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Research, Society and Development, v. 10, n.

12, e545101220577, 2021


(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20577

Ações de educação em saúde sobre sífilis com adolescentes: revisão integrativa


Health education actions on syphilis with adolescentes: integrative review
Acciones de educación en salud sobre sífilis con adolescentes: revisión integradora

Recebido: 14/09/2021 | Revisado: 20/09/2021 | Aceito: 28/09/2021 | Publicado: 30/09/2021

Débora Campos Soares Araújo


ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3928-0129
Universidade Federal de São João del-Rei, Brasil
E-mail: [email protected]
Daniela Aparecida de Faria
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8938-9371
Universidade Federal de São João del-Rei, Brasil
E-mail: [email protected]
Alisson Araújo
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4623-3745
Universidade Federal de São João del-Rei, Brasil
E-mail: [email protected]

Resumo
Este estudo teve por objetivo analisar as evidências científicas sobre as intervenções de educação em saúde de sífilis em
adolescentes. Revisão integrativa realizada nas bases de dados BVS, PubMED, Science Direct e Web of Science, sem
limite de tempo e sem restrição quanto a data de início da coleta, uma vez que o objetivo foi recuperar o máximo de
artigos possíveis e que descrevessem ações educativas a nível de prevenção da sífilis em adolescentes. Inicialmente
foram identificados 1.377 artigos, mas apenas nove atenderam aos critérios de elegibilidade. A literatura mostrou que
intervenções educacionais como rodas de conversa, jogos e oficinas sobre métodos contraceptivos foram eficazes para
problematizar de forma ativa a participação dos adolescentes bem como uma importante oportunidade de reflexão e
discussão, ampliando o campo de conhecimento deles sobre esses temas. Os jogos educativos foram o recurso de maior
ocorrência encontrado nos estudos e com resultados positivos. Ressalta-se que a escola faz-se um cenário favorável
nesse diálogo, uma vez que, por se tratar de ambiente do cotidiano dos adolescentes, onde permanecem a maior parte
do dia, sentem-se seguros para expressar suas dúvidas, medos e sentimentos. Concluiu-se que existe uma lacuna de
estudos primários na temática envolvida principalmente no público adolescente. Destacando-se desta forma, a real
necessidade de desenvolvimento e aplicação prática de estratégias de educação em saúde na prevenção de sífilis na
adolescência.
Palavras-chave: Educação em saúde; Adolescente; Sífilis.

Abstract
This study aimed to analyze the scientific evidence on health education interventions for syphilis in adolescents.
Integrative review performed in VHL, PubMED, Science Direct and Web of Science databases, no time limit and no
restriction on the date when collection started, since the objective was to retrieve as many articles as possible and
describing educational actions regarding the prevention of syphilis in adolescents. 1,377 articles were initially identified,
but only nine met the eligibility criteria. The literature has shown that educational interventions such as conversation
circles, games and workshops on contraceptive methods were effective in actively questioning the participation of
adolescents, in addition to being an important opportunity for reflection and discussion, expanding their field of
knowledge on these topics. Educational games were the resource most found in studies and with positive results. It is
noteworthy that the school is a favorable environment in this dialogue, since, as it is the daily environment of
adolescents, where they spend most of the day, they feel safe to express their doubts, fears and feelings. It was concluded
that there is a gap in primary studies on the subject that mainly involve adolescents. This highlights the real need for
the development and practical application of health education strategies for the prevention of syphilis in adolescence.
Keywords: Health education; Adolescent; Syphilis.

Resumen
Este estudio tuvo como objetivo analizar la evidencia científica sobre las intervenciones de educación en salud para la
sífilis en adolescentes. Revisión integrativa realizada en las bases de datos VHL, PubMED, Science Direct y Web of
Science, sin límite de tiempo y sin restricción en la fecha de inicio de la recolección, ya que el objetivo era recuperar la
mayor cantidad de artículos posible y describir acciones educativas sobre la prevención de la sífilis en adolescentes.
Inicialmente se identificaron 1.377 artículos, pero solo nueve cumplieron los criterios de elegibilidad. La literatura ha

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(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20577

demostrado que intervenciones educativas como círculos de conversación, juegos y talleres sobre métodos
anticonceptivos fueron efectivas en cuestionar activamente la participación de los adolescentes, así como una importante
oportunidad de reflexión y discusión, ampliando su campo de conocimiento sobre estos temas. Los juegos educativos
fueron el recurso más frecuente encontrado en los estudios y con resultados positivos. Es de destacar que la escuela es
un escenario propicio en este diálogo, ya que, al ser el entorno cotidiano de los adolescentes, donde pasan la mayor
parte del día, se sienten seguros para expresar sus dudas, miedos y sentimientos. Se concluyó que existe un vacío en los
estudios primarios sobre el tema que involucran principalmente a adolescentes. Esto resalta la necesidad real del
desarrollo y la aplicación práctica de estrategias de educación en salud para la prevención de la sífilis en la adolescencia.
Palabras clave: Educación para la salud; Adolescente; Sífilis.

1. Introdução
As infecções sexualmente transmissíveis (IST´s) são consideradas mundialmente um problema de saúde pública e
encontram-se entre as principais doenças transmissíveis mais comuns (Brasil, 2020). Dentre estas, a sífilis, apesar de ser uma
infecção antiga, com diagnóstico e tratamento consolidado, ainda se constitui um grave problema de Saúde Pública por sua
magnitude e epidemiologia mundial (World Health Organization, 2015).
Estima-se que, no mundo, ocorram anualmente cerca de 12 milhões de novos casos de sífilis (WHO, 2016). No
Guideline de tratamento para sífilis da WHO (2016) destaca que dos novos casos anuais de sífilis no mundo, 1,5 a 1,85 milhões
são de gestantes, e que 50% delas têm filhos com resultados adversos devido às consequências da doença. A World Health
Organization (WHO, 2015) adverte sobre os impactos negativos diretos da sífilis, como por exemplo na saúde reprodutiva,
infantil, infertilidade, complicações na gravidez, morbimortalidade nos desfechos materno-fetais bem como maior propensão e
facilitação no desenvolvimento e transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV).
A WHO (2015) instituiu a sífilis como prioridade para implementação de ações de prevenção e controle das IST´s nos
anos de 2016 a 2021 em conformidade com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, no qual lançou o plano
estratégico mundial (2016 a 2021) sobre a abordagem nas IST´s que tem como meta na redução de 90% da incidência de sífilis
até o ano 2030. Da mesma forma, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2016) publicou um plano de ação para
prevenção e controle de HIV/IST, com o objetivo de acelerar a eliminação das epidemias de HIV e IST na Região das Américas
até 2030.
Nesse aspecto, cada país busca definir intervenções baseadas nos aspectos epidemiológicos e sociais locais. No Brasil,
foi implementada a agenda estratégica para redução da transmissão da sífilis a partir de 2016 (ano em que foi anunciada a
epidemia de sífilis pelo Ministério da Saúde) sempre alinhada com as ações da OPAS e WHO (Brasil, 2017).
No Brasil, a situação da sífilis não é diferente dos outros países, os números de casos da infecção são alarmantes e
preocupantes. De acordo com o Novo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (Brasil, 2020) observa-se que a sífilis
adquirida, em 2019, teve uma taxa de detecção de 72,8 casos por 100.000 habitantes. Também em 2019, a taxa de detecção de
sífilis em gestantes foi de 20,8/1.000 nascidos vivos; a taxa de incidência de sífilis congênita, de 8,2/1.000 nascidos vivos; e a
taxa de mortalidade por sífilis congênita, de 5,9/100.000 nascidos vivos. A sífilis congênita no Brasil é um agravo de notificação
compulsória desde 1986 (Luppi et al., 2018), já a sífilis adquirida, é um agravo de notificação compulsória desde 2010.
Ultimamente no Brasil, tem chamado atenção o aumento da prevalência de sífilis em indivíduos em uma fase da vida
bastante distinta: a adolescência. O Ministério da Saúde (Brasil, 2018) em conformidade à Organização Mundial da Saúde
delimita a adolescência como o período entre os 10 a 19 anos. A adolescência é uma fase do ciclo vital no qual ocorrem inúmeras
transformações biopsicossociais. O adolescente manifesta sua sexualidade por meio de diferentes sensações e desejos corporais
ainda desconhecidos, por novas necessidades de relacionamento interpessoais e influência de pares, além de inúmeras
curiosidades e descobertas. Nesse sentido, o comportamento e atitude dos adolescentes encontra-se em processo de formação e
consolidação, tornando desta forma esse segmento populacional vulnerável (Brasil, 2018).

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Diante dos expressivos números da epidemiologia mundial da sífilis e em especial no acometimento na fase da
adolescência, reforça-se a relevância desse agravo como problema de saúde pública. É urgente a necessidade de articular
respostas resolutivas e eficazes, tanto no tratamento quanto na prevenção da doença, onde esta última através de estratégias no
campo da educação em saúde possa de alguma forma produzir impacto satisfatório de redução dos números nesse público. Desta
forma, justifica-se a presente revisão, com vistas a minimamente identificar e fornecer subsídios para o aprimoramento de
estratégias em educação em saúde da sífilis junto a esse grupo, tendo como principal objetivo analisar as evidências disponíveis
sobre as intervenções de educação em saúde na prevenção de sífilis em adolescentes.

2. Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, um tipo de pesquisa que baseia-se na busca de trabalhos relevantes
sobre um determinado assunto, que possibilita identificar lacunas que possam ser preenchidas com a realização de outros estudos
(Sousa, et al., 2020). Este desenho de pesquisa proporciona uma síntese e avaliação crítica sobre a temática investigada,
proporcionando uma organização atual do conhecimento e reflexões para a implementação de novas intervenções na prática
(Mowbray, Wilkinson, Tse, 2015).
A revisão integrativa seguiu as seguintes etapas: a) identificação do tema e formulação da pergunta da pesquisa; b)
estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão dos estudos para amostragem; c) coleta dos dados que foram extraídos dos
estudos; d) análise crítica dos estudos selecionados; e) interpretação dos resultados; f) apresentação da síntese estabelecida e
revisão dos conteúdos (Mendes, Silveira, Galvão, 2008; Honório & Santiago Júnior, 2021).
Para atingir o objetivo proposto, foi definida a seguinte pergunta norteadora: Quais as evidências científicas sobre
intervenções de educação em saúde na prevenção de sífilis em adolescentes? A pergunta do estudo foi elaborada através da
estratégia PICO, no qual considerou-se: População: adolescentes de 10 a 19 anos; Intervenção: estratégias de educação em saúde
para prevenção sífilis; Comparação: não se aplica; “Outcomes”: prevenção da sífilis em adolescentes.
A busca foi realizada por meio dos artigos publicados e indexados em banco de dados eletrônicos da BVS (Biblioteca
Virtual em Saúde), PubMed (US National Library of Medicine National Institutes of Health), Science Direct e Web of Science.
Os artigos comuns às bases de dados pesquisadas foram considerados apenas uma vez. Para a busca nas bases de dados,
utilizaram-se os descritores controlados contidos nos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) da BVS e MeSH (Medical Subject
Headings), das palavras-chave: “Health Education”, “Syphilis”, “Adolescent” e os operadores booleanos associados com os
operadores booleanos AND e OR. As estratégias completas utilizadas em cada bases de dados estão apresentadas no Quadro 1.
Foram considerados elegíveis artigos publicados na íntegra, que contemplassem: a temática, nos idiomas português e
inglês; a população adolescente na amostra; metodologias de educação em saúde abordando sífilis, estudos encontrados na
literatura científica sem limite de tempo e sem restrição quanto a data de início da coleta, uma vez que o objetivo foi recuperar
o máximo de artigos possíveis e que descrevessem ações educativas a nível de prevenção da sífilis em adolescentes. Foram
excluídos os artigos de revisão, as cartas ao editor, teses e dissertações, as notícias e comentários. O levantamento bibliográfico
foi realizado nos meses de maio e junho de 2021.

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Quadro 1: Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados PubMed, BVS, Science Direct e Web of Science. Divinópolis,
MG, 2021.

Base de dados Estratégia de busca

PubMED (("health education"[MeSH Terms] OR ("health"[All Fields] AND "education"[All Fields])


OR "health education"[All Fields]) AND ("adolescent"[MeSH Terms] OR "adolescent"[All
Fields])) AND ("syphilis"[MeSH Terms] OR "syphilis"[All Fields])

BVS (MH:"Educação em saúde" OR (Educação) OR (Health Education) OR (Educación en Salud)


OR MH: I02.233.332 OR MH: N02.421.726.407 OR MH: SP2.021.172 OR MH:
SP8.946.234.289$) AND (MH:"Sífilis" OR (Sífilis) OR (Syphilis) OR (Sífilis) OR MH:
C01.150.252.400.794.840.500 OR MH: C01.150.252.400.840.500 OR MH:
C01.150.252.734.859 OR MH: C12.294.668.281.859 MH: C13.351.500.711.281.859$) AND
(MH:"Adolescente" OR (Adolescente) OR (Adolescent) OR (Adolescente) OR MH:
M01.060.057$)

Science Direct ("Health Education") AND ("adolescent") AND ("Syphilis”)

Web of Science TS= ((health education) OR (adolescent) OR (syphilis)

Fonte: Autores.

Após a elaboração da estratégia de busca, os artigos foram enviados para a plataforma Rayyan (2021) para retirada de
duplicação e leitura dos estudos.
Analisaram-se publicações pesquisadas crítica e independentemente por dois autores D.F. e D.A. As indecisões
referentes à seleção dos artigos foram avaliadas em plenária com a participação de um terceiro pesquisador A.A., até se obter
concordância. Para minimizar os riscos vieses, a busca, a avaliação e a seleção dos estudos se deram por três revisores, e ao final
foi realizada uma discussão para consenso dos artigos a serem incluídos na revisão.
O processo de seleção dos artigos seguiu o Protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and
Meta-Analyses), para o processo de identificação, seleção, elegibilidade e inclusão dos estudos. Todos os estudos selecionados
foram lidos na íntegra.
Para classificar o nível de evidência dos artigos, foi utilizada a categorização da Agency for Health care Research and
Quality (2021) segundo a qual o nível 1 é considerado o de maior força de evidência, no qual são incluídas as metanálises de
múltiplos estudos controlados. Projetos individuais com desenho experimental, como os ensaios clínicos aleatórios, são
considerados de nível 2. Estudos de coorte, caso-controle e quase experimentais, como estudos não randomizados, são
classificados como nível 3. Estudos com desenho não experimental, como os transversais, recebem o nível de evidência 4.
Relatórios de caso são considerados nível 5, e opiniões de autoridades respeitáveis baseadas na competência clínica ou opinião
de comitês de especialistas e interpretações de informações não baseadas em pesquisas estão no nível 6.
A seleção ocorreu por meio de leitura de títulos, resumos e quando necessária, a leitura íntegra dos textos como forma
de selecioná-los de acordo com os critérios de inclusão e exclusão.
No processo de análise foram coletados dados referentes ao periódico (ano de publicação, autores e continente); e ao
estudo (delineamento do estudo, nível de evidência, objetivo, instrumento utilizado, principais resultados).

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Figura 1: Fluxograma Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) sobre a seleção dos
estudos.

Estudos identificados nas bases de


dados eletrônicos
(n = 1.373)
Identificação

Artigos após retirada da duplicação


Triagem

(n = 795)

Artigos selecionados
(Títulos e resumos)
(n = 578)
Elegibilidade

Artigos lidos na integra Artigos excluídos segundo


(n= 56) critérios de elegibilidade
(n = 569)
Incluídos

Artigos incluídos (n= 09)

From:Libertati, et al. The PRISMA statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of studies that evaluate healthcare
interventions: explanation and elaboration. 2009. BMJ, v. 339. doi: https://doi.org/10.1136/bmj.b2700. Fonte: Autores.

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Quadro 2: Informações e características dos estudos incluídos na revisão (n=09).


Ano de Autores/ Objetivo Delineamento do estudo/ Instrumento e metodologia Principais resultados
publicação/ Nível de evidência/
Continente Amostra

2008 Bezerra, E.P., Pinheiro, Estudo transversal Adotou-se como método o Círculo de Cultura, que Apontou que a execução do Círculo de Cultura permitiu
P.N.C., Barroso, M.G.T. foi formado por cinco encontros. Utilizaram-se a que as meninas explorassem e discutissem sobre diversos
América do Nível 4 observação e a observação participante para coleta temas que englobavam sua sexualidade, e que era um
Sul Investigar a sexualidade dos dados, que foram registrados no diário de momento para atividades de educação em saúde com a
das adolescentes através 10 meninas de 14 e 16 anos campo. meta de isentá-las de riscos.
da ação educativa do
enfermeiro na prevenção
de doenças sexualmente
transmissíveis
2009 Gubert, F.A., et al. Estudo transversal Foram realizadas oficinas educativas (quatro) com Os resultados mostraram falhas no conhecimento
30 adolescentes. As oficinas tiveram como propósito relacionadas aos meios de contaminação pelas DST e
América do Discute a utilização de Nível 4 estimular o pensamento e comportamento dos utilização correta de métodos contraceptivos. Também faz
Sul ferramentas educativas participantes a respeito dos temas: sexualidade, referência às questões de gênero que incutem no bem-estar
como técnica de educação Adolescentes 14 a 18 anos gênero, DST/AIDS e métodos contraceptivos. dos jovens estudados. A utilização de ferramentas
em saúde com Estudo do tipo pesquisa-ação, de abordagem educativas estimulou entre os adolescentes uma reflexão a
adolescentes no cenário qualitativa, sustentado no Modelo Pedagógico de respeito da prática da saúde sexual e reprodutiva a partir
escolar. Paulo Freire. das fragilidades percebidas. Recomendou-se através dos
achados, que as dinâmicas de prevenção às DST/AIDS no
cenário escolar, quebrem a visão heterossexista, normativa
e biologicista.
2010 Barbosa, S.M., et al. Estudo Transversal Para as ações educativas, foi usado um jogo Realizada a aplicação do jogo e do pós-teste, verificou-se
semelhante ao dominó, contendo 30 peças com a eficiência da ação educativa participativa. Os dados
América do Expor a utilização de Nível 4 indagações e respostas. Planejado para ser realizado mostraram os alunos, em sua maioria, compreenderam os
Sul jogos educativos como com no mínimo duas pessoas. O jogo, abordou conteúdos debatidos pelo grupo. A utilização do jogo
método de educação em Adolescentes de 14 e 19 anos assuntos referentes à sexualidade dos adolescentes: educativo foi uma tentativa bem sucedida por ter
saúde para adolescentes. conceituação de anatomia feminina e masculina, proporcionado o desempenho do ato educativo por
Estudo exploratório puberdade e adolescência, sexo/sexualidade, intermédio da junção de informações, discussões,
descritivo realizado em DST/HIV/AIDS, gravidez e métodos preventivos. reflexões, interação e participação grupal, na qual os
uma escola pública de adolescentes tiveram a oportunidade de sanar seus
Fortaleza-CE. questionamentos, completar as brechas no conhecimento
em dúvidas relacionadas a sexualidade e prevenção de
DST e AIDS e comunicar-se de forma desinibida,
possibilitando a interação de todos durante a aquisição de
conhecimento.
2012 Wang, B., et al. Estudo transversal Programas de rotina de divulgação da saúde Um total de 8.275 mulheres foram elegíveis, e 3597
(fornecimento de preservativos e materiais de mulheres matriculadas (n = 2011 no braço de controle, n =
Ásia Analisar o efeito de uma Nível 4 educação em saúde); prevenção estrutural 1586 no braço de intervenção) no estudo. A duração média
intervenção estrutural (promoção da saúde na televisão e no jornal para do seguimento foi de 375 dias (intervalo interquartil, 267-

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abrangente integrada Adolescentes do sexo com aumentar a conscientização e comportamentos de 475). A densidade de incidência de sífilis no grupo de
sobre sífilis incidente e idade ≥ 15 anos busca de saúde; triagem regular de sífilis; e maior intervenção foi reduzida em 70% (intervalo de confiança
infecção pelo HIV em 6 conexão entre serviços de IST de divulgação e de 95%, 53%-81%) em comparação com a incidência no
cidades do sul da China, clínica por meio de serviços de referência braço de controle. Os benefícios de intervenção de
tendo como público alvo, aprimorados). prevenção da sífilis foram robustos entre as mulheres
mulheres profissionais do profissionais do sexo em locais de baixa escolaridade,
sexo. indivíduos com menor escolaridade, migrantes e mulheres
que não relataram a utilização de preservativo durante o
último episódio de sexo.
2013 Oliveira, K.N.S, et al. Estudo transversal Questionário (pré-teste) para identificar o Foram realizadas em três encontros, para cada turma,
conhecimento prévio dos adolescentes. Após a totalizando 12 horas, abordando práticas de educação em
América do Investigar o conhecimento Nível 4 conclusão das oficinas, aplicou-se o mesmo saúde sexual, utilizando diversas técnicas que facilitam o
Sul de estudantes de escolas questionário (pós-teste) desenvolvimento de metodologia participativa. Entre elas,
públicas relacionadas a Adolescentes e jovens de 10 a destacam-se: apresentação de peça teatral, um jogo sobre
sexualidade, métodos 24 anos os métodos contraceptivos e, ao final, ocorreu uma
contraceptivos e DST dinâmica em grupo, em que foram trabalhados os
principais questionamentos, apresentados nas ações do
projeto, sobre os aspectos do desenvolvimento puberal e
as implicações da sexualidade.
2014 Andrade, L.D.F, et al. Relato de experiência Roda de conversa, peças de teatro. O uso das metodologias lúdicas facilitaram a
problematização na temática e na troca de experiência.
América do Relatar as experiências Nível 5 Observou-se que as metodologias problematizadoras
Sul vivenciadas durante as como as rodas de conversa, como também as que
ações educativas Adolescentes de 13 a 19 anos demandam métodos lúdicos facilitaram a troca de
desenvolvidas para jovens experiência entre a equipe do projeto e os adolescentes. No
do 8º e 9º ano de uma entanto, ainda há necessidade de ampliar a divulgação das
escola pública sobre a DSTs entre os jovens, bem como capacitar os professores
temática sífilis, suas do ensino fundamental para estarem abordando temáticas
formas de prevenção, relativas ao cuidado em saúde com seus alunos.
diagnóstico e tratamento
2019 Dong, W., et al. Estudo randomizado Entrevista, triagem. O pacote de intervenção incluiu Um total de 1.024 FSWs elegíveis foram inscritos na
promoção de preservativos, teste de HIV e sífilis, pesquisa de linha de base e 843 no acompanhamento. Os
Ásia Reduzir as infecções por Nível 4 reembolso para tratamento de infecção por sífilis e resultados mostraram que a infecção por sífilis foi
HIV /DST entre mulheres terapia anti-retroviral. Receberam atividades de reduzida em 49% no grupo de intervenção em comparação
trabalhadoras do sexo Adolescentes, jovens e adultos extensão de rotina, que incluíam distribuição de com o padrão atual do grupo de cuidados (P = 0,0378, OR
(FSWs) de baixo custo por de 18 a 60 anos preservativos, teste anual de HIV / sífilis e = 0,51, 95% CI: 0,27-0,96). Este estudo demonstrou que
meio de um ensaio de encaminhamento para infecção por HIV / DST intervenções abrangentes podem levar a declínios
intervenção randomizada significativos na infecção por sífilis entre FSWs de baixo
com base na comunidade nível. A integração de medidas de intervenção
de pares combinados comportamentais e biomédicas deve ser considerada ao
realizado em 12 cidades desenvolver programas para FSWs de baixo custo.
em três províncias da
China.

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2020 Fonseca, A.D.M., et al. Relato de experiência A construção da atividade foi baseada em três Foi observado que os alunos, em sua maioria,
momentos. No primeiro momento foi elaborado e desconheciam a doença como sexualmente transmissível
América do Relatar uma ação Nível 5 distribuição de um folder educativo para os alunos, assim como sua prevenção e a existência do teste rápido
Sul educativa por meio de no segundo momento foi aplicado uma tecnologia como forma de diagnóstico, mas já tinham ouvido falar e
tecnologias educacionais Adolescentes de 15 a 17 anos adaptada para a realidade dos estudantes elaborada sabiam que a sífilis tem cura. Ressaltou a relevância de
sobre sífilis adquirida para pelos autores, denominado jogo da memória e, no ações que visem à prevenção da doença através de
estudantes de uma escola terceiro momento foi utilizado como atividade tecnologias inovadoras. Sendo de suma importância para
estadual do Pará complementar a dinâmica dos balões onde que o processo de ensino-aprendizagem se consolide.
estimulou-se uma competição de conhecimentos.
2021 Xing, M.A., Yang, Y., Estudo randomizado caso Ficha de informações dados sociodemográficos, O conhecimento sexual, as atitudes e a autoeficácia de
Chow, K.M., Zang, Y. controle Escala de conhecimento sexual, Questionário de recusa dos alunos foram avaliados antes (T0),
Ásia atitudes sexuais, escala de auto eficácia sexual. imediatamente após (T1) e 1 mês após a intervenção (T2),
Investigar a eficácia de um Nível 1 respectivamente. Os alunos do grupo experimental
programa interativo de Não relata a metodologia utilizada. receberam duas sessões de 40 minutos do programa
educação em saúde sexual Adolescentes de 10 a 19 anos educacional, enquanto o grupo de controle recebeu o modo
e reprodutiva em aspectos usual de educação em saúde sexual e reprodutiva. Em
de conhecimento, atitudes comparação com o grupo de controle, os alunos do grupo
e auto eficácia entre experimental adquiriram mais conhecimento sexual (p
adolescentes. <.01), e desenvolveram atitudes sexuais mais positivas (p
<.05) e maior autoeficácia sexual (p <.05) ao longo do
período de estudo.
Fonte: Autores.

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3. Resultados e Discussão
O levantamento bibliográfico possibilitou a identificação de 1.373 estudos, sendo seis na PubMED, oito BVS, 1.309 na
Science Direct e 50 na Web of Science. Na triagem, foram excluídos 795 artigos duplicados, permanecendo 578 estudos, dos
quais 569 foram excluídos pois não correspondiam a temática e/ou não estavam disponíveis na íntegra, resultando desta forma
uma amostra final de 09 artigos (Figura 1).
Quanto aos dados bibliométricos, no que tange ao continente de origem dos estudos de maior ocorrência (n=6) na
América do Sul (67,00%) seguido de (n=3) na Ásia (33,00%). Quanto ao nível de evidência em sua maioria (n=5) foram estudos
transversais (nível 4) (56,00%) e logo após, (n=2) respectivamente (22,00%) relacionados ao relato de experiência (nível 5) e
estudo randomizado (nível 1).
Observou-se uma lacuna de estudos primários relacionados à metodologia de educação em saúde principalmente voltada
ao público adolescente e de forma especial de prevenção à sífilis. Destacando desta forma, a real necessidade da criação de
estratégias de educação em saúde para adolescentes.
Quanto aos resultados não houve um consenso quanto às metodologias utilizadas de educação em saúde para prevenção
de sífilis em adolescentes. Porém, a metodologia dos jogos foi a de maior ocorrência em 03 dos 09 estudos. Verificou-se também
a real necessidade de traçar ações de educação em saúde para o público adolescente de forma para além da convencional e em
conjunto multissetorial envolvendo a escola, professores, saúde e os pais (Tabela1).
O estudo realizado por Andrade et al., (2014) relatou a experiência dos acadêmicos de enfermagem nas atividades
realizadas junto aos estudantes de uma escola pública sobre a temática da sífilis, provenientes do projeto de extensão
“Aprendendo sobre sífilis: Trabalhando com educação e saúde entre jovens”. A ideia de se trabalhar essa temática se deve ao
fato do aumento no número de jovens com vida sexual ativa e de gravidez na adolescência, associado ao elevado número de
sífilis congênita em todo país.
O projeto se desenvolveu com adolescentes matriculados no 8º e 9º ano do ensino fundamental noturno de uma escola
municipal em Cuité, Paraíba, Brasil. Cada turma continha em média 35 alunos, e a faixa etária dos estudantes estava entre 13 a
19 anos de idade. No que diz respeito à forma de abordagem para essas atividades educativas em saúde, no primeiro momento
utilizou-se recursos como a apresentação de peças teatrais, que foram elaboradas e interpretadas pelas acadêmicas de enfermagem
participantes do projeto, a fim de abordar de maneira mais espontânea e divertida a temática da DST/Sífilis, seu modo de
transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção.
Após a apresentação das peças teatrais, os encontros seguintes foram realizados sobre forma de rodas de conversa (duas
com cada turma). Como a temática da Sífilis está diretamente relacionada à sexualidade e à outras doenças sexualmente
transmissíveis, foram abordados assuntos relativos ao sexo seguro, métodos contraceptivos e AIDS.
Com o andamento do projeto, observou-se que ainda há fragilidade nos serviços de saúde em desenvolverem estratégias
que promovam a educação e saúde entre os jovens. Considerou-se também que o profissional que vai trabalhar com esse público
específico, precisa de um preparo maior, já que as formas de envolvimento, dinâmica de aprendizado e comportamento são muito
peculiares. Outro fato importante observado, é que até mesmo os professores sentiam-se inseguros em abordar temática da DST
e sexualidade entre os alunos, mostrando assim, a necessidade de capacitação entre os professores da educação fundamental
para que estes possam abordar assuntos mais específicos da adolescência, utilizando estratégias mais apropriadas para o
envolvimento desses alunos, criando espaços de diálogo, onde as dúvidas sejam esclarecidas e as informações repassadas
com mais segurança.
Resultados similares ao de Wang et al., (2012), Andrade et al., (2014) e como de Dong et al., (2019) e no de Franco
(2020) relataram também a experiência da implementação de intervenções educacionais para a promoção da saúde sexual e

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reprodutiva do adolescente escolar por meio de estratégias educacionais ativas e inovadoras. Ao final, destacaram a carência no
conhecimento de adolescentes sobre a temática, a intervenção no ambiente escolar mostrou-se um ambiente promissor para o
desenvolvimento de conhecimento sobre práticas saudáveis (Franco, 2020).
Xing, Yang, Chow, Zang, (2021) investigaram a eficácia de um programa interativo de educação em saúde sexual e
reprodutiva em aspectos de conhecimento, atitudes e auto eficácia entre adolescentes. A amostra foi do tipo por conglomerado
estratificado de 469 alunos do ensino médio de duas escolas em uma cidade no leste da China que foram designados para o grupo
experimental (n = 233) e controle (n = 236). Foi avaliado o conhecimento, atitudes e auto eficácia sexual dos adolescentes e
foram avaliados antes (T0) e após (T1) um mês após da intervenção (T2).
Os alunos do grupo experimental receberam duas sessões de 40 minutos do programa educacional, enquanto o grupo
de controle recebeu o modo usual de educação em saúde sexual e reprodutiva. Observou-se que em comparação com o grupo de
controle, os alunos do grupo experimental adquiriram mais conhecimento sexual (p <0,01) e desenvolveram atitudes sexuais
mais positivas (p <0,05) e maior auto eficácia sexual (p <0,05) durante o período de estudo.
Considerou-se que a intervenção educacional realizada demonstrou efeitos positivos no conhecimento. A eficácia do
conhecimento pode ter sido influenciada por duas condições. Em primeiro lugar, os materiais educacionais foram preparados em
linguagem simples e clara, e integrados desenhos animados coloridos e vídeos de animação de uma forma consistente com
formatos ou estilos usuais. Em segundo lugar, uma variedade de estratégias participativas (ou seja, jogo de perguntas,
alternativamente competição cognitiva de conhecimento, discussões em grupo e ferramentas audiovisuais) no qual atendeu à
inclinação dos adolescentes para estímulos de aprendizagem mais dinâmicos e menos abstrato.
O estudo de Wang et al., (2012) analisou o efeito de uma intervenção estrutural abrangente integrada sobre sífilis
incidente e infecção pelo HIV em 6 cidades do sul da China, Todas as mulheres com idade ≥ 15 anos que relataram trocar
dinheiro ou presentes por sexo vaginal, oral ou anal com um homem no último ano foram elegíveis para participar.
As mulheres do grupo controle receberam programas de rotina de divulgação da saúde (ou seja, fornecimento de
preservativos e materiais de educação em saúde), enquanto o grupo de intervenção também recebeu um pacote abrangente de
prevenção estrutural que incluiu o seguinte: promoção da saúde na televisão e no jornal para aumentar a conscientização e
comportamentos de busca de saúde; triagem regular de sífilis para aqueles que não fizeram qualquer triagem nos últimos 3 meses
através de serviços de divulgação mensal nas configurações para incluir mulheres profissionais do sexo fora da coorte; e maior
conexão entre serviços de IST de divulgação e clínica por meio de serviços de referência aprimorados.
Foram detectadas 132 infecções por sífilis incidentes ao longo do estudo, com 109 no grupo controle e 23 no grupo de
intervenção. Este estudo demonstra a eficácia e potenciais benefícios para a saúde pública na prevenção e controle da sífilis,
fornecendo intervenções estruturais abrangentes expandidas para mulheres profissionais do sexo no sul da China.
Dong et al., (2019) relataram uma intervenção em mulheres trabalhadoras do sexo (FSWs) consideradas como “de baixo
custo”, de idades variadas (classificadas no estudo como menores de 35 anos e maiores de 35 anos), onde a faixa etária dita como
“menores de 35 anos” abrange meninas de 18 e 19 anos, uma vez que no estudo, um dos critérios de inclusão foi ser maior de
18 anos e menor de 60 anos de idade. Os autores relatam sobre o alto risco que estas mulheres tem de adquirir o vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e de transmiti-los para a população em geral, o
que aponta para uma necessidade urgente para desenvolver uma intervenção abrangente de medidas voltadas para mulheres
trabalhadoras do sexo de baixa taxa para reduzir infecções por HIV / IST. Um total de 1.024 FSWs elegíveis foram inscritas na
pesquisa de linha de base e 843 no acompanhamento. Participantes receberam o pacote de intervenção (incluindo promoção do
preservativo, teste de HIV e sífilis, reembolso para custos de tratamento de sífilis e terapia anti-retroviral), e as outras
participantes receberam o padrão atual de atendimento. Os resultados mostraram que a infecção por sífilis foi reduzida em 49%
no grupo de intervenção em comparação com o padrão atual do grupo de cuidados (P = 0,0378, OR = 0,51, 95% CI: 0,27-0,96).
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Este estudo demonstrou que intervenções abrangentes podem levar a declínios significativos na infecção por sífilis entre FSWs
de baixo nível.
No estudo realizado por Leite, Murray & Lenz (2015) verificaram que a maior vulnerabilidade desse grupo social
(mulheres profissionais do sexo), ocorre com os parceiros íntimos, não-comerciais. Contudo, foi observado que o foco das
pesquisas e a forma que são feitas geralmente reforçam a ideia de que a vulnerabilidade decorre de seus clientes. Observou-se
também que existem ainda poucos estudos sobre seus contextos de trabalho e fatores estruturais que influenciam práticas sexuais
mais seguras com ambos os tipos de parceiros.
Por fim, os autores concluíram sobre a necessidade de ações, políticas e pesquisas que incluam o ambiente e contexto
nos quais profissionais do sexo trabalham, que reincorporem o arcabouço de direitos humanos e cidadania, e que as profissionais
do sexo devem ser consideradas e tratadas como mulheres, iguais a todas as outras. Assim, as ditas “intervenções estruturais” se
tornariam mais efetivas, e consequentemente haveria uma redução nas IST´s entre essas mulheres.
Os estudos realizados por Barbosa et al., (2010), Oliveira et al., (2013) e Fonseca et al., (2020) corroboram entre si na
estratégia de intervenção e ação educativa. Em ambos os estudos, a metodologia utilizada foram jogos educativos, onde um pré-
teste e um pós- teste foram realizados, antes e após o jogo educativo, com o objetivo de avaliar e estimular o conhecimentos à
cerca da sífilis e outras IST´s (transmissão, sintomatologia, prevenção, entre outros) dos adolescentes em questão.
O estudo transversal de Oliveira et al., (2013) investigou o conhecimento de estudantes de escolas públicas (76
estudantes de idades entre 10 a 24 anos), de um Centro de Ensino Médio Integral, na cidade de Bom Jesus – PI, sobre sexualidade,
métodos contraceptivos e doenças sexualmente transmissíveis. A coleta dos dados aconteceu em três momentos: primeiro, foi
aplicado o questionário (pré-teste); segundo, realizou-se oficinas de prevenção das DST e AIDS ( apresentação de peça teatral;
um jogo sobre os métodos contraceptivos; e, ao final, ocorreu uma dinâmica em grupo, em que foram trabalhados os principais
questionamentos, apresentados nas ações do projeto, sobre os aspectos do desenvolvimento puberal e as implicações da
sexualidade), com a implantação de ações de Educação em Saúde e Orientações sobre as principais DST e suas manifestações
clínicas com grupos de até quinze pessoas sobre as temáticas; e, por último, aplicou-se o mesmo questionário (pós-teste)
objetivando identificar a diferença de conhecimento dos adolescentes. Evidenciou-se conhecimento deficiente sobre métodos
contraceptivos e DST, fato esse que pode torná-los mais vulneráveis em suas práticas sexuais.
O estudo feito por Fonseca et al., (2020) teve como objetivo relatar uma ação educativa por meio de tecnologias
educacionais sobre sífilis adquirida para estudantes de uma escola estadual do Pará. O público alvo foram 58 estudantes, sendo
36 homens e 22 mulheres, na faixa etária prevalente de 15 a 17 anos. A ação educativa ocorreu em três momentos: no primeiro
momento foi elaborado um folder educativo e distribuído para os alunos, de modo que fosse possível acompanhar a apresentação
de uma abordagem geral sobre sífilis. No segundo momento, foi aplicado uma tecnologia adaptada para a realidade dos
estudantes elaborada pelos autores, denominado jogo da memória, um jogo didático montado em 14 pares que apresentavam
fotos e conceitos sobre o tema abordado, para que os estudantes pudessem reconhecer as figuras e relacionar com os respectivos
conceitos. O objetivo do jogo foi promover o reconhecimento através do recurso lúdico, onde o ambiente se torna mais atraente,
além de servir de motivação e estimulo para o aprendizado. No terceiro momento, foi utilizado como atividade complementar a
dinâmica dos balões onde estimulou-se uma competição de conhecimentos.
O estudo revelou um conhecimento superficial dos alunos sobre sífilis como infecção sexualmente transmissível, assim
como, sua prevenção e a utilização de teste rápido para diagnóstico. As principais e mais frequentes dúvidas sobre sífilis estavam
voltadas para sua transmissão, diagnóstico e prevenção. Apesar disso, os participantes já tinham ouvido falar da doença e sabiam
que esta possui cura. Assim sendo, a atividade permitiu a diminuição da vulnerabilidade desses indivíduos diante da sífilis e a
todos os seus agravos. No final da ação educativa baseada nas dinâmicas utilizadas, foi possível perceber a aquisição de

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conhecimentos sobre a sífilis pelos estudantes, podendo ser multiplicadores de informações para seus pares, reforçando desta
forma a relevância da educação em saúde através de tecnologias educacionais destinadas aos adolescentes.
Barbosa et al., (2010) realizaram um estudo exploratório descritivo em uma escola pública de Fortaleza-CE, com 85
adolescentes na faixa etária de 14 a 19 anos, onde foi abordado a prevenção de DST/AIDS, com a finalidade de expor a utilização
de jogos educativos como forma de educação em saúde para o público adolescente.
Como atividade educativa, foi usado um jogo semelhante ao dominó, contendo 30 peças com indagações e respostas
que abordavam assuntos correlacionados à sexualidade dos adolescentes, como: conceitos da anatomia feminina e masculina,
puberdade e adolescência, sexo/sexualidade, DST/HIV/AIDS, gravidez e métodos de prevenção. Inicialmente aplicou-se o pré-
teste, que continha por nove questões de múltipla escolha, com o intuito de estimar o conhecimento dos adolescentes antes da
realização do encontro educativo. Posterior a aplicação do jogo educativo, foram aplicados os formulários de pós-teste, que
continham questões iguais às do pré-teste, de modo a verificar o conhecimento adquirido através do uso do jogo.
Foi relatado que, no que se refere às pessoas com maiores possibilidades de contrair uma DST ou vírus HIV, os
adolescentes apresentam dificuldade de compreensão relacionadas ao fato de que o risco de adquirir qualquer DST caso seu
parceiro esteja infectado é para qualquer pessoa que não se proteja utilizando preservativo durante as relações sexuais. No
pensamento dos adolescentes, a ideia de que os homossexuais e os profissionais do sexo apresentam maior vulnerabilidade à se
infectarem pelo vírus HIV e às DST’s, é predominante.
Os resultados evidenciaram que os alunos, em sua maioria, assimilaram as questões discutidas pelo grupo, embora não
seja possível assumir uma mudança de comportamento. Uma vez que, o comportamento sexual seguro é consequência do nível
de conhecimento aliado ao contexto cultural onde o indivíduo encontra-se e às crenças apresentadas por ele.
Concluiu-se que a utilização de um jogo educativo como técnica de educação em saúde para adolescentes na prevenção
de DST/AIDS foi uma prática bem sucedida, pois favoreceu o desempenho do fenômeno educativo através da junção entre
informação, debate, reflexão, influência recíproca e participação em grupo. Os adolescentes tiveram a oportunidade de sanar as
dúvidas, ocupar espaços do conhecimento relacionados a sexualidade e prevenção de DST e AIDS, e exercer interação de maneira
desinibida, favorecendo a atuação de todos no processo de aprendizado.
Em um estudo de investigação que avaliou as condutas de risco para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em
estudantes do ensino médio, descreveu em seus achados que relacionado ao conhecimento sobre manifestações de ISTs, 62,4%
informaram dor na região genital como sinal de alerta, todavia a presença de feridas e corrimento foi reconhecida por menos de
40% dos adolescentes. Os adolescentes, em sua maioria, já receberam orientações sobre sexualidade e afirmaram possuir
conhecimento sobre ela, porém os resultados demonstram falha no entendimento (Rizzon et al., 2021).
No estudo analítico sobre a elaboração do jogo on-line Papo Reto, realizado por Souza, et al., (2016), destinado a
adolescentes de 15 a 18 anos, teve como resultados as interações de 60 adolescentes de Belo Horizonte e de São Paulo. Exemplos
das potencialidades do jogo foram constituídas para favorecer a abordagem sobre sexualidade com adolescentes por meio da
simulação de realidades, da invenção e da interação. Com base nessas potencialidades, foram discutidas quatro categorias
reflexivas: jogo como dispositivo pedagógico; como simulação de realidades; como dispositivo para a aprendizagem inventiva;
e como o jogo potencializa a interação. Foi possível concluir que o jogo, ao permitir que os adolescentes se arrisquem por novos
caminhos, possibilita que se tornem mais criativos e ativos na produção de sentidos, na criação de seus discursos e nas formas
de pensar, sentir e agir no campo da sexualidade.
O estudo do tipo pesquisa-ação, de abordagem qualitativa de Gubert et al., (2009), teve a intenção de abordar o processo
de educação em saúde através da utilização de tecnologias educativas junto a adolescentes no cenário escolar. O estudo foi
realizado em uma escola pública municipal localizada em Fortaleza-CE, com uma turma de 30 alunos, com idades entre 14 e 18
anos, cursando o segundo ano do ensino médio. As oficinas tiveram o objetivo de promoção da reflexão/ação juntamente com
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os participantes sobre as temas: sexualidade, gênero, DST/AIDS e métodos contraceptivos. Através dos resultados foi possível
perceber brechas no conhecimento relacionadas às maneiras de adquirir as DST´s e uso correto de métodos contraceptivos. Outro
quesito levantado faz referência às questões de gênero que aparentam influir na qualidade de vida dos jovens estudados.
A utilização de recursos educativos pôde atiçar entre os adolescentes, uma reflexão relacionada a vivência da saúde
sexual e reprodutiva a partir das fragilidades detectadas. O trabalho se deu a partir do processo dialético entre o diálogo e
elaboração das vivências referentes à sexualidade. A primeira fase do estudo caracterizou-se pela observação e escuta dos
adolescentes através de uma roda de conversa para se obter uma visão do interesse do grupo e apresentação dos objetivos do
Projeto. Por conseguinte, os adolescentes tiveram um debate sobre os temas que mais lhe interessavam, voltados à Saúde Sexual
e Reprodutiva. Em seguida, foram desenvolvidas as oficinas educativas apoiadas no Círculo de Cultura, abordando as temáticas
escolhidas pelos adolescentes. A realização das oficinas deu-se através da Análise da Demanda – Levantamento; Pré-análise da
Problemática do Contexto e do Grupo – Planejamento; Levantamento dos Temas-Geradores e Definição do Foco – Execução e
Avaliação.
O propósito foi de despertar os jovens a uma reflexão crítica e problematizadora, permitindo que os saberes individuais
fossem coletivizados numa experiência comum. Para discussão sobre as DST, foram apresentados folderes veiculados pelo
Programa Nacional de DST/AIDS, contendo informações sobre as doenças e formas de contágio, além de álbum seriado
ilustrado. Tais materiais, em conjunto com as informações discutidas pelo grupo, favoreceram o processo de comunicação entre
os adolescentes e as pesquisadoras acerca de DST e AIDS. Foi reforçado no estudo, a necessidade do Enfermeiro em produzir
novas tecnologias educacionais, extrapolando as atividades de educação em saúde baseada em ações pontuais e que não
reconhecem as verdadeiras necessidades, desejos e aspirações de seus integrantes.
Na revisão integrativa realizada por Barreto et al, (2016) notou o enfoque de produções que abordavam as ações de
educação em saúde, no que diz respeito à saúde sexual do adolescente, preferencialmente, em âmbito escolar. E, foi relatado
pelos autores que, de acordo com a literatura consultada, este é considerado um ambiente favorável e privilegiado para efetivar
ações de promoção da saúde, em razão da sua capilaridade e abrangência, contribuindo para a elaboração de valores pessoais,
crenças, conceitos e maneiras de conhecer o mundo, influenciando diretamente na produção social da saúde para a concretização
de ações de promoção da saúde voltadas para o fortalecimento das capacidades dos indivíduos para a tomada de decisão adequada
à sua saúde e à comunidade. Contudo, direcionar as ações de promoção da saúde ao adolescente tendo a escola como um campo
prioritário pode ser um fator limitante da atuação dos profissionais de saúde em outros contextos políticos e sociais.
Beserra et al., (2008) realizaram uma pesquisa qualitativa com objetivo de investigar a sexualidade das adolescentes a
partir da ação educativa do enfermeiro na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis que foi realizada em uma escola
pública em Fortaleza-CE com 10 meninas entre 14 e 16 anos.
Adotou-se como método o Círculo de Cultura, que foi formado por cinco encontros com duração de cinquenta minutos,
abordando os temas: adolescência, sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, vida sexual segura e uso do preservativo.
O primeiro encontro foi constituído por palavras geradoras, que são ditas pelos próprios participantes do grupo. Essas palavras
significam o contexto real no qual os educandos vivem, sendo essenciais para a condução do Círculo de Cultura e para a
realização dos encontros posteriores. O segundo encontro envolveu a integração das palavras geradoras, quando se dialogaram
temas do interesse das jovens. No terceiro encontro houve abordagem das doenças sexualmente transmissíveis. No quarto
encontro, ocorreram discussões diversas, refletindo-se sobre temas que contemplavam a saúde sexual e reprodutiva das
adolescentes. O quinto encontro focou a avaliação do processo.
Observou-se que as meninas associam o sexo à sexualidade de forma predominante e que tinham pouca compreensão
das vulnerabilidades que estavam expostas numa prática sexual desprotegida. Evidenciou-se que a execução do Círculo de

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Cultura permitiu que as meninas explorassem e discutissem sobre diversos temas que englobavam sua sexualidade, e que era um
momento para ações de educação em saúde com a meta de isentá-las de riscos.
O estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado por Monteiro & Vieira (2015), com adolescentes escolares
de uma escola pública localizada em Recife/PE, teve como objetivo, relatar a experiência na realização de atividades de educação
em saúde escolar, também utilizando a metodologia de Círculos de Cultura de Paulo Freire sobre as IST´s e sexo seguro. A
atividade despertou responsabilidade social dos adolescentes com as questões de sua saúde na prevenção e controle das IST’s.
Eles demonstraram interesse, participando e questionando sobre os assuntos em questão. As autoras relatam que foi observado
um resultado positivo e foi verificado o domínio do conteúdo pelos escolares. Concluíram que, por meio da metodologia do
Círculo de Cultura, novos conhecimentos sobre as temáticas foram adquiridos e mesmo que não gerem uma mudança de
comportamento imediata, podem contribuir para um repensar de suas práticas e atitudes para o futuro.
Já a pesquisa realizada por Vieira et al., (2021) objetivou identificar a prevalência do início da atividade sexual em
adolescentes e a prática de sexo seguro entre eles, destacou que a idade média da sexarca foi de 14,1 anos, e houve a tendência
de iniciação sexual precoce no sexo masculino. Um terço das primeiras relações sexuais foram desprotegidas (33,9%). As
participantes do sexo feminino apresentavam maior conhecimento a respeito de contracepção e prevenção de doenças, contudo,
menor adesão ao uso de preservativos e maior utilização de contraceptivos orais e de emergência.

4. Considerações Finais
Através deste estudo, percebeu-se que são poucos os estudos com a temática que envolve a educação em saúde na
prevenção de sífilis em adolescentes. Essa observação é importante, pois a fase de vida em que se encontra o indivíduo influencia
diretamente na experiência, vivência e no processo ensino-aprendizagem dos participantes das atividades educativas.
Não houve um consenso relativo as estratégias utilizadas. Porém, a de maior ocorrência foi por meio dos jogos
educativos como estratégia de educação em saúde na prevenção de sífilis em adolescentes.
Como limitação desse estudo, observou-se ausência de estudos primários nessa temática e público envolvido.
Destacando-se desta forma, a real necessidade no desenvolvimento e aplicação prática de estratégias de educação em saúde na
prevenção de sífilis na adolescência. Observou-se também que o ambiente escolar mostrou-se como mediador chave importante
na educação sexual e prevenção de IST’s em adolescentes.
Conclui-se então que há necessidade de mais estudos no mundo para fornecer mais informações sobre a temática
abordada, principalmente trabalhos realizados em países em desenvolvimento como os da América Latina, Ásia e África. Dentre
esses, os estudos com ensaios clínicos randomizados são muito necessários pois oferecem um aporte mais consistente em
evidências científicas. São imprescindíveis trabalhos que tratem especificamente sobre a população adolescente, pois esta possui
especificidades bem definidas da própria faixa etária, muito distintas da população adulta. Necessita-se que essa população
adolescente possa ser estudada e discutida considerando suas especificidades. É muito importante que esses novos estudos
também trabalhem mais com desenhos metodológicos de nível de evidência científica mais elevado, pois a comprovação nesses
trabalhos é muito mais fidedigna. Além da necessidade de desenvolvimento e aplicação prática dessas estratégias em localidades
assoladas por casos de sífilis na adolescência, estreitando a cooperação de países desenvolvidos com os países não desenvolvidos,
principalmente a África.

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