Teoria Cinética Dos Gases I
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aula
05
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g ) Data: ___/___/___
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VERSÃO DO PROFESSOR
Apresentação
N
esta aula, você voltará a estudar o comportamento de um gás ideal, entretanto, do
ponto de vista microscópico, já sabendo que o mesmo é composto de um número
muito grande de moléculas e que elas se movimentam. Você verá que elegemos como
grandeza microscópica a velocidade média das moléculas do gás e estabelecemos uma relação
entre essa grandeza microscópica com as grandezas termodinâmica, pressão e temperatura
que foram estabelecidas de uma forma macroscópica na aula 4 (Descrição macroscópica de um
gás ideal) desta disciplina. Você vai estudar de que maneira um aumento de um determinado
gás é influenciado pelo movimento das suas moléculas com o aumento da velocidade.
Objetivos
Entender os conceitos de pressão e temperatura do
A
teoria cinética dos gases procura descrever o comportamento do estado de agregação
através de um modelo conceitual simples. Esse modelo constitui um dos mais
interessantes exemplos da relação entre o comportamento microscópico da matéria e
as propriedades que apresenta à escala macroscópica.
A teoria cinética foi originada dentro de conceitos puramente mecânicos. Daniel Bernoulli
(1700-1782), naquela época, já afirmava que a pressão de um gás era resultante da colisão das
moléculas que o compõem nas paredes do recipiente onde está contido. Entretanto, a teoria,
como compreendida hoje, tem a sua origem em 1859 quando James Clerck Maxwell introduz
o conceito de caos molecular, o qual descrevia a natureza aleatória do movimento molecular.
Antes de iniciar com esta aula, é importante que faça uma leitura da aula 7 – Teoria cinética
dos gases – da disciplina Física e Meio Ambiente, a qual trata de um modo superficial o mesmo
conteúdo aqui apresentado.
C
omo obter, então, o cálculo da pressão em termos das velocidades moleculares do
gás? Esse cálculo baseia-se na lei de conservação do momento linear de um sistema
de partículas de m, explorada nas aulas de mecânica. Pode-se dizer que uma partícula
colidindo como outra de mesma massa, ou ainda se chocando frontalmente ou obliquamente
com um obstáculo (parede de um recipiente), a soma das forças externas que agem sobre ela
é nula, ou seja, Fext = 0 , consequentemente, o momento linear total da partícula também
→
se conserva (P total = const).
Para isso, vamos imaginar que dentre N moléculas de um gás vamos, eleger o movimento
de uma delas, chamada de partícula, e descrever o seu movimento dentro de uma caixa cúbica
de aresta L, cujo volume é dado por (V=L3), como ilustrado na Figura 1. Vamos considerar
inicialmente o movimento da molécula em uma direção (x), de modo que a molécula desloca-se
com velocidade vx perpendicular à parede A1 e, consequentemente, com velocidade −vx ,
perpendicular à parede A2.
Se antes de colidir com a parede A1, a molécula tem um momento linear na direção x
dado por:
então, após a colisão com a parede A1, ela tem momento linear no sentido −x, dado por:
Assim, a variação de momento linear da partícula após a colisão com a parede vale
A1
A2 v
m
L
x
L
z L
Figura 1 - Representação esquemática de caixa cúbica de aresta L contendo uma molécula que se move
aleatoriamente.
A mesma molécula ao ser refletida vai até a parede A2 e retorna à parede A1. O intervalo
de tempo entre duas colisões sucessivas na parede A1 é dado pela expressão
comprimento 2L
Δt = = Eq. 6
velocidade vx
Portanto, nesse intervalo de tempo, a molécula transfere momento linear à parede através
de uma força F que é dada pela razão entre a variação do momento linear e o intervalo de
tempo, que podemos representar matematicamente através da expressão:
A expressão que relaciona a pressão sobre uma superfície e a força exercida sobre essa
superfície é a razão da força por unidade de área.
Assim, a pressão exercida pela molécula sobre a superfície da parede A1 é dada por
F mvx2
p= = Eq. 8
L2 L3
Como o gás é constituído de N moléculas, cada molécula exerce uma pressão denominada
de pi (o sub-índice i representa o contador das partículas), de modo que a pressão exercida por
todas as moléculas do gás será a soma das pressões feita por cada de uma das N moléculas,
ou seja,
N
p= pi = p 1 + p2 + . . . . . . . . . + p N Eq. 9
i=1
N
mv 2 xi
Assim sendo: p = L3 Eq. 10
i=1
N
m 2
p= vxi Eq. 11
L3
i=1
N
Nm 2
Assim sendo: p = vxi Eq. 12
N L3
i=1
O termo Nm expressa a massa total do gás. Quando dividimos esse termo por L3,
obtemos a densidade volumétrica do gás, como sendo a razão entre a massa e o volume
ocupado pelo gás, ou seja, a densidade do gás:
Nm
p= Eq. 13
L3
A expressão que define o valor médio de qualquer função é dada pela soma dos possíveis
valores dividido pelo número total de valores.
2
Assim, p = ρvx Eq. 16
Ou, então,
1
vx2 = v 2 Eq. 18
3
A raiz do termo <v 2> é denominada de velocidade quadrática média ou vqm, que
representa um valor eficaz da velocidade molecular. Logo,
3p
v 2 = , o que implica
ρ
3p
vqm = v 2 = Eq. 20
ρ
Nessa expressão, podemos verificar como uma propriedade microscópica do gás, que é
a velocidade molecular do gás, está associada a uma grandeza macroscópica, que é a pressão.
Isso significa que quanto maior for a velocidade quadrática média de um gás, maior será a
Pressão pressão exercida por ele.
Como já mencionado
Multiplicando a equação 19 pelo volume V do gás, podemos chegar à seguinte expressão:
na aula 4, a unidade de
1 1
medida de pressão no
pV = ρV v 2 = Mgas v 2 Eq. 21
sistema internacional, 3 3
SI, é o newton por
metro quadrado (N/m2). Sendo Mgas = Nm, onde N é o número de moléculas do gás e m a massa de uma molécula.
Essa unidade também é
1 2
Portanto, pV = N mv
chamada de Pascal, ou
Eq. 22
seja, 1 Pa=N/m2. 3
Essa equação representa a expressão molecular da Lei de Boyle.
Exemplo 1
Num intervalo de um segundo, 5 × 1023 moléculas de nitrogênio N2 de massa 4,68 × 10−26 kg
atingem uma parede com uma área de 800 cm2. Se as moléculas se deslocam com uma
velocidade de 300 m/s e atingem a parede frontalmente em colisões perfeitamente elásticas,
qual é a pressão sobre a parede?
Solução
A força que as moléculas farão sobre a parede é dada pela taxa de variação de momento
ΔP 2mvx
linear, F = N . Substituindo o resultado da equação 7, teremos: F = N , onde vx
Δt Δt
é a velocidade das moléculas na direção perpendicular à parede.
F 14 N
p= = = 1,75 × 102N/m2.
A 800 × 10−4 m2
Exemplo 2
Um balão de 30 cm de diâmetro está cheio de Hélio a uma temperatura de 20 oC e uma
pressão de 1,0 atm.
Solução
Para calcular o número de moles de hélio, usemos a expressão da equação do estado do
gás ideal, ou seja, pV = nRT, onde o número de moles pode ser expresso como:
3
pV 4 3 4 d 4 [30 × 10−2 ]3 3
n= , de modo que V = πr = π = × 3, 14 × m
RT 3 3 2 3 8
1, 01 × 105 × 0, 014
Logo, n = = 0, 6 moles .
8, 31 × 293
Sabemos então que 1 mol contém 6,02×1023 átomos, assim, 0,6 mol contém 3,6×1023
átomos.
Sendo a massa do átomo de hélio igual a 6,7×10−27 kg, a densidade do hélio nesse
volume é
23 −27
ρ = 3,6 × 10 × 6,7 × 10 = 1,7 × 10−1 kg/m3.
−2
1,4 × 10
Então,
3p 3 × 1, 01 × 105
vqm = = = 1, 5 × 103 m/s .
ρ 1, 7 × 10−1
Atividade 1
Determine a velocidade quadrática média das moléculas do ar atmosférico, com
densidade volumétrica, ρ = 1,3 kg/m3, submetido a uma pressão de 1 atm.
sua resposta
nRT 1
= ρv 2 Eq. 23
V 3
Ou ainda
1 ρV 2
RT = v Eq. 24
3 n
Sendo ρV=mgás a massa total do gás, a equação 23 pode ser escrita como
1 mgás 2
RT = v Eq. 25
3 n
A relação
mgás
=M
n
1
RT = M v 2
3
1 3
M v 2 = RT Eq. 26
2 2
1M 2 3 R
v = T Eq. 27
2 NA 2 NA
Essa equação relaciona a energia cinética média de translação de cada molécula com a
temperatura do gás.
Exemplo 3
a) Calcule a velocidade quadrática média, vqm, de um gás de átomo de hélio a 300 K.
Solução
a) Temos do exemplo 2 que a massa do hélio é mHe=6,7×10−27 kg.
Portanto,
3kB T 3 × 1, 38 × 10−23 J/K × 300K
vqm(He) = = = 1360 m/s .
mHe 6, 7 × 10−27 kg
2 3kB T
vqm(O2) =
mO2
ou
2
mO2 vqm(O2) (1360)2 × 26, 5 × 10−27
T = = = 1180 K
3k 3 × 1, 38 × 10−23
Atividade 2
Uma caixa cúbica de 0.1 cm de aresta contém 3×1023 moléculas de
1 O2 a 300 K.
S
uponha que você está num canto de uma sala e em outro canto começa escapar gás
(GLP) do botijão, o odor característico brevemente será detectado por você e na sala
toda. Essa é uma das mais importantes propriedades físicas de um gás, ou seja, a sua
habilidade em preencher uniformemente todo o espaço onde é confinado. Este é um exemplo da
difusão gasosa — a mistura do GLP com outro (o ar da sala), devido ao rápido e desordenado
movimento das moléculas dos gases.
e analisarmos essa equação para dois gases diferentes a uma mesma temperatura
3RT
vqm1 =
M1
E
3RT
vqm2 = ,
M2
obtemos a razão
vqm1 M2
= Eq. 30
vqm2 M1
Atividade 3
Suponha que dentro de uma caixa cúbica esteja colocada uma mistura de mesmo
número de moles dos seguintes gases: O2, N2 e He. Faz-se um pequeno furo na
caixa. Você poderia precisar, depois de um certo tempo, qual deles continha o
maior número de moles?
Resumo
Nesta aula, você estudou o comportamento do gás do ponto de vista
microscópico, relacionando-se grandezas microscópicas do gás, como, por
exemplo, a velocidade molecular de um gás com as grandezas termodinâmicas,
pressão e temperatura, que são grandezas medidas macroscopicamente. Foi
discutida também a lei de Graham, que estabelece a relação entre velocidade
molecular do gás e a massa molecular do gás, tal como descrito pelo modelo
cinético do gás ideal.
Autoavaliação
Temos dois recipientes à mesma temperatura contendo gases diferentes. O primeiro
Um gás ideal está contido num recipiente a 300 K. Se a temperatura for aumentada
6 para 900 K, por que fator muda cada uma das seguintes grandezas?
c) A pressão do gás
Referências
HEWITT, Paulo G. Física conceitual. Tradução de Maria Helena Ricci e Trieste Ricci. 9. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
MÁXIMO, Antonio; ALVARENGA, Beatriz. Curso de física. São Paulo: Scipinone, 2005. (Aluno, 2).
NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de física básica: fluidos, oscilações, ondas e calor. 4. ed.
São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2002. v 2.
SERWAY, R. A.; JEWETT JR, J. W. Princípios de física. São Paulo: Editora Thomson, 2004. v2.
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas: Sears & Zemansky. 10.
ed. São Paulo: Addison - Wesley, 2003.
Anotações
Anotações
EMENTA
AUTORES
AULAS
01 Energia interna
03 Expansão térmica
11 Termodinâmica estatística
13
1º Semestre de 2009
14
15