A crônica descreve a chegada do autor à Paraíba e seu encontro com uma grande aranha no quarto do hotel. Apesar de saber que a aranha não era venenosa, o autor ficou muito inquieto com sua presença. Ele tenta distrair-se com um passeio noturno à praia, onde vê crianças dançando e tocando música, mas continua preocupado com a aranha.
A crônica descreve a chegada do autor à Paraíba e seu encontro com uma grande aranha no quarto do hotel. Apesar de saber que a aranha não era venenosa, o autor ficou muito inquieto com sua presença. Ele tenta distrair-se com um passeio noturno à praia, onde vê crianças dançando e tocando música, mas continua preocupado com a aranha.
A crônica descreve a chegada do autor à Paraíba e seu encontro com uma grande aranha no quarto do hotel. Apesar de saber que a aranha não era venenosa, o autor ficou muito inquieto com sua presença. Ele tenta distrair-se com um passeio noturno à praia, onde vê crianças dançando e tocando música, mas continua preocupado com a aranha.
A crônica descreve a chegada do autor à Paraíba e seu encontro com uma grande aranha no quarto do hotel. Apesar de saber que a aranha não era venenosa, o autor ficou muito inquieto com sua presença. Ele tenta distrair-se com um passeio noturno à praia, onde vê crianças dançando e tocando música, mas continua preocupado com a aranha.
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O MELHOR AMIGO também não tem nenhum direito
nesta casa – pensava. Um dia ainda
faço um estrago louco. Meu único A mãe estava na sala, amigo, enxotado desta maneira! costurando. O menino abriu a porta – Que diabo também, nesta da rua, meio ressabiado, arriscou casa tudo é proibido! – gritou, lá do um passo para dentro e mediu quarto, e ficou cautelosamente a distância. esperando a reação da mãe. Como a mãe não se voltasse – Dez minutos – repetiu ela, para vê-lo, deu uma corridinha em com firmeza. direção de seu quarto. – Todo mundo tem cachorro, – Meu filho? – gritou ela. só eu que não tenho. – O que é – respondeu, com o – Você não é todo mundo. ar mais natural que lhe foi possível. – Também, de hoje em diante – Que é que você está eu não estudo mais, não vou mais carregando aí? ao colégio, não Como podia ter visto alguma faço mais nada. coisa, se nem levantara a cabeça? – Veremos – limitou-se a mãe, Sentindo-se perdido, tentou ainda de novo distraída com a sua costura. ganhar tempo. – A senhora é ruim mesmo, – Eu? Nada… não tem coração! – Está sim. Você entrou – Sua alma, sua palma. carregando uma coisa. Conhecia bem a mãe, sabia Pronto: estava descoberto. que não haveria apelo: tinha dez Não adiantava negar – o jeito era minutos para brincar com seu novo procurar comovê-la. Veio amigo, e depois… ao fim de dez caminhando desconsolado até a minutos, a voz da mãe, inexorável: sala, mostrou à mãe o que estava – Vamos, chega! Leva esse carregando: cachorro embora. – Olha aí, mamãe: é um – Ah, mamãe, deixa! – filhote… choramingou ainda: – Meu melhor Seus olhos súplices amigo, não tenho mais aguardavam a decisão. ninguém nesta vida. – Um filhote? Onde é que você – E eu? Que bobagem é essa, arranjou isso? você não tem sua mãe? – Achei na rua. Tão bonitinho, – Mãe e cachorro não é a não é, mamãe? mesma coisa. Sabia que não adiantava: ela – Deixa de conversa: obedece já chamava o filhote de isso. Insistiu a sua mãe. ainda: Ele saiu, e seus olhos – Deve estar com fome, olha prometiam vingança. A mãe chegou só a carinha que ele faz. a se preocupar: meninos nessa – Trate de levar embora esse idade, uma injustiça praticada e eles cachorro agora mesmo! perdem a cabeça, um recalque, – Ah, mamãe… – já compondo complexos, essa coisa. uma cara de choro. – Pronto, mamãe! – Tem dez minutos para botar E exibia-lhe uma nota de vinte esse bicho na rua. Já disse que não e uma de dez: havia vendido seu quero animais aqui em casa. Tanta melhor amigo por trinta dinheiros. coisa para cuidar, Deus me livre de – Eu devia ter pedido ainda inventar uma amolação cinquenta, tenho certeza que ele dessas. dava murmurou, pensativo. O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima. Voltou para o quarto, emburrado: A gente Leia a Crônica de Mário de Andrade. Um velhote movia o torneio batendo O caso da aranha no bumbo e tirando solfa. Mas o ganzá era batido por um paizote que Este primeiro dia de Paraíba tem não tinha 6 anos, coisa admirável. que ser consagrado ao caso da Que precocidade rítmica, puxa! O piá aranha. Não é nada importante, cansou, pediu pra uma menina fazer a porém me preocupou demais e o parte dele. Essa teria 8 anos certos, turismo sempre foi manifestação mas era uma virtuose no ganzá. egoística e individualista. Palavra que inda não vi, mesmo nas Cheguei contente na Paraíba com nossas habilíssimas orquestrinhas os amigos, José Américo de Almeida, maxixeiras do Rio, quem exercesse a Ademar Vidal, Silvino Olavo me paraibaninha na firmeza, flexibilidade abraçando. Ao chegar no quarto pra e variedade de mover o ganzá. Custei que meus olhos se lembraram de sair dali. olhar pra cima? Bem no canto alto da Os coqueiros soltos da praia me parede, uma aranha enorme, mas puseram em presença da aranha. O enorme. passeio estava sublime por fora, mas Chamei um dos amigos, Antônio eu estava impaciente, querendo voltar Bento, pra indagar do tamanho do pra ver se acabava duma vez com o perigo. Não havia perigo. Era uma problema da aranha. dessas aranhas familiares, não E fiquei em presença da aranha mordia ninguém, honesta e outra feita. Olhei pro lugar dela, não a trabalhadeira lá ao jeito das aranhas. vi. Foi-se embora, imaginei. De Quis me sossegar e de fato a razão repente vi a aranha mais adiante. sossegou, mas o resto da minha Está claro que a inquietação entidade, sossegou, mas foi nada! Eu redobrou. De primeiro ela ficara estava com medo da Aranha. Era imóvel, sempre no mesmo lugar. uma aranha enorme. Agora estava noutro, provando a Tomei banho, me vesti etc. fui possibilidade de chegar até meu sono jantar, voltei pro quarto arear os sem defesa. Pensei nos jeitos de dentes, ver no espelho se podia sair matá-la. Onde ela estava era pra um passeinho até a praia de impossível, quarto alto, cheio de Tambaú, mas fiz tudo isso aranha. quarto alto, cheio de frinchas e de Quero dizer: a aranha estava badulaques, incomodar os outros qualificando minha vida, me hóspedes fazer barulho. A aranha deu inquietava enormemente. de passear, eu olhando. Se ela Passeei de um passeio chegar mais perto, mato mesmo. Não surpreendente na Lua-cheia. Logo de chegou. Fez reconhecimento e se entrada, pra me indicar a escondeu. Deitei, interrompi a luz e possibilidade de bom trabalho musical meu cansaço adormeceu, por aqui, topei com uns sons dum organizando a razão. coco. O que é, o que não é: era uma Faz pouco abri os olhos. A aranha crilada gasosa dançando e cantando estava sobre mim, enorme, lindos na praia. Gente predestinada pra olhos, medonha, temível, eu nem dançar e cantar, isso não tem dúvida. podia respirar, preso de medo. A Sem método, sem os ritos aranha falou: coreográficos do coco, o pessoalzinho - Je t’aime. dançava dos 5 anos aos 13, no mais!