Quem Roubou o Meu Futuro

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26ª EDIÇÃO

Sylvia Orthof
Quem roubou
o meu futuro?
Ilustrações: Sérgio Palmiro
26ª edição

Sylvia Orthof
Quem roubou
o meu futuro?
Ilustrações: Sérgio Palmiro
Série Entre Linhas
Editor • Henrique Félix
Assistente editorial • Jacqueline F. de Barros
Preparação de texto • Lúcia Leal Ferreira
Revisão de texto • Pedro Cunha Júnior e Lilian Semenichin (coords.)
Maria Cecília K. Caliendo / Edilene Martins dos Santos / Marcelo Zanon
Renato A. Colombo Jr.
Gerente de arte • Nair de Medeiros Barbosa
Supervisão de arte • Marco Aurélio Sismotto
Diagramação • Lucimar Aparecida Guerra
Projeto gráfico de capa e miolo • Homem de Melo & Troia Design
Coordenação eletrônica • Silvia Regina E. Almeida
Produtor gráfico • Rogério Strelciuc
Suplemento de leitura e projeto de trabalho interdisciplinar • Janaína Audi Urea Ordoñez

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Orthof, Sylvia
Quem roubou o meu futuro? / Sylvia Orthof ;
ilustrações Sérgio Palmiro. –– 26. ed. –– São Pau-
lo : Atual, 2010. –– (Entre Linhas : Sociedade)
Acompanha projeto de trabalho interdiscipli-
nar: guia do professor.
ISBN 978-85-357-0346-7

1. Literatura infantojuvenil I. Palmiro, Sérgio.


II. Título. III. Série.
CDD-028.5
14ª tiragem, 2019

Índices para catálogo sistemático:


1. Literatura infantil 028.5
2. Literatura infantojuvenil 028.5

Copyright © Sylvia Orthof, 1989.


SARAIVA Educação S.A.
Avenida das Nações Unidas, 7221 – Pinheiros
CEP 05425-902 – São Paulo – SP – Tel.: (0xx11) 4003-3061
www.coletivoleitor.com.br
[email protected]

Todos os direitos reservados.

CL: 810508
CAE: 602588
Sumário

1ª parte
Eu tenho treze anos 6
A reunião de teatro 9
O pesadelo 11
O logotipo 13
A ida a Petrópolis 15
A volta 18
O encontro 21
O bilhete 25

2ª parte
Quem roubou o meu futuro?
(texto de Sylvia Orthof para atores muito jovens) 27

3ª parte
Depois do espetáculo 60
O telefonema 63
O segundo espetáculo 65
Coisas de vó 67
A autora 70

3
Para meus filhos, com amor.

4
1ª parte

5
Eu tenho
treze anos

Hoje a gente combinou que ia fazer um grupo de teatro. Eu fiquei


assim, sem saber se vai dar certo, mas senti uma vontade danada de
fazer parte de um espetáculo, coisa superlegal!
Minha avó implicou logo:
— Valéria, acho mais importante, no momento, você fazer um
curso de datilografia!
Minha avó coloca a seriedade de cursos baseando-se em datilo-
grafia, vê se pode!
— Vó, a máquina de escrever está ficando caduca. Se eu tivesse
que fazer algum curso ligado a bater letrinhas, hoje, seria de
informática. Mas duvido que aqui em casa alguém comprasse um
computador. Aqui tem máquina de lavar, liquidificador, minha mãe
sonha com máquina de lavar louça… mas computador todo o mundo
daqui de casa acha que é supérfluo.
— E é supérfluo, Valéria! Será que você não reparou na luta do seu
pai pra manter o essencial?
— E minha mãe não sonha com máquina de lavar louça, vó?

6
Falei, pensei e fiquei quieta. A barra anda pesada, meu pai traba-
lha como desenhista, coitado! Vive desenhando até tarde, ganha tão
pouco… Minha mãe dá aulas de inglês, volta tarde, serve o jantar,
lava louça, vovó ajuda, mas está com artritismo, as juntas doem na
hora de lavar pratos. Eu… vivo escapando. Detesto lavar louça, mas
ajudo também: faço as camas e varro a casa.
Estou com 13 anos. Acho que tenho direito ao sonho. Todo mun-
do adora dar palpite na minha vida. Não sou mais criança, droga!
Família tem a virose do palpite: palpiticite. Odeio minha família!
Odeio todas as famílias, porque, basta um grupo virar família, adoe-
ce com a tal da palpiticite.
Eu vou fazer teatro! Ramiro vai dirigir. Ramiro é um garoto lá
do colégio, usa umas camisonas largas, um jeito desleixado pra lá de
maneiro. Eu me amarro no visual dele! Um dia, ele veio aqui em casa
e minha avó, com artritismo e palpiticite, implicou:
— Este menino brigou com o pente?
Lembro que, quando eu era ainda criancinha, minha avó contava
uma história de um livro supercareta, cheio de moral de história, que
dizia:
“Ursulina era uma bela menina. Todos gostavam dela. Mas, um
dia, a menina Ursulina brigou com o pente”… e lá vai xaropada!
O livro tinha uma porção de desenhos. Primeiro, aparecia a tal da
Ursulina, toda penteadinha, com um laço horroroso no alto do cabe-
lo esticado e repartido no meio. Pouco a pouco, ela ia ficando des-
grenhada. A fita perdia o laço, o cabelo arrepiava. No final, ela, a
menina Ursulina, ficava com jeito de lobisomem, ou lobismulher, sei
lá! E a história, chatérrima, terminava assim:
“Coitada da menina Ursulina! Ela virou um urso de verdade!”
Minha avó acha que livros devem ensinar. Mas ela não lê, só faz
tricô. Se ela lesse, garanto que não ia gostar de ler as Ursulinas da vida.
Ando implicando com minha avó, coitada! Acho que é problema
de choque de gerações. Mas… ai, sei que fico danada, tiririca, porque,
se a avó da Fabiana dá força em relação ao grupo de teatro, por que
a minha fica ursulando datilografias? Eu mereço? Não mereço uma
avó assim, ora!

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