Licenciamentos Ambientais
Licenciamentos Ambientais
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Licenciamentos Ambientais
Licenciamentos Ambientais
Eng. Amb. Bruno Tonel Otsuka
Eng. Amb. Rafael Rosa
Expediente
Publicações temáticas da Agenda Parlamentar do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná - Crea-PR:
• Acessibilidade • Licitação 2 - Aquisição de Bens e Contratação de Serviços
• Arborização Urbana • Licitações e Obras Públicas
• Cercas Eletrificadas • Manejo e Conservação do Solo e da Água
• Certificação de Produtos Orgânicos • Mobilidade Urbana
• Comportamento Geotécnico das Encostas • Noções de Cadastro Territorial Multifinalitário - CTM
• Construção é Coisa Séria • Obtenção de Recursos
• Drenagem Urbana • Pisciculturas
• Eficiência Energética • Planos Diretores
• Iluminação Pública • Prevenção de Catástrofes
• Implantação de Comissão Interna de Prevenção de • Programas de Qualificação de Mão de Obra
Acidentes (Cipa) nos Municípios • Recursos Financeiros para os Municípios
• Inspeção e Manutenção Predial • Resíduos Sólidos
• Instalações Provisórias • Saneamento Ambiental
• Licenciamentos Ambientais • Sistema Viário e Trânsito Urbano
• Licitação 1 - Contratação Direta • Uso/Reuso da Água
Publicação:
Ano 2016
Diretoria: Presidente: Engenheiro Civil Joel Krüger; 1º Vice-Presidente: Engenheiro Agrônomo Nilson Cardoso; 2ª Vice-Presidente:
Engenheira Civil Célia Neto Pereira da Rosa; 1º Secretário: Engenheiro Químico William Cézar Pollonio Machado; 2º Secretário:
Engenheiro Civil Paulo Roberto Domingues; 3º Secretário: Engenheiro Mecânico Jorge Henrique Borges da Silva; 1º Diretor
Financeiro: Engenheiro Eletricista Leandro José Grassmann; 2º Diretor Financeiro: Engenheiro Agrônomo João Ataliba de Resende
Neto; Diretor Adjunto: Engenheiro Civil Altair Ferri.
Projeto gráfico e diagramação: Designer Gráfico Eduardo K. M. Miura. Edição: Assessoria de Comunicação Social do Crea-PR.
Agenda Parlamentar do Crea-PR: Gerente do Departamento de Relações Institucionais: Claudemir Marcos Prattes; Gerente
da Regional Apucarana: Engenheiro Civil Jeferson Antonio Ubiali; Gerente da Regional Curitiba: Engenheiro Civil Maurício Luiz
Bassani; Gerente da Regional Cascavel: Engenheiro Civil Geraldo Canci; Gerente da Regional Guarapuava: Engenheiro Eletricista
Thyago Giroldo Nalim; Gerente da Regional Londrina: Engenheiro Eletricista Edgar Matsuo Tsuzuki; Gerente da Regional Maringá:
Engenheiro Civil Hélio Xavier da Silva Filho; Gerente da Regional Pato Branco: Engenheiro Agrônomo Gilmar Ritter; Gerente da
Regional Ponta Grossa: Engenheiro Agrônomo Vander Della Coletta Moreno.
Mas o Crea-PR vai muito além desta premissa. Por isso, procura contribuir, orientar e auxiliar a sociedade
em geral em temas importantes e relevantes que tenham relação com as profissões regulamentadas pelo
Conselho.
Aproveitamos a oportunidade para colocar o Crea-PR à disposição dos gestores públicos no auxílio
e assessoramento técnico necessário para a implantação das soluções apresentadas neste Caderno
Técnico.
Boa leitura!
Justificativas
A elaboração deste documento teve como origem a necessidade de atualização do caderno técnico
elaborado anteriormente, pelo Crea-PR, na Gestão 2009-2011. Após uma série de reuniões da Agenda
Parlamentar, realizadas em municípios do Estado, destacou-se a necessidade de maior debate e
aprofundamento ao tema “Licenciamento Ambiental”.
O licenciamento ambiental é um dos principais instrumentos para que o país mantenha seu equilíbrio
ambiental, com base no “Princípio da Precaução” da Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (RIO-92):
“Princípio 15. Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente
observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou
irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de
medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.”
A partir desse princípio o licenciamento ambiental tem a importante função de prevenir que danos ao
meio ambiente venham a ocorrer e, caso isso aconteça, que sejam prontamente buscadas soluções para
remediação e/ou minimização dos impactos. Assim, no licenciamento ambiental procura-se deixar de
lado o termo “não pode fazer” e mostrar o “como fazer”.
Atualmente, esse processo ainda é visto como um atraso ao desenvolvimento econômico, colocando
Todo empreendedor que já necessitou de uma licença ambiental sabe que esse processo pode ser
demorado e, algumas vezes, as licenças poderão ser indeferidas. Isso pode ocorrer, por exemplo, pela
simples falta de qualidade, informação, viabilidade técnica ou observação à legislação ambiental vigente.
Nenhum licenciador do órgão ambiental deverá autorizar atividades ou empreendimentos que infrinjam
as normas ou que contenham problemas que poderão causar impactos ambientais desnecessários no
futuro.
Outrora, evitando-se generalizações, o que pode prejudicar o processo é a lentidão do próprio órgão
ambiental que, notoriamente, não possui corpo técnico suficiente. Porém, esse é um tema mais complexo
que envolve outras questões financeiras e de governança do Estado.
O desenvolvimento desse novo caderno técnico é importante devido às mudanças ocorridas nos
últimos anos na legislação ambiental e nos processos administrativos de licenciamento junto aos órgãos
ambientais, como a implementação de novos softwares de gestão.
No contexto atual, existe uma corrente favorável à descentralização desse processo àqueles
municípios que possuem condições de recepcionar tais atividades. Na realidade, talvez seja a única saída
para que o licenciamento ambiental seja mais eficiente, pois o órgão ambiental estadual está longe de ter
pessoal suficiente para atender a demanda atual.
Embasamento legal
Como preconiza a Constituição Federal de 1988, a competência para legislar sobre as questões
ambientais é comum entre os entes federados, conforme o trecho abaixo:
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. … VI -
proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas,
a fauna e a flora.”
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
Incumbe ao poder público em suas diversas esferas assegurar a aplicação e efetividade de suas
ações para garantir que a população desfrute do direito constitucional ao meio ambiente equilibrado e à
qualidade de vida.
Já as normas infralegais podem ter caráteres diferenciados de acordo com sua instituição de origem,
rito de aprovação e matéria abordada, como os Decretos, Resoluções, Regulamentos e Portarias. De
acordo com o Art. 8º da Lei n.º 6.938/1981 compete ao CONAMA:
A referida Lei ainda define que o Licenciamento Ambiental constitui-se em um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente e tem como finalidade promover o controle prévio à construção,
instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental.
Reforçando a Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei n.º 9.605/98, que dispõe sobre as sanções
penais e administrativas lesivas ao meio ambiente, em seu artigo 60, estabelece a obrigatoriedade do
licenciamento ambiental das atividades degradadoras da qualidade ambiental, contendo, inclusive, as
penalidades a serem aplicadas ao infrator.
Em regra, a Resolução CONAMA n.º 237/97 definiu quais são os órgãos de competência para a
realização do licenciamento de acordo com a localização e o objeto do licenciamento, conforme tabela
abaixo:
Órgão competente para o licenciamento ambiental Abrangência dos impactos ambientais diretos
IBAMA Dois ou mais estados
IAP Dois ou mais municípios
MUNICÍPIOS Local
Entretanto, algumas matérias específicas fogem à regra. Como exemplo, temos as atividades
desenvolvidas no mar territorial, na plataforma continental, em terras indígenas e em unidades de
conservação de domínio da União que, via de regra, serão avaliadas pelo IBAMA independente da
abrangência dos impactos ambientais diretos.
Finalmente, a Resolução CONAMA n.º 237/97 prevê que o licenciamento ambiental deverá ocorrer
apenas em um nível de competência, ou seja, estabelecida a competência de um ente federado para
licenciar, os demais deverão abster-se de fazê-lo. A exceção à regra é no caso da competência supletiva
do IBAMA.
As normas também podem ter um caráter mais específico como a Resolução CONAMA n.º 412/09
que estabelece critérios para o licenciamento ambiental de novos empreendimentos habitacionais
considerados de Interesse Social.
Na esfera estadual as políticas nacionais são recepcionadas, tomando-as como ponto de partida
para o desenvolvimento de sua própria legislação. Evidentemente, consideram-se as características
socioeconômicas e ambientais particulares de cada Estado, por exemplo, os biomas regionais, condições
socioeconômicas da população, atividades agropecuárias e industriais predominantes, entre outros.
Dessa maneira, os municípios podem exercer tal atividade de acordo com as tipologias de atividades
econômicas essencialmente de impacto local. Já aqueles empreendimentos de impacto regional ou de
interesse nacional continuam com os demais órgãos ambientais seja IAP ou IBAMA. Já os processos de
Outorga de Uso de água continuam sendo de competência do Águas do Paraná.
As principais normas do licenciamento estadual são as Resoluções CEMA n.º 065/08, n.º 070/09 e n.º
072/09 e as Resoluções SEMA n.º 051/09 e n.º 052/09.
É bom ressaltar que através do processo de municipalização do licenciamento ambiental, regido pela
Resolução CEMA n.º 088/2013, a maior parte das atividades listadas na Resolução SEMA n.º 051/09 será
repassada aos municípios capacitados para realização do licenciamento. Por isso, é importante verificar
se o município já cumpriu os requisitos estabelecidos naquela resolução e possui a autorização para
início das atividades, pois, neste caso, o IAP não mais emitirá a DLAE e sim o órgão ambiental municipal
por meio de sua legislação específica.
De acordo com informações do IAP a Autorização Ambiental deverá ser requerida para empreendimentos
como terraplenagem e aterros acima de 100 m3, transporte e destinação final de resíduos, testes de
queima, testes de coprocessamento, testes de unidades piloto, entre outros.
Essa categoria visa atender atividades que naturalmente possuem potencial poluidor/degradador
significativo, porém devido ao seu porte, podem ser licenciadas de maneira simplificada. Por exemplo, os
abatedouros de bovinos com até 30 cabeças/mês e as indústrias de beneficiamento de madeira com até
10 funcionários.
A Licença Ambiental Simplificada terá validade máxima de seis anos e poderá ser renovada. Os
documentos necessários para sua renovação são:
4. Licença Prévia - LP
A Licença Prévia é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento aprovando
sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.
O prazo de validade da LP será de 2 (dois) anos e não é renovável. Após esse prazo, caso não tenha
sido requerida a Licença de Instalação, o requerente deverá solicitar novo processo de licenciamento
prévio. Esse procedimento é devido a eventuais alterações das condições ambientais nas quais o
empreendimento está inserido.
É importante ressaltar que a emissão da Licença Prévia não autoriza a efetiva instalação do
empreendimento, fato que poderá ocorrer posteriormente após a emissão da licença de instalação.
5. Licença de Instalação - LI
A Licença de Instalação é o documento que precede a Licença Prévia, sendo autorizada a instalação
do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas
e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambientais e demais condicionantes, das quais
constituem motivos determinantes.
Para requerer a Renovação da Licença de Instalação – RLI deverá ser protocolada junto ao IAP a
solicitação com no mínimo 120 (cento e vinte) dias de antecedência da data de vencimento da respectiva
Licença de Instalação de origem, que terá validade máxima de 02 (dois) anos.
6. Licença de Operação - LO
De acordo com a Resolução CEMA n.º 065/08 a Licença de Operação autoriza o início da operação
da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta nas licenças
anteriores, com as medidas de controle ambientais e condicionantes determinados para a operação.
Já a Renovação da Licença de Operação – RLO será realizada por meio da apresentação dos seguintes
documentos:
Para empreendimentos industriais, por exemplo, a licença terá validade em função da natureza da
atividade desenvolvida, variando entre 02 (dois) e 06 (seis) anos, como pode ser verificado em: http://
www.iap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=463
Os documentos necessários para a LASR são aqueles requeridos para obtenção da Licença Ambiental
Simplificada, somados a seguinte documentação:
• Alvará de funcionamento;
• Relatório do automonitoramento de emissões atmosféricas, se necessário, de acordo com as
diretrizes específicas do IAP, conforme estabelecido na Resolução SEMA n.º 054/06;
• Declaração do interessado assumindo as condicionantes do licenciamento;
• Comprovação da inexistência de passivos ambientais;
• Cópia da carteira de identidade do representante legal que está assumindo o licenciamento;
• Apresentação de cópia original da súmula de publicação no Diário Oficial e Jornal Local do pedido
da LASR, conforme modelo aprovado pelo CONAMA n.º 006/86, num prazo de 30 (trinta) dias junto ao IAP,
após o recebimento da LAS.
8. Autorização Florestal - AF
O licenciamento ambiental de empreendimentos, em muitos casos, depende de autorizações para
supressão vegetal. Essas, normalmente, devem ser solicitadas junto ao órgão competente e verificadas
as possibilidades antecipadamente ao projeto executivo do empreendimento para se evitar retrabalhos
em nível de projeto. Em alguns casos o órgão ambiental estabelece medidas compensatórias através de
Termo de Compromisso nos casos de incidência de impactos significativos.
A Autorização Florestal é o documento expedido pelo IAP que permite ao proprietário de um imóvel a
condição de efetuar o corte de vegetação florestal nativa, o corte árvores isoladas em ambiente florestal,
agropecuário ou urbano, o aproveitamento material lenhoso seco, entre outros serviços florestais. Em geral
a validade da Autorização Florestal varia de 1 (um) mês a 1 (um) ano em função do tipo da autorização e
tamanho da área a ser autorizada.
Esta Autorização Florestal é expedida para todo e qualquer procedimento de retirada de material
originário de qualquer tipo de vegetação, por exemplo, corte raso, corte isolado, corte de árvores nativas,
aproveitamento de material lenhoso seco, aproveitamento de material caído por ação de vendaval, entre
outras autorizações.
Já o corte isolado pode ocorrer no meio urbano ou rural tendo diferenças entre cortes isolados em
maciços florestais, em área urbana, na agricultura, etc. que deverão ser avaliados caso a caso no momento
da autorização florestal.
O corte isolado em área urbana pode ser autorizado para fins de edificações e quando colocar em
risco a vida e o patrimônio público ou privado. Para esses casos a relação de documentos necessária para
pedido junto ao órgão ambiental é a seguinte:
Observa-se que está dispensado de licenciamento junto ao órgão estadual o corte isolado de até 5
(cinco) exemplares de espécies nativas em área urbana sem prejuízo a possíveis autorizações em âmbito
municipal, com exceção daquelas espécies constantes na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de
Extinção e aquelas localizadas em área de preservação permanente.
Já o corte de árvores nativas em meio a florestas não será permitido, exceto no caso específico de
Para Pinheiros nativos adota-se, como regra, a não autorização de corte do pinheiro (Araucaria
angustifolia) com algumas exceções, por exemplo, quando houver comprovação de que os pinheiros
foram plantados (procedimentos da Portaria nº 063/2006 – IAP) ou quando houver risco eminente de
queda podendo colocar em risco a vida e o patrimônio publico ou particular.
O corte de espécies florestais exóticas, em regra, está isento de autorização ambiental, exceto
aquelas localizadas em APP, que devem seguir a Resolução SEMA n.º 028/98. Espécies como Pinus,
Eucalipto, Uva-do-Japão, Cinamomo, entre outras não necessitam de autorização tanto para o corte como
transporte.
Existem ainda outras situações específicas passíveis de corte de vegetação que podem ser informadas
pelo próprio órgão ambiental.
O acesso a esse serviço poderá ser feito por pessoa física ou jurídica cadastrada e em situação
regular, verificada por meio de certificado de regularidade no Cadastro Técnico Federal.
Caso o órgão ambiental competente verifique que a atividade ou empreendimento não é potencialmente
causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao
respectivo processo de licenciamento.
Segundo a Resolução CONAMA n. 001/86, Artigo 5º, o EIA deverá atender, entre outras normativas, às
seguintes diretrizes gerais:
Já o RIMA tem a função de sintetizar as conclusões do EIA, apresentando os resultados dos estudos
ambientais da área de influência do projeto; a caracterização da qualidade ambiental futura da área de
influência; recomendação quanto à alternativa mais favorável; medidas mitigadoras previstas em relação
aos impactos negativos, entre outras informações.
Esse relatório deve ser apresentado de forma objetiva, sendo que as informações devem estar
escritas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de
comunicação visual, de modo que se possam entender claramente as vantagens e desvantagens do
projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação.
3. Audiência Pública
Os critérios para a realização de Audiência Pública foram definidos pela Resolução CONAMA nº
009/87 e tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido
RIMA, com o objetivo de dirimir dúvidas e recolher as críticas e sugestões a respeito do projeto.
A Audiência Pública pode ser solicitada por entidade da sociedade civil organizada, Ministério Público
ou cidadãos e deverá ser organizada pelo órgão ambiental licenciador. Caso o órgão licenciador emita
a licença mesmo quando a audiência solicitada não tenha sido realizada, aquela licença concedida será
inválida.
Em função da localização geográfica dos solicitantes, e da complexidade do tema, poderá haver mais
de uma audiência pública sobre o mesmo projeto de respectivo Relatório de Impacto Ambiental. Os locais
deverão ser de fácil acesso aos interessados e a convocação realizada de maneira ampla visando atingir
A ata da audiência pública e seus anexos servirão de base, juntamente aos estudos apresentados,
para a análise e parecer final do licenciador quanto à aprovação ou não do projeto.
Além do EIA/RIMA existe uma série de estudos técnicos que podem ser solicitado pelo órgão ambiental
dependendo das especificações do empreendimento, como porte e potencial poluidor/degradador, bem
como de sua localização, por exemplo, quando há proximidade a zonas de interesse especial ou zonas
ecologicamente sensíveis.
O Plano de Controle Ambiental (PCA) é um estudo que, em primeiro momento, foi exigido pela
Resolução CONAMA n.º 009/90 para licenciamento de atividades de extração mineral. Em geral, esses
estudos são requisitos para obtenção da Licença de Instalação de diversas atividades.
A Análise de Riscos é um estudo utilizado em situações em que eventuais acidentes possam ter
consequências graves não somente ao meio ambiente, mas também, à vida das pessoas. Um bom exemplo
são os empreendimentos de oleodutos e gasodutos. Além disso, pertencem ao campo da gestão de riscos
o planejamento das situações de emergência e a manutenção de um grau de prontidão para reagir nessas
situações. Para tomar suas decisões, o gestor de riscos, seja um responsável político governamental ou
um diretor de uma instalação industrial, utiliza todas as informações disponíveis resultantes dos estudos
de impacto ambiental e de avaliações de riscos.
O Relatório Ambiental Simplificado (RAS) foi originalmente instituído pela Resolução CONAMA
n.º 412/09 e se refere aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação e operação de
novos empreendimentos habitacionais, incluindo as atividades de infraestrutura de saneamento básico,
viária e energia, contendo as informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do
Existem estudos específicos para a área de gestão dos resíduos sólidos como o Plano de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos (PGRS), Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS). Esses estudos normalmente são solicitados
para licenciamento de indústrias, obras, atividades hospitalares, etc.
O Inventário Florestal e o Levantamento Florístico são outros estudos da área florestal muitos
solicitados, principalmente, quando há o pedido de supressão vegetal.
5. Termo de Referência
O Termo de Referência é um instrumento utilizado pelo órgão licenciador para apresentar diretrizes
aos estudos a serem apresentados pelos requerentes de licenças ambientais. Nele é definido o conteúdo
mínimo sem o qual o licenciamento não poderá ser emitido.
O TAC deverá ser elaborado e avaliado pela equipe técnica e Procuradoria Jurídica do IAP previamente
à sua celebração. A liberação da licença somente ocorrerá após o cumprimento das obrigações, que serão
Sabe-se que a maioria dos municípios de pequeno porte não terá condições de suportar uma equipe
adequada para o licenciamento ambiental, como ocorre no órgão estadual ou em cidades de grande
porte. Nesses municípios de menor arrecadação é possível manter um setor na área ambiental vinculado
a alguma Secretaria como Agricultura, Urbanismo, entre outros.
Para se realizar um licenciamento que abrace diversas atividades econômicas é necessário que haja
multidisciplinaridade do órgão ambiental municipal através de um corpo técnico que contenha, entre
outros profissionais, engenheiros de diversas áreas como ambiental, química, civil, agronômica e florestal.
Essa equipe deverá ser capacitada em função dos procedimentos padrões ao licenciamento, inclusive
operação do sistema de informação disponível para gestão e controle de processos administrativos. Um
sistema de informação é importante para que haja transparência nos procedimentos de licenciamento
ambiental. Através dele é possível acompanhar a movimentação dos processos, por exemplo, verificar em
qual setor o processo se encontra e para quais finalidades.
O ideal é que os municípios tenham em seu quadro próprio os profissionais habilitados para as
atividades do licenciamento e sejam vinculados ao órgão ambiental. Entretanto, a terceirização de alguns
serviços municipais é possível, desde que elas não envolvam o exercício do poder de polícia que é inerente
ao município e não pode ser delegado a terceiros. Outra possibilidade é a formação de um consórcio
público entre diversos municípios de baixa arrecadação, que somados, podem manter uma equipe técnica
maior e mais qualificada.
Os municípios devem preparar seu arcabouço legal para a viabilidade do serviço de licenciamento
ambiental, tendo como ponto de partida a legislação federal e estadual existente e, de maneira escalonada
gerar normas que se adaptem às situações locais, definindo-se parâmetros específicos, podendo ser mais
restritivas do que aquelas.
Uma das exigências para a habilitação do município é a implantação do Conselho Municipal de Meio
Ambiente que deve ter caráter consultivo e deliberativo e contar com participação paritária, ou seja, de
pelo menos 50% de representantes da sociedade civil. Deve, ainda, possuir em seus quadros profissionais
habilitados, infraestrutura adequada e sistema de informação ambiental integrado ao órgão estadual,
conforme Resolução CEMA n.º 088/2013.
O SGA é uma solução informatizada que, dentre demais facilidades, permite aos usuários a requisição
de licenças pela Internet e consultas relacionadas ao processo. A ferramenta é integrada com uma base
de dados georreferenciados que serve de apoio à tomada de decisão na emissão de pareceres e laudos
técnicos, bem como na decisão administrativa, além de dar suporte aos módulos de monitoramento e
fiscalização.
Com o sistema os procedimentos não necessitam mais serem protocolados fisicamente no escritório
regional do IAP. É possível fazer a solicitação de maneira remota, digitalizando os documentos e
fazendo seus uploads. Os técnicos continuam realizando as vistorias e o acompanhamento in loco dos
empreendimentos normalmente. Porém, com o sistema, as análises de documentação tendem a ser mais
ágeis, transparentes e padronizadas.
O sistema pode ser acessado através do link SGA na página do IAP: Acesse o SGA (http://www.
sga.pr.gov.br/sga-iap/login.do?action=iniciar). Nessa página também está o tutorial supracitado que
ensina os usuários ambientais a utilizarem o sistema, além do serviço para tirar dúvidas e prestar outros
esclarecimentos.
Inicialmente o usuário deverá realizar o seu cadastro junto ao sistema através de login e senha antes
de realizar a primeira solicitação do licenciamento ou a sua renovação. Nesse cadastro é necessário
indicar o CPF ou CNPJ.
Com o usuário cadastrado e acessado o sistema é necessário realizar três (03) subetapas antes
de iniciar o licenciamento, quais sejam cadastrar usuário ambiental, imóvel e empreendimento. É
Na sequência é preciso cadastrar o imóvel inserindo todos os dados pertinentes como endereço, área
e matrícula ou transcrição do imóvel.
Após a inserção desses dados, é possível localizá-lo no sistema através do nome dado ao imóvel,
matrícula e município, por exemplo.
É possível inserir a localização geográfica do imóvel através de uma plataforma integrada de banco
de dados, com comandos de fácil utilização.
Na etapa de Requerimento de Licença deve ser localizado o usuário ambiental, imóvel e empreendimento,
ou seja, o usuário não alimenta o sistema, apenas localiza em seu banco de dados, sendo uma das etapas
mais importantes, pois o próprio sistema faz uma análise em função da tipologia do empreendimento
e restrições locacionais, enquadrando-o como Licenciamento Completo (Licença Prévia, Instalação e
Operação), Licença Ambiental Simplificada, Autorização Ambiental ou até Dispensa de Licenciamento
Ambiental Estadual – DLAE.
O sistema possui filtros que indicam qual documento/estudo é necessário para cada tipo de
empreendimento. Com o preenchimento de todos os questionários, o próprio sistema gerará o protocolo
de solicitação, registro de parecer, condicionantes padronizadas, decisão administrativa e emissão do
documento, que serão encaminhados ao e-mail do solicitante.
Nessa etapa é importante a participação de um profissional habilitado para se ter certeza das
informações técnicas disponibilizadas. Será obrigatória a inserção dos dados de um responsável técnico
com registro no seu respectivo conselho de classe.
Somente após o preenchimento de todos os campos necessários é possível gerar a taxa para
pagamento e concluir o requerimento.
Porém, o protocolo somente é gerado e o procedimento passa a tramitar no IAP para análise após a
constatação do pagamento da taxa pelo sistema.
Nessa etapa é solicitada os dados de localização da área de plantio, inclusive com geolocalização do
imóvel através de mesma plataforma integrada de banco de dados. O próprio sistema sugere as espécies
de mudas, gera o requerimento e local de retirada.
Por fim, com a implantação do Sistema de Gestão Ambiental –SGA o Paraná se tornou o primeiro
Estado do Brasil a receber solicitações de licenciamentos ambientais via internet e a emitir dispensas de
licenciamentos online. Conforme informações do próprio IAP, a ferramenta já reduziu em cerca de 60% o
tempo de atendimento para deliberação de DLAE.
Conclusão
O licenciamento ambiental é uma etapa essencial ao desenvolvimento das atividades e
empreendimentos, pois através dele a minimização dos impactos ambientais é efetivada e o equilíbrio
ambiental é mantido.
Por isso, os empreendedores, seja da área pública ou privada, devem tomar as medidas cautelares
necessárias para evitar danos e riscos ambientais aplicando-se medidas mitigadoras e/ou minimizadoras
dos impactos ambientais de maneira proporcional e com base nas boas práticas da engenharia.
Os municípios de médio e grande porte devem estar preparados para o licenciamento ambiental, pois
o desenvolvimento econômico de suas cidades depende disso. Ao mesmo tempo a descentralização
auxiliará o órgão ambiental estadual a reduzir a quantidade de processos que chegam atualmente,
melhorando o desempenho de todos e fornecendo à sociedade serviços públicos com qualidade e
eficiência.
Referências
BRASIL. Congresso Nacional. Lei Complementar n.º 140/2011.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções n.º
001/1986, 006/1986, 009/1987, 009/1990, 237/1997, 273/2000 e 412/2009.
BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. PARANÁ.
Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Instituto Ambiental do Paraná. Resoluções Conjuntas IBAMA/
SEMA/IAP n.º 046/2007 e 005/2008.
PARANÁ. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Conselho Estadual do Meio
Ambiente. Resoluções CEMA n.º 065/2008, 070/2009, 072/2009, 088/2013.
PARANÁ. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Resoluções SEMA n.º
031/1998, 054/2006, 051/2009 e 052/2009.
PARANÁ. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Instituto Ambiental do Paraná.
Portarias IAP n.º 166/2008 e 059/2009.
ONU. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. RIO-92.
Rafael Luiz Diogo da Rosa possui graduação em Engenharia Ambiental pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná e especialização em Geoprocessamento pela Universidade Federal do Paraná - UFPR,
mestrando do Programa Internacional de Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e Industrial –
MAUI, também pela Universidade Federal do Paraná – UFPR, Sócio Administrador e Responsável Técnico
da MOR Gestão Ambiental e Florestal Ltda. (www.morgestaoambiental.com.br). Gerente Técnico da
Associação Paranaense dos Engenheiros Ambientais APEAM. Representante titular do Crea-PR (APEAM)
no CONMACO – Conselho Municipal de Meio Ambiente de Colombo.