A Verdade Sobre A Mudança Na Lei de D Us

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A VERDADE SOBRE A MUDANÇA NA LEI DE D´US

"Pois quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei (...) Portanto, por
um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade" (Hb 7.12 e 18)

Em que aspecto houve mudança de lei? Se observarmos com cuidado o contexto perceberemos que
o autor trata da substituição (de certa forma) da lei do sacerdócio levítico por um sacerdócio
superior conforme o Sl 110.4 que é citado no versículo 17 que diz: "Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque". Claro se o sacerdócio de Melquisedeque é declarado eterno
(para sempre) o sacerdócio levítico é inferior àquele. Por isso diz ainda o versículo 14: "pois é
evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes". e
ainda v.15: "quanto à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote..." Quem é este
sacerdote? YESHUA.

Yeshua não podia exercer sacerdócio segundo a carne, pois era da tribo de Judá, ofício restrito (na
terra) aos da tribo de Levi. Mas, ele exerce superior sacerdócio junto ao pai segundo a ordem de
Melquisedeque. Pois o sacerdócio de Yeshua não é: "...segundo a regra de uma prescrição carnal,
mas de acordo com o poder de uma vida imperecível" (v.16 - Verão da Bíblia de Jerusalém -
Edições Paulinas).

O que quer dizer este texto? Que a lei é carnal? Que os mandamentos são carnais? Obviamente que
não, pois como disse Paulo: "Porque sabemos que a lei é espiritual..." (Rm 7.14). Na verdade o
texto se refere a linhagem de sacerdotes segundo a carne, o sacerdócio levítico. A prescrição da Torá
que estabelece o sacerdócio terreno, ou seja, os da Casa de Levi.

A Bíblia de Jerusalém comenta que esta regra "carnal" é: "Aquela que reserva o sacerdócio de Levi
exclusivamente à sua descendência carnal". Neste aspecto podemos concluir que não foi a Torá que
foi suplantada, mais uma lei da Torá, a lei do sacerdócio levítico, deu lugar ao sacerdócio superior,
o de Yeshua HaMashiach. Mesmo assim, observe que o princípio de mediação através de um
sacerdote foi mantido. Este princípio está na Torá, a necessidade de um mediador é um princípio
eterno.

Percebemos então que Yeshua é um sumo sacerdote, cujo serviço é prefigurado no ministério do
sacerdote Melquisedeque, soberano e acima do sacerdócio levítico. Sendo assim, a lei da Torá que
dizia que só os sacerdotes levitas podiam se achegar em intercessão a D'us foi suplantada por um
sacerdócio celestial e superior. Por isso ainda diz: "Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote
como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus
(...) Porque a Torá constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a Palavra do
juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre" (Hb 7.26 e 28). A "palavra
do juramento" se refere a promessa que o Eterno fez no Salmo 110.4: "O Eterno jurou e não se
arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque", este juramento
perpetua o sacerdócio de Yeshua.

O texto em nenhum momento faz referência a mudança da Torá por outra Torá. Mas, na mudança de
uma lei, a do sacerdócio levítico.

Nota: Melquisedeque foi o misterioso Sacerdote-Rei de Salém (Gn 14.18-20 ler) que abençoa
Abraão. Uma doutrina judaica do 1º Século era que Melquisedeque foi uma prefiguração do
Messias ou o próprio Yeshua, Salém era o antigo nome de Jerusalém, cuja raiz vem de Shalom
(Paz), e Melquisedeque vem do hebraico: MALKI-TSEDEK que pode ser traduzido como: Rei da
Justiça.
"Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo
buscado lugar para uma segunda (...) Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo
que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer" (Hebreus 8.7 e 13).

Sem dúvida busca-se uma Nova Aliança, foi o próprio profeta Jeremias quem a profetizou, por isso
o autor de Hebreus cita-o nos versículos de 7 à 11. A primeira aliança era imperfeita por causa do
endurecimento do coração do homem. Um coração não queria andar voluntariamente nos
mandamentos do Senhor. Por isso procurou-se a Nova Aliança. V.13

"Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira ?. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está preste a desaparecer". Sem dúvida! Está preste, mas ainda não desapareceu. O fato
de uma aliança ser antiga, não quer dizer que ele tenha desaparecido. Obviamente a Nova Aliança
não se cumpriu plenamente, quando isto se cumprir a Antiga Aliança será plenamente suplantada
dando lugar à eternidade e aprenderemos a Torá do Mashiach.

A idéia dispensacionalista de que uma aliança anula a anterior é vaga, todas as alianças estão de pé,
obviamente que os acréscimos trazidos por uma última aliança são superiores aos dos pactos
anteriores, mas isto não quer dizer que necessariamente "abolição".

O problema está em desassociar a Torá (lei) da Aliança. A imagem que um cristão geralmente tem é
que a Nova Aliança é um pacto de "graça" enquanto a Primeira Aliança é de "lei". Esta idéia é
imprecisa, pois quando a Nova Aliança foi prometida pelo Eterno através do profeta Jeremias
(citado pelo próprio autor de Hebreus) ele disse: "(...) firmarei Nova Aliança com a casa de Israel e
com a casa de Judá (...) porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel depois daqueles
dias, diz o Eterno: Na sua mente imprimirei AS MINHAS LEIS, também sobre o seu coração as
inscreverei..." (Jr 31.31-34 e Hb 8.8,10). A Nova Aliança não é uma aliança sem lei (anomista).
Então o que muda? Ou em que aspecto a Nova Aliança é melhor que a primeira? Ela é melhor e
diferente porque a Torá agora muda de posição. Antes, ela estava em tábuas de pedras, a pedra é um
reflexo do coração endurecido do homem. Mas, graças ao sangue da Nova Aliança, hoje esta Torá
estará impressa no coração de todo aquele que é fiel a Yeshua HaMashiach, corações regenerados
estão condicionados a receberem os preceitos eternos.

"Porque a lei do Espírito da vida, no Messias Yeshua, te livrou da lei do pecado e da morte"
(Romanos 8.2)

Lendo este texto sem meditar, podemos ser levados a acreditar que existem duas "leis". Uma lei que
é do Espírito no Messias e outra, a lei do pecado e da morte.

Na verdade Paulo não está fazendo referência a uma lei do pecado (judaica) e outra lei espiritual (de
Yeshua). Quando se diz lei neste caso, faze-se referência, a Torá do Messias, que não é outra se não
a mesma que foi dada a Moisés no Monte Sinai, mas em novas condições.

Vejamos o contexto: "Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso
fez D'us enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado;
e, com efeito, condenou D'us, na carne, o pecado, a fim de que a ordenança da Torá se cumprisse
em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Rm 8.3 e 4).

A expressão usada no versículo 3 "impossível" é a palavra grega "adynaton". Ela é formada pela
preposição negativa "a" e pela raiz "dinâmis" (poder). Na verdade esta palavra significa
precisamente: "sem poder". Com esta informação vamos analisar o versículo com mais atenção.
A Torá tem poder quando aplicada de forma correta. Mas, torna-se ineficaz quando praticada por
um coração incircunciso, não regenerado. O texto ainda diz que a Torá estava enferma por causa da
carne ou da carnalidade do homem. Observe, que o problema não é a lei, mas o homem escravo do
pecado e sua frustrada tentativa de se tornar justo através de seu esforço em cumprir a 'lei'. Nesta
tentativa carnal de ser obediente aos preceitos de D'us, a Torá ao invés de ser um instrumento de
vida para o homem, torna-se para este indivíduo não restaurado, um instrumento de "pecado" e de
"morte", o que é um desrespeito aos estatutos e mandamentos do Eterno. Por isto ela (a Torá) estava
"sem poder".

Então qual foi a solução de D'us para este problema da obediência carnal? Diz ainda:"enviando o
seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito,
condenou D'us, na carne, o pecado...". Perfeita a obra de D'us! Já que o problema do homem em
cumprir os mandamentos de D'us era a carne, então D'us envia seu filho como o homem,
semelhante ao pecador, para destruir o pecado que tanto impedia o homem de cumprir os
mandamentos de D'us. D'us fez tudo isso para quê?

"A fim de que o ESTATUTO DA LEI se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas
segundo o Espírito" (v.4). Agora, libertos do pecado pelo sacrifício do Messias o estatuto da Torá se
cumpre no indivíduo. Antes cumpríamos a Torá, mas agora ela se cumpre em nós. Sendo assim,
agora, a Torá volta ao seu propósito original: SER UMA TORÁ DO ESPÍRITO DA VIDA e não
mais UMA TORÁ DO PECADO E DA MORTE (v.2).

Este dualismo Torá Vida x Torá Morte é comum na tradição judaica conforme o Talmud: “Rabi
Iehoshua ben Levi disse: Qual é o significado do versículo, E esta é a Torá que Moshê colocou
perante os Filhos de Israel [Deuteronômio 4:44]? Isso significa que se uma pessoa é meritória
[merecer], ela [a Torá] será para a mesma um elixir que concede vida; mas se não, ela [a Torá] se
tornará um veneno mortal. Isso é o que Rabá quis dizer quando ele disse: se ele usá-la de modo
direito, ela [a Torá] é uma medicina de vida para ele, mas se alguém não usá-la de modo direito, ela
é um veneno mortal” (Yomá 72b).

"Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito
todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las"
(Gálatas 3.10)

Paulo constantemente faz uso das expressões "obras da lei" e "sob a lei". O intérprete deve tomar
cuidado com estas expressões. De forma alguma Paulo pode está dizendo que a prática de Torá (lei)
traz maldição e tão pouco que a Torá é maldita, obviamente. Pois, o mesmo Paulo diz que a Torá é
santa, justa e boa (Rm 7.12). Na verdade, este texto é uma exortação direta de Paulo ao legalismo.

Mas, o que é "legalismo"? Legalismo é a prática da Torá com fins de justificação (salvação), sem
fazer uso da fé no Messias e em sua obra no madeiro, o que é um erro. A Torá nunca foi dada para
salvar o pecador ela tem a função de preservar o salvo no Messias. Como não existia a expressão
"legalismo" em grego, Paulo usa a expressão "sob a lei" e "obras da lei" como sinônimos da prática
legal a fim de se alcançar salvação. Citarei um famoso hermeneuta cristão: "Os argumentos de
Paulo em Gálatas não eram contra a lei, mas contra o legalismo - essa perversão que diz que a
salvação pode ser obtida mediante a observância da lei...O legalismo nada mais era do que a
tentativa de ganhar a salvação mediante a guarda da lei" (Virkler, Henry A. - Hermenêutica
Avançada - Editora Vida - Pg. 109 - 1998 - 5º Impressão).

Uma pessoa que tenta se justificar unicamente pela prática da Torá estará sob maldição. Por quê?
Ao tentar se justificar pelas obras do Torá esta pessoa: Primeiro: Nega a obra do Messias, pois ao
confiar em si mesma para justificação, nega-se a obra do madeiro. Segundo: Teria que praticar toda
a lei de forma correta, pois automaticamente ao quebrar um mandamento, estaria sendo passível ao
recebimento das maldições descritas na Torá aos que não cumprem seus mandamentos. A não
prática da Torá induz à maldição. Por isso Paulo continua: "... é evidente que, pela Torá, ninguém é
justificado diante de D'us, porque o justo viverá pela fé [fidelidade]" (v.11).

"O Messias nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar,
porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro" (Gl 3.13)

Sim, louvado seja o Eterno por isto! Pois, não estamos mais passíveis à maldição. Pois, não
confiamos em nosso esforço humano para sermos justificados. Antes, confiamos na maravilhosa
obra de Yeshua e na capacitação que o Espírito de D'us nos dá de sermos justos (ver comentário
acima sobre Romanos 8.2).

Nossa justiça vem pela firme fidelidade à obra que Yeshua realizou por nós. Obviamente, depois
que fomos alcançados por sua obra salvadora, recorremos a vida justa, não porque simplesmente
queremos vivê-la, mas porque ela brota naturalmente de nossas vidas, pois temos uma Torá viva em
nossos corações que nos leva a uma vida justa (Jr 31.31 e seg). Não praticamos a Torá para sermos
salvos, mas porque já somos salvos.

Yeshua levou as maldições da Torá, o apedrejamento, o enforcamento, os açoites, no madeiro, afim


de que sejamos obedientes, não por ameaças, mas por amarmos profundamente o Eterno, dedicando
nossas vidas à sua maravilhosa obra.

Concluímos com tudo isto, que é necessária uma revisão cautelosa dos conceitos teológicos que são
adotados hoje pelo cristão. E também pelo judeu que afirma que Paulo era contra a Torá. Vai minha
crítica também ao dogmatismo dispensacionalista*, que insiste em dividir a Bíblia em duas
principais dispensações (digo duas, pois comumente é aceito que existem 7 dispensações bíblicas),
a dispensação da lei (mosaica) e a dispensação da graça. Estes conceitos são aceitos hoje como
quase canônicos, mas em nenhum momento Paulo ou os apóstolos se preocuparam em dividir as
escrituras desta forma. Obviamente, porque esta divisão nunca existiu na era apostólica (I séc.).

"Anulamos a Torá pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a Torá" (Romanos 3.31).

A pergunta que você deveria de se fazer é: O D'us Rei do Universo Criador de todas as coisas,
infinito em sabedoria, daria uma Lei (Torá -instrução) a toda a humanidade que depois ficaria
obsoleta e seria abolida pelo seu filho ? D'us erraria ?

"A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua Torah é a verdade."


Salmos 119:142

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Shalom aleichem

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