Poluição Por Hidrocarbonetos
Poluição Por Hidrocarbonetos
Poluição Por Hidrocarbonetos
AS
MARÉS NEGRAS
Índice
Introdução
1. Fontes de poluição por hidrocarbonetos
2. Consequências do derrame de hidrocarbonetos
3. Principais Métodos de Resposta a um Derrame de Petróleo
4. Convenções internacionais ratificadas por Portugal
Conclusão
Bibliografia
Introdução
O mar, desde as épocas mais remotas da história, insurge-se como um espaço que se
destaca no desenvolvimento económico mundial. Principalmente, como via para o
transporte de mercadorias e como meio de subsistência, através da pesca.
Deste modo, iremos analisar, as consequências da poluição marítima através de
hidrocarbonetos, mais concretamente, provenientes de derrames de petróleo.
Contudo, a poluição por hidrocarbonetos, representa uma fracção relativamente pequena
da poluição marítima, menos de 10%. Porém, os danos ambientais podem ser muito
significativos. A sua origem é variável, e não está só relacionada com acidentes de
petroleiros, pois estes representam apenas 10% do total de petróleo derramado no mar.
Quanto a Portugal, é um dos países de “elevado risco” de acidentes com
hidrocarbonetos, uma vez que, grande parte das rotas comerciais, atravessa a Zona
Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa. Por outro lado, Portugal também importa todo
o petróleo que consome. Como resultado desta conjuntura, tem-se verificado na ZEE
portuguesa uma grande quantidade de derrames. E as condições meteorológicas,
hidrográficas e oceanográficas poderão agravar os seus efeitos.
Com a multiplicação das marés negras, as estratégias e os meios para o seu combate
também têm sido aperfeiçoados. O primeiro objectivo de uma operação deste tipo
consiste em impedir a aproximação massiva do petróleo às zonas costeiras, onde a sua
eliminação é mais difícil e onerosa. Existem várias técnicas de combate e limpeza das
marés negras: afundamento; combustão; utilização de absorventes; utilização de
detergentes e dispersantes; biorremediação ou degradação biológica e recolha mecânica.
3.1 Afundamento
A técnica de afundamento do lençol de petróleo, através do aumento da sua densidade,
tem efeitos nocivos sobre a flora e a fauna dos fundos oceânicos, uma vez afundado,
cobre os sedimentos do fundo do mar e destrói toda a vida aí existente no espaço de
alguns meses.
Por vezes usam-se substâncias absorventes, tipo esponja, para reter o petróleo.
3.2 Absorção
A absorção dos hidrocarbonetos derramados no mar e mesmo nas suas orlas costeiras
espraiadas tem-se processado por acções à base de produtos inorgânicos, como cinzas e
lã de vidro, e de produtos orgânicos naturais e sintéticos, entre os quais se descantam a
palha e os féculos. Portugal, em conjunto com a Noruega e os EUA, está a realizar
estudos e testes para a aplicação da cortiça como absorvente de sucesso sobre as toalhas
derramadas de hidrocarbonetos e igualmente sobre as areias por eles contaminadas. A
cortiça reúne as seguintes características:
- elevado poder de absorção: 1 m3 de cortiça absorve 5 m3 de hidrocarbonetos;
- fácil recolha, dado que após absorver os hidrocarboneto derramados, a cortiça pode ser
rápida e facilmente recolhida, desde que se reunam determinadas condições de
contenção do produto;
- facilidade de reutilização depois de absorver o hidrocarboneto uma vez que, misturada
com um solvente apropriado, e sujeita a uma acção mecânica adequada, a cortiça liberta
facilmente o produto absorvido, podendo ser reutilizada entre 3 a 5 vezes, inclusive na
mesma operação de recolha;
- a possibilidade de ser reutilizada porque esgotada a capacidade de reutilização, a
cortiça pode ser utilizada na construção civil ou como combustível; e
- capacidade de retirar o produto de areias ou cascalhos contaminados. misturada com
areias ou cascalhos contaminados por hidrocarbonetos, e sujeita a uma acção mecânica
apropriada, a cortiça, devido à sua grande capacidade de absorção "retirar-lhes" quase
totalmente o produto, permitindo que essas areias ou cascalhos sejam recolocados nas
praias.
Concluindo, por ser um produto natural, não liberta cheiros, fumos tóxicos ou poluentes
na área de actuação e pode estar em contacto com o corpo humano e, principalmente, é
uma forma mais ecológica.
3.6 Biorremediação
A biorremediação é o termo utilizado para descrever um número de processos que
podem acelerar a biodegradação natural, decompondo o petróleo em substâncias mais
simples como água, biomassa ou dióxido de carbono. A biodegradação ocorre como
resultado da oxidação de certos componentes do óleo derramado, através de bactérias,
fungos, algas unicelulares e protozoários. A taxa de biodegradação é limitada por
diversos factores, onde se inclui a temperatura, os níveis de micróbios, os nutrientes e
oxigénio presente, outros factores, tais como a composição química do óleo e o seu
estado de envelhecimento também são importantes.
Entre os processos de biorremediação, encontram-se a bio-estimulação e a bio-
ampliação. O primeiro processo consiste na aplicação de nutrientes, optimizando os
níveis de carbono, azoto e fósforo, com o objectivo de acelerar a taxa de degradação
pelas comunidades de micróbios indígenas. Quanto ao segundo não é mais que a adição
de microrganismos capazes de degradar o óleo.
Embora seja atractiva uma ideia atractiva, o seu uso prático é restrito, uma vez que se
trata de um processo demasiado lento. Assim, este processo não deve ser usado para
manchas à superfície, visto que os materiais adicionados são rapidamente diluídos e
perdidos da mancha, sendo mais adequado para zonas costeiras contaminadas com óleo.
E, as bactérias que decompõem o petróleo em substâncias mais simples (combustão
natural), são extraídas do amido de milho, e para digerir 1 litro de petróleo consomem o
oxigénio de 327 litros de água do mar, pelo que se agrava o risco de asfixia do meio
marinho.
Conclusão
As marés negras dizem respeito à poluição dos mares e zonas litorais por grandes
manchas de hidrocarbonetos (petróleo e derivados), os quais representam cerca de 10%
do total anual da poluição dos oceanos.
As principais causas de marés negras são a ruptura de oleodutos, o transporte de
hidrocarbonetos em alto-mar, pelos petroleiros, e as actividades de exploração
petrolífera off-shore.
Embora alguns derrames de petróleo ocorram em sequência de acidentes (naufrágios,
colisões,explosões, etc.), uma parte muito significativa ocorre devido a insuficiências
técnicas ou como resultado de medidas pouco escrupulosas de redução de gastos. Como
exemplo, refira-se o caso das explorações de pesquisa nas plataformas off-shore que
libertam para os oceanos lamas com altos teores em hidrocarbonetos, que podem, em
alguns casos, atingir os 30%, ou ainda, a lavagem de tanques dos petroleiros em alto-
mar, uma prática regular, embora proibida pela lei marítima internacional, por forma a
poupar tempo e gastos durante as paragens nos portos. De salientar ainda o mau estado
de grande parte da frota marítima internacional, formada em elevada percentagem por
navios com mais de 20 anos de idade e em deficientes condições de manutenção, assim
como a inadequada preparação técnica de muitas tripulações.
Os hidrocarbonetos petrolíferos são insolúveis na água e menos densos que esta,
formando, em consequência destas propriedades, uma película extremamente delgada,
monomolecular, à superfície da água, o que origina grandes manchas de petróleo que
alastram rapidamente.
As consequências das marés negras são extremamente diversificadas e graves: a
película opaca que se forma à superfície da água impede a entrada de luz nos oceanos e
limita as trocas gasosas, originando uma forte redução da taxa de fotossíntese, assim
como a asfixia de vários animais, devido à diminuição da quantidade de oxigénio
dissolvido nas águas, o que acarreta ainda o incremento das populações de bactérias
anaeróbias. A capacidade de auto-depuração das águas é também fortemente
reduzida,havendo ainda interferências várias no ciclo da água e no regime de
precipitações, já que as trocas de água entre os oceanos e a atmosfera são impedidas
pela película de petróleo. As aves marinhas são extremamente afectadas pelas marés
negras, não apenas devido à libertação de gases tóxicos, como os benzenos e o tolueno,
mas também pelo facto de os hidrocarbonetos dissolverem a camada de gordura que
torna as suas penas impermeáveis, tal como acontece com o pelo de alguns mamíferos
marinhos, por exemplo as focas, originando a morte por hipotermia. A ingestão de
petróleo é também extremamente tóxica ocorrendo, por exemplo, quando as aves
mergulham para pescar ou limpam as penas com o bico, já que o petróleo adere às penas
tornando-as pesadas demais para voar ou nadar,afogando-se. As áreas costeiras
afectadas pelos derrames ficam, geralmente, estéreis durante vários anos, não
apresentando qualquer manifestação de vida, à excepção de algumas bactérias
devoradoras de hidrocarbonetos, em consequência da impregnação dos solos com
compostos tóxicos. O impacto de um derrame petrolífero pode prolongar-se bastante no
tempo, já que os hidrocarbonetos policíclicosaromáticos são solúveis nas gorduras,
sendo, por isso mesmo, fixados pelos seres vivos, nos quais actuam como agentes
cancerígenos, a médio e longo prazo.
Os mecanismos de degradação do petróleo são ainda relativamente desconhecidos o que
faz com que o combate aos derrames seja pouco eficaz: ocorre alguma degradação
natural, devido a fenómenos deoxidação e evaporação, existindo também alguma
degradação por digestão bacteriana (a engenharia genética tenta desenvolver uma
bactéria super-predadora de hidrocarbonetos, que não tenha impactos negativos nos
ecossistemas). O uso de detergentes, para o combate aos derrames, foi quase
abandonado, uma vez que se revelaram ainda mais prejudiciais que os próprios
hidrocarbonetos para a fauna e para a flora. A utilização de barreiras flutuantes e de
navios- aspiradores são soluções não totalmente eficazes, já que as primeiras não são
eficazes quando existe grande turbulência oceânica e os segundos não conseguem ser
eficazes quando os derrames são muito grandes. O único remédio efectivo, neste
momento, é mesmo a prevenção, desenvolvendo métodos de transporte seguros e
evitando as fugas durante as perfurações.
Bibilografia:
- Leis Marítimas, por Manuel Januário da Costa Gomes, 2º Ed. Almedina, 2007
www.ambienteonline.pt
www.autoridademaritima.marinha.pt
www.epa.gov/superfund/programs/er
www.europa.eu
www.eur-lex.europa.eu
www.expresso.sapo.pt
www.instituto-camoes.pt
www.presidencia.pt
www.marinha.pt
www.onu.org