Brasileiros Herois Da Fe - Vol. - Manuel Altenfelder Silva
Brasileiros Herois Da Fe - Vol. - Manuel Altenfelder Silva
Brasileiros Herois Da Fe - Vol. - Manuel Altenfelder Silva
A S
B H F
V I
M E. A S
B H F
V I
© Santa Cruz — Editora & Livraria, 2018.
S P ,4A 1927.
P .D .J P M
C
M .P B
V G
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou
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fotocópia, gravação ou qualquer sistema de armazenamento e recuperação de informações,
sem permissão expressa do editor.
M285
Silva, Manuel E. Altenfelder
Brasileiros Heróis da Fé — Volume I / Manoel E. Altenfelder — 1ª ed. — São Caetano
do Sul, SP : Santa Cruz — Editora e Livraria, 2018.
304 p.
ISBN 978-85-5932-026-8
S C —E L
Rua Oswaldo Cruz, 1160 — sala 04
09540-280 — São Caetano do Sul — SP
Tel.: (11) 3042-7885
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S
Declaração
Nossa Senhora da Conceição
A “Virgem de Anchieta”
Proêmio
Apóstolo do Brasil
Mártir da Castidade
Padre Domingos Garcia
Frei Manoel da Piedade
Mártires da Castidade
Padre André de Almeida
Frei Francisco de Santo Antônio
Madre Angela do Sacramento
Frei Bernardo da Conceição
Madre Vitória da Encarnação
Padre Belchior de Pontes
Padre João Alvares da Encarnação
Soror Maria da Soledade
Padre Caetano Lima
Padre Estanislau de Campos
Ermitão de Macaúbas
Anna de Jesus Maria
Padre Simão Coelho
Madre Margarida
Irmão Inácio da Rocha
Maria Fonseca
Joana de Jesus
Soror Jacinta de São José
Padre Paulo Teixeira
Frei Antônio do Rosário
Madre Helena
Madre Joana Angélica
Frei Galvão
Irmão Joaquim do Livramento
Padre José Gonçalves
Irmã Germana
Dom Vital
Padre Ibiapina
Outros Servos de Deus
Frei Rafael de São Boaventura
Frei Sebastião dos Mártires
Frei Crispim das Chagas
Menino Mártir
Padre Manoel Saraiva
Padre Baltazar Corrêa dos Reis
Frei João de Deus
Padre Manoel Corrêa Feyo
Padre Antônio Manoel Felix
Vicência e Helena de Castro
Padre Francisco Fialho
Paulo Leitão de Versoza
Padre Cristovão Fernandes
Padre Cipriano Pacheco
Frei Bernardo de Santa Clara
Padre Luis Corrêa
Madre Brites da Esperança
Madre Marta de Cristo
Manoel Alvares Corrêa
Frei Antônio do Sacramento
Padre Leandro Ferreira de Azevedo
Soror Maria de Jesus
Frei Antônio do Espirito Santo
Irmã Joana de Gusmão
Frei Lucas José da Purificação
A Padroeira do Brasil
D
O Autor.
N S C
A “V A ”
[131]
F R S B
Este venerável religioso nasceu em Olinda, Pernambuco. A 9 de
março de 1602, com idade de 16 anos, professou na Ordem de S.
Francisco, no convento da Bahia. Foi dotado de apreciável talento,
ocupando o púlpito com geral agrado. Em 1656, em companhia de
outros religiosos, embarcou Fr. Rafael em um navio, na capitania
do Espírito Santo, com destino à Bahia.
Dias depois da sua partida, os holandeses, que ainda
navegavam os mares do Brasil, fizeram-no prisioneiro, bem como a
seus companheiros. Durante a viagem, em meio a sofrimentos que
os hereges lhes infligiam foi-lhes destemidamente combatendo os
erros.
Ao chegar a embarcação à “Bahia da Traição”, ao norte da cidade
de Paraíba (João Pessoa), resolveram os seus algozes dar liberdade
aos outros religiosos, fazendo-os desembarcar em uma das praias do
litoral. Ao Servo de Deus coube outra sorte. Depois de lhe amarrarem
os pés e as mãos, ataram-lhe ao pescoço uma pedra, e o lançaram
ao mar. Assim, mais um mártir foi receber no céu a eterna
recompensa.
[132]
F S M
Este santo semeador do Evangelho nasceu no Rio de Janeiro.
Atraído para a vida do claustro, entrou muito moço, para a Ordem de
S. Francisco, no Convento de S. Antônio da Bahia. Foi ele o
primeiro que nesse convento professou, como religioso. Muito
venerado pelos seus irmãos de hábito, foi várias vezes eleito para os
mais altos cargos da ordem.
Notabilizou-se Frei Sebastião não só por ter sido sempre perfeito
observante dos votos de castidade, pobreza e obediência, como
também pela sua extraordinária caridade e brandura. Nos cargos
que exerceu foi sempre prudente e justiceiro. Suas pregações eram
muito apreciadas e produziam ótimos frutos de salvação.
Conservando “perfeito juízo até a hora da morte, usou nela tais
termos, como se esperava de sua vida, na qual deixou a todos
agradados, ainda que sentidos. Faleceu no mesmo convento, em
que havia nascido, para Deus, pelos anos de 1666”.
[133]
F C C
Este Servo de Deus, era natural da freguesia do Cabo, em
Pernambuco. Fez sua profissão religiosa no convento de Ipojuca.
Foi guardião do convento de Nossa Senhora das Neves, de Olinda.
Sua vida foi sempre virtuosa e penitente, sendo estimadíssimo dos
seus contemporâneos. Teve perfeito conhecimento do dia e hora de
sua morte, que revelou aos seus irmãos de hábito. Confortado com
os sacramentos, faleceu Frei Crispim a 8 de janeiro de 1687.
[134]
M M
Embarcaram-se com outros passageiros, na Paraíba, com destino
a Lisboa, quatro índios cristãos, contando o mais velho treze anos
e o último sete. Perto de Lisboa, os mouros aprisionaram o navio,
seguindo rumo a Marrocos. Chegados a essa cidade, em novembro
de 1690, foram todos os tripulantes postos em rigoroso cativeiro,
mandando o rei que as quatro crianças brasileiras ficassem em seu
palácio.
Instigados a apostasia, resistiram valorosamente os meninos,
dizendo que preferiam morrer a abandonar a fé. Açoitados com tiras
de couro cru torcidas, eles, altaneiros, diziam: “Somos cristãos pela
graça de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Cheio de cólera, o rei
mandou encerrá-los em tétrica prisão. Favorecidos por Deus,
continuaram os virtuosos meninos firmes na fé, suportando por três
dias o rigoroso jejum que lhes impuseram, e em seguida, penosos
trabalhos, acompanhados de duros tormentos.
“De noite eram carregados de prisões, donde os vinham ver os
filhos do rei e outros moços, e com paus, ferros agudos e penetrantes
espinhos, com que os lastimavam, compunham o seu desenfado; mas
os benditos meninos rindo-se do rigor e zombando dos tormentos,
achavam nos espinhos rosas, nas dores delícias, nos opróbrios honra
e nas afrontas vitórias”.
Ao menor dos índios, que se chamava José, impuseram os
mouros maiores torturas, mas o heroico menino a tudo resistiu,
sem que um instante vacilasse a sua ardente fé. Finalmente levaram
as quatro crianças ao convento de S. Francisco, na mesma cidade,
onde José debilitado em extremo e crivado de ferimentos, morreu
no dia imediato, indo sua alma pura receber no céu o prêmio do
seu amor a Nosso Senhor Jesus Cristo.
[135]
P M S
Nasceu em Olinda e, aos 15 anos de idade, entrou Manoel
Saraiva para a Companhia de Jesus, fazendo noviciado no colégio
da Bahia. Foi mestre de noviços, professor de filosofia e teologia, e
reitor do colégio de Olinda. Como visitador e superior geral das
missões no Maranhão, fundou numerosas aldeias de índios,
convertidos à fé, pelo seu zelo, abnegação e caridade heroicas.
“Penetrou muitas vezes descalço, e sem algum viático para
sustentar a vida, fragorosas serras, lugares incultos e solitários,
tolerando excessivos calores, e rigorosos frios…”.
Pouco tempo antes de falecer, foi este santo religioso nomeado
provincial, não chegando a exercer esse alto cargo.
[136]
P B C R
Este herói da caridade nasceu em Olinda. Durante mais de
cinquenta anos exerceu com sua escrupulosa dedicação, o cargo de
capelão da Santa Casa de sua terra natal.
“Era muito modesto, devoto e penitente, por mais que cuidou em
ocultar com a capa da própria humildade e cautela, o fino da sua
virtude, foi sempre estimado como varão santo, especialmente do
Bispo Dom Matias de Figueiredo. Falava-lhe este santo prelado
como costumava um filho a seu pai, e o servo de Deus com
cândida mansidão lhe chamava filho. Tendo celeste aviso da hora de
sua morte, pediu a Extrema-Unção e o sagrado Viático, que recebeu
de joelhos, entre lágrimas santas. Em seguida, abraçado a um
crucifixo, expirou.
[137]
F J D
Este santo religioso nasceu na Bahia. Entrou, jovem ainda, para o
noviciado dos franciscanos, professando a 4 de agosto de 1655.
Ignora-se o dia em que recebeu o presbitério. Passou quase toda a
existência de religioso no convento de Paraguaçu, sempre
“exemplar, pobre, humilde e em todas as demais virtudes,
conhecido como varão perfeito”. Faleceu santamente, com 84 anos
de idade, a 23 de maio de 1720. É conhecido ter ele praticado
alguns prodígios.
[138]
P M C F
Nasceu em Recife, no ano de 1692, teve por pais João Corrêa
Feio Sodré e dona Luisa da Assunção Moura. Desde menino foi de
excepcional candura, guardando sua boca de palavras que de
qualquer maneira pudessem ofender a virtude da pureza.
Recebendo o presbitério, foi vigário da freguesia de Ipojuca.
“Tão acautelado vivia em guardar a jóia da castidade, que
nunca levantava os olhos para ver rosto de mulher; os seus
costumes, as suas palavras, e inclinações respiravam fragrâncias
de virtude…”.
Depois de sua morte, asseverou o seu diretor espiritual, que ele
conservou por toda a vida, o lírio da virgindade. Quando lhe
prepararam o corpo para ser sepultado, encontraram-no apertado
por cilícios. Foi sepultado na matriz de Ipojuca.
[139]
P A M F
Nasceu em Recife, Antônio Manoel Felix, presbítero do hábito
de S. Pedro. Sua vida foi um assombro de caridade. Instruía e
preparava cuidadosamente os enfermos para receberem os
sacramentos. Quando pelos caminhos encontrava algum cadáver,
carregava-o às costas, e como o santo velho Tobias, com suas
próprias mãos o sepultava. Os leprosos foram sempre os
prediletos dos seus carinhos.
Talvez para vencer totalmente a sua repugnância de tratar os
pretos leprosos, cobertos de horrendas chagas, chegou o santo
sacerdote ao ponto de oscular essas mesmas chagas! Fundou o
Servo de Deus um hospital para o tratamento daqueles que se
achavam atacados do mal de S. Lázaro. Foi missionário de altos
merecimentos. “[…] Fez em Pernambuco, assistido do auxílio
celeste, notáveis mudanças nos costumes, trazendo muitas
pessoas à graça do Senhor pelo arrependimento e emenda das
vidas”.
Num sítio que para esse fim lhe foi dado, construiu o Servo de
Deus uma igreja em honra de Nossa Senhora da Soledade. Com
companhia de escravos carregava ele aos ombros os materiais
para o santuário de Maria Santíssima. Foram muitos os milagres
que Nossa Senhora operou por intercessão do seu devotíssimo
Servo, em favor dos que frequentavam aquele santuário.
Sofreu o Pe. Antônio Felix, com heroica paciência, as dores da sua
última enfermidade, e depois de receber os sacramentos, sua alma
voou para a mansão dos bem-aventurados.
[140]
V H C
Nasceram estas santas donzelas na freguesia de Ipojuca,
Pernambuco. Atraídas para a vida contemplativa, transformaram sua
casa num pequeno convento, onde viviam como religiosas.
Passavam muitas horas do dia ajoelhadas ante uma imagem de
Jesus Crucificado, meditando no mistério da paixão. Às vezes, até
noite alta, continuavam as suas piedosas meditações.
Foram ambas dotadas de verdadeiro espírito de mortificação. O
povo as considerava santas. Helena morreu antes de Vitória, sendo
enterrada no Convento de S. Francisco, da mesma freguesia. Esta
última, depois de morta parecia que dormia, tal a serenidade e
formosura de que se revestira seu rosto. Enterraram-na no mesmo
lugar em que fora sepultada sua irmã Helena.
Muitos anos depois, abrindo-se a sua sepultura para a
inumação de outro cadáver, encontraram-lhe o corpo em perfeito
estado de conservação, como no dia em que falecera, exalando
suave aroma.
[141]
P F F
Este ilustre pernambucano e santo religioso era filho do coronel
João Pereira Fialho. Ainda criança, mandaram-no seus pais para a
Bahia, entregando-o aos cuidados de respeitável senhora, que lhe
dispensava maternais carinhos. Frequentando as aulas dos Padres
jesuítas, aos 14 anos recebeu a roupeta dos inacianos. Completados
os estudos, ordenou-se sacerdote. Foi professor em vários colégios
da sua congregação.
Missionário valoroso, a sua palavra convincente atraia tantos
ouvintes, que as igrejas se tornavam pequenas para os conter.
Pregou muitas missões em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.
Devoto de S. Francisco de Assis, obteve de seus superiores
permissão para professar na Ordem 3ª, usando sob a roupeta o
cordão simbólico. Foi ardoroso propagandista das devoções da via
sacra e do rosário de Maria Santíssima.
Tanto se impôs, com as suas heroicas virtudes, à veneração do
povo, que todos buscavam os seus conselhos, e os enfermos
solicitavam a sua assistência. A sua caridade não se contentava em
distribuir esmolas, mas a visitar com assiduidade os hospitais e
prisões, distribuindo aos enfermos e encarcerados medalhas de
Nossa Senhora.
Faleceu o venerável Pe. Francisco Fialho em idade avançada,
depois de confortado com os sacramentos, pronunciando os
sagrados nomes de Jesus e Maria.
[142]
P L V
Este santo homem nasceu em Ipojuca, Pernambuco. Ainda moço,
casou com uma virtuosa donzela, vivendo nesse estado alguns
anos, com a maior correção, e educando seus filhos como
cristãos. Usava cilícios e disciplinas, dormia pouco e jejuava com
frequência. Era caridoso, acudindo às necessidades do próximo com
o maior desvelo. Sua devoção predileta era meditar a Paixão do
Divino Redentor.
Tendo revelação do dia de sua morte, para ela se preparou com os
sacramentos. Rodeado por seus filhos deu-lhes os mais salutares
conselhos e as mais afetuosas bênçãos. Depois, abraçando um
crucifixo, entregou sua alma ao Criador. “Seu venerável cadáver se
entregou à terra na igreja do convento de S. Francisco de Ipojuca,
de baixo do coro para a parte do Evangelho. Passados muitos
anos abrindo-se o seu sepulcro se achou incorrupto, tratável e com
todos aqueles sinais que costumam ter aqueles corpos, que Deus
conserva inteiros em prêmio de terem sido virtuosa morada de sua
alma santa”.
[143]
P C F
Este Servo de Deus tinha uma alma tão simples e inocente, que
mereceu do céu, entre outros o raro dom do domínio sobre os
animais. Era tão humilde que, quando alguém lhe agradecia e
louvava suas ações caridosas, ele, que se julgava o menor dos
homens e o maior dos pecadores, não podia esconder em sua
fisionomia o sofrimento que lhe causavam tais louvores.
Durante a sua última enfermidade deu o mais belo exemplo de
paciência e conformidade com a vontade de Deus. Faleceu este
venerável sacerdote na freguesia de Muribeca, Pernambuco, sendo
o seu enterro acompanhado por numerosos fiéis, que sinceramente
prantearam a sua morte.
[144]
P C P
Este santo sacerdote era natural da freguesia do Cabo,
Pernambuco. Chamado por Deus para o ministério do altar, cumpriu
sempre com a máxima correção aos seus deveres. Todos o
veneravam pela heroicidade de suas virtudes, principalmente a da
castidade, pois desde menino teve o Servo de Deus uma vida
angélica. Era total o seu desprendimento das coisas do mundo.
Sua austeridade e espírito de mortificação fizeram-no escolher
para morada uma casa térrea, sem soalho. Por ocasião de sua
morte, deu-se este fato miraculoso, presenciado por muitas pessoas,
e que veio confirmar a fama de santidade em que vivia: Uns arbustos
que tinham nascido ao redor do seu pobre catre, sem demonstrarem
vigor, repentinamente cobriram-se de brancas flores! E logo o servo
de Deus deixou de existir na terra, para viver no céu, essas flores
morreram.
[145]
F B S C
Religioso de vida muito exemplar, humilde, casto, pobre e
caridoso, deixou Fr. Bernardo elevada fama de santidade.
Professou o Servo de Deus na Ordem dos Menores, a 11 de
janeiro de 1673, não se sabendo a data em que recebeu a
ordenação sacerdotal. Por vezes exerceu o cargo de guardião e no
capítulo realizado no ano de 1707 tomou parte como definidor.
Muito brilhou Frei Bernardo na virtude da paciência com que
suportou, durante longos anos, uma penosa enfermidade.
Apesar de doente, tinha Fr. Bernardo por leito um pedaço de
madeira que servira de fundo a uma pequena canoa. Aí passava o
santo sacerdote as horas de repouso, com parte do corpo para fora
de tão miserável cama, cobrindo-se apenas com uma velha manta.
Prevendo que ia morrer, pediu Fr. Bernardo ao Superior que lhe
mandasse administrar os sacramentos, e dando as maiores
demonstrações de suas heroicas virtudes, faleceu no dia 30 de
março de 1725. O povo, ao saber de sua morte, acorreu pressuroso
ao convento de Olinda, para beijar-lhe os pés e retirar relíquias do
seu hábito, tal era a veneração que lhe consagrava.
[146]
P L C
Este insigne religioso era natural do Recife. Foram seus pais o
coronel Miguel Corrêa Gomes, fidalgo da casa real e cavaleiro da
Ordem de Cristo, e sua mulher dona Catarina Gomes Figueiredo.
Este feliz casal tão bem soube educar os filhos no santo amor e
temor de Deus, que de sua numerosa prole seis filhos se ordenaram
sacerdotes.
Entrou Luís Corrêa para a congregação de S. Filipe Neri, a 24 de
dezembro de 1708. Dotado de invulgar inteligência, foi professor e
orador famoso. Humilde e caridoso não permitia o Servo de Deus
que se dissesse mal do próximo em sua presença. O seu
confessionário vivia rodeado de penitentes de todas as classes
sociais, mas especialmente de pretos africanos, que ele converteu à
fé e pacientemente instruiu.
Um dia, ardendo em febre, foi o Servo de Deus chamado para
assistir a um moribundo, pai de certo congregado, morador dez
léguas distante do Recife. Não se negou o Pe. Luís a esse ato
heroico de caridade.
Depois de passar três dias e três noites consecutivos, à
cabeceira do enfermo, voltou exausto para o seu convento, onde
veio a falecer confortado com os últimos sacramentos, a 24 de
janeiro de 1727. A população do Recife apressou-se em
homenagear o Servo de Deus, demonstrando o seu imenso
pesar por tão irreparável perda.
[147]
M B E
Nasceu esta Serva de Deus na Vila de Sergipe do Conde, Bahia,
tendo por pais Francisco Corrêa Lima e dona Ana Vieira. A 1° de
setembro de 1683, contando doze anos de idade, recebeu o hábito
de religiosa no Convento de Santa Clara do Desterro. Foi Madre
Brites da Esperança uma perfeita religiosa, ornada de peregrinas
virtudes e era considerada pela comunidade do seu mosteiro como
a melhor das mestras espirituais. Faleceu em 1730 ou 1731.
[148]
M M C
Marta Borges de França foi a primeira donzela que ingressou no
noviciado do Convento de Santa Clara do Desterro, também a
primeira que aí professou, como religiosa. Nasceu Madre Marta na
capital da Bahia, tendo por pais Salvador Corrêa Vasqueanes e dona
Margarida de França Corte Real. A 28 de janeiro de 1678, recebeu o
hábito de noviça e professou a 22 de abril de 1681.
A 16 de julho de 1686, retirando-se as religiosas fundadoras do
seu mosteiro, para o Convento de Évora, em Portugal, foi ela eleita
abadessa. Alma pura, ornada de todas as virtudes, era Madre Marta
de Cristo venerada pela comunidade do seu convento, como uma
verdadeira Serva de Deus. Faleceu a 3 de outubro de 1738,
contando 88 anos de idade.
[149]
M A C
Este Servo de Deus nasceu na Paraíba, tendo por pais o capitão
Bartolomeu Alvares Corrêa e dona Maria Corrêa. Do seu feliz
consorcio com dona Isabel de Medeiros teve alguns filhos, que
educou segundo os ensinamentos da Igreja. Homem muito
caridoso, socorria os pobres com muitas esmolas e as almas do
purgatório com frequentes orações.
Já em idade avançada, enfermando gravemente, foi chamado o
Pe. André da costa Nogueira para administrar-lhe os sacramentos.
Depois de agradecer ao sacerdote a sua presença, disse-lhe Manoel
Alvares não ser chegada ainda a sua última hora, prometendo-lhe
que o avisaria na ocasião oportuna. Oito dias se passaram,
alegrando-se os parentes do Servo de Deus com as suas rápidas
melhoras e a declaração dos médicos que estava ele livre de perigo.
O enfermo, porém, pediu que chamassem o Padre a quem rogou
lhe preparasse a alma para a viagem da eternidade. Recebidos os
últimos sacramentos, com a piedade própria dos santos, Manoel
Corrêa levou ao peito um crucifixo. Então se operou este prodígio:
A imagem de Nosso Senhor desprendendo-se da cruz, abraçou-se
com o moribundo! E nesse doce e divino abraço, Manoel Corrêa
exalou o último alento de vida, em junho de 1745; sendo sepultado
na igreja de Santo Antônio do Cabo.
[150]
F A S
Nasceu este venerando religioso na vila de Sergipe do Conde,
arcebispado da Bahia. Professou na Ordem de S. Francisco, a 31 de
agosto de 1704, com 28 anos de idade. Foi sacerdote sempre zeloso
da salvação das almas, muito humilde, caridoso e obediente.
Jejuava a pão e água, às quartas feiras, sextas e sábados, além
dos outros jejuns a que era obrigado pela lei da Igreja e regra de
sua ordem. Nunca deixou o cilício e a disciplina. Faleceu fortalecido
com todos os sacramentos, a 13 de setembro de 1750.
[151]
P L F A
Este santo varão, natural de Goiana, Pernambuco, era filho de
Manoel Ferreira do Amaral e dona Jerônima de Almeida. Ordenado
sacerdote, a sua vida foi um exemplo de todas as virtudes. Muito
caridoso, a sua casa era procurada pela pobreza, que aí encontrava
paternal abrigo. Durante muitos anos foi Padre Leandro capelão-
mor da Santa Casa de Misericórdia.
Prevendo o dia de sua morte, para ela se preparou com todos os
sacramentos, falecendo a 7 de setembro de 1756, com 83 anos de
idade. Vestiram o seu cadáver com o hábito de irmão terceiro e os
paramentos sacerdotais, exposto na igreja matriz, aí esteve durante
três dias, incorrupto e flexível. O povo acorreu a beijá-lo os pés,
cortando-lhe os cabelos e pedaços dos seus paramentos, para
relíquias. Depois de sua morte deram-se vários prodígios com a
aplicação dessas relíquias em pessoas enfermas.
[152]
I M J
Esta santa monja era filha de Antônio Velho Machado e dona
Ana de Souza Aragão. Seu piedoso pai, enviuvado, fez-se frade,
entrando para a Ordem de S. João de Deus.
Na igreja matriz de Maragogipe, Bahia, foi esta Serva de Deus
batizada. A 22 de junho de 1741, contando 23 anos de idade,
recebeu o hábito das clarissas, no Mosteiro do Desterro. O espírito
de oração e mortificação, de que sua alma pura era dotada, desde
menina, mais forte se tornou no claustro.
De uma humildade sem limites, salientou-se também Ir. Maria
de Jesus pela encantadora simplicidade do seu coração.
Afirmavam os diretores espirituais desta Serva de Deus que ela
conservou até a morte, a graça batismal. Sua alma voou para o
céu, a 5 de agosto de 1761.
[153]
F A E S
Nasceu este santo religioso na vila de Goiana, em Pernambuco.
Notabilizou-se este venerável sacerdote não só pelas suas virtudes,
como também pelo zelo com que cuidava da salvação do próximo.
Durante muitos anos pregou missões nas cidades, vilas e aldeias do
norte do Brasil, produzindo as suas prédicas abundantes
conversões.
Sendo removido do convento de Olinda para o de Recife, aí, já
exausto de forças, pelos seus apostólicos trabalhos e penitências,
veio a falecer a 16 de outubro de 1761.
[154]
I J G
Esta Serva de Deus nasceu na vila de Santos, S. Paulo, no ano
de 1688. Era irmã dos celebres Alexandre e Bartolomeu de Gusmão
o Padre “Voador”. Foi muito caridosa, especialmente com os
órfãos e enfermos. Revestida do hábito franciscano, percorreu a
Irmã Joana as povoações do sul do Brasil, angariando esmolas
para uma capela, que, sob a invocação do Menino Deus, edificou
na vila do Desterro, atual capital de Santa Catarina, no ano de
1769.
Cheia de méritos para o céu, após ter recebido os últimos
sacramentos, faleceu a Ir. Joana a 15 de novembro de 1780, com
idade de 92 anos.
[155]
F L J P
Nasceu este santo religioso em Guaratinguetá, capitania de S.
Paulo, sendo batizado a 22 de outubro de 1766. Foram seus pais
Manoel Antônio dos Santos e dona Catarina da Anunciação. Após o
falecimento de Fr. Antônio Galvão, o Bispo D. Mateus de Abreu
Pereira nomeou Fr. Lucas para o cargo de capelão do convento de
N. Senhora da Conceição.
No desempenho dessa missão, prestou relevantes serviços ao
mesmo convento, tendo sempre por modelo o seu santo antecessor,
continuando a zelar pelo bem espiritual e corporal da comunidade.
Durante a sua capelania, mandou Fr. Lucas levantar a torre da
igreja, dourar os altares, etc.
Virtuoso e penitente, era Fr. Lucas venerado pela população de
S. Paulo. Segundo a tradição, Deus dotou este santo frade com os
dons de penetrar o íntimo dos corações humanos e da profecia.
Às 7 horas da manhã de 29 de abril de 1849, entregou Fr. Lucas
sua santa alma ao Criador, contando 82 anos de idade. Ao seu
enterro, que se efetuou no cemitério do convento de que era
capelão, concorreu o escol da sociedade paulistana, tendo
pessoalmente comparecido o presidente da província.
Na citada obra de D. Domingos do Loreto Couto, também se
encontram edificantes referências sobre os seguintes brasileiros,
falecidos em odor de santidade: Laureano de Brito, Paulo Carneiro,
José Coelho, Jerônimo de Albuquerque e João Pereira, religiosos da
Companhia de Jesus; Ruperto de Jesus, da Ordem de S. Bento;
Feliciano de Albuquerque, da Ordem de S. Bernardo; Bernardino de
Santa Maria, João do Desterro, Jerônimo da Ressurreição e
Lourenço de Santa Maria, da Ordem de S. Francisco; Manoel da
Assunção, Estevão de S. Miguel, Nicolau de Jesus Maria José e
Afonso de Albuquerque, da Ordem de Nossa Senhora do Carmo;
Silvestre Simões, da Congregação de S. Filipe Neri; Agostinho de
Castro, Domingos Vieira, João de Lima, João Moreira, Apolinário
Moreira de Vasconcelos, Francisco Leitão, Leandro Camelo,
Anastácio de Brito Góes, João Máximo e João Torres da Ribeira, do
clero secular, Manoel João, irmão leigo capuchinho; Madre Águeda
de Jesus, religiosa Clarissa; e os fiéis: Antônio de Castilho, José
Pereira, Antônio Velho da Gama, Fernão Gomes de Abreu, Maria
Rosa, Maria de Castro, Beatriz de Castro, Leonor, Luiza e Inês da
Rocha (irmãs), Catarina Paes, Maria José, Laura Soares Gondim,
Bárbara Filho, Ana da Fonseca Gondim, Maria José da Costa,
Cecília Soares e Clara Henriques.
A P B
[1] O leitor verificará nesta edição, que tratando-se de escritas destes “santos” brasileiros,
retiradas de documentos e cartas citadas nesta obra, mantivemos as abreviações e
ortografias conforme a edição de 1927, que foram extraídas dos originais, salvo casos
que tornariam incompreensível o entendimento do texto.
[2] Vide S. Paulo no tempo de Anchieta, Dr. Teodoro Sampaio.
[3] Vide José de Anchieta, Brasílio Machado.
[4] Vide Vida do Venerável Padre José de Anchieta, Carlos Saint-Foy, Edição Salesiana de
1922, pág. 41.
[ 5 ] Mezinha: Medicamento caseiro.
[6] Op. cit., pág. 235-236.
[7] Jesuítas, Castro Alves.
[8] Tendo dado a todo às páginas deste trabalho um cunho rigorosamente histórico e
tradicional, devemos confessar, com a sinceridade que nos caracteriza, que nenhum dos
autores que consultamos se refere ao modo como se operou a conversão da índia mártir
da castidade. É possível que tal acontecimento tivesse ocorrido nas circunstâncias
descritas, pois é histórico que os Padres missionários, ao penetrarem nas selvas para levar
a luz da fé aos nossos compatrícios traziam sempre sobre o peito um crucifixo. (Vide Pe.
Américo de Novaes, S. F., Método de ensino e de catequese dos índios, usado pelos
Jesuítas e por Anchieta. Vide também História de Gabriel Malagrida, por Paulo Mury, S. J.,
trad. por Camilo Castelo Branco). Tudo o mais que descrevemos sobre essa heroína, se
encontra nos autores que abaixo citamos.
[9] Vide Crônica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, Pe. Simão de Vasconcelos,
vol. II, pág. 60-61. 2ª ed., Lisboa, 1865.
O martírio da Serva de Deus a quem consagramos o presente capítulo, aconteceu,
provavelmente, entre os meses que decorreram de março a junho de 1567. Esta nossa
suposição se baseia na narração que do mesmo fato fez o Padre Antônio Franco, no seu
livro citado, a p. 44. Diz este autor que após a morte de Estacio de Sá, em fevereiro de 1567,
o venerável Pe. Anchieta regressou para S. Vicente, juntamente com o visitador Pe. Inácio
de Azevedo, o provincial Luiz de Grã, o Bispo Dom Pedro Leitão, e outros, que foram se
consolar “com o santo velho Manoel da Nóbrega”; e que, durante o tempo em que Anchieta
aí permaneceu, deram-se esse e outros casos notáveis. Em julho do mesmo ano, Anchieta
se retirou novamente para o Rio de Janeiro, onde foi fundar, com os venerandos Padres
Azevedo e Nóbrega, o colégio da Companhia de Jesus.
[ 1 0 ] Vide Vida do Padre Joam d’Almeida, Pe. Simão de Vasconcelos. Lisboa, 1658, pág.
39-41.
[ 11 ] Vide Novo Orbe Seráfico, Frei Jaboatão, vol. I, parte prim. XIV-XV, pág. 185-191; Vol.
II, parte seg. XV, pág. 81 e XVIII, pág. 380-385.
[ 1 2 ] Vide Desgravos do Brasil e Glórias de Pernambuco, D. Domingos do Loreto Couto,
O.S.B., vol. I, liv. IV, cap. III, pág. 239-243 e vol. II, liv. VII, cap. I, pág. 116-117.
[13] História da reforma protestante em Inglaterra e Irlanda, Guilherme Corbett.
[14] Vide Apontamentos históricos e Geográficos da província de S. Paulo, Azevedo
Marques. Vol. I, pág. 13.
[ 1 5 ] Op. cit., Frei Jaboatão. Vol. II, part. I, cap. XXVII, pág. 356-357 e vol. III, addit. ao liv.
VII, cap. VIII, pág. 823-824.
[16] “Os que se apresentaram como candidatos a este humilde estado de Donato na
Ordem Franciscana, depois da prova de dois anos no serviço do convento, eram
admitidos a profissão da Ordem Terceira da Penitência. Em algumas províncias da Ordem
Franciscana era costume fazerem os Donatos além da referida profissão, também os votos
de fidelidade, obediência e castidade” (O Último Donato, Frei Diogo de Freitas. Publicada
no “Echo Seraphico”, novembro de 1925).
[ 1 7 ] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. II, liv. VII, cap. VII, pág. 133-140.
Como essa biografia de Madre Angela não se refira ao ano em que ela nasceu, nem tampouco
às datas da sua partida para Portugal e do seu falecimento, julgamos acertado colocá-la
entre os Servos de Deus falecidos antes do ano de 1700. Provavelmente Madre Angela
deixou o Brasil pouco depois do ano de 1600. Assim pensamos pelo seguinte motivo: tendo
começado a funcionar só em 1677 o Mosteiro de Santa Clara, na capital Bahia, não é crível
tivessem os pais da Serva de Deus consentido que ela partisse, jovem ainda, para longínquo
país, com o objetivo de fazer-se religiosa quando aqui poderia, com toda a facilidade, entrar
para o claustro das clarissas.
[ 1 8 ] Op. cit., Frei Jaboatão. Vol. II, liv. IV, cap. III, pág. 546-553.
[19] O celebre Santuário do Bom Jesus da Lapa, fundado pelo Arcebispo da Bahia D.
Sebastião Monteiro da Vide. O primeiro habitador desse Santuário foi o Padre Francisco da
Soledade de quem já falamos (Op. cit., D. Domingos Loreto Couto. Vol. I, liv. IV, cap. IX, pág.
260).
[ 2 0 ] Op. cit., Frei Jaboatão. Vol. III, part. II, liv. VI, pág. 684-746.
Onde se encontra transcrita integralmente, a biografia de Madre Vitória, traçada pelo
apostólico Arcebispo da Bahia, D. Sebastião Monteiro da Vide, decorridos apenas cinco
anos após o falecimento da Serva de Deus.
[21] Doc. do arquivo da Cúria de São Paulo.
[22] A Igreja de M’boi foi construída pelo Padre Belchior. O convento anexo foi ereto, após
a sua morte, pelos seus irmãos de hábito.
[23] Um dos muitos ordenandos examinados pelo Padre Belchior de Pontes, chamava-se
Pantaleão de Sousa. No seu processo de habilitação de Genere et Moribus, existente no
Arquivo da Cúria Metropolitana de S. Paulo, encontra-se este documento cujos dizeres
para aqui fielmente transladamos: “Certifico eu Belchior Pontes Religioso da Comp. De
JESUS, P. Coadjutor Espiritual, Professo de três votos, que o Supp. é capaz p. ser
seguram... promovido às Ordens Menores e Sacras, segundo tenho alcanç... na capacidade
de letras ex humanitatis scientia, o que afirmo in verbo Sacerdotis. Hoje 17 de maio de
1684. P. Belchior de Pontes”.
[24] Pe. Júlio Maria.
[25] Supomos que esse Antônio Domingues de Pontes, era irmão do Padre Belchior, pois o
Padre Fonseca, na enumeração que fez aos 15 filhos de Pedro Nunes de Pontes e dona
Inês Domingues Ribeira, nos diz que o 8° deles assim se chamava.
[ 2 6 ] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. I, liv. IV, cap. XVIII, pág. 315-318.
[ 2 7 ] Op. cit., Frei Jaboatão. Vol. III, part. II, liv. VI, pág. 684-746.
[ 2 8 ] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. I, liv. IV, cap. IX, pág. 257-262.
[ 2 9 ] O livro que valemos, para compor o presente capítulo, foi a Vida do Padre Estanislau
de Campos (da Sociedade de Jesus Sacerdote da Província do Brasil), vertido do original
latino para o nosso idioma por J. Alencar Ariaripe, e publicado na Revista do Instituto
Histórico do Rio de Janeiro, em 1889.
[30] O capitão general Rodrigo César de Meneses, governou a capitania de São Paulo, de
1721 a 1728 (Vide Azevedo Marques, livro cit., pág. 169).
[31] O ilustrado autor anônimo da Vida do Padre Estanislau de Campos, colega e,
provavelmente contemporâneo do Pe. Manoel de Oliveira, tece louvores às preclaras virtudes
deste sacerdote, transcrevendo valiosíssima biografia do Servo de Deus, escrita pelo mesmo
religioso.
[ 3 2 ] Vide Sítios e Personagens, Pe. Joaquim Silvério de Souza, pág. 214-239.
[33] Vide Antiqualhas e memórias do Rio de Janeiro, Dr. José Vieira Fazenda. Publicação
feita na Revista do Instituto Histórico Brasileiro, tomo 88, vol. 142, pág. 63-67.
[ 3 4 ] Op. cit., Frei Jaboatão. Vol. II, part. II, cap. XXX, pág. 473-474 e Enciclopédia e
Dicionário Internacional.
[ 3 5 ] Op. cit., Frei Jaboatão. Liv. VI, cap. XXXVIII, pág. 772-775.
[ 3 6 ] Op. cit., Frei Jaboatão. Vol. I, liv. II, cap. V, pág. 290-296.
[ 3 7 ] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. II, liv. VII, cap. XI, pág. 150-154.
[ 3 8 ] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. II, liv. VII, cap. X, pág. 147-149.
[ 3 9 ] Vide Brasileiras célebres, J. Norberto, pág. 100-118.
[ 4 0 ] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. I, liv. IV, cap. XIII, pág. 287-294.
[ 4 1 ] Op. cit., Frei Jaboatão. Vol. III, liv. VII, cap. IV, pág. 804-808.
[42] Convento da Luz é como o povo se habituou a chamar o mosteiro fundado por Madre
Helena e Frei Galvão, pelo motivo de se achar esse pio instituto ereto no local onde
antigamente existiu a ermida de Nossa Senhora da Luz. Em nota apensa ao capítulo que
dedicamos a Frei Antônio Galvão, tratamos minunciosamente deste assunto, demonstrando
qual a verdadeira denominação desse instituto.
[43] Vide autógrafo de Frei Antônio de Sant’Anna Galvão: “Relação breve, e sucinta da Serva
de Deus Helena Maria do Espírito Santo, fundadora do novo Recolhimento de Nossa Senhora
da Conceição da Divina Providência e falecida na mesma casa de sua fundação, com
grandes créditos de virtudes” (Doc. do arquivo da mesma instituição).
[44] Vide manuscrito: Notícia da fundação deste Recolhimento e da vida da sua Fundadora
(Doc. do arquivo da mesma instituição).
[45] Vide Carta endereçada a Fr. Antônio de Sant’Anna Galvão, a 18 de julho de 1783, por
dona Maria Ferreira de Jesus, residente em Paranapanema (Doc. do arquivo da mesma
instituição).
[46] Ibid.
[47] O Coronel João Coelho Duarte pertencia ao Regimento de Auxiliares das Minas de
Paranapanema e Apiaí (Vide Anais do Museu Paulista, Afonso de E. Taunay, pág. 32).
[48] Livro de Registro de Religiosas do Recolhimento de Santa Teresa.
[ 4 9 ] Vide Madre Joana Angélica, Frei Basílio Rower; Brasileiras célebres, J. Norberto e
Joana Angélica, Prof. Dr. Bernardino José de Souza.
[50] Op. cit., J. Norberto, pág. 200-204.
[51] O professor Dr. Bernardino de Souza, em seu substancioso trabalho, já citado corrigiu,
a luz de documentos irrefutáveis, vários erros em que caíram alguns historiadores, ao se
referirem aos acontecimentos desenrolados na Bahia em 1822, e os biógrafos de Madre
Joana Angélica. Um desses erros é o que se refere ao martírio da heroica brasileira, o qual
ocorreu, não resta dúvida, no dia 20 de fevereiro, e não em 19 ou 21 do mesmo mês, como
afirmam, J. Norberto, em seu liv. cit.; o General Carlos de Campos, em Heroínas Brasileiras,
e outros. Em fevereiro de 1922, em comemoração do martírio de Madre Joana Angélica, o
Instituto Geográfico da Bahia faz colocar solenemente no Mosteiro da Lapa, com
significativas inscrições, as seguintes placas de mármore:
A 1ª, na parede lateral do convento, com estes dizeres: Urbi et Orbi – À Madre Joana Angélica
de Jesus, – 20 de fevereiro de 1822 – O Instituto Geográfico e Histórico, interpretando os
sentimentos unânimes da Bahia, ao passar o Centenário do Teu Sacrifício, o primeiro da
nossa redenção, assegura a perpétua recordação do teu nome, tributando-te as mais puras
homenagens – 20 de fevereiro de 1922 – Urbi et Orbi.
A 2ª, na porta do claustro, onde se deu o abominável atentado: Urbi et Orbi – 20-2-1822 –
Nesse dia e nesse lugar tombou heroicamente a Madre Joana Angélica de Jesus.
Homenagem do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia em 20-02-1822 – Urbi et Orbi.
A 3ª, na cela em que viveu a venerável abadessa: Urbi et Orbi – Nesta cela habitou de 1782
a 1822 a heroica baiana Joana Angélica de Jesus. Homenagem do I.G.H.B., no Primeiro
Centenário do seu martírio. 20-02-1822.
Extinguiu-se a comunidade concepcionista do Mosteiro da Lapa. Quando em julho de 1902,
D. Jerônimo Tomé, Arcebispo da Bahia, entregou esse convento aos cuidados da benemérita
congregação do Bom Pastor, aí existiam apenas três das antigas religiosas, sucessoras de
Madre Joana Angélica, hoje falecidas.
O vetusto edifício foi transformado em asilo de meninas penitentes, nos moldes dos que, em
São Paulo, Rio de Janeiro, etc., mantém as virtuosas irmãs da referida congregação;
achando-se atualmente aí recolhidas sob o zelo e carinho maternais das apostólicas
religiosas, mais de sessenta menores arrancadas do abismo do vício, para aprenderem a
trilhar o caminho da virtude.
[ 5 2 ] Para a composição do presente capítulo, nos aproveitamos, em grande parte do que
sobre a personalidade venerável do Frei Antônio de Sant’Anna Galvão havíamos publicado
em diversos números do Correio Paulistano, (seção religiosa) de fins de outubro e começo
de novembro de 1921, e na polianteia que se distribuiu a 23 de dezembro de 1922, em
comemoração do 1° centenário da morte de tão valoroso Servo de Deus.
[53] Uma comissão de irmãos terceiros franciscanos, composta dos senhores: Otávio
Esselin, Francisco de Sales Collet e Silva, Benedito Franco de Oliveira, Antônio Morato de
Carvalho, Pedro Ismael Forster, J. Paraíba de Campos, Crispim de Oliveira e Manoel E.
Altenfelder Silva, resolveu, após diversas reuniões realizadas no consistório da ordem,
prestar solenes homenagens à memória de Frei Antônio Galvão. Elaborado o programa das
festividades e depois de aprovado pela autoridade eclesiástica, tratou a referida comissão de
executá-lo à risca. No dia 23 de dezembro de 1922, depois das Missas celebradas às 6 e 7
horas, na capela do Convento de Nossa Senhora da Conceição, por ocasião das quais
comungaram muitos fiéis, foi cantada a Missa de réquiem, sendo oficiante Mons. Ezequias
Galvão da Fontoura, tendo como diáconos um sacerdote secular e um religioso
franciscano. Achava-se o templo repleto de fiéis, tendo tomado lugar na capela-mor o cônego
arcipreste Dr. João Martins Ladeira, Pe. Dr. Alberto Pequeno, reitor do seminário
Arquidiocesano, Pe. Francisco Cipullo, capelão do mesmo convento, Padres Florentino
Simón e José Zanolla, salesianos, vários seminaristas, numerosos irmãos terceiros
franciscanos, representantes de várias associações religiosas e quase todos os membros
da comissão de festejos. Na igreja, todos os altares primorosamente adornados pelas
virtuosas monjas, com avultada profusão de flores naturais e artificiais, destacando-se na
capela-mor o túmulo de Fr. Galvão, cercado de colunas entrelaçadas de festões floridos e
alcatifado de rosas, lírios e violetas, dispostas em forma de uma cruz, sobre um fundo de
delicada folhagem, rodeado de cravos e margaridas. Finda a Missa ocupou a tribuna
sagrada Fr. Angelo de Rezende, da Ordem dos Capuchinhos, que produziu eloquente
oração. Terminadas as solenidades internas, com o canto do Libera me dirigiram-se os
assistentes para a porta externa do templo, também ornamentada de festões e folhagem, a
fim de ser inaugurada a placa de bronze alusiva ao centenário comemorado; proferindo,
então, belíssimo discurso o Pe. Dr. Armando Guerrazzi, sendo muito aplaudido. A seguir,
Mons. Ezequias, que presidiu a cerimônia, em lugar do Ex.mo Sr. Arcebispo metropolitano,
D. Duarte Leopoldo e Silva, que por incomodo de saúde deixara de comparecer, recebendo
das mãos de três graciosas meninas vestidas de anjos, as fitas auriverdes que prendiam um
véu branco colocado sobre a aludida placa, desvendou-a, auxiliado pelo cônego arcipreste.
Ouviram-se, por essa ocasião, calorosos vivas, enquanto uma banda de música executava
os hinos nacional e pontifício, e repicavam alegremente os sinos na torre, onde tremulavam
as bandeiras do Brasil e da Santa Sé. Foram então atiradas inúmeras pétalas de rosas sobre
o artístico medalhão do Servo de Deus. A todos os presentes foram distribuídos cartões com
a fotografia de Fr. Galvão, extraída de um quadro a óleo. Assim terminaram as festividades,
tendo sido o túmulo do Servo de Deus visitadíssimo durante o dia.
[54] A 1° de janeiro de 1758, Antônio Galvão prestou depoimento como testemunha na
justificação de estado livre a favor do seu irmão José Galvão de França, mais velho três anos
que ele; declarando então ter de idade 19 anos, e que tendo ido havia pouco mais de seis
anos, para o seminário de Belém, já aí se achava o dito seu irmão, em cuja companhia
esteve dez meses, e depois que regressou para S. Paulo, ficou ele depoente no mesmo
seminário, estudando sob a reitoria do Pe. Francisco de Toledo (Doc. do arquivo da Cúria de
São Paulo).
[55] O seminário de Belém (Bahia) foi fundado em 1686, pelo celebre jesuíta Alexandre de
Gusmão, em cuja reitoria permaneceu até 25 de março de 1724, dia em que faleceu. Aqui
julgamos oportuno transcrever estas interessantes referências sobre a “criação dos meninos”,
no mesmo seminário: “[…] vivem em clausura ao som de campainha, com suma obediência…
não há entre eles opiniões de espíritos nobres ou timbres do mundo, todos são criados ao
espírito de Cristo. Não usam de criados ou escravos nem de vestidos de seda; todos se
servem a si, e aos outros sem questão ou reparo. Todos os dias que cessam das classes,
tem praticas espirituais em que principalmente lhe intimem o temor, pureza de alma e mais
bons costumes, com a devoção a Senhora, e aos domingos se lhes ensina a doutrina de
Cristo. Todas as festas de Cristo e da Senhora comungam, e não poucos frequentam a
comunhão a cada oito dias. As classes são dentro de casa, nem se admitem nelas
estudantes de fora… nem falam com eles, ou saem de casa sem licença do Reitor, que se
não concede mais que rara vez a casa dos pais ou semelhantes pessoas. Passam de
quinhentos os meninos que neste seminário tem entrado. Destes tem saído muitos para
várias religiões (congregações religiosas) e estado sacerdotal” (Rosa de Nazareth, Pe.
Alexandre de Gusmão, IV parte, cap. 4).
Quanto aos privilégios de que era dotado o seminário de Belém, assim nos fala outro
sacerdote: “P. Lourenço Justiniano da Comp. de Jesus Reitor do Coll.° de S. Paulo. Certifico,
que os Seminaristas do seminário de Belém do arcebispado da Bahia por especial privilégio
de sua Sant. estão isentos de comparecerem a Pároco algum em ordem a anual desobriga
da quaresma, e de qualquer outro modo de sujeição aos dos Párocos que afirmo, e sendo
necessário juro in verbo Sacerdotis. Coll. de S. Paulo 6 de janeiro de 1758” (Doc. que se
encontra no arquivo da Cúria de São Paulo, junto da “dispensa matrimonial”, a favor de José
Galvão de França).
[56] Embora nenhum documento que consultamos se refira a data em que Fr. Galvão
recebeu o presbiterado, é indubitável que ele se ordenou em 1763. Não podia ter sido antes
porque, como já vimos, em 1762 ele veio para São Paulo, onde cursou filosofia; e não
podia ser depois de 1763, porque o provincial Frei Manoel da Encarnação, que lhe
concedeu as “letras” para a sua ordenação, deixou o mesmo cargo neste último ano.
[57] Conforme prometemos no capítulo que dedicamos a Madre Helena, vamos demonstrar
que o verdadeiro nome do instituto fundado por essa santa monja e Fr. Galvão, não é como
vulgarmente se diz: Recolhimento de Nossa Senhora da Luz da Divina Providência, ou
simplesmente, Recolhimento da Luz; mas sim, Recolhimento da Conceição da Divina
Providência.
O historiador Azevedo Marques equivocou-se quando ao falar sobre a fundação desse
convento, diz que Madre Helena “dirigiu-se ao governador (D. Luís) expondo-lhe os
desejos que tinha de criar um outro Recolhimento na igreja da Senhora da Luz, com o voto de
pobreza sob a denominação de Senhora da Luz da Divina Providência” (Vide op. cit.,
Azevedo Marques, vol. II°, pág. 129).
Que aquela Serva de Deus tivesse escrito sobre este assunto ao general governador, já
vimos no seu esboço biográfico; mas que ela manifestasse ao mesmo o desejo de que a
denominação do seu projetado instituto fosse de Nossa Senhora da Luz da Divina
Providência, não é exato.
A verdade é que Madre Helena pediu licença a D. Luís, “para fundar um Recolhimento com o
título, e antiga observância de Nossa Senhora do Carmo e Divina Providência” (Vide Notícia
da fundação deste Recolhimento). E o governador em sua resposta, aplaudindo a ideia e
dando a autorização solicitada, disse entre outras coisas o seguinte: “Eu estou muito pronto
para todos os gastos que se precisarem para as acomodações do edifício e da igreja, e
somente desejava muito o que vou referir-lhe. Primeiro, que houvesse Lausperene diante do
Santíssimo Sacramento, assim como se pratica no Convento de Louriçal, e a sua imitação na
Capela da minha casa de Mateus; segundo, que a padroeira fosse Nossa Senhora com o
Título dos prazeres, para que se perpetuasse a sua festa como sempre lhe fiz no Sítio da
Luz, e como sempre se faz na minha casa de Mateus…” (Ibidem). Portanto nem Madre
Helena, nem o capitão general D. Luís falaram na denominação a que se refere o historiador
paulista.
No contrato firmado pela Serva de Deus e o general governador, se vê claramente que as
propostas feitas por este foram aceitas, inclusive a de ser considerada Nossa Senhora dos
Prazeres, como titular da nova instituição. Assim termina esse contrato, que é um dos mais
antigos documentos que se encontram no Convento da Conceição: “[…] em fé de que
passamos este instrumento desse nosso contrato. Dado e passado por três vias, duas para
ele excelentíssimo Senhor General, e uma para nossa guarda, as quais todas foram feitas
do mesmo teor, todas assinamos neste Recolhimento de Nossa Senhora dos Prazeres do
Campo da Luz aos vinte e dois dias do mês de agosto de mil setecentos e setenta e quatro.
Helena Maria do Espírito Santo. D. Luís Antônio de Souza, Ana Maria da Conceição,
Gertrudes Teresa, Teresa de Jesus, Isabel de Sant’Anna, Maria da Conceição, Ana do
Sacramento, Gertrudes de Jesus, Ana M.ª do Sacramento – Test.ª F. Antônio de S. Ana
Galvão”.
Até o dia 8 de setembro de 1774, essa instituição conservou a denominação supra, mas,
daí em diante, “por vontade de Madre Helena e determinação de Dom Manoel da
Ressurreição” recebeu o título de “Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Luz da
Divina Providência”.
Eis o que a respeito encontramos num documento que já citamos acima: “A oito de setembro
do mesmo ano (1774) deu o Exmo. Sr. Bispo D. Fr. Manoel da Ressurreição, não só à
Fundadora, e sua sobrinha, como a mais sete noviças, que já tinham entrado p.ª aquele
novo Recolhimento que ficou desde então intitulado: Recolhimento de Nossa Senhora da
Conceição da Luz da Divina Providência”.
Outras provas: No cabeçalho de um autógrafo de Frei Galvão, se leem estas palavras:
“Relação breve e sucinta da Serva de Deus Helena do Espírito Santo fundadora do novo
Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência”.
Junto aos autos de casamento dos nubentes João de Medeiros e Gertrudes Vieira, encontra-
se o seguinte documento do próprio punho da irmã regente do dito convento: “Recebi do Sr.
T. João Pinto G… vinte mil réis, esmola aplicada por S. Excia. Revm.ª da dispensa dos
Oradores… de Medeiros e Gertrudes Vir.ª para a fatura do novo Conv.° de N. Sr.ª da
Conceição da D… Provid.ª e por assim ser verdade, lhe passo este dom. de m.ª letra e
assinado. Conv.°… a 27 de agosto de 1787. Gertrudes das Chagas. Regente” (Doc. do
Arquivo da Cúria de S. Paulo).
Eis as palavras finais de um documento que existe junto aos autos de habilitação de genere
do Pe. José Joaquim da Silva: “Recolhimento da Conceição da Divina Providência a 19 de
dezembro de 1788, data em que se inaugurou a primeira parte desse edifício.
[58] A 10 de janeiro de 1580, Domingos Luís (por alcunha o Carvoeiro) natural de Marinhota,
freguesia de Santa Maria da Carvoeira, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, e sua mulher
Ana Camacha, por escritura pública doaram o sítio que possuíam em Piranga (atual bairro do
Ipiranga) com a respectiva casa e mais benfeitorias, para patrimônio de uma capela que, sob
a invocação de Nossa Senhora da Luz, pretendiam erigir no mesmo sítio (V Livro de Tombo
da Sé, do ano de 1747. Arquivo da Cúria de São Paulo).
Em 1603, mudando-se Domingos Luís para os campos de Guaré, (atual bairro da Luz) aí
edificou junto a casa de sua residência e em substituição da Capela Piranga, ereta em 1583,
uma outra sob a mesma invocação (V Azevedo Marques, op. cit., vol. II°, pág. 129; e Luiz
Gonzaga Leme, Genealogia Paulista, vol. I°, pág. 148).
Nos Inventários e Testamentos (publicação oficial do Estado de São Paulo) lemos a
transcrição de recibos firmados por ermitães de Nossa Senhora da Luz, aos quais foram
entregues legados de pessoas devotas. No volume VIII° da referida obra, a página 125, consta
o seguinte recibo: “Digo Manuel de Atoguia ermitão que sou de Nossa Senhora de Guaré que
recebi do senhor Gabriel Pinheiro da Costa duas patacas em dinheiro que me deu de uma
esmola que sua mulher Isabel Soares que Deus tem deixado em testamentos me dessem
em pano e ele como testamenteiro mas deu e por verdade lhe dei esta quitação para sua
guarda hoje 10 de julho de (mil) seiscentos e trinta anos. Manuel de Atouguia”. E no volume
XX, página 264 lê-se este outro: “Recebi de Francisco de Souza como testamento da
defunta sua mulher Ana de Proença uma toalha de linho para o altar de Nossa Senhora da
Luz que deixou na verba do Testamento e por ser verdade lhe passei esta quitação. Hoje 24
de junho de 1680 anos. – O ermitão de Nossa Senhora da Luz, João de Almeida”.
A respeito dessa mesma ermida, encontramos no arquivo do Mosteiro de S. Bento, de S.
Paulo, um documento interessante, cujo resumo é o seguinte: A 12 de janeiro de 1729,
Felipe Cardoso descendente de Domingos Luís, sua mulher D. Maria Pedrosa e seu filho
Francisco Cardoso, residentes em Piracicaba, foram a Itu e aí constituíram, por escritura
pública, perpétuos administradores da ermida de Nossa Senhora da Luz, os monges
beneditinos de S. Paulo, sob várias clausulas, sendo a princípio obrigarem-se os ditos
religiosos a ter sempre residindo na referida ermida, um ou dois d’entre eles. Mencionaram na
mesma escritura que foi também assinada pelo representante do então abade Fr.
Bartolomeu da Conceição, o nome Fr. Pedro de Jesus Maria, para primeiro capelão. Não
nos foi possível saber, durante quanto tempo exerceram os Padres beneditinos tal
administração, nem porque motivo a deixaram.
[59] Vide Frei Galvão, Relação breve e sucinta…, op. cit.
[60] Viveiro de santas é como o cronista franciscano do Convento de Santo Antônio do Rio
de Janeiro intitulou o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição, pela fama de
heroicas virtudes das religiosas que o habitavam. Ainda hoje se podem ler os apontamentos
deixados pelas antigas monjas, nos quais se declara que a primitiva comunidade vivia na
mais absoluta pobreza. As religiosas disciplinavam-se e jejuavam a miúdo e faziam toda a
sorte de mortificações. Dormiam sobre esteiras, no chão, tendo por travesseiros pedaços de
madeira.
[61] Op. cit., vol. II°, pág. 130.
[62] Vide Doc. do arquivo do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição. Esse
documento não tem data nem assinatura de quem o escreveu. Entretanto, fácil nos foi
descobrir o nome da sua autora, que não foi outra senão a Irmã Ana do Espírito Santo, a
qual, falando de sua pessoa nesse escrito, consignou o dia em que, por enfermidade teve
de pedir licença a autoridade eclesiástica para se retirar à casa de seus pais;
acrescentando a data em que regressou, depois de curada e a em que fez a profissão
religiosa. Ora, cotejando-se essas datas, com as que, a respeito da mesma irmã, se acham
no Livro de Registro das Religiosas, percebe-se claramente que a autora desse documento é
a Irmã Ana do Espírito Santo. Nesse escrito, a dita religiosa faz referências não somente
sobre alguns episódios da vida de Madre Helena, de quem foi contemporânea e discípula,
como também sobre a ordem dada por D. Fr. Manoel, para o fechamento do convento. Diz
mais a autora que, quando daí a meses se reabriu esse instituto, ela ainda se achava em
casa de seus pais, tendo regressado no ano seguinte de 1776, a 2 de julho. A parte que o
capitão-general D. Martim Lopes, governador da capitania de São Paulo, tomou nesse
acontecimento, vem igualmente constatada nesse documento. Houve evidente engano de
Azevedo Marques dizendo que devido a interferência do general Cunha Menezes, foi tolerado
pelo governo de Portugal o funcionamento do Convento da Conceição. Nas próprias páginas
da obra do historiador paulista, se lê, que D. Martim Lopes Lobo de Saldanha, sucessor de D.
Luís de Souza, tomou posse a 14 de junho de 1775 e deixou o governo a 15 de março de
1782, data esta em que o general Menezes assumiu o governo da capitania de São Paulo.
Além disso, diz ainda o mesmo historiador, que houve logo depois, (de fundado o
Recolhimento) ordem para ser fechado. Não podia, pois, dar-se esse fato em 1782, ou em
anos posteriores, pois em 1782 já havia oito anos que o convento fora fundado. Em vista do
que expomos, fixamos a data do fechamento do Recolhimento de Nossa Senhora da
Conceição, por ordem do governo de Portugal, executada por D. Martim Lopes, e não por D.
Cunha Menezes, que foi certamente, a 29 de junho, (dia de S. Pedro) de 1775. A reabertura
efetuou-se, mais ou menos, dois meses depois; ou no fim de agosto, ou nos primeiros dias
de setembro, do mesmo ano; não podendo ter sido depois desse tempo, porque em
setembro desse mesmo ano de 1775, algumas irmãs fizeram a profissão religiosa, como
consta do Livro de Registro, já citado, e de que também fez referências, em seu Autógrafo, a
Irmã Ana do Espírito Santo.
[63] Doc. do Convento de Nossa Senhora da Conceição.
[64] Vide Frei Galvão, Relação breve e sucinta…, op. cit.
[65] Idem.
[66] Idem.
[67] Vide Apontamentos históricos e Geográficos da província de S. Paulo, Azevedo
Marques. Vol. II, pág. 130.
[68] Doc. do arquivo do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição.
[69] Idem.
[70] Idem.
[71] Idem. Embora essa carta não tenha data, somos de opinião que ela foi escrita no ano de
1781; e assim pensamos pelo seguinte motivo: 1° - A 6 de outubro de 1781, realizou-se,
como já vimos, uma reunião capitular da Ordem Franciscana, no Convento de Santo Antônio
do Rio de Janeiro; 2° - Na aludida carta, diz Fr. Galvão que ia para o Rio de Janeiro, e, de
fato, ele para lá seguiu no dito ano; 3° - Há na mesma missiva, esta frase: Já vossas
caridades tem vivido seis anos, etc. Ora, no Livro de Registro das Religiosas, do Convento da
Conceição, está escrito que, tanto a madre regente, que em 1781 era a Irmã Gertrudes das
Chagas, como as outras cinco religiosas, cujos nomes, na dita carta, vêm em seguida ao seu,
professaram no ano de 1775. Si acrescentarmos a essa data, mais seis anos, encontraremos
a de 1781, em que o Servo de Deus foi ao Rio de Janeiro.
[72] A 15 de junho de 1570, foi o Pe. Inácio de Azevedo e seus 39 companheiros,
martirizados pelos protestantes franceses, a bordo da nau Santiago, quando em viagem
para o Brasil (Op. cit., Simão de Vasconcellos. Liv. I°, núm. 1-111).
[73] O Ir. Pedro Corrêa foi martirizado pelos índios, aos quais estava catequizando (Op. cit.,
Simão de Vasconcelos. Liv. I°, núm. 70, 170, 174-176 e 181).
[74] O Pe. Joaquim Pinto foi martirizado em serviço de catequese, no ano de 1608 (Vide Pe.
Antônio Franco, op. cit., pág. 90-91).
[75] O Pe. Gabriel Malagrida, apóstolo do Maranhão, foi uma das muitas vítimas da
perversidade diabólica do Marquês de Pombal. Aquele santo Jesuíta foi martirizado em
Lisboa, a 20 de setembro de 1761. Consumado o sacrifício, foi queimado o corpo, sendo as
cinzas lançadas no Tejo (Vide História dos Jesuítas do ministério do Marquês de Pombal,
Cristóvão Teófilo Murr, J. B. Hafkmeyer S. J., pág. 197-212; e O Marquês de Pombal,
Almeida Silvano, pág. 159-192).
[76] Vide op. cit., Frei Jaboatão. Vol. II°, liv. anteprimeiro, pág. 32, 33, 37, 44 e 48.
[77] Cf. O Catolicismo, a Companhia de Jesus e a colonização do Novo Mundo, Eduardo
Prado.
[78] Desse ilustre virtuoso prelado, que foi o 7° Bispo de São Paulo, possuímos uma
Circular assinada pelo seu próprio punho, dirigida aos párocos, recomendando-lhes, em
frases vibrantes de fé e patriotismo, fizessem ver aos seus paroquianos o dever que a cada
um se impunha, de se alistar no novo batalhão de voluntários, para marchar em defesa da
Pátria, atacada ferozmente pelas tropas fanáticas do ditador do Paraguai. A rica bandeira
que um grupo de senhoras paulistas ofereceu ao 7° batalhão de voluntários, foi benta na
catedral, por esse mesmo prelado, em 9 de julho de 1865. Quando o 7° de voluntários
regressou do Paraguai, essa gloriosa bandeira, assinalada com o sangue de nossos heróis,
foi levada para a catedral e colocada ao lado do altar mor, onde a 27 de abril de 1870, com a
igreja repleta de representantes de todas as classes sociais, foi cantado solene Te Deum,
proferindo no ato memorável oração aquele que nessa época já era considerado o maior
luzeiro do púlpito paulista – o Padre Chico. Daí por diante ficou a dita bandeira sob a
guarda do Cabido diocesano, achando-se presentemente depositada no palácio da Cúria.
[79] O genial e santo Mons. Dr. Francisco de Paula Rodrigues (Pe. Chico) foi em ordem
cronológica o 13° sucessor de Fr. Galvão, na capelania do Recolhimento de Nossa Senhora
da Conceição da Divina Providência, contando-se como tendo existido um só capelão, no
tempo decorrido de 1856 a 1879, em que prestaram serviços a esse convento,
indistintamente, sob as ordens do seu superior, os frades capuchinhos professores do
seminário episcopal.
[80] Trata-se da Irmã Isabel da Purificação, segundo a tradição constante entre as
religiosas do mesmo convento.
[81] Merece especial registro o seguinte fato: Na manhã de 5 de julho de 1924, ao propalar-
se por todos os recantos da ordeira e progressista capital se São Paulo a notícia da sedição
militar, longe estava a sua população, de imaginar até que ponto poderia chegar a luta.
Entretanto, já no dia 6 foi percebendo a gravidade do caso. Durante os tristes dias em que a
mesma cidade – assombroso centro de trabalho – foi transformada em formidável praça de
guerra; dias de indizíveis apreensões de espírito, de dor, de lágrimas e de luto em muitos
lares, grande foi o êxodo daqueles que, residindo nas zonas mais perigosas, abandonaram
as suas casas, retirando-se para bairros afastados ou para o interior do Estado. Houve,
porém, muitos, que se não puderam retirar, ou por falta de recursos, ou por prudência, na
impossibilidade em que se viam de sair à rua, onde se arriscariam a ser metralhados
durante a fuga… Nesta última condição se encontrou a veneranda comunidade do Mosteiro
de Nossa Senhora da Conceição. Confiando em Deus e na intercessão de Fr. Antônio
Galvão aguardavam as religiosas que arrefecesse o bombardeio, para se retirarem, pois
temeridade seria permanecer num edifício cercado de quartéis, onde a boca flamejante dos
canhões vomitava fogo… Talvez por erro de pontaria contra os quartéis do 4° batalhão e do
comando geral da Força Pública, que estão situados respectivamente, um quase em frente
e outro ao lado do mesmo convento; de 5 a 9 de julho, os revoltosos atiraram contra este
último edifício, 29 granadas! Na chácara do convento, depois de derrubadas algumas
árvores, os sediciosos instalaram duas metralhadoras, que aí funcionaram durante quatro
ou cinco dias… O capelão desse benemérito instituído, o Rev.mo Pe. Francisco Cipullo, nem
por um momento abandonou o seu posto de honra. Ora na sacristia, ora na igreja, animava
com sua palavra cheia de unção a toda a comunidade. Um dia, celebrava ele no altar-mor,
e, quando a Missa ia em meio, eis que ressoa por toda a igreja, o fragor de obuzes, que
explodiam sobre o teto… passado o momento de natural espanto, serenamente prosseguiu
o capelão, até finalizar esse ato sacrossanto. E a heroica figura de Madre Maria Benedita?!
Seguindo os passos da Serva de Deus Madre Helena, conservou-se a venerável abadessa
sempre no meio das suar irmãs de hábito, transmitindo a todas os altíssimos sentimentos de
virtudes que se acrisolaram em sua alma privilegiada. As 37 habitadoras do Mosteiro de
Nossa Senhora da Conceição comungavam todos os dias em forma de Viático, pois,
resignadas esperavam a morte… Não cessavam, porém, de implorar ao Servo de Deus Fr.
Galvão, cujas relíquias se achavam bem perto delas, que intercedesse junto ao trono do
Divino Salvador, por suas caríssimas filhas espirituais e pela conservação do vetusto
monumento que ele construiu com a sua operosidade apostólica, cada dia mais admirável.
As granadas fragorosamente explodiam: umas sobre as celas, outras dentro das grossas
paredes de taipa, outras furando as janelas e portas, se encravavam nas paredes internas do
edifício. Outras, ainda, atingiram a enfermaria, onde as religiosas se reuniram nas horas de
mais intenso bombardeio. Certa ocasião, caminhavam as virgens do Senhor por um dos
corredores, para irem à igreja, quando à sua passagem aí caiu uma granada… Pois bem,
nesses dias de constantes sobressaltos, a ouvirem o sibilar das balas de carabina, o pipocar
das metralhadoras e o terrificante troar dos canhões arriscadas a morrer de um a outro
momento, fisicamente nada sofreram as abnegadas monjas. Mais uma vez Fr. Antônio de
Sant’Anna Galvão demonstrou quanto é poderosa a sua intercessão, salvando a vida das
suas dignas filhas espirituais e preservando da destruição o convento que lhe custou tantas
lágrimas e tantos suores.
[82] Vide Vida de D. Antônio Ferreira Viçoso, Pe. Silvério Gomes Pimenta, pág. 21. Este
autor é o mesmo D. Silvério Pimenta, que faleceu como 1° Arcebispo de Mariana, em odor
de santidade, a 20 de agosto de 1922.
[83] Idem.
[84] Vide Memórias Históricas da Casa Pia e Colégio de S. Joaquim, Dr. Joaquim Reis
Magalhães. Citando Minimus – Tribuna Popular.
[85] Op. cit., Pe. Silvério Gomes Pimenta, pág. 21.
[86] Ibid., pág. 22.
[87] Op. cit., Dr. Joaquim Reis Magalhães.
[88] Idem.
[89] Idem.
[90] Idem.
[91] Idem.
[92] Vide Notícia Histórica e geográfica de Angra dos Reis, Honório Lima, pág. 65 e 165.
Diz este autor, que o seminário da Santíssima Trindade de Jacuacanga foi transformado
em Liceu Provincial, em virtude da lei provincial n° 143, de 13 de abril de 1839. E conforme
determinava essa lei, mudaram o Liceu, de Jacuacanga para Angra dos Reis, removendo-se
os alunos para o grande Convento de São Bernardino de Sena, (atualmente em ruínas)
onde passou a funcionar. Mais tarde transferiram o Liceu para outro local, na mesma
cidade, e, finalmente, foi extinto, com imenso pesar dos angrenses, pela lei provincial de
30 de abril de 1858.
[93] Op. cit., Pe. Silvério Gomes Pimenta, pág. 33, 36, 41, 36 e 35.
[94] Idem.
[95] Idem.
[96] Op. cit., Azevedo Marques. Vol. II°, pág. 165.
[97] Vide Autobiografia, Dr. Vieira Bueno, pág. 6.
[98] Op. cit., Pe. Silvério G. Pimenta, pág. 22.
[99] Ibid., pág. 22-23.
[100] Vide Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro, Dr. Vieira Fazenda. Publicação feita
na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tomo 86, vol. 140, pág. 185-186.
[101] Op. cit., Dr. Joaquim Reis Magalhães.
[ 1 0 2 ] Op. cit., Pe. Joaquim Silvério de Souza, pág. 45-129.
[103] Op. cit., Pe. Joaquim Silvério de Souza, pág. 24, 40, 41, 42, 43 e 346.
[104] Idem.
[105] Idem.
[106] Op. cit., J. Norberto, pág. 137.
[107] Op. cit., Pe. Joaquim Silvério de Souza, pág. 345; Op. cit., J. Norberto, pág. 137, 140.
[108] Vide Casos reais a registrar, Dr. A. Felício dos Santos, pág. 147.
[109] Cit. por J. Norberto, op. cit., pág. 139-142.
[110] Op. cit., Pe. Joaquim Silvério de Souza, pág. 145, 344-346, 349, 353-354.
[111] Idem.
[112] Idem.
[113] Idem.
[114] Idem.
[115] Idem.
[116] Idem.
[117] Idem.
[118] Idem.
[119] Vide Leituras Populares da Sagrada Paixão, por um sacerdote da Congregação da
Missão. 2° ed., 1883.
O ilustre autor dos Sítios e Personagens, apoiado em documentos irrefutáveis corrigiu
alguns erros do escritor J. Norberto a respeito da Irmã Germana. Bom é que aqui façamos
também referências a tais erros e ao restabelecimento da verdade histórica. Disse J. Norberto
que a Serva de Deus não pode ser visitada na serra da Piedade, pelos cientistas Spix e
Martins, porque já as autoridades tinham intervindo e julgado prudente afastá-la para mais
longe, a fim de acabar com as peregrinações e romarias, que constantemente se faziam à
ermida de Nossa Senhora. Ora, a verdade é que Germana se retirou da sua antiga
residência da serra da Piedade, por espontânea vontade, sem nenhum constrangimento. E a
sua entrada para o claustro de Macaúbas, foi motivada unicamente pelo desejo de fazer-se
religiosa. Outro erro de J. Norberto foi afirmar que Germana não habitou por muito tempo o
lugar do seu exílio; quando, a verdade é que ocorreu justamente o contrário: ela viveu no
Convento de Macaúbas, quase treze anos. Finalmente, o mesmo autor asseverou que
Germana fora encontrada um dia, naquela postura que tomava ordinariamente quando era
acometida da catalepsia, como diziam os médicos, ou quando estava em seus êxtases
periódicos, como dizia o povo; pálida e fria como uma bela estátua de mármore, seu coração
tinha cessado de bater, era apenas um cadáver… Entretanto, a realidade é que a santa irmã
faleceu com plena lucidez de espírito, confortada com os sacramentos, depois de uma
enfermidade que a reteve no leito por espaço de três semanas!
[120] Monseigneur Vital (Antonio Gonçalves de Oliveira) Frére Mineur Capuchin – Evêque
D’Olinda, P. Louis de Gonzaga, O. M. C.
[121] O Bispo de Olinda D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira perante a História,
Antônio Manoel dos Reis.
[122] As cerimônias da sagração do jovem prelado tiveram início às nove e meia da manhã e
terminaram quase às duas da tarde. Compareceram à catedral, para assistir a esse
soleníssimo ato, o presidente da província, uma comissão da assembleia legislativa e
representantes de todas as classes sociais. Oficiou o Bispo do Rio de Janeiro, D. Pedro
Maria de Lacerda, e fizeram as vezes de Bispos assistentes os cônegos, arcediago
Joaquim Manoel Gonçalves de Andrade e Manoel Emídio Bernardes; como presbítero
assistente, o cônego Dr. João Jacinto Gonçalves de Andrade, e como diáconos da Missa, os
cônegos Antônio José Gonçalves e Marcelino Ferreira Bueno. Serviram como testemunhas
de D. Vital, o conselheiro Vicente Pires de Mota e o Dr. Martinho da Silva Prado. Durante as
cerimônias esteve postado no largo da catedral um batalhão de guardas nacionais e no largo
do Colégio um parque de artilharia que deu as salvas do estilo, no começo e no fim das
solenidades. Ao retirar-se da catedral, foi o novo Bispo ovacionado pela multidão, que na
praça aguardava a sua passagem para beijar-lhe o anel. A pé seguiram os dois prelados,
acompanhados de numerosos fiéis, até o seminário episcopal, onde, às 4 horas da tarde,
lhes ofereceram um farto banquete.
[123] Op. cit., Pe. Luís de Gonzaga, pág. 93 e segs.
[124] O Barão de Penedo.
[125] É crença geral, que o santo Bispo de Olinda morreu em consequência de ter sido
envenenado pelos maçons. Ele, como já vimos, estava convencido desse fato; também
assim pensavam os médicos que o trataram e as pessoas que mais intimamente conviviam
com o heroico prelado. No livro do Pe. Luís Gonzaga, já citado, págs. 359-363, o leitor
encontrará uma minuciosa exposição dos motivos que deram lugar à crença da morte de D.
Vital.
[126] A 6 de julho de 1882, o cônego Francisco do Rego Maia regressando de sua viagem
à Europa, trouxe para Pernambuco os restos mortais de Dom Vital, que foram inumados na
cripta da igreja da Penha (Vide História Eclesiástica de Pernambuco, cônego José do Carmo
Baratta).
[ 1 2 7 ] V. Cônego José Paulino Duarte da Silva, Padre Ibiapina (Nota sobre a sua vida,
extraídas do arquivo da Casa de Caridade de Santa Fé).
[128] O autor refere-se aqui aos fiéis existentes na época da escrita do livro, há quase um
século atrás.
[129] Vide Antonio Bezerra, Notas de viagem ao norte do Ceará, pág. 58-59.
[130] Vide nota 128.
[131] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. I°, liv. IV, cap. XVI, pág. 304.
[132] Vide Primazia Seráfica na região da América, Fr. Apolinário da Conceição, pág.
313. Lisboa Ocidental, 1733.
[133] Op. cit., Fr. Jaboatão. Liv. anteprimeiro, cap. XXXVIII, pág. 355-356.
[134] Op. cit., D. Domingos Loreto Couto. Vol. I°, liv. IV°, cap. XXII, pág. 355-357.
[135] Ibid., cap. XIII, pág. 277-279.
[136] Ibid., cap. X, pág. 265.
[137] Op. cit., Fr. Jaboatão. Vol II, liv. IV, pág. 443-445.
[138] Op. cit., D. Domingos Loreto Couto. Vol. I°, liv. IV°, cap. X, pág. 263-264.
[139] Ibid., cap. VI, pág. 246-249.
[140] Ibid., vol. II°, liv. VII° cap. II, pág. 150-154.
[141] Ibid., vol. I°, liv. IV° cap. XIII, pág. 282-286.
[142] Ibid., cap. XX, pág. 329-330.
[143] Ibid., cap. VII, pág. 253.
[144] Ibid., cap. X, pág. 264.
[145] Op. cit., Fr. Jaboatão. Liv. anteprimeiro, cap. XXVII, pág. 365-361.
[146] Op. cit., D. Domingos de Loreto Couto. Vol. I°, liv. IV, cap. XVIII, pág. 320-321.
[147] Op. cit., Fr. Jaboatão. Vol. III, liv. cap. XXVIII, pág. 770-771.
[148] Ibid., pág. 771-772.
[149] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. I°, liv. IV, cap. XX, pág. 329.
[150] Op. cit., Fr. Jaboatão. Vol. II, liv. III, part. II, cap. XXXVIII, pág. 503-504.
[151] Op. cit., D. Domingos do Loreto Couto. Vol. I°, liv. IV, cap. XI, pág. 267-269.
[152] Op. cit., Fr. Jaboatão. Vol. III, liv. VI, cap. XXVIII, pág. 277-278.
[153] Ibid., liv. VII, cap. II, pág. 795.
[154] Op. cit., J. Norberto. Vol. II, pág. 19.
[155] Vide Doc. do arquivo do Convento de Nossa S. da Conceição da Divina Providência.
[156] A povoação de Itanhaém teve predicamento de Vila em 1561, porém sua fundação
data de 1532, segundo afirmam os cronistas e historiadores, e foi Martim Afonso de Sousa
quem escolheu o local da povoação e da primitiva ermida, que recebeu dele o nome de
Imaculada Conceição. A maior parte dos historiadores concordam em que a primitiva ermida
da Imaculada Conceição de Itanhaém é o primeiro templo erguido na América do Sul sob tal
invocação (Vide Memória histórica sobre a igreja e convento da Imaculada Conceição de
Itanhaém, Benedito Calixto).
[157] Havia no Brasil quatro povoações, ao todo, que tinham por orago a Nossa Senhora
da Conceição, em terras catequizadas por Anchieta e durante o seu apostolado. Estavam
elas nos territórios da Bahia, Itanhaém, Espírito Santo e Piratininga (Ibid.).
[158] Os franciscanos foram certamente, ardentes propagandistas da devoção a Nossa
Senhora da Conceição no Brasil. Para tal afirmarmos, basta-nos lembrarmos de que esses
devotados discípulos do Serafim de Assis foram sempre os mais intemeratos defensores da
crença da Imaculada Conceição de Maria Santíssima, definida como Dogma de fé, pelo
Santo Padre Pio IX, a 9 de dezembro de 1854.
[159] A cidade de Angra dos Reis foi durante muitos anos um celeiro de vocações
sacerdotais. Aí nasceram, entre outros, os venerandos cônegos Diniz e João Higino
Bittencourt, que faleceram em odor de santidade; D. Luís Antônio dos Santos, apostólico
Arcebispo da Bahia; o virtuoso Fr. Inácio da Conceição Silva, (o pai dos pobres, como lhe
chamavam) restaurador da Ordem Carmelita Fluminense e seu 1° provincial, depois de
restaurada; o eminente pregador Pe. Dr. Júlio Maria e D. Sebastião Pinto do Rego, 7° Bispo
de São Paulo.
[160] Op. cit., Honório Lima, pág. 113-119.
[161] Todos os anos, a 8 de dezembro, costumam os angrenses fazer soleníssima
procissão,
carregando em rico andor a histórica imagem da Virgem. Atrás do pálio, sempre se vê
numeroso grupo de fiéis empunhando velas e ex-votos, pelas graças obtidas de Maria
Santíssima. Já que nos referimos a Angra dos Reis, releve-nos o leitor dizermos algumas
palavras sobre a data em que foi descoberta e o nome do seu descobridor. Alguns antigos
cronistas, mal informados, atribuíram erradamente a Martim Afonso de Sousa o
descobrimento de Angra dos Reis. Honório Lima, no seu apreciado livro citado, também
assevera que aquele bravo navegador descobriu e pôs o nome a Angra dos Reis, no dia 6
de janeiro de 1532. Percorrendo as páginas do Diário de Navegação de Pero Lopes de
Souza, (com substancioso comentário do capitão de corveta Eugênio de Castro), não
encontramos sobre Angra dos Reis nenhuma referência do cronista, irmão e companheiro
de viagem de Martim Afonso. Tendo partido de Lisboa a 3 de dezembro de 1530, chegou a
armada de Martim Afonso de Sousa ao Rio de Janeiro, no dia 30 de abril de 1531; daí,
após uma permanência de três meses, se retirou a 1º de agosto prosseguindo a viagem,
rumo a Cananeia. Quando, alguns dias depois, passou pela Ilha Grande, que defronta com
Angra dos Reis, diz Pero Lopez: “a cerração era tamanha que, dês que partimos do Rio de
Janeiro, nunca podemos ver a terra nem o sol: quase noite fomos tão perto de terra, que
víamos arrebatar o mar, e não na víamos”. Quem teria, pois, descoberto Angra dos Reis, e
em que data? Vejamos o que a respeito diz o Pe. Raphael Galanti, S. J. a pág. 47 do 1° vol.
do seu valioso Compêndio da História do Brasil, , 1501. – Compunha-
se esta esquadra de três caravelas, e era destinada a percorrer a costa do Brasil a fim de
lhe conhecer a extensão, valor e qualidade. Não se sabe ao certo quem foi seu comandante.
A maioria dos cronistas afirmam com pouca exatidão que fora Gonçalo Coelho, e outros que
Cristóvão Jaques. Vernhagem está por D. Nuno Manoel; parece, todavia, mais provável ter
sido André Gonçalves, o qual tivera ocasião de conhecer parte da costa na viagem que
acabava de fazer levando a fausta nova do descobrimento. Nesta frota, a única que D.
Manuel mandou pelo fim já mencionado, veio a primeira vez ao Brasil o célebre navegante
florentino, Américo Vespúcio… “A expedição partiu de Lisboa no dia dez de maio de 1501,
tomando o rumo das Canarias, e, indo refrescar no porto de Bezénégue (Goré), nas ilhas
Cabo Verde, onde encontrou Cabral, que voltava da Índia... Singrando a esquerda para o sul,
chegou no dia 16 de agosto ao Cabo de S. Roque; no dia 28 do mesmo mês, ao Cabo de
S. Agostinho; no dia 29 de setembro, ao Rio S. Miguel; no dia 30, ao Rio A. Jeronymo; no dia
4 de outubro, ao Rio S. Francisco; no dia 21, ao Rio das Virgens; no primeiro de novembro,
à Bahia de Todos os Santos, onde nossos mareantes colocaram um marco em um lugar
que até hoje conserva o nome de Ponta do Padrão. Batizam a 13 de dezembro o Rio de S.
Luzia (talvez o Rio Doce); a 21 o Cabo de S. Thomé e a 25 a Bahia do Salvador. Entram
em primeiro de janeiro de 1502 em uma enseada que os naturais chamavam Guanabara ou
Niterói, e que o Capitão-mor, cuidando ser a foz de um grande rio, denominou Rio de
Janeiro. Lançaram ferro no dia seis (de janeiro de 1502) em Angra dos Reis; a 20, na ilha S.
Sebastião, e a 22, em S. Vicente […]”. Nas Efemeridades Brasileiras, do barão do Rio
Branco, a pág. 10, lê-se o seguinte: “5 de janeiro de 1502 – Descobrimento de Angra dos
Reis, por André Gonçalves e Americo Vespucio”.