Biologia - 10º Ano

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Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano

Exame 2020
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano

Domínio Biodiversidade e ecossistemas


Diversidade biológica (ou biodiversidade)
No seu sentido mais amplo, é entendida como a multiplicidade de seres vivos existentes na biosfera –
porção do planeta onde encontramos vida, isto é, conjunto de todos os ecossistemas; nível de organização
biológica mais elevado. A biodiversidade exprime-se em diferentes níveis de integração: diversidade
ecológica, de espécies e genética.

• Diversidade ecológica – refere-se à diversidade de comunidades presentes nos diferentes


ecossistemas; 2
• Diversidade de espécies – é relativa à variedade entre as espécies encontradas em diferentes
habitats do planeta;
• Diversidade genética - inclui variedade genética dentro e entre populações pertencentes à mesma
espécie.

• A diversidade de espécies de uma comunidade abrange a riqueza de espécies dessa comunidade


(número de espécies diferentes) e a abundância relativa das espécies (número de indivíduos de cada
espécie).

Organização biológica
O estudo da vida estende-se desde a escala
global do planeta à escala microscópica das
células e das moléculas.

• Ecossistema – conjunto dos seres vivos


que habitam uma determinada área, bem
como os componentes abióticos do meio,
tais como o ar, a água, o solo, a energia
solar e as relações que estabelecem entre
eles.
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• Comunidade (ou biocenose) – conjunto


de seres vivos de um ecossistema e as
relações que estabelecem entre si.
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• Espécie – conjunto de seres vivos morfologicamente semelhantes, capazes de se reproduzirem entre
si, em condições naturais, originando descendência fértil.

• População – conjunto de organismos da mesma espécie, que vivem na mesma área e num
determinado período de tempo.

• Dentro de um mesmo organismo (ou indivíduo), a hierarquia continua a revelar-se, na medida em


que existem sistemas de órgãos que trabalham para a homeostasia desse organismo; cada sistema
de órgãos representa um conjunto de órgãos que trabalham em conjunto para a mesma função;
estes, por sua vez, são constituídos por diferentes tecidos formados por células semelhantes.
3
• Numa célula, a unidade básica da vida, podem identificar-se vários organelos - estruturas que
representam uma função específica; finalmente, a hierarquia chega ao nível da molécula - conjunto
de átomos unidos por ligações químicas.

Cadeias tróficas/alimentares
Sequência de organismos que se alimentam
sucessivamente uns dos outros. Num dado ponto da cadeia,
um ser vivo pode servir de alimento ao organismo seguinte
ou alimentar-se do anterior.

• A cadeia alimentar é o sistema de transferência de


energia e de matéria dos seres produtores para os
consumidores, iniciando-se sempre com um ser
autotrófico.

• Nível trófico – conjunto de organismos que ocupam


uma mesma posição numa cadeia alimentar.

• Nas comunidades de seres vivos distinguem-se três categorias de organismos:


o Produtores – organismos capazes de produzir matéria orgânica, o seu próprio alimento, a partir
de matéria mineral; são os seres autotróficos, como as plantas e as cianobactérias, e ocupam o
1.º nível trófico;
o Consumidores – (ou macro consumidores - consumidores por ingestão) organismos que se
alimentam, direta ou indiretamente, da matéria orgânica elaborada pelos produtores. São os
seres heterotróficos, como os animais, e ocupam o 2.º nível trófico quando se alimentam
diretamente dos produtores;
o Decompositores – (ou micro consumidores -consumidores por absorção) organismos
heterotróficos que transformam a matéria orgânica de que se alimentam (cadáveres, restos e
excreções de todos os níveis tróficos) em sais minerais. A matéria mineral, devolvida ao meio,
pode ser novamente incorporada nos organismos produtores.

• Teia alimentar – conjunto de cadeias alimentares de um ecossistema ligadas em rede.


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Transferência de energia nos ecossistemas
A energia luminosa (solar) captada pelas plantas e outros seres fotossintéticos
é convertida em energia química, contida nas moléculas orgânicas que estes
produzem.

• A transferência de energia num ecossistema é unidirecional, mas a energia


disponível decresce de nível trófico para nível trófico, de acordo com a
regra dos 10% (para o nível seguinte passa apenas 10% da energia
disponível no nível trófico anterior).

Relações bióticas 4
Interações que se podem estabelecer entre os seres vivos que ocupam um mesmo ecossistema.

• As relações bióticas podem ser favoráveis quando não comportam prejuízos para os organismos, ou
desfavoráveis quando pelo menos um dos indivíduos intervenientes é prejudicado.

Relações bióticas interespecíficas


Ocorrem entre organismos de espécies diferentes.

Relação entre dois seres vivos em que existe benefício para ambos os
Mutualismo + +
organismos.
Relação entre dois seres vivos em que existe benefício para um dos
Comensalismo + 0
organismos e o outro não é afetado.
Relação entre dois seres vivos em que o parasita é beneficiado e o
hospedeiro é prejudicado. O parasita pode ser endoparasita (alojado no
Parasitismo + –
interior do organismo do hospedeiro) ou ectoparasita (alojado no exterior
do organismo do hospedeiro).
Relação entre dois seres vivos em que o predador é beneficiado e a presa
Predação é prejudicada. Esta relação acontece, geralmente, pela necessidade de + –
alimento.
Relação entre dois seres vivos em que um depende do outro para
Simbiose + +
sobreviver, sendo assim uma relação biótica obrigatória.
Competição Relação em que seres vivos de espécies diferentes disputam algum – –
interespecífica recurso, como alimento ou espaço. + –

Relações bióticas intraespecíficas


Ocorrem entre organismos da mesma espécie (da mesma população, no mesmo ecossistema).

Sociedade Associações de indivíduos da mesma espécie, organizados numa


+ +
(cooperação) hierarquia social.
Colónias Associações de cooperação entre seres vivos da mesma espécie, onde
+ +
(cooperação) todos desempenham a mesma função.
Relação entre dois seres vivos da mesma espécie em que o canibal é
Canibalismo + –
beneficiado, porque se alimenta da presa, que é prejudicada.
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Competição Relação entre seres vivos da mesma espécie disputam recursos como – –
intraespecífica alimento, chefia de território ou parceiro de acasalamento. + –
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Fatores abióticos
Influências que que os seres vivos podem receber num ecossistema, derivadas de aspetos físicos,
químicos ou físico-químicos relativos ao meio ambiente:
• Disponibilidade de água;
• Disponibilidade de substâncias inorgânicas – ciclo da matéria;
• Compostos orgânicos (ligam o biótico ao abiótico);
• Condições climáticas (calor, frio, vento, chuva, etc.);
• Luminosidade;
• Temperatura;
• pH do meio; 5
• Presença/ausência de oxigénio e outros gases;
• Humidade;
• Fatores geológicos (vulcanismo, sismologia…);
• Natureza e composição do solo, etc.

Extinção e conservação de espécies


Atualmente, a ação do Homem é a principal responsável pela extinção de espécies no mundo, devido ao
aumento populacional excessivo e ao grande desenvolvimento tecnológico. Por outro lado, grande parte da
população humana preocupa-se em desenvolver estratégias de proteção de espécies de modo a evitar a sua
extinção – redução do número de indivíduos até ao seu total desaparecimento.

Extinção de espécies
O desaparecimento de uma espécie, que se insere numa cadeia trófica, a partir da qual interage com
outras espécies, pode interferir na dinâmica do ecossistema e colocar em perigo outras espécies.

• A extinção de espécies é um processo normal do mundo natural. No entanto, no passado, ocorreram


algumas extinções em massa (crises biológicas), originadas essencialmente por fatores geológicos e
climáticos.
• Por outro lado, no último século, o impacto humano nos ecossistemas tem provocado a extinção
anormal de centenas ou até milhares de espécies.

• Espécie em perigo – (de acordo com o Centro Mundial de Controlo da Conservação) aquela cuja
sobrevivência é considerada duvidosa se continuarem a atuar os fatores que a ameaçam.

Causas da extinção de espécies


Origem antrópica Origem natural
Desflorestação (ação humana) Atividade vulcânica
Caça elícita Atividade sísmica
Pesca excessiva Desflorestação (via natural)
Agricultura excessiva (degradação dos solos) Secas
Introdução de espécies invasoras Inundações
Poluição industrial
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Derrames petrolíferos
Aquecimento global
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Conservação de espécies
A investigação nas áreas da conservação das espécies analisa o impacto humano na biodiversidade e
desenvolve estratégias para a preservar, analisando-a minuciosa e sistematicamente, analisando a sua
evolução e planificando métodos para a gerir da melhor forma.

• Não é suficiente o esforço desenvolvido localmente para salvar uma espécie, é necessária uma
coordenação a nível internacional, mantendo uma constante troca de informações da espécie entre
cientistas de vários locais.

• A criação de áreas protegidas para uma determinada espécie e, em seguida, a sua reinserção no seu
habitat natural é um método eficaz no salvamento de espécies em vias de extinção; no entanto, 6
quando o seu habitat é perturbado, ou até mesmo deixa de existir, a reintrodução da espécie torna-
se impossível.

• A sensibilização de uma população no seu todo, é fundamental neste processo e existem regiões com
legislação própria que salvaguardam a proteção de determinadas espécies ameaçadas.

A célula – unidade básica de estrutura e função biológica


Até meados do século XVII a existência de células nos organismos era desconhecida. O aperfeiçoamento
dos microscópios, a constante evolução das técnicas citológicas e o contributo da bioquímica e da biologia
molecular permitiram um progresso considerável na conceção da estrutura da célula.

• Existem seres vivos constituídos por uma só célula – seres unicelulares, e seres constituídos por
várias células (podendo apresentar milhares de milhão de células) – seres pluricelulares.

Teoria celular
A teoria celular, na atualidade, assenta em três princípios fundamentais:

• A célula é a unidade básica de estrutura e função dos seres vivos;


• Todas as células provêm de células já existentes;
• A célula é a unidade de reprodução, desenvolvimento e hereditariedade dos seres vivos.

Organização celular
As células, de acordo com a sua organização básica, podem ser classificadas em procarióticas ou
eucarióticas (animais ou vegetais):

Células procarióticas Células eucarióticas


– Constituição muito simples;
– Organização complexa;
– Tamanho reduzido;
– Maiores dimensões;
– Sem núcleo individualizado;
– Com núcleo bem definido e
– Não possui organelos (possui
organizado;
apenas ribossomas de tamanho
– Com organelos membranares;
inferior aos das células
– Animais, fungos, plantas e
eucarióticas);
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protistas são seres vivos com


– as bactérias são os únicos seres
este tipo de células.
vivos com este tipo de célula.
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Constituinte Células Células eucarióticas


celular procarióticas Animais Vegetais
Cápsula ✓ × ×
Fímbrias ✓ × ×
Nucleoide ✓ × ×
Flagelo ✓ × ×
Parede
✓ × ✓ 7
celular
Citoplasma ✓ ✓ ✓
Membrana
✓ ✓ ✓
celular
Ribossoma ✓ ✓ ✓
Mitocôndria × ✓ ✓
Lisossoma × ✓ ×
Núcleo × ✓ ✓
Complexo
× ✓ ✓
de Golgi
Vacúolo × ✓ ✓
Cloroplasto × × ✓
Centríolo × ✓ ×
Retículo E.
× ✓ ✓
Rugoso
Retículo E.
× ✓ ✓
Liso

Função dos componentes celulares

• Células procarióticas – possuem uma parede celular complexa que tem função de proteção da célula
e que ajuda a manter a sua forma; em alguns procariontes também existe uma cápsula a envolver
toda a célula, também com função protetora; alguns procariontes apresentam ainda, na sua
superfície, prolongamentos chamados pili (quando são em grande número e de pequenas
dimensões) e flagelos (quando são em pequeno número e de grandes dimensões).

• Células eucarióticas – possuem uma grande variedade de estruturas no citoplasma – organelos


celulares, com funções específicas; a maior parte destes organelos são rodeados de membranas –
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organelos membranares: muitas das atividades químicas das células, que compõem o metabolismo
celular, ocorrem ao nível ao nível destes organelos, onde são mantidas condições específicas
adaptadas à função de cada organelo.
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Componente Célula Célula Eucariótica


Função
celular Procariótica Vegetal Animal
Parede celular Proteção da célula e estrutura de suporte. ✓ ✓ ×
Estrutura fina e dinâmica que regula as trocas
Membrana
entre a célula e o meio e mantém a ✓ ✓ ✓
celular
integridade da célula.
Armazena o material genético e controla toda
Núcleo × ✓ ✓
a atividade da célula.
Material genético e regulação das atividades
Nucleoide ✓ × ×
celulares nos procariontes.
Mitocôndrias Respiração celular. × ✓ ✓
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Cloroplastos Fotossíntese. × ✓ ×
Reserva de água e outras substâncias e
Vacúolos × ✓ ✓
digestão.
Alberga várias estruturas no citosol – massa
Citoplasma ✓ ✓ ✓
semifluida e aparentemente homogénea.
Ribossomas Síntese de proteínas. ✓ ✓ ✓
R. E. Rugoso Síntese e transporte de proteínas. × ✓ ✓
Síntese e transporte de lípidos e hidratos de
R. E. Liso × ✓ ✓
carbono.
Complexo de Armazenamento de substâncias, secreção e
× ✓ ✓
Golgi maturação de proteínas e lípidos.
Lisossomas Digestão intracelular (enzimas digestivas). × × ✓

Biomoléculas (ou moléculas biológicas)


Moléculas presentes nas células dos seres vivos, que participam na estrutura e nos processos bioquímicos
dos organismos e que são, em geral, compostas por elementos como oxigénio (O), nitrogénio (N), carbono
(C), hidrogénio (H), enxofre (S) e fósforo (P) – bioelementos.

• Nenhuma unidade viva [e exatamente igual a outra


ou exatamente igual a si mesma em dois momentos
diferentes.

• A maioria dos elementos químicos das células vivas


ocorre em milhares de combinações, formando
diversas biomoléculas.

• Na constituição das moléculas orgânicas existe


carbono ligado covalentemente com o hidrogénio,
podendo, em regra, existir outros tipos de átomos,
como o oxigénio e o azoto.
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Água – importância biológica:
A água é o solvente universal – tem a capacidade de dissolver numerosos compostos orgânicos e
inorgânicos.

• Intervém nas reações químicas;


• Atua como meio de difusão de muitas substâncias;
• É um regulador de temperatura, pois, em presença de grandes variações
térmicas do meio, adapta-se;
• Intervém em reações de hidrólise;
• Excelente solvente, serve de veículo para materiais nutritivos necessários
às células e produtos de excreção;
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• Remoção de resíduos;
• Função estrutural;
• Transporte;
• Os sais da água têm função reguladora.

Compostos orgânicos

• As macromoléculas, moléculas grandes e complexas, são sintetizadas na sua maioria pelos seres
vivos e são polímeros, isto é, cadeias com um grande número de unidades básicas – monómeros,
unidas por ligações químicas.

• Reações de condensação – os monómeros unem-se e formam cadeias maiores, originando


polímeros. Por cada ligação estabelecida entre dois monómeros, é removida uma molécula de água.

• Reações de hidrólise – os monómeros que constituem


um polímero podem separar-se uns dos outros. É
necessária uma molécula de água por cada ligação
entre dois monómeros.

• Os grupos de átomos das moléculas orgânicas que participam nas reações chamam-se grupos
funcionais. O número e arranjo dos grupos funcionais influencia a estrutura e as propriedades
químicas de uma molécula.

Hidratos de carbono (ou glícidos)


Compostos orgânicos ternários, em cuja composição entra Carbono, Oxigénio e Hidrogénio. Nestas
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moléculas, os átomos de oxigénio e hidrogénio apresentam-se geralmente combinados na proporção de 1


para dois, tal como na água, daí o nome “hidrato de carbono”.

• De entre os principais grupos de glícidos, distinguem-se os monossacarídeos, os oligossacarídeos e


os polissacarídeos.
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Trioses – açúcares simples que contêm 3 átomos de carbono na molécula.
Tetroses – monossacarídeos com 4 átomos de carbono.
Monossacarídeos –
(ou oses) carboidratos Ribose – pentose que faz
não polimerizados, parte da estrutura dos
isto é, não sofrem nucleótidos de RNA.
hidrólise; são
Pentoses – glícidos
unidades estruturais
simples compostos
dos glícidos,
por 5 carbonos.
frequentemente Desoxirribose – pentose
chamados de que faz parte da
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açucares simples e estrutura dos
classificam-se de nucleótidos de DNA.
acordo com o número
de átomos de
carbono, que é, em Glicose – molécula mais
geral, entre 3 e 7. utilizada pelas células
para obtenção de
energia.

Nota: tanto as
pentoses como as Hexoses –
hexoses podem ser monossacarídeos Frutose – função
representadas por formados por uma energética.
uma fórmula cadeia de seis átomos
estrutural em cadeia de carbono.
aberta, mas
geralmente em Galactose – função
solução as moléculas energética (constitui a
têm forma estrutural lactose do leite)
cíclica, constituindo
anéis fechados com 5
ou 6 carbonos. Heptoses – monossacarídeos com 7 átomos de carbono.
Sacarose – resulta da
ligação de uma molécula
de glicose a uma
Oligossacarídeos – molécula de frutose.
Dissacarídeos –
carboidratos
cadeias constituídas Maltose – resulta da
resultantes da união
por duas unidades de ligação de uma molécula
de 2 a 10 moléculas
monossacarídeos de glicose a outra
de monossacarídeos
unidos por uma molécula de glicose.
ligadas entre si por
ligação glicosídica.
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ligações glicosídicas*. Lactose – resulta da


ligação de uma molécula
de glicose a uma
molécula de galactose.
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Trissacarídeos – oligossacarídeos que, por hidrólise, originam três
monossacarídeos.

Amido – substância constituída por dois tipos de


polímeros de glicose: amilose (não ramificada) e
amilopectina (ramificada); reserva energética das
plantas.

Polissacarídeos – Glicogénio – molécula muito ramificada de 11


hidratos de carbono monómeros de glicose com uma importante
complexos formados função de reserva energética nos animais
por cadeias lineares (armazenada no fígado e músculos).
ou ramificadas de
muitos monómeros, Celulose – polímero de glicose constituído por
por vezes centenas ou longas cadeias lineares que formam fibras longas e
milhares. tem função estrutural nas plantas (constitui a
parede celular).

Quitina – tem uma importante função estrutural


no esqueleto de artrópodes e está presente na
parede celular de células de fungos.

• *Ligação glicosídica – ligação que se forma entre duas moléculas de glícidos por uma reação de
condensação.

• Funções dos glícidos:


o Função energética – muitos monossacarídeos são utilizados diretamente em transferências
energéticas; alguns oligossacarídeos e polissacarídeos constituem uma reserva energética (ex.:
sacarose, amido, glicogénio).
o Função estrutural – certos glícidos desempenham funções estruturais (ex.: celulose, quitina).

Lípidos
Compostos orgânicos estruturalmente muito heterogéneos, de fraca solubilidade em água e solúveis em
solventes orgânicos, como o éter e o benzeno.

• Ácidos gordos – ácidos monocarboxílicos de cadeia normal que


apresentam o grupo carboxila ligado a uma cadeia alquílica,
saturado ou insaturada, constituindo uma cadeia linear de
átomos de carbono – cadeia hidrocarbonada.
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o Os ácidos gordos diferem entre si pelo comprimento da


cadeia hidrocarbonada e pelos tipos de ligações que se
estabelecem.

o Ácidos gordos saturados – só têm ligações covalentes simples entre os átomos de carbono.
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o Ácidos gordos insaturados – têm uma ou mais ligações duplas entre os átomos de carbono.
o Quanto maior for o número de ligações covalentes duplas existentes entre os átomos de carbono
na molécula do ácido gordo, maior é a fluidez do respetivo lípido. Isto permite o movimento mais
fácil através da membrana celular e assim facilita o transporte de substâncias. Desta forma, os
ácidos gordos insaturados são mais saudáveis, pois têm ligações duplas entre os átomos de
carbono.

Triglicerídeos – são conhecidos/designados por gorduras; como


componentes básicos, têm na sua constituição ácidos gordos e glicerol e
têm função de reserva energética.
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Lípidos simples –
compostos por átomos
de carbono, hidrogénio
e oxigénio.

• Na síntese de um triglicerídeo unem-se 3 moléculas de ácidos


gordos a uma molécula de glicerol – ligação Êster.
Fosfolípidos – compostos celulares com função estrutural particularmente
importante ao nível das membranas biológicas.

Lípidos complexos –
compostos que além de
terem presentes os
tipos de átomos
presentes nos lípidos
simples, podem ter na
sua composição
• Na constituição de um fosfolípido entra um grupo fosfato. Os
nitrogénio, fósforo e
fosfolípidos mais comuns são os fosfolípidos que resultam da ligação
enxofre.
de duas moléculas de ácidos gordos, uma molécula de glicerol, um
grupo fosfato e um composto R, geralmente um composto azotado.

• A zona da molécula de um fosfolípido constituída pelas cadeias


hidrocarbonadas é hidrofóbica, pois é apolar. A outra zona é polar
e como tal hidrofílica. Por terem uma extremidade hidrofóbica e
outra hidrofílica, os fosfolípidos são moléculas anfipáticas.
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• Funções dos lípidos:


o Reserva energética – as gorduras constituem uma importante fonte de energia.
o Função estrutural – alguns lípidos, como os fosfolípidos e colesterol, são constituintes de
membranas celulares.
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o Função protetora – há lípidos, como os óleos ou as ceras, que revestem folhas de frutos e
plantas, bem como a pele, pelos e penas de muitos animais, tornando essas superfícies
impermeáveis à água.
o Função vitamínica e hormonal – vitaminas, como as vitaminas E e K, bem como algumas
hormonas, nomeadamente hormonas sexuais, são também de natureza lipídica.

Prótidos
Compostos quaternários de C, O, H e N, podendo conter outros elementos. As moléculas unitárias neste
conjunto de moléculas orgânicas são os aminoácidos, que podem ligar-se e formar cadeias de tamanho e
complexidade variáveis, os péptidos e as proteínas.
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Aminoácidos – moléculas
unitárias dos prótidos, com
um grupo amina e um
grupo carboxilo na sua
composição.
Nota: conhecem-se muitos
aminoácidos, mas apenas • Os aminoácidos possuem, ligados ao mesmo carbono, um grupo
20 entram na constituição amina (NH2), um grupo carboxilo (COOH), um átomo de
dos péptidos e das hidrogénio (H) e um grupo simbolizado por R, que constitui a
proteínas. parte variável de cada aminoácido.
Oligopéptidos – constituídos por 2
a 20 moléculas de aminoácidos
Péptidos – biomoléculas ligadas entre si.
formadas pela ligação de
dois ou mais aminoácidos, Polipéptidos – constituídos por
através de ligações mais de 20 moléculas de
peptídicas*. aminoácidos ligadas entre si.
Também se chamam cadeias
polipeptídicas.

Proteínas –
macromoléculas de
elevada massa molecular
constituídas por uma ou Estrutura secundária – determinada pelas
mais cadeias pontes de hidrogénio que se estabelecem entre
polipeptídicas, com Estrutura primária –
átomos que compõem as ligações peptídicas;
estrutura tridimensional sequência de
com ligações peptídicas e ligações de
definida. aminoácidos da
hidrogénio: pode ser em α hélice (enrolamento
cadeia polipeptídica;
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em hélice da cadeia polipeptídica, ex.:


com ligações
queratina) ou em folha β pregueada (entre
polipeptídicas
cadeias polipeptídicas separadas ou entre
apenas.
regiões de um polipéptido que se dobra sobre si
mesmo, ex.: seda da teia de aranha).
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Estrutura terciária – a cadeia com
estrutura secundária enrola-se e
Estrutura quaternária – várias
dobra-se sobre si mesma, tornando-
cadeias globulares organizam-se
se globular; com ligações peptídicas,
e interagem (ex.: hemoglobina).
ligações de hidrogénio e ligações de
dissulfito (ex.: miosina).
Desnaturação de uma proteína – em determinadas condições, como
calor excessivo, radiações ou variações de pH, as proteínas podem perder
a sua conformação normal, o que leva à perda a sua função biológica.

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• Os agentes desnaturantes podem romper a estrutura da proteína,


destruindo as suas funções biológicas.
• A desnaturação pode ser irreversível, mas em alguns casos, na
ausência do agente desnaturante, a proteína pode restabelecer a
sua estrutura inicial, dizendo-se apenas que a proteína esteve
inativa, como acontece no caso de temperaturas baixas.
• O facto de as proteínas desnaturadas deixarem de exercer a sua
função biológica apoia a hipótese de ser a estrutura
tridimensional que determina a capacidade funcional das
proteínas. Assim, as proteínas só são funcionais a partir da
estrutura terciária.

• *Ligação peptídica – ligação que se forma entre duas moléculas de aminoácidos, que se estabelece
entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o grupo amina do outro, por uma reação de
desidratação.

• Variabilidade proteica – apesar de serem apenas o20 os aminoácidos a entrar na constituição dos
polipéptidos e, portanto, das proteínas, estas macromoléculas apresentam uma variabilidade muito
grande, para a qual contribuem vários fatores, tais como:
o Podem conter apenas alguns ou todos os 20 tipos de aminoácidos;
o O número de cada um dos aminoácidos é variável de acordo com o polipéptido;
o A sequência específica de aminoácidos da cadeia pode ser extremamente variada.

• Funções dos prótidos:


o Função estrutural – fazem parte da estrutura de todos os constituintes celulares (ex.: colagénio,
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queratina).
o Função enzimática – atuam como enzimas em quase todas as reações químicas que ocorrem em
seres vivos (ex.: pepsina).
o Função de transporte – muitos iões e moléculas pequenas são transportados por proteínas (ex.:
hemoglobina).
o Função hormonal – muitas hormonas têm constituição proteica (ex.: adrenalina, insulina).
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o Função imunológica – certas proteínas altamente específicas reconhecem e combinam-se com
substâncias estranhas ao organismo, permitindo a sua neutralização (ex.: fator de coagulação).
o Função motora – são os componentes maioritários dos músculos (ex.: miosina).
o Função de reserva alimentar – algumas proteínas funcionam como reserva alimentar,
fornecendo aminoácidos ao organismo durante o seu desenvolvimento (ex.: albumina).

Ácidos nucleicos
Biomoléculas mais importantes do controlo celular por conterem a informação genética; formados por
monómeros denominados nucleótidos.

• Existem dois tipos de ácidos nucleicos: o ADN/DNA – ácido desoxirribonucleico, e o ARN/RNA – 15


ácido ribonucleico.

• Nucleótidos – cada nucleótido é constituído por um grupo fosfato, uma pentose e uma base azotada:
o Grupo fosfato – confere aos ácidos nucleicos as suas
características ácidas;
o Pentose – açúcar simples com 5 carbonos; ocorrem dois
tipos: a ribose (C5H10O5) no RNA e a desoxirribose
(C5H10O4) no DNA.

o Base azotada – há cinco bases azotadas diferentes divididas em 2 grupos:


Bases de anel simples - pirimídicas
Uracilo DNA RNA Timina DNA RNA Citosina DNA RNA

Bases de anel duplo - púricas


Guanina DNA RNA Adenina DNA RNA

Nota: os nucleótidos são designados de acordo com a base azotada que


entra na sua constituição.
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• Os nucleótidos podem unir-se sequencialmente por reações de


condensação, formando cadeias polinucleotídicas, através de ligações
fosfodiéster que se estabelecem entre o grupo fosfato de um
nucleótido e a pentose do outro.
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DNA/ADN RNA/ARN

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Uma molécula de DNA é constituída por 2


Uma molécula de RNA é um polímero de
cadeias nucleotídicas unidas por pontes de
nucleótidos, geralmente em cadeia simples.
hidrogénio que formam uma dupla hélice.
Grupo fosfato Grupo fosfato
Pentose desoxirribose Pentose ribose
Bases azotadas A, C, G, T Bases azotadas A, C, G, U

• Importância biológica dos ácidos nucleicos:


o Quer nos procariontes, quer nos eucariontes, o DNA é o suporte universal da informação
genética, intervém na atividade celular e é responsável pela transmissão da informação genética
de geração em geração;
o A grande diversidade de moléculas de DNA confere diversidade à vida, pois cada organismo0
contém o seu DNA que o torna único;
o O DNA e o RNA intervêm na síntese de proteínas.

Microscópio Ótico Composto (MOC)


Quando observamos algo ao MOC, a imagem tem as seguintes características:
• Ampliada;
• Invertida pela objetiva;
• Simétrica;
• Virtual.
Exame 2020
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano

Domínio Obtenção de matéria

Membrana plasmática
A membrana celular mantém a integridade da célula e constitui uma fronteira entre dois meios distintos,
assegurando a troca de substâncias, de energia e de informação entre esses meios.

• Composição química e estrutura da membrana – as membranas são, basicamente, complexos


lipoproteicos. As porções relativas de lípidos e de proteínas variam consoante o tipo de membrana,
podendo existir diferenças significativas. Um grande número de membranas contém, ainda, glícidos.
• Os lípidos das membranas são principalmente fosfolípidos, podendo existir também colesterol e 17
glicolípidos.

Modelo de Singer e Nicholson (ou modelo de mosaico fluído)


Este modelo é atualmente designado por modelo de mosaico fluído porque a superfície se assemelha a
um conjunto de peças e devido ao movimento individual de moléculas que constituem a membrana. Não é
um modelo totalmente concretizado e inalterável, continuando a existir modificações ao nível do avanço da
ciência.

• A membrana possui duas camadas formadas por fosfolipídios, que são moléculas anfipáticas, ou
seja, possuem uma parte hidrofílica (absorve água e outros líquidos), denominada de “cabeça”,
ligada a duas “caudas”, que são hidrofóbicas (não retêm água). Assim, as “cabeças” das moléculas
lipídicas ficam em contato com a água presente no exterior e interior da célula, e as “caudas” ficam
em contato umas com as outras. Algumas proteínas também podem deslocar-se lateralmente.
• Na parte externa da membrana existem glícidos associados a lípidos (glicolípidos) e glícidos ligados a proteínas
(glicoproteínas). Estas moléculas estão envolvidas em mecanismos de reconhecimento de substâncias do meio
envolvente.

• Proteínas extrínsecas/periféricas – localizadas à superfície da bicamada com ligações fracas aos fosfolípidos.
• Proteínas intrínsecas/integradas – penetram na bicamada fosfolipídica, podendo mesmo atravessar toda a
membrana.

Colesterol
O colesterol, que é um lípido complexo, encontra-se associado aos fosfolípidos na bicamada
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fosfolipídica da membrana. Estas moléculas têm um papel estabilizador, evitando que as células se
agreguem, conferindo maior rigidez à membrana, o que é benéfico até um certo ponto. No entanto,
se o colesterol estiver presente em quantidades excessivas, confere demasiada rigidez À
membrana, diminuindo a fluidez e a permeabilidade da célula, nomeadamente às moléculas
hidrossolúveis.
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Transporte de materiais através da membrana


Em todas as células vivas, a membrana plasmática permite a entrada de substâncias necessárias e a saída
de produtos resultantes da sua atividade. Uma das suas propriedades fundamentais é a permeabilidade
seletiva – capacidade que permite à membrana facilitar a passagem de certas substâncias e dificultar a
passagem de outras.

• Transporte mediado – intervêm proteínas específicas da membrana e pode ou não ocorrer gasto energético.
• Transporte não mediado – Não intervêm moléculas transportadoras, ocorre difusão* através da bicamada
fosfolipídica e ocorre sem gasto energético.

• Difusão* - movimento de qualquer substância a favor do gradiente de concentração – avalia a diferença na 18


quantidade de soluto de um meio para outro, isto é, ocorre movimento da substância do meio de maior
concentração para o meio de menor concentração.

Transporte não mediado


A taxa de difusão depende das diferenças de concentração, da solubilidade do composto, da temperatura,
da carga elétrica e do diâmetro das moléculas.

Difusão simples
É um transporte passivo*. Deslocação de substâncias a favor do gradiente de concentração, sem
intervenção de transportadores, a fim de atingir a isotonia – igualar as concentrações dos dois meios.
Exemplos:
– Moléculas lipossolúveis;
– Gases respiratórios – o oxigénio difunde-se para as células e, como é permanentemente
consumido dentro destas, a difusão é contínua, desde que a diferença de concentração de
oxigénio entre o meio extracelular e o meio intracelular favoreça o movimento nesse sentido.
O dióxido de carbono resultante da respiração celular difunde-se em sentido contrário pelo
mesmo processo.

Osmose
É um transporte passivo*. Movimento da água través da membrana plasmática que se efetua de
um meio de menor concentração em soluto para um meio de maior concentração, ou seja, de um
meio hipotónico para um meio hipertónico.

• Pressão osmótica – pressão necessária para


contrabalançar a tendência da água para se
mover, através de uma membrana
seletivamente permeável, da região onde há
maior quantidade de moléculas de água para a
zona onde há menor quantidade de moléculas
de água.
• A pressão osmótica da água pura é zero e quanto maior for a concentração de soluto numa
substância, maior é a pressão osmótica.
• A existência de sais minerais, açúcares e outras substâncias dissolvidas no citoplasma confere
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às células uma pressão osmótica específica. A água tende a mover-se de uma região com
menor pressão osmótica (solução hipotónica) para uma região com maior pressão osmótica
(solução hipertónica).
• No caso do meio extracelular ser isotónico em relação ao meio intracelular, as células
recebem água ao mesmo ritmo que a perdem.
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• Sempre que ocorre uma diferença significativa de concentração entre o meio intracelular e
o meio extracelular, são as moléculas de água que mais rapidamente se deslocam.

19

• Célula túrgida: quando uma célula está colocada num meio hipotónico em relação ao meio
intracelular, a água entra para o vacúolo e este aumenta de volume, comprimindo o
citoplasma e o núcleo contra a parede celular (pressão de turgescência), no caso das células
vegetais e contra a membrana plasmática, nas células animais.
– No caso das células animais, por não existir parede celular, ocorre a lise celular –
devido ao aumento excessivo do volume celular, a membrana rompe, extravasando
o conteúdo celular e conduzindo à destruição da célula.
– Nas células animais, que têm parede celular (estrutura rígida), esta exerce uma
pressão, pressão de parede, em sentido contrário para contrabalançar a pressão de
turgescência (exercida pelo conteúdo celular na parede celular), condicionando a
quantidade de água que penetra na célula e impedindo o seu rebentamento.
• Célula plasmolizada – quando uma célula é colocada num meio hipertónico em relação ao
meio intracelular, ocorre um movimento da água do vacúolo para o exterior da célula, esta
diminui o seu volume e o citoplasma retrai-se, desprendendo-se parcialmente da parede
celular, no caso das células vegetais. Nas células animais ocorre uma diminuição do volume
celular e a superfície da célula fica enrugada.

Transporte mediado

Difusão facilitada
É um transporte passivo*. Transporte de substâncias a favor do gradiente de concentração em
que intervêm proteínas transportadoras, como as permeases – proteínas transportadoras.
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• Etapas da difusão facilitada:


A. Ligação de uma molécula de soluto à permease;
B. Alteração da forma da proteína, permitindo a transferência da partícula através da
membrana;
C. Retorno da permease à sua conformação inicial.

• A velocidade de transporte da substância aumenta com a concentração dessa substância,


mas, quando todos os locais de ligação das permeases estão ocupados, a velocidade do
transporte mantém-se constante, mesmo que aumente a concentração da substância no
meio.
Exemplos: glicose e aminoácidos. 20

Transporte ativo
Transporte de substâncias contra o gradiente de concentração, isto é, do meio hipertónico para
o meio hipotónico, no qual intervêm proteínas transportadoras e que envolve a transferência de
energia pela célula.

• Etapas do transporte ativo:


A e B. Ligação de partículas à proteína de transporte, em locais específicos;
C. Modificação da forma da proteína graças à mobilização de energia da célula, conduzindo
à libertação das partículas do outro lado da membrana

• O transporte ativo permite que as células mantenham constante a concentração de certas


substâncias no citosol, apesar das suas concentrações serem diferentes em relação ao meio
extracelular. Permite também eliminar substâncias da célula, mesmo quando se encontram
em concentração muito inferior à do meio e ainda captar do meio substâncias mesmo que a
sua concentração seja baixa.

• Transporte passivo* – passagem natural de pequenas moléculas através da membrana plasmática,


em virtude da diferença de pressão de difusão, entre os líquidos que estão nos dois lados da
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membrana.
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Transporte em quantidade
Além de moléculas e iões simples, as células podem transferir para o seu interior ou libertar para o
exterior macromoléculas, como proteínas ou conjuntos de partículas de dimensões variadas.

Endocitose

O material é transportado através de


invaginações da membrana. Essas invaginações
progridem para o interior e separam-se da
membrana, constituindo vesículas endocíticas. 21

Fagocitose Pinocitose

O material alimentar é englobado por


Pequenas gotas de fluído são captadas por
pseudópodes – prolongamentos emitidos pela
invaginações da membrana e acabam por se
célula, formando uma vesícula fagocítica.
separar, formando vesículas pinocíticas.
• A fagocitose está associada ao processo de
• A pinocitose está associada, por exemplo, à
digestão em muitos seres vivos unicelulares,
absorção de lípidos ao nível de células do
como a amiba, e ainda à atividade das células
intestino delgado.
do sistema imunitário, em muitos animais.

Exocitose
Vesículas contendo macromoléculas movem-
se até à membrana. Efetua-se a fusão da
membrana celular e o conteúdo da vesícula
liberta-se no meio extracelular.
• Por exocitose, através de vesículas
exocíticas, são lançados produtos no meio
extracelular, como hormonas e enzimas
digestivas, sintetizados por células
glandulares. É também por exocitose que
são eliminados resíduos da digestão
intracelular de partículas alimentares.
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Ingestão, digestão e absorção - heterotrofia


• Como os alimentos têm, em regra, moléculas muito
complexas, nos seres heterotróficos, desde os seres
unicelulares até aos mais complexos, ocorre um
conjunto de processos de modo que os
constituintes dos alimentos sejam simplificados
para serem aproveitados a nível celular.

• Após a ingestão, ou seja, a introdução dos alimentos


no organismo, essas moléculas experimentam uma digestão, processo de transformações das 22
moléculas complexas dos alimentos em substâncias mais simples, por reações de hidrólise,
catalisadas por enzimas*.

• A digestão pode ocorrem no interior das células – digestão intracelular, ou fora destas – digestão
extracelular. As substâncias mais simples resultantes da digestão podem então experimentar uma
absorção, isto é, um movimento dos nutrientes através de membranas celulares.

Digestão intracelular
Ocorre maioritariamente em seres unicelulares, mas também em certas células de multicelulares.

Retículo endoplasmático
– Constituído por uma extensa rede de sáculos e canais
distribuídos no citoplasma;
– RERugoso – possui ribossomas ligados à face externa das suas
membranas, sendo, por isso, a maior região de síntese de
proteínas;
– RELiso – não possui ribossomas e está envolvido na síntese de
fosfolípidos e na elaboração de novas membranas.

Complexo de Golgi
– Conjunto de uma ou mais estruturas, cada uma composta por
sáculos achatados e empilhados, associados a vesículas esféricas;
– Intervém na transformação de moléculas provenientes do
retículo e que são transferidas até ele por vesículas que se
separam do retículo;
– Cada dictiossoma tem uma face convexa (de formação), virada
para o RE, e uma de face côncava (de maturação), onde se
formam vesículas, virada para a membrana.

Lisossomas
– Vesículas esféricas que se destacam do ‘ e onde se acumulam
enzimas digestivas;
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– Podem unir-se a uma vesícula endocítica e formam um vacúolo


digestivo, onde ocorrerá a digestão de substâncias endocíticas –
heterofagia;
– Os lisossomas também participam na digestão dos próprios
organelos celulares, formando vacúolos autofágicos – autofagia.
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• Enzimas* - moléculas de natureza proteica que atuam como catalisadores biológicos, diminuindo a
energia necessária para as reações químicas se desencadeiam, sem se gastarem nessas reações.

• As células englobam, muitas vezes, por endocitose, partículas alimentares constituídas por moléculas
complexas que não transpõem a membrana das vesículas endocíticas.

• Nas células eucarióticas existe um conjunto de organelos delimitados por membranas de constituição
idêntica à da membrana celular, alguns dos quais elaboram moléculas com intervenção importante
na digestão celular.

• No interior das células, a transferência de proteínas enzimáticas através de vesículas de transporte e


23
a sua permanência em organelos fechados – lisossomas, evita que essas enzimas destruam os
componentes moleculares da célula, sendo, no entanto, fundamentais na digestão intracelular.

• Formação de um vacúolo digestivo:


1) No RERugoso ocorre a síntese de proteínas
que são transportadas em vesículas de
transporte para o complexo de Golgi e se
fundem com a membrana deste;
2) No complexo de Golgi, essas proteínas
adquirem a função de enzimas e são
evacuados do complexo em lisossomas;
3) Ao par disto, ocorre a formação de uma
vesícula endocítica, englobada na célula
por endocitose, que contém
macromoléculas para serem digeridas;
4) Após isto, o lisossoma funde-se com a
vesícula endocítica, formando um vacúolo
digestivo onde se encontram as
macromoléculas e as enzimas – a digestão
ocorre.
5) Depois da digestão, as substâncias essenciais passam do vacúolo digestivo para o citoplasma e os
resíduos da digestão permanecem no vacúolo;

6) O material residual é expulso da célula através da membrana, que se funde com o vacúolo digestivo,
por exocitose.

Digestão extracelular
Realiza-se na maioria dos seres heterotróficos multicelulares, podendo ocorrer mesmo fora do corpo -
digestão extracorporal, como em muitos fungos (lançam enzimas que digerem o alimento no exterior e
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depois absorvem-no).

• Digestão intracorporal – a maior parte das vezes, a digestão efetua-se em cavidades ou órgãos
especializados que, apesar de se localizarem no interior do organismo, correspondem a
prolongamentos do meio exterior no interior do corpo.
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• Os sistemas digestivos foram evoluindo, podendo apresentar uma simples cavidade ou diferentes
órgãos especializados.
• A digestão em cavidades corporais digestivas representa uma vantagem
para os animais, visto que permite a ingestão de quantidades significativas
de alimento num curto período de tempo, ficando estes armazenados para
serem digeridos posteriormente.

• O tubo digestivo pode ser completo, quando tem duas aberturas, ou


incompleto, com apenas uma abertura, que funciona como boca e ânus,
como acontece na planária e na hidra, que possuem uma cavidade
gastrovascular onde digerem os alimentos. 24
• Os animais mais complexos têm tubo digestivo completo, visto que têm boca, por onde entram os
alimentos, e ânus, por onde são eliminados os resíduos. Isto confere-lhes algumas vantagens:
o Os alimentos deslocam-se num único sentido, o
que permite que a digestão e a absorção sejam
sequenciais ao longo do tubo digestivo;
o A digestão pode ocorrer em vários órgãos, devido
ao diferente tratamento mecânico e químico
(enzimas) que ocorre nesses órgãos;
o A absorção é mais eficiente, pois prossegue ao longo do tubo;
o Os resíduos não digeridos acumulam-se durante algum tempo, sendo depois expulsos.
• Nos vertebrados, o tubo digestivo também é completo, mas apresenta maior complexidade do que
o da minhoca – invertebrado.

• A constituição básica do sistema digestivo é semelhante nos animais de diversos grupos,


apresentando algumas diferenças relacionadas com o regime alimentar.

• Todos os vertebrados possuem no sistema digestivo dois órgãos anexos, o fígado e o pâncreas, cujas
secreções são lançadas no intestino, onde se misturam com os alimentos. Alguns possuem também
glândulas salivares.

Sistema digestivo humano

• Após a introdução dos alimentos na boca, a sua


progressão faz-se ao longo do tubo digestivo,
devido a contrações involuntárias dos músculos das
paredes dos órgãos;
• Embora a digestão se inicie na boca e continue no
estômago, é sobretudo no intestino delgado que ela
é mais importante, graças à intervenção de diversas
enzimas. As enzimas fazem parte dos sucos
digestivos que são produzidos em glândulas
gástricas e em glândulas intestinais localizadas nas
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paredes dos órgãos que fazem parte do tubo


digestivo ou em órgãos anexos a este, como as
glândulas salivares e o pâncreas.
• O fígado produz a bílis que, embora desprovida de enzimas digestivas, desempenha também uma
atividade importante, pois emulsiona os lípidos, facilitado a sua digestão.
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• Intestino delgado – características importantes:
o A absorção realiza-se essencialmente ao nível do intestino
delgado;
o Neste órgão existem estruturas na parede que aumentam
a área de superfície de absorção: válvulas coniventes,
vilosidades e microvilosidades;
o As válvulas coniventes são pregas recobertas por milhões
vilosidades – pequenas estruturas em forma de dedo de
luva;
o As células superficiais destas vilosidades possuem, nas
membranas voltadas para o lúmen intestinal, numerosas microvilosidades. 25

o A existência de válvulas coniventes, vilosidades e microvilosidades intestinais aumenta


consideravelmente a superfície interna do intestino, o que permite um melhor contato entre os
nutrientes e a parede intestinal, facilitando a absorção intestinal, ou seja, a passagem dos
nutrientes para o meio interno – sangue e linfa.

Fotossíntese – autotrofia
A fotossíntese é o processo físico-químico, a nível celular, realizado pelos seres vivos clorofilados, que
utilizam dióxido de carbono (CO2) e água (H2O), para obter glicose e oxigénio, O2, através da energia solar.
Esses seres clorofilados também podem ser chamados fotossintéticos ou fotoautotróficos. A fotossíntese
inicia a maior parte das cadeias alimentares da Terra.

ATP – Fonte de energia nas células


A ATP – adenosina trifosfato (C10H16N5O13P3), é uma molécula orgânica responsável pelo armazenamento
de energia nas suas ligações químicas (entre os fosfatos). É a forma mais comum de circulação de energia na
célula, pois as moléculas de ATP podem ser facilmente hidrolisadas.

• Desfosforilação do ATP – quando se dá a hidrólise de ATP, a reação


é exoenergética, isto é, ocorre libertação de energia, utilizado
posteriormente na atividade celular;
• Fosforilação do ATP – quando se dá a síntese de ATP, a reação é
endoenergética, isto é, ocorre a absorção de energia do meio, que
fica armazenada na molécula de ATP.

• As moléculas de ATP são compostos intermédios que transferem


energia de um tipo de reação (reação exoenergética) para outro
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(reação endoenergética). Esta mobilização de energia no ciclo de


ATP-ADP é fundamental para a produção de compostos orgânicos.
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Processo fotossintético

• A água e o CO2 são captados do meio e a luz é absorvida pelas clorofilas


26
• A glicose produzida na fotossíntese pode ser polimerizada em glícidos mais complexos, como o
amido, que são posteriormente utilizados como alimento.

• A formação de compostos orgânicos, como o amido, só se verifica nas folhas expostas à luz e nas
zonas que possuem cor verde graças à presença de pigmentos fotossintéticos contidos em organelos
celulares, os cloroplastos.

Cloroplasto – função e estrutura


Organelo celular presente nos seres fotossintéticos delimitado por uma dupla membrana de constituição
básica idêntica à da membrana celular.

• Internamente possui sáculos – os tilacoides – sistema de


membranas internas do cloroplasto, que formam
estruturas empilhadas. É na membrana dos tilacoides que
se situam os pigmentos fotossintéticos*.
• Os tilacoides estão mergulhados num material
indiferenciado, o estroma, onde podem existir partículas
de amido e gotículas lipídicas.
• A um conjunto de membranas empilhadas, chamamos grana e a vários conjuntos chamamos granum.

• Pigmentos fotossintéticos* - substâncias capazes de absorver a luz utilizada na fotossíntese,


captando a energia necessária Às reações químicas que compõem este processo.

• Num extrato de pigmentos fotossintéticos, é possível observar no papel


de filtro, em que o solvente sobe por capilaridade, os diferentes
pigmentos fotossintéticos que se depositam por ordem crescente de + solúvel
solubilidade, de baixo para cima.
Solubilidade Pigmentos fotossintéticos (plantas) Cor
- solúvel a verde/amarelo
clorofilas
b verde intenso - solúvel
xantofilas amarela
+ solúvel carotenos laranja
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• São as clorofilas que dão cor verde característica à maioria das folhas, mascarando a cor dos outros
pigmentos, presentes em menor quantidade.
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Captação da energia luminosa

• A energia emitida pelo sol engloba um grande espetro de radiações características:


o As clorofilas absorvem, principalmente, as radiações do espetro visível correspondentes ao azul-
violeta e ao vermelho-laranja e emitem (refletem) a radiação verde, que não é absorvida.

• Espetro de ação da fotossíntese – representa a eficiência


fotossintética em função do comprimento de onda das
radiações absorvidas – é mais intenso na zona do azul-violeta e
do vermelho-laranja.
o A notável concordância entre o espetro de ação da 27
fotossíntese e o espetro de absorção da luz pelos
pigmentos fotossintéticos sugere que são estes os
responsáveis pela captação da luz, fundamental para o
mecanismo fotossintético.

Mecanismos da fotossíntese

1ª etapa – Fase fotoquímica – conjunto de reações da fotossíntese dependentes da luz;


– energia luminosa converte-se em energia biologicamente utilizável.
• Oxidação da clorofila – a luz solar incide nas folhas e é absorvida pela Ocorre ao nível dos
clorofila tilacoides
• Desdobramento das moléculas de água em H e O2 – fotólise da água:
𝟏
𝑯𝟐 𝑶 → 𝟐𝑯+ + 𝟐𝒆− + 𝑶𝟐
𝑳𝑼𝒁 𝟐
• Fosforilação de ATP – transformação da energia luminosa em energia
química:
𝑨𝑫𝑷 + 𝑷 + 𝒆𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 → 𝑨𝑻𝑷 + 𝑯𝟐 𝑶
• Redução de moléculas acetoras de hidrogénio – Redução do NADP+ em
NADPH.
𝑵𝑨𝑫𝑷+ + 𝟐𝑯+ + 𝟐𝒆− → 𝑵𝑨𝑫𝑷𝑯 + 𝑯+

Dentro dos tilacoides, a água é desdobrada, sendo os eletrões transferidos para moléculas (T/NADP)
existentes no estroma, as quais ficam reduzidas (NADPH). O oxigénio é libertado.
Associada às reações de oxirredução, ocorre mobilização de energia que permite a fosforilação de
ADP, formando-se ATP, que fica disponível nos cloroplastos, ao nível do estroma. Para essa fosforilação
contribuem os protões provenientes da água.

2ª etapa – Fase química – conjunto de reações da fotossíntese não dependentes da luz;


– cadeia cíclica de reações na qual se formam glícidos após a fixação e redução
do dióxido de carbono.
• Fixação do carbono – incorporação do carbono do CO2 captado da
atmosfera, numa molécula orgânica:
– Uma molécula de CO2 combina-se com uma molécula recetora de 5
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carbonos (RuBP);
– O composto de seis carbonos resultante desta combinação divide-se,
dando origem a duas moléculas de um composto tri-carbónico, o 3-
ácido fosfoglicérico (3-PGA);
– Esta reação é catalisada pelo rubisco.
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• Redução (produção de compostos orgânicos) – conversão do 3-PGA


num açúcar de 3 carbonos, que posteriormente é utilizado na produção
de glicose:
– Primeiro, cada molécula de 3-PGA recebe um grupo fosfato do ATP,
tornando-se uma molécula duplamente fosforilada (bifosfoglicerato),
deixando um ADP como subproduto;
– Segundo, as moléculas de bifosfoglicerato são reduzidas,
tornando-se um açúcar simples (G3P), originando NADP+ e fosfato
(Pi) como subprodutos.

• Regeneração da RuDP – por cada molécula de glicose produzida, são produzidos 12 G3P, dos quais 28
2 são direcionados para a produção de glicose e os restantes são reciclados para regenerar 5
moléculas de RuDP. A regeneração requer ATP e envolve uma rede complexa de reações.

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Sistema nervoso
O sistema nervoso é a parte do organismo que transmite sinais entre as suas diferentes partes e coordena
as suas ações voluntárias e involuntárias. Responde de forma rápida às alterações do meio e interatua com
o sistema hormonal, de modo a manter o equilíbrio interno do organismo, isto é, a homeostasia.

Compreensão do sistema nervoso

• A maioria dos animais interage com


o meio graças à constante circulação
de mensagens no seu organismo,
que é assegurada pelo sistema 29
nervoso em estreita relação com o
sistema hormonal;
• Nos vertebrados, em geral, e no caso
do organismo humano, em
particular, o sistema nervoso é constituído por um conjunto de órgãos em estreita ligação entre si;
• O sistema nervoso coordena e regula todos os atos conscientes e inconscientes dos indivíduos.

Sistema nervoso humano


Nos humanos e outros vertebrados, o sistema nervoso pode ser
dividido em duas secções: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema
nervoso periférico (SNP).

• Sistema nervoso central (SNC) – formado pelo cérebro e a


medula espinhal; é no SCN que toda a análise de informação
ocorre.
• Sistema nervoso periférico (SNP) – consiste nos neurónios e
partes destes encontradas fora do SCN, incluindo os neurónios
sensoriais e os neurónios motores. Os neurónios sensoriais
trazem os sinais para o SCN e os neurónios motores levam os
sinais do SCN.

• Os corpos celulares de alguns neurónios do SNP (como os


motores, que controlam os músculos) estão localizados no
SNC; estes têm longas extensões (axónios) que se estendem do
SNC até aos músculos, com os quais se conectam (inervam).

• Os corpos celulares de outros neurónios do SNP (como os sensoriais) estão localizados fora do SNC e
são encontrados em aglomerados, formando os gânglios.
• Os axónios dos neurónios periféricos que percorrem uma rota comum agrupam-se para formar
nervos: são formados por feixes de fibras nervosas e estas são constituídas, em regra, por axónios
envolvidos por membranas.
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• Os órgãos do sistema nervoso ficam ligados aos diferentes sistemas de órgãos, como os músculos,
órgãos dos sentidos, do sistema respiratório, circulatório e excretor e a passagem da informação
nervosa segue uma rede de comunicação contínua e complexa.
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• Os elementos centrais da rede de comunicação entre os constituintes do SNC e do SNP são os
neurónios (células nervosas), que são células especializadas que variam de tamanho e de forma
consoante a sua função, mas mantêm um padrão comum:
o Corpo celular – zona com o núcleo e o citoplasma,
que integra e trata as informações, emitindo
mensagens;
o Dendrites – prolongamentos celulares muito
ramificados que recebem informação nervosa do
ambiente ou de outro neurónio;
o Axónio – prolongamento celular com diâmetro
mais ou menos constante que termina numa 30
arborização terminal e que transmite às
mensagens, em regra, a outro neurónio ou a um órgão efetor (órgão-alvo) - este é assim
designado porque efetua a resposta ao respetivo estímulo;
o Bainha de mielina – nos vertebrados e também alguns invertebrados complexos, o axónio é
envolvido por uma bainha de mielina isolante.

Tipos de neurónio e funções


Neurónios de associação ou
Neurónios sensitivos Neurónios motores
interneurónios

Os neurónios de associação,
Os neurónios sensitivos, como localizados no encéfalo ou na
Os neurónios motores
os neurónios dos nervos, medula espinhal, integram a
transmitem ordens dos centros
transmitem informações dos informação que chega dos
nervosos para os órgãos
recetores sensoriais para os neurónios sensitivos e
efetores.
centros nervosos. preparam a mensagem que sai
pelos neurónios motores.
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Condução da mensagem nervosa

• As ligações entre os neurónios podem estabelecer-


se entre o axónio de um neurónio e o corpo celular
ou dendrites do neurónio seguinte, chegando a
informação ao neurónio pelo corpo celular ou pelas
dendrites e saindo sempre pelo axónio.

• Os estímulos e as respostas circulam ao longo do


sistema nervoso periférico e chegam de a todas as
partes do corpo. 31

• Quando o impulso nervoso atinge a extremidade


do axónio pode deparar-se com outro neurónio ou
um órgão efetor. A zona de comunicação entre
neurónios ou entre estes e um órgão efetor
denomina-se sinapse:
o Numa sinapse, existe um espaço extracelular –
fenda sináptica, através do qual a mensagem
nervosa deve passar;
o O neurónio que leva a informação para a sinapse é o neurónio pré-sináptico, enquanto que o
neurónio que a recebe se designa neurónio pós-sináptico.
1) Quando o impulso nervoso atinge a extremidade do axónio, não pode ultrapassar a fenda
sináptica. A mensagem elétrica tem, então, de ser convertida em mensagem química.
2) Na extremidade do axónio existem vesículas sinápticas que armazenam substâncias químicas
produzidas pelo neurónio – neurotransmissores.
3) Quando o potencial de ação atinge a sinapse, as vesículas movem-se para a zona da membrana do
neurónio pré-sináptico e fundem-se com ela,
libertando o seu conteúdo na fenda sináptica,
por exocitose.
4) Os neurotransmissores difundem-se então
através da fenda sináptica e são recebidos por
recetores específicos nas dendrites do neurónio
p-os-sináptico.
5) Estas substâncias alteram a permeabilidade da
membrana do neurónio, podendo desencadear
um potencial de ação no neurónio pós-sináptico
e a mensagem nervosa prossegue.

Transmissão do impulso nervoso


O impulso nervoso é uma alteração elétrica que percorre a membrana dos neurónios com o objetivo de
dar resposta a um estímulo do meio; meio de transporte da informação nervosa de uma extremidade à outra
de cada neurónio.
Exame 2020

• A permeabilidade seletiva das membranas contribui para uma distribuição assimétrica de iões no
meio intra e extracelular, o que gera um determinado potencial elétrico. Este potencial elétrico,
quantidade de energia gerada pela diferença de cargas entre o interior e o exterior da membrana,
chama-se potencial de membrana.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
• Porque existe o potencial de membrana:
Devido à diferente concentração de Na+ e K+ nos meios intra e extracelular: em repouso, a
membrana é praticamente impermeável ao Na+, impedindo que este se mova a favor do seu
gradiente de concentração (de fora para dentro). No entanto, é muito permeável ao K+, que se move
a favor do seu gradiente de concentração e sai para o meio extracelular. Isto gera uma diferença na
carga elétrica do interior em relação ao exterior.
Como a saída de cargas positivas sob a forma de Na+ não é compensada pela entrada destas sob a
forma de K+, o interior da membrana torna-se menos positivo em relação ao exterior.

• Quando o neurónio está em repouso, isto é, não ocorre nenhum estímulo nervoso, este retém no
interior da sua membrana uma diferença de potencial característico ao qual de chama potencial de 32
repouso, que mede em torno de -50mV a -70mV. Este potencial de repouso deve-se à atuação de um
mecanismo característico da membrana – bomba de sódio potássio:
1) No início, a bomba está aberta para o
interior da célula e, visto ter uma grande
afinidade com os iões de sódio – Na+,
liga-se prontamente a 3 destes iões;
2) Quando os iões sódio estão “encaixados”
na bomba, promovem a hidrólise
(quebra) do ATP por esta, sendo um
grupo fosfato anexado à bomba que fica
fosforilada e o ADP libertado como
subproduto;
3) A fosforilação faz a bomba mudar a sua
forma, reorientando-se para efetuar a abertura para o meio extracelular. Os iões Na+ deixam de
estar ligados à bomba (esta perde a afinidade com eles) e por isso os três iões Sódio são libertados
no exterior;
4) Na sua forma voltada para fora, a bomba revela grande afinidade para os iões potássio – K+, e
por isso liga-se a dois iões K+, levando à remoção do grupo fosfato inicialmente “emprestado”
pelo ATP. A bomba retoma então a sua conformação inicial, ficando voltada novamente para o
interior da célula;
5) Na sua posição inicial, a bomba perde a afinidade aos iões potássio, libertando os dois iões no
meio intracelular e voltando à sua conformação inicial; pode então recomeçar o ciclo.

• Como a proporção de passagem de iões através da bomba de sódio-potássio é de 3/2, a saída de


cargas positivas sob a forma de Na+ não é compensada pela entrada destas sob a forma de K+, e por
isso o interior da membrana torna-se menos positivo em relação ao exterior. A diferença de
potencial do interior em relação ao exterior é negativa.

• Quando ocorre um estímulo, a membrana torna-se mais permeável ao sódio - Na+. Isto faz com que
os iões de sódio comecem a entrar em grande quantidade dentro da célula e isto reflete-se no
aumento do valor da diferença de potencial, que passa a rondar os -30mV. Isto ocorre por dois
motivos:
Exame 2020

o a concentração de sódio no exterior é muito superior à concentração deste ião no interior e por
isso este move-se a favor do seu gradiente de concentração quando tem oportunidade;
o o meio intracelular é menos positivo do que o extracelular, logo as cargas positivas vão tender
a mover-se para o meio intracelular.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
• Estes iões positivos em grande quantidade vão tender a repelir-se e por isso vão ser impulsionados
para percorrer o neurónio. A propagação deste estímulo chama-se potencial eletrotónico, é uma
propagação lenta e se não for impulsionado, dissipa-se rapidamente.

• Ao longo da membrana do neurónio, existem dois tipos de canais voltagem-dependente:


o Canais de sódio – que se abrem para deixar entrar os iões sódio quando o potencial de
membrana atinge os -55mV e fecham-se quando atinge os 35mV;
o Canais de potássio – que se abrem para deixar sair os iões potássio quando o potencial de
membrana atinge os 35mV e fecham-se quando atinge os -70mV;
1) Na presença de um estímulo, vai operar o potencial eletrotónico, fazendo
aumentar o potencial de membrana até aos -50mV; 33
2) É originada a abertura dos canais de sódio, desencadeando a entrada de Despolarização
iões sódio na célula; desta forma, o potencial eletrotónico é impulsionado,
da membrana
não se dissipando;
3) Quando o potencial de membrana atinge os 35mV, os canais de sódio
fecham-se e abrem-se os canais de potássio;
4) O potássio é expulso da célula e, quando são atingidos os -70mV, fecham- Repolarização da
se os canais de potássio, retornando-se o repouso naquela região do membrana
neurónio;
5) Sucessivamente, o potencial eletrotónico continua a percorrer o neurónio, dissipando-se ao longo
deste, até ser quase impercetível;
6) Nesses momentos, quando o estímulo atinge novamente uma zona com canais de sódio e de
7) potássio, o sinal é impulsionado, permitindo-lhe percorrer o neurónio.
8) Isto acontece sucessivamente até ser atingido o final da membrana.
• Este fenómeno que se traduz pelo impulsionamento
ativo sucessivo da voltagem da membrana é
chamado potencial de ação e este atinge o seu pico
nos 35mV.

• Verifica-se, então, uma sucessão de despolarização


e repolarização das regiões da membrana, ao longo
do neurónio. A diferença de carga elétrica entre as
zonas em repouso no axónio e as zonas em atividade
gera uma corrente elétrica – impulso nervoso. Há,
pois, uma excitação elétrica que se desloca
rapidamente até ao fim do neurónio.

• Num axónio com bainha de mielina, o potencial de ação despolariza a membrana unicamente na
Exame 2020

região dos nódulos de Ranvier, pois o efeito isolante da bainha impede que a despolarização.
• Assim, o impulso nervoso salta de um nódulo para o
seguinte, permitindo uma velocidade de
propagação muito elevada.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano

Domínio Distribuição de matéria


Transporte nas plantas
Os sistemas de transporte nas plantas são essenciais devido à grane distância entre os locais de aquisição
da matéria inorgânica e os locais de produção de matéria orgânica (órgãos fotossintéticos), que por sua vez
tem de ser distribuída por todos os órgãos das plantas.

• No meio aquático, os seres fotossintéticos encontram dissolvidas na água as substâncias de que


necessitam e a fotossíntese pode realizar-se em quase todas as células, não havendo necessidade de
transporte dos compostos formados. Por outro lado, no meio terrestre, a secura do ar e o acesso à 34
água constituem dificuldades para os seres fotossintéticos.

• Ao nível da estrutura, podem considerar-se dois grandes grupos de plantas:


o Plantas não vasculares – são pouco diferenciadas e, em regra, não apresentam tecidos
condutores, isto é, tecidos especializados no transporte de materiais. Vivem geralmente em
zonas húmidas, o movimento da água efetua-se por osmose e as substâncias dissolvidas
movimentam-se por difusão de célula em célula.
o Plantas vasculares – são compostas por sistemas especializados na condução de água e solutos
– o movimento de solutos orgânicos no interior da planta através de tecidos condutores designa-
se translocação de solutos.
– A água e as substâncias minerais dissolvidas que circulam no interior da planta constituem
a seiva bruta ou seiva xilémica;
– As substâncias orgânicas produzidas nas células fotossintéticas fazem parte da seiva
elaborada ou seiva floémica.

Sistemas de transporte
As plantas vasculares têm um duplo sistema de condução de água e solutos constituído por tecidos
especializados que estão organizados em feixes condutores que chegam a todos os órgãos da planta: o
xilema e o floema.

• Xilema – também conhecido


por lenho ou tecido traqueano,
é nele que circula a seiva
xilémica ou bruta. Os
elementos condutores mais
importantes deste tecido são os
vasos xilémicos, constituídos
por células mortas. As paredes
laterais destes vasos têm
diversos espessamentos
impregnados de uma substância
impermeável – a lenhina.
Exame 2020

• Floema – também conhecido por líber ou tecido crivoso, é nele que circula a seiva elaborada. Os
elementos condutores são os tubos crivosos, constituídos por células vivas cujas paredes
transversais, providas de orifícios, constituem as placas crivosas. No floema existem ainda outro tipo
de células, como, por exemplo, as células de companhia, células vivas com atividade importante no
funcionamento dos tubos crivosos – ajudam no transporte da seiva elaborada.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
Xilema Floema

Sistema de transporte Vasos xilémicos Tubos crivosos 35


Sistema de reserva Parênquima lenhoso Parênquima crivoso

– A raiz, o caule e as folhas são estruturas que evidenciam a adaptação das plantas ao meio terrestre
e como tal têm uma composição e organização adequadas à sua função:

Feixes vasculares na raiz


– Os feixes condutores são simples e
alternos, isto é, cada feixe tem somente
xilema ou floema, os quais se alternam;
– O sistema radicular contribui de uma
forma especial para a fixação da planta,
desempenhando também outras
funções importantes, como a absorção
de água e a captação seletiva de
nutrientes existentes no solo.
Desempenha também função de reserva
(parênquima cortical e medular).

Feixes vasculares no caule


– Os feixes condutores são duplos e
colaterais, ficando o floema virado
para fora e o xilema virado para o
interior;
– O sistema caulinar serve de suporte às
folhas, as quais têm uma aposição
adequada à captação de luz. É também
através do caule que se efetua o
transporte da seiva xilémica e da seiva
floémica entre os diferentes órgãos da
planta. Desempenha também função
de reserva.
Exame 2020
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
Feixes vasculares nas folhas
– Os feixes condutores são duplos e
colaterais, isto é, cada feixe tem xilema e
floema, estando colocados lado a lado;
– O sistema foliar apresenta características
que lhe permitem desempenhar com
grande eficiência a função fotossintética e,
embora as folhas possuam formas e
tonalidades variadas e a sua estrutura
possa também diferir em alguns aspetos,
elas apresentam várias características 36
comuns.
– O mesófilo, que é um tecido clorofilino, é constituído por células vivas, com parede celular
fina, vacúolos desenvolvidos e numerosos cloroplastos e devido à abundância deste tecido,
as folhas têm uma grande eficiência fotossintética. O mesófilo é percorrido por tecidos
vasculares que fazem parte das nervuras da folha.
– Os estomas estão localizados na epiderme das folhas e são constituídos por duas células
oclusivas (ou células-guarda), em forma de rim, que delimitam a abertura – ostíolo, que
comunica com um espaço interior – a câmara estomática. É essencialmente pelos estomas
que se efetuam as trocas gasosas entre as folhas e o exterior.
– As células oclusivas são as únicas da epiderme com cloroplastos. As outras têm paredes
externas mais espessas, devido a uma cutícula com uma substância impermeável – a cutina,
que protege as folhas contra a dessecação.

• O transporte de substâncias nas plantas faz-se, então, essencialmente a três níveis:


o Captação de água e de solutos do meio pelas células da raiz;
o Transporte de substâncias a pequena distância, de célula para célula;
o Transporte de materiais a longa distância, ao longo do xilema e do floema, pelo caule.

Absorção de solutos
A maior parte da água e dos solutos necessários para as
atividades da planta são absorvidos pelo sistema radicular, ao
nível dos pelos radiculares.

• A eficiência da captação de água pela raiz é devida à


presença de pelos radiculares, que aumentam a área de
contato com a solução do solo, que pode ser mais ou
menos rica em iões, presentes entre as partículas do solo.

• Em regra, dentro das células da raiz há maior concentração de soluto do que no solo, havendo, pois,
maior potencial de água no exterior. A água tende a entrar na planta por osmose, movendo-se do
exterior para o interior, até atingir os vasos xilémicos.
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• Os iões minerais que estão presentes na solução do solo em concentração elevada podem entrar nas
células da raiz por difusão simples, através da membrana das células. No entanto, a solução do solo
é usualmente muito diluída e verifica-se que as raízes podem acumular iões minerais em quantidades
centenas de vezes superiores às do solo. Nestas condições, o movimento destes iões efetua-se por
transporte ativo e requer energia.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
• O transporte ativo de iões faz aumentar a concentração de soluto, o que faz com que a água continue
a passar por osmose até ao xilema, que transporta esta mistura de iões e água que compõe a seiva
xilémica (ou seiva bruta).

Transporte no xilema
Por transpiração, as plantas perderem grandes quantidades de água, sob a forma de vapor, pelas folhas
e outros órgãos aéreos, que tem de ser reposta por outra, que é transportada num sistema contínuo de
xilema, desde a raiz, passando pelo caule e chegando novamente até às folhas. As substâncias dissolvidas
na água são transportadas passivelmente ao nível do xilema.
Para tentar explicar as forças que fazem deslocar a seiva xilémica contra a força da gravidade, utilizam-se
duas hipóteses: a hipótese da pressão radicular e a hipótese da tensão-adesão-coesão. 37
Hipótese da pressão radicular – diversas observações levam a pensar que, na raiz, devido à osmose,
se desenvolve uma pressão – pressão de raiz, que pode explicar a ascensão da água no xilema em
algumas situações.
– Este fenómeno é causado pela contínua e ativa acumulação de iões nas células da raiz, que
aumenta a concentração do soluto, tendo como consequência o movimento de água, por
osmose, do solo para o interior da planta (para os vasos xilémicos).
– A acumulação de água nos tecidos provoca uma
pressão radicular, que força a ascensão da água pelo
xilema.
– Em certas circunstâncias, quando a pressão radicular
é muito elevada, pode fazer com que a água ascenda
até às folhas, onde é libertada nas margens sob a
forma de gotas – fenómeno designado por gutação.

Hipótese da tensão-adesão-coesão – a transpiração, que resulta da incidência da energia solar, põe


em movimento ascendente uma coluna de água e solutos através de toda a planta (xilema), de modo
a repor as quantidades de água perdidas.
1) Quando as células do mesófilo perdem água, ocorre, na parte
superior da planta, um défice de água, criando-se uma pressão
negativa – tensão;
2) Por diminuição do potencial de água nas células do mesófilo, a
concentração de soluto nessas células aumenta, aumentando a
pressão osmótica;
3) As células do mesófilo ficam hipertónicas em relação ao xilema e
novas moléculas de água passam deste para essas células;
4) Devido a forças, as moléculas de água mantêm-se unidas umas às
outras - coesão, formando uma coluna contínua e aderindo às
paredes dos vasos - adesão;
5) O movimento de moléculas de água no mesófilo faz mover toda a
coluna hídrica e, quanto mais rápida a transpiração, mais rápida é
a ascensão;
Exame 2020

6) A ascensão de água cria um défice de água no xilema da raiz, fazendo com que a água passe do
solo para o xilema, o que determina a absorção ao nível da raiz e, consequentemente, o fluxo de
água do solo para a planta;
7) Há, assim, um fluxo passivo de água de áreas de potencial hídrico mais elevado para áreas de
potencial hídrico mais baixo.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
Controlo da transpiração – os estomas podem controlar a quantidade de água perdida por
transpiração, devido à caopacidade que têm de abrir e fechar.
Nota: nas células-guarda, as paredes celulares que rodeiam o ostíolo são mais espessas do que as que
contactam com as outras células da epiderme, sendo assim mais elásticas.

Ostíolo aberto – quando a célula está túrgida, a


água exerce pressão sobre a parede celular ‘
pressão de turgescência. Como a região delgada
da parede da célula estomática se deforma mais
facilmente, este movimento provoca a bertura do
estoma. 38
Ostíolo fechado – se as células-guarda perdem
água, a pressão de turgescência diminui e o
estoma retoma à sua forma original, aproximanso-
se as células estomáticas e, assim, fechando o
ostíolo.

Transporte no floema
As substâncias orgânicas produzidas nos órgãos fotossintéticos são mobilizadas e distribuídas através dos
elementos condutores de tecido floémico. Para compreender este fenómeno de translocação da seiva
floémica, formulou-se a hipótese do fluxo de massa.

Hipótese do fluxo de massa – os produtos orgânicos resultantes da fotossíntese são mobilizados nos
vasos floémicos (compõem a seiva elaborada) desde os órgãos fotossintéticos ou de reserva de
substâncias até aos órgãos não fotossintéticos.
1) A glicose elaborada nos órgãos fotossintéticos é convertida
em sacarose;
2) A sacarose passa, por transporte ativo, para o floema;
3) À medida que aumenta a concentração de soluto nos tubos
crivosos, a pressão osmótica aumenta, ficando superior à das
células envolventes – células de companhia (incluindo as
células do xilema);
4) A água movimenta-se das células envolventes para os tubos
crivosos, aumentando nestes a pressão de turgescência;
5) A pressão de turgescência faz com que o conteúdo dos tubos
crivosos atravesse as placas crivosas, passando para os
elementos seguintes dos tubos. Há assim um movimento do
conteúdo das regiões de alta pressão osmótica para as
regiões de baixa pressão osmótica;
6) A sacarose é retirada do floema para os locais de consumo ou
de reserva, possivelmente por transporte ativo;
7) À medida que o açúcar sai dos tubos crivosos, a pressão osmótica diminui e a água sai deles por
osmose para as células envolventes;
8) Nos órgãos de consumo ou de reserva, a sacarose é geralmente convertida em glicose, que pode
Exame 2020

ser utilizada na respiração ou na construção de novos compostos ou então polimerizar-se em


amido – substância de reserva.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano

Transporte nos animais


Existe um sistema de transporte nos animais adequado à sua complexidade, que garante a chegada de
substâncias necessárias às células e a remoção dos produtos resultantes do metabolismo celular, de forma
eficiente.

• Animais mais simples, como as esponjas, as hidras e os corais, não apresentam um sistema de
transporte diferenciado; todas as células estão relativamente próximas da superfície corporal,
efetuando-se uma difusão direta de substâncias entre as células e o meio.

Sistemas de transporte
Os sistemas de transporte relacionam-se com o grau de complexidade que os animais apresentam e 39
tipicamente inclui: um fluído circulante (como o sangue), um órgão propulsor (como o coração) e um
sistema de vasos ou espaços (lacunas) por onde circula o fluido.

• O sangue e o fluido intersticial, que banha diretamente as células, constituem o meio interno dos
animais.

• Existem dois tipos básicos de sistemas de transporte:


Sistema de transporte aberto Sistema de transporte fechado
Sistema de vasos sanguíneos que não é
contínuo, passando o líquido circulante para
Sistema contínuo de vasos sanguíneos, por
um conjunto de cavidades – lacunas, e
onde o sangue circula e de onde,
banhando diretamente as células. Neste tipo
normalmente, não sai. O sangue mantém-se
de sistema, não há distinção entre o sangue
distinto da linfa intersticial.
e a linfa, então o fluido circulatório pode ser
chamado de hemolinfa.
Ocorre nos vertebrados e também noutros
Ocorre em muitos invertebrados, incluindo
animais como a minhoca, o polvo, a lula e o
vários moluscos e todos os artrópodes.
choco.

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Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
Transporte nos vertebrados
Ocorre ao longo se um sistema circulatório fechado (ou sistema cardiovascular) que, nos diferentes
grupos (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos), apresenta diferentes características de estrutura e
função.

• Em todos os vertebrados, o sangue, circulando em veias, chega à(s) aurícula (s) e passa para o(s)
ventrículo(s), de onde sai para as diferentes partes do corpo, circulando em artérias.

• Distinguem-se dois tipos de circulação: simples e dupla. Com exceção dos peixes, todos os outros
vertebrados apresentam circulação dupla.
40
Circulação simples – circulação de trajeto único característica dos peixes, em que o sangue passa
uma só vez no coração.

– O sangue passa uma só vez no coração, de onde é bombeado com alta pressão
até às brânquias;
– Nas brânquias, o sangue é oxigenado ao nível dos capilares branquiais;
– Das brânquias, o sangue arterial vai, através da aorta, para os diferentes órgãos;
– Ocorrem as trocas com as células dos diferentes órgãos ao nível dos capilares
sistémicos e o sangue, já venoso, é enviado novamente ao coração por uma veia.
– O coração recebe o sangue venoso e o processo repete-se continuadamente.

Circulação dupla – o sangue que sai do coração realiza simultaneamente dois trajetos diferentes.

– Circulação pulmonar – (ou pequena circulação) o sangue venoso sai do


coração, vai aos pulmões, onde é oxigenado e regressa à aurícula esquerda
pelas veias pulmonares.
– Circulação sistémica – (pu grande circulação) o sangue arterial sai do coração,
vai a todos os órgãos, levando-lhes oxigénio, e volta venoso ao coração,
entrando pela aurícula direita.

Entre os vertebrados que apresentam circulação dupla, ainda podemos distinguir os que apresentam
circulação completa dos que apresentam circulação incompleta.

o Os anfíbios apresentam circulação dupla incompleta – dada a ocorrência de


mistura de sangue venoso e arterial no ventrículo (que é único), os anfíbios
apresentam circulação incompleta.
➢ Devido à existência de um só ventrículo, seria de esperar que ocorresse uma
Exame 2020

grande mistura de sangue arterial com sangue venoso; essa mistura é


suavizada devido às aurículas não contraírem em simultâneo.
➢ A maior parte do sangue pouco oxigenado é lançado no circuito
pulmocutâneo; a maior parte do sangue oxigenado é lançado no circuito
sistémico.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
o Os mamíferos e aves apresentam circulação dupla completa – não ocorre mistura de sangue
venoso com sangue arterial, pois existem dois ventrículos no coração.

• A circulação dupla é mais eficiente do que a simples, pois assegura um fluxo vigoroso de sangue
para os diferentes órgãos, uma vez que o sangue é oxigenado nos pulmões e volta ao coração, sendo
impulsionado sob pressão para os órgãos.
• O número de cavidades no coração é um aspeto também importante na eficácia do sistema de
transporte, uma vez que condiciona a mistura de sangues venoso e arterial.

Circulação nos mamíferos


A evolução para um coração com quatro cavidades foi uma adaptação que permite 41
um maior aproveitamento do oxigénio disponibilizado no meio, permitindo uma
maior capacidade energética, característica dos mamíferos.

• Coração – órgão central do sistema cardiovascular, constituído


fundamentalmente por tecido muscular cardíaco – miocárdio. O músculo
cardíaco é irrigado pelos vasos coronários, que são ramificações da artéria
aorta na zona em que esta deixa o coração e têm como função oxigenar o
músculo cardíaco.

• São os movimentos de contração – sístole, e de relaxamento


– diástole, que dão origem a um fluxo de sangue nos vasos
sanguíneos.
• A pressão sanguínea máxima denomina-se pressão
sistólica e corresponde ao momento de sístole ventricular
e o seu valor é de cerca de 120mmHg; a pressão mínima
denomina-se pressão diastólica e corresponde à pressão
no coração no momento de diástole ventricular, com
valores de cerca de 80mmHg.

• Existem 3 tipos de vasos sanguíneos:


o As artérias, que têm paredes fortes e elásticas, o que permite dilatarem-se e contraírem-se em
cada batimento cardíaco;
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o As veias, que apresentam paredes mais finas e têm maiores diâmetros do que as artérias
correspondentes. Funcionam como reservatórios de volume de sangue (50% a 70% do volume
total);
o Os capilares sanguíneos, que diferem estruturalmente das artérias e das veias, pois as suas
paredes são muito finas, constituídas por uma única camada de células – endotélio.
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42

o As artérias, pelas quais o sangue sai do coração, ramificam-se em arteríolas, que originam redes
de capilares ao longo dos tecidos; os capilares reúnem-se formando vénulas, que convergem e
formam veias, pelas quais o sangue regressa ao coração.
o A maior velocidade do fluxo sanguíneo ocorre nas artérias, a velocidade diminui nos capilares
e quando chega às veias é praticamente 0 (zero). Para que o sangue regresse ao coração (pelas
veias) é necessário atuarem alguns mecanismos que aumentem a pressão do sangue,
impulsionando-o:
– Os músculos esqueléticos que rodeiam as veias fazem comprimir as veias,
originando pressão;
– As válvulas venosas impedem o retrocesso do sangue, abrindo para o
deixar avançar, e fechando para que este não retroceda;
– Os movimentos respiratórios impulsionam o sangue a voltar ao coração,
devido à diminuição e aumento sucessivos da pressão na caixa torácica;
– A diminuição da pressão nas aurículas (durante a diástole), faz com que o
sangue tenda a alcançar estas cavidades do coração.

Fluidos circulantes – sangue e linfa


A chegada de substâncias às células e a eliminação de produtos resultantes do metabolismo celular são
possíveis devido aos movimentos do sangue e da linfa – fluidos extracelulares que constituem o meio
interno dos animais.

Sangue – circula no interior dos vasos sanguíneos e estabelece


a ligação entre os órgãos e as células, fornecendo oxigénio e
nutrientes e eliminando produtos do metabolismo (CO 2,
produtos azotados…). Tem também funções de defesa do
organismo (imunidade) e de controlo da temperatura corporal.
– 55% de plasma – composto por 90% de água e 10% de
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substâncias dissolvidas (proteínas, lípidos, glícidos, sais


minerais e vitaminas).
– 45% de células sanguíneas – glóbulos vermelhos em
elevadas quantidades (dão a cor ao sangue), plaquetas e
glóbulos brancos.
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• A parede muito fina dos capilares facilita o intercâmbio de substâncias entre o sangue e a linfa
intersticial.
• No intercâmbio de substâncias ao nível dos capilares, intervêm
a pressão sanguínea e a pressão osmótica:
o Na extremidade arterial do capilar, a pressão do sangue
excede a pressão osmótica, havendo movimento de
substâncias (nutrientes e oxigénio, nomeadamente) para
fora do capilar;
o Na extremidade venosa do capilar, a pressão osmótica
excede a pressão do sangue, havendo movimento de
substâncias (dióxido de carbono, nomeadamente) para 43
dentro do capilar.

Linfa:
• A linfa intersticial é um fluido incolor constituído por
plasma e glóbulos brancos (ou leucócitos), que banha
as células, fornecendo-lhes nutrientes e oxigénio: o
fluido intersticial forma-se a partir da passagem dos
leucócitos de dentro para fora dos capilares
sanguíneos, deslizando entre as células das paredes
dos vasos.
• As células lançam produtos do metabolismo celular
para a linfa intersticial, mudando assim a composição
do meio que as rodeia. O excesso de linfa intersticial
entra para capilares linfáticos que existem nos
diferentes órgãos entre os vasos sanguíneos e que
fazem parte do sistema linfático.
• Uma vez dentro dos capilares linfáticos, ao fluido passa a
denominar-se linfa circulante, ou apenas linfa, sendo
igualmente constituída por plasma e leucócitos.
• Os capilares linfáticos reúnem-se formando veias
linfáticas que, tal como as veias sanguíneas, também
possuem válvulas e que vão conduzir o fluido até
veias sanguíneas que abrem na veia cava superior.

• A renovação constante do fluido intersticial permite que as células obtenham permanentemente as


substâncias que necessitam e permite que sejam eliminados do metabolismo celular.

O sangue e a linfa intervêm e asseguram várias funções vitais, tais como:


– Transporte de nutrientes provenientes do tubo digestivo ou da mobilização das reservas até às
células;
– Transporte do oxigénio desde as superfícies respiratórias até às células;
– Transporte para remoção de produtos da atividade celular;
Exame 2020

– Transporte de hormonas;
– Defesa do organismo, através dos leucócitos.
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Intercâmbio de gases nos animais


A quantidade de oxigénio, O2, utilizado a nível celular, bem como a remoção do CO2, é variável conforme
as dimensões e a atividade dos animais.

Estruturas respiratórias e a sua adaptação ao meio

• Animais mais simples (aquáticos, como a hidra) – não têm um sistema


respiratório diferenciado, os gases respiratórios difundem-se para todas
as células:
o Células da camada mais externa contactam com a água, captando o
O2 e removendo o CO2; 44
o Células da camada interna realizam as trocas gasosas com a água
que entra na cavidade gastrovascular;
o Os gases movimentam-se de zonas onde a sua concentração é maior
para zonas onde a sua concentração é menor – a favor do gradiente
de concentração, sem intervenção de transportadores, por difusão
direta.

• Animais mais complexos – existe um conjunto de estruturas que constituem o sistema respiratório,
do qual fazem parte estruturas especializadas na troca de gases entre o meio externo e o meio
interno, chamadas superfícies respiratórias. Ocorre uma difusão indireta dos gases.
o Ocorre uma estreita relação entre o sistema respiratório e o sistema circulatório,
apresentando-se as superfícies respiratórias intensamente vascularizadas;
o O intercâmbio de gases designa-se hematose, verificando-se que o sangue perde O2 e adquire
CO2 resultante da respiração celular, passando de sangue arterial para sangue venoso; a
hematose dá-se sempre em meio líquido;
o Na maioria dos animais, existem órgãos especializados no intercâmbio dos gases respiratórios
entre o meio interno e o externo, verificando-se uma maior eficácia ao nível da respiração.

Tegumento – revestimento da superfície do corpo do animal. Minhoca


Ocorre hematose cutânea:
• A superfície do corpo atua como superfície
respiratória;
• O O2 passa através da pele para um fluído circulante
(num sistema circulatório fechado) e difunde-se
para as células;
• O CO2 difunde-se das células para os vasos e é
eliminado através do tegumento;
• Características da pele da minhoca que favorecem a
hematose cutânea: glândulas mucosas permitem a
permanente humidade da pele; extensa vascularização facilita a difusão com o fluído circulante.
Exame 2020
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
Brânquias – órgãos respiratórios da maior parte dos animais aquáticos. Peixes
Ocorre hematose branquial:
• As brânquias são formadas a partir de
evaginações da superfície do corpo e são
restritas a uma região;
• Nos peixes são internas; nos peixes ósseos
localizam-se em duas câmaras branquiais (uma
de cada lado da cabeça), recobertas pelos
opérculos – laminas ósseas de proteção.
• A estrutura das brânquias permite que a
superfície de contato entre o meio externo e o
45
interno aumente – respiração mais eficiente;
• A hematose branquial é também mais eficiente devido à disposição dos capilares;
• O sangue, nas brânquias, flui no sentido oposto ao sentido do movimento da água que banha
as lamelas branquiais:
o à medida que o sangue pobre em oxigénio vai passando por zonas em que a água, com
muito O2, circula em sentido inverso, o O2 vai passando, por difusão, para o sangue;
o O CO2 difunde-se em sentido contrário, isto é, à medida que o sangue dos capilares perde
CO2 para a água, contacta com a água cada vez mais pobre em CO2, permitindo que a
difusão se continue a verificar.

• A ventilação, isto é, o processo que desencadeia o movimento da água, é controlada pela


coordenação dos movimentos da boca e dos opérculos:
Com as fendas operculares fechadas, a água entra pela boca e, por contração desta, passa
para a faringe, desta para as câmaras branquiais e sai pelas fendas operculares, que se abrem.

Sistema de traqueias – túbulos condutores extremamente finos por onde o ar


Artrópodes
entra e sai graças ao bombeamento da musculatura do corpo.
Ocorre hematose por traqueias:
• As traqueias contactam com o exterior por aberturas –
espiráculos, e a sua parede é reforçada por anéis de
quitina;
• Ramificam-se sucessivamente ao longo de todo o corpo,
Exame 2020

estando as mais finas em contacto direto com os tecidos


– traquíolas. As minúsculas extremidades das traquíolas
são fechadas e contêm um fluido essencial para a difusão
dos gases respiratórios;
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano

• O ar entra rico em O2 nas tranqueias e sai rico em CO2, sem que haja interação com o sistema
circulatório;
• As trocas gasosas com as células efetuam-se por difusão direta, sem a intervenção do sistema
circulatório;
• Para os pequenos insetos, a difusão dos gases respiratórios através das traqueias é suficiente,
não havendo ventilação ativa;
• Nos insetos voadores, existem sacos de ar junto dos músculos como reserva, facilitando a
ventilação, devido ao aumento considerável do gasto de oxigénio durante o voo.

Vertebrados
Pulmões – principal órgão que compõe o sistema respiratório humano.
terrestres
46
Ocorre hematose pulmonar:
• Em regra, o tamanho e complexidade dos
pulmões estão relacionados com a taxa
metabólica dos animais e, consequentemente,
com a quantidade de oxigénio necessária às
células;
• Mecanismos de inspiração e expiração,
desencadeados pela contração e relaxamento
dos músculos da cavidade torácica, permitem a
renovação de ar nos pulmões, condicionando as
trocas gasosas alveolares;
• Na difusão de gases respiratórios, quer ao nível
alveolar, quer ao nível celular, o fator que
condiciona essa difusão depende da pressão
parcial de cada um dos gases;

• A nível celular, e como resultado da utilização de


O2 na respiração celular, a pressão parcial do O2 é
menor nas células do que no sangue que chega a elas,
ao passo que a pressão parcial do CO2 nas células é
maior do que no sangue. Assim, o oxigénio passa do
sangue para as células e o dióxido de carbono passa
das células para o sangue, tornando-o venoso.

• A nível alveolar, a pressão parcial do O2 é maior


nos alvéolos do que no sangue que a eles chega venoso,
proveniente da recolha do CO2 das células, e a pressão
parcial de CO2 é menor nos alvéolos do que no sangue.
Deste modo, o oxigénio vai difundir-se dos alvéolos
para o sangue e o dióxido de carbono vai difundir-se
do sangue para os alvéolos, para ser posteriormente
Exame 2020

eliminado do organismo, arterializando o sangue.


Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano

• Os pulmões, localizados na caixa torácica, apresentam uma grande eficiência nas trocas
gasosas entre o meio externo, os alvéolos, o sangue e as células:
o Grande área de superfície alveolar;
o Espessura das paredes alveolares muito fina;
o Vasta rede de capilares a envolver os alvéolos.

• Características comuns a todas as superfícies respiratórias especializadas que tornam a difusão de


gases eficiente:
o Superfícies permanentemente húmidas;
o Estruturas de reduzida espessura (uma única camada de células);
o Morfologia de grande área de contacto. 47

Metabolismo celular
Nas células de todos os seres vivos ocorrem numerosas reações químicas a partir dos materiais que a elas
chegam. O conjunto de todas as reações celulares, que são acompanhadas por uma transferência de energia,
constituem o metabolismo celular.

• As reações químicas que ocorrem no metabolismo celular podem


ocorrer por dois processos:
o Anabolismo – conjunto de reações químicas que conduzem à
biossíntese de moléculas complexas a partir de moléculas
mais simples. As moléculas sintetizadas são mais ricas sob o
ponto de vista energético do que as moléculas que lhes
deram origem. Globalmente, as reações do anabolismo são
reações endoenergéticas.
o Catabolismo – conjunto de reações de degradação de moléculas complexas
em moléculas mais simples. Os produtos são mais pobres em energia do que
os reagentes. De um modo geral, as reações do catabolismo são reações
exoenergéticas.

• A ocorrência de reações endoenergéticas de anabolismo é possível


devido a transferências de energia que se realizam por hidrólise de
moléculas de ATP. No entanto, as células não possuem um
armazenamento de moléculas de ATP e, por isso, tem de ocorrer
regeneração dessas moléculas à medida que vão sendo
hidrolisadas.

• Existem vários processos catabólicos que permitem a transferência


de energia de compostos orgânicos para moléculas de ATP. Estes
mecanismos podem ocorrer na presença de O2, aerobiose, ou na
ausência deste gás, anaerobiose.

• Na anaerobiose, a degradação da
Exame 2020

glicose origina CO2 e etanol, sendo


este um composto orgânico ainda
muito rico em energia potencial que
não é mobilizada, não podendo ser
utilizada, diminuindo o rendimento.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
Anabolismo Catabolismo
Sintetiza moléculas complexas a Decompõem moléculas
Definição
partir de moléculas simples complexas em moléculas simples
Metabolismo Fase construtiva do metabolismo Fase destrutiva do metabolismo
Energia Consome energia Produz energia
Respiração celular
Exemplo Fotossíntese
Fermentação

Fermentação
Ocorre pela ação de leveduras. Estas são seres anaeróbicos facultativos, pelo facto de poderem mobilizar
energia de compostos orgânicos em condições de anaerobiose e de aerobiose.
48
Existem outros seres em que a mobilização de energia a partir da degradação de compostos orgânicos se
realiza exclusivamente por fermentação em meios desprovidos de oxigénio, sendo, portanto, seres
anaeróbicos obrigatórios.

• Glicólise – as reações ocorrem no citosol,


devido à presença de enzimas.
Nesta fase, uma molécula de glicose (com 6
Carbonos) é desdobrada em duas moléculas
de ácido pirúvico (com 3 Carbonos).
Ocorrem reações de oxirredução; compostos
intermediários que se formam durante a
glicólise ficam oxidados por remoção de
eletrões, estes vão reduzir moléculas T, as quais se transformam em TH2 que têm grande poder
redutor.
Ocorrem transferências energéticas que permitem a síntese de quatro moléculas de ATP.
Rendimento energético: 2 ATP, visto que no início são utilizadas duas moléculas de ATP para a
ativação da glicose.

• Redução do ácido pirúvico – os produtos finais da fermentação alcoólica e da fermentação lática


diferem em função das reações que ocorrem a partir do ácido pirúvico.

• Fermentação alcoólica – após a glicólise, o ácido pirúvico, com 3 carbonos, experimenta


descarboxilação, libertando-se CO2 e originando um composto que, ao ser reduzido, origina etanol
(com 2 carbonos).
Na redução do etanol intervêm moléculas de TH2, formadas durante a glicólise, que voltam à sua
forma oxidada (T), podendo ser de novo reduzidas.
Exame 2020

Glicose + 2ADP + 2P ----→ 2etanol + 2CO2 + 2ATP


Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
• Fermentação lática – após a glicólise, o ácido pirúvico experimenta redução ao combinar-se com
átomos de H transportados pelo TH2 provenientes da glicólise.
Origina-se ácido lático, com 3 carbonos, reciclando-se as moléculas do transportador, que voltam a
estar na sua forma oxidada (T), podendo ser novamente reduzidas.

49

Glicose + 2ADP + 2P ----→ 2ácido lático + 2ATP

Aplicações da fermentação
Os mecanismos de fermentação nos microrganismos, além de permitirem mobilizar energia contida em
moléculas orgânicas, como a glicose, conduzem também à síntese final de substâncias orgânicas que têm
sido utilizadas para proveito humano.

É utilizada a levedura Saccharomyces cerevisiae que realiza


fermentação alcoólica. Quando se deixa a massa do pão em
descanso, esta aumenta o seu volume devido à ação das
Fabrico de pão leveduras e o pão fica mais leve. O dióxido de carbono fica
aprisionado na massa, formando bolhas, conferindo um aspeto
alveolar ao pão. O álcool produzido (etanol) evapora durante a
cozedura.
Ocorre do mesmo modo que no fabrico do pão, por
fermentação alcoólica, mas o CO2 é libertado e o álcool
Fabrico de bebidas alcoólicas
acumula-se. As leveduras dos vinhos estão presentes nas uvas
e no fabrico da cerveja estão presentes nos cereais (cevada).
A fermentação lática é a responsável pelo azedar e coagular do
leite, por ação de bactérias láticas. Ocorre uma alteração do pH
Fabrico de produtos lácteos do meio devido à produção de ácido lático, fazendo coagular
as proteínas do leite, revelando importância na produção de
queijos e iogurtes.

Respiração aeróbica
Um grande número de seres vivos é capaz de aproveitar com maior eficácia a energia de compostos
orgânicos realizando respiração aeróbica.

• A primeira fase, que ocorre no citosol, coincide com a da


fermentação – glicólise.
• São as duas moléculas de TH2 e principalmente as de
Exame 2020

ácido pirúvico que contêm a maior quantidade da energia


química inicialmente presente na molécula de glicose.
• O aproveitamento da energia do ácido pirúvico depende
de um conjunto de reações e estruturas, assim como a presença de Oxigénio.
Biologia e Geologia Biologia 1Oº Ano
• Nas células eucarióticas, nas mitocôndrias* efetuam-se etapas fundamentais da respiração celular
(aeróbica), nomeadamente o Ciclo de Krebs.

• Mitocôndrias* - uma mitocôndria é delimitada por uma membrana dupla, cada uma de composição
básica idêntica à da membrana plasmática. A membrana interna apresenta uma série de pregas, as
cristas mitocondriais, orientadas para o interior de um material indiferenciado, a matriz mitocondrial.
São os organelos das células eucarióticas onde o ácido pirúvico, resultante da oxidação parcial da
glicose, durante o processo de glicólise no citosol, é degradado.

50

• Na matriz mitocondrial, ocorre o Ciclo de Krebs, onde têm lugar descarboxilações e oxidações de
diversos compostos. O CO2 é libertado e os hidrogénios vão reduzir moléculas transportadoras (T),
formando (TH2). Efetua-se também a formação de ATP, por fosforilação de ADP:
o Os compostos TH2 transferem os eletrões para as cadeias transportadoras de eletrões, as
cadeias respiratórias, situadas na membrana interna das mitocôndrias. Desse modo, esses
compostos podem, de novo, ser reduzidos.
o Ao longo das cadeias respiratórias, ocorrem reações de oxirredução. Do último transportador,
os eletrões fluem para o oxigénio, o qual capta protões da matriz, formando água. A água e o
CO2 constituem os produtos finais de oxidação da glicose na respiração aeróbica. A energia
transferida ao longo das cadeias respiratórias vai permitir a síntese de uma importante
quantidade de ATP.

Rendimento energético da fermentação e da respiração aeróbica


Os dois processos são catabólicos e, por isso, ambos permitem a formação de energia, em forma de ATP.
A fermentação constitui uma via mais rápida, no entanto menos eficaz.

Fermentação Respiração aeróbia


ATP ATP
Estrutura Estrutura
Formado Mobilizado Formado Mobilizado
Citosol 4 2 Citosol 4 2
Mitocôndria

Saldo 2 (4 - 2) Matriz 2 -

Membrana
32 -
interna
Nota: para 1 molécula de glicose
Saldo 36 (2 + 2 + 32)
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• Há situações em que a fermentação e a respiração aeróbia ocorrem em simultâneo. Um exemplo é


a prática intensiva de exercício físico, em que a renovação do ATP é quase instantânea, sendo por
isso necessário intervir a fermentação lática (ao nível dos músculos) para complementar a ação da
respiração aeróbia.

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