Matemática Discreta - Vol 3 - Com Grifos
Matemática Discreta - Vol 3 - Com Grifos
Matemática Discreta - Vol 3 - Com Grifos
2ª edição
Luiz Manoel Figueiredo
Mário Olivero da Silva
Marisa Ortegoza da Cunha
Matemática Discreta
.
Matemática Discreta
Volume 3 - Módulos 3 e 4 Luiz Manoel Figueiredo
2ª edição
Mário Olivero da Silva
Marisa Ortegoza da Cunha
Apoio:
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001
Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725
Presidente
Masako Oya Masuda
Vice-presidente
Mirian Crapez
Material Didático
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO Departamento de Produção
Luiz Manoel Figueiredo
Mário Olivero da Silva EDITORA PROGRAMAÇÃO VISUAL
Marisa Ortegoza da Cunha Tereza Queiroz Katy Araújo
COORDENAÇÃO EDITORIAL ILUSTRAÇÃO
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO Jane Castellani Eduardo Bordoni
INSTRUCIONAL
COPIDESQUE CAPA
Cristine Costa Barreto
Cristina Freixinho Eduardo Bordoni
REVISÃO TIPOGRÁFICA PRODUÇÃO GRÁFICA
Elaine Barbosa Patricia Seabra
Patrícia Paula
COORDENAÇÃO DE
PRODUÇÃO
Jorge Moura
Governador
Sérgio Cabral Filho
Universidades Consorciadas
UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO
NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO RIO DE JANEIRO
Reitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho Reitor: Aloísio Teixeira
SUMÁRIO Módulo 3
Aula 26 – Proposições e conectivos _____________________________________ 5
Aula 27 – Tabelas-verdade e leis da lógica _____________________________ 17
Aula 28 – Argumentos e provas _____________________________________ 31
Aula 29 – Estratégias básicas para demonstrações em Matemática ___________ 39
Aula 30 – Circuitos lógicos _________________________________________ 47
Módulo 4
Aula 31 – O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg___ 57
Aula 32 – Grafos eulerianos ________________________________________ 73
Aula 33 – Grafos hamiltonianos _____________________________________ 89
Aula 34 – Árvores _______________________________________________ 107
Aula 35 – Grafos planares e o Problema da Coloração de Grafos ____________ 117
Aula 36 – Grafos bipartidos _______________________________________ 131
Proposições
A lı́ngua portuguesa, assim como as outras lı́nguas, é formada por pala-
vras, sentenças, numa teia sutil e complexa. Expressar-se com clareza e
precisão não é tarefa fácil. De maneira geral, podemos classificar as sentenças
de uma lı́ngua da seguinte forma:
5 CEDERJ
Proposições e Conectivos
Sentenças Matemáticas
√
As duas sentenças matemáticas, “π > 3” e “sen π3 = 3
2
”, são verda-
deiras.
Exemplo 1
Leia as seguintes sentenças. Algumas são verdadeiras e outras são falsas:
1. A grama é verde.
3. Fulana é carioca.
CEDERJ 6
Proposições e Conectivos
MÓDULO 3 - AULA 26
pode ser verdadeira (caso o valor de x seja 8) ou pode ser falsa (caso x seja
diferente de 8).
Sócrates foi professor de
Platão. Mesmo sem deixar
nenhum texto, é uma das
Funções Proposicionais figuras mais conhecidas da
Filosofia. Suas idéias
chegaram até nós pelas obras
Expressões que contêm uma ou mais variáveis, são chamadas de funções
de seus discı́pulos. Autor de
proposicionais. Quando as variáveis são substituı́das por constantes, a pensamentos como: “só sei
que nada sei” e “conhece-te
expressão torna-se uma proposição (verdadeira ou falsa, conforme as
a ti mesmo”, marcou as
constantes atribuı́das). gerações futuras pela sua
modéstia e amor pelo
conhecimento.
Axiomas e teoremas
Homero foi o autor da
Odisséia, que narra o retorno
Distinguir o falso do verdadeiro é o objetivo fundamental na Matemática. de Ulisses (ou Odisseu) da
A lógica aqui tem um papel central. Dito de outro modo, usando as regras Guerra de Tróia. Argos é o
cão de Ulisses e é um modelo
da lógica, provamos quando uma determinada sentença é verdadeira ou falsa. de fidelidade pois é primeiro
Neste esquema, partimos de um conjunto inicial de sentenças básicas, que a reconhecê-lo após uma
ausência de 20 anos.
consideramos verdadeiras (as quais chamamos axiomas) e, usando as regras
definidas pela lógica (que são as regras do jogo), provamos a veracidade de
novas sentenças. Estas novas sentenças verdadeiras são chamadas teoremas
e podem também ser usadas na demonstração de novos teoremas. É desta
maneira que engendramos a teia que forma a Matemática.
Em lógica consideramos apenas as sentenças que podem ser qualificadas A palavra proposição
também é usada em
como falsas ou verdadeiras. Tais sentenças serão chamadas de proposições. Matemática, fora do
Usamos letras minúsculas, como p ou q, para representar proposições. contexto estrito da lógica,
como sinônimo de teorema.
Resumindo:
7 CEDERJ
Proposições e Conectivos
Exemplo 2
Apenas uma das sentenças abaixo é falsa. Qual é . . .
CEDERJ 8
Proposições e Conectivos
MÓDULO 3 - AULA 26
p∨q “lê-se p ou q”
Exemplo 3
√
A proposição composta “ 16 é igual a 4 ou 187 é um número primo” é
verdadeira.
Outro exemplo: podemos afirmar que a proposição:
1 1
π é um número irracional ou 3
> 2
Usamos a notação
∼p,
“lê-se não p”
para indicar a negação da proposição p. As proposições p e ∼ p têm
valores-verdade opostos.
9 CEDERJ
Proposições e Conectivos
Nota
Aristóteles (384 - 322 a.C.) A Fı́sica também usa esta palavra neste sentido, como em “Princı́pio
Os princı́pios de identidade,
da contradição e do terceiro da Indeterminação de Heisenberg”, proposto em 1927 por Werner Heisenberg
excluı́do, apesar de sua e faz parte da teoria quântica. Esta teoria é bastante complicada, mas ela
simplicidade, são
fundamentais. Aristóteles explica o comportamento dos átomos. O Princı́pio da Indeterminação diz que
formulou o Princı́pio da a posição e a velocidade das partı́culas atômicas não podem ser conhecidas
Contradição de, pelo menos,
duas maneiras: “Nada pode ao mesmo tempo e com precisão.
ser e não ser
simultaneamente” e “É
A palavra princı́pio também pode ser usada como sinônimo de teorema,
necessário que toda asserção como no Princı́pio da Inclusão-Exclusão, enunciado no módulo 1, aula 4.
seja afirmativa ou negativa”.
O Princı́pio do Terceiro
Neste caso, trata-se de uma afirmação que deve ser demonstrada.
Excluı́do foi derivado do
Princı́pio da Contradição
muito mais tarde, no século Quantificadores
XVIII. Eles se completam
para determinar que as
proposições simples são, ou Vamos aprender agora mais um pouco do jargão matemático. Falare-
verdadeiras, ou falsas. Por mos sobre quantificadores. Os quantificadores são expressões que aparecem,
esta razão, diz-se que a
lógica clássica é bivalente. em geral, no inı́cio das frases matemáticas, cuja função é indicar o universo
sobre o qual será feita a afirmação. Exemplos: “para todo”, “cada”, “existe
um”, “existe uma”, “não existe algum”, “não existe alguma”, “nenhum”,
Werner Karl Heisenberg
(1901 - 1976), fı́sico alemão,
“nenhuma”, “qualquer um”, “qualquer uma” ...
formulou a nova teoria da
Mecânica Quântica Exemplo 4
juntamente com Ernest
Jordan, Erwin Schrödinger, As seguintes proposições têm o mesmo significado:
Niels Bohr e Paul Dirac.
Esta teoria depende muito
de Matemática e valeu o
• Todo mundo é racional.
Prêmio Nobel de Fı́sica de
1932. • Todas as pessoas são racionais.
CEDERJ 10
Proposições e Conectivos
MÓDULO 3 - AULA 26
Exemplo 5
∀α ∈ R, sen2 α + cos2 α = 1.
Esta proposição é verdadeira.
Exemplo 6
• Alguma pessoa é bonita.
Exemplo 7
∃α ∈ R | sen α = 1.
Exemplo 8
A negação da proposição
p: Todo aluno é estudioso.
é
∼ p: Existe aluno não estudioso.
11 CEDERJ
Proposições e Conectivos
∀ x ∈ R, x2 = 2 e ∃ x ∈ R | x2 = 2
(Para todo x em R, x2 = 2) (Existe x em R, tal que x2 = 2)
são diferentes.
Resumindo:
CEDERJ 12
Proposições e Conectivos
MÓDULO 3 - AULA 26
Exercı́cios
1. Determine quais das frases abaixo são proposições:
13 CEDERJ
Proposições e Conectivos
• ∀ x ∈ Z, x2 ≤ 0
Solução: Qualquer que seja o número inteiro x, x2 ≤ 0.
Esta proposição é falsa.
• ∀ α ∈ R, tg 2 α = sec2 α − 1
√
• ∃x ∈ R| x =4
• ∃ x ∈ N | 2|x ∨ 3|x
A notação a|b é lida da
Solução: Existe um número natural x tal que 2 divide x ou 3 divide
seguinte maneira: a divide b,
isto é, b é um múltiplo de a. x. Solução alternativa: Existe um número natural x divisı́vel por
2 ou divisı́vel por 3.
√
• ∃ x ∈ R | sen x = 3
2
.
• ∀ x ∈ Q, ∃ p, q ∈ Z | x = pq .
• ∃ x ∈ Q | x2 = 9
25
.
• ∀ r ∈ R, r > 0, ∃ K ∈ N | n > K =⇒ 1
n
< r.
Resumo da Ópera
Nesta aula você aprendeu que:
p∧q (conjunção, p e q )
p∨q (disjunção, p ou q)
CEDERJ 14
Proposições e Conectivos
MÓDULO 3 - AULA 26
Auto-avaliação
É muito bom que você tenha chegado até aqui. Esta primeira aula
sobre lógica contém informações novas e é natural que você tenha dúvidas.
Lembre-se, só não tem dúvidas quem não estuda! Uma boa maneira de avaliar
o trabalho é medir relativamente os progressos e as dificuldades. Você pode
começar a sua avaliação da seguinte maneira:
Releia os objetivos desta aula. Foram alcançados? Comente-os.
Releia especialmente os exemplos e tente relacioná-los com os exercı́cios
propostos.
Na próxima aula você aprenderá mais sobre as regras da lógica e como
podemos estabelecer se uma proposição é verdadeira ou não, construindo as
tabelas-verdade.
Até lá!
15 CEDERJ
Tabelas-verdade e leis da lógica
MÓDULO 3 - AULA 27
Objetivos
• Nesta aula você aprenderá a construir as tabelas-verdade para pro-
posições compostas.
Tabelas-verdade
Na aula anterior você deve ter percebido a importância da familiari-
dade com a terminologia matemática. Dando continuidade a este processo,
descubra agora o que é e como é construı́da uma tabela-verdade.
O valor-verdade de cada proposição é sempre, ou verdadeiro (V), ou
falso (F). O valor-verdade de uma proposição composta é determinado pelos
valores-verdade de cada uma das proposições que a compõem. Na tabela-
verdade apresentamos todas as possibilidades. Por exemplo, considere a con-
junção das proposições p e q, que denotamos por p ∧ q. Lembre-se de que
p ∧ q é verdadeira apenas quando ambas proposições, p e q, são verdadeiras.
Há quatro possibilidades:
• p é verdadeira e q é verdadeira.
• p é verdadeira e q é falsa.
• p é falsa e q é verdadeira.
• p é falsa e q é falsa.
p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F
17 CEDERJ
Tabelas-verdade e leis da lógica
p q p∨q
p ∼p V V V
V F V F V
F V F V V
F F F
Exemplo 9
Vamos mostrar, usando uma tabela-verdade, que as proposições ∼ (p ∧ q) e
∼ p ∨ ∼ q são logicamente equivalentes. Aqui, veja como é fácil preencher as
tabelas, contanto que o trabalho seja feito por etapas. Antes de mais nada,
iniciamos construindo uma tabela que tenha cinco linhas: na primeira delas
alinharemos as diferentes etapas e nas outras quatro consideraremos todas
as possibilidades, já que contamos com duas proposições básicas, p e q.
p q p∧q ∼ (p ∧ q) ∼p ∼q ∼p∨∼q
V V
V F
F V
F F
CEDERJ 18
Tabelas-verdade e leis da lógica
MÓDULO 3 - AULA 27
p q p∧q ∼ (p ∧ q) ∼p ∼q ∼p∨∼q
V V V F F
V F F F V
F V F V F
F F F V V
p q p∧q ∼ (p ∧ q) ∼p ∼q ∼p∨∼q
V V V F F F F
V F F V F V V
F V F V V F V
F F F V V V V
p ∧ (q ∨ r).
Lembre-se do Princı́pio
Fundamental de Contagem
A proposição p ∧ (q ∨ r) é composta por três proposições: p, q e r. Sua apresentado no módulo 1,
tabela terá, além da primeira linha, mais 8 = 23 linhas. Preencha primeiro a aula 6. Quantas linhas
seriam necessárias para 4
quarta coluna, usando as colunas dois e três. Depois, usando a primeira e a proposições conectadas?
quarta, preencha a última coluna. Por exemplo, na terceira linha em branco, Quantas para n proposições
conectadas?
q é falso e r é verdadeiro. Portanto, o valor-verdade de q∨r é verdadeiro e
marcamos um V na quarta coluna. Agora, na primeira coluna vemos que
p é verdadeiro e, na quarta coluna, q ∨ r verdadeiro. Portanto, p∧(q ∨ r) é
verdadeiro, e marcamos outro V na última coluna.
19 CEDERJ
Tabelas-verdade e leis da lógica
p q r q∨r p ∧ (q ∨ r)
V V V
V V F
Lembre-se das V F V V V
tabelas-verdade das
proposições p ∨ q e p ∧ q:
V F F
p q p∨q
F V V
V V V F V F
V F V
F V V
F F V
F F F F F F
p q p∧q
V V V
V F F
F V F
Leis da Lógica
F F F
Usaremos, agora, o conceito de equivalência lógica para expres-
sar algumas das leis da lógica. Elas são usadas para reescrevermos al-
gumas proposições de maneiras diferentes, porém equivalentes, do ponto de
vista lógico.
Expressando as Leis da
A mais simples é a lei de idempotência.
Lógica...
p∧p ≡p p ∨ p ≡ p.
p ∧ q ≡ q ∧ p; p ∨ q ≡ q ∨ p.
(p ∧ q) ∧ r ≡ p ∧ (q ∧ r); (p ∨ q) ∨ r ≡ p ∨ (q ∨ r).
CEDERJ 20
Tabelas-verdade e leis da lógica
MÓDULO 3 - AULA 27
Exemplo 10
Consideremos as seguintes proposições:
p: 2 é um número inteiro;
q: 2 é maior do que 3;
r: 2 é um número primo.
Conectando-as podemos montar as seguintes proposições:
a: 2 é um número inteiro, ou 2 é maior do que 3 e primo.
b: 2 é um número inteiro ou maior do que 3, e 2 é um número inteiro ou
primo.
p ∨ (q ∧ r) ≡ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) e
p ∧ (q ∨ r) ≡ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r).
21 CEDERJ
Tabelas-verdade e leis da lógica
Na última aula você aprendeu que a palavra “princı́pio” pode ser usada
como sinônimo de axioma ou de teorema. A mesma coisa acontece com a
palavra “lei”.
Nesta aula a palavra “lei” está sendo usada como sinônimo de teorema.
Isto é, ela está sendo usada para indicar quando determinadas proposições
são logicamente equivalentes e, para que estas leis possam “valer”, devemos
constatar a equivalência usando tabelas-verdade.
∼ (p ∨ q) ≡ ∼ p ∧ ∼ q; ∼ (p ∧ q) ≡ ∼ p ∨ ∼ q.
p q p∨q ∼ (p ∨ q) ∼p ∼q ∼p∧∼q
V V V F F F F
V F V F F V F
F V V F V F F
F F F V V V V
(A ∪ B)c = Ac ∩ B c ,
(A ∩ B)c = Ac ∪ B c .
CEDERJ 22
Tabelas-verdade e leis da lógica
MÓDULO 3 - AULA 27
Exemplo 11
As leis de De Morgan são usadas para reescrevermos as negações de pro-
posições. Considere a seguinte proposição:
“Todo número par é divisı́vel por 2 e existe um número inteiro n tal que
2n = 3”.
Sua negação é:
“Existe um número par que não é divisı́vel por 2 ou todo número inteiro
n é tal que 2n
= 3”.
p ∨ (p ∧ q) ≡ p; p ∧ (p ∨ q) ≡ p.
p q p∧q p ∨ (p ∧ q)
V V V V
V F F V
F V F F
F F F F
23 CEDERJ
Tabelas-verdade e leis da lógica
Quadro-Resumo
Para finalizarmos esta parte, vamos montar um quadro com o resumo
das principais leis da lógica.
Leis de Distributividade
p ∨ (q ∧ r) ≡ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) p ∧ (q ∨ r) ≡ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
Leis de De Morgan
∼ (p ∨ q) ≡ ∼ p ∧ ∼ q ∼ (p ∧ q) ≡ ∼ p ∨ ∼ q
Leis de Absorção
p ∨ (p ∧ q) ≡ p p ∧ (p ∨ q) ≡ p
Exercı́cios
1. Construa a tabela-verdade para cada uma das seguintes proposições
compostas:
(a) p ∨ ∼ q (e) ( p ∨ ∼ q) ∧ ∼ p
(b) (∼ p) ∨ (∼ q) (f) p ∧ (q ∨ ∼ q)
(c) ∼ p ∧ ∼ q (g) ( p ∧ ∼ q) ∨ r
(d) ∼ (∼ p ∧ q) (h) (∼ p ∨ q) ∧ ∼ r
CEDERJ 24
Tabelas-verdade e leis da lógica
MÓDULO 3 - AULA 27
Se p, então q
p =⇒ q
p q ∼p ∼p∨q p =⇒ q
V V F V V
V F F F F
F V V V V
F F V V V
25 CEDERJ
Tabelas-verdade e leis da lógica
Exemplo 12
Vamos considerar o seguinte:
Se eu ganhar na loteria, então nós viajaremos para Fortaleza.
Lembre-se da tabela-verdade
da proposição p ⇒ q: A primeira possibilidade corresponde à situação (ideal) p e q verdadei-
p q p⇒q ras. Eu ganho na loteria, viajamos para Fortaleza, a promessa é cumprida e
V V V p =⇒ q é verdadeira.
V F F
F V V No caso de ganhar na loteria, e não viajarmos para Fortaleza, a pro-
F F V messa estará quebrada. Isto corresponde ao caso p verdadeira e q falsa.
Portanto, p =⇒ q é falsa.
Agora, apesar de eu não ter ganho na loteria, viajamos para Fortaleza.
Ótimo! A afirmação p =⇒ q não pode ser contestada. Isto corresponde ao
caso p falsa, q verdadeira e p =⇒ q verdadeira.
A última possibilidade – nada de loteria, nada de viagem a Fortaleza,
nada de promessa quebrada – corresponde ao caso p e q falsas e p =⇒ q
verdadeira.
• Se p, então q.
• p implica q.
CEDERJ 26
Tabelas-verdade e leis da lógica
MÓDULO 3 - AULA 27
q =⇒ p
chamada de conversão de p =⇒ q.
p q p⇒q q⇒p
V V V V
V F F V
F V V F
F F V V
Vamos a um exemplo.
Exemplo 13
Tomemos a proposição do tipo p =⇒ q:
Se Linda é brasileira, então ela gosta de samba.
A conversão desta proposição é outra proposição:
Se Linda gosta de samba, então ela é brasileira.
Considere as diferentes possibilidades. Especialmente a situação em
que Linda, caindo numa roda de samba, fazendo inveja às melhores passistas
do lugar, acaba confessando ser uma americana de Miami. Isto é, p é falsa
mas q é verdadeira. A proposição “Se Linda é brasileira, então ela gosta
de samba” é verdadeira (pois não é falsa, coisa de lógica aristotélica), mas
a sua conversão “Se Linda gosta de samba, então ela é brasileira” é falsa
pois, exatamente como no caso acima, gostar de samba não é coisa apenas
de brasileiros ou brasileiras.
27 CEDERJ
Tabelas-verdade e leis da lógica
p q ∼q ∼p ∼ q ⇒∼ p p⇒q
V V F F V V
V F V F F F
F V F V V V
F F V V V V
p ⇐⇒ q
CEDERJ 28
Tabelas-verdade e leis da lógica
MÓDULO 3 - AULA 27
Tautologias
Uma tautologia é uma proposição composta que é verdadeira qualquer
que seja o valor-verdade das proposições que a compõem. Para averiguarmos
se uma proposição composta é uma tautologia, é necessário fazer sua tabela-
verdade. Um exemplo bem simples é a proposição
p∨ ∼p
Sua tabela-verdade é
p ∼ p p∨∼p
V F V
F V V
p q p∧q p∧q ⇒p
V V V V
V F F V
F V F V
F F F V
Exercı́cios
1. Construa as respectivas tabelas-verdade para constatar que as seguintes
proposições são tautologias:
(a) ∼ (p ∧ ∼ p) (c) p ⇒ (p ∧ q)
(b) ((p ⇒ q) ∧ p) ⇒ q (d) ∼ (p ∨ q) ⇔ ∼ p ∧ ∼ q
Auto-avaliação
Esta aula contém bastante informação e para que você possa familiarizar-
se com estas novidades é muito importante que você resolva os exercı́cios. Ao
fazê-lo, anote os que achou mais difı́ceis. Escolha também aqueles de que você
gostou mais.
Bom trabalho!
29 CEDERJ
Argumentos e Provas
MÓDULO 3 - AULA 28
Objetivo
• Nessa aula você aprenderá as estratégias básicas de argumentação e
demonstração.
Definindo Argumentação
Uma argumentação constitui-se de uma coleção de proposições (premis-
sas) e uma proposição final (conclusão). Do ponto de vista da lógica, para
que uma argumentação seja válida, é necessário que a conclusão seja uma
conseqüência das premissas. Isto é, no caso de as premissas serem verdadei-
ras, sabemos que a conclusão é verdadeira. Este exemplo tem uma
Premissas: Todo homem é mortal. importância histórica e
aparece em quase todo texto
Sócrates é homem. sobre lógica. Ele é um
silogismo, que se constitui de
Conclusão: Sócrates é mortal. duas premissas e uma
conclusão, foi formulado por
Aristóteles, em seu tratado
Consideremos também um exemplo mais prosaico: Primeiros Analı́ticos, sobre
Premissas: Todos os brasileiros gostam de feijoada. lógica.
31 CEDERJ
Argumentos e Provas
p1 ∧ p2 ∧ · · · ∧ pn ⇒ c
será verdadeira
Um argumento é inválido se a conclusão não é conseqüência das pre-
missas. Isto é, mesmo no caso em que as premissas sejam verdadeiras,
a conclusão pode ser falsa. Um argumento inválido também é chamado
de falácia.
Exemplo 14
Vamos considerar o seguinte argumento:
Premissas:
p1 : Se você estudar, você passará no teste.
p2 : Você estuda.
Conclusão:
c: Você passará no teste.
((p ⇒ q) ∧ p) ⇒ q
será verdadeira.
Vamos usar uma tabela-verdade.
CEDERJ 32
Argumentos e Provas
MÓDULO 3 - AULA 28
p q p⇒q (p ⇒ q) ∧ p ((p ⇒ q) ∧ p) ⇒ q
Esta tabela apresenta uma
V V V V V situação interessante. Note
V F F F V que, independente de qual
seja o valor-verdade das
F V V F V proposições p e q, a
F F V F V proposição ((p ⇒ q) ∧ p) ⇒ q
será verdadeira. Ela é um
exemplo de uma tautologia.
A primeira linha da tabela mostra que, quando p1 = (p ⇒ q) e p2 = p
são ambas verdadeiras, temos que a conclusão c = q é verdadeira. Isto
significa que os argumentos da forma
Premissas: p⇒q
p
Conclusão: q
são válidos.
O argumento que acabamos de exemplificar é chamado de método direto
ou modus ponens.
Exemplo 15
Este exemplo ilustrará um outro tipo de argumento muito usado.
Premissas:
p1 : Se não chover, Mateus irá ao parque.
p2 : Se Mateus for ao parque, ele brincará com seus amigos.
Conclusão:
c: Se não chover, Mateus brincará com seus amigos.
Premissas: p⇒q
q⇒r
Conclusão: p⇒r
33 CEDERJ
Argumentos e Provas
Premissas: p⇒q
q⇒r
Conclusão: p⇒r
são válidos.
Exemplo 16
Vamos agora considerar a seguinte situação:
Premissas:
p1 : Se eu ganhar o prêmio de fim de ano da companhia, nós passaremos
um fim de semana em Búzios.
p2 : Passamos um (ótimo) fim de semana em Búzios.
Conclusão:
c: Ganhei o (cobiçado) prêmio da companhia.
Este argumento é formado por apenas duas proposições simples:
p: “Eu ganho o prêmio da companhia”
e
q: “Nós passamos um fim de semana em Búzios”.
A estrutura deste argumento é
CEDERJ 34
Argumentos e Provas
MÓDULO 3 - AULA 28
Premissas: p⇒q
q
Conclusão: p
Você já deve estar desconfiado de alguma coisa errada nesta história...
Realmente, este argumento não é válido!
Vejamos a tabela-verdade de ((p ⇒ q) ∧ q) ⇒ p.
p q p⇒q (p ⇒ q) ∧ q ((p ⇒ q) ∧ q) ⇒ p
V V V V V
V F F F V
F V V V F
F F V F V
Premissas: p⇒q
p
Conclusão: q
Premissas: p⇒q
q⇒r
Conclusão: p⇒r
35 CEDERJ
Argumentos e Provas
Exercı́cios
Em cada um dos argumentos abaixo, destaque as proposições simples
que compõem as premissas e as conclusôes. Construa uma tabela-verdade
com base nas proposições simples e nas premissas, concluindo com a coluna
(p1 ∧ p2 ∧ · · · ∧ pn ) ⇒ c. Determine, então, a validade ou não do argumento.
Os três primeiros exercı́cios da lista estão com a solução. Dê a sua própria
solução e então compare com a solução dada. Vá em frente!
CEDERJ 36
Argumentos e Provas
MÓDULO 3 - AULA 28
Premissas:
p1 = p ⇒ q: Se uma pessoa é inteligente, então esta pessoa gosta
de Matemática.
p2 =∼ q ∧ r: Uma pessoa não gosta de Matemática e esta pessoa
é Romeu.
Conclusão:
p3 =∼ p ∧ r: Uma pessoa não é inteligente e esta pessoa é Romeu.
Para analisarmos a validade do argumento temos que saber se, sempre
que as premissas forem verdadeiras, a conclusão será verdadeira ou,
equivalentemente, se a implicação (p1 ∧ p2 ) ⇒ p3 é verdadeira. Ou seja,
vamos fazer a tabela-verdade da proposição ((p ⇒ q) ∧ (∼ q ∧ r)) ⇒ (∼
p ∧ r). Vamos chamar de p1 a proposição p ⇒ q e de p2 a proposiçao
∼ q ∧ r.
p q r p⇒q ∼q∧r p1 ∧ p2 ∼p∧r (p1 ∧ p2 ) ⇒ p3
V V V V F F F V
V V F V F F F V
V F V F V F F V
V F F F F F F V
F V V V F F V V
F V F V F F F V
F F V V V V V V
F F F V F F F V
A linha sete é a única onde as premissas, p1 = p ⇒ q e p2 =∼ q ∧ r, são
ambas verdadeiras. A conclusão p3 , bem como a proposição (p1 ∧p2 ) ⇒
p3 , são verdadeiras. Isto quer dizer que o argumento é válido.
3. Se Alfredo comer lagosta, ele ficará feliz. Alfredo come lagosta. Pode-
mos concluir que ele está feliz.
7. Se fizer bom tempo, dará praia. Se eu levar minha bola de vôlei, Ma-
riana ficará super feliz. Deu praia, mas Mariana não ficou super feliz.
Podemos concluir que, eu, cabeça de bagre, esqueci minha bola de vôlei.
8. Se Maria vier, Joana virá. Se Carla não vier, Joana não virá. Podemos
concluir que, se Maria vier, Carla virá.
9. Se Luiz souber poupar seu dinheiro, ele ficará rico. Se Luiz ficar rico,
ele comprará um carro novo. Luiz comprou um carro novo. Podemos,
então, concluir que ele soube poupar seu dinheiro.
Auto-avaliação
Você deve ter notado que esta aula foi diferente da aula anterior. Ela
contém menos informações, mas estas requerem um tipo diferente de atenção.
É necessário um tempo maior de reflexão. Leia os exemplos vagarosamente.
Dedique atenção aos exercı́cios propostos.
Aproveite!
CEDERJ 38
Estratégias básicas para demonstrações em Matemática
MÓDULO 3 - AULA 29
Objetivo
• Esta será uma aula prática. Nela você poderá verificar, pelo menos em
algumas situações simples, como o matemático faz uso da lógica.
39 CEDERJ
Estratégias básicas para demonstrações em Matemática
Teorema 2
Se n é ı́mpar, então n2 é da forma 8m + 1, para algum inteiro m.
Note que, por mais convincentes que estas “evidências” possam ser,
elas não são suficientes para “provar” o teorema.
Tente você, usando o método direto, provar o teorema 2.
Teorema 4
Se x + 2y
= 0 ou x + 3y
= 0, então x2 + y 2
= 0.
CEDERJ 40
Estratégias básicas para demonstrações em Matemática
MÓDULO 3 - AULA 29
Teorema 5
Se r ∈ R é um número real tal que r 2 = 2, então r não é racional.
41 CEDERJ
Estratégias básicas para demonstrações em Matemática
A = { p1 , p2 , p3 , . . . , pn }.
CEDERJ 42
Estratégias básicas para demonstrações em Matemática
MÓDULO 3 - AULA 29
p = p1 × p 2 × p 3 × · · · × p n + 1
(p1 × p2 × p3 × · · · × pn + 1) − (p1 × p2 × p3 × · · · × pn ) = 1
A = { 2, 3, 5 },
A = { 3, 5, 7 },
o valor de p seria 3×5×7+1 = 106, que não é primo. No entanto, 106 = 2×53
e, ambos fatores, 2 e 53 servem para fazer o papel de q.
43 CEDERJ
Estratégias básicas para demonstrações em Matemática
• B = ∅.
Esta demonstração é uma Pelo Princı́pio da Boa Ordem, existe um número k0 tal que p(k0 ) é
pérola da Matemática. Estas
idéias podem ser melhor falsa e k0 é o menor elemento de B com esta propriedade. De PIF-1, 1 ∈ /B
expressas usando o Teorema
e, portanto, k0 ≥ 2. Daı́, subtraindo 1 de ambos os lados da desigualdade,
da Fatoração Única para
inteiros ou Teorema temos k0 − 1 ≥ 1. Como k0 − 1 < k0 e k0 é o menor elemento de B, podemos
Fundamental da Aritmética.
concluir que k0 − 1 ∈ / B e, portanto, p(k0 − 1) é verdadeira. Agora, PIF-2
Ele afirma que todo número
inteiro, maior do que 1, pode verdadeira nos diz que, como p(k0 − 1) é verdadeira, então p(k0 ) também é
ser representado de maneira
única como um produto de
verdadeira. Contradição! Isto quer dizer que k0 ∈
/ B!
fatores primos (a menos de Vamos agora usar o método da indução finita para demonstrar o se-
mudança na ordem, como
6 = 2 × 3 = 3 × 2). Uma guinte:
demonstração do Teorema
Fundamental da Álgebra Teorema 7
pode ser encontrada no livro
Para todo inteiro n ≥ 1,
de José Plı́nio [3]. Este
assunto será abordado,
propriamente, ao longo da
n
n(n + 1)
sua graduação. Isto não
j = 1 + 2 + 3 + · · · + (n − 2) + (n − 1) + n = .
j=1
2
impede que você queira dar
uma espiadinha no que vem
por aı́. . . Note que este teorema é um caso particular do cálculo da soma dos
termos de uma progressão aritmética. Por exemplo, se n = 3, então 1+2+3 =
3×4
2
= 6, o que é verdadeiro.
Para demonstrar teoremas deste tipo, o método de indução finita é a
ferramenta adequada.
CEDERJ 44
Estratégias básicas para demonstrações em Matemática
MÓDULO 3 - AULA 29
k(k + 1)
1 + 2 + · · · + k + (k + 1) = [1 + 2 + · · · + k] + (k + 1) = + (k + 1).
2
Agora,
45 CEDERJ
Estratégias básicas para demonstrações em Matemática
(a) 1 + 2 + 4 + · · · + 2n = 2n+1 − 1.
Solução: (PIF-1.) Se n = 1, a afirmação é verdadeira: 1 + 21 =
22 − 1.
(PIF-2.) Devemos supor que a igualdade 1+2+4+· · ·+2n = 2n+1 −
1 seja verdadeira e provar que 1+2+4+· · ·+2n +2n+1 = 2n+2 −1.
Realmente,
1 + 2 + 4 + · · · + 2n+1 = (1 + 2 + 4 + · · · + 2n ) + 2n+1
= (2n+1 − 1) + 2n+1
= 2n+1 + 2n+1 − 1
= 2 × 2n+1 − 1
= 2n+2 − 1.
(b) 1 + 2 × 2! + 3 × 3! + · · · + n × n! = (n + 1)!1.
(c) 1
1×2
+ 1
2×3
+ 1
3×4
+···+ 1
n×(n+1)
= n
n+1
.
n(n + 1)(2n + 1)
6
é um número inteiro.
Novamente podemos dizer que esta aula foi diferente das anteriores.
Você gostou? Matemática deve ser uma fonte de satisfação. Você poderá
rever esta aula de quando em quando, à medida que for avançando no curso.
CEDERJ 46
Circuitos Lógicos
MÓDULO 3 - AULA 30
Objetivo
• Na aula anterior vimos como a lógica é usada na Matemática. Nesta
aula veremos como ela desempenha um papel importante em outra área
de atividade.
p ~p
47 CEDERJ
Circuitos Lógicos
2. Porta “E”
p
p ^q
q
3. Porta “OU”
p ^
p q
q
Exemplo 17
Vamos construir o circuito lógico correspondente à função proposicional (p ∨
q)∧ ∼ r.
p ^
p q
q
r ~r
^
p (p q) ^~r
q
CEDERJ 48
Circuitos Lógicos
MÓDULO 3 - AULA 30
p q r p∨q ∼r (p ∨ q)∧ ∼ r
V V V V F F
V V F V V V
V F V V F F
V F F V V V
F V V V F F
F V F V V V
F F V F F F
F F F F V F
A tabela indica que a saı́da estará ligada, isto é, teremos um sinal de
alta voltagem, quando a entrada r estiver desligada e pelo menos uma das
fontes p ou q estiver ligada.
É muito usado construir uma tabela usando apenas os dı́gitos 0 e 1 no
lugar das letras F e V. A vantagem disto é que podemos “operar” com os
números, usando a seguinte regra: ∨ (ou) funciona como soma enquanto que
∧ (e) funciona como produto. Temos apenas que considerar uma pequena
‘excentricidade’. Como estamos operando apenas com os dı́gitos 0 e 1, a
‘soma ’ de 1 com 1 resulta 1 (1 ∨ 1 = 1).
p q p∨q p q p∧q
1 1 1 1 1 1
1 0 1 1 0 0
0 1 1 0 1 0
0 0 0 0 0 0
p ∼p
1 0
0 1
49 CEDERJ
Circuitos Lógicos
Exemplo 18
A tabela do circuito lógico equivalente à função proposicional (p ∨ q)∧ ∼ r
pode ser escrita usando o sistema binário:
p q r p∨q ∼r (p ∨ q) ∧ ∼ r
1 1 1 1 0 0
1 1 0 1 1 1
1 0 1 1 0 0
1 0 0 1 1 1
0 1 1 1 0 0
0 1 0 1 1 1
0 0 1 0 0 0
0 0 0 0 1 0
A saı́da emitirá sinal de alta voltagem (ligada) nos casos onde o número
1 aparece. Isto ocorrerá em três situações: sempre que a entrada r estiver
ligada aparecerá o dı́gito 0 na coluna r e, pelo menos, uma das entradas p
ou q estiver ligada.
Situações Práticas
Exemplo 19
Queremos instalar uma campainha num carro (saı́da) que soará caso o mo-
torista desligue a chave de ignição (entrada) com os faróis acesos (entrada).
Vamos construir a tabela-verdade associada a esta situação. Note que a cam-
painha deve soar apenas quando os faróis estiverem acesos e a ignição estiver
desligada.
CEDERJ 50
Circuitos Lógicos
MÓDULO 3 - AULA 30
i f ∼i ∼i∧f
1 1 0 0
1 0 0 0
0 1 1 1
0 0 1 0
i ~ i^ f
f
Exemplo 20
Mostre que o circuito de um sistema de alarme contra incêndio com dois sen-
sores de fumaça (entradas) e uma campainha (saı́da) corresponde ao circuito
da porta “OU”.
Exemplo 21
Vamos desenhar o circuito correspondente à função proposicional (∼ p ∧ q) ∨
(p∧ ∼ q).
Numa primeira etapa desenhamos os trechos correspondentes a ∼ p ∧ q
e p∧ ∼ q.
p ~p
~ p^ q
q
p^ ~ q
~q
51 CEDERJ
Circuitos Lógicos
p
q
^
(~ p ^ q) (p ^ ~ q)
p q ∼p ∼q ∼p∧q p∧∼q (∼ p ∧ q) ∨ ( p ∧ ∼ q)
1 1 0 0 0 0 0
1 0 0 1 0 1 1
0 1 1 0 1 0 1
0 0 1 1 0 0 0
Concluı́mos que este circuito produzirá sinal ligado, quando uma e so-
mente uma das duas entradas p e q estiver ligada. Este circuito pode ser
substituı́do por uma única porta, chamada de “OU Exclusivo”, que é repre-
sentada da seguinte maneira:
Exemplo 22
O dono de uma casa quer instalar um sistema de alarme que deverá ser
acionado (uma campainha C soará), caso qualquer uma de duas janelas, J1
ou J2 , seja forçada, e caso a energia elétrica E esteja ligada.
J1
C
E
J2
CEDERJ 52
Circuitos Lógicos
MÓDULO 3 - AULA 30
(E ∧ J1 ) ∨ (E ∧ J2 )
E J1 J2 E ∧ J1 E ∧ J2 (E ∧ J1 ) ∨ (E ∧ J2 )
1 1 1 1 1 1
1 1 0 1 0 1
1 0 1 0 1 1
1 0 0 0 0 0
0 1 1 0 0 0
0 1 0 0 0 0
0 0 1 0 0 0
0 0 0 0 0 0
(E ∧ J1 ) ∨ (E ∧ J2 )
p ∧ (q ∨ r) ≡ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r).
E ∧ (J1 ∨ J2 )
J1 C
J2
E
53 CEDERJ
Circuitos Lógicos
E J1 J2 J1 ∨ J2 E ∧ (J1 ∨ J2 )
1 1 1 1 1
1 1 0 1 1
1 0 1 1 1
1 0 0 0 0
0 1 1 1 0
0 1 0 1 0
0 0 1 1 0
0 0 0 0 0
As duas tabelas-verdade mostram que os sistemas são equivalentes,
sendo que o segundo sistema utiliza uma porta a menos. Neste sentido ele é
“melhor” que o primeiro.
Exercı́cios
1. Desenhe o circuito lógico correspondente à proposição
(p ∧ q) ∨ (p ∧ r) ∨ (q ∧ (∼ r)).
2. Desenhe um circuito lógico com apenas quatro portas e que seja equi-
valente ao circuito lógico abaixo. Para isto, escreva a proposição cor-
respondente e use as leis da lógica para simplificá-la.
CEDERJ 54
Circuitos Lógicos
MÓDULO 3 - AULA 30
Auto-avaliação
Parabéns! Você chegou ao fim do módulo. Nesta última aula você
viu que podemos usar idéias matemáticas para diversos fins. Em particular,
deve ter notado que em vez das letras V e F, é possı́vel preencher as tabelas-
verdade com os números 1 e 0, respectivamente. A vantagem disto é que
podemos usar a álgebra descrita logo após o exemplo 17.
55 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
MÓDULO 4 - AULA 31
Objetivos
• Nesta aula você será levado a conhecer e analisar o Problema das Sete
Pontes de Königsberg, que foi resolvido por Euler marcando o inı́cio da
Teoria de Grafos.
57 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
Todos acreditavam, devido às muitas tentativas, não ser possı́vel fazer
isso. Contudo, a questão não parecia estar resolvida. Talvez houvesse um
percurso passado despercebido de todos. O que você acha?
CEDERJ 58
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
MÓDULO 4 - AULA 31
a b
59 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
C
A
B
E F
D
A A
B
C E
C
D B D
Mapas 2 e 3
A B A B
F C F
E C
E D D
Mapas 4 e 5
CEDERJ 60
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
MÓDULO 4 - AULA 31
C
A
B
F
D E
A A B
C E
C
A Teoria dos Grafos ficou
D B D conhecida originalmente por
Teoria das Ligações. O
termo grafo só passou a ser
usado no fim do século XIX
após a publicação dos
O Problema de Coloração de Mapas nesses exemplos, passa a ser o trabalhos do quı́mico
Friedrich August Kekule von
de atribuir a cada ponto uma cor, de forma que, quando dois pontos estão Stradonitz (1829 - 1896).
ligados por um arco, eles têm cores distintas. Além disso, queremos realizar Ele usava a denominação
graphical molecular
esta tarefa usando o menor número de cores. representation para os
diagramas com que
Tente desenhar diagramas correspondentes aos dois outros mapas res- representava as moléculas
tantes. Novamente, a resposta se encontra no fim da aula. atômicas. Kekule havia
estudado Arquitetura antes
Muito bem, avançamos um bocado até agora. Os diagramas que dese- de se dedicar à Quı́mica e
isto pode ter sido essencial
nhamos representam objetos matemáticos que chamamos de grafos. para suas contribuições.
A Teoria dos Grafos tem sido usada nas mais diversas atividades huma- Particularmente famosa é a
história da descoberta da
nas. Em ciência de computadores, nas redes de telefonia, de comunicações, estrutura do benzeno. Ele
em engenharia de trânsito, só para citar algumas. É um tópico que desperta o teria sonhado com uma
cobra que engolia a sua
interesse dos pesquisadores devido à dificuldade de seus problemas, que mui- própria cauda e isto teria
sugerido a idéia da forma em
tas vêzes têm enunciados simples, e também por causa de suas aplicações.
anel da tal estrutura.
61 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
Vértices e Arestas
Nesta seção apresentaremos o conceito de grafo assim como outros con-
ceitos necessários para desenvolver a teoria. Outra importante função desta
seção é a de estabelecer a nomenclatura e as notações.
Um grafo é um par de conjuntos disjuntos G = (V, A) onde A é um
subconjunto das partes de V tal que cada um de seus elementos é um conjunto
com exatamente dois elementos.
Denotamos V = V (G) e chamamos seus elementos v ∈ V (G) de vértices
de G. Os elementos de A = A(G) são da forma {v1 , v2 }, com v1 e v2 elementos
de V (G), e são chamados de arestas. Por praticidade denotamos a aresta
{v1 , v2 } por v1 v2 ou por v2 v1 uma vez que a ordem não é importante.
Geralmente, pensamos num grafo G como uma coleção de vértices,
alguns dos quais ligados por arestas.
Além disso nós representamos os grafos por diagramas, desenhando
uma bolinha para cada vértice e indicando as arestas por linhas que ligam
os vértices, como nós estávamos fazendo nos exemplos iniciais.
Exemplo 23
Seja G = (V, A) o grafo definido pelos conjuntos V (G) = {v1 , v2 , v3 , v4 } e
A(G) = {v1 v2 , v3 v2 , v3 v1 , v4 v3 }.
Uma representação gráfica de G é a seguinte:
v1 v2
v3 v4
Exemplo 24
Dada uma representação gráfica podemos obter os conjuntos que definem o
grafo G. Por exemplo, o diagrama
v2
v1 v3
v4 v5
Exemplo 25
O grafo G com vértices V (G) = {A, B, C, D, a, b, c, d, e, f, g} e arestas A(G) =
{Ac, Ad, Aa, Ab, Cc, Cd, Cg, Ba, Bb, Bf, f D, eD, gD} pode ser representado
da seguinte maneira:
C
g
c d
e
A D
a b
f
B
Exemplo 26
Os dois diagramas a seguir representam o mesmo grafo G com ordem 5.
v1 v2 v2
v3 v1 v5
v3
v5
v4 v4
63 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
1 2 3 4 5
K K K K K
Exemplo 27
Dado um conjunto de três elementos V = {v1 , v2 , v3 }, quantos grafos simples
poderı́amos construir tais que V (G) = V ? Na figura a seguir, representamos
todos os grafos simples com três vértices.
v3 v3 v3 v3
r r r r
r r r r r r r r
v1 v2 v1 v2 v1 v2 v1 v2
v3 v3 v3 v3
r r r r
r r r r r r r r
v1 v2 v1 v2 v1 v2 v1 v2
Isomorfismos
Vamos agora estabelecer uma noção que você encontrará em outros
contextos matemáticos. É a noção de isomorfismo. A idéia é bem simples e
o próprio nome a explica. O radical iso provém do grego e significa igual. O
elemento de composição grego morfo significa forma. Lembre-se, por exem-
plo, de metamorfose. Portanto, quando dois objetos têm a mesma forma nós
os chamamos de isomorfos.
CEDERJ 64
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
MÓDULO 4 - AULA 31
Mais especificamente, diremos que dois grafos G e G são isomorfos se Para saber mais...
O radical iso é usado por
houver uma correspondência biunı́voca entre os conjuntos dos seus vértices matemáticos e
não-matemáticos. Basta dar
que preserva suas adjacências. Isto é, se dois vértices de G são adjacentes,
uma olhada em algum
então os seus correspondentes vértices de G também são adjacentes e vice- dicionário para ver como.
Um bom exemplo é a
versa.
palavra isonomia, muito
Aqui vai um exemplo. comum em negociações
salariais. Isonomia é o nome
de um princı́pio fundamental
Exemplo 28 que afirma que todas as
pessoas são iguais perante a
A correspondência lei. Veja que nomia é um
elemento de composição do
grego -nomia (de nomos,
v1 - v2 que significa lei). Para mais
v2 - v1 um exemplo, lembre-se que
em geometria chamamos de
v3 - v3 isósceles o triângulo que tem
dois lados ou dois ângulos
estabelece um isomorfismo entre os grafos G e G da figuras a seguir. internos de medidas iguais.
v3 v3
r r
r r r r
v1 v2 v1 v2
G G
Podemos então dizer que, a menos de isomorfismos, há quatro grafos
simples de ordem 3. Isto é, qualquer grafo de ordem 3 é isomorfo a algum
dos seguintes grafos:
r r r r
r r r r r r r r
Exemplo 29
Mostre que os grafos G e G são isomorfos.
v1 v2 v´1 v´2
v3 v4 v´3 v´4
65 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
Solução: A correspondência
v1 - v1
v2 - v2
v3 - v4
v4 - v3
Grau de um vértice
Vamos agora introduzir um novo conceito que associa vértices e ares-
tas de um grafo. Tal conceito é bastante importante na Teoria dos Grafos.
Veremos um teorema que, apesar de simples, ilustra essa importância. Este
conceito é o de grau de um vértice.
Seja G um grafo e seja v ∈ V (G) um vértice de G. Chamamos de grau
de v o número de arestas ligadas a v e denotamos esse número por grau(v).
Se v é um vértice isolado então grau(v) = 0.
Exemplo 30
Calcularemos o grau de cada vértice do grafo representado pela figura a
seguir.
v1 v5
v4
v6
v2 v3
CEDERJ 66
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
MÓDULO 4 - AULA 31
vn grau(vn )
v1 3
v2 2
v3 4
v4 2
v5 3
v6 0
Note que
grau(v1 ) + grau(v2 )+ · · · + grau(v6 ) = 3 + 2 + 4 + 2 + 3 + 0 = 14 = 2 × 7.
Veja neste exemplo que a soma dos graus dos vértices é 2 × 7, igual a
duas vêzes o número de arestas.
Prova: Se o grafo G não tem arestas, todos os vértices têm grau zero e a
afirmação é verdadeira.
Se o grafo G tem arestas, cada uma delas contribuirá com duas unidades
na soma total dos graus dos vértices, pois cada aresta conecta dois vértices
distintos.
Exemplo 31
Veja como o teorema se aplica no seguinte grafo:
v1
v7
v4
v2
v6
v3 v5
67 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
Repare que o grafo tem 7 vértices e 8 arestas. Aqui está a tabela com
os graus dos vértices:
vn grau(vn )
v1 1
v2 3
v3 3
v4 4
v5 3
v6 2
v7 0
CEDERJ 68
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
MÓDULO 4 - AULA 31
– Este grafo representa uma festinha com sete pessoas, uma delas muito
popular. Ela cumprimentou as outras seis. Outras duas pessoas cumprimen-
taram apenas duas outras pessoas. Três pessoas cumprimentaram três pes-
soas e a última cumprimentou outras cinco. Neste exemplo, quatro pessoas
cumprimentaram um número ı́mpar de pessoas. Para completarmos a prova
do lema basta notar que o grau de cada vértice diz, exatamente, o número
de cumprimentos feitos pela pessoa correspondente àquele vértice...
Basta dizer que houve uma animada discussão sobre os grafos e a festa
foi um sucesso!
69 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
A B A B
F
F C
E C
D E D
Na próxima aula você verá a solução dada por Euler para o Problema
das Pontes de Königsberg.
Nesta aula você aprendeu várias coisas novas! Você poderá praticá-las
nos exercı́cios sugeridos. Divirta-se!
Exercı́cios
1. Seja G um grafo com vértices v1 , v2 , v3 , v4 , v5 e v6 . Sabendo que
os correspondentes graus são 0, 2, 2, 3, 2 e 1, calcule o número de
suas arestas. Podemos afirmar que este grafo tem vértices isolados?
Quantos? Por que?
CEDERJ 70
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
MÓDULO 4 - AULA 31
a) V (G) = {v1 , v2 , v3 , v4 } e
A(G) = {v1 v2 , v2 v3 , v2 v4 , v4 v3 }.
b) V (G) = {v1 , v2 , v3 , v4 } e
A(G) = {v1 v2 , v1 v3 , v1 v4 , v2 v3 , v2 v4 , v3 v4 }.
c) V (G) = {v1 , v2 , v3 , v4 , v5 } e
A(G) = {v1 v2 , v2 v3 , v3 v1 , v2 v4 , v3 v5 , v5 v4 }.
d) V (G) = {v1 , v2 , v3 , v4 , v5 } e
A(G) = {v1 v2 , v2 v3 , v3 v4 , v4 v5 , v1 v5 }.
71 CEDERJ
O nascimento de uma teoria: o Problema das Pontes de Königsberg
Auto-avaliação
Esta é a primeira aula de um novo tema: grafos. É preciso familiarizar-
se com as definições. Os exemplos desempenham um papel importante neste
processo.
Caso você tenha dificuldades com a definição de grafo concentre-se em
sua representação diagramática. Ela contém toda a informação sobre ele.
Você já percebeu que um grafo consiste de vértices que representamos
por pontos ou bolinhas, e por arestas que representamos por arcos ou segmen-
tos de retas. Cada aresta conecta um vértice a outro e quando dois vértices
são adjacentes eles são conectados por apenas uma aresta.
Os exercı́cios 4 e 5 enfocam o tema das diferentes representações do
mesmo grafo.
Use lápis e papel para criar, você mesmo, outros exemplos de grafos.
Além disso, envolva-se com o aspecto divertido deste tema. Os problemas de
coloração de mapas podem ser um bom começo.
Divirta-se.
CEDERJ 72
Grafos eulerianos
MÓDULO 4 - AULA 32
Objetivos
• Nesta aula você verá novos conceitos da Teoria de Grafos, tais como:
caminho, circuito e multigrafo.
Recordando...
Você viu na aula anterior que o Problema das Pontes de Königsberg é
equivalente a ser possı́vel, ou não, redesenhar um certo grafo, sem levantar o
lápis do papel e traçando cada aresta uma única vez.
Para responder esta questão precisaremos de mais um conceito da teoria
de grafos. Este conceito, chamado de conexidade, é relativamente fácil. É a
Matemática imitando a vida. Vamos lá!
Caminhos
v0 v1 v2 v3 . . . vk−1 vk .
Exemplo 32
Seja G o grafo representado na figura abaixo.
73 CEDERJ
Grafos eulerianos
v0 v2 v4
v5
v1 v3
Em Matemática é comum
chamar de ’palavra’ qualquer O traço reforçado indica um caminho ligando o vértice V0 até o vértice
seqüência de letras, como
esta, mesmo com subscritos. v5 . Denotamos este caminho pela palavra
v0 v1 v2 v4 v3 v5 .
v1 v2 v0 v1 v3 v5 , v2 v4 v3 v2 e v0 v1 v2 v1 v3 v4 v5 .
Conexidade de Grafos
Bom, estamos prontos para estabelecer a noção de conexidade de grafos.
Para começar, podemos afirmar que um grafo G é conexo se quaisquer
dois de seus vértices podem ser ligados por algum caminho.
Veja que num grafo conexo, dados quaisquer dois vértices, podemos
“passar” de um para o outro através de arestas. Em particular, se um grafo
G é conexo e tem mais do que um vértice, ele não pode ter vértices isolados.
Um grafo não é conexo quando pelo menos dois de seus vértices não
podem ser conectados por algum caminho. Neste caso, o grafo será composto
de uma união disjunta de grafos conexos.
Cada um destes grafos conexos é chamado de uma componente conexa
do grafo.
Exemplo 33
Aqui estão dois grafos, um conexo e o outro composto por três componentes
conexas:
CEDERJ 74
Grafos eulerianos
MÓDULO 4 - AULA 32
v1 v2 v1 v2 v6 v7 v8
v3 v4
v5 v3 v4 v5 v9
v1 v1
v4 v5 v4 v5
v6 v7 v6 v7
v2 v3 v2 v3
75 CEDERJ
Grafos eulerianos
esta questão. Aqui está o teorema que estabelece critérios precisos para a
existência de um circuito euleriano.
Teorema: Um grafo G admite um circuito euleriano se, e somente se,
G é conexo e todos os vértices de G têm grau par.
Note que todos os vértices do grafo do Problema das Pontes, rotulados
por letras maı́sculas, têm grau ı́mpar e, portanto, não admite um circuito
euleriano. Com este teorema Euler decidia definitivamente a questão da
existência de um passeio por Königsberg que cruzasse todas as pontes uma
única vez dando uma resposta negativa.
Exemplo 34
Use o teorema de Euler para decidir qual dos grafos abaixo admite um circuito
euleriano.
Veja que no grafo da direita, todos os vértices têm grau par e, portanto,
ele admite um circuito euleriano. Já o grafo da esquerda tem quatro vértices
de grau três e, devido a isto, não admite um circuito euleriano. Isto é, se
partirmos de qualquer um vértice, não será possı́vel percorrer todas as arestas
retornando a este mesmo vértice passando por cada delas uma só vez.
Usando lápis e papel estude estes dois exemplos e tente desenhar sobre
eles circuitos eulerianos. Construa você mesmo alguns exemplos de grafos e
decida se eles admitem ou não circuitos eulerianos.
CEDERJ 76
Grafos eulerianos
MÓDULO 4 - AULA 32
Queremos provar que o grafo G é conexo e que cada vértice tem grau
par. Estas duas afirmações são conseqüências da existência do circuito eule-
riano representado acima.
Realmente, usando trechos seqüenciais deste circuito, podemos cons-
truir caminhos (simples) ligando quaisquer dois vértices do grafo, pois todos
os vértices aparecem no circuito. Portanto, o grafo G é conexo.
Para observar que cada vértice tem grau par, basta lembrar que cada
aresta da lista acima aparece uma única vez e para calcular o grau de um
certo vértice vi , basta contar quantas vezes ele aparece na lista e multiplicar
por dois, tomando cuidado com o vértice v0 , pois ele inicia e termina a lista.
Ele é o único vértice listado duas vezes.
Repare como isto funciona no seguinte exemplo:
77 CEDERJ
Grafos eulerianos
v1 v3
v0 v5
v2 v4
v0 v1 v2 v3 . . . vk−2 vk−1 vk .
CEDERJ 78
Grafos eulerianos
MÓDULO 4 - AULA 32
w=u w
v
vi
vi
v0
v0 …
v3 v2 …
v1 v2 v1
O caminho
é uma aresta mais longo do que o caminho escolhido inicialmente. Isto é uma
contradição.
79 CEDERJ
Grafos eulerianos
CEDERJ 80
Grafos eulerianos
MÓDULO 4 - AULA 32
v1 v1 v5
v3 v3
v4 v6
v2 v2 v8 v7
Grafos Eulerianos
Você já sabe que vértices de grau ı́mpar são obstruções à existência de
circuitos eulerianos. No entanto, consideremos o seguinte grafo G:
v5
v4 v6
v3
v1 v2
81 CEDERJ
Grafos eulerianos
v1 v2 v3 v1 v4 v3 v6 v4 v5 v6 v2 .
Exemplo 35
É claro que qualquer grafo que admite um circuito euleriano é ele mesmo
um grafo euleriano. Pegue agora lápis e papel e, com um pouco de atenção,
tente descobrir quais dos grafos representados a seguir são eulerianos.
CEDERJ 82
Grafos eulerianos
MÓDULO 4 - AULA 32
v0 v1 v2 . . . vk−1 vk
Exercı́cios
v1
v2 v6
v3 v5
v4
83 CEDERJ
Grafos eulerianos
a) v4 v1 v3 v0
b) v5 v0 v3 v1 v2
c) v3 v4 v5 v0 v1 v2 v3
d) v0 v1 v2 v3 v1 v4 v5 v0 v3 v4
e) v3 v4 v1 v0 v3 v2 v1
f) v1 v4 v5 v0 v1
g) v3 v1 v2 v3 v0 v1 v3 v4
h) v1 v3 v0 v5 v4 v1 v3 v2 v1
2. Quais dos grafos a seguir são conexos? Indique quais são as componen-
tes conexas daqueles grafos que não são conexos.
CEDERJ 84
Grafos eulerianos
MÓDULO 4 - AULA 32
85 CEDERJ
Grafos eulerianos
O grafo G a seguir tem ordem 4 e sua tabela está disposta ao seu lado.
v1 v2
v1 v2 v3 v4
v1 0 1 1 0
v2 1 0 1 1
v3 1 1 0 1
v3 v4 v4 0 1 1 0
v1
v1 v2 v3 v4 v5
v1 0 1 1 0 1
v5 v2
v2 1 0 1 0 1
v3 1 1 0 1 1
v4 0 0 1 0 0
v5 1 1 1 0 0 v4 v3
CEDERJ 86
Grafos eulerianos
MÓDULO 4 - AULA 32
A B C D E F G
A 0 1 1 1 1 0 0 E F
B 1 0 1 0 0 0 0 A
C 1 1 0 1 0 0 1
D
D 1 0 1 0 1 0 1
E 1 0 0 1 0 1 1 B
F 0 0 0 0 1 0 1 C G
G 0 0 1 1 1 1 0
Auto-avaliação
Esta aula tem uma bonita demonstração. Por isto, você precisará tra-
balhá-la de maneira bem especial.
Primeiro tenha certeza de que entendeu os conceitos novos, apresenta-
dos inicialmente. Você sabe se um grafo é conexo ou não? Sabe distinguir um
caminho simples de um caminho que não é simples? Qual é a diferença entre
um caminho fechado qualquer e um circuito? Lembre-se que um circuito é
um caminho fechado onde as arestas não se repetem.
O principal tema da aula é o Teorema de Euler que aqui apresentamos
junto com sua demonstração. Saber quando as hipóteses do teorema são
satisfeitas por um dado grafo é fundamental. Assim você saberá se o grafo
admite, ou não, um circuito euleriano.
Você é capaz de desenhar dois grafos conexos, um que admite um cir-
cuito euleriano e um que não admite?
Você pode propor estas questões para seus amigos. Elas dão bons
quebra-cabeças.
87 CEDERJ
Grafos eulerianos
Não deixe a demonstração intimidá-lo. Uma vez que você tenha uma
visão global, passe a examinar os detalhes. A demonstração está escrita
em várias páginas, pois os argumentos foram detalhados e exemplificados.
Aproveite esta oportunidade!
CEDERJ 88
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
Objetivos
• Nesta aula você conhecerá o Problema do Caixeiro-Viajante e apren-
derá como, sob certas condições, resolvê-lo.
Recordando
Na aula anterior você pôde perceber a beleza e a força das idéias em
Matemática. A demonstração feita por Euler em 1736 é como um diamante:
durará para sempre.
Nesta aula você verá a abordagem de um problema parecido com aquele
resolvido por Euler, mas agora a ênfase estará nos vértices em lugar de nas
arestas.
O Problema do Caixeiro-Viajante
Vamos acompanhar nosso amigo caixeiro-viajante numa nova etapa de
sua vida. Ele está para iniciar uma nova rota de vendas e deverá visitar um
conjunto de cidades que estão ligadas por diversas estradas. Nosso caixeiro-
viajante é, nos momentos em que espera a condução, um matemático amador
muito interessado na Teoria dos Grafos. Ele quer estabelecer uma rota de
visitas às cidades de forma que ele passe por cada cidade uma só vez, re-
tornando, no fim de sua jornada, à cidade da qual partiu. Ele discutiu o
problema com o gerente do hotel onde costuma hospedar-se, outro grande
interessado na Teoria dos Grafos. Eles concluı́ram que a melhor abordagem
seria traçar um grafo para representar a situação. Os vértices representa-
riam as cidades e as arestas representariam as estradas que ligam as cidades.
Desta forma, o problema consiste em achar um circuito onde cada vértice
aparece uma única vez.
Para que o gerente do hotel entendesse bem a abordagem, o caixeiro-
viajante usou de um conhecido expediente: exemplos. Ele tirou de sua pasta
89 CEDERJ
Grafos Hamiltonianos
v1 w1
v5
v4 v2 w4 w5 w2
v3 w3
Nos dois exemplos há cinco cidades ligadas pelas estradas, porém, de
maneiras diferentes. O caixeiro-viajante disse: Olhe, o grafo da esquerda
admite um circuito que contém todas as cidades, cada uma representada
uma só vez. E, com sua reluzente lapiseira, traçou sobre o grafo o seguinte
circuito:
v1 v2 v3 v5 v4 v1 .
CEDERJ 90
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
hoteleiro usando lápis e papel. Isto é, convença-se de que realmente não há
um circuito que percorra todos os vértices incluindo cada um deles uma única
vez.
Antes de prosseguir, tenha a certeza de que entendeu a diferença entre o
problema da aula anterior e o que estamos abordando agora. Antes querı́amos
percorrer todas as arestas, passando cada uma delas uma só vez e, para
conseguir isto, permitı́amo-nos passar por alguns vértices mais do que uma
vez (o problema do fiscal-de-estradas). Agora queremos percorrer todos os
vértices, passando por cada um deles uma única vez. Para fazer isto não
importa que, eventualmente, algumas arestas não sejam incluı́das no circuito.
Ciclos
Exemplo 36
Seja G o grafo de ordem 5 representado a seguir:
v3
v1
v2
v4 v5
91 CEDERJ
Grafos Hamiltonianos
Ciclos Hamiltonianos
Se há um ciclo que contenha todos os vértices do grafo G dizemos que
ele admite um ciclo hamiltoniano . Neste caso diremos que G é hamiltoniano.
CEDERJ 92
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
93 CEDERJ
Grafos Hamiltonianos
v1
v8 v2
v7 v3
v6 v4
v5
É impossı́vel chegar a qualquer vértice de ı́ndice par começando em
algum vértice de ı́ndice ı́mpar e vice-versa. A razão disto é que este grafo
não é conexo. Ele é formado por duas componentes conexas, cada uma delas
CEDERJ 94
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
sendo um ciclo: uma só com os vértices com ı́ndices ı́mpares e uma só de
vértices com ı́ndices pares.
A segunda etapa será a de conseguir um caminho K com as seguintes
propriedades:
a) K é um caminho simples (as arestas não se repetem) sem vértices repeti-
dos;
b) Qualquer caminho que tenha estas duas caracterı́sticas é, no máximo, tão
longo quanto K.
A partir deste caminho especial conseguiremos o desejado ciclo hamil-
toniano.
Mas cada vértice de C tem grau maior ou igual que n/2, por hipótese.
Isto é uma contradição. Concluı́mos, então, que G é conexo.
95 CEDERJ
Grafos Hamiltonianos
B
E
C D
ACF BDE
A C F B D E
CEDERJ 96
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
A C F B D E
A F
B E
C D
97 CEDERJ
Grafos Hamiltonianos
v0 v1 v2 … vi— vi vi 1 … vk—1 vk
CEDERJ 98
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
B E
C D
99 CEDERJ
Grafos Hamiltonianos
Mais um exemplo
Exemplo 38
Seja G o seguinte grafo de ordem 6:
v6
v4
v5
v3
v1
v2
v1 v4 v5 v2 v3 v6
CEDERJ 100
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
v6
v4
v5
v3
v1
v2
O Problema do Cavalo
Ciclos hamiltonianos eram objetos de estudo bem antes de Sir Hamilton Os cavalos movem-se em
“L”, passando sempre por
ter proposto seu jogo. Em particular era conhecido o problema do passeio três casas.
do cavalo pelo tabuleiro de xadrez e que foi completamente analisado por
Euler em 1759. O problema é o seguinte: Seguindo as regras de movimento
do cavalo, é possı́vel que um cavalo parta de uma casa qualquer e percorra
todo o tabuleiro, visitando cada uma das 64 casas, passando por cada uma
delas uma única vez e retornando à casa inicial?
Este problema pode ser traduzido como a busca de um ciclo hamilto-
niano num grafo com 64 vértices, dispostos em um quadrado 8 por 8, onde
dois vértices são adjacentes se, e somente se, for possı́vel passar de um para
o outro por um movimento de cavalo.
101 CEDERJ
Grafos Hamiltonianos
Exercı́cios
1. Seja G o grafo representado a seguir:
v2 v1
v3 v0
v4 v5
Quais dos seguintes caminhos são fechados, simples? Quais são circui-
tos? Quais são ciclos?
a) v0 v3 v1 v4 v5
b) v5 v4 v3 v0 v1 v4 v5
c) v2 v1 v4 v3 v0
d) v1 v4 v3 v1 v2 v3 v4
e) v4 v1 v3 v0 v5 v4
CEDERJ 102
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
103 CEDERJ
Grafos Hamiltonianos
Auto-avaliação
Nesta aula você aprendeu que o problema do caixeiro-viajante é um
pouco mais difı́cil do que o problema de encontrar um circuito euleriano.
Você deve ter certeza que entendeu a diferença, como por exemplo, você
deve saber quando um circuito é um ciclo.
Tente usar a idéia da demonstração do Teorema de Dirac. Comece
buscando um caminho simples que contenha todos os vértices e tente, a
partir daı́, encontrar o ciclo.
O último problema da lista é muito bonito. Tente alguns exemplos
numéricos, como os sugeridos. Faça você mesmo mais alguns exemplos como
2 × 2, 3 × 2, 5 × 3. Isto é, faça suas próprias “experiências” matemáticas. E
não esqueça de se divertir!
CEDERJ 104
Grafos Hamiltonianos
MÓDULO 4 - AULA 33
Respostas Comentadas
Agora as respostas dos problemas deixados ao longo da aula.
Dos grafos apresentados bem no começo da aula para você descobrir
quais são hamiltonianos, apenas dois admitem ciclos hamiltonianos. Você
deve ter notado que um não é conexo.
v2 v3 v1
v1 v7 v4 v4
v3 v2
v6 v5
105 CEDERJ
Árvores
MÓDULO 4 - AULA 34
Aula 34 – Árvores
• Compreenderá que todo grafo conexo admite uma árvore como subgrafo
máximo.
Recordando...
O principal assunto desta aula são as árvores, um tipo especial de grafos.
No entanto, iniciaremos com uma noção que já mencionamos anteriormente:
subgrafos.
Subgrafos
Certamente, você está acostumado a pensar nos grafos em termos de
suas representações gráficas. Isto é muito útil, mas vamos lembrar que um
grafo é um par de conjuntos: vértices e arestas.
Observe:
Sejam G = (V, A) e G = (V , A ) dois grafos. Podemos usar as
operações de conjuntos para criar novos grafos:
G ∪ G = (V ∪ V , A ∪ V ), G ∩ G = (V ∩ V , A ∩ V ).
Se V ⊂ V e A ⊂ A dizemos que G é um subgrafo de G e denotamos,
simplesmente, G ⊂ G.
Alguns exemplos para você entender melhor...
Sejam G e G grafos de ordem 5 e 4, respectivamente, com V (G) =
{v1 , v2 , v3 , v4 , v5 } e V (G ) = {v3 , v4 , v5 , v6 }. A seguir temos suas representações
gráficas, bem como as representações gráficas de G ∪ G e G ∩ G .
107 CEDERJ
Árvores
v4
v1 v4
v6
v2
v5 G v3 v5
v3 G’
v1 v4 v4
v2 v6
v3 v5
U
G U G’ G G’
v3 v5
Lembre-se que K 5 denota o
grafo completo de 5 vértices.
Exemplo 39
Os grafos G1 e G2 representados a seguir são tais que G1 ∪ G2 = K 5 .
v1 v5
v2 v5 v2 v3
v3 v4 v4 v5
G1 G2
Neste exemplo os dois grafos têm exatamente os mesmos vértices, mas
qualquer aresta de um deles não é aresta do outro. Desta forma, G1 ∩ G2 é
o grafo de ordem 5, com todos os vértices isolados.
Árvores
CEDERJ 108
Árvores
MÓDULO 4 - AULA 34
ciclo (e que é ele mesmo). No exemplo anterior vimos que K 5 pode ser escrito
como a união de dois subgrafos. Usando-os podemos ver que K 5 admite dois
ciclos (hamiltonianos) de 5 vértices:
v1 v2 v3 v4 v5 v1 , e v1 v3 v5 v2 v4 v1 .
Muito bem, uma árvore é um grafo conexo e que não tem ciclos. As As árvores são usadas, por
árvores genealógicas nos fornecem exemplos de árvores. exemplo, para representar a
enumeração de
Quando um grafo G não tem ciclos nós o chamamos de acı́clico. Com hidrocarbonos saturados e
para estudar circuitos
esta notação uma árvore é um grafo conexo e acı́clico. elétricos.
CH 4
Metano
Exemplo 40 CH3CH3
Aqui estão representações de todas as árvores com até 5 vértices. Etano
CH CH CH
3 2 3
Propano
Butano
C4H10
Isobutano
(CH3 )3 CH
109 CEDERJ
Árvores
Uma árvore.
a) G é uma árvore;
O teorema diz que (a) ⇐⇒ (b)⇐⇒ (c) ⇐⇒ (d). Para demonstrar tais
teoremas podemos usar a seguinte estratégia: mostramos que (a) =⇒ (b) =⇒
(c) =⇒ (d) =⇒ (a), fechando o cı́rculo de implicações. Hoje faremos algo
ligeiramente diferente, por conveniência nossa. Mostraremos (a) =⇒ (b) =⇒
(c) =⇒ (a) e (a)⇐⇒ (d).
Prova do teorema: Usaremos, em cada item da prova, o argumento de redução
ao absurdo ou o fato que (p ⇒ q) ⇐⇒ (∼ q ⇒∼ q).
CEDERJ 110
Árvores
MÓDULO 4 - AULA 34
(b) =⇒ (c) Suponha que exista uma aresta a = uv em A(G) tal que o
grafo obtido de G subtraindo a, G− = (V (G), A(G) − {uv}), seja conexo. A
aresta a pertence a algum caminho ligando dois vértices de G, digamos v1 e
v2 . Como G− é conexo, existe outro caminho ligando v1 a v2 (que não usa a
aresta uv). Mas isto nega a afirmação (b).
u v
wk
w1
w2
w3
111 CEDERJ
Árvores
Exemplo 41
Aqui está um exemplo de uma árvore binária enraizada em r e com 7 folhas.
r
CEDERJ 112
Árvores
MÓDULO 4 - AULA 34
Exemplo 42
A árvore a seguir representa a expressão (x + y)/2z:
+ *
z
x y 2
Exemplo 43
√
x+y
A árvore da expressão 3x+y
é a seguinte:
/
+
**
+
*
½ 3 x y
x y
Árvore Máxima
O teorema que apresentaremos agora é bonito e é usado em muitas
aplicações de grafos. Especialmente em problemas do tipo de otimização,
como buscar a maneira mais econômica de construir uma rede de ligações
elétricas ou de tubulações para água em uma certa área.
Teorema: Todo grafo G conexo admite um subgrafo H tal que V (G) =
V (H) e H é uma árvore.
A prova indica uma maneira de obter tal subgrafo.
113 CEDERJ
Árvores
Exemplo 44
Aqui estão dois grafos com árvores máximas representadas pelos traços mais
escuros.
Exercı́cios
1. Sejam G e G os grafos definidos por: V (G) = {v1 , v2 , v3 , v4 } e A(G) =
{v1 v2 , v1 v3 , v2 v3 , v3 v4 }, V (G ) = {v1 , v2 , v3 , v5 } e A(G ) = {v1 v5 , v1 v2 , v2 v5 ,
v2 v3 , v3 v5 }. Represente G e G graficamente. Determine e represente
os seguintes grafos: G ∪ G , G ∩ G , G − G e G − G.
CEDERJ 114
Árvores
MÓDULO 4 - AULA 34
5. Cada uma das árvores binárias a seguir representa uma expressão algébrica.
Encontre as tais expressões.
+
/ /
*
+ a b 5 +
z
* x
2
x y + 1 y
z
x y
115 CEDERJ
Árvores
a)
2+x 1
−
3 y
b)
2
√ + (x + 3y)2
x−y
7. Encontre duas árvores máximas que sejam subgrafos de K 5 tais que:
Auto-avaliação
Você deve ter achado esta aula mais leve, apesar das muitas demons-
trações.
Nela você conheceu o conceito e identificou critérios que determinam
quando um grafo é uma árvore, bem como, aprendeu a unir e intersectar
estes grafos.
Nunca deixe de fazer seus próprios testes, estudandos exemplos que você
mesmo propõe para entender bem os argumentos. Isto está sendo exercitado
nos vários itens do exercı́cio 4.
Bom trabalho!
CEDERJ 116
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
MÓDULO 4 - AULA 35
Objetivos
Recordando...
117 CEDERJ
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
Grafos Planares
Diremos que um grafo é planar se pudermos dispor seus vértices em
um plano de modo que nenhum par de suas arestas se cruzem. O grafo
correspondente ao tetraedro é o K 4 , o grafo simples completo de 4 vértices.
Aqui estão três maneiras de representar o K 4 .
CEDERJ 118
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
MÓDULO 4 - AULA 35
Exemplo 45
Os grafos obtidos dos mapas, como fizemos na aula 31, são todos exemplos
de grafos planares.
Exemplo 46
Vamos considerar a seguinte situação: Um engenheiro civil foi chamado para
ajudar com a legalização de uma construção que havia sido feita sem super-
visão profissional qualificada. Três casas, representadas de agora em diante
por C1 , C2 e C3 , estavam conectadas a uma central elétrica E, a uma central
telefônica T e a uma central fornecedora de gás G. Para fazer seu trabalho
o engenheiro fez um esquema que representava estas ligações. Após algumas
tentativas, ele se rendeu ao fato de que era impossı́vel desenhar tal esquema
sem que alguma das ligações se cruzassem.
C1 C2 C3
E T G
119 CEDERJ
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
V − A + F = 2,
CEDERJ 120
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
MÓDULO 4 - AULA 35
121 CEDERJ
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
CEDERJ 122
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
MÓDULO 4 - AULA 35
123 CEDERJ
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
O mesmo ocorre com K3,3 , com a diferença que aqui os ciclos menores
possı́veis têm quatro vértices:
Exemplo 47
Um grafo G e uma subdivisão H de G:
CEDERJ 124
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
MÓDULO 4 - AULA 35
Teorema: Um grafo G é grafo planar se, e somente se, não contém uma
subdivisão de K 5 ou de K3,3 .
Aqui está um teorema!
Vamos usá-lo para concluir que K 7 não é planar. Basta olhar os se-
guintes diagramas, que mostram que K 7 contém uma subdivisão de K3,3 ,
acrescentado de um vértice. Veja, também, o exercı́cio 1.
Exemplo 48
Vamos usar K 5 para obter um grafo que não é planar.
125 CEDERJ
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
v1 v1
w1 w1 v2
v5 v2
v5 w3
w3
v4 w2 v3
v4 v3
w2
Exemplo 49
O grafo que apresentamos neste exemplo é chamado de grafo de Peterson e
ele não é planar. Mostre isto usando o Teorema de Kuratowski. A resposta
está lá no fim da aula.
CEDERJ 126
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
MÓDULO 4 - AULA 35
2 1 2
1 2
1
2 1
2 1
1 1 3 2
2 2 1
Note que neste mapa usaremos duas ou três cores, dependendo da pari-
dade do número de fatias. O grafo correspondente é um ciclo com um vértice
para cada fatia.
Desde que o problema fora proposto por Francis Guthrie, em 1852, o
Problema das Quatro Cores intrigava matemáticos e cartógrafos de todos os
tipos. A afirmação é que para colorir qualquer mapa bastam quatro cores.
Um anel, dividido em três regiões, circundando uma quarta, corresponde ao
K 4 e demanda as quatro diferentes cores.
1 2
127 CEDERJ
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
Appel mostrou que a prova resumia-se a analisar uma coleção de casos. Esta
coleção, no entanto, é enorme. O computador fez esta parte. O problema é a
enormidade de casos. A tarefa ocupou um computador rápido (da época) por
1200 horas. Isto tomaria uma eternidade para ser feito sem o computador.
Este parece ser um dos teoremas do tipo junção de um pergunta simples, de
um problema sucinto com uma prova terrivelmente complicada.
Terminamos esta aula enenciando o teorema da coloração de grafos
planares:
Teorema: Todo grafo planar pode ser colorido com até quatro cores.
Exemplo 50
Use um diagrama para ver que são necessárias cinco cores para colorir os
vértices de K 5 de modo a não usar a mesma cor para vértices adjacentes.
Conclua que K 5 não é planar. Por que este argumento não funciona no caso
de K3,3 ? Não perca, na próxima aula!
Exercı́cios
1. Mostre que os diagramas a seguir representam K3,3 . Isto é, mostre que
estes grafos são isomorfos.
CEDERJ 128
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
MÓDULO 4 - AULA 35
129 CEDERJ
Grafos Planares e o Problema da Coloração de Grafos
C2 C2 E T G
T T
E G E G
C1 C3 C1 C3
C1 C2 C3
CEDERJ 130
Grafos Bipartidos
MÓDULO 4 - AULA 36
Esta será uma aula bem curta pois você deve estar se preparando para
as provas finais. Aproveite bem o seu tempo!
131 CEDERJ
Grafos Bipartidos
Exemplo 51
Aqui estão quatro possibilidades:
A B
C D
CEDERJ 132
Grafos Bipartidos
MÓDULO 4 - AULA 36
Prova do Teorema:
A condição é necessária, é claro, pois se não é possı́vel casar um número
menor de garotas, não será possı́vel casar o conjunto todo.
A prova de que a condição é suficiente será por indução sobre o número
de garotas.
É claro que o teorema é verdadeiro caso haja uma só garota. Vamos
supor que o teorema seja verdadeiro para qualquer conjunto com k−1 garotas.
Dividiremos os possı́veis casos em dois tipos.
a) Suponha que cada conjunto de k moças (1 ≤ k < m) conhece coletiva-
mente pelo menos k + 1 rapazes. Isto é, a condição é verdadeira com um
rapaz de sobra. Uma das garotas escolhe e casa-se com um dos rapazes que
ela conhece. Neste caso, a condição original permanece verdadeira para as
outras m − 1 garotas. Devido à hipótese de indução, as outras m − 1 garotas
também podem casar-se!
b) Suponha agora que não haja rapazes sobrando. Isto é, suponha que haja
um certo conjunto de k garotas que conhece, coletivamente, k dos rapazes.
Estas k garotas podem casar-se com os k rapazes, ficando por casar m − k
garotas. Mas, qualquer subconjunto com h moças entre estas m−k restantes,
1 ≤ h ≤ m − k, conhece h dos rapazes ainda não casados. Isto é verdade
pois senão, estas h moças mais aquelas já casadas formariam um conjunto
de h + k moças que conheceria coletivamente menos do que h + k rapazes.
Isto contraria nossa hipótese. Portanto, as condições originais também valem
para estas m − k moças e, por indução, elas também podem casar-se.
Desta forma, o teorema está provado e eles foram felizes para sempre!
Grafos Bipartidos
Exemplo 52
Denotamos por Kr,s o grafo bipartido completo onde V1 tem r elementos e
V2 tem s elementos. Completo significa que cada elemento de V1 é adjacente
a todos os elementos de V2 . Você já está bem familiarizado com o K3,3 , um
grafo que temos usado em outras aulas. Observe:
Exemplo 53
Aqui estão três grafos bipartidos e três grafos que não são bipartidos.
CEDERJ 134
Grafos Bipartidos
MÓDULO 4 - AULA 36
vn v2
v1 v3
135 CEDERJ
Grafos Bipartidos
v
w
d (v,w) = 2
v v
d (v,u) = 2
d (v,w) = 4
u
u
C5 w C1
O mesmo argumento mostra que não há arestas conectando dois vértices
em V1 .
O grafo é bipartido.
CEDERJ 136
Grafos Bipartidos
MÓDULO 4 - AULA 36
Exercı́cios
1. Mostre que K1,n é uma árvore.
137 CEDERJ
Soluções de exercı́cios selecionados
Exercı́cio 1.
p q p∨ ∼ q ∼ p∧ ∼ q (p ∨ ∼ q) ∧ ∼ p
V V V F F
V F V F F
F V F F F
F F V V V
Argumentos e Provas
Exercı́cio 3. Válido.
Exercı́cio 4. Válido.
Exercı́cio 5. Inválido.
Exercı́cio 6. Inválido.
Exercı́cio 7. Válido.
Exercı́cio 8. Válido.
Exercı́cio 9. Inválido.
Exercı́cio 1. Sabemos que a soma dos graus dos vértices é o dobro do número
das arestas. Portanto, este grafo tem 5 arestas.
Este grafo tem um vértice isolado pois há um vértice de grau 0.
Exercı́cio 2. a) Sim. b) Não. c) Não. d) Não, pois um dos vértices teria grau
5 e há, no total, apenas 4 vértices.
Grafos eulerianos
Grafos hamiltonianos
Primeira linha: o primeiro não admite circuito hamiltoniano. Os outros
dois admitem.
Segunda linha: Os três grafos admitem circuitos hamiltonianos.
Terceira linha: O primeiro não admite, o outro, admite.
Quarta linha: Nenhum dos dois grafos admitem circuitos hamiltonia-
nos.
Quinta linha: Ambos admitem circuitos hamiltonianos.
Árvores
Exercı́cio 2. Há 6 árvores. Se considerarmos 2 e 5 como uma só árvore, a
resposta é 5.
Exercı́cio 5. (x + y)z − a
b
e (x + y)z − 5 + x+1
y−2
.
CEDERJ 140
.
I SBN 85 - 89200 - 15 - 9
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