticos e da sociedade civil,
nomeadamente ONG e juventude, na luta contra o racismo.

Ainda temos muito a saber sobre os conceitos de racismo e xenofobia que são
processados de forma estrutural, fundamentando guerras santas e étnicas, como ocorre
no Oriente Médio na atualidade. Tal situação de desumanidade tem tirado a vida de
muitas famílias, mulheres, homens, jovens e crianças.

De qualquer forma, é preciso que através da educação e da formação de valores


morais e éticos, os indivíduos possam receber o antídoto para este mal do século XXI: a
segregação de pessoas, que se redefine como uma realidade de afastamento, isolamento.

O Ensino da Ética nas Instituições

Para que alcancemos a proposta que abordamos acima, uma formação


educacional em nível local e global, que alcance a tolerância das diferenças culturais,
das perspectivas de fluxo migratório, da liberdade de se exercer como ser humano
portador de direitos em qualquer região do planeta, é importante consolidar matrizes
curriculares que incluam conceitos e ensinamentos sobre ética, sobretudo, abordagens
práticas de vida que possibilitem a reflexão com base na moral e na ética. 
Em uma sociedade capitalista selvagem, em que muitos comportamentos não
prezam as relações éticas, é muito comum ouvirmos várias reclamações de falta de ética
na política e na sociedade como um todo. Nesse caso, a inclusão da ética nos currículos,
sobretudo universitários, torna-se uma urgência acadêmica, para que continue a se
constituir como um elemento fundamental nas relações humanas.

Importante observar pontos na formação ética dos profissionais:


 a.  Através da profissão o indivíduo se realiza plenamente, provando sua
capacidade, habilidade, sabedoria, inteligência e formando sua personalidade
para vencer obstáculos;
 b.  O nível moral dos homens é elevado pelo seu exercício profissional;
 c.  Na profissão os homens mostram sua utilidade à comunidade.

Educação das Relações Étnico-Raciais

Esse tipo de conteúdo relacionado a origem do Brasil e a relevância que deve ser
dada aos povos originários e introduzidos é trabalhado na educação das relações étnico-
raciais.
Essa temática começou a ser introduzida, em âmbito legal, na Lei de Diretrizes e
bases da educação em 1961 - LDB/1961, onde já se verificava a coibição de tratamento
diferencial na escola baseado na raça. O processo de constituição da educação das
relações étnico-raciais como política pública é completamente paralelo à composição
das políticas de promoção da igualdade racial, como observado no capítulo anterior. É
possível afirmar que o ponto de afluência dessa política é a aprovação da Lei
10.639/2003, ocorrida no mesmo período de diversas legislações que estabelecem e
organizam as políticas de promoção da igualdade racial no Brasil. Contudo, no contexto
das políticas educacionais, essas ações relativas à temática étnico-racial são recentes.
Foi só com a Constituição de 1988, a educação como política social universal,
com o objetivo de formar os estudantes para a vida e para o mercado de trabalho.
Nessa mesma constituição, dita cidadã, foram ratificados o princípio da
igualdade, do padrão de qualidade e do respeito à diversidade. Com a atualização da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação - Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a
educação é compreendida como um sistema que engloba:
 Educação Infantil;
 Educação Básica;
 Educação de Jovens e Adultos;
 Educação Profissional;
 Educação Superior;
 Educação Especial.

Nessa lei a educação é classificada como dever do Estado, com igualdade de


acesso e condições de permanência aos estudantes, essa condição está diretamente
relacionada com o respeito à diversidade cultural, social e étnica.
Segundo a LDB 9394/96, o currículo escolar deve ter uma base comum que
condiga com os valores culturais do País e o respeito às características regionais no
currículo específico de cada região. Então se durante seus estudos na educação básica e
no ensino médio você estudou sobre questões culturais, sociais e étnicas regionais e
nacionais saiba que esse estudo é fundamental para que você tenha conhecimento sobre
nosso país!
Essa mesma lei indicava a necessidade do ensino da história do Brasil que inclua
e contemple a participação de pessoas negras e indígenas em sua formação, o que é, de
fato, extremamente relevante como um compromisso do Estado brasileiro para diminuir
as desigualdades e a reparação histórica com índios e negros.
Assim a lei deixa claros quais são os objetivos que escolas e como se deve dar a
formação de pessoas sobre a questão das relações étnico-raciais no país.
Os objetivos são:
 Possibilitar o reconhecimento de pessoas negras na cultura
brasileira a partir de seu próprio ponto de vista;
 Promover o conhecimento da população brasileira sobre a
história do Brasil com a visão de mundo da população negra;
 Formar os professores para ministrarem disciplinas que
contemplem a perspectiva negra na história, cultura e
sociabilidade do País assim como que saibam combater e
discutir sobre o racismo e seus efeitos (dentro e fora do
ambiente escolar);
 Propiciar a reeducação para relações étnico-raciais plurais e
diversas.
É importante que você saiba que, independentemente de sua formação, você
precisa saber sobre a sua origem e a origem de seu povo e só por meio da educação que
é possível você respeitar a etnia do outro, conhecer o seu país e sua formação e entender
de cultura, diversidade e da riqueza do seu país.

Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

Entendemos a pouco sobre a LBD 9394/96 e a importância que deve ser dada a
questão étnica e racial, mas essa lei ainda ficava subjetiva em algumas questões, assim
foi criada a Lei 10.639/2003 que veio especificar, detalhar e obrigar o ensino de História
e Cultura-Brasileira e Africana na Educação Básica, alterando a LDB a fim de:
 Promover um currículo escolar antirracista e valorativo da
população negra;
 Promover a inserção da história e cultura africana e afro-
brasileira, porém sem estabelecer um limite temporal para a
sua implementação, nem o mínimo dessa inserção no
currículo.
Essa lei acabou traçando um caminho de um maior entendimento em relação a
educação das relações étnico-raciais, primeiro por que contempla integralmente a
proposição expressa pelo MNU na Convenção do Negro na Constituinte em 1986, que
indicava: “É obrigatória a inclusão nos currículos escolares de 1º e 2º graus, do ensino
de História da África e da História do Negro no Brasil.” (Convenção do Negro na
Constituinte, 1986). Segundo porque estabelece que o ensino de história deva considerar
as matrizes africanas, indígenas e europeias da formação do Brasil. Para Diante de toda
a produção existente sobre a tensão no Brasil no que se refere à raça e, em especial, às
condições da população negra, mas representa um avanço, se considerada a total
omissão no projeto apresentado pelas entidades dos professores”.

UNIDADE IV

DIREITOS HUMANOS

Nesta última Unidade de Ensino de nossa disciplina, aprenderemos sobre


Direitos Humanos, tais como o direito à vida, educação, trabalho, liberdade de opinião,
princípios e relações com ações comunitárias de participação democrática; refletir
questões e situações ligadas à ética, direitos humanos e violência; como também
identificar o cenário atual e as tendências da ética e cidadania. Veremos ainda a
responsabilidade de governos de garantirem esses direitos. Entenderemos que só é
possível participar das decisões políticas deum país a partir do exercício da cidadania
plena, ancorada na ética, se temos condições democráticas para esta participação.
Enfim, faremos uma reflexão sobre ausência de direitos e perpetuação da violência para
entendermos o que está acontecendo hoje com as práticas de ética e cidadania.

Afirmação histórica dos direitos humanos

Podemos dizer que foi a partir das duas revoluções, a americana e a francesa. A
revolução americana ou Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos Estados Unidos que
assegurava alguns direitos aos nascidos naquele país como o direito à vida, à
liberdade, à igualdade e à propriedade.
Esses direitos estabelecidos asseguravam a população que o governo não poderia
atacá-los sem base jurídica, ou seja, sem o devido processo e julgamento dentro dos
parâmetros da lei. 
Em 1789, estourou a Revolução Francesa que foi redigida a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, baseada em ideais iluministas e no tripé: igualdade,
liberdade e fraternidade. Essa declaração tinha por objetivo assegurar que “nenhum
homem deveria ter mais poder ou direitos que outro –o que representava o ideal
republicano e democrata, que à época ameaçava o Antigo Regime, no qual apenas uma
pessoa concentrava poderes, o rei”. 
Mas foi em 1948 que foi publicada a carta oficial dos direitos humanos, a
famosa Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual asseguraria para a
humanidade, os seus direitos básicos.
Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada após 3 anos da criação da
Organização das Nações Unidas (ONU), que iniciou suas atividades em fevereiro de
1945.

Os países foram adotando os ideais dessa declaração em suas constituições. No Brasil


não foi diferente já que a Constituição Federal de 1988, está totalmente alinhada com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Mas, afinal o que são os seus direitos, quanto humano?

São uma série de direitos básicos assegurados a todo e qualquer ser humano sem
distinção de classe social, raça, nacionalidade, religião, cultura, profissão, gênero,
orientação sexual ou qualquer outra variante possível que possa diferenciar os seres
humanos.
 Os Direitos Humanos não são uma invenção, e sim o
reconhecimento deque, apesar de todas as diferenças,
existem aspectos básicos da vida humana que devem ser
respeitados e garantidos.
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi redigida a
fim de resguardar os direitos já existentes desde que houve
qualquer indício de racionalidade nos seres humanos. Assim
sendo, ela não criou ou inventou direitos em seus artigos,
mas se limitou a escrever oficialmente aquilo que, de algum
modo, já existia anteriormente à sua redação.
 A liberdade e da igualdade deve estender-se a todos os seres
humanos.
 todas as pessoas podem requerer para si os direitos
apresentados no documento. Nenhuma discriminação, de
qualquer origem, pode ser feita.
 ninguém pode ser mantido em regimes de escravidão ou
servidão nem pode ser submetido à tortura, à crueldade ou a
qualquer tipo de tratamento degradante.

Conceituação e princípios dos direitos humanos


O conhecimento dos Direitos Humanos acende uma chama de luta social,
coletiva e ao mesmo tempo individual. É importante destacar que os direitos humanos
envolvem a proteção de nossa cidadania em nível mundial. Por isso não podemos
colaborar para que discriminações, intolerância e opressão aconteçam com qualquer
indivíduo.
Mas o que são direito humanos? Inicialmente convém destacar que são a base de uma
relação respeitosa entre iguais e diferentes no mundo social. Nossa Constituição de
1988, por exemplo, a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, definida e
divulgada pela ONU – Organização das Nações Unidas, já preconizava no art. 1ºque:
“[...] todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito
de fraternidade”.

Direitos humanos: são aqueles constituídos pelos direitos naturais, garantidos a todos os


cidadãos e que devem ser estendidos a todos os indivíduos, sem distinção de gênero,
classe social, posição política, etnia, religião ou nacionalidade.
Foi no contexto pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que houve a publicação em
10 de dezembro de 1948, da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU
(Organização das Nações Unidas). Tal documento se fez necessário para que
pudéssemos lembrar e combater, exterminar todo e qualquer ato de atrocidade,
violência, semelhantes aos que aconteceram durante o conflito. Esse documento é o
resultado das lutas por direitos historicamente constituídos e traz a perspectiva de
igualdade e liberdade entre homens e mulheres. Mas é preciso compreender o
significado desses direitos, no sentido de valorizar sua existência e aplicabilidade. Nesse
sentido, a efetivação dos Direitos Humanos refere-se a uma aspiração e necessidade
universal de reconhecermos a nós mesmos como seres humanos, únicos, que não são
julgados pelas suas diferenças para acessar espaços e culturas. Tal movimento dá
respeito a valorização da dignidade da pessoa humana.
De uma maneira geral devemos destacar que os três princípios fundamentais dos
Direitos Humanos são:
Dignidade da pessoa: os indivíduos devem ser julgados e tratados
conforme seus atos, unicamente. não sacrificar um indivíduo com o
motivo de que será para o benefício de outro.
Autonomia da pessoa: assegura a liberdade de ação para qualquer
indivíduo desde que este não prejudique outros.
Dignidade da pessoa: os indivíduos devem ser julgados e tratados
conforme seus atos, unicamente.
Depreende-se que os Direitos Humanos são os direitos e liberdades de todos os
seres humanos. Ressaltamos algumas características desses direitos, sendo:

Universalidade: todo e qualquer ser humano é sujeito ativo esses


direitos, independente de credo, raça, sexo, cor, nacionalidade,
convicções;
Inviolabilidade: esses direitos não podem ser descumpridos por
nenhuma pessoa ou autoridade;
Indisponibilidade: esses direitos não podem ser renunciados. Não
cabe ao particular dispor dos direitos conforme a própria vontade,
devem ser sempre seguidos;
Imprescribilidade: eles não sofrem alterações com o decurso do
tempo, pois têm caráter eterno;
Complementaridade: os direitos humanos devem ser interpretados
em conjunto, não havendo hierarquia entre eles.

Universalismo e multiculturalismo

Um importante destaque que quero fazer aqui é que os Direitos Humanos se


estendem a toda a humanidade, ou seja, é universal e abarca todas as culturas, portanto
multicultural.
Por esse motivo estão detalhadas na declaração os seguintes artigos:

ARTIGO 7º: a lei deve ser igual para todos, deve proteger a todos, e o documento
da declaração também vale para todos, não importando as diferenças.

ARTIGO 8º: toda pessoa pode recorrer ao sistema de justiça contra as violações da
lei que as atingirem.
ARTIGO 9º: proíbe as prisões, detenções ou exílios arbitrários, ou seja, que não
foram resultados de um processo legal que comprove o ato como determinação de
uma sentença judicial ou de algum tipo de medida judicial válida.

ARTIGO 10º: todo mundo tem direito a u m julgamento oficial, público, imparcial
e justo.

Portanto, eles não servem para proteger ou beneficiar alguém e condenar outros,
mas têm aplicação geral. Então, frases repetidas pelo senso comum, como “Direitos
Humanos servem para proteger bandidos”, não estão corretas, visto que os Direitos
Humanos são uma proteção a todos os humanos.

Ação comunitária e participação democrática

O ser humano imagina-se incluído em dois grupos societais: um deles mostra-se


como alguém que sente a necessidade de ser conduzido, aceita e espera
confortavelmente aquilo que o Estado oferece como políticas públicas, ou decisões
políticas, sociais e econômicas. O outro grupo busca constantemente a chama acesa do
questionamento, da participação, da vontade de transformar e de estar construindo as
decisões acima referidas.
Dessa forma, consideramos significativo destacar o conceito de comunidade
para pensarmos seu papel no âmbito democrático.

Comunidade: sociologicamente é um grupo de indivíduos que além de possuírem a


residência em comum do ponto de vista geográfico, compartilham cultura e tomam
parte de uma história compartilhada, têm objetivos e metas comuns, partem das
demandas comuns.
Uma comunidade, para alcançar um excelente grau de participação, em um
projeto comunitário, por exemplo, deve se voltar aos seguintes objetivos:
Empoderamento

Alto nível de consciência coletiva e de força política. O autor mostra que precisa de uma
forte iniciativa com ações e organização que possam influenciar processos de mudanças.

Capacity building

Compartilhamento de tarefas relacionadas à administração do projeto de transformação.
Também diz respeito a monitoramento e construção da sustentação do projeto.

Eficácia

Quando o projeto caminha junto com as demandas da comunidade. Corresponde e
atende essas demandas.

Eficiência

A procura de consenso com interação e cooperação para avanços e não atrasos.
Cumprindo metas e prazos. Intensa participação comunitária.
Compartilhamento de custos

Compartilhamento de gastos do projeto a ser desenvolvido, com a finalidade de baratear
o projeto.
Quando falamos em ”democracia participativa”, estamos lidando com a situação
de uma participação popular na tomada de decisões, sobretudo, políticas. Esse conceito
evoca a ideia de uma proporcionar a oportunidade de participação às pessoas, criando
canais de debate que incentivem o pensar sobre questões políticas, diretamente ligadas
ao exercício de sua cidadania.
Uma proposta de entendimento e clareza sobre a ideia de ação da comunidade
em uma perspectiva democrática volta-se para a situação do conceito de gestão
democrática presente nas escolas. A luta pela conquista da autonomia na Escola é
reflexo da luta na própria sociedade.
Assim, tal qual apresentamos aqui, é necessário que o entendimento da condução
democrática esteja presente, favorecendo o estado de participação da comunidade. Na
escola, bem como no Estado, uma gestão participativa e democrática deve envolver:
participação propriamente dita, descentralização e transparência. Sobre o cenário desta
concepção se realizar na escola, a participação política das classes populares deve
ocorrer através de seus representantes, seja na tomada de decisões, seja na definição de
um projeto de ação.
É notável que tanto na escola quanto na sociedade é são necessários canais
democráticos que possibilitem a participação dos indivíduos no processo de tomada de
decisões.
Para que a participação da comunidade aconteça de forma efetiva, é preciso
também que a mesma conheça que canais existem para sua atuação. Observando a
imagem abaixo, vemos estas formas de participar:

Dessa forma, vemos que cada grupo representado nos diálogos recebe a
oportunidade de apresentar suas ideias e prováveis soluções para os entraves. Isso
supera, com certeza, o fato de ter uma visão unilateral em que somente uma classe, ou
grupo, toma decisões e avaliam ações, pois todos os níveis envolvidos podem contribuir
para a melhoria da qualidade de vida no coletivo.

Ética, direitos humanos e violência

A temática dos direitos humanos apresenta relevância na constituição da lógica


jurídica do século XXI. Nesse sentido, mostra-se com traços do passado e uma
perspectiva de futuro. Sobre os direitos humanos, vemos a necessidade de uma ampla
análise histórico-filosófica, além de um grande conhecimento jurídico.
A questão da violência está na ordem do dia. Como podemos nos posicionar do
ponto de vista ético em relação as diferentes situações que saltam aos nossos olhos
diariamente. Temos assistido muitas cenas de desrespeito aos direitos humanos. Muitas
atitudes de violência e precarização da ordem social. 
A violência em nossa sociedade está presente desde a fala das pessoas no dia a
dia, até mesmo na mídia e nos discursos políticos. Para a autora existem diversos tipos
de violência, desde a que acontece na família até a que configura a criminalidade.
Violência física, psicológica, social e emocional. 
Nesse sentido, viver em um Estado Democrático de Direito como o nosso é
experimentar práticas de respeito às diferenças e direitos humanos. Tudo isso é muito
significativo e completo na letra fria do papel, pois na prática assistimos violência
contra a mulher, violência contra o idoso, violência contra a orientação sexual, crimes
de ódio, corrupção, violência policial, entre outras.

Estado democrático de direito é aquele em que os governantes seguem oque está


previsto nas leis, isto é, deve ser respeitado e cumprido o que é definido pela lei.
Como entendemos a violência em relação aos Direitos Humanos? Vemos, por
exemplo, que a educação é direito de todos e dever do Estado, tendo por princípios: a
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; a liberdade de aprender,
de ensinar, pesquisar e ampliar o pensamento, a arte e o saber; o pluralismo de ideias e
de vertentes pedagógicas; a coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; a
gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; a valorização dos
profissionais do ensino; a gestão democrática do ensino público e a garantia do padrão
de qualidade.
Nesse caso, infração ao respeito dos direitos humanos está diretamente vinculada
à impunidade. No Brasil existe a emenda constitucional 45 de 2004, que federaliza
crimes contra os Direitos Humanos. Assim, quando ocorre a violação a um direito
humano, esta é logo transferida para o sistema de justiça nacional. Mas o ideal seria
criar políticas públicas que se voltassem ao combate direto à violência. Como o Estado
apresenta dificuldades nesse projeto, assistimos, na maioria das vezes, os pobres sendo
mais vitimados pela violência. Pois, no fundo, há uma inércia para estabelecer punições
e, também, a conivência com ações de violência física e simbólica.
No que tange ao campo da ética, vemos que ética e violência caminham para
lados diferentes. Já que violência remete a tudo o que age usando a força para ir contra a
natureza de algum ser, esmagando-o, torturando-o, desorganizando-o. Nesse sentido,
podemos afirmar que a sociedade aponta que uma atitude violenta em nada colabora
para uma vida justa e solidária.
Dessa forma, afirmamos que violência se opõe à ética porque não considera o
respeito e o compromisso de manter a integridade física e moral dos indivíduos.

Cenário atual e tendências da ética e da cidadania

A realidade social não está pré-concebida e os indivíduos podem atuar sobre os


processos coletivos. Assim, é possível que os homens criem e recriem novas propostas
de convivência que esbarram em amplas discussões acercados conceitos de ética e
cidadania. Sobretudo, as questões que envolvem os estudos de robótica, as investigações
científicas sobre células tronco, a própria possibilidade de instituição do poder de certos
grupos e pessoas poderem deter o porte de arma.
Uma pessoa vive dentro de uma esfera do ético quando se preocupa com a
justificativa de sua ação, já que só o fato da pessoa querer justificar, podendo estar certa
ou errada, demonstra que há uma pauta ética. A moral está diretamente ligada às ações
práticas dos seres humanos.

Em tempos atuais, a educação ocupa um lugar importante para a formação do


cidadão participativo e solidário, consciente de seus deveres e direitos e, sem falar em
propostas de educação com direitos humanos. Dessa forma, pode-se construir a base
para uma amplitude maior do que vem a ser uma educação democrática, apontando o
caminho para a democracia como o regime da soberania popular, com pleno respeito
aos direitos humanos.
No que se refere ao mundo do trabalho, por exemplo, o estudo da ética se faz
primordial pelas infrações que aparecem em jornais no mundo dos negócios. Tal
proposta deveria ocorrer a partir da compreensão profunda das experiências práticas.
A ética e a moral da pós-modernidade, para relacionam-se com a
responsabilidade moral incondicional que cada pessoa pode desenvolver por meio de
suas atitudes ao “estar junto com o outro” na vida pregressa.

ÉTICA E POLÍTICA
Um problema que tem incomodado muito a realidade social brasileira está
relacionado com a questão da corrupção na política. Será que aqueles que são eleitos
democraticamente, com o voto direto, com a perspectiva de representar a vontade geral
e que governam voltados para seus interesses pessoais, estão agindo de forma ética? Há
uma falta de ética no exercício da política no meio social? Como fica a questão da
cidadania relacionada a questão ética em tempos atuais?

ÉTICA NA SAÚDE

O comportamento ético em atividades de saúde deve considerar um enfoque de


responsabilidade social e também a expansão dos direitos da cidadania, pois sem
cidadania não há saúde.
A ética da responsabilidade e a bioética envolvem o cuidado do outro, portanto,
compete ter consciência em desenvolver esta postura. Dessa forma, vemos que a ética
deve reconhecer o valor de todos os seres vivos e encarar os humanos como um dos
pontos que formam a base da vida. 
A bioética é uma ética aplicada que está preocupada com o uso adequado das
novas tecnologias na área das ciências médicas e das soluções pertinentes aos dilemas
morais que sejam apresentados.

ÉTICA NAS REDES SOCIAIS

As Redes Sociais também têm se mostrado como um importante canal de


informação e trocas comunicacionais. Ao mesmo tempo em que informam, também
desinformam. Relacionando com a questão ética, temos a grande dor de cabeça do
momento, as chamadas Fake News. Estas provocam desequilíbrio, afetações emocionais
e transtornos, principalmente naqueles que são os alvos dessas notícias falsas. As Fake
News reforçam preconceitos, ódio contra indivíduos ou grupos sociais. Imaginem o
impacto que a sociedade teve sobre a falsa notícia da existência de um “Kit Gay”
imposto nas Escolas. Essa ideia partiu de um projeto verdadeiro que fazia parte de um
dos programas do Governo Federal, mas foi manipulada e disseminada totalmente
desvirtuada, com a perspectiva de dizer que haveria uma suposta ideologia de gênero e
sexualidade firmada para as escolas. A questão ética aparece fortemente no fato de que
antes de compartilhar essas notícias que causam impacto, bem como todas as outras que
compartilhamos ou postamos, é sempre preciso checar a veracidade da informação.

Como detectar notícias falsas:


Considere a fonte – veja se tem credibilidade;
Considere o autor - faça uma breve pesquisa sobre ele;
Confirme a data;
Fontes de apoio - encontre bases de informações; as fontes que se
relacionam ou tratam do assunto – é preciso identificá-las;
Considere todos os lados – ser contra uma ideologia não quer dizer
que a notícia é falsa;
Verifique se é piada – há sites que fazem piadinhas com
determinados temas;
Leia mais – é preciso ler sobre o assunto. Quando você pesquisa e
lê mais sobre um assunto, percebe se a informação a ser
compartilhada tem ou não veracidade.

Texto: o impacto das fake news e o fomento dos discursos de ódio na sociedade em
rede: a contribuição da liberdade de expressão na consolidação democrática
Enfim, a discussão sobre ética e cidadania, levando em consideração o que
estamos vivendo em uma sociedade que precisa da convivência harmônica, é preciso
haver compatibilidade entre o ideal da sociedade almejada e o estilo de vida construída,
sem isso não é possível pensar em uma sociedade ética como realidade.
Na atualidade, o sujeito que possui a cidadania é aquele detentor de direitos, mas
também de deveres. Deve ter ciência de sua participação na sociedade e que precisa
contribuir coletivamente. A cidadania deve perpassar interesse e participação, precisa
haver interesse pelo bem comum.
Uma outra perspectiva tem a ver com a sociedade de risco que estamos vivendo.
Isto significa que pensando sobre o crescimento da civilização tecnológica, vemos um
número muito grande de difusão e proliferação dos riscos. Riscos que afetam as
sociedades em conjunto, revelando a crise da sociedade industrial.
A sociedade moderna organiza-se levando em conta o distanciamento tempo-espaço,
diferentemente das sociedades pré-modernas, nas quais as relações entre os indivíduos
estavam construídas nas referências locais. Nesse caso, a explicação para situações e
fenômenos que ali se processavam, eram situadas na lógica do conhecimento e interação
cotidianos que, por sua vez, promoviam a organização social com base nas redes de
confiança, depositada nos laços de parentesco e alianças. Caso qualquer coisa
perturbasse o equilíbrio daquela ordem social, o grupo encontraria resolução para aquele
problema, valorizando a confiança localizada. Já nas sociedades atuais, estas constroem
seu esquema de funcionamento e racionalização social fundamentadas em uma relação
de confiança dos indivíduos sem sistemas abstratos, fichas simbólicas, que podem ser
entendidos como o progresso do conhecimento técnico e científico.
Portanto, vivemos riscos de acreditar nos sistemas simbólicos, no virtual e, a
partir destas crenças, também construímos nossas posições éticas e cidadãs.

Educação, ética e cidadania hoje

No texto de Immanuel Kant que segue, que foi retirado de um coletânea


intitulada “Theoretical Philophy”, editado por David Walford e Ralf Merbote,temos
algumas reflexões importantes sobre ensinar a pensar para a vida. O trecho apresentado
aqui faz parte do “Anúncio do Programa do Semestre de Inverno de 1765-1766” e
propõe uma reflexão que traz em si a própria valorização da educação para o bem
coletivo.

ENSINAR A PENSAR
Espera-se que o professor desenvolva no seu aluno, em primeiro lugar, o homem
de entendimento, depois, o homem de razão, e, finalmente, o homem de instrução. Este
procedimento tem esta vantagem: mesmo que, como acontece habitualmente, o aluno
nunca alcance a fase final, terá mesmo assim beneficiado da sua aprendizagem. Terá
adquirido experiência e ter-se-á tornado mais inteligente, se não para a escola, pelo
menos para a vida.
Compreender a criação de novos desenhos de sujeito pensante e participativo,
em uma sociedade em que as tecnologias da informação e das comunicações são cada
vez mais reais e oferecem um mapa cognitivo das relações e saberes sociais que indicam
o progresso da humanidade, é fundamental para se estabelecer um diálogo entre
indivíduo, cultura e educação.
Questões na atualidade precisam estar pautadas pelo olhar da ética e cidadania,
afinal, ser cidadão é colaborar para a garantia de que o respeito e a preservação das
relações sejam fundamentais. Tanto na política, quanto na saúde e nas trocas via redes
sociais, é preciso ter compromisso com a moralidade das participações e atuações.
Finalmente, destacamos o papel que a educação tem na formação de indivíduos
pensantes e responsáveis por suas ações no seio da sociedade.

Fundamentação e inversão ideológica dos direitos humanos

Apesar de ter mais de 70 anos de existência e dos significativos avanços legais,


culturais, ético e sociais para a humanidade, ainda existe no mundo várias ditaduras,
governos autoritários e infrações a esses direitos.
No Brasil, uma clara expressão de infração a essa declaração foi a Ditadura
Militar, ocorrida entre 1964 e 1985, quando, em seus anos mais pesados, centenas de
pessoas foram presas arbitrariamente, exiladas, torturadas e até mortas por causas das
suas orientações políticas ou pela afronta ao governo ditatorial.
Também esbarramos em alguns problemas em relação à garantia dos Direitos
Humanos no mundo, como a longínqua guerra da Síria, a tomada do Afeganistão pelo
Talibã, governos ditatoriais como os existentes em países Africanos, Coreia do Norte,
Venezuela e Rússia.
Os indicadores das infrações a declaração são as altas taxas de homicídios, em
especial de jovens, moradores de periferias e negros; o abuso policial e as execuções
cometidas por policiais ou milícias; o falho sistema prisional, que se encontra em crise;
as ameaças aos defensores dos Direitos Humanos; a miséria e a alta desigualdade social;
a violência contra a mulher; e o trabalho em situações análogas à escravidão.
Estar atento os direitos previstos em nossa constituição e combater injustiças
sociais devem ser as armas de nós, cidadãos do mundo contra esses desmandos de
políticos no mundo

Direito internacional dos direitos humanos e seus sistemas de proteção global e


regional

Importante saber quais são os sistemas globais de proteção aos direitos humanos.
Por serem estruturas internacionais, respeitadas, assinadas e ratificadas por pactos,
tratados, convenções, declarações, comissões, estas contêm mecanismos apropriados de
acompanhamento, fiscalização e cobrança de informações dos países signatários acerca
das ações protetivas e afirmativas de tutela dos direitos humanos.
A ONU, tem esse intuito de administrara paz mundial e cobrar dos países o
compromisso com acordos que visem a proteção do homem, do meio ambiente,
economia e das futuras gerações.
Os mecanismos contemporâneos de implementação dos Direitos Humanos pela
ONU são vários e complexos, surgiram através da Carta de São Francisco, mas
efetivamente se concretizaram a partir da Declaração Universal dos Direitos do Homem
de 1948, são eles:

 Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos

Foi adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 19 de dezembro de 1966,
constituindo, assim, um pacto de amplitude mundial. Sua entrada em vigor ocorreu em
1976,quando se atingiu o número mínimo de adesões estipulado, 35 países.

 Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

Foi planejado com o objetivo de tornar juridicamente importantes os dispositivos da


Declaração Universal dos Direitos Humanos, determinando a responsabilização
internacional dos estados signatários por eventual violação dos direitos estipulados.

 Sistemas Regionais

Sistema Europeu, o Sistema Interamericano, Sistema Africano;

 O Tribunal Penal Internacional

Possui competência para julgar quatro tipos de crimes: crimes contra a humanidade,
crimes de genocídio, crimes de guerra e crimes de agressão. Seu princípio principal
funda-se na complementariedade e subsidiariedade, possuindo como característica o
fato de ser permanente.

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