PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2022.0000964458
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº
1002634-80.2022.8.26.0292, da Comarca de Jacareí, em que é apelante BANCO
SAFRA S/A, é apelado RICARDO SANTOS DA SILVA (JUSTIÇA GRATUITA).
ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 18ª Câmara de Direito
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:
Conheceram em parte do recurso e, na parte conhecida, negaram-lhe
provimento. V.U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Desembargadores ISRAEL GÓES
DOS ANJOS (Presidente sem voto), ERNANI DESCO FILHO E CARLOS
ALBERTO LOPES.
São Paulo, 24 de novembro de 2022.
HELIO FARIA
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação: 1002634-80.2022.8.26.0292
Comarca: Jacareí
Juízo de origem: 1ª Vara Cível
Juiz prolator: Ana Paula de Queiroz Aranha
Processo: 1002634-80.2022.8.26.0292
Apelante: Banco Safra S/A
Apelado: Ricardo Santos da Silva (Justiça Gratuita)
APELAÇÃO CÍVEL. Ação revisional de contrato
bancário/financiamento de veículo. Sentença de parcial
procedência para declarar a nulidade da cláusula contratual
referente à tarifa de seguro prestamista, bem como para
determinar a devolução simples dos valores pagos a maior,
cobrados a título de comissão de permanência, com o recálculo
do débito e a compensação daquilo que foi cobrado
indevidamente. Insurgência do réu. Inadmissibilidade. Não
conhecimento dos pedidos de nulidade da sentença, por vício
extra petita, e de compensação de valores. Matérias estranhas.
Sentença que determinou o afastamento da cobrança de
comissão de permanência cumulada com outros encargos
moratórios e condenou o réu à devolução do valor representado
pela referida tarifa. Encargos moratórios que revelam a
cobrança da comissão de permanência não cumulada com
outros encargos. Juros moratórios, todavia, que foram
pactuados em 0,2913% ao dia, durante o período de
inadimplência, comportando redução para 12% ao ano. Seguro
prestamista. Cobrança indevida. Ausência de prova, por parte
da casa bancária, de que a contratação do seguro se deu de
forma livre e voluntária. Consideração do entendimento
sedimentado no STJ por ocasião do julgamento do REsp
1.639.320/SP, sob o rito do recurso repetitivo. Nos contratos
bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a
contratar seguro com a instituição financeira ou com
seguradora por ela indicada. No caso concreto, ainda que
conste proposta de adesão em documento apartado, o réu não
apresentou quaisquer documentos que indiquem que o
requerente tinha liberdade para escolher a seguradora com
quem celebraria o contrato em questão, restando demonstrada a
prática da venda casada. Irresignação quanto à distribuição da
sucumbência. Inadmissibilidade. Autor vencido em parte,
quanto ao benefício econômico pretendido inicialmente.
Distribuição entre ambas as partes. Inteligência do artigo 86 do
Código de Processo Civil. Sentença mantida. Aplicação do
artigo 252 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo. Recurso conhecido em parte, e não provido
na parte conhecida.
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 2
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VOTO Nº 26410
Trata-se de apelação interposta contra a r.
sentença de fls. 239/244, cujo relatório se adota, que nos autos de ação
revisional de contrato bancário, julgou parcialmente procedentes os
pedidos, cujo dispositivo restou assim proferido:
“Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a
ação, com resolução de mérito, nos termos do artigo
487, inciso I, do Código de Processo Civil, para: I -
determinar que a comissão de permanência seja
composta e limitada à soma dos juros moratórios de
1% ao mês, dos juros remuneratórios previstos no
contrato para o período de normalidade e da multa de
2%, em relação às prestações vencidas e não pagas,
nos termos da Súmula 472 do C. STJ, com o recálculo
do débito e a compensação daquilo que foi cobrado
indevidamente e com a devolução dos valores de forma
simples, com atualização monetária desde a data do
efetivo desembolso e juros de mora de 1% ao mês
desde a citação, II declarar a ilegalidade da cobrança do
seguro prestamista; III condenar a parte ré a restituir à
parte autora o valor R$533,70 (seguro), de forma
simples, atualizado monetariamente pela tabela do
TJSP desde a data de cada desembolso e acrescido de
juros de mora de 1% ao mês contados da citação e IV
declarar a validade das demais cláusulas.
Consideram-se ambas as partes sucumbentes,
condenando-as ao pagamento das custas e despesas
processuais, corrigidas desde o desembolso, repartindo-
as igualitariamente. Em relação aos honorários
advocatícios (CPC, art. 85, §2º, parte final, inc. III e IV,
e §14, parte final), (a) a parte a autora pagará à parte
ré o valor de R$600,00 e (b) a parte a ré pagará à
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parte autora o valor de R$600,00. Em ambas as
hipóteses, suspende-se o pagamento da verba caso
estejam elas ao abrigo dos benefícios da gratuidade,
ressalvada a hipótese prevista no artigo 98 e seus
parágrafos 2º e 3º do Código de Processo Civil (Lei
13.105/15)”.
O requerido aportou embargos de declaração às
fls. 247/277, acompanhado dos documentos de fls. 278/645, os quais
foram rejeitados (fl. 651).
Inconformado, apela o réu (fls. 653/697)
defendendo a prevalência do pacta sunt servanda.
Alega que “não houve qualquer modificação das
cláusulas, ou alteração da política econômica que tenha tornado o
contrato excessivamente oneroso ou tenha causado o desequilíbrio
contratual que ensejasse a sua revisão” (fl. 659).
Defende a inexistência da cobrança de comissão de
permanência.
Argumenta que a sentença guerreada é extra petita,
pois, apesar de inexistir pedido da parte apelante quanto à limitação dos
juros moratórios, “a r. sentença restou justificada na revisão dos juros
moratórios ora contratados livremente entre as partes” (fl. 667).
Afirma que “não há o que se falar na
aplicabilidade da limitação dos juros moratórios em 1% ao mês, com
fundamento na Súmula 379 do STJ, já que o contrato discutido na ação
é regido por lei especial” (fl. 671).
Discorre sobre a legalidade da cobrança da tarifa
de seguro, salientando que “houve contradição na r. sentença, pois,
ocorreu a anuência da parte comprovada através da apólice do seguro e,
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omissão ao não apreciar que a parte firmou a Apólice de seguro
livremente, pois não era uma condicionante para liberação do crédito”
(fl. 683).
“Imperioso ressaltar, ainda, que a Apelante é
parte absolutamente ilegítima para devolver qualquer valor a título de
prêmio securitário, isso porque o prêmio não é a ele dirigido, e sim a uma
Seguradora do mercado nacional que ofereça ditas garantias para
eventos futuros” (fl. 685).
Aduz que não houve pagamento indevido, não
havendo falar em repetição do indébito.
Pleiteia, ainda, a aplicação do parágrafo único do
artigo 86 do Código de Processo Civil, a fim de que seja imputada ao
apelado a integralidade das custas e dos honorários advocatícios.
Bate-se pelo prequestionamento da matéria
aventada e pela reforma da sentença nos pontos supra atacados, julgando-
se totalmente improcedente a ação revisional, com alteração dos ônus
sucumbenciais. Subsidiariamente, requer a compensação dos valores
considerados indevidos.
Recurso tempestivo, preparado e respondido (fls.
835/843).
É o relatório.
Ricardo Santos da Silva promoveu ação revisional
de cláusulas contratuais em face de Safra Financeira S.A., referente ao
contrato de financiamento de veículo/cédula de crédito bancário, para a
aquisição de um automóvel marca Chevrolet, modelo Onix, ano-modelo
2018, firmado em 07 de agosto do ano 2019 e acostado às fls. 188/189,
no valor de R$ 45.900,00, valor de entrada de R$ 9.200,00, valor líquido
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liberado de R$ 36.700,00, em 48 parcelas de R$ 1.160,24, com
vencimento da primeira prestação em 07/09/2019, contendo juros de
1,47% ao mês e 19,18% ao ano, custo efetivo mensal de 1,82% e anual
de 24,19%, tarifa de registro de contrato de R$ 154,13, tarifa de cadastro
de R$ 870,00, tarifa de avaliação de bem de R$ 150,00, seguro de R$
533,70, IOF de R$ 982,04 e IOF adicional de R$ 144,53.
Aduziu o autor na inicial que o réu teria cobrado
juros de 1,70%, acima da taxa pactuada no contrato (1,47%).
Afirmou que recalculando as 48 prestações com
base na taxa de juros avençada, qual seja, 1,47% ao mês, o valor desta
seria de R$ 1.104,05, de forma que há uma diferença de R$ 56,19 por
parcela.
Argumentou a abusividade na cobrança das tarifas
administrativas.
Requereu, ao final, a revisão do contrato para que
fossem declaradas nulas as cláusulas abusivas, com a condenação do
requerido a restituir em dobro os valores referentes aos encargos
indevidamente cobrados.
Atribuiu à causa o valor de R$ 8.809,67, fls. 1/18.
Com a inicial trouxe os documentos de fls. 19/49.
Tutela antecipada indeferida às fls. 50/51.
Citado (fl. 59), o requerido apresentou resposta
(fls. 60/215). Impugnou a concessão da gratuidade à parte autora.
Suscitou, em preliminar, a inépcia da inicial. No mérito, alegou que o
contrato foi regularmente firmado pelo requerente, que tinha pleno
conhecimento de todos os encargos, comissões e juros contratados.
Afirmou que não há cláusulas abusivas e que o valor cobrado está em
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conformidade com a legislação pertinente ao assunto e com o contrato
pactuado entre as partes. Requereu a improcedência da ação.
Após a réplica (fls.219/230), as partes foram
intimadas a indicar provas (fls.233), tendo ambas se manifestado,
dispensando-as (fls. 234/237 e 238).
Na sequência, sobreveio o r. decisório
monocrático de fls. 239/244 que acolheu em parte a pretensão inicial nos
termos retro mencionados, o que deflagrou o presente inconformismo.
Examinados os autos, todavia, evidencia-se que a
r. sentença apreciou a questão controversa com inegável acerto,
merecendo integral confirmação.
Em primeiro lugar, observo que o requerido
insurge-se quanto o acolhimento da pretensão de limitação dos juros
moratórios, aduzindo, ainda, ser necessária a compensação dos valores,
conforme preceitua o artigo 368, do Código Civil.
A sentença recorrida, todavia, conferiu parcial
provimento à demanda para condenar a ré à devolução do valor
representado pela tarifa de seguro, bem como para determinar a
devolução simples dos valores pagos a maior, cobrados a título de
comissão de permanência, com o recálculo do débito e a compensação
daquilo que foi cobrado indevidamente.
No ponto, tal como constou da sentença
guerreada - fl. 241:
“Quanto às taxas de juros, vale ressaltar que as
instituições financeiras estão autorizadas a cobrar
índices superiores aos legais (12% ao ano), haja vista
que, nesse particular, estão sob a regência da Lei
4.595/64, conforme reiteradamente vem decidindo a
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jurisprudência, inclusive o Supremo Tribunal Federal
(Súmula 596) e o Superior Tribunal de Justiça (Súmula
296).
Não há que se falar, então, em aumento arbitrário do
lucro (Lei 8.884/94, artigos 20 e 21) e 'spread'
excessivo, o primeiro, porque não se pode afirmar ser
'arbitrário' o que é praticado por todo o mercado e, o
segundo, porque autorizado pela jurisprudência.
E no que se refere ao limite constitucional dos juros, de
12% ao ano, anota-se que o Supremo Tribunal Federal
já pacificou a questão ao editar a Súmula Vinculante nº
07, segundo a qual o referido dispositivo da
Constituição Federal não era autoaplicável”.
Importante esclarecer que o decisum declarou a
abusividade da taxa de juros moratórios de 0,2913% ao dia, o que
significa 8,739% ao mês, para o período de inadimplência, sem prejuízo
da incidência dos juros remuneratórios previstos no contrato para o
período de normalidade, juros de mora de 1% ao mês e multa contratual
de 2% (fl. 242).
Desta feita, imperiosa a conclusão de que o
recurso de apelação mostra-se absolutamente inócuo em relação aos
pedidos de nulidade da sentença, por vício extra petita, e de
compensação de valores, carecendo, portanto, o demandado de interesse
recursal nestes aspectos, não merecendo conhecimento sua irresignação.
Passo à apreciação dos demais pedidos.
A aplicação da comissão permanência foi bem
esclarecida pelo E. Ministro Ari Pargendler, na Relatoria do REsp nº
834.968/SP:
“A comissão de permanência é formada por três
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parcelas, a saber: 1) juros que remuneram o capital
emprestado juros remuneratórios); 2) juros que
compensam a demora no pagamento (juros
moratórios); e 3) se contratada, a multa (limitada a
dois por cento, se ajustada após o advento do Código
de Defesa do Consumidor) que constitui a sanção pelo
inadimplemento”.
Em vista disto, conclui-se que é vedada a cobrança
simultânea de comissão de permanência com correção monetária, juros
remuneratórios e moratórios, mesmo porque ela já é constituída por tais
encargos.
No caso em apreço, a cláusula 6ª do ajuste prevê a
cobrança de juros remuneratórios, juros moratórios e multa contratual de
2%, os quais revelam a cobrança de comissão de permanência não
cumulada com outros encargos (fl. 189).
Todavia, em letras mínimas no item V,
“Características da Operação”, está prevista a cobrança de juros de mora
de 0,2913% ao dia, o que significa 8,739% ao mês. Dessa forma, tendo
em vista que os juros moratórios, durante o período de inadimplência,
superam o valor legal, comportam redução para 12% ao ano.
Nesse sentido bem observou o MM. Juízo:
“Anota-se que a comissão de permanência não pode
ser cumulada com correção monetária ou outros
encargos, pois a jurisprudência é farta no sentido de que
é possível a incidência de comissão de permanência,
desde que pactuada, não cumulada com demais
encargos moratórios ou remuneratórios e com correção
monetária (Precedentes do STJ nesse sentido, de acordo
com o enunciado das Súmulas 30, 294 e 296).
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 9
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Ocorre que no presente caso, a cláusula 4 (fls. 35),
prevê que, em caso de atraso no pagamento, o valor
inadimplido será acrescido de juros remuneratórios à
taxa prevista no item “taxa de juros efetiva” do
preâmbulo, capitalizados dia a dia, juros moratórios
pactuados à taxa prevista no item “juros de mora” do
preâmbulo, capitalizados dia a dia, devidos sobre o total
do débito atualizado e multa contratual de 2% sobre o
valor do débito.
Cabe ressaltar que no contrato não há menção de
aplicação de comissão de permanência.
Pode ser dito que esse sistema é uma forma disfarçada
e indevida de cobrar comissão de permanência e ainda
cumulada com outros encargos moratórios, que estão
escondidos e embutidos na taxa abusiva de 0,2913% de
juros moratórios ao dia (8,739% ao mês). No entanto, os
juros moratórios não podem ultrapassar o percentual de
1% ao mês.
É o caso de se aplicar a Súmula 472 do E. STJ que
impede a cumulatividade dessa comissão de
permanência disfarçada com outros encargos moratórios
e ainda determina que a comissão de permanência não
pode ultrapassar a soma dos juros remuneratórios
previstos no contrato; dos juros moratórios, que devem
ser de 1% ao mês e da multa que também tem caráter
moratório.
Cumpre dizer que é o caso de limitar os juros
moratórios em 1% ao mês, conforme dispõe a Súmula
379 do STJ: “Nos contratos bancários não regidos por
legislação específica, os juros moratórios poderão ser
convencionados até o limite de 1% ao mês”.
Dessa forma, a comissão de permanência deve ser
composta e limitada à soma dos juros moratórios de 1%
ao mês, dos juros remuneratórios previstos no contrato
para o período de normalidade e da multa de 2%, em
relação às prestações vencidas e não pagas” (fl. 242).
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Acerca do tema, esta Egrégia Câmara já decidiu:
AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO CÉDULA DE
CRÉDITO BANCÁRIO TARIFA DE CADASTRO
Insurgência contra a cobrança. DESCABIMENTO: A
Súmula nº 566 do C. STJ pacificou a questão da tarifa
de cadastro. Essa tarifa é admitida desde que cobrada
uma única vez no início do contrato e o valor não seja
abusivo. É o caso em questão. ENCARGOS
MORATÓRIOS Alegação do autor de cobrança
disfarçada de comissão de permanência.
ADMISSIBILIDADE: Cobrança disfarçada e
indevida de comissão de permanência cumulada.
Aplicação da Súmula 472 do E. STJ. É o caso de
limitar os juros moratórios em 1% ao mês,
conforme dispõe a Súmula 379 do STJ, porém
mantém-se os juros remuneratórios previstos no
contrato para o período de normalidade e da
multa de 2%. PROCESSUAL CIVIL Alegação do
banco réu em contrarrazões de não conhecimento do
recurso do autor por violação ao princípio da
dialeticidade. DESCABIMENTO: A apelação expõe a
pretensão de reforma da sentença. Os requisitos legais
para a interposição do recurso de apelação foram
preenchidos nos termos do artigo 1.010, incisos I, II e
IV, do Código de Processo Civil. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSP; Apelação Cível 1026102-44.2020.8.26.0001;
Rel. Des. Israel Góes dos Anjos; Órgão Julgador: 18ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Jacareí - 1ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 25/11/2021; Data de
Registro: 25/11/2021) Grifos apostos.
E, no mesmo diapasão:
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 11
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APELAÇÃO. Ação revisional de contrato bancário. Cédula
de crédito bancário para aquisição de veículo
automotor. Sentença de improcedência. Apelo da
autora. Parcial razão. Relação de consumo. Súmula nº
297 do STJ. Mesmo incidindo o Código de Defesa do
Consumidor e se tratando de contrato de adesão, não
há como se considerar, automaticamente, tudo o que
foi pactuado como sendo abusivo. Cabe ao consumidor
pleitear a revisão das cláusulas contratuais, sob
alegação de ilegalidade ou abusividade, não havendo o
que se falar em aplicação inflexível do princípio do
pacta sunt servanda. Juros abusivos. Inexistência.
Possibilidade de fixação de juros remuneratórios em
patamar superior a 12% a.a. nos contratos bancários.
Comissão de permanência. Súmula nº 472 do STJ.
Cumulação indevida verificada. Taxa de juros
moratórios fixada em percentual superior a 1% ao
mês. Comissão de permanência disfarçada de
juros moratórios. Precedente. Necessário afastar
a cobrança cumulativa disfarçada em comissão de
permanência, observando os parâmetros fixados
pela Súmula nº 472 do STJ, o que será apurado
em regular fase de cumprimento de sentença,
seguindo os parâmetros fixados por pelo v.
acórdão. Tarifa de cadastro. Admissibilidade. Tarifa
passível de cobrança somente ao início do
relacionamento entre consumidor e instituição
financeira. Inteligência do art. 1º, da Circular nº
3.466/2009, do BACEN. Tarifa de registro de contrato.
Serviço que foi objeto de prova de sua efetiva
realização. Questão pacificada por meio do Recurso
Especial Repetitivo nº 1.578.553/SP. Seguro de
proteção financeira. Ausência da comprovação da
possibilidade de pactuar com instituição diversa.
Hipótese de venda casada configurada. Inteligência do
artigo 39, I, do CDC. Tema objeto do Recurso Especial
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 12
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Repetitivo nº 1.639.259/SP. Cobrança que deve ser
afastada, com devolução simples da quantia paga a
título de seguro de proteção financeira. Recálculo das
parcelas. Levando-se em conta que a cobrança do
seguro prestamista causou influência no custo efetivo
total do financiamento, por conseguinte, no valor das
prestações, a realização do recálculo do valor das
parcelas ajustadas constitui consequência lógica dessa
conclusão. Eventual saldo resultante desse recálculo
deverá ou ser abatido do financiamento ou devolvido à
autora da mesma forma que o valor do seguro
prestamista. Sucumbência mínima do banco réu.
Manutenção da condenação da autora ao pagamento
dos ônus decorrentes da sucumbência. Honorários
recursais não fixados. Apelo parcialmente provido,
apenas para determinar a devolução simples da quantia
cobrada a título de juros moratórios superiores a 1% ao
mês, bem como do seguro prestamista, com o
consequente recálculo das parcelas.
(TJSP; Apelação Cível 1053585-09.2021.8.26.0100;
Relator (a): Roberto Maia; Órgão Julgador: 20ª Câmara
de Direito Privado; Foro Central Cível - 4ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 15/05/2022; Data de Registro:
15/05/2022) Grifos apostos.
APELAÇÃO AÇÃO DE REVISÃO DE CLÁUSULAS DE
CONTRATO BANCÁRIO SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA. 1. JUROS ABUSIVIDADE
Inocorrência Encargos contratuais não limitados a
12% ao ano Inaplicabilidade da Lei de Usura
Excesso da cobrança deve ser demonstrado em cada
caso concreto, mediante a comprovação de
descompasso entre a realidade do mercado e o quanto
cobrado pela instituição financeira. 2. JUROS
CAPITALIZAÇÃO ADMISSIBILIDADE Contrato
celebrado por instituição financeira posteriormente à
edição da MP 1.963-17/00, reeditada sob o nº
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 13
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2.170-36/01 Possibilidade de capitalização de juros
em período inferior a um ano Capitalização de juros
expressamente prevista no contrato Alegação de
inconstitucionalidade da MP 2.170-36/2001 afastada
Precedente do Órgão Especial deste e. Tribunal de
Justiça. 3. ENCARGOS MORATÓRIOS Inadmissível
a cobrança cumulada da comissão de
permanência com juros remuneratórios,
moratórios, correção monetária e multa
Comissão de permanência que não pode superar a
soma dos encargos contratados isolados Adoção
de taxa de juros moratórios diários, que totalizam
mais de oito por cento ao mês, fora a
capitalização, que consiste em cobrança
disfarçada e que acarreta na superação dos
encargos previstos para a normalidade acrescidos
dos moratórios legais. SENTENÇA REFORMADA
RECURSOS PROVIDO EM PARTE.
(TJSP; Apelação Cível 1038448-03.2021.8.26.0224;
Rel. Des. Sergio Gomes; Órgão Julgador: 37ª Câmara
de Direito Privado; Foro de Guarulhos - 7ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 13/05/2022; Data de Registro:
13/05/2022) Grifos apostos.
Por ocasião do julgamento do REsp nº
1.639.259/SP e REsp nº 1.639.320/SP, publicados em 17 de dezembro
de 2018, definiu-se as seguintes teses para os efeitos do artigo 1.040 do
Código de Processo Civil:
“RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. TEMA 972/STJ.
DIREITO BANCÁRIO. DESPESA DE PRÉGRAVAME.
VALIDADE NOS CONTRATOS CELEBRADOS ATÉ
25/02/2011. SEGURO DE PROTEÇÃO FINANCEIRA.
VENDA CASADA. OCORRÊNCIA. RESTRIÇÃO À ESCOLHA
DA SEGURADORA. ANALOGIA COM O ENTENDIMENTO
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 14
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DA SÚMULA 473/STJ. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.
NÃO OCORRÊNCIA. ENCARGOS ACESSÓRIOS.
1. DELIMITAÇÃO DA CONTROVÉRSIA: Contratos
bancários celebrados a partir de 30/04/2008, com
instituições financeiras ou equiparadas, seja
diretamente, seja por intermédio de correspondente
bancário, no âmbito das relações de consumo.
2. TESES FIXADAS PARA OS FINS DO ART. 1.040 DO
CPC/2015:
2.1 Abusividade da cláusula que prevê o ressarcimento
pelo consumidor da despesa com o registro do pré-
gravame, em contratos celebrados a partir de
25.02.2011, data de entrada em vigor da Res. CMN
3.954/2011, sendo válida a cláusula pactuada no
período anterior a essa resolução, ressalvado o controle
da onerosidade excessiva;
2.2 Nos contratos bancários em geral, o consumidor
não pode ser compelido a contratar seguro com a
instituição financeira ou com seguradora por ela
indicada;
2.3 A abusividade de encargos acessórios do contrato
não descaracteriza a mora”.
Adotando-se o precedente paradigmático, na
ausência de prova, por parte do banco apelante, de que a contratação do
seguro atrelado ao empréstimo se deu de forma livre e voluntária, é o
caso de reconhecer a abusividade na cobrança do seguro prestamista.
No caso dos autos, ainda que conste proposta de
adesão em documento apartado (fls. 185/186), o réu não apresentou
quaisquer documentos que indiquem que o requerente tinha liberdade
para escolher a seguradora com quem celebraria o contrato em questão.
Logo, a cobrança da quantia referente à tarifa de seguro (R$ 533,70)
deve ser afastada, sendo restituído de forma simples à parte autora o
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 15
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valor despendido a esse título.
Ressalta-se que no caso concreto, a seguradora
contratada (Usebens Seguros S/A) está vinculada a Safra Financeira (fls.
185/186), integrando o mesmo conglomerado econômico do banco
requerido.
Ao atuarem de forma conjunta, impõem ao
consumidor a contratação de um seguro prestamista na mesma
oportunidade do contrato de financiamento, restando demonstrada a
prática da venda casada.
Neste sentido, não só esta Câmara tem decidido,
como também vários outros órgãos colegiados deste E. Tribunal:
RECURSO Apelação Cédula de Crédito Bancário
"Ação declaratória de nulidade de cláusulas contratuais
c. c. repetição de indébito" Insurgência contra a r.
sentença que julgou improcedente a demanda
Admissibilidade parcial Aplicação das regras do CDC
Incontroversa existência de relação jurídica entre as
partes Contratação de "Seguro Prestamista" sem
oportunizar a escolha da consumidora, com a imposição
de Seguradora indicada pelo Banco apelado, vinculada
ao mesmo conglomerado econômico, que se revela
abusiva, configurando venda casada Valor
indevidamente cobrado que deve ser restituído de
forma simples Sentença reformada Ação julgada
parcialmente procedente Inversão do ônus da
sucumbência Prequestionamento Recurso
parcialmente provido.
(TJSP; Apelação Cível 1020507-68.2020.8.26.0032;
Rel. Des. Roque Antonio Mesquita de Oliveira; Órgão
Julgador: 18ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Araçatuba - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento:
26/10/2021; Data de Registro: 26/10/2021).
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AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO CÉDULA DE
CRÉDITO BANCÁRIO Insurgência contra a
capitalização dos juros. INADMISSIBILIDADE: A Lei nº
10.931/04 em seu art. 28, § 1º e inciso I, prevê a
capitalização dos juros desde que pactuada. Contrato
firmado quando já em vigor a Medida Provisória nº
1963-17/2000, atual MP 2.170 de 23.08.01, que em
seu art. 5º autoriza a capitalização dos juros, por
período inferior a um ano. Legalidade da utilização da
Tabela Price. JUROS REMUNERATÓRIOS Alegação de
cobrança de juros abusivos. INADMISSIBILIDADE: Juros
pactuados expressamente pelas partes que estão na
média de mercado. Súmula 382 do STJ. SEGURO DE
PROTEÇÃO FINANCEIRA Alegação de abusividade.
OCORRÊNCIA: A cláusula que prevê a cobrança de
seguro é de adesão e abusiva, uma vez que não
permitiu ao contratante optar com qual Seguradora
pretendia contratar, ensejando verdadeira venda
casada. A questão já foi pacificada pelo C. STJ nos
Recursos Repetitivos nºs. 1.639.259 SP e 1.639.320 -
SP. Sentença reformada neste ponto. DANOS MORAIS
Pretensão de indenização por danos morais.
DESCABIMENTO: Não está caracterizado o alegado
dano moral, sendo descabida a indenização pleiteada.
RECURSO DO RÉU TARIFA DE AVALIAÇÃO DO BEM
Banco apelante sustenta a sua cobrança.
INADMISSIBILIDADE: Sem a prestação de serviço é
ilegal a cobrança dessa tarifa, considerando-se o
entendimento do E. STJ em recurso repetitivo, uma vez
que não houve comprovação de que o serviço tenha
sido efetivamente prestado. ÔNUS SUCUMBENCIAIS
Sentença que reconheceu a sucumbência recíproca das
partes. Autor e réu que pedem a condenação do outro
ao pagamento integral das verbas sucumbenciais.
ADMISSIBILIDADE EM RELAÇÃO AO RÉU: O autor
formulou vários pedidos na inicial e obteve êxito em
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relação a dois deles apenas, de modo que ele sucumbiu
em maior parte, devendo arcar sozinho com os ônus
diante da sua sucumbência em maior extensão.
Aplicação do parágrafo único do artigo 86 do Código de
Processo Civil. Sentença reformada neste aspecto.
RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS.
(TJSP; Apelação Cível 1001118-49.2020.8.26.0242;
Rel. Des. Israel Góes dos Anjos; Órgão Julgador: 18ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Igarapava - 1ª
Vara; Data do Julgamento: 04/04/2022; Data de
Registro: 04/04/2022).
REVISIONAL DE CONTRATO - Cédula de Crédito
Bancário Financiamento de veículo Abusividade de
juros Cobrança indevida de tarifas Improcedência
Inconformismo Relação de consumo Aplicação das
regras do Código de Defesa do Consumidor, com a
devida inversão do ônus da prova, nos termos do
art.6º, VIII, do CPC - Contrato com parcelas fixas -
Contratação do serviço bancário de forma livre e
espontânea, devendo-se observar o "pacta sunt
servanda" - Ausência de abusividade na cobrança de
juros remuneratórios - Tarifas previstas no contrato
Reconhecida a abusividade da cobrança do seguro de
proteção financeira - Venda casada Parcial
procedência mantida - Sentença parcialmente
reformada Recurso parcialmente provido.
(TJSP; Apelação Cível 1010295-52.2021.8.26.0161;
Relator (a): Heraldo de Oliveira; Órgão Julgador: 13ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Diadema - 3ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 07/04/2022; Data de
Registro: 07/04/2022).
SEGURO PRESTAMISTA. PRÁTICA ABUSIVA
RECONHECIDA. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. Revela-
se como uma postura abusiva na contratação do
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financiamento, a imposição ao consumidor do
seguro prestamista e da própria seguradora. Note-
se que a seguradora contratada (Zurick Santander
Brasil) faz parte do mesmo conglomerado
econômico da apelante. O Banco Santander Brasil
S/A e a Aymoré Crédito, Financiamento e
Investimentos atuam conjuntamente na
colocação do serviço de financiamento no
mercado de consumo e terminam por impor ao
consumidor a contratação de um seguro
prestamista junto ao financiamento. Pratica-se
abusivamente uma venda casada. Ou seja, no
caso concreto, a consumidora viu-se diante de
uma operação casada entre o financiamento e o
seguro prestamista. Aplica-se a tese fixada pelo
Superior Tribunal de Justiça no julgamento do incidente
de recursos repetitivos, instaurado no Resp. nº
1.639.320 SP, relator o Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, julgado em 12/12/2018 (TJSP,
1009757-41.2019.8.26.0032, Relator Desembargador
Alexandre David Malfatti, julgado em 15/4/2021) Grifos
apostos.
APELAÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO E
LIMITAÇÃO DE DESCONTOS SENTENÇA
IMPROCEDÊNCIA. 1. SEGURO FINANCIAMENTO
BANCÁRIO Cobrança ilegal Precedente do c. STJ, em
sede de recurso repetitivo (RESP 1.639.320/SP, Tema
972) Ausência de prova, por parte da casa
bancária, de que a contratação dos empréstimos e
dos respectivos seguros se deu de forma livre,
voluntária e desvinculada de seguradora do
mesmo grupo econômico. 2. DANOS MORAIS
Inocorrência Absoluta ausência de prova de qualquer
fato ou acontecimento hábil a causar dissabor
extrapatrimonial relevante à autora da ação. SENTENÇA
REFORMADA RECURSO PROVIDO EM PARTE (TJSP, 37ª
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Câmara de Direito Privado, Apelação nº
1012954-49.2014.8.26.0009, Relator Desembargador
Sérgio Gomes, julgado em 20/02/2019) Grifos apostos.
CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. Ação revisional.
Alegação de que praticou o banco taxa de juros diversa
da convencionada. Descabimento da pretensão de
cômputo linear dos juros remuneratórios à taxa mensal
estipulada, tendo em vista que a previsão na cédula de
taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é
suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva
anual contratada (Súmula 541, do STJ). Hipótese em
que o registro do contrato e/ou averbação do gravame
estão comprovados nos autos com a exibição do
certificado de propriedade do veículo financiado.
Consideração de que o valor cobrado pelo serviço (R$
101,54) não pode ser tido como abusivo. Validade da
cobrança de tarifa dessa natureza no caso.
Inadmissibilidade da cobrança da tarifa de avaliação do
bem, porque não demonstrada a efetiva prestação do
serviço. Recurso repetitivo (REsp 1.578.553/SP) neste
sentido. Descabimento da cobrança do prêmio do
seguro prestamista, nos termos de recurso
repetitivo (REsp 1.639.320/SP), que traçou
orientação no sentido de que, nos contratos
bancários em geral, o consumidor não pode ser
compelido a contratar seguro com a instituição
financeira ou com seguradora por ela indicada.
Sentença de improcedência em parte reformada. Pedido
inicial julgado parcialmente procedente. Recurso
provido, em parte. Dispositivo: deram parcial
provimento ao recurso (TJSP, 19ª Câmara de Direito
Privado, Apelação nº 1018475-54.2018.8.26.0002,
Relator Desembargador João Camillo de Almeida Prado
Costa, julgado em 15/2/2019) Grifos apostos.
APELAÇÃO AÇÃO REVISIONAL C.C. REPETIÇÃO DE
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 20
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INDÉBITO CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA VEÍCULO AUTOMOTOR -
INTERESSE RECURSAL I Sentença de improcedência
Apelo do autor II - Decisão que não abordou
eventual recálculo do IOF incidente sobre as tarifas
ilegais - Ausência de interesse recursal reconhecida,
matéria sequer alegada na inicial Apelo não
conhecido, neste aspecto." "TARIFA DE REGISTRO DE
CONTRATO - Possibilidade da cobrança de tarifa de
registro de contrato, prevista em contrato, vez que
restou comprovada a prestação do serviço, bem como a
ausência de abusividade na cobrança Inteligência de
Recurso Repetitivo - Apelo improvido." "TARIFA DE
AVALIAÇÃO DE BEM Impossibilidade de cobrança de
tarifa de avaliação de bem, prevista em contrato, vez
que não restou provada, nos autos, a efetiva prestação
do respectivo serviço Inteligência de Recurso
Repetitivo Decisão reformada Apelo provido."
"SEGURO DE PROTEÇÃO FINANCEIRA - Cobrança
de seguro de proteção financeira que, não
obstante previsão contratual, deve ser afastada -
Autor, pelo que se depreende dos autos, não teve,
ao optar pela contratação do seguro, a liberdade
de escolher a respectiva seguradora Ocorrência
de venda casada Decisão reformada Apelo
provido". "DEVOLUÇÃO EM DOBRO DE VALORES - Os
valores eventualmente pagos a maior pelo autor devem
ser devolvidos, de forma simples, com as devidas
atualizações, e não em dobro - Hipótese de ausência de
dolo e ocorrência de engano justificável - Aplicação do
artigo 940 do NCC, bem como artigo 42, § único, do
CDC - Sobre o valor a ser eventualmente devolvido, ao
autor, de forma simples, incidirá correção monetária, a
partir do desembolso, pela Tabela Prática do TJ/SP, e
juros de mora, de 1% ao mês, a partir da citação, até o
efetivo pagamento Apelo parcialmente provido".
"ÔNUS - SUCUMBÊNCIA - O autor decaiu de parte
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 21
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mínima do pedido, razão pela qual deverá a instituição
financeira arcar com a integralidade do ônus da
sucumbência - Sucumbente, deverá o réu arcar com o
pagamento das custas e despesas processuais, bem
como com os honorários advocatícios dos patronos do
autor, fixados em R$1.500,00, nesta quantia já
incluídos os honorários recursais, nos termos do art. 85,
§§8º e 11, do NCPC Apelo provido.
(TJSP - 24ª Câmara de Direito Privado - Apelação Cível
nº 1011373-70.2021.8.26.0003 Rel. Des. Salles
Vieira julgado em 27/01/2022) Grifos apostos.
Destarte, considerando o êxito parcial do autor, há
de incidir o disposto no artigo 86 do Código de Processo Civil que
determina que: “Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão
proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas”, o que torna
perfeito e adequado o dimensionamento dos honorários advocatícios
devidamente compensados.
Com isso, bem procedeu a nobre magistrada de
primeiro grau ao distribuir igualitariamente os honorários advocatícios, na
forma do artigo 85, § 2º, incisos III e IV, e § 14, do Código de Processo
Civil.
Bem lançada a decisão de primeiro grau, merece
ser prestigiada e deve ser mantida.
A teor do artigo 252 do Regimento Interno do
Tribunal de Justiça de São Paulo, que dispõe: “Nos recursos em geral, o
relator poderá limitar-se a ratificar os fundamentos da decisão recorrida,
quando, suficientemente motivada, houver de mantê-la”, a sentença
monocrática deve ser confirmada para que seus termos sejam havidos
por integrantes deste Acórdão.
Apelação Cível nº 1002634-80.2022.8.26.0292 -Voto nº 26410 22
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Nos termos dos §§ 1º e 11 do artigo 85 do Código
de Processo Civil, majora-se a verba honorária fixada na sentença em
favor dos patronos do autor de R$ 600,00 para R$ 800,00.
Pelo exposto, conheço em parte do recurso e nego
provimento na parte conhecida.
HELIO FARIA
Relator
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