Saude Mental Dos Profissionais de Saude

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

KELIN TAÍNE GERLACH

A SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Ijuí - RS
2021
KELIN TAÍNE GERLACH

A SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de


Psicologia da Universidade Regional do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, como requisito parcial à
obtenção do título de Psicólogo.

Orientadora: Ana Maria de Souza Dias

Ijuí - RS
2021
KELIN TAÍNE GERLACH

A SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Psicologia da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul -
UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção do
título de Psicólogo.

Aprovado em ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Ana Maria de Souza Dias (Orientadora)
Docente do Curso de Psicologia - UNIJUÍ

________________________________________
Carolina Baldissera Gross
Docente do Curso de Psicologia - UNIJUÍ
Dedico este trabalho a todos os
profissionais da saúde que acreditam na
possibilidade do trabalho dentro do Sistema Único
de Saúde (SUS).
“Não posso imaginar que uma vida sem trabalho seja capaz de trazer qualquer
espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos
dadas; não retiro prazer de nenhuma outra coisa”.
(Sigmund Freud, 1910)
LISTA DE ABREVIATURAS

AB – Atenção Básica

Abrasco – Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

APS – Atenção Primária à Saúde

Cebes – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

CIT – Comissão Intergestores Tripartite

CONASS – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde

Conasems – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

EPIs – Equipamento de Proteção Individual

ESF – Estratégia a Saúde da Família

Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz

OMS – Organização Mundial da Saúde

OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde

Raps – Rede de Atenção Psicossocial

RAS – Redes de Atenção à Saúde

RUE – Rede de Urgência e Emergência

SciELO – Scientific Electronic Library Online

SUS – Sistema Único de Saúde

UBS – Unidade Básica de Saúde


RESUMO

Neste estudo apresenta-se a história da saúde pública a partir da Reforma Sanitária e a criação
do Sistema Único de Saúde (SUS), descrevendo as implicações no trabalho dos profissionais
da área da saúde. A finalidade é compreender como os mesmos lidam com sua saúde mental
em relação ao trabalho e quais fatores causam prazer/sofrimento, considerando os aspectos que
envolvem a equipe, a gestão, o funcionamento e a organização da rede básica de saúde. O
objetivo geral deste estudo visa uma revisão teórica acerca do trabalho e das relações
trabalhistas ao longo da história. Acredita-se que é de suma importância contextualizar os fatos
históricos para uma melhor compreensão do que está acontecendo na atualidade. O estudo é
desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica, cujos conceitos abordados são de autores
que trabalham com o tema. Assumir profissões que envolvem o cuidado implica em uma
relação repleta de ambiguidades, como a de conviver com a tênue linha que separa as relações,
profissional e pessoal, e o meio. Estudar o tema abre possibilidades de mudanças para os
profissionais no que remete ao conhecimento de si e a importância do autocuidado. É
importante que o profissional da saúde tenha condições prazerosas de trabalho, para que os
pacientes sejam bem acolhidos e cuidados.

Palavras-chave: saúde mental – trabalho – história – cuidado – prazer e sofrimento.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

1. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 12

1.1 Reforma Sanitária 12

1.2 Organização e funcionamento do SUS 15

1.3 Situação atual e principais dificuldades encontradas 19

2 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA 23

2.1 Condições de cuidado do profissional 26

2.2 Prazer e sofrimento no trabalho 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS 28

REFERÊNCIAS 31
10

INTRODUÇÃO

O presente estudo consiste no Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em


Psicologia. Trata-se de uma investigação, que busca aprofundar-se na questão da saúde mental
dos profissionais que atuam na Atenção Básica de Saúde. Descrever-se-á, dessa forma, o que é
o Sistema Único de Saúde, percorrendo pelo seu surgimento histórico até se dar à chegada dos
desdobramentos atuais e o resultado de seu funcionamento integral. A partir desses dados
expostos, coloca-se em questão a importância de falar sobre a saúde mental dos profissionais
que atuam no SUS, sistema esse, que é fundamental para toda população ter acesso a um
atendimento digno e qualificado. Para efetivar-se esse trabalho citado, é de suma importância
que se olhe para os profissionais que estão trabalhando em frente ao âmbito do SUS,
considerando que, para este sujeito oferecer seu melhor ao público atendido, é necessário que
haja uma integridade de sua saúde física e mental, para assim dispor do cuidado com o outro.
Ainda, é essencial que, primeiramente o sujeito atente-se a cuidar de si para que dessa forma o
ambiente de trabalho também possa fazer sua parte, dispondo de um suporte adequado a cada
funcionário que está ativo na saúde pública, como aqueles que também sofrem pelos
desdobramentos que acontecem no espaço o qual estão inseridos.

Desse modo, há necessidade de escrever sobre a saúde mental do profissional da saúde


no âmbito do SUS, no sentido de colocar esse em uma posição de um sujeito que precisa de
cuidado, buscando dessa forma, lhes remover um paradigma posto, que diz que enquanto tal
profissional, durante sua atuação, possa suportar todas as pressões recebidas em seu meio,
podendo vivenciar momentos de sofrimento no trabalho. Além disso, coloca-se nesse contexto
as relações da equipe, principalmente na Atenção Básica de Saúde.

Este tema fez-se pertinente a partir do estágio remunerado que se realizou na Secretaria
de Saúde do município de Ijuí, em uma Unidade de Estratégia à Saúde da Família (ESF). Pelas
percepções efetuadas no período de estágio, foi possível atentar-se principalmente às questões
envoltas ao trabalho em equipe, observando que muitos profissionais, que trabalham nesse
ambiente, podem passar por um sofrimento, que em determinados momentos de suas atuações
os coloca em uma posição de vulnerabilidade emocional. Em síntese, o presente estudo tem
como objetivo tematizar sobre a saúde mental desses trabalhadores, sustentando-se no campo
da psicologia como possibilidade contribuição ao que se refere o mal-estar da vida. Também
busca-se encontrar meios para a promoção da saúde mental desses profissionais a partir da ideia
11

de cuidado e como este pode ser feito, tendo em vista a importância de dar atenção para a saúde
mental do profissional desta área.

A produção considerada neste estudo, parte de uma revisão de literatura com base em
um levantamento de dados sobre o tema em pauta. O material selecionado foi lido, analisado e
interpretado. Nesse aspecto, este trabalho consiste em um estudo bibliográfico, de natureza
qualitativa e de cunho exploratório. A coleta das informações foi realizada a partir da análise
de uma fonte secundária de dados, em revistas e artigos publicados no Scientific Electronic
Library Online (SciELO), como também em livros de autores estudados no decorrer do Curso
de Psicologia.

Para a compreensão do tema e melhor organização do estudo, este trabalho é estruturado


em dois capítulos acompanhados de subcapítulos. No primeiro, apresenta-se a história do SUS
e das políticas públicas voltadas à saúde, descrevendo inclusive os princípios do SUS, sua
organização e funcionamento, como também as dificuldades encontradas. O segundo, aborda
questões referentes à atuação do psicólogo na análise e intervenção das formas de sofrimento
do profissional da saúde. Na sequência abordam-se características do sofrimento patológico e
criativo no âmbito da Psicologia Organizacional.
12

1. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

1.1 Reforma Sanitária

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Direito
social, inerente à condição de cidadania, que deve ser assegurado sem distinção de raça,
religião, ideologia política ou condição socioeconômica, a saúde é assim apresentada como um
valor coletivo, um bem de todos.

A reforma sanitária foi o resultado de um conjunto de alterações estruturais realizadas


na área da saúde em diversas partes do globo, quando a falta de condições de saneamento e a
baixa qualidade na prestação destes serviços eram enfrentados por múltiplos países. Essas
mudanças não abarcavam apenas o sistema sanitário, mas toda a esfera da saúde, em busca da
melhoria nas condições de vida da população. Assim, a necessidade de reformular os sistemas
de serviços de saúde impulsionou a abertura de discussões em relação às mudanças e
transformações necessárias na área.

Na década de 70, no Brasil, em meio ao contexto ditatorial, o Movimento da Reforma


Sanitária surgiu em defesa da democracia e referenciou-se na reformulação da área da saúde
ocorrida na Itália. Desta forma, foi realizado um evento da Organização Pan-Americana de
Saúde (OPAS), quando o médico sanitarista Sérgio Arouca e o seu grupo, entre os principais
impulsionadores, passaram a ser ofensivamente chamados de “partido sanitário”. Esse grupo
começou a definir quais eram as necessidades prioritárias na área da saúde, e perceberam que
identificá-las não seria uma tarefa fácil, afinal, antes disso era preciso entender o que era saúde.

O debate referente às questões sanitárias veio a ser fomentado em 1976, pelo Centro
Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), através de uma publicação chamada de Saúde e Debate,
que tomou como premissa o direito à saúde e uma proposta de reforma sanitária. A Abrasco -
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, criada em 1979, e atualmente
Associação Brasileira de Saúde Coletiva, também desempenhou um papel importante na
história da saúde. A associação conseguiu mobilizar várias áreas da saúde para discutirem entre
si sobre posturas e práticas diferentes sobre o tema.

Em 1986, o movimento sanitarista, ou movimento sanitário, consolidou-se e


transformou-se em projeto, com a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde, presidida
13

por Antônio Sérgio da Silva Arouca, que na altura era o presidente da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz). Foi discutido o direito universal de acesso à saúde e centenas de pessoas, de vários
segmentos da sociedade, debateram sobre um novo modelo de saúde para o nosso País, que
compreendia revisão de leis e financiamento, entre outros.

Arouca (1986) destaca que a saúde começa a ganhar uma dimensão muito maior do que
simplesmente uma questão de hospitais, de medicamentos. Ela se supera e quase que significa,
num certo instante, o nível e qualidade de vida, algumas vezes qualidade de vida ainda não
conseguida, mas sempre desejada. As palavras de Arouca na VIII Conferência Nacional de
Saúde mostram a diferente forma de olhar para a saúde, que foi uma das conquistas da reforma
sanitária brasileira.

As propostas da Reforma Sanitária resultaram, finalmente, na universalidade do direito


à saúde, oficializado com a Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS). No artigo 196 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: “A saúde é
direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde
pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial,
por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal
e gratuito para toda a população do país. Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso
universal ao sistema público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e não
somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os brasileiros, desde a
gestação e por toda a vida, com foco na saúde como qualidade de vida, visando a prevenção e
promoção da saúde.

A integralidade, um dos princípios dos SUS, refere-se a uma compreensão abrangente


do ser humano que se pretende atender. O sistema de saúde deve estar preparado para ouvir o
usuário, compreender o contexto social em que está inserido e, a partir daí, atender às suas
demandas e necessidades, atentando sobretudo para a prevenção de doenças ou agravos de
saúde. O Estado tem o dever de oferecer um “atendimento integral, com prioridade para as
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais”. Assim, cabe ao Estado
14

estabelecer um conjunto de ações desde a prevenção até a assistência curativa nos diversos
níveis de complexidade.

A questão da saúde pública, ainda hoje é deixada de lado em diversos aspectos,


pensando na extensão do Programa Saúde da Família no território nacional, onde há projetos
não concretizados, onde falta profissionais; na visão integrada de atenção, vigilância, ciência,
tecnologia e inovação para dar conta de antigos e novos desafios, a exemplo do enfrentamento
das emergências sanitárias diante das quais têm sido essenciais a comunidade científica, os
trabalhadores da atenção à saúde e os laboratórios públicos de produção. Ao mesmo tempo,
espera-se a construção de consensos que permitam a formulação de propostas para lidar com
os problemas mais graves, entre os quais se destaca o subfinanciamento da saúde. Afinal, trata-
se do único país com sistema público de saúde universal onde os gastos privados são superiores
aos gastos públicos, e este tema tem sido objeto de permanente disputa política e simbólica no
período recente, com a desqualificação dos argumentos que colocam o subfinanciamento como
um dos mais sérios problemas para o fortalecimento do SUS (LIMA & NETTO, 2018).

O Sistema Único de Saúde dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e


recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá
outras providências, de acordo com a Lei número 8.080 de 19 de setembro de 1990. Neste
sentido, é importante ressaltar alguns dos seus princípios fundamentais:

Equidade: este conceito envolve solidariedade, generosidade e convivência entre


diferentes e diferenças, considerando tratar diferente pessoas diferentes para que tenham
direitos iguais, pois algumas pessoas precisam de mais apoio para garantir esse direito;

Universalidade: significa que todos os brasileiros têm direitos aos serviços de saúde que
necessita, independente da complexidade, custo ou atividade, considerando que o
financiamento da saúde é feito do dinheiro que pagamos em vários impostos, o que pode ser
chamado de financiamento solidário que é responsabilidade de toda sociedade e entidades
federais.

Integralidade: todos os serviços vão estar integrados, ou seja, funcionando em rede,


abrangendo tudo que diz respeito à saúde do usuário.

Descentralização: é o processo de transferência de responsabilidades de gestão para os


municípios, atendendo às determinações constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor
15

de atribuições comuns e competências específicas à União, aos estados, ao Distrito Federal e


aos municípios.

Participação popular, ou seja, o controle social: garantindo que a população possa


participar da construção do processo de construção do SUS e decidir sobre o funcionamento
dos serviços de saúde, através de conselhos e conferências de saúde.

1.2 Organização e funcionamento do SUS

A Lei Nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990 dispõe sobre a participação da comunidade


na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de
recursos financeiros na área da saúde e de outras providências. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
1990). O Sistema Único de Saúde contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções
do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
I - a Conferência de Saúde; e
II - o Conselho de Saúde.
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos
vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para
a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder
Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado
composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da
política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e
financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente
constituído em cada esfera do governo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1990. on-line).

Embora as ações e serviços públicos de saúde sejam organizados de forma integrada,


regionalizada e hierarquizada, também se considera que a assistência à saúde seja livre à
iniciativa privada. Além disso, definiu-se que quando as disponibilidades de recursos próprios
não fossem suficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada
área, o SUS poderia recorrer, por contratos e convênios, aos serviços prestados pela iniciativa
privada (PAIM, 2011 apud. VIACAVA, 2018).

As mudanças nos recursos humanos têm gerado uma evolução no SUS. A


disponibilidade de profissionais da área da saúde em geral, e mais especificamente em unidades
de Atenção Básica (AB) possibilitam avaliar o crescimento da oferta desses recursos, assim
como demonstrar os efeitos de políticas específicas, como a Política Nacional de Atenção
Básica e o Programa Mais Médicos. (VIACAVA et. al. 2018).
16

A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e participativa entre os
três entes da Federação: a União, os Estados e os Municípios. A rede que compõe o SUS é
ampla e abrange tanto ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média e
de alta complexidade, os serviços de urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e
serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica.

O trabalho realizado na Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de


saúde, considerando o âmbito individual e coletivo, e ainda, a dinamicidade existente no
território em que vivem as populações. A partir disso, as práticas de cuidado e gestão são
desenvolvidas de forma democrática e participativa, assumindo responsabilidade sanitária. Esse
processo de trabalho abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o
objetivo de desenvolver uma atenção integral.

O mecanismo de trabalho no campo da saúde promove a escuta, o vínculo, o


acolhimento, a solidariedade, atendimento humanizado, considerando a família em suas
condições dentro da realidade de vida de cada indivíduo utilizando tecnologias de cuidado
complexas e variadas que devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saúde de
maior frequência e relevância em seu território, observando critérios de risco, vulnerabilidade,
resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento
devem ser acolhidos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

Dessa forma, deve-se considerar as mudanças nos processos de trabalho que objetivam
a melhoria dos indicadores de saúde, do acesso aos usuários e dos resultados do sistema de
saúde. O SUS, sendo um sistema alicerçado e organizado a partir da Atenção Primária à Saúde,
se encontra em permanente busca pela melhoria do cuidado.

A Atenção Primária à Saúde (APS) é entendida como o primeiro nível do sistema de


serviços de saúde, devendo funcionar como porta de entrada preferencial, com ações resolutivas
sobre os problemas de saúde, articulando-se com os demais níveis de complexidade, formando
uma rede integrada de serviços. Além disso, é na atenção primária que se coloca a ideia de
educação em saúde e prevenção de agravos à mesma.

No Brasil, convivem variados modelos de cuidados primários, especialmente quando se


considera o trabalho médico. Há o modelo Tradicional, em que médicos e enfermeiros
17

generalistas, sem formação específica em saúde da família, atendem uma população com ênfase
em consultas médicas e de enfermagem. Há o modelo Semachko, oriundo da experiência russa
bolchevique de organização em cuidados primários, providos por uma tríade de médicos
especialistas: médico clínico, gineco-obstetra e pediatra. Há o modelo conhecido como
Medicina de Família e Comunidade Estrito Senso, calcado nos modelos europeu e canadense,
nos quais a centralidade do cuidado faz-se por meio de consultas médicas propiciadas por
especialistas em medicina de família e comunidade. E existe, ainda, o modelo de Estratégia de
Saúde da Família, ainda não hegemônico, em que o cuidado primário está centrado em uma
equipe multiprofissional, trabalhando de forma interdisciplinar e por meio de um conjunto
ampliado de encontros clínicos que envolvem consultas individuais e atividades em grupo. Há,
por fim, modelos mistos que articulam alguns desses diferentes modelos em uma única equipe
de saúde da família (MENDES, 2012).

A Atenção Secundária à Saúde pode ser considerada como suporte à Atenção Primária,
atuando no atendimento ambulatorial especializado e em casos que não são de urgência e
emergência, que é o caso da Atenção Especializada, realizada principalmente em hospitais.
Nesse nível tem-se os serviços médicos especializados de apoio diagnóstico e terapêutico: raio-
X, tomografia computadorizada e alguns exames laboratoriais.

Na Atenção Terciária e de alta complexidade fica a menor porcentagem de resolução


dos problemas de saúde na população. Nesse nível ocorrem as terapias e procedimentos de
elevada especialização, que necessitam normalmente de alta tecnologia além de ter um alto
custo. Ex.: Oncologia, transplante, neurocirurgia, diálise, radioterapia, etc.

Em 1994, pelo Ministério da Saúde foi criado o Programa de Saúde da Família como
forma de reorganização da atenção básica, sendo aprimorado posteriormente como Estratégia a
Saúde da Família, partindo dos preceitos do Sistema Único de Saúde, a qual é considerada como
estratégia de expansão, por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior
potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a
resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar
uma importante relação custo-efetividade.

É possível, dessa forma, instituir um elo entre a família e os profissionais da saúde,


possibilitando de maneira inter e multidisciplinar o monitoramento e acompanhamento da saúde
da população de forma preventiva, atribuindo à Unidade Básica de Saúde (UBS) a
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responsabilidade integral da população que reside na sua área delimitada. A partir disso, a
família passou a ser o foco da atenção como unidade de ação programática de saúde, não só
olhando o indivíduo, mas proporcionando cobertura para o espaço familiar.

Dentro do Sistema Único de Saúde existem também as Redes de Atenção à Saúde


(RAS), que são definidas como “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de
diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico,
logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado” (BRASIL, 2010).

As RAS são sistematizadas para responder a condições específicas de saúde, por meio
de um ciclo completo de atendimentos que implica a continuidade e a integralidade da atenção
à saúde nos diferentes níveis: Atenção Primária, Secundária e Terciária. Além disso, são
organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados entre si por uma
missão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e interdependente, que
permitem ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população, coordenada pela
APS – prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com a qualidade certa, de
forma humanizada, segura e com equidade –, com responsabilidades sanitária e econômica pela
população adscrita e gerando valor para essa população (MENDES, 2011).

Em relação à infraestrutura, ambiência e funcionamento da Atenção Básica deve-se


considerar a existência de identificação e horário de funcionamento; mapa de abrangência, com
a cobertura de cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos
componentes de cada equipe da UBS; relação de serviços da saúde; detalhamento das escalas
de atendimento de cada equipe.

A administração da política pública no SUS é gerenciada pela Comissão de Intergestores


Tripartite (CIT), reconhecida como uma inovação gerencial na política pública de saúde. A CIT
constitui-se como foro permanente de negociação, articulação e decisão entre os gestores nos
aspectos operacionais e na construção de pactos nacionais, estaduais e regionais no Sistema
Único de Saúde. Cabe às Comissões Intergestoras pactuar a organização e o funcionamento das
ações e serviços de saúde integrados em redes de atenção à saúde. No âmbito nacional, a CIT
teve seu início marcado na década de 1990, após a promulgação da Constituição Federal,
atendendo a Resolução nº 02 do Conselho Nacional de Saúde, que entendia a necessidade de
articulação e coordenação entre os gestores governamentais do SUS.
19

A partir da Portaria GM/MS n. 4.279/2010, cinco redes temáticas prioritárias foram


pactuadas na Comissão de Intergestores Tripartite (CIT), no período de junho de 2011 a
fevereiro de 2013: Rede Cegonha, Rede de Urgência e Emergência (RUE), Rede de Atenção
Psicossocial para as pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas (Raps), Rede de Cuidados à Pessoa com
Deficiências (Viver Sem Limites) e Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas.

A Composição da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) é formada por 15 membros,


sendo: Cinco indicados pelo Ministério da Saúde (MS); Cinco indicados pelo Conselho
Nacional de Secretários Estaduais de saúde (CONASS); Cinco indicados pelo Conselho
Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).

1.3 Situação atual e principais dificuldades encontradas

Na sociedade contemporânea tem-se observado e debatido, cada vez mais, o trabalho de


profissionais que atuam em saúde pública, no que diz respeito à saúde mental. Trabalhos sobre
o tema vêm surgindo, especialmente no campo da psicologia, com a finalidade de orientar a
prática dos psicólogos que atuam nos ambientes hospitalares. Nesse aspecto, são assinalados
aspectos positivos e negativos que o trabalho impõe frente à saúde desses trabalhadores.

Atualmente a sociedade enfrenta uma pandemia do vírus SARS-CoV-2 (COVID-19). O


efeito que isso causa na saúde mental dos profissionais da saúde é bastante significativo, pois
estes são os principais responsáveis pelos cuidados com a população, haja vista que são linha
de frente na prevenção e combate de doenças. Contudo, alguns desses profissionais podem
sentir-se angustiados diante de situações complexas que as unidades recebem diariamente.

Considerando que os trabalhadores da saúde estão enfrentando algo de escala global


nunca vivenciado antes, o medo e a responsabilidade em fazer um trabalho de excelência e de
ter o cuidado consigo e com seus vínculos, têm gerado novas formas de mal-estar. Por isso, faz-
se necessária a reflexão sobre o assunto. Tem-se então, a psicologia como um campo essencial
para tratar dessa questão.

Pensando na Psicologia de Campo Organizacional, esta trabalha com a saúde mental do


trabalhador, no cuidado dos profissionais. Na saúde isso é complexo, na medida em que o
20

profissional a ser olhado é quem cuida e, por isso, pode ser colocado em uma posição de ter que
manter estável a saúde física e mental, o que certamente pode ser um equívoco, pois o
sofrimento é inerente e, por vezes, necessário ao ser humano.

O enfrentamento de doenças é tarefa complexa, no caso dos profissionais da saúde, estes


precisam estar equilibrados emocional e psiquicamente para tratar seu paciente. Um cirurgião,
por exemplo, abalado emocionalmente pode encontrar dificuldades em fazer uma cirurgia,
mesmo estando preparado tecnicamente para realizá-la. Nesse sentido, muitas vezes médicos
são afetados pela “síndrome da invulnerabilidade médica”, tendo a sensação de serem imunes
às doenças como ocorre com seus pacientes. Perceber suas limitações e como lidar com elas é
essencial para realizar seu trabalho. Outrossim, os profissionais de saúde são colocados pela
sociedade em uma posição de quem não é atingido física ou mentalmente por doenças, uma vez
que, são vistos como possuidores de cura (NOGUEIRA-MARTINS, 2003).

Nessa questão há um certo esquecimento quanto aos profissionais da saúde, sejam eles
médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, agentes epidemiológicos, agentes
comunitários de saúde, dentistas, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e demais
profissionais da área, pois necessita-se frisar que todos sofrem e precisam de cuidado, uma vez
que estão diariamente em contato com situações de doenças físicas e emocionais dos pacientes,
além das próprias demandas.

O sofrimento desses profissionais muitas vezes, é resultado da pressão do ambiente de


trabalho, horas em sua execução, perda de pacientes, sentimento de incapacidade e cobrança.
Ademais, em alguns, a tarefa de separar a vida particular da vida profissional não acontece, o
que leva a um estado de mal-estar, como já citado anteriormente. O suporte dado pela psicologia
pode ajudar esses profissionais a lidar com tais impasses e dificuldades. Além disso, o ambiente
exige estabilidade emocional de toda a equipe de saúde.

É necessário dentro da Rede Básica de Saúde essa desmistificação de que os fatores de


adoecimento são apenas biológicos. O ser humano é um todo, com psiquismo e corpo
interligados, por isso deve-se considerar os fatores psicológicos do adoecimento para poder
assim, realizar o tratamento e cuidado necessário. Os sintomas são apresentados por eles de
forma muitas vezes silenciosa, seja pela tentativa de esconder por não quererem transparecer
21

fragilidade, seja pela “síndrome de invulnerabilidade médica”1, seja ainda, por não serem
ouvidos.

Diante desse cenário, ao pensar nesses profissionais que estão à frente do combate à
pandemia do COVID-19, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde
disponibilizou, um canal (TelePSI) para teleconsulta² psicológica para estes trabalhadores. A
iniciativa foi um reconhecimento da necessidade de apoio a esses profissionais que, pelo
trabalho intenso, com riscos elevados de contaminação e enfrentando condições adversas,
podem ter transtornos psicológicos como: sintomas de ansiedade, depressão, irritabilidade,
transtorno de estresse agudo, Síndrome de Burnout, dentre outros.

O canal telefônico destina-se aos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,


fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, biomédicos e farmacêuticos envolvidos nos
atendimentos relacionados ao novo coronavírus, que se sentirem na condição de sofrimento
psíquico. É a primeira vez que a psicoterapia está sendo usada no teleatendimento em um
contexto de pandemia, por isso, a proposta também ofereceu material como manuais e vídeos
produzidos para que a experiência fosse replicada em outros locais.

O projeto está sendo realizado em parceria com o Hospital das Clínicas de Porto Alegre
e conta com uma central de teleconsulta formada por profissionais da Psicologia e Psiquiatria.
Esse projeto prevê o desenvolvimento de estratégias de teleintervenção embasadas em
evidências científicas, na avaliação da eficácia das diversas formas de teleintervenção no
tratamento de problemas de saúde mental relacionados à infecção por SARS-CoV-2 e para a
prevenção de futuros problemas de saúde mental.

Ao realizar o primeiro contato por telefone o profissional de saúde escolhe os melhores


horários para o atendimento, sendo então enviado um link via WhatsApp para responder uma
escala de avaliação e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Com o resultado
da avaliação, o terapeuta selecionará a melhor abordagem e tratamento para o profissional de
saúde naquele momento. A teleconsulta será feita por videochamada, utilizando estratégias de
intervenção em situação de crise, por meio de técnicas da psicoterapia, tais como:

1 Condição clínica em que o médico acredita que somente os pacientes são vulneráveis, pois doenças podem atingi-
los, mas não a ele mesmo. Por acreditar em sua invulnerabilidade, o profissional negligencia os cuidados com sua
própria saúde.
² Teleatendimento ou teleconsulta é qualquer tipo de atendimento realizado por áudio e/ou vídeo entre profissionais
de saúde.
22

psicoeducação, psicoterapia cognitivo-comportamental e psicoterapias interpessoais. Aqueles


que forem identificados com potencial de risco ou sintomatologia muito intensa serão
encaminhados para avaliação psiquiátrica. Havendo a necessidade de intervenção
farmacológica, o profissional será referenciado para atendimento presencial. (BRASIL, 2020a).

No mês de setembro de 2020 o Ministério da Saúde ampliou a oferta do projeto Tele


PSI para os profissionais que atuam em serviços considerados essenciais, entre eles,
profissionais da educação e segurança, bombeiros, motoristas, cobradores e profissionais da
limpeza pública. Até o momento, o programa já havia realizado 718 atendimentos em todo o
país. Do total de profissionais de saúde atendidos até o momento, a maioria é da área de
enfermagem (48,4%). Os dados revelam, ainda, que 58% apresentam sintomas de ansiedade
grave, 20%, sintomas de irritabilidade grave e 12%, sintomas depressivos graves. Além disso,
38,2% são profissionais que trabalham na Atenção Primária à Saúde e 25,3%, em hospitais com
área dedicada à Covid-19 (BRASIL, 2020b).

Assim como nos casos clínicos singulares, onde o paciente já está em sofrimento
psíquico, ao deparar-se com algum acontecimento de forte impacto emocional, seus sintomas
podem ser potencializados, tomando em alguns casos, um formato de pânico ou tragédia. No
caso em questão, é possível considerar que diariamente os profissionais vivenciam situações
que lhes afetam e ao deparar-se com a situação da pandemia, muitos são vítimas do mesmo
efeito.

Diante de tais mazelas, o sofrimento e a vulnerabilidade do profissional da saúde são


evidenciados perante as mídias. Todavia, o medo, a ansiedade e o estresse são inerentes ao
cotidiano de muitos profissionais da saúde. Portanto, o olhar da psicologia sobre a saúde do
trabalhador deve ser efetivado.
23

2. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA

2.1 Condições de cuidado do profissional

A morte, a perda e o luto são habituais, bem como o sofrimento causado pelo cotidiano,
porém, nem sempre estes inevitáveis eventos implicam diretamente na vida em sociedade.
Milhões de pessoas morrem todos os dias, no entanto, o ser humano se adapta ao fato quando
este acontece fora de sua bolha social, mas, naturalmente, sofre quando ocorre em seu convívio.
A morte não é um fenômeno individual, mas coletivo, que não envolve apenas a família do
indivíduo, senão toda equipe médica que cuida do paciente até a hora do óbito.

Hodiernamente, a longevidade da população deve-se a diversos fatores, nos quais se


destaca o trabalho do profissional da saúde, porém, a saúde mental deste trabalhador é colocada
em segundo plano. No entanto, o mundo contemporâneo está em território desconhecido com
o surgimento de novas doenças e tal profissional é linha de frente nessa batalha, por isso, sua
saúde necessita ser observada. Sendo assim, a integridade física e mental do trabalhador
interfere diretamente na qualidade de vida da população local, principalmente no que tange a
população mais vulnerável.

O imediatismo, efeito da globalização, também interfere no âmbito que se refere aos


profissionais da saúde, quanto a sua necessidade de ter que efetuar atendimentos rápidos e
eficientes, fazendo com que erros sejam imperdoáveis, pois podem custar uma vida. Além
disso, conforme Carreiro et. al (2013) a competitividade no mercado de trabalho soma-se o
medo do desemprego, induzindo as pessoas a se submeterem às condições de trabalho
desumanas: baixos salários, ambientes insalubres, ruídos e calor excessivos, acúmulo de
funções, jornadas de trabalho que excedem a carga horária suportável, regime em turnos
alternantes. E, muitas vezes, ainda enfrentam a falta de equipamento de proteção individual
(EPIs), o que contribui significativamente para a mudança no perfil epidemiológico do
adoecimento dos trabalhadores.

Ademais, a desorganização e a falta de conforto do ambiente também são causas de


estresse para o trabalhador. O ambiente projetado inapropriadamente influencia na qualidade
de trabalho, pois dificulta a organização das funções. Questões como iluminação natural,
acústica adequada e um ambiente motivador resolveriam problemas relacionados à
insalubridade. O profissional passa muito tempo em ambiente fechado e monótono, o que o
desmotiva a praticar suas atribuições com prazer. Conforme Dejours (1992),
24

Por condição de trabalho é preciso entender, antes de tudo, ambiente físico


(temperatura, pressão, barulho, vibração, irradiação, altitude, etc), ambiente químico
(produtos manipulados, vapores e gases tóxicos, poeiras, fumaças etc), o ambiente
biológico (vírus, bactérias, parasitas, fungos), as condições de higiene, de segurança,
e as características antropométricas do posto de trabalho (p. 25).

Desta maneira, devido ao caráter preventivo que as Unidades Básicas de Saúde (UBS)
oferecem para a integridade da saúde coletiva, é necessário considerar que o profissional deve
ser respaldado emocionalmente. O Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser pensado como um
conjunto, de forma que o profissional e o paciente sejam tratados de maneira equivalente.

O estado psíquico dos profissionais é afetado em muitas situações do trabalho em equipe


de saúde. Pensando no cenário atual, de pandemia, isso pode ser intensificado, ocorrendo
inclusive, profissionais que optam por pedir demissão ou afastamento de seus trabalhos.

A ESF é uma estratégia de reorganização e fortalecimento da atenção básica como o


primeiro nível de atenção à saúde, plenamente sintonizada com os princípios
filosóficos do SUS de universalidade, equidade e integralidade, sendo a família, ou
seja, a coletividade, o seu foco de atenção, pois considera que o indivíduo não pode
ser compreendido de forma isolada, como ocorre no modelo biomédico (CARREIRO
et. al., 2013, p. 2).

Ainda conforme Carreiro et. al (2013)


para se alcançar o ideário do SUS, é necessário que haja preocupação igual tanto com
os usuários, mas também com os trabalhadores, pois estes são “os verdadeiros
operadores da política de saúde”, mas também são cidadãos, e como tais, têm o direito
de receber cuidados e ser acolhidos em seu sofrimento (p. 8).

Os trabalhadores que atuam na Estratégia a Saúde da Família (ESF) são submetidos a


diversas situações que vão desde riscos biológicos, como a exposição a materiais tóxicos e
contaminação, além de fatores relativos à organização e precarização do trabalho. Como
exemplo, pode-se citar: a divisão e o parcelamento das tarefas, falta de reconhecimento
profissional, multifuncionalidade, exigência de produtividade, baixos salários, inexistência de
trabalho em equipe, deficiências dos demais níveis do sistema de saúde, inexistência de
discussão sobre plano de cargos e salários e arrocho salarial a que o setor da saúde é submetido
e, até mesmo, perseguição política. (CARREIRO et. al., 2013).

Conforme Nogueira-Martins (2003)

O relacionamento entre médicos e pacientes assim como entre médicos e organizações


públicas ou privadas está se tornando cada vez mais complexo. De um lado, os
médicos têm sido vistos com desconfiança tanto pelos pacientes como pelos
empregadores públicos e privados. Por outro lado, os médicos mostram-se
insatisfeitos e estressados; 80% dos médicos brasileiros consideram a atividade
médica desgastante, sendo os principais fatores de desgaste: excesso de
trabalho/multiemprego, baixa remuneração, más condições de trabalho,
25

responsabilidade profissional, área de atuação/ especialidade, relação médico-


paciente, conflito/cobrança da população, perda da autonomia (p. 59-71).

Nesse cenário, evidencia-se o adoecimento psíquico desses profissionais, decorrente da


vivência de situações relacionadas à organização de trabalho. Isso relaciona-se à questão da
subjetividade na relação homem-trabalho que, segundo Beck (2001), partindo de sua leitura de
Dejours (1994), tem efeitos concretos e reais, manifestados no absenteísmo, no engajamento
excessivo, por parte do trabalhador, a uma determinada tarefa e, muitas vezes, no
amortecimento do corpo e do espírito como forma de sobreviver, e que parece, de acordo com
esses autores, ser uma condição para a banalização do sofrimento.

Machado (2006), anuncia que os profissionais da saúde, ao cuidarem do paciente,


promovem seu bem estar físico, psicológico e social, tomando um comportamento para além
das competências técnicas em lidar com o sofrimento, exercendo, assim, suas atividades nos
limites que se encontram entre a vida e a morte. Em decorrência desse feito, sofrem com uma
sobrecarga emocional gradativa.

Considerando o que foi apresentado pelo autor, os fatores desencadeantes do sofrimento


psíquico são muitos. Na perspectiva do cuidado, Machado (2006) lembra que esses
profissionais, além das questões inerentes às suas atribuições, precisam, ainda, lidar com as
expectativas de cura advindas da família, da cultura e dos próprios pacientes, pois estes
encontram-se fragilizados, podendo reverter seus sentimentos em agressões ou atitudes hostis,
o que requer compreensão por parte dos cuidadores.

Santos e Radünz (2011) consideram que o ser humano precisa assumir a


responsabilidade pela sua saúde e, portanto, precisa incorporar as práticas de cuidar de si em
seu estilo de vida. Para eles, o cuidar está intimamente ligado a aprender a viver, tendo a
possibilidade de ocupar-se consigo mesmo. Esta é uma verdadeira prática social que, ao mesmo
tempo é pessoal, mas também coletiva, uma vez que o conhecimento de si, o cuidar de si, é
parte integrante do cuidado do outro. Ao cuidar de si, consequentemente, cuidará do outro, pois,
o cuidado remete à formação e à emancipação, assim como o cuidar envolve a mudança do
próprio viver em sociedade. Dessa forma, as contribuições que a psicologia traz no campo
organizacional tornam-se fundamentais para sustentar a escrita apresentada e as ideias trazidas
acerca da saúde do trabalhador do SUS.
26

2.2 Prazer e o sofrimento no trabalho

Ao longo dos anos, no processo de evolução humana, vêm ocorrendo transformações


no que diz respeito às concepções e significações dadas ao trabalho, sendo considerado algo
muitas vezes cansativo, desgastante e relacionado ao sofrimento humano. No entanto, a relação
de cada indivíduo com o trabalho está atribuída às suas vivências e em processo de constante
ressignificação.

Embora o trabalho possa ser considerado fonte de sofrimento, também pode


proporcionar vivências de prazer. Como responsável pela realização pessoal e profissional do
indivíduo, o trabalho possibilita um processo de formação em sua produtividade técnica,
política, cultural, implicando na subjetividade de quem o faz (MARTINS, ROBAZZI E
BOBROFF, 2008).

O prazer no trabalho de um profissional da saúde está ligado diretamente à assistência


ao paciente e às condições oferecidas pelo ambiente de trabalho. Para Martins (2008), saber que
de algum modo ocorreu a sua contribuição humana, por meio do cuidado, gratifica-lhe e
proporciona recompensa emocional. O autor acrescenta que o trabalho dos profissionais da
saúde possibilita aliviar a dor, salvar vidas, sentir-se útil, entre outros fatores, o que pode ser
considerado por eles como fonte de satisfação e conforto. Isso contribui para o sentimento de
prazer e favorece o equilíbrio psíquico desses profissionais.
A atividade profissional constitui fonte de satisfação, se for livremente escolhida, isto
é, por meio de sublimação, tornar possível o uso de inclinações existentes, de impulsos
instintivos (pulsionais) persistentes ou constitucionalmente reforçados. No entanto,
como caminho para a felicidade, o trabalho não é altamente prezado pelos homens.
Não se esforçam em relação a ele como o fazem em relação a outras possibilidades de
satisfação. A grande maioria das pessoas só trabalha sob pressão da necessidade, e
essa natural aversão humana ao trabalho suscita problemas sociais extremamente
difíceis (FREUD, 1996, p. 88).

No entanto, embora tenha sido proposto por Freud inicialmente, o trabalho não se daria
pelo prazer, mas pela necessidade e disposição do indivíduo de vender seu tempo e força, e por
meio disso receber uma recompensa em troca que atenda sua necessidade. Portanto, a busca
pelo prazer no trabalho e a saída para o desprazer é um desejo constante para o sujeito diante
das exigências que a organização e a civilização lhe conferem, e o trabalho se torna um meio
de sobrevivência e não fonte de prazer como em tese.
27

A medida de prazer e desprazer é diretamente proporcional à disposição e necessidade


do sujeito que pode tender ao prazer ou sofrimento de acordo com suas precisões e condições
de trabalho.
Conforme Resende e Mendes (2004):
Quando não há espaço para a expressão da individualidade, quando não há o
reconhecimento, quando o sistema se apresenta rígido de forma a não permitir a
mobilização do trabalhador, este recorre aos mecanismos de defesa, que se
caracterizam por comportamentos de isolamento psicoafetivo e profissional do grupo
de trabalho, da resignação, de descrença, de renúncia a participação, de indiferença e
de apatia. Estas defesas têm papel ambíguo: se, por um lado, são necessárias para
manter o equilíbrio psíquico, por outro podem levar a imobilismo e alienação (p. 156).

Para Mendes (2007), o saudável está relacionado ao enfrentamento das imposições e


pressões do trabalho que causam a instabilidade psicológica, tendo lugar o prazer quando as
condições geradoras de sofrimento podem ser transformadas. O patológico implica falhas nos
modos de enfrentamento e sofrimento, instalando-se quando o desejo de produção vence o
desejo dos sujeitos-trabalhadores.
Dejours, no livro a Loucura do trabalho coloca que:
O sofrimento começa quando a relação homem-organização do trabalho está
bloqueada; quando o trabalhador usou o máximo de suas faculdades intelectuais,
psicoafetivas, de aprendizagem e de adaptação. Quando um trabalhador usou de tudo
que dispunha de saber e de poder na organização do trabalho e quando ele não pode
mais mudar de tarefa: isto é, quando foram esgotados os meios de defesa contra a
exigência física (1992, pág. 52).

A dicotomia prazer-sofrimento representa dialeticamente a relação do homem com o


trabalho, considerando que o sofrimento como sendo parte do trabalho pode em algum
momento conduzir o uso da mobilização subjetiva, de forma a ressignificar o sofrimento,
atribuindo, desse modo, sentido ao trabalho e gerando prazer ao profissional.

O prazer para a psicodinâmica2 é uma experimentação subjetiva de profunda satisfação,


produzida por um trabalho que contém significado reconhecido, valorizado, que possibilita a
obtenção de identidade e subjetivação do trabalhador no coletivo (VAZ, 2015).

Na perspectiva da psicodinâmica o sofrimento pode ser considerado patogênico, quando


há desestabilização psíquica na relação do sujeito com o trabalho, quando o sujeito utiliza suas
estratégias de defesa. Contudo, o trabalho representa uma maneira de obter prazer, subjetivação,

2 Abordagem científica, desenvolvida na França na década de 1980 pelo psicanalista Christophe Dejours, que
investiga os mecanismos de defesa dos trabalhadores frente às situações causadoras de sofrimento decorrentes da
organização do trabalho.
28

desde que possibilite a ressignificação do sofrimento advindo da organização de trabalho, a


cooperação e o reconhecimento (VAZ, 2015).

De acordo com Ferraz (1997, p. 74) “devido a uma série de distorções que vamos
encontrar na relação do homem com o seu trabalho, os canais que possibilitam a ocorrência da
sublimação se acham, na maioria das vezes, total ou parcialmente bloqueados”.

Dejours (1992) relata que:


A partir dos efeitos específicos da organização do trabalho sobre a vida mental dos
trabalhadores resulta numa ansiedade particular partilhada por uma grande parte da
população trabalhadora: é o sentimento de uma esclerose mental, de paralisia da
imaginação, de regressão intelectual. De certo modo, de despersonalização (p. 78).

A partir das ideias do autor pode-se considerar as diversas formas de relação que o
sujeito tem com o trabalho e em certos casos, de acordo com Dejours (1994) o trabalhador cria
estratégias defensivas que conforme ele são como regras de condutas construídas, que “variam
de acordo com as situações de trabalho, sendo marcadas pela sutileza, engenhosidade,
diversidade e inventividade, fazendo com que os trabalhadores suportem o sofrimento sem
adoecer”.

Dejours (2006) propõe que as estratégias defensivas cumprem papel paradoxal na saúde
do trabalhador, representando uma maneira de proteção da saúde mental contra os efeitos do
sofrimento podendo ser uma armadilha que insensibiliza o sujeito contra aquilo que gera
sofrimento ou um sistema de ideias defensivo, conduzindo a um processo de alienação ou
distanciamento. Tais estratégias são uma modalidade de adaptação e resistência às pressões
advindas da organização do trabalho e seus modelos de gestão.

Em O mal-estar na civilização, Freud (1930) postula o trabalho como uma forma de


satisfação substitutiva, fator fundamental na economia das pulsões, das relações intersubjetivas
e indispensáveis à preservação da vida em sociedade. O trabalho seria uma sublimação da vida
pulsional.

Conforme Freud, o trabalho se coloca como um meio do sujeito lidar com o desamparo
e o meio social. Reconhecer o desamparo durante a vida faz o sujeito se ver na necessidade da
existência de um “pai”, poderoso, protetor das angústias da vida. É neste sentido que o
trabalhador se relaciona com a instituição, como se ela além de lhe prover, lhe protege do
desamparo. Porém, ao modo que encontra um “pai” protetor, provedor, todo-poderoso, que dita
29

as regras e metas, também encontra seu castrador, que compromete sua saúde física e psíquica
e quando, enfim se liberta, não encontra sentido no trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se, no decorrer deste estudo um diálogo entre as políticas públicas voltadas à


saúde pública, embasando a saúde do trabalhador inserido nesse meio ao se considerar que a
atividade de cuidar implica em muitos riscos para os profissionais que estão expostos às
diversas enfermidades e, para além disso, às manifestações de sofrimento psíquico decorrentes
das condições do ambiente.

Partindo desse contexto, na produção desta escrita, evidenciamos que o trabalho


desempenhado pelo psicólogo, nesse campo, tem um papel fundamental na formação da área
da saúde, marcada por uma escuta que pode fazer um papel de mediação, buscando atingir
aspectos de compreensão relacional, entre profissionais e pacientes. Portanto, percebe-se como
é importante que o profissional de saúde busque um bom conhecimento de si mesmo, a fim de
facilitar a compreensão e o manejo adequados ao atendimento do paciente.

A psicologia tem capital importância nas situações relacionadas à saúde do ser humano
e o psicólogo, como profissional da promoção da saúde, atua tanto na prevenção como no
tratamento. Nessa direção, tratando as questões relacionadas à saúde psíquica do profissional
da saúde, o psicólogo atuará na prevenção do agravamento e permanência de determinados
problemas psicológicos. Contribui, assim, para que, a partir dos prazeres e desprazeres desse
trabalho, o profissional da saúde possa encontrar recursos que lhe permita continuar trabalhando
de forma saudável e cuidando de si.

Relacionando a clínica psicodinâmica do trabalho às maneiras de cuidado humanizado,


a preocupação com o estado emocional dos profissionais é o principal foco da Psicologia
Organizacional para com a saúde do trabalhador

Assim, percebe-se os fatores que causam prazer, desprazer e sofrimento no trabalho e,


a partir desses, compreender como está a saúde mental do trabalhador. Em se tratando de
sofrimento no trabalho, é preciso humanizar o cuidado, atentando também, para o estado
emocional dos profissionais. Contudo, além de momentos de sofrimento, os profissionais
30

encontram prazer no que fazem. Esse trabalho permite ao cuidador construir uma relação única
com o paciente, proporcionando-lhe sentimentos de cura e alívio; e esse reconhecimento faz
esses profissionais se sentirem gratificados com/em suas profissões.

Este estudo coloca a importância da contribuição da psicologia para a saúde do trabalho,


como profissional da promoção da saúde, atuando na prevenção, como também no tratamento,
para que a partir dos prazeres e desprazeres que o trabalho possa trazer, este profissional possa
encontrar recursos que lhe permita exercer sua profissão de forma saudável, sem deixar de lado
sua própria saúde física e mental.
31

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