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SuMARIO Introdugdo 1. Os carateres da psicamalise..........ccccssessscssesssesssessseecsceseesseeeseeeses We 2. Epifania sexual 3. Sexualidade e suas transformagOes.......cessesssessessseecsessseesseeeseess A5 4. No principio € a mae 5. Erotizando a auséncia G6. AS fungGes do Pai......sceecseeescesseecesssessesseeseessesessneecssnecsenseessnees 7. A Sedugdo da estOria........cceccsssssessssneccssseessssvecessseesssneecenneeense 133 8. Quente e frio . 149 9. Exibindo-se 10. O self como teatro . 11. O histérico maligno... 12.-Aditos er transferGn Glass scstsiiistienssitssinissoniassinsessstosaenssennes 215 13. A sedugao e 0 terapeuta. 14.0 Ultimo capitulo ssssssssssessssosecsosscustesasisbcestinsnusansnsnattnnesosiecon ZA Referéncias... Indice remissivo ..sssssssssssssesssesnssessstnsssassnesneesteneeentee 271INTRODUGAO Seu corpo lhe impde uma ldégica que ele detesta. Ele substitui o coro impelido por sua biologia por um outro imaginario, simbolizan- do seu sofrimento por suas partes debilitadas, apesar de mostrar pouco interesse pelo apuro destas. Ele permanecera indiferente a este corpo. Sua sexualidade Ihe parece desarmoniosa ¢, embora recalque_as idéias sexuais, acredita, paradoxalmente, que elas se tornam um nucleo bas- tante poderoso daquilo que foi banido e que, continuamente, se esforca para retornar 4 consciéncia. Ele sempre ira se dissociar de tais retornos, parecendo frio e ascético. Ou poderé fazer justamente 0 contrario, tor- nando-se uma espécie de diretor geral de seu mundo interno, exibindo idéias sexuais em seu proprio teatro. Em meio a estes extremos, ele esté perdido em seu'préprio mundo de devaneios, no qual, entre outras Possibilidades, pode permanecer um eterno inocente, vivendo como uma crianga dentro do corpo de adulto. Ele pode transmitir com com- Peténcia seu estado mental de modo que os outros, com temperamento semelhante, possam identificar-se com a sua dificil situagao. Ele poderia Se encontrar em uma comunidade de seres afins, todos transmitindo sin- tomas que vao e vém de suas proprias “internetes psiquicas”. Ele € um histérico, feo ensaio sobre a histeria precisa fazer referencia 208 Se perturba, iene Quando pensamos na histeria, pensamos em Lee sexuais Por suas demandas sexuais corporais € por sua 5 Tecalcadas, indiferentes 4 conversio, superidentificadas comyy aie Wy Hysteria > {outro, expressando-se de um modo teatral, prefisiy do aexisténcia do que propriamente nela se ene evan, a . U’ _litusto da inocéncia infantil & mundanidade do ada ¢ PPferings i le do erin nios suipervistone' Kimi encteaees lie sugestio, quer pela fil infiudncia do eure: Stet, tampe Ce otk en fiver do IRE ORR ee . 0, quet pela rem, descarto a tcoria em favor da propria fala histérica, seja dele ou del tr de suas idéias aos companheiros histéricos. Embora {circunvizinhanga dos distirbios de cariter, | tracos destes acima mencionados, somente asm baja outros gy, compartilhiem SS assim, 0 livro esti repleto de exemplos clinicos. Talvez a estrutura do ’ livro seja um tanto estranha, Um capitulo pode se referir nominalmente Um ou mais mie ou ao pai, contudo, apenas parte da teoria a respeito da influén- u O histético 05 rei inion forma dintimaica Somente ‘0 0S reine em ung ii no referido capitulo. Os materiais suplementares pina das area que me propus é fomecer una tens 2 a seu respeito serio encontrados em outros capitulos, ¢ 0 mesmo iri lace estes tragos na forma histérica, oria que entre. ocorrer com os demais temas a Hi, portanto, uma certa repetigo “Teorias sobre a histeria ten jue de temiticas principais ~ sexualidade, conversio, seducio, mae ete. -, cnvdafhenet an dem a privilegiar certas perspectiy, mas o leitor encontraré variagdes que introduzem perspectivas li sib ati doe cor teoties fossem pequenos cxétcitg amente diferentes. As relagdes do texto seguem de um modo que foi que estivessem empenhados em uma guerra entre si. Se alguem denominado por Searle (p. 2) “gntrecruzamento continuo”. pois ele foi contra uma contribuigdo biolégica para a interpretagdo histériea den, primeiramente concebido sob a forma de aula € os estudantes tinham infortinio ~ tal como a desilusio histérica com a imposigto bio loan, The escutar, de tempos em tempos, os argumentos principais repetidos, \ dos estigios da excitagdo sexual —, sera que isto significa, por a gic ‘a fim de segui-los ao longo do curso. Resolvi manter este formato, no Ny} que a explicagto esteja ancorada na biologia? Se alguém se mace apenas porque foi assim originalmente concebido, mas porque também telagao histérica com o “objeto primério” — de inicio, sempre a ce acho que a,teoria da histe iad wo complesase © leitor ird se beneficiar “Sera que isto significa que a teoria se baseia no self'como um derivate SEE ee ‘A decisto de dar as palestras e subseqientemente escrever 0 livto se originou das supervisdes clinicas em meados da década de 1980 nos EUA. Os casos que vinham sendo apresentados eram claramente, do carater materno? Se alguém conceptualiza o histérico de acordo com a dindmica da vida familiar, serd que a teoria apdia ou ataca o conceito de vida em familia? i . ‘steria, mas a maioria dos.apresentadores os havia pensado como Ao vislumbrar algo fio complexe quanto a histeria, somos obri- sendo de personalidades borderline JEmbora, no passdo, 0s supervisio- gados a utilizar tantos pontos de vista quanto necessério tanto para nandos houvessem cerlamente relatado uma yariedade de distirbios de distinguir os tragos essenciais quanto para forjé-los em uma visto carite, na metade dos anos 1980 praticamente todo caso apresentado integrada de como cada um destes elementos influencia ¢ &, por sua ra de histeria. Como eu deveria lidar com este fato? Gradativamente, Vez, afetado pelos demais. O leitor ird perceber que dou o mesmo peso pareceu-me haver uma demanda inconsciente da comunidade terapeu- \| 20 bio-légico do self, aos seus estigios de desenvolvimento psiquics, tica de se reconsiderar a histeria. O desencamtamento com 0 conceit ious i i ra, Mit ia i o borderti ° a /) 8S suas Telazoes objetais e a sua formagao na cultura. Minha teoria S4 Texcessivamente amplo de'diagndstico orden pat Pn ’ baseia-fundamentalmente-na conceitualizagao da histeria feita por Freut iS térico por roc du ets srs da personalidade bord 4 ania fal pon dos gals Decode weer Ee ite veal ando micrpalestas sobre a histers em melo s claramente ir pags etais— Bs . : bee sarament iduecsio te pela teorla inplesa das relag lagbes oe ico supervisbes, e eno decid qué seria mehr oferecer um seminine 9 francés, esj i S$ Winmicoes= quania pelo pensemenio que parecia confirmar a necessidade de repassar o assunioy Asis Nore ben 8 Sure de Lact: deste livro foram inicialmente aptesetaes Ee mena ons a jue bases construo minha teoria? rapia Contemporanea, em Nova York, em jem vi genti Os esforgos deste livro, e suas limitagdes, se baseiam no Convite de Edward Corrigan, 0 que, por su vez, levou aos outros dois aprendi com meus pacientes histéricos e com aqueles histéricos ¢H°S10 Hysteria, seminirios sobre histeria em Nova York, um em 199) 1996, Sou grato aos participantes destes seminarios © Novameny O seminério fei, poteriorment, apresentado em Cer SS ex” Tel-Aviv e Malmoe, e eu gostaria de agradecer ape C2 Sto p 5 aos Sto Pay coterapeutas destas comunidades por seus comenan i ealstas ¢ n°? ; menti; i aqueles que formeceram muitas das vinhetas litlieg SPeciatmen por todo este livro. OWE 8e encore Em particular, gostaria de agradec Gabriella Manne Manocl Berlincks Ul & Lars Bejerhotm, 1 Os CARATERES DA PSICANALISE 0s estudos psicanaliticos de casos sto, em sua maioria, discussdes sobre o caréter humano e, a0 entrarmos no novo milénio, as revistas ‘cspecializadas relatam milhares de individuos descritos como sofrendo de um ou outro distirbio de cariter. Bastante estranhamente, no entanto, estes ensaios nao descrevem o carter humano, e sim os fracassos de se tornar um caréter fiel ao potencial dealguém, Como isto ocorre? Cada se/f nasce com um idioma que, no entanto, ainda ndo foi completado, que vird parcialmente ao seu verdadeiro self pela sua uti- lizagao dos objetos disponibilizados pelos cuidados parentais. Se um If esta comparativamente livre para estabelecer seu préprio idioma de ser e de se relacionar por via dos meios ambientais, ento ele iri concretizar uma estética idiossincratica & medida que molda e formata_ seu mundo de um modo que Ihe é peculiar, Assim, cada se iré achar ‘determinados individuos mais atrativos que’outros, ité encontrar certos lobjetos reais — obras de ficg4o, pegas musicais, passatempos, interesses Tecreativos ~ mais interessantes que outros, ¢ no curso de uma vida terd construido um mundo que, embora compartilhando objetos em comum com outros selves, os modelard sob uma forma tdo singular quanto suas impressbes digitais, >PEND FE «cps O caréter é porsi mesmo indeciftivel Apsicandlise também distigeue um Goin cardter (tal como © estado narcisista) de um flistirblo de caratér (Como o distirbio nar- cisista), bem como diferencia todos os génetos de conflito (esquizdide,12 Hysteria, histérico etc.) dos distiibios de carter mantidos sob a mesa deno. minagdo. Enquadrar qualquer individu em uma destas categorias ¢ reconhecer uma {fixagao estrutural Uaquilo que, de outro modo, simplesmente chamado trago de cariter. Todas as pessoas entram ¢ sacm le estados mentais narcisistas, por exemplo, quando se desinteressam pela existéncia do outro ¢ estio preocupadas com 0 self. Como iremos Tapidamente discutir, somente quando a pessoa esti consistentemenre desinteressada pelo outro & que comecamos a ver se define a relacio fundamental do self com a realidade Haverd cariteres mistos? Pode alguém ser narcisista, esquizdide ¢ histérico? entio uma pes: cis seria este trago agora n borderline, A medida que estes definem estados mentais, a pode se mover dentro de uma estrutura mental nar. ta, borderline, esquizdide ow histérica. De fato, quando falamos de luma pessoa normal, provavelmente estejamos discutindo alguém com Conflitos to diversos que nio se pode dizer que ele esteja sob a agio de uma fixagio, Freud argumentou que qualquer pessoa “normal” en cerra uma historia sexual polimorfa ¢ ainda se move no ambito de seus estados mentais infantis, ao que Klein acrescentou que todas as pessoas oscilam entre os estados mentais esquizoparandides ¢ depressivos ou, como sustentou Bion, entre as partes psicdticas ¢ nio-psicéticas da personalidade. “Normal” significa profissamente em conflito ou temporariamente doente de maneiras tio variadas que 0 selfse acha livre para articular sua forma de ser ¢ de se relacionar. No entanto, nos capitulos seguintes, a0 discutirmos a histéricd,jestaremos identificando a{fixagio do cariter de alguém, e sempre qué 6 Tazemos, identificamos uma parada estrutural que toma dificil para alguém ter um carater misto. Como veremos, um -distirbio de carter adquire uma posigao fundamental em relagio ao seu préprio objeto primario, o qual, no solipsismo da fixagao, é um reflexo da interrupgdo parcial do selfem ser. Os psicanalistas possuem muitas maneiras diferentes de discutit 0s distirbios de carater e cada um dos tipos que eu descrevo sera mais uma panoramica do que um exame acurado, pois meu intuito, aqui, € contextualizar o histérico dentro das outras desordens de cardter. Devo me limitar a relagao objetal fundamental de cada um destes disturbios, ao objeto que chamaremos de “primario”, que pede uma explicagao. ~~ Os caRATERES 08 PRICANALISE 13 Quando uma pessoa esti perturbada, sua liberdade inconseiente esta restringida ¢ ee (ou ela) € pego em uma relagdo ineonsciente com @ objeto primirio, E como se a pessoa estivesse dirigindo um carro, Quando problemas, cle ou ela esto livres para pensar sobre 0 gue quer que passe por suas mentes, mas se algo comesa aif mal com } veiculo, a mente da pessoa imediatamente focatiza o problema ¢ s 0 ica de hidar com cteristico desta mancira expec! nental se estado este tipo problema, — Mas 0 que & objeto primario? | Em um estado de liberdade inconscient Jo objeto pr ino é mais tama tela branea; é algo que necessitamos ou desejamos ser naquele momento = um spago aberto e itil para a objetitica mentineos, memirias, necessidades, reflexdes, planos ¢ teor de cada momento da vida, Ele deseansa sobre a experiencia it svio bom, algo que, estando li ¢ sendo realizado, serve de base livre iniaginagio dos selves € dos outros. E esse objeto interno i tado que suporta nossos pensamentos permite que sejamos visjantes méntais articulando nossos interesses peculiares nos momentos vwvidos da vida cotidiana, Entretanto, ao sermos atirados em certos tipes de contite tum objeto problemitico ~ mesmo que desconhecido ~ ¢ nossa liberdade inconsciente é imediatamente restringida pela natureza redundante do conflito. Estados borderline, esquizbide ¢ histérico referem-se a estru- Tura do conflita do self com um objeto primirio especitico eat ysluuee ‘SRomento-no tepo————— Qual €q origem deste objeto primario? Sua origem se ancora na cumpleya relagdo ensrs o bebe © a mds, Se 0 seio bom subsereve um objeto que est & nos TRIS pa aque sea utilizado conforme nosso dese, cotio © objeto perturba +6 ‘mostra mais como um seio mau que provoca uma respusts diferente importante apontar o que se discute em nome da me. Quando a mie é vivida come um objets. mau nes cessariamente discutinde o carater dela, Em primetro | tit do do estamos lugar, no ne es Sank amid to do que inicio da vida, ela € expermentada menos come um objeto de ae como um proceso que transforma positiva ou tegativamen's & 18 fisica, emocional ¢ intelectual do beb& Quando ae a inbecbd © 0 trangiiliza, ela transforma o seu estado de softHysteria 14 Por outro lado, s¢ arranca um tanto abruptamente um atisfagio. em satisfacdo. tr ica do beds, ela pode transformar a satisfagzo em pedago de pano descontentamento. . Tarretanto, como proceso, ela serd incorporada ao sistema de fo do bebé que também se constitui um proceso emergent, por meio de um contraprocesso a crianga em desenvoly. idiomas matemnos de transformacdo, algo do autoprotega Mesmo que mento venha a se opor 208 i processo materno se denuncia nesta altemnativa selecionads. Estas regras He engajamento, procedimentos que s¢ tornam “suposigdes técitas” a speito da vida e das relagdes humanas, no sio propriamente cogita. fas pelo bebé e, no entanto — tomadas como procedimento -, se tormam yarte do que € conhecido. Melhor seria se nos referissemos a estas ‘uposigées como “conhecids nio-pensados”, € podemos observar, em parte, a evolugao da vida como a percepeao gradual dos fundamentos do “conhecidos ndo-pensados” de alguém* ‘Além disso, 0 efeito informativo do inconsciente materno sobre vida psiquica do bebé ¢ profundo. Heinz Lichtenstein argumentou que a mae “imprime” um “tema de identidade” (1961: 79) no bebé, passo que Jean Laplanche escreve que ela ¢ um “‘significante enigma tico” (192: 21), cuja vida inconsciente € to mais desenvolvida que a do bebé, que seu inconsciente se torna uma parte intrinseca da prépria estrutura inconsciente dele. A énfase Kleiniana.na sina projetiva dos objetos intemos do self, Jlocados no outro por atos ilocucionarios que tornam a fala humana ima fungdo performatica, tem sempre deixado aberta uma porta a uma eoria do desenvolvimento do self de acordo com as trocas das identis entre bebé e mie. No entanto, os kleinianos deram tengo quase que exclusiva aquilo que o bebé coloca no continente natemo € como a mfe.o recebe, contém, transforma-e-o-comunica-de olta ao bebé. Mas, se seguirmos a rota indicada por Lichtenstein ¢ aplanche ~ agora elaborada de acordo com a teoria da identificagio rojetiva —'j4 que o inconsciente mateo 0 mais desenvolvido dos - Ver Michael Polanyi, On Tacit Knowledge. - Para uma discussio do conceito de “conhecido ndo-pensado” ver meu Shadow of Objects (Bollas, 1985). Pp « o Os carareres os psrcanause A “TG dois, cla estard projetando.muitas-idéias de sua crianga no bebé. tanto. como um objeto interno (antes da concepsdo, durante a gravidez e pelos tos estigios mutantes € sutis da infancia) quanto como seu outro; ela ise, projetando estas idéias cumulativas por meio mui estar, em tiltima a “suas proprias expressdes € gestos como performances. Freud nao examinou.a.vida mental humana a partir desta pers- pectiva tio inicial, mas seu conceito de “representaco de coisa” certamente permite fazer um_vinculo com a inconsciente maremo. O ‘nconsciente, Me acordo com Ereud, é constituido, em primeira instan- bia, de organizagoes inconscientes primarias, parcialmente resultantes {do efeito cumulative do mundo objetal, uma série de impresses de | objetos poderosos que vém residir no inconsciente ~ como imagens } visuais, cinestésicas € sonoras ~ antes da utilizagdo da linguagem. [ipodemos relacionar a teoria kleiniana de identificag3o projetiva cama. teoria freudiana de representagdo de coisa, j& que o que Freud entende por isto resulta, em parte, da identificagdo projetiva matema. Como tal, © inconsciente infantil é povoado pelo inconsciente matemo par meio “de constantes atos de identificagao projetiva. 0 que ndo € apenas normal, mas essencial com relagdo ao trabalho de insuflar vida no bebé. Pode- mos assumir que, se as projecdes da mae despertam desenvolvimentos nascentes do idioma do bebé, entio, o inconsciente dela elabora criati— yamente o self de seu filho. No Capitulo 3 iremos retornar 2 este pico, quando levarmos em consideragio a identificagdo projetiva materna_ 1 como um substituto do.engajamento sensualizado com.o bebé. 4a? Entretanto, quando falamos do_ sbicte primi ‘estamos sim- 4 & Y plesmente discutindo, per se, a experiéncia do self'da mae, embora sua £° maneira de ser constitua um fator de contribuigdo vital. A crianga em desenvolvimento também possui uma experiéncia independente com relagdo ao pai e seu idioma de transformagao ¢, muito possivelmente, com seus frmiios, bem como com seus primeiros ¢.respectivas _ familias. De fato, ele ou ela nascerdo em uma familigyue €, por si \\ mesma, um complexo de supasigdes logicas, mais HMPTO que quaisquer de seus participantes e que segue seu curso sem que seus membros 0 examinem mais detidamente, embora a mentalidade da familia seja, por si mesma, um objeto transformacional. a Tal como Melanie Klein e seus seguidores enfatizaram, o obje: to primario também sera caracterizado por diferentes equilibrios na6 Hysteria Os capkrenes os pocansuse 7 economia de amor ¢ ddio do bebé. Um bebé que, por razdes genética ‘osua uma capacidade limitada de posiergarasatisfago, experimentarg nie: para cada fracasso real na proviso de cuidados da mie, perc a mie como excessivamente frustrant; isto aumentara seu ddio com heremos 0 self do bebé deformando-a a partir da angistia, raiva ou Telagio ao objeid de Tristrasao e imensificari a inveja do scio da mae, depressio, Resti-nos, entio, quando nos referimos 30 pai ou a mie, tais © qual €imaginado como retendo para si o que, de outro modo, podeds Fiuras como esirturas psiguicas.Elas devem sempre refltr a obra de ilizado ao bebé. Nao precisamos concordar nem com as ca- ao menos trés pessoas (crianga, mic, pai) ¢ 0 objeto interno que emerge esp ncia “de mundo” do self, formagao esta cuja primazia subs éa exper creve o sere 0 relacionar-se. com o planejamento pelo qual cla supde que o bebé ir Le to pel é ira avaliar 0 i . varidvel vital que inclui as capacidades ¢ deficiéncias subjetiv: ptr Como tas, todos os distros de cariter podem ser parciaimente enquanto ele ou ela negociam com o objeto. subjetivas dele, entendidos como um ajuste efetuado na relag3o com a. mac. Quer se ébjeto primério, fo qual, se \ refira ao carater_psicético, borderline ou neurotico, estamos, em pri om do rp Los saad por diante, iremos nos referir, é | veto lugar, deserevendo uma restigdo do sel atrelada as anastias em ias com outros reais, alguns ocasio- | Jo a mi f= nad 5 «as fite tai wears io relagdo a mae. = = sain, ‘enstes ambientais tais como hospitalizeg0, mudanga de | ‘Vamos comegar pelo distirbio narcisista.. * aaa al of as fe na familia, divércio dos pais -, outros determinados ‘Ao experimentar a mie como inconstante, 0 bebé resolve 0 pro- , 6 distin dios de cardter da miie ¢ do pai condensados em experiéncias | blema que ela coloca suprimindo-a ¢ colocando uma parte do selfem de side prmiva. 6 ‘outros, tendo a ver com as possibilidades sou lugar, Esta & a atitude narcisista clissica: fascinago aparente pelo yponstitucionais do proprio self. : self, Alheia ao fato de 0 bebé colocar ou no uma pare idealizada da | Um objeto primario é determinado, portanto, pela estrutura psi ‘fe, ou alguma outra, no lugar da me verdadeiramente diferente, @ S a Vestratégia narcisista & substituir 0 outro por algum objeto harménico que |i sustentar a procura narcisista pela trangtilidade,’ Em suas relagdes perturbadas, 08 narcisistas irdo procurar quem os idealize. encontrando assim, neste outro, alguém compativel com sua propria auto-estima. Tudo ica muito bem até 0 momento em que o outro discorde. Nio se sta encontre diferengas com 0 self |quica do self: Formada durante os primeiros anos de vida, est \psiquica projeta o objeto priniario que seré tomado como a dis de todos os outros'em relagdo ao self. Em momentos nio-conilitivos isto . pode parecer benigno, mas quando 0 self esti perturbado, id refletr a estrutura da patologia do self. ‘Ao discutir os diversos|disti?bios de-cardter) sou for trata simplesmente de que 0 narcisi A ‘dis : ! rgado, por ata Haier ee cian de si propésitos heuristicos, a simplificar. Assim, ao discutir a anguistia com difecs de acetar, e sim de que a propria diftrenga¢ Gin OTT rel bjeto-primé x icin De fato, a estratégia narcisista é amplamente voltada para o achat relagiio ao objeto:primrio como sendo uma questo com a mie, 0 leitor \y/ do relagdes com objetos eve ier eal wisi 6 Gas ciieado por 108 eo das diferengas entre o self e 0 outro, perseguindo relagbes com 00) ; 5s que entendo por mie ou o que é sustentado em | fem comuu A sua volta cuja idealizagdo possa vores ‘seu nome: embora possa descrever adequadamente uma caracteristica | Tnclinados & harmonia, os narcisistas sio avesses. 8 acolher as real de sua maternagem, incluir também os fatores ambientais que /, complexidades da experiéneia vivida. jd que estas os predispdem 3 _ perturbam o hebé, bem como a projegdo dé préprias motivagoes dele |, encontrar a diferemgar Desse MT0do; €Ies io Prose questies interes sobre a mie. —— = Aor Complevas ¢ tenfar levar uma vida relasivamente INE dacuilo SéO pai deve ser considerado o responsdvel pela aceitago ‘ que nfo se quer ou ndo se deseja. Como isto pode levis a serem iio procurar um parceiro que sé) negociada do-self da nécessidade de internalizar e aderir és leis da so- um tanto enfadonhos, eles sempre ciedade, amie serd a responsivel pela experiéncia da propria existéncia do seif, E assim como ocorre em cada fracasso do pai da crianga em— 2 -- e sustentar seu papel, encontraremos, na crianga, motivagdes dindmicas 37 Vera obra Impasse and Interpretation (1987) de Herbert Rose de destruir a fun¢do deste, e 0 mesmo pode ser dito com relagdo 418 Hysteria vigoroso ¢ interessante, mas que se no constitua em um desafio 4 o-estima deles, ja que S40 0 objeto de idealizaglo. Assim, elas © aproveitar do interesse pela vida do outro e se nuit da tol oe" feste com relagao aos inevitaveis conilitos que advéin do ene, 4 \ diferenga. nto com Em psicanilise, tais pacientes semy i . mn esfrgoinconsciente para que exe retome eae coe cen ‘forma de um espelhamento empitico, mas ao se as fae uw criticados, eles sto suscetiveis a estados de raiva e aligao renee’ ircunstaneias, podem obliterar quaisquer que sejam as dyfene® xistentes no modo de pensar do analista. No limite, se nao Distrem aay, turar sua harmonia por meio da auto-idealizasio, poderdo experimen, m vacuo psiquico criado pela aniquilagto do objeto matemno da dif, enca. Isto iré precipitar uma depressio narcisica, que acreditam poder liviar apenas por intermédio de um ato poderoso de amor transforma. lor, ato este tdo intoxicante que toda a memoria dos atos aniquiladores, Jo vacuo e do self mortifero sera eliminada da consciéncia. Estados narcisicos de raiva, comumente vistos como caracteristica ipica da personalidade narcisica, sio mais como ataques de ansiedade jue efetuam uma descarga de panico por meio de uma raiva projetada ,ara restaurar a harmonia. Embora uma aco violenta inconsciente tenha emovido a alteridade diferenciada do horizonte de visio, ironicamente, s narcisistas carecem de uma agressio criadora, Eles nao estao incli- ‘ados a lutar — a colocar o self ou suas idéias adiante, ja que a luta mplica diferenca —, o que os levar a se refugiar em um mundo arcddico: emifortificado de objetos do self: ” “> O'borderline € diterente. Ele ou ela experimentaram o objeto srimério como algo que causa tanta turbuléncia ao self que os estados nternos de desordem mental se tornaram equivalentes a eles.*Para implificar: € como se o‘bebé houvesse experimentado uma materna- em ritmica, sendo fisica ou psiquicamente apanhado de forma dis ruptiva, evocando um misto de choque, angiistia, raiva, uma espécie 4. Ver a analise do narcisismo em The Analysis of the Self (1971), de Heinz Kohut. © Sine mm oncain “Beneilesline dacina’” ann The léssten, af Thinor (Roles, 1900) Os CARATERES DA Psicankuse 19 de perda e de intensa ard mental associados a mie. A solugdo para o que parece ser 0 estado de coisas mais angustiante é cindir o objeto € construir um objeto ideal ~ alinhavado de pedagos de mie boa - como uma fraigil alternativa para a outra mae. Infelizmente, esta solugio é sempre temporaria, pois 0 borderline sente que scu objeto central sé podera ser encontrado por meio de estados mentais turbulentos. In- conscientemente, portanto, 0 cardter borderline procura turbuléncia, transformando um copo d’égua em tempestade e irritagdes crescentes em estados generalizados de raiva. “Objctos totais” evoluidos, adqui- ridos por intermédio de desenvolvimento cognitivo, sdo tercidrios em elagdo ao objeto primério, o qual existe apenas no estado fragmenté- rio acima descrito. Na transferéncia, eles iro cindir 0 analista entre um objeto idea- lizado fragil e um objeto denegrido que se sente mais verdadeiro, mais, primério. Ao buscar este objeto cindido, eles irdo explorar os ertos de interpretago analitica ou outras falhas por parte do analista, converten- do tais erros em festivais de alimentagio parandide, o estranho deleite estando disfargado pela intensidade da angistia mental. Na contra transferéncia, os analistas que trabalham com tais pacientes se sentem angustiados, frustrados, freqiientemente irritados, por vezes furiosos, ¢ confusos. carater esquizdide considera a mae unicamente uma intrusa, mas em vez de anular a diferenga do objeto, como o narcisista, ov incluir © self no coquetel afetivo produzido pelas agies do objeto, “como 0 borderline, ele recua e diz algo como “O que est acontecendo aqui?, Quem é 0 outro?, E quem sou eu"; 0 esquizdidétorna 0 = g0 relacional uma espécie de laboratério em que 0 selfé um cicttatt pesquisador. Em suas pesquisas, eles povoam a mente com i ct de diferentes mies, pais e selves. Cada experiencia inf Ut tt & repetidamente examinada na mente até que re a Se torne aquele objeto de dependéncia fundamental. con emplanis experiéncias futuras, 0 esquizdide as antecipa a acer ee possiveis opgdes - de modo que tais pensamentos ‘tuem a propria experiencia. ‘Na transferéncia, 0 esquizdide pri seus potenciais associativos — como ne o z6ide quer falar € explicar seu mundo ‘ocura utilizar a mente ~ com fim em si mesmo. O esquir analista e teme @20 HysTeRIA experiéncia emocional, jé que esta geralmente traz consigo uma es. pécie de capitulagao ao objeto primério, © qual, para o esquizdide, & preferivel manter a distancia. Os esquizdides freqiientemente eit, contatransferéncias em que o analista fica fascinado por sew mundo inteme, de tal forma que o analista é, na realidade, embalado em uma espécie de estado esquizdide, em que a mente como abjeto & acei ‘a See uid Aim ett si mesma. As inovacdes clinicas de Winnicott, Balint e Khan, entre outros, tiveram a intengdo de encontrar técniicas dentr da psicandlise que nio conspirassem com a utilizagao esquizdide de interpretagio analitica. “ Podemos perceber, agora mesmo, importantes diferencas entre estes diversos carateres. "__ O narcsista procura sutentar um se vazio, no passo que 0 esq zoide esta repleto de objetos. O borderline anseia por estados mentai turbulentos, enquanto o narcisista se enfurece ordenadamente para reter a harmoni O esquizbide experimenia a vida emocional como trzendo consigo uma problematica rendig&o ao objeto primério ¢ prefere, por- tanto, uma apatia emocional, ao passo que o borderline visa encontros emocionais confusos. = = O_perverso ¢-0 carter mais.freqilent térico, Freud aventou a hipétese de que eles seriam inversdes um do outro, e nos “Trés ensaios..." (1905) ele utilizou 0 perverso como pari- metro de comparacdo para o histérico. Superficialmente, eles parecem surpreendentemente diferentes em um ponto: b*histéricd recalea os contelidos-sexuais, enquanto 0 perverso os atua. Ambos feardteres, no ‘cenlanto, privilégiama sexualidade como um problema. Ambos operam ‘em uma espécie de estado auto-erdtico dissociado; ¢ o perverso, reman- do na diregao do objeto de desejo, “eo histérico, devaneando-o, apesar de situados em mundos separados no que tange a preocupagao sexual, podem trombar-se na rua. No capitulo final, retornaremos & algumas das semelhancas e diferenas, mas o que poderia ser dito agora sobre a relagio do perverso com 0 objeto primério? imagine sic Soma atra sua vontade consciente, 2 Seed 1a erética particular que domina a totalidade . sua existéncia sexual. Tentam reverter esta submissiio, mostrando- se como senhores dos instintos, presumindo controlar uma situagi0 fora de seu controle. A perda da ilusiio de dominio os deixa sentin- jente comparado ao his- Os CARATERES DA PSICANALISE a iquilamento pessoal, como se suas existéncias 1 segundo esta ilusio. O que os psicanalistas or visto na estrutura complexa da perversio & ‘se restabelecer de um outro sexualmente exci- *perimentado como a mic ~ que quase o Jevou a um estado fy psiquica. Esta é uma mle cujo investimento fundamental Camo se ele Fosse seu proprio objeto sexual seereto, © qual " genas emocionalmente livres de descarga de excitacio, ga como seu objeto de fantasia. Enquanto amie. do se em seu Universo imaginario, a fim de ali criar uma 1m objeto puramente interno, a me do perverso ode ser um reflexo do cariter da mie ou, igual- ele momento de sua vida. Ela pode ter su bebé em razo de uma depressio ‘ou a uma mudanca perturbadora, do-se proximos do ani tivessem de prosseguil aoreditam que pode sforgo do self de oe tante de extiny no bebe & ela atua em utilizando 2 eri histérico retira relagao sexual com ut atua isso no real. Isto p mente, das circunstincias naqui ‘sido emocionalmente afastada de set gs-parto, ou a uma perda familiar, imeras outras razbes. ‘O perverso, como bebé, experimenta, entio, sua sexuslidade como um ataque do real, como um acesso nio por meio de canais intrapsiqui- ve da evonomia psiquica dos proprios instintos do bebé ~ procurando ima concordancia do objeto intemio com outros reais, no tempo ~. mas entornando-a em si, sem percepgio psiquica. Pensendo, agora, o perverso como crianga, esta excitaydo é frag- mentiria, ja que 0 self o seu outro parecem ter alguma relacdo entre st _ mas nio ocorrem juntos. Como a excitagio do seif é ela propria. parte da experigneia desintegradora, o perverso almeja, entdo, seorsani?At sua situagio, colocando-se como 0 responsivel: como adulto, o perverso deve encontrar outros desejosos desta permuta. © sexualidade com- pulsiva do perverso é, na verdade, um dispositive para livrar 0 self das conseqiéncias alienantes de instintos provocades pelo outros © Pen ee busca despedagar 0 outro, idemificando projetivamen’s ° complexo intciro em ume vitima, Comunidades de perversos slo formadas 2 fim de dividir os papéis - alguns momentaneamente conquistando, outros atuando como os conquistados - ¢ encontrar novas formas de intimida- de no Ambito do universo sexual, ja que elas tem sido sempre 0 foro da alienagio. © objeto primério do perverso € seu obj sente compelido a procurar, freqientemente contra jeto-instinto, © qual s¢ seus desejos cons-22 Hysteria cientes. O objeto-instinto sera encontrado no outro que, como uma pessoa, também é impelido a um objeto-instinto que aliena 0 self de seu descjo, Ao se deparar com seu oposto, 0 perverso encontra somiente uma intimidade de descarga sexual que reflete a experiéncia primordial de ser 0 objeto-instinto do outro € nada mais. Como veremos, 0 per- verso compartilha algo da convicgao do histérico: seu destino sexual reside no imaginario do outro; mas 0 perverso foi ativamente utilizado, pela mie, como objeto de ripida excitagio — a qual o perverso alia a sua propria experiéncia instintiva -, a0 passo quie o histérico experi- ‘menta o abandono da excitagdo materna, que ele ira buscar no mundo interno da mie, no qual presume existir sob uma forma puramente auto-erdtica, Poderiamos prosseguir com a completa caracterizagao das fi- guras psicanaliticas e considerar cada uma delas de acordo com sua relagdo de objeto primaria, mas a panordmica de cada cardter acima descrito pretende dar ao leitor somente uma nogao do que se entende por relagdo de objeto primaria, a fim de estudar a histeria de forma mais total. Nos capitulos seguintes, iremos considerar as miltiplas facetas do histérico que, sob diversas formas, é 0 carater mais com- plexo de todos. J Iniviarei nossolestudo do histérico ebnstraindo um modelo com- Teaivet ques dos tiie anise ecomidie. A excegao do “histérico maligno” (ver Capitulo 11), a relactio de objeto aria do histérico difere daguelas dos demais distirbios de cardier. "m varias circunstancias, o histérico testemunha um intenso, sendo destacado, amor matemo d self, evidenciado pela paix narrativa ! ‘materna 301 jangare/ou-e-performance materna de seu amor na ( presenca da crianga. O que estd faltando, como teremos a chance de ver, & um senso inconsciente do desejo materno pelo corpo sexual | sa_crianca — Gpecialmente"os genitals =, mas, Sob outros aspectos, | @ crianga geralmente experimenta interesse, paixdo, investimento € | | | cuidado matemos. A mie est4 em conflito a respeito de sua crianga em relagdo & qual ela sabe que fracassou. Em presenga deste objeto primario, a crianga busca o que ela significa para a mie, tentando se identificar com este objeto dé desejo-e répresenté-Io j ramae-O-mal— | do histérico é, entdo, a suspensio do idioma do self, a fim de realizar 0 | desejo do objeto primério, estratégia baseada nas ages complementarcs \ de identificagao e representagaio. (Os CARATERES DA PSICANALISE 23 ‘A consideragao do histérico requer uma teoria especifica do.ca- rater materno, Por vezes, parecer’ que a mentalidade da mae determina idestino de seu bebe. A idéia de que o objeto primario é uma eriagdo ia crianga parecer descartada pela teoria da mae, que é, ela, histérica. rep Esta visio poderia estar parcialmente correta. Ironicamente slo fito de a mie ter sido bem-sucedida na manuten¢ao de seu be re sentido subjacente de ser do bebé no corre riscos, diferentemente, om certeza, das personalidades borderline, esquizdide ou narcisista. © objeto primario do self nestes distrbios mais psicéticos € uma co- lagem de fragmentos, uma colegzo de objets parcais. Néo apenas 0 objeto histérico & um objeto total, fornecendo um senso coerente de si mesmo, como também o histérico possui uma capacidade (nica de se | Hentifiear com aspeetos complexos do cardter do outro, una abilidade nha a destreza da mie em desenvolver o sentido de selfe tp outro em seu bebé. Somente em um aspecto, o da sexualidade dela, € | {que a mie sente-se insogura, comunicando isto a0 bebé, Por ests nico aspecto, entendemos que a mie histrica dew sun prépriacontsibul especial ao bebe. —__——_ Entretanto, histérico, 0 objeto p psiquica d propria, uma que testemu em virtude do fato de a mae dar o suporte ao ser do rio do histérico € qualquer um em que ele se his Sera o objeto-de-espera que o histe de poder se reformular comm objeto de desejo do cutro. Em confit -fistérico jé esté preenchendo este objeto por meio.da atuagio. mesmo fue o outro de quem o objeto ¢ extraido ainda seja desconhecido, Vamos nos voltar agora ao am: indiferenga do histérico em relagio a sua vida sexual. aii cs aca2 EPIFANIA SEXUAL Por volta dos trés anos de idade, as criangas experimentam uma significante intensificagio na excitagdo sexual, pois a maturag30 bio- Jogica novamente leva a intensas sensagdes genitais sexuais. Elas se masturbam mais freqlientemente ¢ com maior acuidade. Tocando 0 pénis ou o clitéris, meninos ¢ meninas, respectivamente, criam estados sensuais bastante prazerosos. ‘Tal como o “Pequeno Hans” de Freud, elas podem, de forme bastante natural, convidar os pais a fazer 0 mesmo. Aos quatro anos ¢ meio, enquanto sua mide Ihe dava banho e Ihe passava taleo em volta de pénis — tomando cuidado para nao tocé-lo ~, Hans pergunta, “Por qu« vocé no coloca o dedo li?” A conversa prossegue: ‘Mae: — Porque isto seria porcaria. Hans: — O que é isso? Porcaria? Por qué? Mée: — Porque nao € correto. Hans: — Mas é bem divertido. (Freud, 1909: 19) Outro dos contemporineos de Hans teria concordado com el Freud conta de uma paciente colocando as “fraldas” em sua filh @,“... ao fazé-lo, ela passou sua mao por cima da superficie inter das coxas da crianga. De repente, a garotinha fechou suas pernas 1 mee da mae, dizendo: ‘Ah, mamae, deixe sua mao 1a. E tZo gostos (ibid: 19).26 HysTERIA Com esta nova intensidade sexual aparecem representagdes mene tais diferentes, a medida que a crianga imagina 0 corpo da mae ¢ do pai em termos mais nitidamente sexuais. A mente fica mais inteiramente ocupada com a sexualidade, Meninos e meninas atuam nesta nova excitagio procurandy os genitais da mie, seja por solicitagao direta ou por “acidente”, Dependendo da mae, tais penetragdes (tal como apalpar seus seios, experimentar seu traseiro, apertar as pernas em tomo de uma parte de seu corpo) podem ser ocasides de deleite ou chateagdo. Com 0 tempo, tais intercémbios se tornam desconfortaveis e os pais recusam as pre. liminares da crianga. Embora Freud tendesse a enfatizar a relagio de amor do menino com a mae ~ “Quando um menino (aos dois ou trés anos), ao entrar na fase falica de seu desenvolvimento libidinal, sente sensagdes prazerosas em seu 6rgio sexual e aprendeu a procura-las A vontade pela estimula- go manual, ele se torna o amante da mae” (1940: 189) -, ele via tanto 0s meninos quanto as meninas engajados em uma relagdio amorosa “masculina” com a mac. Todas as criangas se sentem perturbadas com esta mudanga, De certa maneira, a relagao anterior com a mie é destruida por um novo conjunto de representacdes mentais. Embora a relagdo bebé-mie seja erotizada desde o inicio, a transformagao de mae-confortadora em mae-objeto-sexual aflora um sentido particular dela como provedora sensual de sensualidade, quase como uma parte do universo auto-erdtico do self. Ela é distintivamente diferente porque seu corpo € visto mais precisamente agora como 0 objeto de desejo sexual, ¢ a sexualidade-em- si-mesma transforma a vida da crianga para sempre. E irénico que, por volta dos trés anos de idade, esta epifania, na realidade, organize as relagdes eréticas anteriores entre mie e filho, algo a que retornaremos posteriormente. Esta mudanga no status da mae é causada pela transformagio da libido da crianga, que é igual tanto na menina quanto no menino, jé que ambos experimentam a sexualidade como uma revolugo. Desta forma, a sexualidade destréi a inocéncia de um self ¢ d® mie, transformando a utopia “pré-pecado original” de “‘papai” ¢ “ma mie” em um mundo de self e objeto sexual, contaminando a simplic dade da dependéncia com desejo. Nao ha senso original de inocéncl EPIFANIA SEXUAL 27 cle & somente concebido apés o pecado original. No despertar da ex- citagao genital, 0 self inventa a inocéncia, geralmente removendo-a do presente, n0 qual ela pode ser manchada pelo cotidiano, e colocando-a fo passado, no qual ela pode ser mais facilmente sacralizada. Certas memérias de abuso sexual recordam o momento em que hhouve uma intrusio da sexualidade no sel/,Eu aprendi a explicar uma zérie de fantasias de sedugio”, esereve Freud em 1906, “como tentativas de rechagar as memérias da prépria atividade sexual do sujeito (mas- turbagao infantil)” (1906: 274). Em “A etiologia da histeria” (1896). Freud afirma que uma“... tentativa de estupro talvez revele & menina imatura, de um 6 golpe, toda a brutalidade do desejo sexual” (pp. 200- 301), implicitamente argumentando que o estupro adquie o significado da brutalidade da sexualidade e ndo, simplesmente, o ato de um homem veal como iremos discutir adiante mais detidamente, a sexualidade -em-si-mesma, intensificada pelas estimulagdes auto-eréticas da crianga, €o agente do trauma, por si mesmo totalmente aterrorizante. ‘Ver a mae como sexual ndo é um suplemento a mae criada pelas excitagdes orais e anais. O pré-genital esti em uma categoria diferente, tal como Gilbert Ryle (1963) afirmou ao dizer que dois prédios separa- dos de uma universidade e aquilo que o termo “universidade” nomela constituem diferentes categorias. No famoso exemplo de Ryle, um homem pede que o levem a universidade, mas, apes observar nae ss edificios, ele pergumta de novo onde se encontra aun erie Beno percebeu que a universidade ¢ uma categoria separads dos pretlos SOS que esti fazendo a pergunta errada. Aos ts anos 8 cr cose sextalidade e percebe a mae sob um prisma diferente, Sus CoTET sexuais sempre existiram antes desta epifania tl como J8 CS NN prédios da universidade, mas, repentinamente, € accents aoe gorizagdo diferente para enxergar @ mle sexual. Algum ee vo aos crianga vera a mie ou o pai trabalhando ¢ 0s perceberd a recente categoria de assalariados. “ida Podemos agora repensar a bem conhec ie ome por Freud. O histérico sofre de uma ae de se alse pests) aobeemnaar at? a elt vida fantasistica da erianga. A compreendida como sendo dit . walidade- cena de seduedo, entretanto, é a chegada disruptiva da Sx questio levantada28 HysTERIA cem-si-mesma guiada pelo bio-I6gico da crianga. Tal como veremos nos capitulos subseqiientes, os pais sempre estiveram engajados em uma intensa sedugdo da crianga, provocando-a, a partir do casulo auto-eré. tico desta, na direcdo do amor sexual apaixonado do outro. A cena de sedugdo é uma verdadeira encruzilhada entre a pulsio sexual do selfe a sedugdio do outro. Sexualidade e morte estio vinculadas por esta epifania, ja que ‘uma certa imagem da mie unicamente confortadora morte. A crianga deve agora sobreviver ao seu imaginirio do desejo da mie, impelida pelos crugis estados instintuais que promovem a consciéncia sexual, Para Freud, a vagina materna é aterrorizante pelo fato de forcar a crianga a confrontar sua ansiedade com relagio a castragio, mas, mes- ‘mo que vejamos um tanto de verdade nesta idéia, ela também anuncia ‘0 choque elementar de que a mamie se foi para sempre, significando a morte da infancia, a primeira de muitas mortes que afetam cada um a partir do real. Como a sexualidade é a génese de uma fenda no self, nfo é sur- preendente que ela atraia, como um magneto, todas as coisas que cerca a primeira morte — mais reconhecidamente, a associago do orgasmo ‘com a morte. Esta epifania forja vinculos entre o advento do nfio-ver- bal e do verbal, entre 0 movimento do corpo nos estados erdticas e a imagem do corpo ¢ de seu outro na fantasia, entre a preméncia, ou seja, 0 instinto, e suas representagdes mentais no limite do biolégico ¢ do cultural. As questdes que circundam a sexualidade — nao sendo a menos importante, “O que é isso?” — sio simplesmente partes do complexo original imposto a crianga. O que est acontecendo com o self? Como este desenvolvimento deve ser compreendido? O importante ensaio de Kohon (1986) enfatiza a impossivel posi- j $0 histérica, fixada entre dois objetos de desejo (mde ¢ pai), incapaz de " ir de um para outro. Parte do limbo é resultante desta epifania sexual, quando a crianga se torna subitamente ciente de duas mies, dois pais € dois selves desde o tenro inicio: pré-genital e genital. A questo de qual deles deseja nao pode ser facilmente respondida pelo histérico, incert quanto ao que ele ou ela desejam. . Todas as criangas procuram refigio tempordrio deste contfito, j4 que é impossivel saber que a sexualidade de alguém é o agente dest® mudanga. O bem-estar € buscado, colocando a sexualidade fora dat EPIFANIA SEXUAL 29 Iago mae-crianga, apontando inevitavelmente para o terceio objeto, o pai. "Boi ele quem fez isso! Ee &culpado deste rompimentot” Se o pai for “suficientemente bom", cle aceitard esta projegio e a suportaré com pasienca, pois sabe que, por mais que esteja includo amorosamente pr mundo do bebé, outras partes de si serdo indesejiveis e odiadas. Consignada uma importante funcdo — suportar o édio da crianga pelo mundo externo € tudo o que islo pressagia -, 2 tarefa do pai aceitar b projetado (¢ de interesse o fato de que esta projegdo de excitagao ame mais tarde na identificaglo da sexvalidade com o pai~ parte da faaao pela qual a menina o considera sensual ¢ 0 menino acha que ele Fam objeto trivial do destino sexual. Enquanto isso, o pai iré carregar ‘ima excitagao recaleada que retornard, mais tarde, pela ironia de uma identificagdo que, na realidade, € uma regeneracao, Uma projecdo similar ocorre na relaglo com a mae, ja que cada crianga nela projeta entimentos relativos A nutrigao e aos cuidados, de modo que, mais tarde, a0 cuidar de outrem, 0 self desfrutaré de um retorno nareisista das projegdes iniciais). Para termos uma répida nogiio tanto de nossa semelhan¢a quanto da diferenca em relagao ao histérico, € importante observar que, na vida inconsciente de qualquer pessoa — seja homem ou mulher 2 Sta € uma considerac: fantasia de haver sido molestado pélo B nite, dadas as Tes0es Corporais doTosas ocasionadas pelas crencas importante, p indiscriminadas nos relatos dos pacientes sobre as “memérias recupe ele proprio sexualidade, das” do abuso sexual. © assédio é, entretanto, i ‘0 que interrompe a relagdio com a mie ¢ transforma a siafaeae de ignorancia em pecado do conhecimento sexual. O pai é “sexual \de- ‘como-trauma”, uma figura molestadora cuja sexualidade introduz oa fenda entre a crianga e a mie, problematizando para sempre © senso de bondade da crianga. O que havia sido edénico leva Deus ~ a mie —a nos aband Em 1852, quando estava “excurs gando contra a escravidio € pelos direitos da mulher, a ne: ericana Sojourner Truth, em uma convensao pela igualdade de a yjourner Truth, e1 reitos, encontrou-se com um clérigo que era f0 a participagio da mulher na sociedade. A ativista disse menzinho ali de preto diz.que as mulheres nio podem iO NA direitos que os homens porque Cristo nfo era una MUSE esti agora arruinado pela serpente, 0 que jonar para sempre ao destino. jonando” por todo o pais pre- gra ativista30 HysTERIA veio seu Cristo? De um Deus ¢ de uma mulher! Os homens nao 4 veram nada a haver com isso!” Encabegando 0 fimago histérico % cristianismo — ja que a teologia nao apenas exclui a sexualidade das relacdes da divindade com as criagdes Dele, ou mais corretamente Dela, mas concebe, subseqiientemente, a carnalidade como o inimigo atuante da devogdo a Ela -, Sojourner Truth astuciosamente enfatizou a vigorosa exclusio do pai sexual de uma relagio sexual que deve ser imaculada. ‘No entanto, o pai sexual realmente tem suas vantagens, especial- mente quando é visto como o vildo que tem de suportar 0 mal. Na atual corrente epidémica de histeria na América do Norte, o pai é continua- mente usado para proteger 0 individuo dos efeitos desagradaveis dos estados sexuais da mente, ja que self seus inocentes simplesmente necessitam proteger-se dos homens sexualmente predatérios eruzando ‘o.mundo em busca de mais vitimas infantis a fim de satisfazer seus anseios sexuais. ‘A partir do momento em que alguém percebe sua sexualidade, projetada no pai e, entio, repudiada, o pai sexual é castrado — quer marginalizado por um tempo, quer totalmente removido, tal como na teologia crit. Embora uma parte do superego que aflora como uma imterferénca critica, infligindo proibigdes internas ¢ fazendo ameagas, seja uma internalizagao do pai ameavador, a mente da criancinka tam- bém desenvolve seu senso critico desaprovando a emergéncia da propria sexualidade, o que rompe com o gracioso privilégio da dupla bebé-mae. Esta interferéncia investigativa — que levanta questées tais como “O que esta ocorrendo aqui?”, “Quem € que realmente manda aqui?” etc. ~ € filtrada no superego, o qual comega, entio, a cometer violéncias contra 0 pai. Isto vai até o ponto em que a inimizade com o pai é ativada peles violentas recusas, por parte da crianga, da realidade paterna e de sua fungo sexual. dence sora freudiana do complexo de castragao inclui as primeiras traces (ou seja, 0 desmame, 0 treino de usar a privada etc.) # quais acrescentamos a castragao da propria sexualidade. O pai s¢ torn 1. Guardian, 14 de julho de 1997, G2, p. 7. EIFANIA SEXUAL eS | desta intrusdo ¢ esti irreversivelmente associado a sexualidade osit como algo indesejado. ‘A angistia de castragio, propriamente dita - 0 medo da mutilagio genital ~, nio surge sb como conseqiiéncia dos impetos incestuosos enital ¢ a0 nados, mas também do ataque do self ao seu proprio dos outros. Como & muita dificil lembrar da epifania sexual dos tré 's uma outra cena que, de varios modos, a recapitula. A recorda como foram seus sete, oito ou nove anos xauais da mente, mas o mundo dos meninos to proximas, vida escolar, brincadeiras apos iam de certa forma idilicos. Entio, por volta tuns, mais tarde para outros ~, 05 corpos comegaram a se modificar novamente. Com a transformagSo do formato corporal, 0 qual —embora antecipado € parcialmente bem-vindo — de certa maneira, desconcertante, ‘vem outro acréscimo de excitagdo sexu- SL Os adolescentes se sentem assolados pelas idéias sexuais. Sentados tin uma sala com amigos de infincia, de repente alguém com 13 anos de idade se sente muito excitado(a) por um(a) outro{a) colegs ¢ seni muita dificuldade de se concentrar na aula. Este(a) outro(2) coleza no tem de estar na sala de aula, O instinto ja é provocagdo suficiente para que o adolescente sinta a ruptura enquanto ele ou ela devanciam seus abjetos sexuais. Toto é tio delicioso quanto tumultuoso, Em primeira lugar. 03 ado Tescentes sentem que as amizades da inflincia jamais serio novamente fas mesmas, Pode haver uma certa espécie de idealizagdo retrospective dos anos pré-adolescentes, destacando ainda mais o turbo da ado- lesencia. Os corpos dos pais sio novamente vistes como PrEsemVa® intensamente sexuais ¢ embora muitos adolescentes,aliviades, quasé espantem com as imperfeigBes corporais des pais, cles 359% © fazem porque estes corpos sHo por demais sexualmente exctantes Pars AN= se possam suporté-los. Ume vez mais, esta ruptura pode ser projetada em uma Ovire figura. O pai pode ser visto como sexuslmente Periz’ uma iden- tificagdo projetiva que di testemunho da diticuldade da crianga em aceitar suas proprias excitagdes corporais. C orriqueiramente, no en- tanto, os adolescentes estabelecem ideats ‘sexuais ~ figuras do mundo musical ou do cinema, Pi sexualidade felizmente temo: maioria das pessoas se de idade, Existiam estados ¢ meninas, amizades mui as aulas ¢ feriados, pareci dos dez anos — mais cedo para or exemplo ~, que refreiam &32 HysTERIA do self, permitindo que haja mais tempo para se conter os aspectos hhantes da vida sexual. Conforme o tempo passa, o adolescente no Me novos objetos sexuais ¢ descarta os antigos, finalmente se engaj anton, relagdes sexuais com colegas que, entre outras coisas, ji pemite oe grande familiaridade com o fato de serem os operadores proprictinns da maquina corporal. Peletatios Se a meméria da adolescéncia se sente muito turvada para que seja ativada com proveito, talvez este relato de w , 1m paciente clarecer este ponto. Porat: poses es Eu tive uma reunido de trabalho a semana pass ' mesma crasconhesidas, rio, ns tinhamos capatenatnescun, tio Final, © qua, voce sebe, ¢ muito importante nesta época do ano, quando este care novo ~ Edi, que estava por Ii ha tés semanas = bent duane percebi que estava olhiando para ele mais que... bem... Veja. 0 foe ea Fqoc de sepentc capectssuments Figndn pela vieko pola yresenga dle. Bi ro podia pensar E quando, em um certo momento, o chefe me pergurtou oqueeu achava, a minha cara ficou vermelha e embora seja totalmente diculo,achei que todo mundo devia estar sabendo 0 que se passava comigo, E claro que eles ndo sabiam, apesar de ter dito que nao estava me iain bem. Mas conforme o tempo foi passando a coisa piorou e meu coragio cstava disparado...¢outras coisas estavam acontecendb... e tudo o que pude fazer {oi sai da sala. Eu podia amaldigoar aquele homem. Até ele chegar, este era apenas um lugar maravithoso para trabalhar em nossas tarefas, € agora cle s¢ foie ferrou tudo. Com esta incursio répida pela adolescéncia e pela vida adulta, podemos voltar a idade dos trés anos na qual se passa por um choque semelhante, mas com muito menos condigdes que 0 adolescente de processar a sexualidade, Embora seja precipitado tentar desconstruit os ingredientes da atragdo sexual, uma de suas conseqiiéncias ¢ deixar _ qualquer self impressionantemente consciente dos corpos © de suas pulses — fator crucial para se pensar o histérico que esta muito mais preocupado com o corpo, que leva 0 self a considerar os contetidos meniais, arruinando, desse modo, o desejo do self de simplicidade ¢ inocéncia. Contudo, antes de prosseguir, temos de nos debrugar por um momento na ironia de uma manobra, ainda dentro deste capitulo, Para explicar 0 efeito do bio-légico sobre o terceiro ano de vida, eu me detive na adolescéncia, periodo em que é mais facil relembrar o impact EPIFANIA SEXUAL 33 da vida sexual do self. De fato, eu segui a via da Nachtrgtichket “aRa0 Gierida”). Incapazes de pensar, por elas mesmas, no efeito de sua Sexta- fijade, if que SHo psiquicamente muito imaturas, as criangas postergam recut sentido, Com a adoteseéneia, hi uma segunda ocorréncia da forga sia cenualidade sobre 0 self € neste momento que ele sera capaz de sar o trauma da sexualidade. ‘Os trés anos de idade recalea os aspectos do sentido de sua vida sexual, retardando-0s até muito mais tarde, quando as experiéncias vividas. subseqiientemente irfio se combinar para facilitar os des-recal- ues da experigncia infantil da sexualidade genital. Apesar de tudo, erevianga de trés anos esta ponto de descobrir justamente 0 quo complexa ela &. De fato, com a conscientizagio parcial dos conteiidos mentais sexuais do self, a crianga se insere na sexualidade da mic. Ela j8 no se mais simplesmente mamie-a-provedora, agora ela também é a mie {que deseja e, em particular ~ normalmente ~ a mie que desea 0 pai. ‘ ilusio consoladora de que mamie © papai retinem-se para trazet uma crianga a existéncia é agora descartada. ‘A excego de Jesus (ou da Sagrada Familia), a crianga ndo veio existéncia pela concepy30 matera imaculada. Houve uma relagdo sexual. Isto gera, por um lado, ima crise narcisica, ja que a crianga no apenas nio ¢ o centro do Universo, mas, possivelmente, um efeito subseqdents da paindo sexual parental que foi, por si $6, buseada. Esta novidade nto é transmitida por instrugdes parentais sobre a natureza da sexualidade ~ embora isso possa ocorrer em algumas familias ~, nem, tampouc, pela visko ocasional dos pais na cama, nem de animais ocupados em relagdes sexuais, As criangas suprem a idéia dos pais reunindo-se devido & paixdo sexual a partir das perspectivas biolégicas de suas proprias aventuras erdticas, Elas colocam seus dedos na vagina, ou suas mBos no pénis, ¢ ocupam uma boa parte da semana explorando seus dus. Flas sto levaidas is suas teorias da painio sexual adulta por seus pro= prios corpos, e imaginam a relagio sexual em termos de Suas prOprias Preocupagdes infantis. ‘Estar em um corpo & uma sina mista para o histérico, que no quer ser excluido por ninguém de nada e que, contudo, dados os segredos chocantes ta sexuatidade ~ revelados pelo proprio desen- Volvimento do conhecimento do corpo pelo self, experiments este corpo, € © que ele conhece, como uma epistemologia depravada. reps4 HysTeRIA Este fato é um constituinte vital para a formagao do histérico, porque de maneiras muito diversas — enervagio no século XIX, fadiga no séeulo XX-~, os histéricas demonstram inquietagio com 0 corpo. Isto impae 9 indesejado e a resposta & invasio corporal do self varia da indiferenca irvitada ao rancor parandide | A percepgdo psiquica da crianga do sentido contextual da sexu. _alidade € humilhante. Descobrir que 0 desejo mateo nao se restringe | a0 desejo por esta crianga e que a mAe e 0 pai possuem desejos sexuais | independentes, parece um ataque contra as visées do self como centro do universo parental. | Tnternamente a este novo estado de coisas, as criancas comegam a fazer perguntas. Tipicamente, querem saber onde elas estavam antes de terem nascido. Ao receberem uma resposta, clas so freqiiente- mente assoladas pelas questdes existenciais que surgem. “De onde viemos todos nds, entéo?” “Onde estavam mamie e papai antes de se conhecerem?” “Como eles se encontraram?” “Onde estavam vové ¢ vove?” “Onde est Deus?” “O que acontece depois da morte?” “Onde é 0 céu?” E 0 momento da vida de uma criancinha em que se inicia um periodo intenso de questionamento do por qué... de tudo. ‘Nao importa o quanto os pais fiquem exauridos, o fato de eles for- necerem uma resposta estabelece a me ¢ o pai no lugar — para usar Lacan ~ daquele que é suposto saber. Por meio destas respostas so fomnecidos, a crianga, conjuntos complexos de diregdes. Se a crianga resolve segui-los, entdo crescerd na imagem do género que ¢ suprida por estas e muitas outras respostas. Em outras palavras, o self, a partir de sua crise dos trés anos, entra no periodo edipico ja predisposto a certas identificagdes. Freud postula que qualquer busca pelo conhecimento por parte do self € guiada pela angistia que surge na crianga em razio de seu reconhecimento da diferenga sexual. A questio “Onde esté o pénis?”, formulada pela crianga ao ver o genital feminino, é a mae de todas as questdes e a génese da busca pelo conhecimento. A erianga histérica iri desenvolver QS de aprenden de viras classes, jé que, 2 criar lacunas aquilo que ela conhece, tera de se haver com o aspecto da presenga disruptiva da sexualidade. Quantas criangas identificadas como tendo’ }de ateng’o", ou sofrendo de(“dislexiay sto hist aprender, rejeitam 0 conhecimento ou que SO, irbios de déficit jue, em vez de conscientemente s2- ‘cena origindria extrai ¢ dirige a vida sexual. ‘A percepeio de ter sido expulso pelo.pai é transformada pela EPIFANIA SEXUAL 35 botam 0 desenvolvimento cognitivo? Ao menino ou menina histérica é imputada uma inocéneia de conhecimento a fim de declarar sua relagio pré-sexual com a mae. Ele ou ela atacam 0 desenvolvimento cognitive incapacitando a maturagio do self, sempre celebrando simbolicamente a posigiio da crianga inocente. ‘AS criangas normais aceitam a légica poderosa de seu proprio desenvolvimento. “Sou forgado a conhecer em virtude de minhas ex- citagdes” transforma-se em “Eu acho voce (mamde) excitante”, que Se transforma em “Acho suas excitagdes excitantes”, que se transforma ‘em “Tenlio de me identificar com sua sexualidade”, que se transfor- ‘Estamos todos juntos nessa”. Assim sendo, a perda do amor Virginal é suavizada pelo desejo, operando por atos de identificagdo: Experimentados como simultaneamente sexuais e progressives. O “Eu {quero a mamic” dos meninos e 0 “Eu quero o papai” das meninas, so transformagdes erdticas do desejo primario do qual a identificagdo com *> ma em identificagio (“Eu posso agora escolher os objetos de desejo dos pais”), de modo qiie 0 édio da crianga pode ser agora fundido com sua sexu alidade. Em poucos anos, a crianga transforma a perda, 2 impoténciae_| | a inocéncia no teatro da escolha sexual. © self it casar-se com 0 genitor do sexo oposto ¢ gerar novas criangas, fazendo com que mamae e papai, vovd € vové, fiquem muito | contentes. Isto para no mencionar os padres, professores € os guardides da cultura infantil, ‘Mas 0 histérico nfo descansa tranqiilo com a problemitica de sua propria sexualidade ¢ menos ainda com as exigéncias que emergem desta iniciagdo, Por razdes que sero discutidas nos dois capitulos se- guintes, 0 histérico resiste em ir adiante. . ‘Seguindo a projegdo, no pai, da sexualidade-como-assédio, 0 histérico busca um retorno & mae por intermédio da dessexualizagao \e self e da mie, ao passo que © ndo-histérico progride pela sexualiza~ Go do seife do outro. A dessexualizagio é geralmente alcanzada pela idealizacao das caracteristicas nao-sexuais da mae — transformando-é Garuma Madona € o self'env ui ihocente sexual. Querendo ser um ga rotinho, ou aarotinka, perfeito do outro, 0 histérico.ativa.a idealizaca0 ‘por meio da libido-como-dessewualizacdio, O pai também pode estar incluso nesta constelagdo por um ato de cistio em que, como pat S-—> 36 Hysteria [xual mau, ele € ow recalcado ou projetado em um homem sexual may — al como o molestador de criangas na TV -, do mesmo modo em que g "mae sexual foi cindida na mulher sexual mé —tal como uma reconhecida ‘\ prostituta, v O histérico “suficientemente bom” constrdi um se/f ideal © uma mile ideal que repudia a sexualidade como aquilo que traz discdrdig, {A mae interna reprova a sexualidade e quer que o histérico permanega {Veomo a sua crianga pare sempre. A sexualidade tem de scr repugnante. (A metéfora do gosto negocia a relagao oral com o corpo da mae, le. vando 0 self a cuspir a experiéncia genital por meio da identificagaio ¢ da projecdo.) AI*pulsto de morte histérica\(a ser discutida com maig detalhes posteriormente) constréiima mie fria violentamente ‘oposta || A manifestagao do sexual do self, essa crianga assume uma bondade 4 frigida. 0 {cal do ego co histérica} er um espetho interno do self perfeito/ “O ideal do ego é, agora, 0 alvo do amor-proprio que, na ,, infancia, esteve comprometido com o ego real”, escreve Freud em “O | arcisismo” (1914). “O narcisismo do sujeito”, prossegue ele, “faz sua \ aparigao deslocado para este novo ego ideal, 0 qual, tal como o ego 4 \ _ infantil, se vé possuido por cada perfeigio que tenha valor.” Ele con- clui: © que ele projeta diante de si, como seu ideal, é 0 substituto Para 0 narcisismo perdido de sua inféincia na qual ele foi seu proprio \ ideal” (ibid.: 94). O ensaio de Freud é a respeito do desenvolvimento normal do self, e neste sentido pode-se encontrar uma histeria comum Na consirugdo que o self faz de seu se/f ideal. A crianga que se tornard a sexual como degradante, ¢ que procurari | sarscndr tal contaminagdo afirmando continuamente a presence ie um self ideal pelo atestado de bom comportamento ou pela fuga Pfc de todas as relagdes, t Masud Khan (1983) viu n i i i n 10 desenvolvimento da crianga histérica um falso self. ¢ & fécil verificar com: Ve Prdprios instintos d; shistérica, sustentara um deal rigidamente puro que aponta especi=~ EPIFANIA SEXUAL Esta tentativa de dessexualizagao coloca 0 histérico em ¢ direto com seu préprio corpo sexual. Em um momento crucial na vida da crianga, no qual seu genital se oferece como o significante de um self desejante, 0 histérico 0 apaga, erradicando o genital da visdo psiquica € substituindo-o pela superficie regular do torso assexuado. ; Freud tornou.o genital o signo.da diferenca sexual e designou © pénis do menino como o objeto de-inveja ferninina_um_argumento altamente complexo que tem sido demasiadamente simplificado e que, infelizmente, também desviou a atengio para outros aspectos da luta da | crianga para se identificar com o genital. Poderiamos dizer que, agora, | a sexualidade apresenta a crianga com a tarefa psiquica de, ao mesmo \ tempo, encontrar e Vencer o-desafio do genital. Considere-se © pénis,_/ Em primeira instncia, por assim dizer, ele significa excitacdo, quer queira ou no o self. As eregdes apontam para algo, mas estari 0 self pronto para o ato sugerido pelo formato? Quem dirige quem? Objeto fisico com correlatos psiquicos, ele eventualmente significa penetracao em, inicialmente simbolizando a vagina, que vem a significar qualquer objeto a ser penetrado. Mas, como o primeiro objeto é a vagina, 0 que 0 objeto cm si simboliza assume um significado critico para a psicologia da exploracao. Sera que © pénis significa procriagao? Para Ferenczi ({1923] 1938), este cra o objeto por meio do qual os homens e as mulheres realizavam um desejo filogenético de voltar a0 oceano perdido do qual a raga havia se originado, Assim como o iitero representava 0 oceano perdido, ser que o pénis na relagao sexual representa, nos homens ¢ nas mulheres, a comy i etomarem as suas origens? Entretanto, o\proprio complexo de castragdo $$ concentra na uti- izagdo da fantasia'por parte da enianga @ Preencher a lacuna criada pelo pénis ausente, incorporada para a crianga na anatomia da menina. Onde ele esta? O que aconteceu com ele? E quem o fez? Estas se tornam questdes semi clp Ingar especifico, Se nesta ordem da angisstia/ de cada um dos sexos| Destas perguntas Provém ~ ao menos na imaginaya i a quantidade extraordinéria de teorias, mas devo me limitar a apenas algumas que se relacionam com o nosso t6pico. Ja que tais questdes a respeito da genitilia aparecem como parte integrante da epifania sexual acima deserita, aquele que provavelmente conhece a resposta ~ sem muita
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