Sociedade e Contemporaneidade
Sociedade e Contemporaneidade
Sociedade e Contemporaneidade
CDU: 304
ISBN 978-85-7528-483-4
Editoração: Roseli Menzen
Supervisão de Impressão Gráfica: Edison Wolf
Gráfica da ULBRA
Introdução
O presente capítulo abordará os pilares da sociedade contemporânea, envolvendo
os aspectos que são característicos das transformações ocorridas em nossa realidade
histórica, na medida em que estas transformações instauraram novas estruturas
e influenciaram drasticamente a vida do homem no mundo. Não podemos
pensar a vida contemporânea alijada dos pilares que constituíram, demarcaram
e reconfiguram a realidade social, econômica, política e cultural do homem
contemporâneo. Para tanto, nosso primeiro enfoque recai sobre a sociedade pós-
industrial, em uma visão retrospectiva, para que possamos compreender a própria
dimensão do conceito “pós-industrial”. O segundo enfoque recai sobre a questão
do consumo, na medida em que este se configura como consequência da sociedade
pós-industrial, não somente o consumo em si mesmo, mas o elevado consumo a
dirigir a vida de indivíduos e grupos.
O terceiro enfoque recai sobre a informação e a comunicação, porque, partindo
destas, podemos compreender o que se denomina de “espírito de época”, pois
cada contexto histórico constitui formas específicas de manejo da informação e
da comunicação. O quarto enfoque recai sobre a globalização, na medida em que
na contemporaneidade estamos convivendo com as consequências mesmas do
processo de globalização ocorrido a partir do século passado (século XX). No quinto
enfoque trabalhamos com o ambiente cultural no sentido de demonstrarmos as
novas sociabilidades que surgem a partir dos contextos social, histórico, econômico
e cultural. No sexto enfoque trabalhamos a sociedade de consumo, através da
indústria do entretenimento e da influência da publicidade na busca de manutenção
de elevando consumo por parte de indivíduos e grupos na atualidade e, por fim,
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enquanto valor, valor de uso e valor de troca. Esta é uma transformação marcante no
1.4 A globalização
Torna-se também significativo, dentro dos limites do presente capítulo, compreender
a influência da globalização nesta nova configuração social e produtiva que
experienciamos na contemporaneidade. A globalização envolveu a constituição
desta sociedade da informação, da comunicação, na medida em que a partir dela
encontraram-se eliminados os centros, as fronteiras entre países e reconfigurada
a concepção de identidade nacional, na medida em que esta se torna desintegrada
enquanto resultado do processo de homogeneização cultural do “pós-moderno”
global (HALL, 1998).
Deve-se também destacar que estamos vivenciando a resistência à globalização
pelo reforço de identidades locais, bem como o surgimento de novas identidades
híbridas, que estão paulatinamente tomando o lugar das anteriores identidades
nacionais. Segundo Canclini (2001), as identidades estruturam-se pela lógica
dos mercados, estruturam-se pela produção industrial da cultura, pela sua
comunicação tecnológica e pelo consumo diferido e segmentação de bens,
pois devemos compreender que o que temos na contemporaneidade são
expressões transterritoriais e multilinguísticas que são perpassadas pelo aspecto
comunicacional.
Neste sentido, segundo Esperândio (2007), a globalização na contemporaneidade
envolve a ideia de abertura, mesmo que assimétrica de territórios/espaços, bem
como tem a ver com a não separação de mundos, com o processo de expansão
da produção e circulação do conhecimento, o processo de abertura de territórios
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realidade, bem como envolve a vida na telinha, pois as imagens eletrônicas acabam
ULBRA – Educação a Distância
por permitir um certo grau de “liberdade”, para não vivermos a vida vivida, na
medida em que esta parece aproximar-se do irreal, como um videotape, que se
constitui no apagável, sempre pronta para a substituição das velhas gravações
pelas novas (BAUMAN, 2001). Este processo de “apagamento do real” é fomentado
e potencializado pelas relações multimídia no campo efetivo da publicidade e
consequentes relações de mercado. Consideramos significativas as palavras de
Jeremy Seabrook, citado por Bauman, quando aponta que:
2) GLOBALIZAÇÃO
3) SOCIEDADE DE CONSUMO
Referências
BAUMAN, Zigmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
CANCLINI, Nestor G. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 5.
ed. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2001.
ESPERÂNDIO, Mary R. G. Para entender pós-modernidade. São Leopoldo: Sinodal, 2007.
GADEA, Carlos A. Paisagens da pós-modernidade. Cultura, política e sociabilidade na América
Latina. Itajaí: Univali Editora, 2007.
HALL, Stuart. Identidades e pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
VATTIMO, G. O fim da modernidade. Niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
2
REDES SOCIAIS
NA ERA DIGITAL
Paulo G. M. de Moura
Introdução
O período atual da história é dos mais complexos já experimentados pela sociedade
humana.
Vivemos um tempo nervoso; tenso. Somos cotidianamente pressionados para
sermos mais produtivos no trabalho, para contribuirmos com a redução de custos
das nossas empresas e para trabalharmos cada vez mais e mais rapidamente.
Recebemos cargas de informação multimídia o tempo todo e por diversos veículos
e canais simultâneos.
Nossa vida está cercada de aparatos tecnológicos que requerem conhecimento para
serem operados. Através deles interagimos com pessoas de quaisquer lugares do
mundo. Cada vez precisamos estudar mais, nos atualizarmos e, mesmo assim,
percebemos que o que aprendemos se torna obsoleto muito rapidamente, exigindo-
nos mais e mais esforços se quisermos preservar ou galgar posições no mercado
global e competitivo dos dias atuais.
Crises de todo tipo povoam os noticiários, deixando-nos com a impressão de que
o fim do mundo é iminente. Pessoas enlouquecem; ficam estressadas, buscam na
religião e no misticismo o amparo de que precisam para se equilibrar nesse mundo
de constantes, rápidas e complexas transformações.
Cada um escolhe seus caminhos. A construção do futuro está em nossas mãos, seja
como indivíduos, seja como sociedade.
Precisamos compreender a sociedade em transformação, de modo que possamos
melhor nos situar dentro dela, e escolher caminhos de forma mais consistente,
amparada em informações confiáveis e não apenas no senso comum, no
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que nos chega aos ouvidos na rua ou nos meios de comunicação a todo o momento,
por vezes nos induzindo ao erro; a nos movermos por instinto e não pela razão.
Nunca antes foi tão importante compreender o ambiente em que estamos
para nele sobrevivermos, projetarmos o futuro e construirmos o caminho que
queremos trilhar, em direção às metas que nos são impostas ou que escolhemos
perseguir.
Muitas vezes, aqueles de nós que escolhemos profissões técnicas desdenhamos a
importância das Ciências Sociais. Achamos que não é necessário entender o social
para sobrevivermos num mercado de trabalho que nos demanda, cada vez mais,
a hiperespecialização técnica.
Tal como maus motoristas numa estrada escura; esquecemos de ligar o farol alto,
e dirigimos olhando apenas para o espaço imediatamente à frente, iluminado
pela luz abrangente, mas de curto alcance, que nos proporciona o farol baixo. O
farol baixo é o conhecimento técnico, aplicado e muito útil para a sobrevivência
no dia a dia. O farol alto é a cultura geral e o conhecimento teórico, que nos são
imprescindíveis para enxergarmos mais longe; para escolhermos caminhos. Os
dois tipos de conhecimentos são úteis e necessários. Mas, hoje em dia, quanto mais
técnica e especializada a atividade que exercemos, maior o risco que corremos de
que novas descobertas científicas e tecnológicas tornem obsoleto o conhecimento
que temos, levando consigo nossos postos de trabalho, nossa profissão até.
Por isso, agora como nunca, é preciso buscar a cultura geral e o conhecimento teórico
sobre a realidade complexa que nos cerca, para que possamos transformar o período
de intensas e rápidas mudanças pelo qual estamos passando, em oportunidades
para nosso crescimento, e não em ameaças à nossa sobrevivência, em função da
nossa incompreensão sobre o que se passa à nossa volta, e de nossa incapacidade,
daí decorrente, para perceber as oportunidades e tomar as decisões certas.
b A representação gráfica do circuito da cultura, tal como exposta na Figura 1, é criação do designer
gráfico Manoel Petry e foi originalmente publicada no livro O gauchismo no marketing de Olívio Dutra,
a partir de briefing deste autor.
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Referências
CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GAXIE, D. Le cens caché. Inégalités culturelles et ségreation politique. Paris: Du Soleil, 1978; e
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and New York: Verso, 1994.
TOFFLER, Alvin. A Terceira Onda. São Paulo: Record, 1980.
c WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1987.
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Introdução
Sabemos, por experiência própria, que o ritmo de mudanças em relação a tudo que
nos rodeia parece intensificar-se a cada dia. E, para quem ainda não se deu conta
disso, na prática, basta apenas lembrar um aspecto que é indicador por excelência
da passagem do tempo – data de validade: seja de acontecimentos, artefatos, alimentos
ou idade de seres vivos (humanos ou não). Refletir sobre o quanto isso mobiliza
as pessoas na contemporaneidade parece suficiente para nos flagrarmos de que
estamos passando por profundas transformações.
Esse fenômeno intensifica-se com a última revolução tecnológica, a partir da segunda
metade do século XX, quando se instauram novas formas de comunicação, que se
estendem rapidamente por todo o tecido social, gerando profundas mudanças nas
relações que fundamentam a produção da sociedade. Tais tecnologias sintetizam
o conjunto de saberes acumulados pelas iniciativas e ações desenvolvidas pela
humanidade, constituindo novos suportes à interação social.
Nesse contexto, a todo e qualquer processo impõe-se mais velocidade, independente
de área ou campo em que ele se situe no espaço social, já que agora os eventos
disseminam-se ao mesmo tempo e para todos os lugares. Assim, rompe-se o
paradigma que se sustenta na especialização associado à visão linear e fragmentada,
passando a predominar a perspectiva da complexidade, que se apoia em princípios
vinculados à digitalidade. Instaura, igualmente, a “incerteza como forma social”
(KOKOREFF & RODRIGUES, 2005, p.6), tanto que as “leis da física quântica
exprimem possibilidades e não mais certezas” (PRIGOGINE, 1996, p.13). Ou seja,
as ciências antes tidas e classificadas como exatas, na prática, não apontam certezas
e sim probabilidades.
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• Indivíduo*
Pode-se dizer que “vivemos em uma sociedade onde o indivíduo ganhou em
liberdade, mas perdeu em certezas”. De um lado, o indivíduo se emancipa por
dispor de meios para realizar e cumprir o que se apresenta como seu destino
pessoal (no consumo, em comunicação e mobilidade, etc.). Mas, de outro lado,
evolui também num universo em que as regras se tornam mais frouxas ou instáveis
(KOKOREFF & RODRIGUES, 2005).
É consenso entre pensadores que o conjunto de mutações que colocam em jogo
posições e tomadas de posição dos agentes sociais “navega para longe (...) para além do
alcance do controle dos cidadãos, para a extraterritorialidade das redes eletrônicas”
(BAUMAN, 2001, p.50). Quando falamos em extraterritorialidade, estamos nos
referindo à ideia de que, com a internet, os territórios hoje são redefinidos, não são
mais limitados ao espaço físico, demarcado, delimitado. Na era digital, o espaço
é desterritorializado, e o tempo, atemporal. Por isso vivemos todos hoje em uma
aldeia global, interligada, conectada, em rede. Em outros termos, parece decisivo o
papel que as NTIC assumem nesse processo, como principal mediação nas relações
desencadeadas pelos indivíduos na construção do social em tempos líquidos.
Afinal, “numa sociedade de indivíduos cada um deve ser um indivíduo” e, “ser
um indivíduo significa ser diferente de todos os outros” (BAUMAN, 2007, p.25-
26). E ser um indivíduo é aceitar uma responsabilidade inalienável pela direção
* Mais detalhes referentes a esse item, consultar DESAULNIERS, Julieta Beatriz Ramos. Formação e
cidadania em tempos líquidos: desafios e possibilidades. Trabalho apresentado no ISA, 2/2008.
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e pelas consequências da interação. E “A livre escolha pode ser uma ficção, mas a
• Individualidade*
Autores apontam para o seguinte paradoxo: ao contrário da sociedade industrial,
que produzia produtos e indivíduos, “a sociedade de consumo revela-se incapaz de
produzir indivíduos que sirvam a ela e de servir-se dos indivíduos que ela produz”.
Por isso, “não há, simplesmente, sociedade o bastante para que os indivíduos
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possam definir-se pela maneira pela qual servem a ela”. Então, “no lugar de servir,
ULBRA – Educação a Distância
trata-se agora de produzi-la” (GORZ, 2004, p.77). Por isso, “devemos nos emancipar,
‘libertar-nos da sociedade’, mesmo se (...) poucas pessoas desejam ser libertadas”
(BAUMAN, 2001). Ou seja, não há opção.
Nessa perspectiva “a individualidade é uma fatalidade, não uma escolha” (2001,
p.43) e a “liberdade louvada pelos libertários não é, ao contrário do que eles dizem,
uma garantia de felicidade. Vai trazer mais tristeza que alegria” (BAUMAN, 2001).
Ou seja, em outras palavras, enquanto indivíduo eu sou aquilo que eu posso
ser, e não há modelo pronto de como eu deva ser. Por exemplo, as organizações
procuram empreendedores, procuram pessoas que empreendam, mas não há um
modelo de como ser e não será você, mesmo que seja um empreendedor de sucesso,
um modelo aos outros. O ritmo de mudanças e a complexidade dos fatores que
incidem em uma determinada realidade é muito grande e crescente. Em outras
palavras, individualidade... “significa em primeiro lugar a autonomia da pessoa, a
qual, por sua vez, é percebida simultaneamente como direito e dever” (BAUMAN,
2007). Ou seja, “antes de qualquer outra coisa, a afirmação ‘eu sou um indivíduo’
significa que sou responsável por meus méritos e meus fracassos e que é minha
tarefa cultivar os méritos e reparar os fracassos” (BAUMAN, 2007). É preciso
apropriar-se de si mesmo.
Em mais detalhes, significa dizer que a “responsabilidade em resolver os dilemas
gerados por circunstâncias voláteis e constantemente instáveis é jogada sobre os
ombros dos indivíduos”, assim como “a virtude que se proclama servir melhor
aos interesses do indivíduo não é a conformidade às regras, mas a flexibilidade:
a prontidão em mudar repentinamente de táticas e de estilos, abandonar
compromissos e lealdades sem arrependimento – e buscar oportunidades mais
de acordo com sua disponibilidade atual do que com as próprias preferências”
(BAUMAN, 2007b, p.10).
Tudo isso porque “a força da sociedade e o seu poder sobre os indivíduos agora se
baseiam no fato de ela ser ‘não localizável’ em sua atitude evasiva, versátil e volátil,
assim como na imprevisibilidade desorientadora de seus movimentos” (BAUMAN,
2005, p.58-59). Exemplo disso é o efeito que as eleições norte-americanas podem
desencadear na vida do cidadão brasileiro, na relação com o Estado brasileiro e
sua enorme carga tributária, com os serviços básicos, com a bolsa de valores e com
a própria natureza. Estamos interligados e inter-relacionados com tudo e com
todos, interdependentes.
• Individualização*
Tal processo consiste em “transformar a identidade humana de um ‘dado’ em uma
‘tarefa’” (2001, p.40), já que “numa sociedade líquido-moderna, as realizações
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Referências
ULBRA – Educação a Distância
Paulo G. M. de Moura
Introdução
A sociedade contemporânea apresenta um alto grau de complexidade, e a
compreensão das transformações por que ela passa requer um olhar igualmente
complexo e multidimensional. Isto é, precisamos analisar os acontecimentos e
fenômenos sociais por diversos ângulos e recorrendo a diversos instrumentos teóricos
para podermos compreender o que se passa em todas as suas dimensões.
Uma dimensão muito importante das transformações em curso na sociedade
atual diz respeito à chamada “crise das identidades culturais”. O conceito de
identidade diz respeito à forma como nos percebemos ou somos percebidos em
sociedade. Formamos nossas identidades por reflexo em relação às pessoas e meios
sociais nos quais vivemos. O ambiente social contemporâneo é constantemente
bombardeado pelos estímulos da mídia. Consequentemente, nossas identidades
sociais experimentam profundas transformações. Entender esse processo é
fundamental para compreender a sociedade em que vivemos.
d FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio eletrônico século XXI versão 3.0. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 1CD ROM. Produzido por Lexikon Informática.
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i SCRUTON, R. Authority and allegiance. In: DONALD, J.; HALL, S. (orgs.). Politics and Ideology. Milton
Keynes: Open University Press, 1986.
51
Referências
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio eletrônico século XXI. Versão 3.0.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 1CD ROM. Produzido por Lexikon Informática.
GAXIE. D. Le cens caché. Inégalités culturelles et ségreation politique. Paris: Du Soleil, 1978; e
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Modernity and its futures. Cambridge: Polity Press/Open University Press, 1992.
SMITH, A. La identidad nacional. Madrid, Trama Editorial, 1991.
SMITH, Anna M. Rastafarian as Resistance and the Ambiguities of Essentialism in the “New
Social Movements”. In: LACLAU, Ernesto (org.). The Making of Political Identities. London
and New York: Verso, 1994.
54
SCRUTON, R. Authority and allegiance. In: DONALD, J.; HALL, S. (orgs.). Politics and Ideology.
ULBRA – Educação a Distância
Introdução
As tecnologias digitais têm apresentado uma intensa evolução, desde o
surgimento da microinformática, do computador pessoal (PC), até o presente,
a era da hiperconexão planetária, possibilitada pela internet e os dispositivos
móveis de comunicação. Seremos profundamente diferentes daqui a alguns anos,
considerando as transformações que vêm ocorrendo em nosso comportamento,
produzidas por tais mediações. Nossa mobilidade física e informacional aumenta
a cada dia. Redes sociais conectam a todos, mídias de massa perdem espaço para
internet, pessoas ficam viciadas em tecnologia e games, crianças aprendem a ler
em tablets e músicos ficam famosos sem o intermédio de gravadoras.
Estamos chegando, efetivamente, na condição cyborg – organismo cibernético
formado por natureza e artifício –, em que o corpo funde-se com objetos da técnica,
tornando-se, portanto, um híbrido. Há vários exemplos de cyborgs. Dentre os
denominados cyborgs protéticos, há os mais radicais, tais como o famoso físico
inglês Stephen Hawking, que vive numa cadeira de rodas motorizada e sua voz
é gerada por circuitos digitais. E o cyber-artista australiano Sterlac, que utiliza o
corpo como palco para experiências, transformando-o em uma espécie de novo
corpo; metade carne, metade ciberespaço.
A maioria dos casos são menos evidentes, mas um olhar mais atento denuncia a
sua condição cyborg. Como exemplo, temos as pessoas que utilizam próteses em
seus corpos: silicones, dentes postiços, marca-passos, lentes e outros artifícios em
que se associa o biológico ao tecnológico, natureza e artifício (LEMOS, 2008).
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...se medirmos simultaneamente o surgimento de uma nova temporalidade, o salto para dentro
da acumulação e processamento das informações, a reformulação dos saberes e do saber-fazer, a
mudança dos hábitos, da sensibilidade e da inteligência, e, por fim, a universalidade envolvida
pela cultura informática, então não parece absurdo fazer a comparação com a passagem da pré-
história. Estamos, entrando, na era pós-história. Uma forma cultural inédita está emergindo
da indefinida recursão de um tipo novo de comunicação e processamento simbólico. (LÉVY,
1998, p.37)
Sabido é que “cada ser, principalmente o vivo, para existir, para viver, tem que
se flexibilizar, adaptar-se, reestruturar-se, interagir, criar e coevoluir. Tem que se
fazer um ser aprendente. Caso contrário, morre” (ASSMANN, 1998). Essas são as
condições vitais a todo ser humano e, por extensão, às organizações em que ele
atua. São, igualmente, o caso daquelas entidades e/ou iniciativas que se dedicam
e estão inseridas no campo educativo.
...uma nova materialidade das imagens, sons e textos que, na memória do computador, são
definidos matematicamente e processados por algoritmos, que são conjuntos de comandos
com disposição para múltiplas formatações-intervenções - navegações operacionalizadas pelo
computador. Uma vez que a imagem, o som e o texto, em sua forma digital, não têm existência
material, podem ser entendidos como campos de possibilidades para a autoria dos interagentes.
Isto é, por não terem materialidade fixa, podem ser manipulados infinitamente, dependendo
apenas de decisões que cada interagente toma ao lidar com seus periféricos de interação como
mouse, tela tátil, joystick, teclado. (SILVA, 2010, p.210)
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• Internet
A internet configura-se como a mídia de convergência, oferecendo recursos
fundamentais para a aplicação de estratégias de comunicação, em que emissor e
receptor deixam de ser compreendidos como polos estáticos e hibridizam-se em suas
funções. Como um sistema essencialmente aberto, a web (World Wide Web – www)
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– ...usam a tecnologia para fugir do escritório e do expediente tradicionais; e que integram a vida
doméstica e social à vida profissional (...) vejo sinais de uma tendência geracional (p.93);
– Eles preferem um horário flexível e uma remuneração baseada em seu desempenho e valor
de mercado – e não no tempo em que ficam no escritório (p.93);
– ...Eles parecem ter uma forte consciência do mundo à sua volta e querem saber mais sobre
o que está acontecendo (p.99);
– A geração Internet se importa com a integridade...; ...e esperam que as outras pessoas
também tenham integridade (p.105), que significa, sobretudo, dizer a verdade e cumprir
seus compromissos (p.106);
– Por terem crescido em um ambiente digital, eles contam com a velocidade. Estão acostumados
a respostas instantâneas, 24 horas por dia, sete dias por semana (p.115);
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Por fim, parece mesmo que a educação necessita reinventar-se para dar conta dos
anseios e demandas de formação da geração digital.
NOTAS
- Parte de nosso mundo se tornou ciberpunk:
(http://www.momentumsaga.com/2012/09/o-que-e-cyberpunk.html /).
- O termo cyberpunk aparece para designar um movimento literário no gênero da ficção
científica, nos Estados Unidos, unindo altas tecnologias e caos urbano, sendo considerado
como uma narrativa tipicamente pós-moderna. O termo passou a ser usado também para
designar os ciber-rebeldes, o underground da informática, com os hackers, crackers,
cyberpunks, ctakus, zippies. Esses seriam os cyberpunks reais. Assim, o termo cyberpunk
é, ao mesmo tempo, emblema de uma corrente da ficção científica e marca dos personagens
do submundo da informática.
(http://www.academia.edu/1771479/Ficcao_cientifica_cyberpunk_o_imaginario_
da_cibercultura).
Referências bibliográficas
ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. RJ: Editora Zahar, 2007.
______. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. RJ: Jorge Zahar, 2003.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
63
DEPOVER, Christian; KARSENTI, Thierry; KOMIS, Vassilis. Enseigner avec les tecnologies –
Referências digitais
SILVA, Marco. Educação na cibercultura: o desafio comunicacional do professor presencial e
on-line. In Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v.12, n.20, p.261-271,
jul./dez., 2003.
(htp://www.uneb.br/revistadafaeeba/files/2011/05/numero20.pdf)
______. O desafio comunicacional da cibercultura à educação via internet. In:
STASIAK, Daiana; BARICHELLO, Eugenia M. da R. Estratégias comunicacionais em portais
institucionais: apontamentos sobre as práticas de relações públicas na internet brasileira. In:
STASIAK, Daiana; SANTI, Vilso Junior (orgs.). Estratégias e identidades midiáticas: matizes
da comunicação contemporânea. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011 (htp://www.pucrs.br/
orgaos).
htp://www.paraentender.com/internet/rede-social (site com glossário)
TRIVINHO, Eugênio; DOS REIS, Angela Pintor; Equipe do Cencib/PUCSP. A cibercultura em
transformação: poder, liberdade e sociabilidade em tempos de compartilhamento, nomadismo
e mutação de direitos. São Paulo: ABCiber; Instituto Itaú Cultural, 2010 (htp://www.abciber.
org/publicacoes/livro2).
6
FRONTEIRAS DA TOLERÂNCIA:
ETNICIDADE, GÊNERO E RELIGIÃO
Introdução
No presente capítulo, trabalharemos a temática: Fronteiras da Tolerância:
etnicidade, gênero, religião e acessibilidade. Estas temáticas se fazem necessárias,
pois na contemporaneidade encontramo-nos numa linha de fronteira entre a
tolerância e a intolerância acerca de determinantes étnicos, de gênero, religioso
e acessibilidade. Refletirmos sobre estes aspectos envolve compreendermos os
aspectos sociais e culturais que determinam ações de indivíduos e grupos quanto
às relações étnicas, de gênero e religiosas, pois há em nossa realidade diversidades
que demarcam ações que influem diretamente nos nestes aspectos que não
se coadunam com os pressupostos da liberdade, igualdade e da fraternidade,
instaurados desde a Revolução Francesa de 1789, tão caros ao que podemos
considerar enquanto um convívio social que se paute pela efetiva tolerância e
compreensão das diferenças.
Há uma linha de fronteira de tolerância quanto aos aspectos anteriormente citados.
Linha de fronteira esta que envolvem a obstaculização de ações que podem se
pautar pela compreensão das diferenças ou não compreensão destas, fazendo
com que aspectos discriminatórios encontrem-se presentes em nossa realidade
contemporânea ocidental. Se verificarmos as notícias veiculadas pelos meios de
comunicação de massa, podemos compreender exatamente a presença desta linha
de fronteiras, que denotam muitas vezes nossa dificuldade contemporânea de
lidarmos com as diferenças, notadamente em relação com as questões étnicas, de
gênero, religiosas e de acessibilidade.
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Abordaremos neste capítulo, cada uma das categorias, para que possamos
ULBRA – Educação a Distância
[...] uma espécie de realidade em segundo nível que interpreta a realidade material, a relação
do homem com a natureza e as relações sociais, dando-lhes um sentido. É este sentido que
forma a base para os sistemas e práticas que possibilitam a reprodução das relações, oferecendo
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[...] No Brasil, não há o branco e o negro, mas o branco, o negro e o índio. Não há o humano
e o divino, mas o humano, o divino e os intermediários, que são os santos. Não há o passado
e o presente, mas o passado, o presente e a famosa saudade, que é a permanência do passado
no presente. Não há um sim absoluto nem um não definitivo, mas, entre sim e o não, um
muito frequentemente mais ou menos. Não há a terra e o céu, mas a terra, o céu e o céu que
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desce a terra. Não há os mortos e os vivos, mas os mortos, os vivos e os espíritos dos mortos
ULBRA – Educação a Distância
que reencarnam. Não há, enfim, a alma e o corpo, mas a alma, o corpo e o médium que tenta
reuni-los [...] (AUBRÉE e LAPLANTINE, 2009, p.225-226)
Referências
AUBRÉE, Marion; LAPLANTINE, François. A mesa, o livro e os espíritos. Gênese, evolução e
atualidade do movimento social espírita entre França e Brasil. Maceió/AL: EdUFAL, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
BERGER, P. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. São Paulo:
Edições Paulinas, 1985.
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7
TRABALHO E EMPREGO NO MUNDO
DAS NOVAS TECNOLOGIAS
Everton Santos
Introdução
O Brasil vem despontando no cenário internacional como a sétima economia
mundial aliada a um relativo declínio das desigualdades sociais a partir de
seu crescimento econômico e da redução dos juros de nossa economia. Esta
oportunidade, singular na história recente do país, abriu-se justamente num
contexto novo, do fim da rivalidade entre o capitalismo e o comunismo e ao
mesmo tempo do declínio dos EUA como superpotência hegemônica, dando
vazão as ditas “potências emergentes”, entre elas o Brasil.
país que “parece querer emergir”, uma economia que clama por mão de obra
ULBRA – Educação a Distância
Assim, este capítulo “Trabalho e emprego no mundo das novas tecnologias” tem
por objetivo apresentar as novas condições de empregabilidade neste mundo de
novas tecnologias que está se descortinando, portanto, de novas oportunidades
e ameaças para o Brasil e os brasileiros, num contexto novo da economia do
conhecimento. Então, a pergunta provocativa para abrir nosso capítulo é: como se
caracteriza este novo cenário da economia do conhecimento? Quais as condições de
empregabilidade nesta nova economia num mundo de novas tecnologias? Quais
são as competências necessárias, as qualidades imprescindíveis para o profissional
do século XXI conectar-se neste país, neste mundo?
com um emprego estável para dar outro exemplo, veremos que provavelmente o
grande percentual de capital que esta pessoa possui não é o capital econômico dela,
seu carro (às vezes financiado) ou mesmo sua casa própria, mas possivelmente
seu capital intelectual. Seis meses ou um ano de desemprego podem solapar o
patrimônio de uma vida. Claro, este trabalhador gera ao mês quantias significativas
de valor através de seu salário. O maior patrimônio que alguém pode ter nesta
nova economia é o seu capital intelectual, sua formação, é ele que gera valor e que,
portanto, deve ser cuidado, fomentado, estimulado, ele se constitui em um ativo,
em outras palavras, ele é um investimento, pois é gerador de renda e receita, ao
contrário de uma casa ou carro, que, aliás, de maneira geral, são passivos, criadores
de despesask.
Se em vez de o sujeito trocar de carro resolvesse investir em um curso de pós-
graduação, a sua empregabilidade não só aumentaria, como seu salário, de
acordo com pesquisas recentes divulgadas pelos órgãos oficiais, aumentaria em
cerca de 101%. Com o salário dobrado, aí sim ele poderia desfrutar da compra
de um carro melhor. Mas como o investimento não foi feito, o salário não vai
dobrar e suas receitas tenderão a minguar, pois suas perspectivas de futuro serão,
previsivelmente, aumento de despesas e diminuição de receitas.
Na era da economia do conhecimento, portanto, a empregabilidade vai passar
necessariamente por investimentos em “ativos intelectuais”, cursos de graduação,
cursos de extensão, pós-graduação, aprendizado de línguas, etc.
Todavia, dada a história recente do Brasil, que se constituiu ao longo do século
passado em um país de base industrial, principalmente a partir da década 1970, com
um crescimento econômico expressivo, podemos constatar que os investimentos
em formação não eram o mote principal daqueles trabalhadores, via de regra a
mão de obra tinha baixa qualificação. O emprego passava tão somente pela ideia
de treinamento, e a empregabilidade em uma organização era para toda a vida.
Na década de 1980, foi a chamada “década perdida”, marcada pela estagnação
da economia, planos econômicos e inflação galopante. O emprego dentro de uma
empresa seguia a sequência de cargos. Temos, assim, as chamadas “carreiras
organizacionais”. Segundo este conceito, estas carreiras seriam ligadas às grandes
organizações, grandes empresas concebidas para revelar um único cenário de
k É muito comum as pessoas acharem que casa e carro são investimentos, que são ativos. Ledo engano,
não são. Eles só poderiam ser um ativo, ou seja, geradores de renda e receita, se a casa fosse de aluguel
e o carro fosse um táxi, por exemplo. De fato, a casa para moradia e o carro da família são passivos,
são geradores de despesas. Inclusive, a classe média no mundo é uma classe que adora, via de regra,
quando recebe um aumento de salário, aumentar as suas despesas comprando um carro novo,
comprando uma casa maior, quando não uma casa na praia, aumentando suas despesas, diminuindo
ainda mais suas receitas e comprometendo seu futuro.
89
o A não ser que você faça um concurso público em carreiras altamente estruturadas. Todavia, mesmo
assim, é comum, nesta opção profissional de carreira, as pessoas estrategicamente optarem por fazer
vários concursos até chegar naquele desejado, havendo assim espaços bem claros de autonomia. Não é
raro pessoas provenientes das forças policiais que se aposentam cedo, constituindo-se em consultores
na área de segurança, ou mesmo pilotos das forças armadas passando para a iniciativa privada após
a aposentadoria.
93
7.3.2.1 Objetivos
Primeiramente, a pessoa deve considerar o que quer. O objetivo de fazer a gestão
da sua carreira é que você consiga sua realização pessoal, sua felicidade no que isso
significa na sociedade contemporânea, implicadas aqui as realizações de ordem
material e imaterial.
94
Definido a etapa dos objetivos, o indivíduo deve avaliar suas potencialidades, isto
são suas forças e fraquezas. Segundo Rosa (2011), a ideia de que todos podem é falsa,
algumas pessoas terão uma enorme dificuldade para atuar em uma determinada
área e outras mais facilidades. Assim, olhe-se com seus próprios olhos, conheça
seus defeitos, suas qualidades, seus limites de talento, “inteligência” e motivações.
Olhe-se com os olhos dos outros, veja o que eles pensam de você, qual é a imagem
que você transmite, quais qualidades provocam admiração e quais causam rejeição?
O senso comum diz, não me interessam o que os outros pensam de mim, interessa
o que eu sou. Ledo engano, do ponto de vista social, “você é o que a sociedade diz
que você é. A sociedade é Deus” dizia um grande sociólogo francês.
Quais são as suas forças? Você é disciplinado, estudioso, conciliador, articulado,
“educado”?
Quais são suas fraquezas? Você tem gostos inadequados, gosta de fazer piadas,
faz comentários deselegantes sobre o comportamento dos outros ou tem explosões
de raiva?
Independente de quem quer que você seja, peça sempre a opinião dos de “fora”
sobre você, pare para refletir, faça terapia para se conhecer melhor.
Como está a sua rede social (social network, seu capital social) a rede de pessoas com
Amor Ódio
Alegria Tristeza
Felicidade Infelicidade
Admiração Inveja
Coragem Medo
Autoestima Autorrejeição
Crença(em si mesmo, nas possibilidades) Descrença
Otimismo Pessimismo
Confiança (nas pessoas) Desconfiança
Tranquilidade Ansiedade
Bom Humor Mal Humor
De posse deste quadro você pode fazer também o exercício de mapear quais
detas emoções (checando com você mesmo ou com a ajuda de pessoas próximas)
são predominantes em sua atuação profissional. Uma vez identificadas podem
ser melhor trabalhadas para seu aperfeiçoamento emocional. Juntamente com
a inteligência emocional está também a etiqueta profissional. Etiqueta? Sim,
aqui entendida como “um conjunto de regras criadas a fim de que a interação
entre os seres humanos aconteça dentro de princípios que prazem o respeito
mútuo”(LEÃO, 2005). Vamos lá?!
• Cumprimentos
Cumprimente todas as pessoas que passar pelo seu caminho no trabalho, do
segurança ao presidente da empresa. O cumprimento sempre deve partir da
pessoa que tem a primazia. Mulher estende a mão para o homem, os mais velhos
estendem a mão para os jovens, o superior hierárquico na empresa estende a mão
para aquele mais baixo na hierarquia. Homens sempre se levantam para apertar
a mão, mulheres podem ficar sentadas, bem como pessoas idosas.Mulheres só
levantam para cumprimentar idosos ou autoridades(LEÃO, 2005). Beijos não
existem em ambientes profissionais formais.
97
• Conversação
• Convites
Todas as vezes que você receber um convite de alguém ou de uma organização
agradeça, se for pedida a confirmação o faça o mais breve possível. Se não puder
comparecer não hesite em negar. Pior do que não ir é confirmar a presença e depois
não comparecer. Se for seu líder, chefe, então...
A retribuição de um convite se faz com outro convite. Sempre que for convidado a
ir a casa de alguém pela primeira vez leve um presente, é absolutamente elegante.
Quando convidar alguém para sair a regra é: “quem convida dá banquete”, pague a
conta!A não ser que combinamos ir junto ao local ou estamos em horário de almoço
na empresa. Nestas circunstâncias, pagar a conta de um colega, por exemplo, de
trabalho, pode parecer presunsoso.
• Roupas
O ambiente, bem como a atividade que vamos desenvolver sempre é determinante
das roupas que vamos usar. Evidentemente se você trabalha numa loja como uma
SurfShop sua roupa será completamente diferente daquela se você trabalhasse
em uma loja clássica que vende roupas masculinas formais, quer seja o gerente
ou vendedor. Observe o seu ambiente de trabalho, observe como seus colegas se
vestem. Cuidado para não usar a roupa para expressar-se, por mais difícil que
seja, isso pode ser feito nas horas vagas, no ambiente de trabalho o que conta é
a discrição e adequação (ROSA, 2011). Por quê? Porque você está representando
muitas vezes a organização, seus colegas e não a você mesmo.
98
Referências
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99
ROSA, José Antonio. Carreira: planejamento e gestão. São Paulo: Editora Série Profissional. 144 p.
Introdução
Desde o início do século XXI, o mundo tem assistido a mudanças significavas
nas esferas econômicas e políticas. Os Estados que formam o chamado “bloco
dos países emergentes” têm se tornado atores pró-ativos no desenvolvimento de
projetos políticos e econômicos tanto em nível regional como global. Na esteira
deste novo cenário, países como Brasil, Índia e África do Sul, que compõem o IBASp,
além de China, Rússia, Coreia do Sul e México, entre outros, aprofundam uma
agenda política que passa a priorizar questões específicas dos países do Sul. Se no
passado próximo, a política terceiro-mundista propunha o desenvolvimento de
projetos restritos às questões relacionadas ao comércio internacional – sobretudo,
porque os países do Sul tinham a marca da heterogeneidade, da dependência e
da subordinação às grandes nações –, hoje a relação entre países ex-integrantes
do Terceiro Mundo é fortemente marcada não apenas pelo mercado econômico
mundial como pela própria implementação de projetos políticos comuns.
O novo mapa político e econômico do século XXI, de fato, uniu diferentes nações
sob o conceito de “potências emergentes”q, colocando as mesmas o desafio de, além
de aprofundar as relações no plano comercial, avançar na construção de projetos
comuns no âmbito político e diplomático. Diante deste cenário, o presente artigo
p O Fórum de diálogo Índia-Brasil-África do Sul, criado em junho de 2003, se configura num “mecanismo
de coordenação entre três países emergentes, três democracias multiétnicas e multiculturais, que estão
determinados a contribuir para a construção de uma nova arquitetura internacional, a unir voz em
temas globais e a aprofundar seu relacionamento mútuo em diferentes áreas” (MRE).
q Também denominadas de Potências Médias, Intermediários, Potências Regionais, Países Recém-
Industrializados.
102
r Por Guerra Fria entende-se o conflito entre Estados Unidos e União Soviética, que marcou o mundo
pós-Segunda Guerra Mundial. Como observa o historiador Paulo Visentini (2004, p.19), a Guerra Fria
“constituiu uma estratégia político-militar norte-americana visando, num plano internacional, conter
as forças esquerdistas, nacionalistas e anticoloniais emergentes da Guerra Mundial”.
s Pax Americana significa a hegemonia dos Estados Unidos, estruturando uma nova ordem internacional
pós-1945 a partir dos moldes estadunidenses.
t Com a Conferência de Bretton Woods se estabeleceu o padrão dólar-ouro, que moldou a economia
mundial pós-1944 até 1971, quando o presidente norte-americano Nixon acabou com o regime de
Bretton Woods. O objetivo de Nixon era desvalorizar o dólar como forma de conter a crise dos Estados
Unidos, no momento de Guerra do Vietnã.
u A queda do muro de Berlim, ocorrida em novembro de 1989, que se tornou o símbolo da Guerra Fria.
103
v Samuel Huntington, na obra Choque de civilizações, argumenta que após o encerramento da Guerra
Fria a ordem internacional ficaria marcada por rivalidades entre civilizações, como o Ocidente, o Islã
e a Ásia de tradição confucionista.
104
a expressão BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), que em 2011 incluiria a África do
ULBRA – Educação a Distância
Sul, tornando-se BRICS. Esse novo player ganhou consistência e alterou o equilíbrio
do poder mundial, na medida em que o conceito passou a ser incorporado pelas
políticas externas dos países que compõem o agrupamento.
A força econômica dos BRICS é significativa. Cabe ressaltar que este agrupamento
detém “26% do território, 42% da população e 14,5% do PIB mundiais, além
de terem contribuído desde 2005 a 2010, com mais de 50% do aumento do PIB
mundial” (VISENTINI, 2001, p.156). A estes dados eloquentes, deve-se somar um
outro aspecto: a convergência nas posições políticas que este grupo tem mostrado
nos organismos internacionais, sobretudo quanto a necessidade de reformas como,
por exemplo, nos casos do FMI e da ONU.
Conjuntamente aos BRICS, hoje a “bola da vez” é o MIST – México, Indonésia,
Coreia do Sul e Turquia. Este agrupamento de países, ainda que não tenha nenhuma
coesão política assim como qualquer forma de institucionalização, ostenta quase
500 milhões de habitantes, praticamente 45% a mais do que a população da zona do
Euro. A esse dado demográfico corresponde um PIB de US$ 4 trilhões de dólares,
com projeções reais de crescimento (Folha de São Paulo, 13/8/2012).
w Cabe lembrar que neste mesmo ano (1994), na província de Chiapas, uma das regiões mais pobres do
país, ao sul do México, começou o “levante de Chiapas” (Zapatista), que contestava a adesão mexicana ao
capitalismo norte-americano. O exército Zapatista de Libertação Nacional era um movimento de esquerda,
que denunciava as péssimas condições de vida das populações camponesa e indígena da região.
x http://www.worldbank.org/pt
105
[...] Nestes tempos de incertezas, a EU precisa dos EUA e, sim, os EUA precisam da EU mais
do nunca [...]. O impacto estratégico de nossa parceria, tão positivo no passado, começará a se
dissipar caso não tenhamos sucesso em contemplá-la com novas políticas de engajamento que
atraiam o mundo produto em busca de renovadas parcerias estratégicas e multilaterais efetivas
[...] Em minha visão chegou a hora de se começar a pensar em uma “Agenda Atlântica” para
a globalização (apud PECEQUILO, 2009, p.99).
Ainda quanto à nova configuração das potências, torna-se fundamental uma análise
mais detida sobre o caso russo. Pertencente geograficamente a dois continentes –
Europa e Ásia – encontra-se a Rússia, herdeira da URSS, cujo modelo socialista foi,
durante décadas, o maior desafio para o capitalismo ocidental. É verdade que após
o colapso soviético, a Rússia enfrentou uma forte crise e fragmentação econômica,
social e política. Seu forte e rápido declínio, logo após a desintegração da União
Soviética, fez com que analistas e politólogos mais apressados chegassem a vaticinar
o “fim da Rússia”. No entanto, em que pese a profundidade e a consistência dos
dados apresentados no fim da Guerra Fria, esse fim não se concretizou. Desde o
início do século XXI a economia russa vem apresentando consideráveis índices
de crescimento. Em 1998, o produto nacional bruto se encontrava em - 4,9%. No
entanto, já em 1999, culminando com a chegada de Vladimir Putin ao poder, o índice
foi para 5,4% e em 2000 houve um aumento de 8,3% (TODD, 2003, p.178). Segundo
previsão de pesquisadores, o crescimento estável da economia russa poderá levar
o país a superar o Reino Unido e a Alemanha por volta de 2028.
O mais importante nesta questão é que este crescimento não deu em função da
exportação de petróleo e gás natural para a Europa, pontos fortes de sua economia,
mas sim do singular crescimento da indústria mecânica, química, petroquímica e
do papel. O crescimento desta indústria de 1999 a 2000 foi de 11-12%. Já no início
do século XXI, o orçamento da Rússia experimentava um superávit de 2,3% do
Produto Nacional Bruto (TODD, 2003). Conforme alguns analistas, “Vladimir
Putin herdou um país fraco, corrupto e paralisado, no limiar da desintegração”,
mas consciente de uma tarefa: “O objetivo estratégico de Putin era colocar o país
de pé” (MACFARLANE, 2009, p.84). Após uma década do início do seu governo,
essa meta se concretizaria: a Rússia não apenas está em pé como recuperou um
lugar de prestígio incontestável no quadro de poder mundial. Se considerarmos
as taxas de aumento real do PIB como sendo uma dimensão importante para
107
China 10.9 10.0 9.3 7.8 7.6 8.4 8.3 9.1 10.0 10.1 10.4 10.7
Coreia 9.2 7.0 4.7 7.8 9.5 8.5 3.8 7.0 3.1 4.7 4.0 5.2
Índia 7.3 7.8 4.8 -5.3 6.1 4.4 5.8 8.3 8.5 7.5 9.0 9.2
Japão 2.0 2.7 1.6 6.5 -0.1 2.9 0.2 0.3 1.4 2.7 1.9 2.2
Mas as novidades na configuração dos novos polos de poder não se encerram com
um olhar sobre a Ásia. Como bem lembrou a obra de Philippe Hugon, intitulada
“Geopolítica da África”, o continente africano é uma terra de intensos contrastes:
local da origem do homem, gigantesca em suas dimensões – 30 milhões de
quilômetros quadrados – e marcada por tradições ancestrais que remontam aos
primórdios da humanidade, sendo paradoxalmente, “jovem pela idade de sua
população ou pela data de nascimento de seus Estados” (HUGON, 2009, p.27).
Tais contrastes, dos pontos de vista geográfico, histórico, sociopolítico, econômico
e cultural são acentuados “por haver pouca integração pela língua, pela moeda
e o mercado, pelo Estado ou pelas religiões monoteístas”. Nesse continente, que
durante décadas foi chamada de África Negra (expressão determinada por uma
inevitável “geopolítica da linguagem”), cinco grandes regiões expressam sua
imensidão e pluralidade: a África ocidental, a central, a oriental, a meridional e as
ilhas do Oceano Índico.
O autor de “Geopolítica da África” também chama a atenção para os principais tipos
de configurações regionais. Em primeiro lugar, enumera as sociedades em guerra, os
Estados falidos ou frágeis, países em guerra ou marcados por conflitos violentos (o
que afeta mais de 20% da população africana); depois os chamados países menos
adiantados (PMA) marcados por problemas de baixa renda, fraco capital humano
e vulnerabilidade econômica, que atingiriam 35 Estados africanos; as sociedades
mineiras e petroleiras, cujos conglomerados, não raro em situação de concorrência
oligopolista, situam-se no centro dos jogos de poder político e, eventualmente, dos
conflitos; as sociedades agroexportadoras, que constituem um setor industrial moderno
e dinâmico, todavia em crise e, finalmente, as sociedades agroindustriais abertas.
Ocorre que a África é também o continente de potências regionais, como a África do
Sul, Nigéria e Etiópia, Estados cruciais para as grandes potências – com destaque
para os Estados Unidos – e que se configuram como polos hegemônicos regionais
potenciais ou reais (no caso, a África do Sul), participando da pax africana.
110
Da possibilidade da democracia
Conjuntamente com o consistente crescimento econômico que diferentes países
e regiões do então chamado Terceiro Mundo têm ostentado internacionalmente,
encontra-se a dimensão política e, especificamente, a questão da democracia. Em
que pese as avaliações que apontam para um mundo mais inseguro, complexo
e com fragilidades graves no campo social e político, a busca e consolidação da
democracia tem sido uma das dimensões que também demonstram ascensão.
Emmanuel Todd mostra através de dados demográficos, como a da queda
significativa na fecundidade, e também a partir de números relativos à alfabetização,
que o mundo está melhorando consideravelmente desde o final do século XX. De
fato, os altos índices de fecundidade mundial no início da década de 1980 (3,7
filhos por mulher) sugeriam a manutenção de um quadro de rápida expansão
da população do planeta combinado à hipótese de um subdesenvolvimento
persistente, o que era particularmente dramático na separação entre os mundos
desenvolvido e subdesenvolvido. Na contramão deste cenário sombrio, o autor
sustenta a tese de que a melhoria nos índices demográficos desde a década de
1990 tem contribuído significativamente para a universalização da democracia na
primeira década do século XXI.
Todd identifica os índices de fecundidade avaliando dois anos -1981 e 2001. Neste
período, a evolução nos números de dezenas de países, com destaque para aqueles
então considerados mais críticos em termos de subdesenvolvimento, permitem
uma projeção otimista. Vejamos os dados.
111
Os índices acima, como ressaltou Todd (2003), mostram dois aspectos alentadores
para o que chama de “revolução demográfica”. A primeira tabela revela que os
países mais populosos ou mais significativos do mundo viram decair seus índices
de fecundidade, o que leva a conclusão de que alguns países até pouco tempo atrás
considerados subdesenvolvidos estão ostentando índices de fecundidade iguais
aos de países ocidentais. Por outro lado, embora com taxas ainda altas de número
de filhos por mulher, parte do mundo muçulmano e a maioria da África começam
a mostrar um movimento de queda nos níveis de fecundidade. Essa transição
demográfica aliada a um quadro – estimado – de alfabetização generalizada até
2020, segundo Todd permitiriam prever um futuro, talvez para 2050, com uma
perspectiva otimista: uma população estacionária num mundo em equilíbrio.
113
z A obra Declínio do Poder Americano, de Immanuel Wallerstein, aponta para três clivagens possíveis nos
próximos 25 a 50 anos. A primeira é a Tríade, marcada pela competição e pelos arranjos políticos entre as
três potências mundiais – Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão. A segunda clivagem é Norte-Sul,
conhecida pela clássica dependência dos países do Sul (em desenvolvimento ou subdesenvolvidos) e
os do norte (Tríade), mas também pela existência de movimentos de alteridade radical – tendo como
exemplo a ação do aiatolá Khomeini, que destronou um dos maiores aliados do norte, o Xá Reza
Pahlevi, em 1979, quando iniciou a revolução islâmica no Irã – e pelos confrontos diretos dos países
do Sul com os países do Norte. A terceira e última clivagem, Davos-Porto Alegre, é considerada a
mais fundamental das três, pois se relaciona com o futuro do mundo.
aa Porto Alegre responderia aos problemas do mundo com a reunião de mais de mil movimentos sociais
da “maior variedade”, enquanto Davos marca o encontro “dos poderosos e aspirantes a poderosos
do mundo”. Para o autor, o que torna o Fórum singular é tratar-se de “um espaço de reunião aberto,
onde diferentes pessoas, culturas, grupos sociais e movimentos da sociedade civil” se empenham na
construção de uma “sociedade planetária centrada na pessoa humana”, se juntam para prosseguir o
seu pensamento e debater ideias democraticamente, de modo a “formular propostas, partilhar livre-
mente suas experiências e organizar-se para uma ação efetiva” (WALLERSTEIN, 2004, p.294-295).
114
É lugar comum nas análises acerca da globalização observar que este processo tem
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9
ORGANIZAÇÕES E PARTICIPAÇÃO
POLÍTICA E SOCIAL NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO
Paulo G. M. de Moura
Introdução
O exercício da liderança é uma marca das sociedades humanas. Na pré-história,
quando a humanidade vivia em bandos nômades, a hierarquia de poder e a
estratificação social eram extremamente simples. Cada sociedade cria o seu
subsistema político. Tal como acontece entre lobos e leões havia um líder sobre o
bando de liderados e vigorava a lei do mais forte. Na medida em que a humanidade
foi caminhando em direção à civilização, foi também, gradativamente, sofisticando
pequena história que dever recontada para o amigo sentado logo ao lado, e assim
por governantes num contexto como esse, envolviam um volume muito menor de
ULBRA – Educação a Distância
Hoje, grupos de pressão bem organizados têm mais poder sobre as decisões
ULBRA – Educação a Distância
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10
MEIO AMBIENTE
E SUSTENTABILIDADE
Introdução
Qual a possível relação existente entre o restaurante Noma (o melhor do mundo)
e a Conferência de Copenhague (COP.15) sobre mudanças climáticas?
Para tecer a resposta à indagação inicial, transcreve-se a fala do genial chef de
cozinha René Redzepi (2012): “O pensamento dos dinamarqueses foi expandido quando
passamos a utilizar produtos locais em receitas já existentes, mas antes preparadas com
ingredientes de outras culturas”.
Essa postura de escolher produtos locais para
seus fabulosos pratos está de acordo com
as proposições de que só haverá um freio
no aquecimento global se forem reduzidos
os transportes de mercadorias e houver um
aproveitamento dos recursos locais. Observa-
se aqui um dos princípios do desenvolvimento
sustentável aplicado a um negócio.
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A disposição de agir no local também está dentro de outro movimento global, trata-
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A condição de existência social em que se verifica igual proteção aos distintos grupos sociais com
relação aos danos ambientais, por intermédio de leis e regulações democraticamente concebidas,
que impeçam ao mercado impor decisões discriminatórias com base em raça, cor, nacionalidade
ou status socioeconômico. Ela resulta de um tratamento justo e de um envolvimento efetivo de
todos os grupos sociais, no desenvolvimento, implementação e respeito a leis, normas e políticas
ambientais. Por tratamento justo, define-se que nenhum grupo de pessoas, seja ele definido
por raça, etnia ou classe socioeconômica, deve arcar de forma concentrada e desigualmente
distribuída com as consequências ambientais negativas resultantes de operações industriais,
agrícolas, comerciais, de obras de infraestrutura ou da implementação de programas e políticas
federais, estaduais, municipais e locais. (ACSELRAD, 2011, p.45)
Recursos compartilhados que uma comunidade constrói e mantém (biblioteca, parque, rua), os
recursos nacionais que pertencem a todos (lagos, florestas, vida silvestre, espaço radioelétrico
e os recursos mundiais dos quais os seres vivos necessitam para poder sobreviver (atmosfera,
água, biodiversidade). (BOLLIER 2008:38)
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executivos de grandes empresas do país, a qual aponta que, para a maioria deles,
ser sustentável tem impacto positivo na competitividade. E, por outro lado, não
aderir a essa postura, para 39%, coloca em risco a sobrevivência da empresa no
mercado. Outros 18% temem imagem negativa da corporação.
Principais resultados da pesquisa sobre sustentabilidade empresarial: 70% dizem
que ser sustentável representa custo adicional para a empresa. Geralmente, gera
custos e reduz rentabilidade no curto prazo, mas compensa em médio e longo prazo
(Custo, nesse caso, deve ser visto como investimento em consultorias especializadas,
P&D e inovação e capacitação e treinamento, entre outros).
93% consideram alto o impacto da sustentabilidade nas políticas de inovação da
empresa – como a procura por soluções de eficiência para o menor uso de recursos
naturais e para o atendimento de demanda dos consumidores.
83% relacionam sustentabilidade à economia verde ou aos três pilares do conceito
de sustentabilidade (ambiental, econômico e social) – o que demonstra visão mais
contemporânea e consciente em relação ao tema, em que já se superou a dicotomia
crescimento econômico X preservação do meio ambiente.
86% das empresas ouvidas monitoram suas ações de sustentabilidade. Muitas
utilizam ferramentas sofisticadas – seja por sistemas próprios ou se submetem às
regras rígidas de programas internacionais (como Global Reporting Initiative).
Há consenso de que o papel do governo é importantíssimo nesse processo, em
particular na criação de instrumentos formais que possam garantir condições de
competitividade às empresas que abraçam a lógica da sustentabilidade.
O Relatório Economia Verde da ONU, que tenta apontar alguns caminhos para
uma nova abordagem da economia e da questão ambiental não escapou às críticas.
Considera possível conciliar crescimento econômico, sustentabilidade e inclusão
social, embora não apresente estimativas para os custos da inclusão social. Para
Mário Ramos Ribeiro, pesquisador e professor da Universidade Federal do Pará
(UFPA),
tem como título: “O futuro que queremos”, e foi aprovado por 188 delegações
dos Estados Membros na Rio+20, no dia 22/06/2012, após decisão consensual
em assembleia, como resultado dos esforços multilaterais. “Hoje é tempo de
multilateralismo, que se constroem consensos históricos, o consenso possível. Não
há método único. Tenho que respeitar quem pensa diferente de mim” (Presidente
Dilma Rousseff).
humana ou de animais.
Recebeu inúmeros prêmios e ao ser convidado para assumir a Secretaria Especial
do Meio Ambiente, em 1990, conseguiu trazer para o Brasil, para o Rio de Janeiro,
a 1ª grande Conferência Mundial, chamada ECO 92 ou Rio 92. A partir dessa data,
o governo federal começa a institucionalizar a questão ambiental, com a criação
do Ministério do Meio Ambiente, diretorias e Fundações. A missão do Ministério
é: promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a proteção
e a recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais, a
valorização dos serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável
na formulação e na implementação de políticas públicas, de forma transversal e
compartilhada, participativa e democrática, em todos os níveis e instâncias de
governo e sociedade
No organograma do Ministério do Meio Ambiente podem-se ver as várias funções
e as obrigações que pretende desempenhar junto à nação brasileira.
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ac Divindade Grega – Gaia, Geia, Gea ou Gê era a deusa da Terra, a Mãe Terra, como elemento primordial
e latente de uma potencialidade geradora quase absurda. Segundo Hesíodo, no princípio surge o Caos,
e do Caos nascem Gaia, Tártaro, Eros (o amor), Érebo e Nix (a noite). (Wikipédia, a enciclopédia livre)
143
umas com as outras, elaboram sua expressão coletiva e seus modos próprios de
ULBRA – Educação a Distância
subjetivação.
Para Henri Acselrad “a dimensão ambiental não pode ser avaliada de modo
separado da dimensão social e cultural”.
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