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PSS 2019

PREFEITURA MUNICIPAL DE UMUARAMA-PR

Pedagogia da Infância, as diferentes dimensões humanas, direitos da


infância – (esse item você verá em legislação no item ECA), Didática
e Metodologia do Ensino em Anos Iniciais
Os contextos educativos destinados à educação e cuidados de crianças antes da entrada
na escolaridade obrigatória são muito diversos em Portugal. Estabelece-se,
tradicionalmente, uma diferença entre a fase de creche e a de jardim de infância, que,
sendo também adotada na legislação, justifica propostas específicas para estas duas
fases. Considera-se, no entanto, que há uma unidade em toda a pedagogia para a
infância e que o trabalho profissional com crianças em idade de creche e de jardim de
infância tem fundamentos comuns, devendo ser ser orientado pelos mesmos princípios
educativos. Estes fundamentos de que decorrem princípios orientadores, que adiante se
apresentam, estão intimamente articulados e correspondem a uma determinada
perspetiva de como as crianças se desenvolvem e aprendem, sendo de destacar, neste
processo, a qualidade do clima relacional em que cuidar e educar estão intimamente
interligados.

1. O desenvolvimento e a aprendizagem como vertentes


indissociáveis no processo de evolução da criança
O desenvolvimento motor, social, emocional, cognitivo e linguístico da criança é um
processo que decorre da interação entre a maturação biológica e as experiências
proporcionadas pelo meio físico e social.

As relações e as interações que a criança estabelece com adultos e com outras crianças,
assim como as experiências que lhe são proporcionadas pelos contextos sociais e físicos
em que vive constituem oportunidades de aprendizagem, que vão contribuir para o seu
desenvolvimento. Deste modo, a aprendizagem influencia e é influenciada pelo
processo de desenvolvimento físico e psicológico da criança, sobretudo numa fase da
vida em que essa evolução é muito rápida. Por isso, em educação de infância, não se
pode dissociar desenvolvimento e aprendizagem.

A interligação das características intrínsecas de cada criança (o seu património


genético), do seu processo de maturação biológica e das experiências de aprendizagem
vividas, faz de cada criança um ser único, com características, capacidades e interesses
próprios, com um processo de desenvolvimento singular e formas próprias de aprender.

Assim, as normas do desenvolvimento estabelecidas ou as aprendizagens esperadas para


uma determinada faixa etária/idade não devem ser encaradas como etapas pré-
determinadas e fixas, pelas quais todas as crianças têm de passar, mas antes como
referências que permitem situar um percurso individual e singular de desenvolvimento e
aprendizagem.

Embora muitas das aprendizagens das crianças aconteçam de forma espontânea, nos
diversos ambientes sociais em que vivem, num contexto de educação de infância existe
uma intencionalidade educativa, que se concretiza através da disponibilização de um
ambiente culturalmente rico e estimulante, bem como do desenvolvimento de um
processo pedagógico coerente e consistente, em que as diferentes experiências e
oportunidades de aprendizagem têm sentido e ligação entre si. Neste processo, o
desenvolvimento de relações afetivas estáveis, em que a criança é acolhida e respeitada,
promove um sentimento de bem-estar e a vontade de interagir com os outros e com o
mundo.

Contudo, cada criança não se desenvolve e aprende apenas no contexto de educação de


infância, mas também noutros em que viveu ou vive, nomeadamente no meio familiar,
cujas práticas educativas e cultura própria influenciam o seu desenvolvimento e
aprendizagem. Neste sentido, importa que o/a educador/a estabeleça relações próximas
com esse outro meio educativo, reconhecendo a sua importância para o
desenvolvimento das crianças e o sucesso da sua aprendizagem.

2. Reconhecimento da criança como sujeito e agente do


processo educativo
O desenvolvimento e aprendizagem da criança ocorrem num contexto de interação
social, em que a criança desempenha um papel dinâmico. Desde o nascimento, as
crianças são detentoras de um enorme potencial de energia, de uma curiosidade natural
para compreender e dar sentido ao mundo que as rodeia, sendo competentes nas
relações e interações com os outros e abertas ao que é novo e diferente.

O reconhecimento da capacidade da criança para construir o seu desenvolvimento e


aprendizagem supõe encará-la como sujeito e agente do processo educativo, o que
significa partir das suas experiências e valorizar os seus saberes e competências únicas,
de modo a que possa desenvolver todas as suas potencialidades.

Esse papel ativo da criança decorre também dos direitos de cidadania, que lhe são
reconhecidos pela Convenção dos Direitos da Criança (1989), a saber: o direito de ser
consultada e ouvida, de ter acesso à informação, à liberdade de expressão e de opinião,
de tomar decisões em seu benefício e do seu ponto de vista ser considerado. Garantir à
criança o exercício destes direitos tem como consequência considerá-la o principal
agente da sua aprendizagem, dando-lhe oportunidade de ser escutada e de participar nas
decisões relativas ao processo educativo, demonstrando confiança na sua capacidade
para orientar a sua aprendizagem e contribuir para a aprendizagem dos outros.
Cabe ao/à educador/a apoiar e estimular esse desenvolvimento e aprendizagem, tirando
partido do meio social alargado e das interações que os contextos de educação de
infância possibilitam, de modo a que, progressivamente, as escolhas, opiniões e
perspetivas de cada criança sejam explicitadas e debatidas. Deste modo, cada criança
aprende a defender as suas ideias, a respeitar as dos outros e, simultaneamente, contribui
para o desenvolvimento e aprendizagem de todos (crianças e educador/a).

3. Exigência de resposta a todas as crianças


O acesso à educação é também um direito de todas as crianças, especificando-se que
essa educação tem como base uma igualdade de oportunidades (Convenção dos Direitos
da Criança, 1989, art.º 28 e 29).

Dada a importância das primeiras aprendizagens, é atribuído à educação de infância um


papel relevante na promoção de uma maior igualdade de oportunidades relativamente às
condições de vida e aprendizagens futuras, sobretudo para as crianças cuja cultura
familiar está mais distante da cultura escolar. Porém, os resultados da investigação
indicam que essa contribuição depende muito da qualidade do ambiente educativo e do
modo como este reconhece e valoriza as características individuais de cada criança,
respeita e dá resposta às suas diferenças, de modo a que todas se sintam incluídas no
grupo.

Assim, todas as crianças, independentemente da sua nacionalidade, língua materna,


cultura, religião, etnia, orientação sexual de membro da família, das suas diferenças a
nível cognitivo, motor ou sensorial, etc., participam na vida do grupo, sendo a
diversidade encarada como um meio privilegiado para enriquecer as experiências e
oportunidades de aprendizagem de cada criança.

A inclusão de todas as crianças implica a adoção de práticas pedagógicas diferenciadas,


que respondam às características individuais de cada uma e atendam às suas diferenças,
apoiando as suas aprendizagens e progressos. A interação e a cooperação entre crianças
permitem que estas aprendam, não só com o/a educador/a, mas também umas com as
outras. Esta perspetiva supõe que o planeamento realizado seja adaptado e diferenciado,
em função do grupo e de acordo com características individuais, de modo a
proporcionar a todas e a cada uma das crianças condições estimulantes para o seu
desenvolvimento e aprendizagem, promovendo em todas um sentido de segurança e
autoestima.

Para a construção de um ambiente inclusivo e valorizador da diversidade, é também


fundamental que o estabelecimento educativo adote uma perspetiva inclusiva,
garantindo que: todos (crianças, pais/famílias e profissionais) se sintam acolhidos e
respeitados; haja um trabalho colaborativo entre profissionais; pais/famílias sejam
considerados como parceiros; exista uma ligação próxima com a comunidade e uma
rentabilização dos seus recursos. Uma permanente intenção de melhoria dos ambientes
inclusivos deve considerar o planeamento e avaliação destes aspetos, com o contributo
de todos os intervenientes.

4. Construção articulada do saber


O desenvolvimento da criança processa-se como um todo, em que as dimensões
cognitivas, sociais, culturais, físicas e emocionais se interligam e atuam em conjunto.
Também a sua aprendizagem se realiza de forma própria, assumindo uma configuração
holística, tanto na atribuição de sentidos em relação ao mundo que a rodeia, como na
compreensão das relações que estabelece com os outros e na construção da sua
identidade.

Por isso, a definição de quaisquer áreas de desenvolvimento e aprendizagem representa


apenas uma opção possível de organização da ação pedagógica, constituindo uma
referência para facilitar a observação, a planificação e a avaliação, devendo as diferentes
áreas ser abordadas de forma integrada e globalizante.
Esta articulação entre áreas de desenvolvimento e aprendizagem assenta no
reconhecimento que brincar é a atividade natural da iniciativa da criança que melhor
revela a sua forma holística de aprender. Importa, porém, diferenciar uma visão redutora
de brincar, como forma de a criança estar ocupada ou entretida, de uma perspetiva de
brincar como atividade rica e estimulante que promove o desenvolvimento e a
aprendizagem e se caracteriza pelo elevado envolvimento da criança, demonstrado
através de sinais como prazer, concentração, persistência e empenhamento.

O/A educador/a promove o envolvimento ou a implicação da criança ao criar um


ambiente educativo em que esta dispõe de materiais diversificados que estimulam os
seus interesses e curiosidade, bem como ao dar-lhe oportunidade de escolher como, com
quê e com quem brincar. Assim, a criança desenvolve os seus interesses, toma decisões,
resolve problemas, corre riscos e torna-se mais autónoma. Também, ao brincar, a
criança exprime a sua personalidade e singularidade, desenvolve curiosidade e
criatividade, estabelece relações entre aprendizagens, melhora as suas capacidades
relacionais e de iniciativa e assume responsabilidades.

Observar e envolver-se no brincar das crianças, sem interferir nas suas iniciativas,
permite ao/à educador/a conhecer melhor os seus interesses, encorajar e colocar desafios
às suas explorações e descobertas. Esta observação possibilita-lhe ainda planear
propostas que partindo dos interesses das crianças os alarguem e aprofundem. Deste
modo, a curiosidade e desejo de aprender da criança vão dando lugar a processos
intencionais de exploração e compreensão da realidade, em que várias atividades se
interligam com uma finalidade comum, através de projetos de aprendizagem
progressivamente mais complexos. Estes, ao integrarem diferentes áreas de
desenvolvimento e de aprendizagem e ao mobilizarem diversas formas de saber,
promovem a construção de alicerces para uma aprendizagem ao longo da vida.

Numa dinâmica de interação, em que se articulam as iniciativas das crianças e as


propostas do educador, brincar torna-se um meio privilegiado para promover a relação
entre crianças e entre estas e o/a educador/a, facilitando o desenvolvimento de
competências sociais e comunicacionais e o domínio progressivo da expressão oral.
Proporciona, de igual modo, outras conquistas, tais como, ter iniciativas, fazer
descobertas, expressar as suas opiniões, resolver problemas, persistir nas tarefas,
colaborar com os outros, desenvolver a criatividade, a curiosidade e o gosto por
aprender, que atravessam todas as áreas de desenvolvimento e aprendizagem na
educação de infância, constituindo condições essenciais para que a criança aprenda com
sucesso, isto é, “aprenda a aprender”.

A concretização de todos estes fundamentos e princípios educativos no dia a dia da


creche e do jardim de infância exige um/a profissional que está atento/a à criança e que
reflete sobre a sua prática, com um interesse contínuo em melhorar a qualidade da
resposta educativa. Neste sentido, a observação e o registo permitem recolher
informações para avaliar, questionar e refletir sobre as práticas educativas
(nomeadamente a gestão das rotinas, a organização do espaço e materiais, a qualidade
das relações estabelecidas), sendo ainda essenciais para conhecer cada criança e a
evolução dos progressos do seu desenvolvimento e aprendizagem. As informações
recolhidas permitem fundamentar e adequar o planeamento da ação pedagógica. A
realização da ação irá desencadear um novo ciclo de Observação/Registo-Planeamento-
Avaliação/Reflexão.

No quadro seguinte, resumem-se os fundamentos e princípios educativos enunciados e


as suas implicações para a ação do/a educador/a de infância.

Elementos fundamentais das metodologias de ensino nos anos iniciais

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