Filosofia

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Desafios éticos contemporâneos

sobre a ciência e a condição


humana

O mundo contemporâneo, com tantas mudanças de paradigmas, criou a


necessidade de revisão constante das maneiras de se orientar. Os fatos não
se encaixam mais em categorias de pensamento arcaicas, criando impasses
éticos.

Para resolver esses impasses éticos, é preciso descobrir novas formas de


percepção da realidade. O ato de pensar é essencial e explica como a arte e
a filosofia oferecem novas formas de ver a Ética.

A filosofia, tem papel central na produção dessas novas perspectivas. A


filosofia é como um exercício de pensamento cotidiano. Essa seria a atividade
reflexiva que é, ou deveria ser, realizada por todos antes de agir.

Os desafios éticos contemporâneos sobre a ciência e a condição humana


são muitos, a começar pelos efeitos colaterais e prejuízos que os avanços
tecnológicos podem causar nos seres humanos.
Avanços genéticos, pesquisas em seres humanos e os malefícios que alguns
avanços podem causar são parte dos desafios éticos contemporâneos,
juntamente com o atual modelo de desenvolvimento econômico.
A humanidade carece de soluções para os problemas que ela própria criou,
tal como a poluição e o desmatamento, juntamente com a criação involuntária
de bactérias e vírus super resistentes.

O desenvolvimento técnico e a ciência não alteram apenas o nosso entorno,


mas a nós, à medida em que usamos e vivemos a partir de uma visão de
mundo que nos é dada pela ciência e pela tecnologia.

A partir deste primeiro movimento, consideramos que vale a pena refletir, por
meio de debate sobre como muitas descobertas científicas tem seu caráter
discutido e até desmerecido por meio da própria tecnologia como, por
exemplo, as fake news disseminando notícias falsas sobre vacinas e por
estas, diminuído sistematicamente a população imunizada de forma que
doenças superadas estão reaparecendo na sociedade contemporânea.

No processo do mundo moderno, a racionalidade dominante, segundo


Adorno, o cálculo limita-se a eficácia do resultado, os números serem
favoráveis. É o tipo de racionalidade, por exemplo, que prevê a rígida
separação entre o progresso da ciência e da técnica e as questões éticas. Ou
seja, na racionalidade técnica voltada para resultados cuja aparência de
neutralidade a imparcialidade seja capaz de legitimar decisões políticas e
sociais fundamentadoras de processos de dominação e exploração. Adorno e
Horkheimer nos convida para pensar a relação dialética entre progresso e
barbárie. Para os filósofos frankfurtianos, a experiência vivida por alemães,
ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, comunistas e judeus nos
eventos do nazismo é revelador de como o desenvolvimento científico e
tecnológico pode produzir ciência e técnica com a finalidade de explorar,
torturar e exterminar eficazmente seres humanos.

A partir da instauração do mundo moderno, a técnica atingiu outra dimensão.


Segundo Silvio Gallo , podemos considerar três momentos de geração da
sociedade tecnológica. No primeiro momento, durante o período do
Renascimento, ocorreu o desencantamento do mundo, ou seja, a retirada do
divino dos eventos naturais com a introdução do método científico no
desenvolvimento de técnicas que ampliaram as possibilidades de construção
de máquinas e equipamentos. Esse evento alavancou uma sociedade que
começava a se estruturar tecnologicamente. A Revolução Industrial pode ser
considerada o segundo momento de realização de uma sociedade
tecnológica, quando, mais do que instrumentalizar a vida com objetos mais
elaborados e mais do que ampliar as velocidades e encurtar distâncias, mais
do que tornar mais leves pesados fardos, o homem passa a ser guiado pela
máquina. O tempo do trabalho já não é mais definido pelo homem, mas pela
máquina. Já não são mais os ritmos naturais que governam a vida humana. A
vida humana ganha um nível de artificialidade até então inédita. O terceiro
momento da instauração da sociedade tecnológica é aquele em que vivemos.
Com a rapidez do processamento de dados pelos computadores, a
subordinação dos homens ao tempo e ao ambiente das máquinas fica cada
vez maior. A sociedade contemporânea se caracteriza, cada vez mais, pela
velocidade das atualizações das máquinas e das informações, tornando o
homem gradativamente mais dependente e obsoleto em relação ao fluxo de
atualizações e informações.

Para que exista uma conduta ética, é necessário que o agente seja capaz de
diferenciar o bem do mal, os quais são mutáveis ao longo do tempo. A esse
diferenciar, damos o nome de Consciência Moral quando também avaliamos,
julgamos as condutas e agimos conforme os padrões morais.

Junto a esse contexto do preservar o coletivo temos, no campo das Ciências,


novas tecnologias que surgiram e rapidamente se desenvolveram nos
campos da Medicina e áreas da Biologia, originando a necessidade de haver
inéditas decisões morais. Como exemplo dessas novas tecnologias, temos
técnicas de ventilação e circulação artificiais, reprodução assistida, terapia
gênica e prolongamento da vida vegetativa de um doente terminal. Em outros
tempos, tais “tecnologias-problemas” nem surgiam: morte inevitável. Mas e
hoje? Quando é ético administrar ou interromper esses cuidados intensivos?
O apelo e impulso provenientes de homens da Ciência, assim como das
tecnologias, foram matérias-primas para o surgimento de uma nova visão
ética – a Bioética.

Implantada numa área de intersecção de vários saberes das tecnociências


(principalmente Biologia e a Medicina), das humanidades (Filosofia, Ética,
Teologia, Psicologia, Antropologia), Ciências Sociais (Economia, Sociologia) e
do Direito, a Bioética transcende o âmbito, o discurso, os métodos e os
objetivos da Ciência, se atentando para a discussão social de grandes
problemas da humanidade.

A transdisciplinaridade da Bioética tende a manter a autonomia e


independência das áreas científicas e das humanistas, respeitando e
aceitando os diferentes métodos, linguagens, objetivos e conclusões, mas,
procurando a sua complementaridade buscando respostas globais para a
defesa da dignidade humana. Esta heterogeneidade de uma sociedade
pluralista de horizontes ideológicos heterogêneos acerca dos valores da vida
e da morte constitui a causa dos problemas Bioéticos.

Questionar a vida, as formas de vida, seu início, desenvolvimento e fim, é


uma tarefa que requer muito cuidado quanto ao local, o grupo e as ideias
apresentadas. Tais “respostas” não podem ser impostas àquele(s) grupo(s)
que discorda(m). É necessário estudar a cultura local para uso futuro do
termo Bioética. A Bioética e suas relações com o mundo podem ser
compreendidas quando analisadas quatro características: atuação social
perante figuras de autoridade, relação dos indivíduos com a sociedade, as
definições e imagens de masculinidade e feminilidade individuais e o como a
sociedade lida com conflitos e incertezas diversos.

Bibliografia
https://efape.educacao.sp.gov.br
http://www1.rc.unesp.br/biosferas/Art0005.html
https://brainly.com.br
jornaldapuc.vrc.puc-rio.br

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